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IBP2626_10

SISTEMA DE EXTRAÇÃO DE POLUENTES ATMOSFÉRICOS NA


TOMADA DE AR PARA PRESSURIZAÇÃO DAS SALAS
ELÉTRICAS E DE CONTROLE DA BASE GNL BAIA DE
GUANABARA
Domenico Capulli , Ronnie Atayde , Priscila Caldas2
1 2

Copyright 2010, Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis - IBP


Este Trabalho Técnico foi preparado para apresentação na Rio Oil & Gas Expo and Conference 2010, realizada no período de 13 a
16 de setembro de 2010, no Rio de Janeiro. Este Trabalho Técnico foi selecionado para apresentação pelo Comitê Técnico do evento,
seguindo as informações contidas na sinopse submetida pelo(s) autor(es). O conteúdo do Trabalho Técnico, como apresentado, não
foi revisado pelo IBP. Os organizadores não irão traduzir ou corrigir os textos recebidos. O material conforme, apresentado, não
necessariamente reflete as opiniões do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, seus Associados e Representantes. É
de conhecimento e aprovação do(s) autor(es) que este Trabalho Técnico seja publicado nos Anais da Rio Oil & Gas Expo and
Conference 2010.

Resumo
A necessidade de dispor-se de alternativas aos gasodutos para o recebimento do gás natural fez com que
aumentasse a construção de terminais flexíveis, como o píer de GNL da Baia de Guanabara, com capacidade de
regaseificação de 14 milhões de m³/d. Este exigiu a adoção de soluções diferenciadas de engenharia seja na seleção de
materiais resistente a corrosão salina, ou na adoção da tecnologia de centrifugação líquida multiventuri dos
precipitadores hidrodinâmicos na dessalinização da tomada de ar externo para climatização e pressurização dos
ambientes internos de controle da base e da infra-estrutura elétrica abrigada, garantindo a preservação patrimonial, a
confiabilidade e a segurança operacional da base. A corrosão salina corresponde a uma grande parcela dos 3,5% do PIB
brasileiro perdidos pela corrosão anualmente, cujos históricos alcançam a classificação C5 ou superior, conforme
ISO9223, induzindo ao uso de materiais mais resistentes onerando a transformação de áreas técnicas classificadas por
risco de corrosão salina. Enquanto ao implantarmos o sistema de dessalinização estamos modulando a qualidade do ar
insuflado, protegendo os equipamentos e conseqüentemente maximizando a confiabilidade operacional. A tecnologia de
centrifugação líquida multiventuri diferencia-se por ser extrativa ao invés das técnicas tradicionais de filtragem
acumulativa que tem desempenho decrescente com a saturação e performance limitada dos íons salinos dissolvidos na
umidade do ar. Os precipitadores são auto-aspirantes tratando o ar marinho por centrifugação multiventuri em contato
direto com água, é resfriado a temperatura de bulbo úmido da região e insuflado na casa de máquinas que abriga os
climatizadores tipo self contained, totalizando 47,5TR com redundância de 85%. A adoção desta tecnologia permite
flexibilizar os parâmetros para estabelecimento de áreas internas classificadas, na especificação de materiais contra
corrosão atmosférica graças à eficiente remoção dos contaminantes agressivos. Gerando economia no investimento e
contribuindo para elevar a segurança operacional e da planta de GNL.

Abstract
The need of alternatives to pipelines to receive natural gas has led to a growing number of flexible terminals
buildings, such as the pier GNL of Guanabara Bay, which has a regasification capacity of 14 million m³ / d. This pier
has required the adoption of different engineering solutions whether for selecting materials resistant to salt corrosion, or
the adoption of the technology of Multiventuri Liquid Centrifuging of hydrodynamic precipitators in desalinization of
outside air for cooling and pressurizing of internal environments of control of the base and the sheltered electrical
infrastructure, ensuring the patrimonial preservation, reliability and the base's operational safety. The saline corrosion
represents a large portion of the 3.5% of Brazilian PIB lost annually by corrosion, which historically reaches the
classification C5 or greater, as ISO9223, inducing the use of more resistant materials imposing the transformation of
technical areas classified by risk of saline corrosion. While on implanting the desalination system we are modulating the
quality of air insufflations, protecting the equipments and therefore maximizing the operational reliability. The
multiventuri liquid centrifuging technology differentiates by being quarrying, whereas traditional techniques of
accumulative filtering have a decreasing performance with the saturation and a limited performance of salt ions
dissolved in the humid air. The precipitators are self-priming treating the marine atmosphere by multiventuri
centrifugation in direct contact with water; it is also cooled to the wet bulb temperature of the region and insufflated in
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Engenheiro Químico –CAPMETAL TECNOLOGIA AMBIENTAL
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Graduandos em Engenharia Química UFF
Rio Oil & Gas Expo and Conference 2010

the engine room which shelters the self contained type air conditioner, totalizing 47,5TR with 85% of redundancy. The
adoption of this technology allows flexibility in the parameters for establishment of internal areas classified, in the
specification of materials against atmospheric corrosion in consequence of the efficient removal of aggressive
contaminants. Generating economy in the investments and contributing to increase the operational security and the
process of regasification of natural gas.

1. Introdução
O cloreto de sódio, riqueza da antiguidade que prestou-se como moeda de pagamento do trabalho, o chamado
salário, é hoje, a exemplo das antigas chaminés que simbolizavam o progresso de uma sociedade, uma antítese de
riqueza responsável por perdas econômicas que alcançam mais de US$10 bilhões/ano no Brasil e a um quinto da
produção mundial de aço devido a corrosão, sendo a corrosão por cloreto de sódio a mais importante participação, haja
visto que este tipo de corrosão atua inclusive sobre construções civis quando sua presença no solo modifica a
condutividade elétrica e agride construções como os fenômenos em Dubbo/New South Wales na Austrália onde toda
uma cidade se mobiliza para deter a destruição da cidade pelo sal. Nosso estudo apresenta uma solução tecnológica para
preservação patrimonial e garantia operacional em instalações técnicas em bases marinhas(“off Shore”) de
processamento petroquímico, ou seja justamente onde a corrosão salina mostra toda sua agressividade e pujança face as
elevadas concentrações de cloreto de sódio nas águas marinhas por todo o mundo. A aplicação que estaremos
demonstrando insere-se na estratégia da Petrobrás, quarta maior empresa do mundo em energia, em dispor de
intermodais para operações logísticas de gás natural, libertando-se das limitações estáticas dos gasodutos no
abastecimento de gás natural, através da implantação do terminal flexível de Gás Natural Liquefeito(GNL) na Baía de
Guanabara, próximo a Ilha D’Água que com capacidade de regaseificação de 14 milhões de m³/dia insere-se no Plangás
que prevê para 2011 uma disponibilidade de 121 milhões de m³/dia , sendo 20 milhões de m³/dia como gás sob a forma
de GNL recebidos por navios tanque.
Este empreendimento se destaca pela adoção de soluções de engenharia diferenciadas desde o estaqueamento
do píer artificial, passando pela rigorosa seleção de materiais resistente a corrosão salina com adoção de infra-estrutura
em aço inoxidável AISI316 até ao inovador uso da tecnologia de centrifugação líquida multiventuri dos Precipitadores
Hidrodinâmicos na purificação da tomada de ar externo para climatização e pressurização dos ambientes de controle da
base, como barreira de remoção de contaminação salina que ataca componentes e reduz a confiabilidade e segurança
operacional do terminal.
Diversos fatores ambientais influenciam a composição gasosa da bacia aérea da Baía da Guanabara, como por
exemplo, a salinidade típica do oceano atlântico, poluição, temperatura, proximidade com emissários submarinos, pólos
industriais ou centros urbanos. No seu entorno e a sua margem encontra-se a cidade do Rio de Janeiro, Duque de
Caxias, São Gonçalo, Niterói, Petrópolis, entre outras. Possui uma área de aproximadamente 380 Km2, espelho d’água
de 330 Km2, sendo caracterizada pela alta salinidade e temperatura. Sua salinidade média, no periodo1980-1993 por
Kjerfve et al.(1997), encontra-se na faixa de 29,5 + /– 4,8‰ (partes por mil). A salinidade decresce da entrada do
oceano 36‰ até o fundo da baía 28‰, em resposta a descarga de água doce nas margens do interior, região de deságüe
da bacia hidrográfica da baixada fluminense, há relatos de que a salinidade costeira pode atingir uma penetração
territorial acima de 5 km para o interior, a depender da predominância, ventos e topografia.
A salinidade nas águas superficiais dos oceanos varia de 32 a 37,5‰, e este grau de variação não chega a
alterar as taxas de corrosão; já o pH nos oceanos varia entre 7,5 e 8,3 com tamponamento por complexos carbonatos, e
também esta variação de pH não afeta a taxa de corrosão para a maioria das ligas, exceto alumínio. Na Tabela 1 temos a
apresentação da grande variação da concentração de sais dissolvidos em mares isolados e oceanos do mundo, sendo
que este largo espectro afeta severamente a variação das taxa de corrosão, estando o oceano atlântico dentre os de maior
riqueza de íons dissolvidos.

Tabela 1. Total de sólidos dissolvidos em mares isolados e oceanos.

Total de sólidos
Corpo Marinho
dissolvidos (ppm)
Mar Báltico 8000
Mar Cáspio 13000
Mar Negro 22000
Mar Índico 32500
Oceano Atlântico 37000
Mar Mediterrâneo 41000
Mar da Arábia(Kuwait) 39000 – 47000
Mar Morto 260000

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A corrosão atmosférica em ambientes marinhos ou industriais agressivos gera redução da confiabilidade


operacional e principalmente, redução da vida útil de equipamentos e componentes elétricos, responsável por grande
parcela dos custos advindos da deterioração de materiais metálicos por oxidação química. Dentre as características de
seleção de materiais para construção de contatos e dispositivos elétricos buscam-se os melhores valores de
condutividade elétrica das ligas metálicas que em contraponto favorece a corrosão em taxas mais severas de corrosão
iônica pela presença de eletrólito com cátion de sódio (maresia) ou de sulfatos típicos na atmosfera da indústria do
petróleo. O uso de ligas de cobre, prata, alumínio como elementos de transmissão elétrica maximizam a eficiência das
transferências de elétrons, trazem também elevados índices de transferência térmica, pois ambas propriedades tem
comportamento semelhante, sendo portanto as perdas típicas que aquecem cabos e dispositivos elétricos dissipadas
rapidamente, como calor sensível, para o ambiente.

Figura 1. Corrosão por pite na ação de íons salinos em duto de pressurização de estação de bombeamento-RJ

Para assegurar-se uma maior confiabilidade operacional dos dispositivos e equipamentos elétricos projetam-se
instalações abrigadas de subestações elétricas, com a adoção de sistemas de tratamento e pressurização do ar de forma a
impedir o ingresso de atmosferas corrosivas no ambiente. O confinamento de instalações e a pressurização com ar
depurado e isento dos agentes corrosivos é um procedimento adequado, haja visto os resultados observados na Figura 1
de corrosão severa por pite na rede de dutos de pressurização da estação de bombeamento de esgoto na beira mar. O
sistema de filtragem deficiente não modificou a severidade e celeridade do ataque às ligas metálicas; em publicação do
ICZ - Instituto de Metais Não Ferrosos, para ligas de zinco, com uma redução de 42% na taxa de perda de espessura
após oito anos de ensaio entre uma instalação abrigada e uma ao tempo.
A adoção de subestações elétricas abrigadas em ambientes industriais e próximos a região costeira, através de
construções confinadas é uma prática difundida á décadas, com pressurização por ventilação com filtragem mecânica. O
cálculo da vazão de ar é baseado em um número típico de renovações do volume interno do ambiente, sendo um valor
típico de 12 renovações/hora para cabines elétricas e 2cfm/ft2 para sala de cargas de bateria conforme A.S.L. Mesquista
(1988) e ASHRAE (1977), respectivamente. Durante muito tempo conviveu-se com a aceitação de temperaturas
internas de 40°C em subestações elétricas, porém estes patamares mostraram-se nocivos e incompatíveis às novas
gerações de equipamentos elétricos, com a tecnologia dos circuitos integrados e controladores lógicos programáveis.
Outro fator agravante foi o adensamento de equipamentos em áreas cada vez mais exíguas e finalmente a difusão de uso
dos variadores de freqüência no controle de processos com elevados valores de energia térmica dissipada quando
reduzem a freqüência da corrente elétrica de alimentação dos equipamentos de processo. A título de informação
podemos verificar na Tabela 2 a energia dissipada por dispositivos elétricos, de maneira a nortear o cálculo da vazão de
ar requerida nos sistemas de ventilação de subestações elétricas com base na carga térmica do ambiente.

Tabela 2. Dissipação térmica típica de perdas de dispositivos e equipamentos elétricos.

Dispositivo elétrico Dissipação média

Painéis elétricos 13,8kV 700W/coluna

Capacitores de potência 7% da potência


1200W/coluna
Centros de distribuição de carga CDC
2,4kV
Centros de controle de motores CCM 210W/coluna Fator de demanda 0,7
em 480V 300W/coluna Fator de demanda 1,0

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Variadores de freqüência 2% da potência Maior dissipação


conforme % redução da
freqüência
Transformadores 5% da potência

Historicamente o estado da arte no tratamento de tomadas de ar salino restringe-se a filtragem seqüencial


classe G3 e F2 conforme NBR16401(2009) com tecnologia acumulativa de resíduos coletados por estruturas com meios
restritivos ao fluxo que provocam a retenção de até 95% particulados sólidos, seguido de um filtro coalescente de
condensação de névoas, sendo o condensado retido em eliminadores de gotas. Este arranjo é uma unidade de tratamento
do ar que apresenta uma perda de pressão progressiva (60 a 190 mm.c.a.) sendo requerida a substituição dos filtros em
média a cada oito meses (6.000 horas) para regiões com presença mediana de material particulado, sendo este período
reduzido a um terço do ciclo para ambientes com carga elevada de poluentes na atmosfera como o encontrado em
siderúrgicas, refinarias e mineradoras. Como resultados têm-se a geração de elementos descartáveis saturados que
devem ser dispensados como resíduos sólidos, além de que a ineficiência da tecnologia do uso de filtros seqüenciais tem
sempre um percentual de poluentes (>5%) que são continuamente admitidos no ambiente e são responsáveis pela
continuidade da oxidação dos componentes, conforme mostrado por Capulli et al.(2009), da realidade verificada na
subestação elétrica de Pituba da COELBA-BA, que apresentava panes corriqueiras pela corrosão de ligas de prata e
cobre nos contatos de controladores e disjuntores de potência. A adoção da tecnologia de centrifugação líquida
multiventuri dispensou o uso de filtros e conseqüentemente a geração de resíduos, bem como eliminou estas ocorrências
elevando a confiabilidade e disponibilidade operacional da subestação, além dos ganhos de desempenho já que o ar
insuflado está resfriado a temperatura de bulbo úmido da região, otimizando o desempenho dos equipamentos elétricos
que operam a temperaturas inferiores a 30°C, mesmo na operação a plena carga.

2. Tecnologia de centrifugação líquida multiventuri


Na prática temos que o ambiente externo salino ou com poluentes atmosféricos residuais como óxidos, enxofre
e nitrogênio, partículas de minério de ferro e coque, íons de cloro, gás sulfídrico e material fuliginoso, típicos do
processo fabril em unidades petroquímica, de mineração, papel e celulose, refinaria, siderúrgica, determinam a
necessidade de confinamento para proteção dos equipamentos e dispositivos elétricos que por sua vez demandam
grandes volumes de ar para remover o calor dissipado por sua operação. Portanto, faz-se necessário o uso de tecnologia
capaz de remover os contaminantes físico-químicos e a energia dissipada, e para tanto estaremos demonstrando o uso da
tecnologia de centrifugação líquida multiventuri dos precipitadores hidrodinâmicos, com larga tradição de uso no
controle de poluentes em fontes fixas de emissões em processos industriais e tratamento de gases de combustão.

Figura 2. Detalhe do cerne tecnológico da centrifugação líquida multiventuri dos precipitadores hidrodinâmicos.

A tecnologia de centrifugação líquida multiventuri, foi desenvolvida no Brasil a partir de 1967, por Giuseppe
Capulli (1929-2008), com o objetivo de disponibilizar ferramentas efetivas e de alta performance no controle de
poluentes atmosféricos, sendo materializada pelos precipitadores hidrodinâmicos que são auto-aspirantes, e consorciam
a força centrifuga com o efeito multiventuri para alcançar elevado fator de contato entre dois fluidos em estados físicos
distintos: um gasoso e outro líquido. Esta tecnologia é fundamentada nos princípios de mecânica dos fluidos,
transferência de massa e energia e dos fenômenos de absorção e condensação, promovidos através da força da
aceleração centrífuga da fase líquida com a subdivisão multiventuri materializada num equipamento capaz de promover
as reações químicas bifásicas que asseguram a transferência de massa para o meio liquido, que comporta-se como
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solvente, seqüestrando os contaminantes contidos no fluxo de gases poluentes contidos na atmosfera externa, como
gases de combustão ou atmosfera salina. Portanto o processo de centrifugação bifásica não utiliza filtros, sendo a
remoção por extração hidráulica do material sólido em suspensão na corrente de ar e a reação química, inclusive de
adição, dos gases contaminantes com o fluido líquido re-circulante que é constituído por uma solução aquosa capaz de
transformar os poluentes gasosos por absorção com reação química ou condensação.
O cerne tecnológico dos precipitadores hidrodinâmicos, operando por centrifugação líquida multiventuri é
fundamentado na teoria de convergência da amplitude de vibração molecular de fluidos em função do seu estado físico e
temperatura, com a sinergia de contato mecânico, como podemos perceber na Figura 2 onde se visualiza o rotor de
centrifugação simultânea dos fluidos nas fases gasosa e líquida com as linhas de fluxo da mistura dos fluidos nas
centenas de porções em que são subdivididos ao atravessarem as perfurações multiventuri contidas no perímetro do rotor.
Na seqüência funcional da tecnologia os fluidos ejetados pelo rotor de centrifugação recebem um ataque líquido
complementar externo ao rotor que contribui no carreamento dos contaminantes sendo a mistura ejetada para o lóbulo
contraposto que tem a função de separação de fases por aceleração ciclônica e pela grande diferença de densidade
(1:1000) entre o ar e o líquido, retornando este ao tanque de líquido re-circulante e o ar tratado insuflado na rede de dutos
de alimentação dos climatizadores, e destes para rede de dutos de distribuição nos ambientes beneficiados.
Trata-se de uma aplicação invertida às historicamente executadas, ou seja, ao invés de estarmos recebendo
correntes gasosas contaminadas de processos industriais para depuração e descarga no meio ambiente em equilíbrio com
a sua composição natural, estamos captando ar externo e modulando sua composição com a remoção de agentes
poluentes agressivos a infra-estrutura de equipamentos e instrumentos e/ou nocivos a saúde de ocupantes do ambiente
confinado. Como tipificação desta aplicação temos atmosferas de plantas de papel e celulose com íons de cloro, gases de
combustão e/ou atmosferas sulfurosas e nítricas junto a plantas petroquímicas e químicas, material particulado em
mineradoras, siderúrgicas, pátio de carvão e coque, gás sulfídrico em unidades de tratamento de efluentes ou junto a
pântanos e manguezais e maresia salina de cloreto de sódio em todas as zonas costeiras com raio de influência de até 8
km à depender dos ventos e topografia.
A maximização dos índices de condensação das substâncias vaporizadas contidas no ar de processo é função da
diferença de temperatura, com conexão direta ao estado de excitação molecular dos fluidos, e da eficiência do contato
entre os gases e o líquido de condensação e solubilização dos agentes contaminantes.

2.1. Aplicação da tecnologia na depuração do ar no terminal GNL da baía da Guanabara


O desempenho da instalação na COELBA com mais de 20 anos de operação, associada ao reconhecimento
como uma tecnologia BADCT (“Best Available Demonstrated Control Technology”), isto é, as melhores tecnologias de
controle comprovadamente existentes, nos estimularam a desenvolver e aplicar a tecnologia da centrifugação
multiventuri na tomada de ar em instalações off shore e em ambientes industriais, com a pressurização de ambientes
confinados através da modificação da especificação do projeto conceitual do sistema de tratamento do ar e climatização
do terminal GNL da baia da Guanabara, utilizando o precipitador hidrodinâmico como equipamento responsável pela
aspiração do ar marinho, centrifugação com água doce e insuflação na casa de máquinas que abrigam os climatizadores
tipo self contained que climatizam toda a infra-estrutura de controle e acomodações do terminal flexível.
Nosso trabalho descreve à aplicação e avaliação do precipitador hidrodinâmico no sistema de controle da
atmosfera salina com vistas a preservação patrimonial e a garantia da confiabilidade operacional de componentes eletro-
eletrônicos passiveis de ataque por corrosão salina, especificamente os abrigados no bloco de controle e infra-estrutura
elétrica, haja visto que os externos são passíveis de construção inoxidável ou com pintura específica de uso naval.
A Figura 3 permite visualizar o arranjo físico do terminal flexível que comporta o berço de atracação dos
navios, os braços flexíveis e a SRU (Storage Regasification Unit). O bloco central é composto por três pavimentos que
abrigam as instalações elétricas, com os transformadores e vestiários no primeiro piso, as instalações de comunicação
(TCOM) e a sala de controle do terminal com toda a infra-estrutura de automação, controle e segurança, no segundo
piso, e o terceiro piso com as casa de máquinas do sistema de climatização e tratamento do ar externo admitido no
prédio. Justamente esta torre de controle é a unidade que abriga os equipamentos eletro-eletrônicos que devem ser
protegidos de agentes corrosivos e/ou poluentes externos através da pressurização do ambiente com ar climatizado e
isento de agentes corrosivos.

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Figura 3.Base GNL na Baía da Guanabara, com detalhe do bloco de controle pressurizado e climatizado(dutos em azul).

No desenvolvimento do projeto executivo de ventilação e ar condicionado do terminal de GNL na Baia da


Guanabara constatou-se que a qualidade do ar externo registrava a efetiva presença de íons de cloreto de sódio
conforme o estudo de Nasser et al (2003), encontramos a caracterização através de variogramas e covariogramas da
correlação da distribuição da salinidade ao longo da Baia da Guanabara com imagens adquiridas do satélite Landsat5-
TM, conforme a Figura 4. onde temos concentrações de 32‰ na região próximo a Ilha D’água, esta correlação alcança
os valores de 30‰ na mesma faixa detectada por Kjerfve et al.(1997), caracterizando o ambiente como agressivo a ligas
metálicas ferrosas e não ferrosas típicas de circuitos eletrônicos e componentes elétricos, com classificação C5
conforme ISO 9223. Em nossa medição de campo de amostra da água na Ilha Redonda, base GLP da Petrobras que dá
suporte técnico ao píer da Base GNL alcançou valores de 24‰, quando utilizamos um condutivímetro Minipa modelo
MS-100.

Figura 4. Distribuição espacial de salinidade para os 25 pontos pela equação de regressão.

Para atender este requerimento foi implantado um precipitador hidrodinâmico com a função de aspirar o ar
marinho, centrifugar com água e insuflar na casa de máquinas que abriga os climatizadores tipo self contained com
condensação a ar, totalizando 47,5TR com redundância de 85%. A fundamentação tecnológica reside na migração do
gradiente de concentração iônica do cloreto de sódio do meio mais concentrado para o menos concentrado permitindo a

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sua extração da corrente de ar sem utilizarmos processos de filtragem acumulativa que apresenta graves problemas de
saturação, deliqüescência e manutenção operacional; este último parâmetro de relevância potenciada dado às
características da instalação que dispõe de numero mínimo de operadores destacados para atuar na função fim do
terminal sendo um ônus elevado qualquer requerimento maior de mão de obra para atender sistemas periféricos ou
acessórios a operação do terminal; adicionalmente temos a redução da carga térmica do balanço de energia, pois a
centrifugação líquida além de remover o contaminante corrosivo reduz a temperatura do ar á de bulbo úmido da região.

Figura 5. Gráfico típico da solubilidade de sais em água, como cloreto de sódio.

Nesta instalação, verificamos que, através do precipitador hidrodinâmico CA5 da Figura 6, são admitidos
5.390 m³/h de ar externo, para um valor de projeto de 4.880m³/h, conforme nossa medição com anemômetro de paletas
da Minipa modelo MDA-II que após processamento no precipitador hidrodinamico com o resfriamento á bulbo úmido
(25,8°C) e a remoção dos íons salinos, o ar tratado é distribuído nas três casas de máquinas que abrigam os selfs
contained sendo 3.217m³/h (2.870 m³/h projetada) para casa de máquinas VAC1 que contém dois self de 20 TR (um
reserva) e atende as necessidades do primeiro pavimento que abriga os painéis elétricos, transformadores, sala de
baterias, 554 m³/h (650 m³/h projetada) para casa de máquinas VAC2 que contém dois self de 20TR (um reserva) que
atende o segundo pavimento com a sala de controle, compartimentos de TI/TCOM e 1.322 m³/h (1.360 m³/h projetada)
para casa de máquinas VAC 3 com um self de 7,5 TR que atende salas de escritórios de apoio operacional e vestiários.
No balanço de vazões temos o expurgo de 100% da sala de baterias por questões de segurança face ao risco de liberação
de hidrogênio por estes componentes, ou seja, 84% do ar é re-circulado gerando ganhos de energia pelas simples
adequação de temperatura e umidade sem gerar ciclos enriquecedor de íons salinos no ar, pois a extração por
centrifugação líquida atinge desempenho de 100% na remoção da salinidade, graças a elevada solubilidade do cloreto
de sódio em água, conforme a Figura 5, permitindo a remoção de até 36g/l antes de iniciar-se a precipitação típica de
solução supersaturada. Nas medições de salinidade nas bandejas das serpentinas os valores de salinidade foram de 0%,
em síntese tem-se uma tecnologia sinérgica de extração simultânea de contaminantes do ar que apresenta performance
estável e não obstrutiva, com expurgo automático e cíclico dos contaminantes a partir da condutividade elétrica aferida
no líquido. Em nossa avaliação de campo verificamos no bocal de aspiração do precipitador hidrodinâmico a presença
de poluição secundária com resíduos carbonáceos típicos de gases de combustão provavelmente originados pela
operação dos navios de transporte do GNL atracados e pelo navio de regaseificação ancorado como unidade de
processamento da base. Este poluente adere em superfícies e caso não tivéssemos a depuração pelo precipitador,
ocorreria adicionalmente a corrosão salina, impregnando equipamentos eletro-eletrônicos sofisticados como painel
Mooring de monitoramento batimétrico e de ondulações do mar, painéis de cromatógrafo, painéis dos braços
hidráulicos, racks de telecomunicações e painéis de detecção de gás.

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Figura 6. Precipitador Hidrodinâmico na captação de ar marinho e dessalinização para insuflação nos climatizadores, no
detalhe: salinidade depositada em cima do precipitador e resíduo fuliginoso de gases de combustão de navios.

A confiabilidade da qualidade do ar esta garantida pela atuação permanente da extração dos contaminantes,
independentemente do uso de filtros na tomada de ar externo. O precipitador hidrodinâmico opera de forma autônoma
exercendo as funções de aspiração do ar externo (“booster function”), extração dos íons de cloreto e de sódio por
difusão no gradiente de concentração e insuflação nas duas salas dos climatizadores. O líquido re-circulante é
bombeado do tanque interno do equipamento para dentro do rotor multiventuri onde ambos os fluidos interagem para
consecução das transferências de massa e energia. Este líquido opera até que a condutividade elétrica alcance um valor
pré-estabelecido (set-up) quando então atua uma bomba de drenagem parcial do liquido saturado sendo a reposição
automática por controle de nível, pois o precipitador hidrodinâmico esta permanentemente conectado a uma
alimentação de água industrial. As condutividades elétricas típicas podem ser visualizadas na Tabela 3. para vários sais,
dentre os quais temos o sódio um cátion que nesta aplicação tem como valor limite (set-up) de 210μS/cm² (20°C) que
corresponde a uma concentração máxima de 1% de cloreto de sódio na água.

Tabela 3. Concentração de Sais em meio aquoso x Condutividade Elétrica em μS/cm²(20°C)

Peso (%) NaCL NaOH HCL H2SO4 HnO3 HF


0,0001 2,2 6,2 11.7 8,8 6,8 10
0,0003 6,5 18,4 35.0 26,1 20 30
0,011 21,4 61,1 116 85,6 67 99
0,003 64 182 340 251 199 260
0,01 210 603 1.140 805 657 680
0,03 617 1.780 3.390 2.180 1.950 1.490
0,1 1.990 5.820 11.100 6.350 6.380 2.420
0,3 5.690 16.200 32.200 15.800 18.900 5.100
1,0 17.600 53.200 103.000 48.500 60.000 11.700
3,0 48.600 144.000 283.000 141.000 172.000 34.700
5,0 78.300 223.000 432.000 237.000 275.000 62.000
10,0 140.000 358.000 709.000 427.000 498.000 118.000
20,0 226.000 414.000 850.000 709.000 763.000 232.300
30,0 Saturado 292.000 732.000 828.000 861.000 390.000
40,0 Saturado 191.000 Saturado 770.000 820.000 ---------
50,0 Saturado 150.000 Saturado 620.000 717.000 ---------
75,0 Saturado Saturado Saturado 182.000 340.000 ---------
100,0 Saturado Saturado Saturado 10.000 50.000

O sistema opera em níveis reduzidos de concentração salina de forma a manter elevada a cinética de
solubilização, uma verdadeira avidez da água re-circulante pelos íons salinos, ou seja, um elevado gradiente de difusão
salina na água. Com isto temos um filtro líquido operando de forma autônoma e sem requerimentos específicos
operacionais e principalmente sem gerar elementos descartáveis como resíduos classe IIA, pois o liquido salino e

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drenado diretamente para o mar de onde se originou a emissão de contaminante, estando portanto em perfeita harmonia
de sustentabilidade e menor custo operacional. Em nossa avaliação de campo com mais de 12 meses de uso o acima
descrito, ficou caracterizado a eficácia do precipitador hidrodinâmico, haja visto que não foram detectado íons salinos
nas bandejas das serpentinas dos climatizadores, e sim configurado a agressividade externa do ambiente salino que já
mostra sua força no ataque conforme a Figura 7 onde as portas corta fogo das casas de máquinas e a própria presença de
focos de corrosão nos motores e na superfície do precipitador hidrodinâmico, construído com aço inoxidável AISI316
que entretanto deve ter recebido contaminação ferrosa durante a montagem. Desta constatação temos que a tomada de
ar externo deve ser com dutos e não em plenum como visualizado na Figura 6, pois há corrosão dos elementos
constituintes do próprio equipamento.

Figura 7. Focos de oxidação na superfície plana do precipitador hidrodinâmico por contaminação com ferro durante a
montagem e corrosão na porta corta fogo das casas de máquinas do sistema de climatização da base.

2.2 Derivativos Tecnológicos em Aplicativos de Temperatura e Umidade Controlados


No resfriamento evaporativo, tem-se que quando analisado o sistema como um bloco em que o calor sensível
do ar externo é absorvido pela entalpia de vaporização (calor latente) do líquido na centrifugação multiventuri, ocorre
na seqüencia a re-incorporação pela remoção do calor sensível dissipado pelos equipamentos elétricos de potência,
havendo nesse sentido uma troca isoentálpica, pois os valores de campo demonstram que a temperatura e umidade de
expurgo estão equivalentes tendo-se utilizada as características psicométricas do ar como veiculo gasoso de transporte e
transferência de energia.
Quando aplicado em salas de controle e de instrumentos, onde se tem o uso intensivo de controladores lógicos
programáveis (CLP) com reduzidos valores de calor sensível dissipado, opera-se, a tecnologia de centrifugação líquida
multiventuri, em conjunto com o sistema de climatização do ar em ciclo frigorífico, de forma a garantirmos qualidade
ambiental com controle de umidade e temperatura em valores abaixo dos alcançáveis pelo resfriamento evaporativo.
Este arranjo opera de forma harmônica permitindo o uso da tecnologia em instalações com carga elétrica variável
através do uso de variadores de freqüência atuando nos motores da bomba centrífuga de forma a dosar a quantidade de
água injetada na centrifugação líquida multiventuri permitindo o controle da temperatura e umidade. Como opcional de
aplicativo temos na Figura 8 a incorporação de analisador e controlador de pH que promove a neutralização “in situ” de
frações ácidas como as encontradas em pátio de enxofre de refinarias ou junto as casas de força que operam com coque
de petróleo e apresentam emissões de íons ácidos que devem ser neutralizados segundo reações clássicas de acido +
base  sal + água, de forma a impedir-se o ingresso de frações ácidas nos ambientes beneficiados pelo sistema de
climatização.
Ambas as situações já foram executadas com resultados equivalentes aos obtidos no terminal flexível de GNL
da baía da Guanabara, onde o ar isento de íons salinos e insuflado à temperatura de bulbo úmido de 25°C, estabilizando
a temperatura interna de subestações de potência entre 27°C - 31°C para sistemas sem ciclo de refrigeração e
temperaturas moduladas conforme requerimentos de projeto.

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Figura 8 Precipitador na tomada de ar em ambiente industrial com ácidos, dispondo de neutralização “in situ” de óxidos
de enxofre.

A evolução deste aplicativo da tecnologia de centrifugação líquido multiventuri passa pela adoção de sistemas
de refrigeração incorporados nos precipitadores hidrodinâmicos de forma a alcançarmos a depuração e climatização do
ar em etapa única e isenta de filtros obstrutivos

3. Conclusão
A priorização do nosso trabalho, no desenvolvimento de novos aplicativos, da tecnologia de centrifugação
líquida multiventuri, permitiu o rápido desenvolvimento e consolidação do uso dos precipitadores hidrodinamicos na
depuração e resfriamento do ar insuflado em instalações elétricas abrigadas, assegurando a preservação patrimonial
destas instalações e sua confiabilidade operacional, além de otimizarmos o desempenho destes dispositivos elétricos que
passam a operar na faixa de melhor desempenho. As aplicações da COELBA-BA com mais de 20 anos de uso e a do
terminal Petrobras de GNL na baía da Guanabara demonstraram a eficácia da tecnologia no estabelecimento de barreira
de desclassificação de áreas para corrosão salina, reduzindo investimentos através da garantia de um ambiente interno
isento de elementos corrosivos e com temperaturas amenas ao longo de todo o ano, com um consumo ínfimo se
compararmos com consumo energético de sistemas de refrigeração convencional.

4. Agradecimentos
Registramos nossos agradecimentos, em memória, ao cientista Giuseppe Capulli pelo legado de perseverança,
obstinação e criatividade para militar na inovação tecnológica para o bem estar da humanidade, através da preservação
do meio ambiente e melhorias da qualidade de vida.

5. Referências
NASSER, V.L., FILHO O.C.R., NOBRE M.M.M., O uso do sensoriamento remoto e geoestatística aplicados a
modelagem de dados de salinidade do sistema estuarino da Baia de Guanabara. Anais XI SBSR, Belo Horizonte,
INPE p.1609-1616, 2003.
BRUSAMARELLO, V., BIANCHI, A. L., RIEDER, E. S., BALBINOT, A.,WENTZ, M., KONIG, D., RADKE, C.,
Investigação e comparação dos principais processos de corrosão em diferentes subestações de energia elétrica do
estado do RS. 17° CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, Foz do Iguaçu, PR,
2006.
KJERFVE, B., Ribeiro, C. H. A., Dias, G. T. M., Filipo,A. M., Quaresma, V. S., Continental Shelf Research, v.17, n.
13, p 1609-1643,1997.
ICZ, Instituto de metais não ferrosos, www.portaldagalvanizacao.com.br (Manual da Galvanização – Taxa de corrosão
do zinco em função de exposição em condições abrigadas e não-abrigadas).
ASHRAE, American Society of Heating, Refrigeration and Air-Conditioning Engineers, Guiden e Databook, 1977.
DUBBO, City Council, http://www.dubbo.nsw.gov.au/CouncilServices/Salinity.html
MESQUITA, A. S. L., GUIMARÃES F. A., NEFUSI N. Engenharia de Ventilação Industrial, Cetesb, São Paulo,
2°ed., p. 154-159, 1977.
Department of Environment and Climate Change NSW, Building in a Saline Environment, Sydney South, 2008.

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