Você está na página 1de 72

UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO – HUAMBO


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA

Nº12017

RESGATE DO PATRIMÓNIO EDIFICADO NA CIDADE DO


HUAMBO
(EDIFÍCIO NOVA YORK)

Trabalho de conclusão do Curso – Licenciatura, apresentado por


Mateus Lourenço Geraldo, em 2017, orientado pelo
Professor MSc. Eng.º Henrique Lázaro Capeça

HUAMBO – 2017
UNIVERSIDADE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO – HUAMBO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA

RESGATE DO PATRIMÓNIO EDIFICADO NA CIDADE DO


HUAMBO
(EDIFÍCIO NOVA YORK)

___________________
Trabalho apresentado à Universidade José
Eduardo dos Santos, subordinado ao tema
“Resgate do património edificado na cidade do
Huambo (edifício Nova York)”, como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Licenciatura
em Arquitectura e Urbanismo.
Orientador: MSc. Eng.º Henrique Lázaro Capeça

Trabalho de conclusão do Curso – Licenciatura, apresentado por


Mateus Lourenço Geraldo, em 2017, orientado pelo
Professor MSc. Eng.º Henrique Lázaro Capeça

HUAMBO – 2017
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO – HUAMBO

FICHA DE AVALIAÇÃO

CANDIDATO___________________________________________/Nº________

O JÚRI DE AVALIÇÃO

Presidente:
_______________________________________

Primeiro Vogal:
_______________________________________

Segundo Vogal:
_______________________________________

Huambo, ______ de _________________________ de 20 ______


AGRADECIMENTOS
A realização desta monografia não é um feito singular, pois que várias foram as
intervenções que, directa e indirectamente, contribuíram para que tal sucedesse.

Assim, expresso o meu reconhecimento e profundos agradecimentos:

- Ao MSc. Eng.º Henrique Lázaro Capeça, orientador desta monografia, pelo


ensinamento, dedicação e profissionalismo durante todo o percurso.

- Aos responsáveis do grupo CHICOIL, que concederam o acesso ao edifício para a


realização dos trabalhos necessários.

- Aos meus pais, Francisco Geraldo e Vitorina Naluico, pelo incansável apoio e
incentivo motivacional em todos os sectores, não apenas acadêmico, à eles, o meu
eterno obrigado.

- À todos os membros da minha família, que de forma incessante apoiam e motivam


em todas as esferas sociais e pessoais.

- Ao Instituto Superior Politécnico do Huambo e aos docentes do curso de Arquitectura


e Urbanismo que durante 5 anos traçaram o caminho para a conclusão deste grau
acadêmico.

- À todo coletivo de estudantes da terceira geração de arquitectos do Instituto Superior


Politécnico do Huambo, fieis companheiros de formação e da vida.

- E por último, mas não menos importante, o eterno agradecimento à Deus, por guiar
e iluminar o caminho e por permitir a concretização de mais um objectivo.
RESUMO
A base fundamental desta monografia passa pela elaboração de uma proposta de
implementação de critérios de intervenção de restauro para o resgate do edifício Nova
York, localizado na parte baixa da cidade do Huambo. Datando da década de 1930,
tendo sido um dos motivos de maior mobilidade populacional, a sua peculiaridade
arquitectônica e a impactante ilustração histórica levaram à sua escolha como campo
de estudo monográfico.

Assim, foi objecto de atenção a inexistência de elementos edificados restaurados que


ilustrem a componente histórica da cidade. Para tal, optou-se por uma metodologia
focada na profunda pesquisa bibliográfica, auxiliada por um levantamento fotográfico
e por entrevistas para se diagnosticar o seu estado de conservação, avaliar a sua
caracterização estético – formal e espaço – funcional. O domínio científico desta
monografia volta-se aos critérios fundamentais de intervenção de restauro aplicados
em monumentos arquitectónicos, para se garantir uma profunda longevidade
funcional.

O trabalho está dividido em três capítulos, ao longo dos quais se aborda a evolução
dos critérios de restauro, a caracterização estrutural e funcional do edifício em estudo,
e a proposta de resgate acompanhada de uma nova funcionalização do elemento
edificado. A monografia culmina com informações referentes a posterior utilização e
periódica manutenção para se prolongar a vitalidade do edifício.

Palavras-chave: Monumento, Diagnóstico, Resgate, Património.


ABSTRACT
The fundamental basis of this monograph goes by the elaboration of a proposal of
implementation of intervention criterion of restore for the rescue of the New York
building, located in the downtown of the city of Huambo. Dating from the decade of
1930, having been one of the reasons of larger population mobility, its architectonic
peculiarity and the impingement historical illustration took to its choice as field of
monographic study.

Therefore, it was object of attention the inexistence of built elements restored that
illustrate the historical component of the city. For such, it was opted for a methodology
focused in the deep bibliographical research, aided by a photographic rising and for
interviews to diagnose its conservation state, to evaluate its aesthetic - formal and
space – functional characterization. The scientific domain of this monograph turns to
the fundamental criterion of interventions of restore applied in architectonic
monuments, to guarantee a deep functional longevity.

The work is divided in three chapters, along which it is approached the evolution of the
criterion of restore, the structural and functional characterization of the building in
study, and the rescue proposal accompanied of the new functions of the built element.
The monograph culminates with information regarding subsequent use and periodic
maintenance to prolong the vitality of the building.

Keywords: Monument, Diagnosis, Rescue, Patrimony.


ÍNDICE
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10
1.1. Considerações iniciais ........................................................................................ 10
1.2. Objectivos e interesses da monografia .......................................................... 12
1.3. Organização estrutural da monografia ........................................................... 14
Capítulo 1. Património Arquitectónico Evolução dos principais critérios de
intervenção ........................................................................................................................... 16
2.1. Resenha histórica do restauro arquitectónico ................................................ 16
2.2. Os restauros estilísticos de Viollet-Le-Duc ...................................................... 18
2.3. Os primeiros restauros – antecedentes internacionais e nacionais ......... 21
2.4. Critérios fundamentais de intervenção ............................................................. 26
2.4.1. Cartas internacionais sobre restauro de património .................................. 27
Conclusões parciais ....................................................................................................... 28
Capítulo 2. Edifício Nova York – Características e diagnóstico ............................. 29
3.1. O edifício e a cidade – características e situação geográfica ..................... 29
3.1.1. Circunstâncias da origem do edifício ............................................................. 30
3.2. Diagnóstico arquitectónico ................................................................................... 32
3.2.1. Análise estético – formal e espaço – funcional............................................ 32
3.2.2. Estado actual de conservação do edifício ..................................................... 35
3.3. Estratégias de intervenção.................................................................................... 41
Conclusões parciais ....................................................................................................... 42
Capítulo 3. Proposta de intervenção e resgate do edifício Nova York ................. 43
4.1. Generalidades dos conceitos de intervenção ................................................. 43
4.1.1. Intervenção dirigida – soluções às patologias............................................. 45
4.2. O edifício e as novas funções .............................................................................. 47
4.2.1. Planimetria.............................................................................................................. 49
4.2.2. Volumetrias ............................................................................................................ 52
4.3. Proposta de orçamento para o restauro do edifício ...................................... 58
.............................................................................................................................................. 61
4.4. Planos de utilização e manutenção .................................................................... 61
Conclusões gerais .............................................................................................................. 65
Recomendações .................................................................................................................. 66
Referências ........................................................................................................................... 67
Pesquisas da Internet ....................................................................................................... ii
Anexo A – Entrevista à Venceslau Casese – historiador local ............................ iii
Anexo B – entrevista à Joaquim Quindovala – antigo funcionário do Nova
York ...................................................................................................................................... iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Edificio Nova York, período colonial e actualmente ................................. 11
Figura 2 - Catedral de Notre-Dâme de Paris, fachada frontal .................................. 19
Figura 3 - Catedral de Notre-Dâme de Paris, fachada lateral ................................... 20
Figura 4 - Castelo de Pierrefonds, Vista Frontal ....................................................... 20
Figura 5 - Castelo de Pierrefonds, Vista aérea ......................................................... 20
Figura 6 - Anfiteatro de Arles, vista principal ............................................................ 22
Figura 7 - Anfiteatro de Arles, vista aérea ................................................................ 22
Figura 8 - Mosteiro de Alcobaça, vistas principal e interior....................................... 23
Figura 9 - Museu Nacional de Arqueologia, durante a restauração.......................... 24
Figura 10 - Fortaleza de São Miguel, 1846 .............................................................. 25
Figura 11 - Fortaleza de São Miguel, 2012 .............................................................. 25
Figura 12 - Micro localização .................................................................................... 29
Figura 13 - Ruacaná e Nova York ............................................................................ 29
Figura 14 - Estação de comboio ............................................................................... 29
Figura 15 - Praça da Independência ........................................................................ 29
Figura 16 - Edifícios Cine Ruacaná, Nova York e Hotel Ruacaná, 1971 .................. 31
Figura 17 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, rés-do-chão .......................... 33
Figura 18 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, entrepiso / mezanino ............ 33
Figura 19 - Edifício Nova York, fachada noroeste .................................................... 34
Figura 20 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, 1º andar ............................... 34
Figura 21 - Edifício Nova York, fachada sudoeste .................................................... 34
Figura 22 - Vigas estruturais e parede divisória - entrepiso ..................................... 36
Figura 23 - Paredes divisórias, 1º andar e entrepiso ................................................ 36
Figura 24 - Laje sobressalente – rés do chão........................................................... 36
Figura 25 - Paredes divisórias – 1º andar................................................................. 37
Figura 26 - Circulação vertical – rés do chão / 1º andar ........................................... 37
Figura 27 - Circulação vertical – entrepiso / 1º andar ............................................... 37
Figura 28 - Estrutura da cobertura – 1º andar .......................................................... 38
Figura 29 - Estrutura da cobertura – 1º andar .......................................................... 38
Figura 30 - Circulação vertical interna – rés do chão / entrepiso .............................. 38
Figura 31 - Laje superior sobressalente – 1º andar .................................................. 39
Figura 32 - Yin-Yang representando a harmonia e o equilíbrio ................................ 47
Figura 33 – Comércio de Material desportivo ........................................................... 49
Figura 34 - Assistência técnica ................................................................................. 49
Figura 35 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, rés-do-chão – Proposta das
novas funções .......................................................................................................... 49
Figura 36 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, mezanino – Proposta das
novas funções .......................................................................................................... 50
Figura 37 - Área interativa ........................................................................................ 50
Figura 38 - Comércio de material de escritório ......................................................... 50
Figura 39 - Comércio de computadores ................................................................... 51
Figura 40 - Comércio de Telefones .......................................................................... 51
Figura 41 - Área administrativa ................................................................................. 51
Figura 42 - Comércio plotters e vídeo ...................................................................... 51
Figura 43 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, 1º andar – Proposta das novas
funções ..................................................................................................................... 52
Figura 44 - Edifício Nova York, perspectiva frontal – lado oeste .............................. 52
Figura 45 - Edifício Nova York, perspectiva posterior – lado sul .............................. 53
Figura 46 - Edifício Nova York, perspectiva posterior – lado este ............................ 53
Figura 47 - Edifício Nova York, perspectiva interior – área dos materiais desportivos,
rés do chão + mezanino ........................................................................................... 54
Figura 48 - Edifício Nova York, perspectiva frontal superior – lado oeste ................ 54
Figura 49 - Edifício Nova York, perspectiva interior – cafeteria, 1º andar................. 55
Figura 50 - Edifício Nova York, perspectiva interior – instalação sanitária, 1º andar 55
Figura 51 - Edifício Nova York, perspectiva interior – restaurante, 1º andar ............ 56
Figura 52 - Edifício Nova York, perspectiva interior – restaurante, balcão 1º andar. 56
Figura 54 - Edifício Nova York, perspectiva interior – restaurante, cozinha, 1º andar
................................................................................................................................. 57
Figura 53 - Edifício Nova York, perspectiva interior – restaurante, bar 1º andar ...... 57
1_______________________________________
INTRODUÇÃO
1.1. Considerações iniciais

Nos tempos modernos as sociedades têm assumido como necessidade


essencial a faceta das intervenções de conservação, preservação e restauro de
edificações catalogadas como património histórico-cultural. A respeito das
abordagens das temáticas desta natureza, com o intuito de aprofundar os
conhecimentos na área do património arquitectónico, (Malafaya, 2004, apud Lima,
2015, p. 1) 1 expressa inicialmente:

Compreender as metodologias adotadas, para assim (...) redesenhar a obra


existente, procurando preservar o património edificado e toda a sua envolvente
física e social, compatibilizando a constante mudança económica e de hábitos
com os elementos mais duradouros (...)
Toda e qualquer sociedade é detentora de elementos que retratam o seu
conteúdo histórico, desde a sua criação até a actualidade. Tais elementos podem ser
obras de arte, esculturas, objectos arqueológicos e ainda bens imóveis arquitectónicos
e urbanísticos; remetem o observador à memória citadina local referente à sua cultura
histórica.

Logicamente, com o passar dos tempos, estes elementos conservadores da


história e da memória das sociedades vão sofrendo bruscas transformações de
desgaste e perda da sua vitalidade. Com isto, surge comumente a necessidade de se
resgatar, conservar e preservar tais elementos, e de modo subsequente adotá-los
como património histórico-cultural das suas referidas sociedades.

A cidade do Huambo não fica aquém desta realidade, sendo notável em vários
pontos inúmeros edifícios que testemunham grande parte da história da cidade, e que
reclamam urgentemente por uma intervenção, no sentido de se resgatar e preservar
tais características. A intervenção deve basear-se em estudos primordiais, pois que
os processos de intervenções para preservação de edificações antigas não são
remotos, uma vez que;

1
Malafaya, F. - Qualificação ambiental e conservação do património: discussão dos conceitos
envolvidos. Universidade Fernando Pessoa, 2004.

10
O homem teve, desde sempre, o sentido de fazer perdurar no tempo todos os
objectos que fossem úteis às suas necessidades, reparando aquilo que tivesse
alguma função específica. O prioritário não era preservar testemunhos
históricos, mas sim reparar algo que deixou de exercer as funções para que foi
concebido, se necessário alterando-o. Originalmente, o edifício não é
compreendido como um bem que possui valor histórico ou cultural, mas sim
como um bem útil ou que representa algo nessa época. Só neste caso fará
sentido fazer o edifício perdurar no tempo. (Luso; Lourenço; Almeida, 2004, p.
31)
A cidade do Huambo é um local de coabitação interna e turística, gozando de
uma arquitectura peculiar, que ostenta praticamente desde a sua criação. No entanto,
as principais edificações que melhor expressam a verdadeira imagem do memorial
citadino encontram-se, hoje em dia, num estado de ruínas e de elevado grau de
deterioração. Destas edificações podemos citar o Estúdio 404, o edifício Ruacaná, o
complexo desportivo Ferrovia, o edifício Nova York (este aqui em estudo), e outros
tantos ao redor da cidade, que expressam a componente histórica local.

Deste modo, o foco do tema da monografia incide sobre o edifício Nova York
(figura 1), circundando parte de um quarteirão na zona baixa da cidade do Huambo,
tal como será evidenciado. Num âmbito de maior abrangência, serão debruçados os
aspectos estéticos e funcionais que o mesmo possui/possuía, do diagnóstico do actual
estado de conservação estrutural do edifício, dos principais critérios a se considerar
para a intervenção de restauro e conservação do mesmo e das propostas a serem
levadas em consideração para as práticas de restauração do edifício em questão, para
posteriormente o mesmo auferir da categoria de património arquitectónico local.

Figura 1 - Edificio Nova York, período colonial e actualmente


Fonte: Conteúdo bibliográfico da monografia de Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)
Francisco de Jesus Tandavala

11
1.2. Objectivos e interesses da monografia

Assim, de acordo com o tema em estudo [Resgate do património edificado na cidade


do Huambo (edifício Nova York)], e face ao degradável estado em que o edifício se
encontra, nota-se como Situação problemática o enorme desejo e vontade da
população local, pela procura de espaços que evidenciem e ilustrem de forma singular
a memória histórica da cidade.
Problema – qual é o principal factor que constitui obstáculo para a
preservação, transmissão e divulgação da história da cidade?

Objecto de investigação – a implementação de critérios para o resgate e


preservação do património histórico citadino edificado.

Campo de acção/intervenção – o Edifício Nova York na cidade do Huambo.

Objectivo geral – propor critérios compatíveis para a restauração do edifício


Nova York e seu respectivo resgate.

Objectivos específicos:

 Executar uma busca bibliográfica da evolução histórica nacional e internacional


das intervenções de restauro em patrimónios arquitectónicos edificados;

 Elaborar um plano de pesquisa no local de estudo, para se diagnosticar a


problemática levantada e o estado actual de conservação do edifício em estudo;

 Apresentar de forma detalhada uma proposta de resgate do edifício em


questão, visando solucionar os problemas patológicos que o mesmo apresenta.

Tarefas de investigação

1. Realizar pesquisas bibliográficas acerca das metodologias empregues em restauro


e manutenção de edifícios;

2. Expressar os conceitos universais abrangentes sobre as técnicas de restauro do


património arquitectónico edificado;

3. Realizar o levantamento planimétrico e fotográfico para se diagnosticar o estado


actual do edifício;

4. Apresentar a devida proposta de intervenção para o resgate do edifício Nova York.

12
Variáveis:

 Independente

O estado deteriorável à que se encontra o edifício Nova York, deve-se


principalmente ao longo período de guerra que se viveu na província (e de modo geral
no país), e à agressiva acção dos agentes atmosféricos, acabando por danificar a
estrutura e a funcionalidade de tal edifício.

 Dependente

Com a degradação deste (e outros tantos) impactante edifício de notável


mobilidade populacional, outrora, pairou sobre a cidade uma enorme insuficiência de
referências históricas da cidade do Huambo.

A monografia procurou de modo abrangente solucionar a problemática


levantada, através da explanação dos mais variados critérios de intervenção para
restauro, prevenção e preservação de patrimónios arquitectónicos edificados, com a
finalidade de resgatar o edifício Nova York da cidade do Huambo.

Resultados esperados – a explanação do aperfeiçoamento das técnicas de


restauro local, conjugando com a compatibilidade dos critérios e tendências
arquitetônicas modernas. Tal foi feito através de uma documentação teórica e gráfica
sobre a evolução histórica das intervenções em edifícios, bem como os antecedentes
nacionais e internacionais, os estudos da caracterização topográfica do local e do
edifício, as medidas de intervenção adequadas e compatíveis com o elemento
edificado.

Métodos de Investigação:

Métodos teóricos

 Analítico e sintético – técnica de investigação que compreende a organização


dos dados coletados, assim como a observação das mais relevantes tendências
de restauro de património no âmbito nacional e internacional.

 Indutivo e dedutivo – metodologia que concede a informação sobre o estado


de conservação do edifício e, posteriormente, as técnicas a empregar no momento
da intervenção, baseadas em técnicas utilizadas actualmente.

13
Métodos empíricos

 Observação – concebido para a coleta de dados dos factores planimétricos,


topográficos, físico – ambientais, estético – formais, topológico – funcionais e
estruturais que o edifício apresenta, através, principalmente, de levantamento
fotográfico.

 Entrevistas – efectuadas ao historiador local e a alguns cidadãos natos do


Huambo, foi essencial para se obter os dados históricos, funcionais e impactantes
que o edifício ostenta sobre o espaço urbano edificado e envolvido.

 Bibliográfico – estudo de referências da literatura voltada para as intervenções


de restauro em edifícios patrimoniais, orientando os principais métodos de
intervenção.

 Gráfico – metodologia empregue para a demonstração gráfica bi e tridimen-


sional dos elementos que constituem as propostas para a concretização dos
objetivos inicialmente traçados, levando sempre em consideração a vertente social
e histórica da cidade.

É um facto inequívoco que a realização desta monografia trará contributos


sociais, urbanísticos e arquitectónicos para a comunidade local, uma vez que com a
aplicação dos principais critérios de intervenção para o resgate do edifício Nova York
aqui apresentados, será possível revitalizar e garantir a longevidade do mesmo e,
proporcionar a fluente mobilidade populacional, bem como realçar o contexto da
melhoria da imagem arquitectônica da cidade.

1.3. Organização estrutural da monografia

Todos os elementos até aqui apresentados serão dispostos sistematicamente


de acordo com uma estruturação de três capítulos:

Capítulo 1. Património Arquitectónico – Evolução dos principais critérios


de intervenção. São aqui abordadas as fases da evolução histórica das intervenções
em edifícios degradados, os antecedentes de restauro nacionais e internacionais, bem
como os procedimentos que se devem levar em consideração no momento de se
intervir em qualquer edifício. Todos estes critérios são suportados por uma busca

14
bibliográfica direcionada aos aspectos de pendor interventivo, preventivo e conser-
vativo do património arquitectónico.

Capítulo 2. Edifício Nova York – Características e diagnóstico. É neste


capítulo que se explana a caracterização espaço – funcional e estético – formal do
edifício em estudo. Através do diagnóstico por meio de levantamento topográfico (e
referências fotográficas) e dos métodos de investigação referidos, foi possível apurar
as características estruturais do edifício e as patologias que assolam o mesmo,
abrindo, com isto, caminho para os devidos critérios de intervenção.

Capítulo 3. Proposta de intervenção e resgate do Edifício Nova York. Este


capítulo volta-se aos critérios apurados para se dar solução à problemática levantada,
criando uma proposta de intervenção tendo em conta as debilidades que o edifício
apresenta, bem como as novas funções que são propostas para o seu uso. Aplicam-
se aqui os conceitos de preservação de património edificado, bem como os da
concepção de longevidade dos mesmos.

15
2_______________________________________
Capítulo 1. Património Arquitectónico Evolução dos principais
critérios de intervenção
2.1. Resenha histórica do restauro arquitectónico

Desde os tempos primordiais que o homem vem associando a sua vivência


às diversas edificações por ele feitas. De acordo com as suas necessidades, edifica
elementos que em comunhão acabam por fazer parte das sociedades. Com o passar
das gerações, os elementos arquitectónicos edificados passam a desempenhar um
papel importante no contexto histórico das sociedades, absorvendo o esplendor
cultural e social das cidades. Coletado da Semina2, pode-se constatar que:

Uma das áreas de crescente interesse da arquitetura e do urbanismo consiste


na preservação do património histórico. São várias as causas que conduziram
a atenção dos arquitetos para este campo, entre as quais a revalorização da
história, a constatação da importância do passado e o despertar ecológico da
sociedade neste final de século (Neto, 1992, p. 265).
Apresentada pelo ICOMOS3 como um dos principais critérios no acto de inter-
venção em edifícios antigos, (Braga, 2003, p. 2) expõe as definições de alguns dos
princípios comuns sobre a conservação de patrimónios:

Diagnóstico – compreende a identificação, a determinação da composição e


avaliação das condições dos bens culturais, (...) a natureza e extensão das alterações,
a apreciação das causas da sua degradação e a determinação do tipo e extensão do
tratamento necessário (...)

Conservação – restauro – deve ser definida como qualquer intervenção


direta ou indireta efetuada sobre um objeto ou monumento, para salvaguardar a sua
integridade física e garantir o respeito pelo seu significado cultural, histórico, estético
e artístico(...)

Manutenção – sendo definida como intervenções rotineiras visando manter a


integridade dos bens culturais.

2
A Revista Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas é uma publicação semestral de divulgação científica e
tecnológica vinculada à Universidade Estadual de Londrina, Paraná – Brasil. Publica artigos originais e de revisão,
voltados às Ciências Exactas e da Terra, Engenharias e Arquitectura e Urbanismo.
3
ICOMOS – International Council on Monuments and Sites – Conselho Internacional de Monumentos e Sítios –
com actividades voltadas na conservação e protecção dos patrimónios culturais.

16
Conservação preventiva – consiste na realização de intervenções indiretas
visando o retardamento da degradação e impedindo desgastes pela criação de
condições otimizadas para a conservação dos bens culturais de forma que essas
medidas sejam compatíveis com a utilização social (...)

Na mesma linha de pensamento aparecem diversos elementos


complementares para os estudos de intervenção, cuja conceituação é imprescindível
fora o conhecimento. Assim, Tavares, Costa e Varum (2011, p. 5) apresentam as
definições de tais elementos:

Restauração – refere-se à acção num edifício, ou parte deste, que está


degradado, em ruína ou que se considera que foi inapropriadamente reparado no
passado, sendo a sua “alteração” /acção executada com o objectivo de colocá-lo de
acordo com o desenho ou aparência de uma prévia data específica reconhecida como
tendo o maior valor de autenticidade.

Reabilitação – refere-se a qualquer acção que assegure a sobrevivência e a


preservação para o futuro de: edifícios, bens culturais, energia ou outra fonte de
conhecimento com valor.

Reparação – considerando que representa todo o trabalho necessário para


corrigir defeitos, danos significativos ou degradação causados deliberadamente ou
por acidente, negligência, condições atmosféricas, desordens sociais, no sentido de
colocar o edifício em bom estado, sem alterações ou restauração. Procura-se devolver
ao elemento danificado as suas características mecânicas, a sua capacidade
funcional e a sua durabilidade original (...)

Reconstrução – entende-se mais como uma operação associada ao dese-


nho/concepção do que ao objecto construído. Neste sentido, pode-se entender que o
desenho pode ser reconstruído baseado em evidências ou em documentos ou em
ambos, fazendo-se a reposição parcial ou total dos elementos seguindo o desenho
original.

As edificações não perduram no tempo com infinita longevidade, pois que as


mesmas são construídas para permanecerem intactas durante um certo período de
tempo, em que o homem irá directamente beneficiar e usufruir de suas funcio-
nalidades. Certamente que o período em que o homem estiver suprindo as suas

17
diversificadas necessidades através da funcionalidade que o elemento edificado lhe
poder proporcionar, este irá regressivamente perder vitalidade, na concepção de Neto
(1992), inevitavelmente as edificações feitas em qualquer época irão eventualmente
degradar-se, seja através de agentes bióticos, abióticos ou pelo uso irracional do
próprio homem, podendo levar à alteração estético-formal e funcional de tais
edificações.

2.2. Os restauros estilísticos de Viollet-Le-Duc

Nos tempos modernos as actividades de intervenções de restauro, conser-


vação e recuperação de patrimónios arquitectónicos edificados ocupam importante
espaço nos elementos prioritários do ramo da Arquitectura, devido a necessidade de
se manter a imagem conservadora da memória das cidades. Mas, esta actividade não
é de recente criação, e para que ela ganhasse o estatuto que hoje possui, vários
especialistas contribuíram para a sua concepção, seguindo a evolução das variadas
tendências arquitetônicas. Dentre tais especialistas, dá-se aqui maior ênfase à Viollet-
Le-Duc, cujos trabalhos tiveram grande relevância nos primórdios das actividades de
restauro.

Eugène Emannuel Viollet-Le-Duc (1814-1876) parisiense restaurador de


icónicos monumentos arquitectónicos da Idade Média, notabilizou-se com os seus
trabalhos e tratados como um dos responsáveis pelo reconhecimento do estilo gótico
como uma das mais importantes etapas da história da arte ocidental 4.

Com Viollet-Le-Duc chega-se ao considerado restauro estilístico, em que se


convida o restaurador a penetrar na mentalidade do arquitecto original e a
executar projectos que, talvez, o construtor medieval nunca tivesse concebido.
(...) no seu Dictionnaire raisonnè d`architecture exprime dizendo:” Restaurar um
edifício não é, de facto, mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é o seu
restabelecimento num estado completo que pode mesmo nunca ter existido
num dado momento” (Araújo, trad. 2003, p. 6)
Tendo os seus conceitos de restauro seguidos essencialmente na Europa
durante o séc. XIX e por grande parte do séc. XX, período em que se revelaram
diversos arquitectos restauradores de monumentos edificados como seguidores do
francês, destacam-se aqui alguns dos emblemáticos trabalhos de restauro de Viollet-
Le-Duc:

4
Teóricos da restauração, disponível em http://professor.pucgoias.edu.br/ (s.d.) (acesso 11-Agosto-2017)

18
 Catedral de Notre-Dâme de Paris

Uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico, a Catedral de


Notre-Dâme de Paris cuja construção teve início no ano de 1163, é dedicada a Maria,
Mãe de Jesus Cristo, situa-se na praça de Paris, na pequena ilha Île de la Cité,
rodeada pelas águas do Rio Sena5 (figuras 2 e 3).

Em seu tratado sobre a história da conservação, Luso, Lourenço e Almeida


(2004, p. 36) evidenciam:

A igreja de Notre-Dâme em Paris, depois de ser alvo de destruições na época


de Revolução Francesa, foi entregue a Lassus e Viollet que ficaram
encarregues de a restaurar, o que acontece entre 1845 e 1864. Estes dois
intervenientes tinham opiniões divergentes acerca do restauro da catedral.
Viollet pretende levar a catedral a um estado ideal que nunca chegara a ter,
defendendo a reconstrução da fachada com a restituição das duas torres e do
pináculo central (...)

Figura 2 - Catedral de Notre-Dâme de Paris, fachada frontal


Fonte: https://hvinteum.wordpress.com/tag/notre-dame-de-paris/
postado em 2013 (acesso 10-Agosto-2017)

5
Disponível em https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Catedral_de_Notre-Dame_de_Paris (acesso em 13-Agosto-
2017)

19
Figura 3 - Catedral de Notre-Dâme de Paris, fachada lateral
Fonte: https://hvinteum.wordpress.com/tag/notre-dame-de-paris/ postado em
2013 (acesso 10-08-2017)

 Castelo de Pierrefonds

O Castelo de Pierrefonds foi construído em 1396, pelo Duque de Orleans,


irmão do Rei Carlos VI, como fortificação militar. A edificação tem o formato
quadrilátero irregular com oito torreões, cada um sustentando um nicho com uma
estátua de uma brava figura histórica. No ano de 1617, o Rei Luís XIII resolveu
desmantelá-lo ocasionando a ruína de algumas partes do castelo (...). Em 1857,
Napoleão III decide restaurar o Castelo de Pierrefonds, encarregando Viollet-Le-Duc
desta tarefa. Le-Duc trabalhou no projeto intensa e cientificamente. Fez o
levantamento das ruínas e através das informações obtidas conseguiu reconstruir a
planta do edifício original, assim como as oito estátuas em cada um dos torreões (..)
(figuras 4 e 5) (Oliveira, 2007, pp. 17-23)

Figura 4 - Castelo de Pierrefonds, Vista Frontal Figura 5 - Castelo de Pierrefonds, Vista aérea
Fonte: https://www.google.co.ao/amp/s/fiorerouge.wordpress.com/2012/06/24/pierrefonds/amp/
postado em 2012 (acesso 15-08-2017)

20
2.3. Os primeiros restauros – antecedentes internacionais e nacionais

A necessidade que o ser humano sente e manifesta de conservar, preservar


e restaurar os mais diversos elementos à ele circundantes, e transportadores da com-
ponente histórica de suas vivências, surge a medida que o mesmo vai construindo a
sua história, criando elementos que absorvam tais vivências em forma de memória
patrimonial. Contudo, tal como já foi aqui referido, estes elementos não perduram para
sempre, havendo então o desejo de se intervir neles para garantir a longevidade de
tais memórias. Mas este desejo não é um facto inédito nem recente, pois que as
intervenções de restauro do património edificado vêm ocorrendo já há séculos, como
explicam Luso, Lourenço e Almeida (2004, p.31):

A actividade de restauro tem origem nos séculos XVIII e XIX. Até esta data, os
monumentos sofreram diversas acções de conservação, alteração de uso e
renovação, que não devem ser designadas de restauro, tal como hoje é
entendido. Assim como a história da arquitectura se modificou ao longo dos
anos, alterando técnicas de construção e fundamentalmente os estilos de
concepção e decoração, também edifícios já existentes conheceram novas
fachadas e ornamentações.
O universo arquitectónico, aliado à ciência de modo generalizado, vai
alterando as suas estratégias de concepção pois que está directamente vinculada às
variadas tecnologias que, à medida que os tempos avançam ela evolui, e a
arquitectura acompanha fielmente esta evolução. Todo património edificado carente
de intervenção, acarreta longos anos de vida, tendo sido executado com as técnicas
vigentes das respectivas épocas. No momento de se intervir há que se ter a atenção
de se conjugar a modernidade tecnológica ao tradicional existente no edifício,
procurando a máxima compatibilidade possível entre eles.

A evolução das intervenções de restauro está directamente ligada à dos


conceitos construtivos arquitectónicos, podendo ser verificados vários monumentos
edificados que ao longo dos anos sofreram modificações estruturais e funcionais,
adequadas aos mais diversos estilos arquitectónicos criados ao longo dos anos, os
quais podemos absorver como exemplos.

No contexto internacional são inúmeros os notáveis elementos edificados


restaurados, acompanhados por conceituados restauradores que foram implemen-
tando diversos critérios regedores das acções de intervenção, na maior parte das

21
vezes por ordens superiores vindas dos líderes das localidades com o objectivo de
restituir os monumentos com base nos seus caprichos. Assim, exemplifica-se:

 Anfiteatro de Arles

Construído por volta dos anos 90 (séc. I d.C.), na localidade francesa de Arles,
este anfiteatro comportava cerca de 20 mil espectadores. Ele foi construído pouco
tempo depois do coliseu de Roma, e tem as características deste. Até o final do
Império romano, no séc. III, esse espaço era um templo de gladiadores. Depois,
passou a ser utilizado para vários espetáculos. Serviu de refúgio à população arliense
que durante a Idade Média e o Renascimento construiu várias moradias dentro e ao
redor do anfiteatro6. Luso, Lourenço e Almeida (2004, p. 34) contribuem também
expondo que o restauro do anfiteatro, que ocorreu entre 1809 e 1830 restituiu a Arles
o seu exemplo de arquitectura romana. (figuras 6 e 7)

Figura 6 - Anfiteatro de Arles, vista principal


Fonte: http://belaarteconceito.com.br/arco-de-constantino/
(acesso 08-08-2017)

Figura 7 - Anfiteatro de Arles, vista aérea


Fonte: http://belaarteconceito.com.br/arco-de-constantino/
(acesso 08-08-2017)
6
Lúcia, C.(2013). Arles: entre o clássico romano e o medieval. Retirado de http://oquevidomundi.com/arles-
entre-o-classico-romano-e-o-medieval/ (acesso 08-Agosto-2017)

22
 Mosteiro de Alcobaça

O Mosteiro de Alcobaça fundado em 1178 (séc. XII) pela Ordem de Cister, em


cumprimento do voto de doação feito por D. Afonso Henriques, a quando da conquista
de Santarém pelos Árabes. A abadia é um dos mais importantes templos cistercienses
medievais, tratando-se da primeira obra inteiramente gótica em Portugal. Já a
monumental fachada apresenta um conjunto variado de estilos: românico, gótico e
barroco7 (figura 8). O Mosteiro está classificado como Património da Humanidade pela
UNESCO e como Monumento Nacional desde 19108.

Tal como nas outras obras, Luso, Lourenço e Almeida (2004, p. 32) afirmam
que o Mosteiro foi restaurado no séc. XVIII em que se deu maior valor na fachada
principal, reedificada em estilo barroco, com pormenores góticos, manuelinos e de
outras inspirações (...)

Figura 8 - Mosteiro de Alcobaça, vistas principal e interior


Fonte: http://www.ruralea.com/mosteiro-de-alcobaca/ 2015 (acesso 10-08-2017)

A nível nacional já foram, de igual modo, executadas diversas obras de


restauro em edifícios antigos, e não só, apesar de muitos deles não auferirem a
categoria de património. As intervenções feitas nestes têm como finalidade principal a
prevenção de danos graves, garantindo de antemão a longevidade dos edifícios sem
que estes apresentem alarmantes aspectos degradáveis. Intervém-se para se
combater as visíveis e inevitáveis patologias superficiais causadas em grande parte
pelos agentes atmosféricos e pelo uso, por vezes irracional, do próprio homem. O

7
Retirado de http://www.ruralea.com/mosteiro-de-alcobaca/ Postado em 17-Agosto-2015 (acesso 10-Agosto-
2017)
8
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Mosteiro_de_Alcobaca%C3%A7a (acesso 10-Agosto-2017)

23
procedimento de intervenção tem início com o diagnóstico patológico dos edifícios,
análise do índice de degradação para a implementação dos procedimentos de
combate às tais patologias.

 Museu Nacional de Arqueologia


Localizado na cidade de Benguela e com um acervo de cerca de 9.150 peças,
o edifício onde funciona o museu é uma obra do Século XVII / XVIII, onde os escravos
eram armazenados temporariamente, até serem exportados para a América em
navios negreiros. Ocupando um perímetro de 8.000 m2, depois do fim do tráfico de
escravos o edifício passou a pertencer à Alfândega de Angola. Em 1976, foi neste
edifício criado o Museu Nacional de Arqueologia9.

Em 2014 foram feitas intervenções de restauro ao edifício, com o intuito de se


conhecer, divulgar e preservar os edifícios históricos como parte da cultura do povo
local (figura 9).

Figura 9 - Museu Nacional de Arqueologia, durante a


restauração
Fonte:http://mobile.twitter.com/gonanaimo/status/62311881
5849623552 (acesso 10-09-2017)

 Fortaleza de São Miguel

Erguida por determinação do primeiro Governador, Paulo Dias de Novais, em


1575, é a primeira estrutura defensiva construída em Luanda (e em Angola). No século
XX (ano de 1938) a fortaleza foi classificada como Monumento Nacional e no ano

9
Disponível em http://destinobenguela.com/turismo/locais-interesse/historicos/museu-nacional-
arqueologia.html (s.d.) (acesso 10-Setembro-2017)

24
seguinte, veio a instalar-se nela o Museu de Angola e após a independência, em 1978
as dependências da fortaleza passaram a albergar o Museu das Forças Armadas.
Considerada um dos principais patrimónios edificados da capital e do país, em 1995
sofreu intervenções de conservação no exterior do edifício10 (figuras 10 e 11).

Figura 10 - Fortaleza de São Miguel, 1846


Fonte:https://pt.m.wikipwdia.org/wikiFortaleza_de_S%C3%A3o_Miguel_de_Lu
anda (acesso 10-09-2017)

Figura 11 - Fortaleza de São Miguel, 2012


Fonte: https://lassocairo.com/tag/fortaleza-de-sao-miguel (acesso 10-09-2017)

10
Disponível em https://pt.m.wikipwdia.org/wikiFortaleza_de_S%C3%A3o_Miguel_de_Luanda (acesso 10-09-
2017)

25
2.4. Critérios fundamentais de intervenção

Para que o processo de intervenção no património edificado não fosse feito


de modo aleatório e arbitrário, alguns critérios foram estipulados com a finalidade de
guiar os especialistas no momento da execução de tais tarefas. Contudo, no leque de
critérios à serem considerados, alguns são abrangentes para todo tipo de intervenção,
enquanto outros aplicam-se com uma certa especificidade tanto para o edifício como
para os elementos construtivos que o compõem.

Nos escritos de (Araújo, trad. 2003, p. 10) constatam-se alguns critérios:

 Deve-se conservar a autenticidade da obra – há que se saber notar até a


mínima adição feita na obra, e diferenciá-la das suas preexistências, mas sem
fazer desnecessários sacrifícios à original unidade figurativa da construção.

 Devem-se evitar as imitações “ao estilo” – efectuar, apenas onde for


necessário, pequenas modificações, propondo um equilíbrio formal com as
expressões con-temporâneas.

 Devem-se evitar as tentativas de renovação da obra – as intervenções de


maquilhagens, cosméticas ou embelezamento são antagónicos aos princípios de
conservação dos valores históricos e estéticos dos patrimónios.

 Deve-se respeitar o princípio da reversibilidade das intervenções – no âmbito


geral, é mais sensato optar pela “adição” do que pela “remoção”, pois que uma
adição é removível, ao passo que o acto de remover torna-se irreversível.

 Devem-se respeitar os princípios da compatibilidade mecânica, química e física


– há a necessidade de se alcançar um equilíbrio entre os materiais preexistentes
e os da intervenção de restauro, afim de se garantir um funcionamento homogéneo
da linha temporal.

 Deve-se garantir a durabilidade efectiva das intervenções – os métodos de in-


tervenção devem proporcionar igual grau de durabilidade dos elementos antigos e
novos da obra edificada.

26
2.4.1. Cartas internacionais sobre restauro de património

Com o passar dos anos, muitos foram os documentos escritos com a


finalidade de guiar e orientar a tarefa de conservação/restauro do património
arquitectónico. No entanto, faz-se aqui a seleção de duas destas diretrizes, levando
em consideração o grau de importância e o impacto que tiveram ao longo da história.

A apresentação destes é feita de acordo com a ordem cronológica à que cada


um deles fora publicado, seguindo assim a sequência e correlação existente entre
eles, demarcando os pressupostos feitos no acto de suas ilações.

 Carta de Atenas

A primeira carta do leque, escrita no ano de 1931 após a Conferência


Internacional de Atenas, disserta de modo geral, entre as mais diversas
preocupações, a racionalização de procedimentos em Arquitectura e propõe normas
de conduta em relação à preservação das edificações, obtendo então a perpetuação
das características históricas e culturais.11

A Carta de Atenas retrata a necessidade de se ter entre todos os estados


vínculos mais amplos para o favorecimento da conservação dos monumentos de arte
e da história, tendo-se elaborado os princípios gerais e as doutrinas respeitantes à
protecção dos monumentos. Por parte dos membros participantes, foram
apresentados critérios regentes do emprego de materiais e técnicas modernas para a
consolidação dos edifícios antigos, devendo estes serem dissimulados para que não
se sacrifique a originalidade do edifício a restaurar.12

 Carta de Veneza

Escrita no ano de 1964, sequenciando os princípios da carta anterior, a Carta


de Veneza tem o conceito de monumento histórico abrangendo as vertentes
arquitectônica, urbana e paisagística. A carta vem ressalvar o factor conservação/res-
tauro, expondo que tais ciências se devam valer de todas as ciências e técnicas que
contribuam para a salvaguarda dos patrimónios, impondo a subsequente manutenção
dos mesmos.

11
Artigo disponível em http://patrimoniocartasdeatenas.blogspot.com/?m=1 acesso 19-Agosto-2017
12
Fundamentação teórica do Restauro, traduzido do original - italiano por António de Borja Araújo, 2003, p.13

27
Delimita-se nela que a conservação de um monumento deve sempre ter a sua
utilização vinculada às funções úteis das sociedades à eles circundados. Tal
conservação deve implicar a componente ambiental, conjugando com o ambiente
tradicional. Com a finalidade de se evitar a separação do monumento à história e ao
ambiente à que ele está vinculado, tornam-se inaceitáveis as acções desnecessárias
de remoção de partes fundamentais dos monumentos, excepto nas ocasiões em que
a salvaguarda do monumento assim o exija.13

Faz-se ainda menção no capítulo de conservação a utilização da aceitável


técnica de “anastilose”14 permitindo que os elementos de integração sejam facilmente
reconhecíveis, dando continuidade à forma original do monumento.

Conclusões parciais

O estudo e análise da evolução histórica das intervenções de restauro para


preservação e garantia da longevidade dos monumentos históricos de determinada
sociedade, evidencia-se como um factor de relevante importância, pois que permitem
elucidar àquele que faz uso de tais técnicas acerca das origens desta arte e do quão
importante é manter a faceta memorial das cidades.

De modo semelhante, o conhecimento dos trabalhos já feitos na área, seja no


âmbito local ou global, facilita em grande a sequência de tais processos pois que estes
antecedentes fornecem as bases sobre as quais assentam as intervenções.

É também necessário manter patente os principais critérios de intervenção


estabelecidos nos diversos documentos (cartas) criados ao longo dos tempos, pois
eles servem de guia/leis para uma adequada execução em quaisquer circunstâncias.

13
Ibidem, 2003, p.21
14
Anastilose – recomposição das partes existentes mas desmembradas. Podendo ser feita com os mesmos
elementos em boas condições, ou reconstruir a ruína com novos elementos.

28
3_________________________________________________
Capítulo 2. Edifício Nova York – Características e diagnóstico
3.1. O edifício e a cidade – características e situação geográfica

O ponto focal sob o qual recai a totalidade das atenções desta monografia
(edifício Nova York) está localizado na parte baixa da cidade do Huambo, circundando
um quarteirão e sendo ladeado a Noroeste pela avenida da independência, a nordeste
pela rua Mariano Machado, a sudoeste pelo antigo hotel Ruacaná e a nordeste pelo
cine Ruacaná (figuras 12 a 15).

Figura 13 - Ruacaná e Nova York

Figura 15 - Praça da Independência

Figura 12 - Micro localização


Fonte: Google maps – acesso 20-09-2017 Figura 14 - Estação de comboio
Alteração do autor Fontes: Elaboração própria (03-09-2017

29
Tendo sido construído no final da década de 1930, projectado pelo arquitecto
português Raúl Rodrigues Lima, o edifício apresenta-se com um desenho de
influência no movimento moderno, homogeneizado com os demais edifícios ao seu
redor destacando-se neles as grelhas de ensombramento como elemento básico de
composição15.

Com dois pisos intercalados por um mezanino frontal, o edifício apresenta


uma estrutura erguida com alvenaria de tijolo, possuindo a mesma uma espessura
geral de 40cm, sustentadas por elementos estruturais como pilares de 60/50cm, vigas
de 45/30cm e laje de 18cm de espessura. Por se tratar de um edifício de uso social, o
mesmo foi construído com vãos amplos envidraçados que facilitam a livre penetração
da luz e ventilação natural, criando ambientes harmoniosos em seus espaços
interiores. Tal como os vários edifícios que o ladeiam, o Nova York é um vivo exemplo
da tipologia arquitectônica predominante na cidade do Huambo, tendo absorvido
fortes influências das tipologias portuguesas.

3.1.1. Circunstâncias da origem do edifício

O conhecimento da história do monumento permite perceber o impacto que


ele tinha na população local referente à mobilidade geral. O historial que o edifício
Nova York tem com a cidade do Huambo e com os seus cidadãos natos, foi adquirido
através da metodologia de entrevistas feitas a alguns citadinos e fundamentalmente
ao historiador local Venceslau Casese16 que foi bastante coeso na explanação da
história do edifício, como se pode constatar (Casese, 2017) (ver anexo A).

O historiador começa por explicar que o edifício foi construído para fins
comerciais, voltando-se principalmente para o comércio de vestuário, e sita as
principais circunstâncias que estiveram na base da construção do edifício nos
seguintes pontos:

 Proporcionar a produção de vestuário aos munícipes do Huambo, e não só;


 Intensificar a criação de emprego para a população local;
 Proporcionar a entrada na dinâmica do comércio geral;
 Criação de capitais para os proprietários da empresa;

15
HPIP –Património de Influência Portuguesa - Citado por Carlos Dias Coelho
16
Venceslau Casese – Historiador local e director provincial do museu local do Huambo, entrevista cedida em
Setembro de 2017

30
 Implementação da moda americana no território angolano/Huambo (pois que
as vestimentas ali comercializadas, etiquetadas de “Nova York”, tinham a sua
matéria prima importada da cidade americana de Nova York).

A linha comercial Nova York tinha uma fábrica de vestuário própria, a sua
grande alfaiataria que distava a cerca de 300 metros do edifício principal. Outros
produtos ali comercializados como cosméticos e sapatos, por exemplo, eram
importados.

O historiador acredita na possibilidade de ter havido alguma tendência


propositada na construção do edifício Nova York com os que o ladeiam, devido a
relação comercial que albergavam, pois a cidade recebia inúmeros turistas e
comerciantes, podendo estar ali o motivo para a colocação dos edifícios hotel e cine
– teatro Ruacaná com a loja comercial num curto raio de distância, tendo estes criado
uma grande mobilidade populacional a quando da sua época de actividade (figura 16).

Eles tinham proprietários diversos, europeus e americanos, tendo os


portugueses como os principais elos de ligação/intermediários nas operações
económicas que recorriam à população local para os trabalhos manuais na confecção
dos produtos comercializados.

Figura 16 - Edifícios Cine Ruacaná, Nova York e Hotel Ruacaná, 1971


Fonte: Conteúdo bibliográfico da monografia de Francisco de Jesus
Tandavala (2017)

31
3.2. Diagnóstico arquitectónico

Todo processo de intervenção em qualquer elemento edificado necessita de


um prévio estudo de diagnóstico levado a cabo com a finalidade de se conhecer os
aspectos estético – formal e espaço – funcional do mesmo. Este estudo permite obter
a exacta informação sobre as áreas que necessitam da intervenção em maior ou
menor grau de intensidade, a determinação das imperfeições e o prognóstico da
evolução dos processos patológicos que nele ocorram assim como o esclarecimento
de suas causas.

Particularmente no elemento focal de estudo para esta monografia, foi


adoptado o método do diagnóstico directo ou visual. Este é realizado valendo-se
unicamente da percepção de quem o executa, de maneira visual e mediante o resto
de sua percepção sensorial. O auxílio do registro fotográfico no local possibilita
analisar e demonstrar de maneira mais abrangente os elementos constituintes do
espaço em estudo no contexto visual17.

Generalizando, o diagnóstico realizado no edifício, por intermédio de


levantamento topográfico, planimétrico e volumétrico através, principalmente, de
registro fotográfico, permitiu saber inicialmente as características estruturais e
funcionais do património edificado, o estado de conservação e degradação que os
seus elementos atingiram ao longo dos seus anos de desuso, informação com a qual
se implementará os respectivos métodos e técnicas específicos para cada elemento
construtivo.

3.2.1. Análise estético – formal e espaço – funcional

Apresentando-se como uma intercepção de duas peças da figura geométrica


retangular, o edifício forma um “L” voltado para as 3 ruas que o ladeiam no quarteirão
de sua localização. Edificado com dois pisos, tem os seus amplos espaços acessados
por uma fluída circulação vertical feita através de escadas e elevador, distribuídos
estrategicamente para facilitar o fluxo dos seus usuários, e a interligação dos seus
blocos funcionais destinados tanto ao público geral, como aos funcionários daquele
estabelecimento comercial (figuras de 17 à 21).

17
Material de apoio da disciplina de Tecnologia da Arquitectura, I Semestre, Arquitectura e Urbanismo 5º ano,
ISPH – 2017

32
Escala gráfica

LEGENDA – RÉS DO CHÃO


ACESSOS AO EDIFÍCIO

CIRCULAÇÃO VERTICAL
COOPERATIVA DE TRABALHADORES
PERFUMARIA
COMÉRCIO DE COMBUSTÍVEIS
ÁREA DE EXPOSIÇÃO –
BAR – CONVÍVIO
ROUPAS
BARBEARIA
VESTUÁRIO
TABACARIA
BALNEÁRIO

Figura 17 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, rés-do-chão


Fonte: Elaboração própria

Escala gráfica
LEGENDA

ENTREPISO / MEZANINO

CIRCULAÇÃO VERTICAL INSTALAÇÕES SANITÁRIAS

ÁREA SOCIAL – OBSERVAÇÃO SECTOR ADMINISTRATIVO

VENDA DE BRINDES MATERIAIS DIVERSOS

ALTA – COSMÉTICOS

Figura 18 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, entrepiso / mezanino


Fonte: Elaboração própria

33
Escala gráfica

LEGENDA - 1º ANDAR

CIRCULAÇÃO VERTICAL MATERIAL DE ALCATIFA

BAR (MUSICAL) – VENDA DE CDs MATERIAIS DESPORTIVOS

INSTALAÇÕES SANITÁRIAS ALTA COSMÉTICA

MATERIAL PARA ESTOFOS MATERIAIS DIVERSOS

MATERIAL DE ATELIER

Figura 20 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, 1º andar


Fonte: Elaboração própria

Obs: os dados sobre a funcionalidade do edifício foram fornecidos em


entrevista ao sr. Joaquim Quindovala – antigo funcionário do Nova York e actual
funcionário da área técnica da Sonangol (ver anexo B)

Figura 19 - Edifício Nova York, fachada Figura 21 - Edifício Nova York, fachada sudoeste
noroeste
Fontes: Elaboração própria (01-09-2017)

34
3.2.2. Estado actual de conservação do edifício

Ter o prévio conhecimento do grau de deterioração à que se encontra o


edifício por intervir, é crucial para se garantir uma qualitativa aplicação das técnicas
que deverão proporcionar a longevidade do mesmo, através do reconhecimento de
cada patologia que assole o património edificado.

Nesta fase de análise, tal como se pode ver nas imagens a seguir
apresentadas, obtidas do registro fotográfico feito no local de estudo que de um modo
geral permitem classificar o edifício Nova York como estando num razoável estado de
conservação, verificando-se, entre outros factores, os principais e mais notáveis
caracteres patológicos que ao longo dos anos têm consumido superficialmente os
elementos construtivos que compõem o edifício. Da observação feita notou-se que o
principal agente causador das deteriorações do edifício é a guerra civil vivida um
pouco por todo país, tendo sido o elemento causador do encerramento das
actividades lá realizadas. Com o passar do tempo, agentes bióticos e abióticos
(fenómenos atmosféricos) contribuíram em grande escala para a proliferação das
diversas patologias que hoje encobrem o edifício, manifestando-se nos seus materiais
pétreos, cerâmicos e metálicos com os quais o património foi erguido, e tais patologias
são a seguir graficamente mencionadas (tabelas 1 e 2) e evidenciadas com maior
detalhe (das figuras 22 à 31).

SIMBOLOGIA DAS PATOLOGIAS


SÍMBOLO NOMENCLATURA SÍMBOLO NOMENCLATURA

CORROSÃO
FENDAS / FISSURAS METÁLICA

DESABAMENTO MUSGOS / MOFOS

DESGASTE DESCASQUE

PÁTINAS EROSÃO

Tabela 1 - Simbologia das patologias do edifício


Fonte: Material didático da disciplina de Tecnologia da Arquitectura – ISPH –
Arquitectura e Urbanismo, I Semestre 2017

35
Figura 23 - Paredes divisórias, 1º andar e entrepiso
Fontes: Elaboração própria (01-09-2017)

Figura 24 - Laje sobressalente – rés do chão


Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

Figura 22 - Vigas estruturais e parede divisória - entrepiso


Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

36
Figura 27 - Circulação vertical – entrepiso / 1º andar
Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

Figura 26 - Circulação vertical – rés do chão / 1º andar


Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

Figura 25 - Paredes divisórias – 1º andar


Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

37
Figura 28 - Estrutura da cobertura – 1º andar
Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

Figura 29 - Estrutura da cobertura – 1º andar


Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

Figura 30 - Circulação vertical interna – rés do chão / entrepiso


Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

38
Figura 31 - Laje superior sobressalente – 1º andar
Fonte: Elaboração própria (01-09-2017)

 Diagnóstico sobre o estado de conservação do edifício


Edifício Nova York

Elemento
Patologia Descrição Causas Exemplo
atuante

Abertura estreita e
alongada surgida Geradas pela
Com maior
acidentalmente ou oxidação dos
predominân
Fendas / feita de modo elementos quí- Fig. 25 e
cia em
Fissuras proposital, e que micos devido 31
paredes e
permite a às mudanças
lajes
passagem de luz e de temperatura
ar.

Resultado da
É comum
Desmoronamento acção da
ocorrer em
Desabamento ou queda da guerra, Fig. 31
paredes não
estrutura sólida. enfraquecendo
estruturais.
o material.

Pode
Perda gradativa da
acontecer
qualidade do
com Fricção ou
material, podendo Fig. 26,
Desgaste qualquer atrito gradativo
levar ao 27 e 28
elemento da / temporal.
desaparecimento
edificação.
total do mesmo.

39
Frequentes
Camadas finas Acção gradual
em quase
coloridas que e tardia do
todos os Fig. 27,
recobrem tempo e luz
Pátinas elementos 28, 32 e
elementos pétreos natural e dos
pétreos e 35
e cerâmicos a compostos
cerâmicos.
nível superficial. químicos.

É um ataque
destrutivo aos
metais por reação
Dá-se em Reações
química do meio
qualquer químicas entre
Corrosão que os rodeia. A Fig. 32 e
estrutura o metal e a
metálica superfície erodida 33
metálica. atmosfera que
forma uma
o envolve.
depressão que a
diferencia das
seções vizinhas.

Espécies vegetais Proliferação


Geralmente
que se acomodam gerada pelas
nas
Musgos / nos elementos temperaturas Fig. 29,
intercepçõe
Mofos construtivos, úmidas e 30
s dos
levando à sua infiltração de
elementos
decomposição. água.

Perda do
Comum em Bruscas Fig. 25,
revestimento
Descasque paredes e alterações 26, 33,
superficial que
lajes atmosféricas. 34 e 35
envolve o material.
Abrasão que
implica perda de
Ocorre em
volume e Produto da
qualquer Fig. 29,
Erosão desaparecimento acção
material 30 e 34
das formas contínua do
pétreo
originais dos vento e da
elementos. água.
Tabela 2 - Patologias do edifício e suas causas
Fonte: Material didático da disciplina de Tecnologia da Arquitectura, – ISPH – Arquitectura e
Urbanismo, I Semestre 2017

40
3.3. Estratégias de intervenção

Feito o estudo de diagnóstico geral que permitiu fornecer dados que dão um
profundo conhecimento sobre o actual estado de conservação do edifício, através da
análise das variadas patologias que nele se foram alojando ao longo dos tempos,
causados por factores bióticos e abióticos, é agora possível determinar o trajecto das
estratégias que serão utilizadas para, não só revitalizar o objecto de estudo, como
também assegurar a longevidade do mesmo. A adequada implementação de tais
estratégias vai permitir recuperar a componente estético – formal que caracteriza o
edifício, colocando-o em perfeita harmonia com os elementos edificados ao seu redor
sob as mesmas circunstâncias.

É aqui apresentado o programa de trabalhos a realizar para a intervenção no


objecto de estudo (Lima, 2015, p. 97):

 Utilização de soluções e técnicas não intrusivas e totalmente reversíveis;


 Manutenção das características formais do edifício fortificado, sem adição ou
subtração de qualquer elemento construtivo descaracterizador;
 Utilização de materiais modernos compatíveis com a construção tradicional;
 Reaproveitamento dos elementos construtivos, originais, no restauro. Sem
recurso a reproduções de simulação;
 Atribuição prévia de uma funcionalidade, totalmente compatível com o edifício
histórico;
 Adequação da envolvente do edifício reabilitado de acordo com a tradição do
local de implantação;
 Manutenção e durabilidade do objecto restaurado, assegurada pela execução
de projectos pluridisciplinares.

Todos estes pressupostos até aqui apresentados, são de uma maneira


generalizada a base fundamental a ser seguida para a realização do inteiro processo
de intervenção com a finalidade de se resgatar o património edificado. Assim, torna-
se viável a realização das acções de revitalização do mesmo, e a garantia de sua
longevidade, levando sempre em consideração o factor localização e envolvente, pois
que o principal objectivo de tal resgate acaba sendo a transmissão do memorial do
componente histórico da cidade.

41
Conclusões parciais

Toda prática de restauro num determinado elemento edificado necessita de


um prévio conhecimento das condições em que o mesmo se encontre. Para tal,
executa-se um plano de diagnóstico auxiliado por várias técnicas que conduzem para
uma eficaz recolha de dados. Para este trabalho voltado ao resgate do edifício Nova
York, o critério não foi diferente. E como foi constatado, apesar do longo período de
desuso e degradação, o edifício encontra-se num estado razoável de conservação,
mantendo sólidos os principais elementos de sustentação estrutural, e tendo, a par do
factor guerra, o factor temporal como elemento causador das patologias que hoje o
assolam. É com base nestes dados que serão feitas todas as dirigidas intervenções
no edifício.

42
4_________________________________________________
Capítulo 3. Proposta de intervenção e resgate do edifício Nova York
4.1. Generalidades dos conceitos de intervenção

Uma vez concluído o cadastramento, que tem como finalidade diagnosticar as


mais evidentes patologias presentes no património edificado, assim como as suas
causas, passa-se à fase de implementação das técnicas de intervenção que irão
garantir o resgate e preservação do edifício.

A fim de se realizar adequadamente o processo de intervenção, é de extrema


importância respeitar os princípios éticos da restauração18, como explica Rosina
Trevisan (2003, p. 109) em sua unidade temática:

 O princípio básico de um programa de conservação e/ou restauração de um


bem imóvel de valor cultural consiste em valorizar a sua forma física original,
assegurando e ampliando o seu tempo de vida útil.

 Nas intervenções necessárias para assegurar este valor, é possível utilizar


materiais diferenciados e fabricados em épocas distintas, quando utilizados
como suporte ou complemento, a fim de que não caracterizem falsificação. A
restauração deve revelar a época em que foi executada e preservar os
símbolos históricos do património.

 Numa restauração, um material só deve ser substituído e/ou acrescentado se


houver necessidade técnica com o objectivo do restabelecimento da unidade
(do espaço), ou para viabilizar um uso do imóvel, sem, no entanto, cometer
intencionalmente qualquer imitação ou falsificação do original.

 (...) é necessário, antes da utilização de qualquer produto de limpeza das


superfícies nos processos de manutenção, que se teste o seu uso em um local
destinado a esta experimentação, para se avaliar a acção abrasiva provocada
por soluções de limpeza, regulando a concentração e o tempo de aplicação (...)

18
Braga, M. (2003) Conservação e restauro – Trevisan, R., Unid. 5 – Técnicas de restauração. (vol. III, p. 109)
Brasil: Universidade Estácio de Sá.

43
 É, também, contra indicado o uso de materiais de alto desenvolvimento
tecnológico, em contacto com materiais fragilizados sem a avaliação das
acções físico – químicas que possam ocorrer.

 A finalidade da conservação e restauração dos monumentos é a salvaguarda


tanto da obra quanto do testemunho cultural. Para viabilizar o restauro e a
conservação de um monumento deve-se atribuir-lhe utilização e função social,
sem entretanto descaracterizar a simbologia histórica.

Para se efetuar a intervenção no património há a necessidade de se definir o


grau de intervenção arquitectónica que será aplicado no decorrer de todo processo.
“A harmonia entre o antigo e o novo pode passar por vários níveis (Brolin, 1984. apud
Neto, 1992, p. 267)19”. São então generalizados três graus de intervenção para o
processo de restauro:

Radical – quando os novos elementos intencionalmente contrastam com o existente,


pelas intenções projectuais ou tratamento a nível de material, cor, textura, etc. Há um
choque em termos formais paralelo ao de termos funcionais.

Equilibrado – quando se procura associar harmonicamente os acréscimos ou


modificações ao que já existe, o que pode ser feito através da repetição de tipos,
unificação de motivos e tratamento cromático, mas de maneira dissimulada, isto é,
promovendo algum tipo de “falsificação” da obra.

Sutil – quando há um respeito completo ao que existe previamente, tanto nos novos
componentes sugeridos como nos novos usos previstos. Muitas vezes, é bastante
difícil identificar o que foi reformulado (Neto, 1992, p. 267).

A acção de resgate a ser executada no edifício Nova York, objecto de estudo


focal desta monografia, visa enfatizar a restauração do memorial histórico da cidade
do Huambo, trazendo à tona o impacto social que o mesmo tinha sobre a população
local. Propõe-se, portanto, efectuar a intervenção estrutural mantendo intacta a
componente estético – formal, e propondo uma nova funcionalização do espaço,
estando enquadrada no grau de intervenção equilibrado. Deste modo, haverá garantia
certa de que o resgate e revitalização do objecto de estudo seja focada na

19
BROLIN, B.C. La arquitectura de integracion – Armonización entre edifícios antiquos y modernos. Barcelona:
CEAC, 1984

44
preservação da imagem citadina, realçando o potencial arquitectónico que caracteriza
os elementos envolventes, assim como o resto da cidade.

4.1.1. Intervenção dirigida – soluções às patologias

O procedimento da identificação das patologias do edifício permite executar


um plano específico e dirigido para o combate das mesmas, tendo um único foco de
intervenção que se levará a cabo para todo processo de restauro do património.
Assim, são aqui apresentadas as técnicas específicas para o combate das patologias
encontradas no objecto de estudo:

O edifício apresenta-se construído na sua totalidade com alvenaria de tijolo,


revestidas com argamassa de areia e cimento. Actualmente verificam-se nestas
alvenarias a predominância de patologias como fendas, desabamento, desgaste,
erosão, pátinas e ainda a proliferação de elementos biológicos como os musgos. Cada
uma destas patologias deverá ter um tratamento específico e dirigido para combatê-
las adequadamente. Assim, explanam-se:

Fendas / fissuras – para esta patologia propõe-se a técnica do refechamento


das juntas, considerada uma das técnicas mais simples e adequada para o
restabelecimento da integridade, melhoria da resistência mecânica e melhoria da
protecção das faces das paredes. Esta técnica consiste na remoção parcial da
argamassa deteriorada numa profundidade de 5 a 7 cm, lavagem da junta, avivada
com água sob baixa pressão e substituição do material removido com argamassa de
cal e areia pouco espessa (Roseiro, 2012, p. 63).

O novo material deverá ser uma argamassa previamente testada para que
seja compatível com as unidades de alvenaria (...) obtendo-se uma que seja tão
proximamente quanto possível com a argamassa histórica, de modo que os dois
materiais possam coexistir (Mack & Speweik, p. 5).

Desabamento – em alguns locais do edifício foram identificadas zonas com


perda significativa dos materiais da alvenaria. Para estes casos, propõe-se a remoção
do material deteriorado no local, para se efetuar a reposição da alvenaria perdida
utilizando tijolos cerâmicos com qualidade compatível ao existente e argamassas
fluídas de cal ou cimento previamente testadas. A intervenção deve manter a estrutura
tipológica que o edifício apresenta.

45
Desgaste, descasque e erosão – para estas patologias, verificadas um
pouco por todo revestimento do edifício, propõe-se a remoção do revestimento
comprometido até a alvenaria, para posteriormente aplicar-se a nova camada de
argamassa de areia e cal hidratada com traço testado para a compatibilidade dos
materiais.

Pátinas e musgos – para o combate destas patologias nas alvenarias


propõe-se um método químico de limpeza, que consiste na aplicação de biocidas
solúveis em água nas áreas afetadas, e para os organismos de dimensões maiores a
sua remoção deverá ser feita previamente com escovas macias, e nunca com
ferramentas metálicas (escovas de arame) dada a sua agressividade (Flores, p. 23)

Corrosão metálica – o edifício apresenta vestígios da estrutura metálica que


sustentava a sua cobertura, porém, estes metais encontram-se fortemente danificados
e com um elevado grau de deformação, não podendo ser reparados. Por conseguinte,
propõe-se a remoção total dos vestígios de tais estruturas metálicas e a
implementação de uma nova cobertura.

Feitas as intervenções às patologias, voltam-se agora as atenções a outros


elementos que necessitam de iguais cuidados, relativamente à recuperação geral do
edifício.

- Para aos locais que apresentam desabamento da alvenaria, a mesma deverá ser
substituída por outra de tijolo cerâmico com a mesma espessura do existente; e de
igual modo para a execução dos novos compartimentos.
- A aplicação do novo revestimento deverá ser feita com uma argamassa de mistura
de areia e cal hidratada previamente testada. Para as áreas húmidas, como a nova
cozinha e as instalações sanitárias, serão aplicados azulejos de 30/30cm à uma altura
de 2,20m.
- As zonas úmidas do edifício serão auxiliadas com exautores.
- O pavimento do edifício será em peças de mosaico cerâmico de 50/50cm.
- Manter-se-ão os vãos existentes, aplicando janelas de vidro com caixilharia de
alumínio, e portas metálicas exteriores e de madeira para o interior.
- A pintura, interna e externa, deverá ser feita de acordo com o uso de cada espaço,
seguindo a coloração proposta no projecto.

46
- Vê-se necessária a implementação de novas redes técnicas – eléctrica e hidráulica,
com directa conexão às redes públicas e com um sistema de distribuição
independente, uma vez que o edifício não apresenta vestígios das mesmas.
- Propõe-se uma nova cobertura moldada em betão armado, com espessura mínima
de 14cm para se evitar enormes esforços à estrutura do edifício.

4.2. O edifício e as novas funções

Na sua criação, eram realizadas no edifício maioritariamente actividades


comerciais, sendo que, os produtos outrora nele comercializados eram de confecção
local, ou seja, fabricados na cidade do Huambo. Uma vez que tal já não sucede, surge
a necessidade de se propor novos usos ao edifício a resgatar.

Os elementos da proposta aqui


apresentada, serão sustentados pelo
conceito de “Harmonia histórica” pois
que a intervenção proposta visa restaurar
a imagem do edifício exaltando a sua
componente histórica, colocando-o em
perfeita concórdia e conciliação com o seu
original aspecto estético arquitectónico. O
equilíbrio harmônico será assim verificado
Figura 32 - Yin-Yang representando a
nos parâmetros de maior incidência social. harmonia e o equilíbrio
Fonte: Pesquisa da Web aos 05-09-2017

A vasta dimensão planimétrica e altimétrica do edifício permite implementar


uma multifuncionalidade. Assim, será dada certa atenção ao memorial do espaço
mantendo a comercialização de materiais desportivos, e para os novos usos serão
propostos a implementação de espaço de soluções informáticas, referentes ao
comércio e manutenção de materiais da área (isto no piso térreo e no entrepiso).
Propõe-se ainda a implementação de serviços de restaurante e cafeteria (ocupando a
vasta e privilegiada área do 1º andar) (das figuras 33 à 53).

Os espaços serão projectados levando em consideração a eliminação de


barreiras arquitectónicas nos acessos (rampas), na circulação vertical (elevadores) e
nos espaços sanitários (barras de apoio).

47
O estudo da inserção dos novos espaços foi feito de acordo com o seguinte
programa arquitectónico ilustrativo:

PROGRAMA ARQUITECTÓNICO
PLANO DE NECESSIDADES
RÉS – DO – CHÃO
LOCAIS ÁREA m2 LOCAIS ÁREA m2
Material desportivo 2
150m Área interativa 98,2m2
Armazém 158,8m2 Material de escritório 161,5m2
Assistência técnica 125,3m2 Registo e catalogação 45,2m2
MEZANINO
Exposição de acessórios 52,3m2 Computadores 89,9m2
Telefones 46,2m2 Área administrativa 91,3m2
Plotters e vídeo 185,2m2 Instalações sanitárias 22,7m2
1º ANDAR
CAFETERIA RESTAURANTE
Área de mesas 2
166m Área de mesas 406m2
Balcão 9,1m2 Fumantes 43,3m2
Cozinha 12,9m2 Balcão 32,3m2
Instalações sanitárias masc. 8,3m2 Cozinha 41,8m2
Instalações sanitárias fem. 8,3m2 Inst. sanitárias masc. pública 21m2
Inst. sanitárias fem. pública 21m2
Inst. sanit. masc. empregados 24,6m2
Inst. sanit. fem. empregados 24,6m2
Utensílios de limpeza 7,5m2
Armazém / adega 41,6m2

COS – Coeficiente de Ocupação do Solo 862,5m2


CUS – Coeficiente de Utilização do Solo 2.528,1m2
Tabela 3 - Programa arquitectónico, plano de necessidades
Fonte: Elaboração própria

48
4.2.1. Planimetria

Escala gráfica
Escala gráfica

LEGENDA – RÉS DO CHÃO


LEGENDA – RÉS DO CHÃO
ACESSOS AO EDIFÍCIO
ACESSOS AO EDIFÍCIO
CIRCULAÇÃO VERTICAL ÁREA INTERATIVA
CIRCULAÇÃO VERTICAL ÁREA INTERATIVA
MATERIAL DESPORTIVO MATERIAL DE ESCRITÓRIO
MATERIAL DESPORTIVO MATERIAL DE ESCRITÓRIO
ARMAZÉM REGISTO E CATALOGAÇÃO
ARMAZÉM REGISTO E CATALOGAÇÃO
ASSISTÊNCIA TÉCNICA
ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Figura 35 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, rés-do-chão – Proposta das novas funções
Fonte: Elaboração própria

Figura 33 – Comércio de Material desportivo Figura 34 - Assistência técnica


Fonte: Pesquisa da Web aos 06-09-2017 Fonte: Pesquisa da Web aos 06-09-2017

49
Figura 38 - Comércio de material de escritório Figura 37 - Área interativa
Fonte: Pesquisa da Web aos 06-09-2017 Fonte: Pesquisa da Web aos 06-09-2017

Escala gráfica
LEGENDA

ENTREPISO / MEZANINO

CIRCULAÇÃO VERTICAL INSTALAÇÕES SANITÁRIAS

EXPOSIÇÃO DE ACESSÓRIOS ÁREA ADMINISTRATIVA

VENDA DE TELEFONES PLOTTERS E VÍDEO

COMPUTADORES

Figura 36 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, mezanino – Proposta das novas funções
Fonte: Elaboração própria

50
Figura 40 - Comércio de Telefones Figura 39 - Comércio de computadores
Fonte: Pesquisa da Web aos 06-09-2017 Fonte: Pesquisa da Web aos 06-09-2017

Figura 41 - Área administrativa


Fonte: Pesquisa da Web aos 06-09-2017

Figura 42 - Comércio plotters e vídeo


Fonte: Pesquisa da Web aos 06-09-2017

51
Escala gráfica

LEGENDA - 1º ANDAR

CIRCULAÇÃO VERTICAL RESTAURANTE – BALCÃO

CAFETERIA – ÁREA DE MESAS RESTAURANTE – COZINHA

CAFETERIA – BALCÃO ARMAZÉM / ADEGA

CAFETERIA – COZINHA CIRC. VERTICAL DE SERVIÇO

INST. SANITÁRIAS PÚBLICAS INST. SANIT. EMPREGADOS

RESTAURANTE – Á. MESAS UTENSÍLIOS DE LIMPEZA

REST. – ÁREA DE FUMANTES

Figura 43 - Edifício Nova York, planta arquitectônica, 1º andar – Proposta das novas funções
Fonte: Elaboração própria

4.2.2. Volumetrias

Figura 44 - Edifício Nova York, perspectiva frontal – lado oeste


Fonte: Elaboração própria

52
Figura 45 - Edifício Nova York, perspectiva posterior – lado sul
Fonte: Elaboração própria

Figura 46 - Edifício Nova York, perspectiva posterior – lado este


Fonte: Elaboração própria

53
Figura 48 - Edifício Nova York, perspectiva frontal superior – lado oeste
Fonte: Elaboração própria

Figura 47 - Edifício Nova York, perspectiva interior – área dos materiais desportivos, rés do chão +
mezanino
Fonte: Elaboração própria

54
Figura 49 - Edifício Nova York, perspectiva interior – cafeteria, 1º andar
Fonte: Elaboração própria

Figura 50 - Edifício Nova York, perspectiva interior – instalação sanitária, 1º andar


Fonte: Elaboração própria

55
Figura 52 - Edifício Nova York, perspectiva interior – restaurante, balcão 1º andar
Fonte: Elaboração própria

Figura 51 - Edifício Nova York, perspectiva interior – restaurante, 1º andar


Fonte: Elaboração própria

56
Figura 54 - Edifício Nova York, perspectiva interior – restaurante, bar 1º andar
Fonte: Elaboração própria

Figura 53 - Edifício Nova York, perspectiva interior – restaurante, cozinha, 1º andar


Fonte: Elaboração própria

57
4.3. Proposta inicial de orçamento para o restauro do edifício
O procedimento de restauro de qualquer obra de arte, bem imóvel ou
elemento arquitectónico edificado acarreta consigo custos financeiros para a sua
concretização. Pelo estudo de mercado realizado, tem-se como fonte de apoio para a
apresentação de aproximadamente 25% dos custos orçamentais, os dados da
empresa de consultoria Ukuatchicundo (UK). Estes dados são susceptíveis a
mudança devido às constantes alterações dos preços dos materiais de construção no
mercado nacional (tabela 4).

Nº DESCRIÇÃO U/M QTD V. UNIT. V. PARCIAIS


1 IMPLANTAÇÃO
Trabalhos preliminares,
1.1 construção de estaleiro e 1 850.000,00 850.000,00
VG
vedação do edifício
1.2 Reclame de execução da obra VG 1 50.000,00 50.000,00
SUB TOTAL 900.000,00
2 LIMPEZA DO CANTEIRO DE OBRA
Desmatação geral do edifício,
2.1 remoção das raízes e respectivo m2 1.090,5 500,00 1.590,5
transporte
Aluguer de máquinas para a
2.3 VG 6 35.020,00 210.120,00
remoção de vestígios metálicos
SUB TOTAL 211.710.5
3 EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS EM CONCRETO ARMADO
Fornecimento e aplicação de
betão de classe C – 20/25 em
3.1 enchimento de pilares, incluindo m3 15,04 75.000,00 1.128.000,00
cofragem, escoramento e
descoragem
Fornecimento e aplicação de
betão de classe C – 20/25 em
3.2 enchimento de dintéis, incluindo m3 14,00 75.000,00 1.050.000,00
cofragem, escoramento e
descofragem
Fornecimento e aplicação de
betão de classe C – 20/25 em
3.3 enchimento de vigas de m3 32,60 75.000.00 2.445.000,00
travamento, incluindo cofragem,
escoramento e descofragem
Aplicação de betonilha de
3.4 m3 46,00 30.000,00 1.380.000,00
pavimento
SUB TOTAL 6.003.000,00
4 ALVENARIAS
Preenchimento e reposição da
4.1 alvenaria desabada; e m2 232,1 4.500,00 1.044.450,00
construção de novas paredes

58
para os novos espaços
propostos, com tijolo cerâmico
de 15cm de espessura,
assentes em argamassa de
traço 1:4, incluindo todos os
trabalhos e acessórios
necessários para a sua correcta
execução
Emboco e reboco em paredes,
tetos, vigas e pilares apertado a
talocha, incluindo os trabalhos e
4.2 m2 4.965,2 2.500,00 12.413.000,00
acessórios necessários para a
sua perfeita fixação e
funcionamento
SUB TOTAL 13.457.450,00
5 REVESTIMENTOS DE PAVIMENTOS
Fornecimento e assentamento
de revestimento cerâmico do
chão com o formato 40x40cm
de gama “Aquarela”, com cor a
definir pela coordenação
técnica da obra, com cola
5.1 m2 2.311,8 5.500,00 12.714.900,00
cimentosa normal e enchimento
das juntas com leitada de
cimento e areia, incluindo todos
os trabalhos e acessórios
necessários para a sua perfeita
execução
SUB TOTAL 12.714.900,00
6 REVESTIMENTOS DE PAREDES
Fornecimento e assentamento
de revestimento cerâmico para
as áreas húmidas até 2,20m de
altura com o formato 30x30cm,
com cor a definir pela
6.1
coordenação técnica da obra,
em paramentos interiores com
cola cimentosa normal e
enchimento das juntas com
leitada de cimento e areia
Fornecimento e assentamento
de rodapé de 0,10m, em m2 592,7 5.000,00 2.486.000,00
paramentos interiores, incluindo
6.2
todos os trabalhos e acessórios
necessários para a sua perfeita
execução
SUB TOTAL 2.486.000,00
7 SERRALHARIAS
Fornecimento e montagem de caixilharias de alumínio, anodizado com pré-aro
acessórios, ferragens de pendurar e de abertura, juntas de envidraçado, isolamento
7.1 perimetral das juntas por meio de um cordão de silicone neutro e ajuste final em obra.
Inclui envidraçado com vidro incolor, de 4mm de espessura, apresentando as
seguintes dimensões:

59
Janelas – 1,45 x 2,50 32 38.000,00 1.216.000,00
Janelas – 1,60 x 2,50 28 47.000,00 1.316.000,00
Janelas – 2,20 x 2,00 VG 10 73.200,00 732.000,00
Janelas – 2,75 x 0,55 34 25.000,00 850.000,00
Portas – 1,70 x 2,00 3 45.000,00 135.000,00
Portas – 2,00 x 2,30 5 42.000,00 210.000,00
Portas – 0,80 x 2,20 9 40.000,00 360.000,00
SUB TOTAL 4.819.000,00
8 TETO FALSO
Fornecimento e aplicação de
8.1 Teto Falso industrial, bem como m2 1.015,03 7.000,00 7.105.210,00
as respectivas peças de suporte
SUB TOTAL 7.105.210,00
9 PINTURA
Fornecimento e aplicação de
9.1 tinta plástica em paredes a 3 de m2 2.333,87 1.800,00 4.200.966,00
mão
SUB TOTAL 4.200.966,00
10 ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Construção da rede predial de
abastecimento de água em
tubagem giberit, incluindo
abertura e refechamento de
roços, fornecimento e
10.1 montagem de depósito/s de VG 1,00 750.000,00 750.000,00
água, sistema mecânico de
bombeamento, ligação a rede
pública ou poço, incluindo todos
os trabalhos necessários para a
sua perfeita execução
SUB TOTAL 750.000,00
11 DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS
Execução integral do projecto
da rede predial de drenagem de
esgotos, em tubagem de PVC,
incluindo construção de fossa
11.1 séptica e poços rotos, abertura VG 1,00 900.000,00 900.000,00
e refechamento de roços,
construção de caixas de
intercepção e ligação a fossa
séptica
SUB TOTAL 900.000,00
12 LOUÇAS E ACESSÓRIOS SANITÁRIOS
Fornecimento e montagem de louça sanitária de “Sanindusa" ou equivalente,
incluindo todos os trabalhos e acessórios necessários para a sua perfeita execução
e funcionamento
Sanitas da série Aveiro, prontas
12.1 VU 20,00 35.000,00 700.000,00
a funcionar
Urinário de pendurar da série
12.2 VU 6,00 15.000,00 90.000,00
Aveiro, pronto a funcionar

60
Lavatórios de encastrar modelo
12.3 VU 18,00 25.000,00 450.000,00
Douro
Lava loiça de duas cubas
12.4 VU 5,00 35.000,00 175.000,00
incluindo acessórios
SUB TOTAL 1.415.000,00
13 ELECTRICIDADE
Execução da rede eléctrica do
edifício, incluindo quadro
13.1 VG 1,00 1.500.000,00 1.500.000,00
eléctrico, interruptores, tomadas
e iluminação

Fornecimento e instalação do
13.2 VG 1,00 500.000,00 500.000,00
gerador
SUB TOTAL 2.000.000,00
14 IMPREVISTOS
Imprevistos compreendem
custo de material, mão de obra,
transporte, aluguer, energia, % 10,00 _ 5.696.323,6
combustíveis, gastos de
escritórios e custo de obra
TOTAL GERAL 62.659.559,6
Sessenta e dois milhões, seiscentos e cinquenta e nove mil, quinhentos e
Por extenso:
cinquenta e nove kwanzas e seis cêntimos
Tabela 4 - Proposta de orçamento em 25% para o restauro do edifício Nova York
Fonte: Elaboração própria

A proposta inicial de orçamento acima apresentada está sujeita a alterações


até a data de implementação dos trabalhos de intervenção no edifício, pois que no
mercado nacional tem-se verificado constantes alterações dos preços dos materiais
de construção necessários para os trabalhos de restauro. Assim, os valores
apresentados poderão vir a ter ligeiras modificações no momento da elaboração do
orçamento final.

4.4. Planos de utilização e manutenção


O ponto focal por detrás de uma intervenção de restauro e resgate de um
monumento arquitectónico é garantir a continuidade da sua vitalidade por um longo
período de tempo. Para tal, é necessário, após as operações de restauro, efectuar no
edifício operações rotineiras de manutenção, para se evitar a proliferação de novas
patologias degenerativas no elemento edificado.

As acções de manutenção têm o objectivo de manter a qualidade inicial do


edifício de forma a fazer aos agentes de degradação. De acordo com a norma
portuguesa NP EM 13306 de 2017, a manutenção define-se como a
combinação de todas as técnicas, administrativas e de gestão, durante o ciclo

61
de vida de um bem, destinadas a mantê-lo ou repô-lo num estado em que ele
pode desempenhar a função requerida. (Pereira, 2013, p. 7)
A realização de actividades periódicas de manutenção garantem como
resultado imediato o prolongamento da vida útil do edifício, mantendo permanente a
sua longevidade. Para o edifício em estudo, são aqui apresentados alguns elementos
guias para a sua manutenção (Pinto, n.d.):

Fundações

- Devem ser feitas inspeções visuais periódicas para se verificar o surgimento de


quaisquer danos, como fissuras, e comunicar tal facto à um técnico competente.

- Não podem ser realizadas escavações, junto às fundações, que possam alterar a
sua resistência, solidez ou estabilidade parcial ou geral.

Estruturas – escadas
- As inspeções deverão focar-se no surgimento de erosões, descasques e/ou a
presença constante de humidade que pode ocasionar a corrosão da estrutura metálica
interna.

- Não poderão ser ultrapassados os limites de sobrecargas que a estrutura suporta.


Paredes
- Deverão ser feitas inspeções constantes procurando possíveis danos causados
pelas solicitações de cargas.

- Devem ser verificados o aparecimento de pátinas ou o desgaste pela humidade.


- Para o caso acréscimo ou substituição da alvenaria, tal material deverá ser
previamente testado para se evitar agressões ao edifício.

Fachadas
- Não poderão ser realizadas sem acompanhamento técnico aberturas nem roços
em fachadas, que diminuam sensivelmente a secção da fachada.

- Não se poderá modificar a configuração exterior dos espaços, mantendo a


composição geral das fachadas e os critérios de desenho.

- Deverão ser alertadas as possíveis infiltrações provenientes das redes de


abastecimento ou de drenagem de água.

62
- Caso se verifique o aparecimento ou desenvolvimento de fissuras, desaprumos ou
outras deformações, não se poderá efetuar qualquer intervenção sem o devido
acompanhamento técnico.

Caixilharias de alumínio
- Limpeza da sujidade devida à contaminação a ao pó com água e um detergente não
alcalino, aplicando-o com um pano suave ou uma esponja que não risque.

- Lubrificação das ferragens e verificação do correcto funcionamento dos mecanismos


de fecho e manobra.

- Inspeção visual para detectar perda de estanqueidade dos perfis, roturas, falhas na
fixação do envidraçado e deterioração ou desprendimento da pintura.

- Revisão do elemento isolante e dos vedantes.


Vidros
- Evitar a proximidade de fontes de calor elevado.
- Evitar o despejo, sobre o vidro, de produtos cáusticos capazes de atacar o vidro.
- Limpar periodicamente com água e produtos não abrasivos nem alcalinos.
Madeira
- Evitar as humidades, pois produzem alterações no volume, forma e aspecto da
madeira, caso fiquem humedecidas, secar-se imediatamente.

- Para o caso das portas de madeira, deverão estar sempre protegidas por algum tipo
de pintura ou envernizamento.

- Para a eliminação do pó depositado deverão utilizar-se procedimentos simples e


elementos auxiliares adequados ao objecto a limpar.

Portas metálicas
- Evitar a utilização de abrasivos, solventes, acetona, álcool e outros produtos
susceptíveis de atacar a caixilharia.

- Em casos de rotura ou perda de estanqueidade dos perfis, deverão pintar-se quando


necessário.

- Para as limpezas diárias da sujidade e resíduos de poluição deverá utilizar-se pano


húmido ou adicionar-se à solução de água e amoníaco.

63
Elevadores
- As cabines não deverão ser utilizadas por um número de pessoas superior ao
indicado na placa de carga do elevador.

- Deverá ser feita uma frequente inspeção e limpeza do fosso do elevador,


manutenção nos cabos de tração e suas amarrações, lubrificação dos mecanismos
de abertura e fecho das suas portas.

Cobertura
- Inspecionar-se-á após um período de fortes chuvas ou ventos, o aparecimento de
humidades no interior do edifício, como resultado da obstrução dos sistemas de
evacuação de água.

- A reparação/manutenção das impermeabilizações deverá ser feita sem a utilização


de materiais que possam produzir corrosões.

- Deverá ser feita frequentemente a eliminação de qualquer tipo de vegetação e dos


materiais acumulados pelo vento, bem como recolha periódica dos sedimentos que
se possam formar na cobertura por retenções ocasionais de água.

Revestimentos
- Em pavimentos, serão verificadas possíveis existências de infiltrações através de
fissuras, fendas, desprendimentos e manchas.

- Em paredes, deverá se evitar o derrame sobre o revestimento de produtos químicos,


solventes ou outros elementos que possam afetar as propriedades da pintura.

- A limpeza deverá ser feita com esponjas ou trapos humedecidos com água e
produtos não alcalinos.

Conclusões parciais
Os critérios de intervenções apresentados para o resgate do edifício Nova
York permitiram apresentar planos de propostas para uma nova funcionalidade do
mesmo, levada a cabo a partir de um diagnóstico de necessidades e carência dos
serviços propostos na área de estudo. Viu-se necessária a apresentação de um plano
catalogado de utilização e manutenção do edifício após o devido restauro/resgate,
como forma de garantir a sua longevidade estrutural e funcional.

64
Conclusões gerais
O prévio estudo bibliográfico referente ao restauro de edifícios antigos, desde
os critérios primórdios aos modernos que sustentem a prática das intervenções,
permitiu fazer a coleta de dados necessários para se apresentar as propostas dos
critérios ideais de intervenção para o edifício Nova York na cidade do Huambo. Tal
proposta vê-se aplicável de acordo com o estudo do diagnóstico do actual estado de
conservação do edifício, para se poder ter uma intervenção dirigida e culminar com
resgate do património arquitectónico edificado.

As propostas das novas funções surgem para minimizar a escassez de tais


serviços naquela zona da cidade, caracterizada pelo grande fluxo populacional e
comercial. O resgate do edifício poderá proporcionar uma grande ilustração daquilo
que é a imagem histórica da cidade do Huambo, principalmente no contexto estético
– formal, e servirá de base metodológica para intervenções semelhantes.

65
Recomendações
O edifício Nova York não é a única testemunha ilustrativa da componente
histórica da cidade do Huambo. Para tal, recomenda-se que se deia continuidade aos
estudos académicos e administrativos afectos aos demais elementos arquitectónicos
degradados ao longo da cidade, para se ter tais elementos como património cultural
citadino edificado. Com a implementação dos critérios aqui apresentados e de outros
que possam advir de novas pesquisas, será possível catalogar tais elementos
edificados em monumentos arquitectónicos e salvaguardar a imagem da cidade.

Paralelo à isto, levando-se a cabo os planos de manutenção periódicas será


dada aos edifícios a longevidade de suas funções usuais, sejam similares às
originalmente implementadas, ou propostas de novos usos.

66
67
Referências

Araújo, A. B. (2003). Fundamentação teórica do Restauro.

Braga, M. (2003). Conservação e restauro. Em M. B. al., Unid. 1 - História e evolução


conceitual do restauro aruitetônico (Vol. III, pp. 2-12). Brasil: Universidade
Estácio de Sá.

Carta do Restauo. (1972). IPHAN.

Casese, V. (18 de Setembro de 2017). O histórico do edifício Nova York. (M. Geraldo,
Entrevistador)

Flores, I. (s.d.). Técnicas de reabilitação de alvenarias de pedra e tijolo. POSI.

Lima, S. M. (2015). Intervenções de Conservação e Restauro do Património Edificado


- O forte da Ínsua. 125 p. Dissertação (Mestrado em Arquitectura e Urbanismo)
- Universidade Fernando Pessoa, Porto.

Luso, E., Lourenço, P. B., & Almeida, M. (2004). Breve história da teoria da
conservação e do restauro. Engenharia Civil UM(20), 31-44.

Mack, R. C., & Speweik, J. P. (s.d.). Refechamento de juntas de argamassa em


edifícios históricos de alvenaria.

Neto, A. M. (dez de 1992). A intervenção arquitetônica em obras existentes. Semina:


Ciências Exatas e Tecnológicas, 13(4), 265-268.

Oliveira, R. P. (2007). Conservação, restauração e intervenção em arquiteturas


patrimoniais. Porto Alegre.

Pereira, A. R. (2013). Operações de Reabilitação de Edifícios Antigos. 232 p.


Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade do Porto, Porto.

Pinto, J. (n.d.). Manual de Utilização e Manutenção.

Roseiro, J. R. (2012). Causas, anomalias e soluções de reabilitação estrutural de


edifícios antigos (Dissertação de mestrado em Engenharia Civil - Perfil de
Construção). Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Tavares, A., Costa, A., & Varum, H. (2011). Manual de Reabilitação e Manutenção de
Edifícios. Aveiro: [s.n.].
Pesquisas da Internet
_ Teóricos da restauração, disponível em http://professor.pucgoias.edu.br/ (s.d.)
(acesso 11-Agosto-2017)

_ Catedral de Notre-Dâme de Paris, disponível em


https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Catedral_de_Notre-Dame_de_Paris (acesso em 13-
Agosto-2017)

_ Catedral de Notre-Dâme de Paris, disponível em


https://hvinteum.wordpress.com/tag/notre-dame-de-paris/ postado em 2013 (acesso
10-Agosto-2017)

_ Castelo de Pierrefonds, disponível em


https://www.google.co.ao/amp/s/fiorerouge.wordpress.com/2012/06/24/pierrefonds/a
mp/ postado em 2012 (acesso 15-08-2017)

_ Lúcia, C.(2013). Arles: entre o clássico romano e o medieval. Retirado de


http://oquevidomundi.com/arles-entre-o-classico-romano-e-o-medieval/ (acesso 08-
Agosto-2017)

_ Anfiteatro de Arles, disponível em http://belaarteconceito.com.br/arco-de-


constantino/ (acesso 08-08-2017)

_ Mosteiro de Alcobaça, disponível em http://www.ruralea.com/mosteiro-de-alcobaca/


Postado em 17-Agosto-2015 (acesso 10-Agosto-2017)

_ Mosteiro de Alcobaça, disponível em


https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Mosteiro_de_Alcobaca%C3%A7a (acesso 10-Agosto-
2017)

_ Museu Nacional de Arqueologia, disponível em


http://destinobenguela.com/turismo/locais-interesse/historicos/museu-nacional-
arqueologia.html (s.d.) (acesso 10-Setembro-2017)

_ Museu Nacional de Arqueologia, disponível em


http://mobile.twitter.com/gonanaimo/status/623118815849623552 (acesso 10-09-
2017)

_ Fortaleza de São Miguel, disponível em


https://pt.m.wikipwdia.org/wikiFortaleza_de_S%C3%A3o_Miguel_de_Luanda
(acesso 10-09-2017)

_ Fortaleza de São Miguel, disponível em https://lassocairo.com/tag/fortaleza-de-sao-


miguel (acesso 10-09-2017)

_ Carta de Atenas, disponível em http://patrimoniocartasdeatenas.blogspot.com/?m=1


(acesso 19-Agosto-2017
Anexo A – Entrevista à Venceslau Casese – historiador local

Com o intuito de obter o conhecimento histórico das principais circunstâncias


de criação, uso e abandono do edifício Nova York na cidade do Huambo, foi realizada
uma entrevista a um dos historiadores da cidade, tais questões são a seguir
apresentadas:

1. Quais foram as circunstâncias que levaram à criação/construção do


complexo de edifícios do qual faz parte o Nova York?
2. Qual era a origem dos produtos comercializados no edifício Nova York?
3. Qual era a relação estrutural entre a loja e a oficina/fábrica dos produtos
lá comercializados?
4. Existia alguma relação funcional entre o edifício Nova York e os demais
edifícios que o ladeiam?
5. Quais foram os principais motivos que levaram a destruição de toda linha
de edifícios?
6. Qual era o impacto atrativo que estes edifícios tinham sobre a população
local e os turistas?
7. Quem foram os primeiros proprietários destas instituições comerciais?
8. Qual era a mão de obra responsável pela confecção dos produtos lá
comercializados?
Anexo B – entrevista à Joaquim Quindovala – antigo funcionário do Nova York

Esta entrevista teve como objectivo conhecer as funcionalidades espaciais do


edifício Nova York, e para tal, nada melhor do que ob

1. Como era o funcionamento interno do edifício Nova York?


2. Qual era a aderência populacional aos serviços prestados pelo
estabelecimento comercial?
3. Como era constituída a divisão administrativa do Nova York?
4. Qual era a relação funcional entre o edifício Nova York e o Ruacaná?
5. Como era feita a aquisição dos produtos não fabricados no Huambo, dos
produtos importados?
6. O edifício era um dos elementos responsáveis pela mobilidade
populacional da época?
7. Que impacto teve sobre os citadinos e trabalhadores, a destruição e
abandono do edifício Nova York e de toda linha ladeante?

Você também pode gostar