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Reações fotoquímicas

Física e Química 10.º ano


Química
Reações fotoquímicas

As transformações químicas desencadeadas pela luz (visível ou invisível)


são chamadas reações fotoquímicas.
As mais importantes reações fotoquímicas
são, talvez, as que tem lugar na
fotossíntese, um processo complexo
globalmente representado por:
6 CO2 (g) + 6 H2O (ℓ) → C6H12O6 (aq) + 6 O2 (g)

A fotossíntese é responsável pela quase totalidade


do O2 presente na atmosfera terrestre. 1 A fonte de energia ocorre por
fotossíntese
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Reações fotoquímicas
Características da atmosfera terrestre como, por exemplo, a temperatura, e
fenómenos como as auroras boreais, estão relacionados com a interação da
radiação com a matéria.

2 Auroras boreais

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Reações fotoquímicas

As excitações, dissociações e ionizações de moléculas ou de átomos são


processos que resultam da absorção de luz e explicam a atuação da
atmosfera como filtro de radiações.

As moléculas de N2 e O2 na atmosfera sofrem dissociação por absorção de


radiação ultravioleta de alta energia:

N2 (g) → N (g) + N (g) ΔH = 945 kJ mol−1

O2 (g) → O (g) + O (g) ΔH = 498 kJ mol−1

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Reações fotoquímicas

N2 (g) → N (g) + N (g) ΔH = 945 kJ mol−1

O2 (g) → O (g) + O (g) ΔH = 498 kJ mol−1

A dissociação é um processo endoenergético, isto é, requer absorção de


energia.

Por ser provocada pela luz chama-se fotodissociação.

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Reações fotoquímicas

Nas camadas superiores da atmosfera existem eletrões.

Esses eletrões resultam da fotoionização de moléculas e de átomos por


absorção de radiação de energia superior à envolvida na dissociação
como, por exemplo:

N2 (g) → N2+ (g) + e− ΔH = 1495 kJ mol−1

O (g) → O+ (g) + e− ΔH = 1313 kJ mol−1

O2 (g) → O2+ (g) + e− ΔH = 1205 kJ mol−1

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Radicais

Átomos, moléculas ou iões com eletrões desemparelhados chamam-se radicais, também


conhecidos por radicais livres.

São exemplos todas as entidades químicas com um numero impar de eletrões, como o
cloro, Cℓ, o hidroxilo, HO, o cloreto de oxigénio, OCℓ, o dinitrogénio(1+), N2+, e outros.

Há radicais com um número par de eletrões como, por exemplo, o oxigénio, O; o dioxigénio,
O2, e o dinitrogénio (2+), N22+.

Por terem eletrões desemparelhados, os radicais são muito reativos.

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Radicais

Analisando a configuração eletrónica é possível verificar se há eletrões


desemparelhados pela existência de orbitais semipreenchidas.

Oxigénio, O Oxigénio(1+), O+

1s2 2s2 2px2 2py1 2pz1 1s2 2s2 2px1 2py1 2pz1

dois eletrões desemparelhados, 2•: três eletrões desemparelhados, 3•,


radical O2• e carga +1: radical O(3•)+

Na escrita simbólica, se pretendemos indicar tratar-se de um radical usamos o sinal •.

Se o número de eletrões desemparelhados for superior a 1, escrevemos a sua esquerda o


algarismo correspondente.

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Ozono estratosférico

O ozono, O3, está misturado com outros gases atmosféricos, formando uma camada de
importância vital para o nosso planeta, pois atua como filtro de radiação ultravioleta.

Esta camada, situada na estratosfera,


concentra-se em torno dos 30 km acima do
nível do mar e é conhecida como camada
de ozono.
Se o único gás fosse O3, e com uma
distribuição uniforme, a espessura da
camada de ozono, nas condições PTN,
3 Camada de ozono
seria apenas cerca de 3 mm!
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Ozono estratosférico

A formação de ozono na estratosfera resulta de uma reação fotoquímica, por ação de


radicais O •.

A ligação na molécula de dioxigénio e relativamente forte, sendo 498 kJ/mol a energia de


ligação.

Só a luz ultravioleta de maior energia, UV-C, que chega a estratosfera consegue


dissociar as moléculas de dioxigénio, O2:

O2 → O + O

Os radicais O • originados neste processo estão na base da formação do ozono:

O + O2 → O3

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Ozono troposférico

1ª etapa

2ª etapa

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Ozono estratosférico

A molécula de ozono, com energia de ligação 373 kJ/mol, também se dissocia por ação de luz
ultravioleta, sendo neste caso necessária radiação de menor energia, UV-B.

Ocorre a reação química de decomposição do ozono, que é inversa da


anterior:
O3 → O + O2

A quebra de ligações em O2 e O3 é possível devido à absorção de UV-C e UV-B, o que


impede que essas radiações atinjam a superfície da Terra.

A camada de ozono é filtro gasoso que deixa passar radiação solar visível e
infravermelha, por exemplo, mas que absorve radiação UV-C e UV-B.

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Ozono estratosférico

O problema da diminuição da concentração do ozono estratosférico (conhecido por buraco


na camada de ozono) é uma questão ambiental da maior importância.

A diminuição, ou seja, a rarefação do ozono na


estratosfera permite que mais radiação ultravioleta
de maior energia atinja a superfície da Terra.

O aumento de radiações UV é prejudicial para


muitas formas de vida, incluindo a humana. 4 Rarefação do ozono sobre o polo norte
em março de 2020

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Ozono estratosférico

O ozono na estratosfera tanto se forma como se decompõe:

Formação do ozono O + O2 → O3

Decomposição do ozono O3 → O + O2

Globalmente podemos considerar duas etapas na formação do ozono estratosférico, e a


reação global que representa a sua formação e dissociação, o ciclo do ozono,
representada por:

3 O2 2 O3

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Ozono estratosférico

Este processo cíclico, da formação e decomposição do ozono, também conhecido por ciclo
de Chapman, faria prever que a concentração de ozono na estratosfera permanecesse
praticamente constante ao longo do tempo.

Nos anos 80 do sec. XX, valores muito baixos da concentração de O3 na estratosfera


alarmaram a comunidade internacional.

Em 1995, o prémio Nobel da Química, atribuído ao químico mexicano Mário Molina


(1943-2020) e a dois outros cientistas, reconhecia investigação feita sobre o efeito dos
CFC (compostos de carbono, fluor e cloro), na destruição da camada de ozono.

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Ozono estratosférico

Os CFC, muito estáveis na troposfera, foram no passado usados de forma intensiva em


sistemas de refrigeração, por exemplo, e foram chegando a estratosfera.

Foram assinados protocolos internacionais visando a proibição gradual da produção e


comercialização de CFC (compostos de carbono, fluor e cloro).

Na estratosfera estes compostos podem sofrer fotodissociação por ação de luz ultravioleta, e
formar radicais, como acontece, por exemplo, com um CFC chamado triclorofluorometano:

CCℓ3 F → CCℓ2 F•+Cℓ•

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Ozono estratosférico

O radical Cℓ•, por sua vez, reage com o ozono, destruindo-o:

Cℓ• + O3 → OCℓ• + O2

OCℓ• + O → Cℓ• + O2

Cℓ• + O3 → OCℓ• + O2

OCℓ• + O → ...

Estas são reações em cadeia, durante as quais o radical Cℓ• é regenerado e destrói uma
nova molécula de ozono, podendo um só radical de cloro desencadear a eliminação de
milhares de moléculas de ozono.

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Ozono estratosférico

O ozono é importante na estratosfera, desempenhando a função de filtro de luz


ultravioleta, sendo indispensável à existência de vida na Terra.

Se na estratosfera importa recuperar


níveis de ozono com referência a 1960,
na troposfera a presença desse gás é
indesejável.

4 Previsão para a recuperação da camada de ozono

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Ozono troposférico

Da totalidade do ozono na atmosfera, cerca de 10% e encontrado na troposfera.

Na troposfera o ozono é considerado um


poluente atmosférico, com efeitos nocivos e
agressivos para a saúde humana e para o
ambiente.

Provoca danos nas mucosas e problemas


respiratórios que se agravam com o aumento
da sua concentração no ar, devido ao seu
elevado poder oxidante.

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Ozono troposférico

Na legislação estão estabelecidos valores de referência para a concentração de ozono na


troposfera relacionados com a proteção da saúde humana e dos ecossistemas:

Valores legislados
Limiar de
Limiar de alerta Valor alvo, limite a longo prazo
informação
180 µg/m3 240 µg/m3 120 µg/m3

Na troposfera não há fontes naturais emissoras de O3.

O ozono é o resultado indireto de fontes poluentes de natureza antropogénica.

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Ozono troposférico

Poluição, temperaturas elevadas, luz e radicais favorecem a formação de O3 a partir do


oxigénio do ar perto de equipamentos, como fotocopiadoras ou computadores, e de poluentes
como óxidos de nitrogénio, monóxido de carbono e compostos orgânicos voláteis, VOC.

Devido ao seu elevado poder oxidante,


o ozono tem aplicações em processos
de esterilização, descontaminação e
purificação de espaços e materiais,
alimentos, água e ar.

5 Dispositivo de esterilização hospitalar

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ATIVIDADE

Selecione a afirmação verdadeira.

(A) A destruição do ozono é de origem antropogénica.

(B) Os CFC causam um desequilíbrio no ciclo do ozono na atmosfera.

(C) As reações de fotodissociação são processos exotérmicos.

(D) Os radicais livres são espécies pouco reativas.

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ATIVIDADE

Selecione a afirmação verdadeira.

(A) A destruição do ozono é de origem antropogénica.

(B) Os CFC causam um desequilíbrio no ciclo do ozono na atmosfera.

(C) As reações de fotodissociação são processos exotérmicos.

(D) Os radicais livres são espécies pouco reativas.

Resolução:
B.
A destruição do ozono também ocorre naturalmente na atmosfera.
Todas as reações fotoquímicas são reações endotérmicas.
Os radicais livres são espécies muito reativas devido aos seus eletrões desemparelhados.

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