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Autoestima

Como avaliar e o que observar


nas crianças?

*ESSE MATERIAL FAZ PARTE DO PROJETO "CRIAR COM VOCÊ". POR FAVOR
NÃO DIVULGAR OU COMPARTILHAR.
Índice
Préfacio 3

Autoestima, o que é? 5

Existe  autoestima baixa? 15


Temperamento e autoestima 19

O que observar nas crianças? 23


a importância de parar e escutar as
crianças
28

Estratégias para acessar as crianças 32


Agradecimentos 38
Referências 41
Préfacio
Queremos o melhor para os nossos filhos. Queremos que eles se
alimentem bem, pratiquem atividade física, façam amizades,
gostem de estudar, respeitem a natureza e as pessoas e sejam
respeitados por elas também. Queremos que eles sintam prazer
em viver a própria vida, que se sintam realizados em ser as
pessoas que são.

Queremos o melhor para os nossos filhos, mas será que nós


sabemos como contribuir para que eles vivam suas vidas do jeito
mais equilibrado possível? Nós estamos realmente dando a eles
todos os mecanismos necessários para serem crianças
confiantes e corajosas? Crianças que reconhecem sua
importância no mundo que estão inseridas?

Muitas vezes, com a correria da vida moderna, nos vemos


perdidos na criação dos nossos pequenos, sem entender por
que de forma tão repentina, a criança que era alegre se tornou
retraída, chorosa ou briguenta, chegando muitas vezes a
demonstrar comportamentos agressivos e violentos quando
contrariada por amigos, irmãos e até mesmo nós, pais.

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E por não entendermos o porquê desses comportamentos
estarem acontecendo acabamos não acolhendo nossas
crianças. Estamos tão presos na nossa vida adulta que
esquecemos que a infância funciona de modo diferente, que
brigar ou gritar com nossos filhos não fará com que eles voltem
a ser alegres e seguros. Ao contrário, só fará com que eles
fiquem ainda mais confusos com as sensações que estão
sentindo.
O CRIAR
CRIAR surge como uma proposta para auxiliar os pais
nessa aventura que é educar filhos na complexa era moderna
em que vivemos, e esse ebook é mais uma maneira que
encontramos para oferecer essa ajuda. Autoestima:
Autoestima: como
como
avaliar ee ooque
avaliar queobservar
observarnas nas criançasNos oferece
crianças?
estratégias para pararmos e olharmos para nossos pequenos
com mais gentileza e clareza sobre os processos que eles vivem
diariamente na busca de se entenderem como indivíduos que
existem nesse mundo.

Desejamos uma ótima leitura!


Ana Raphaela Novaes e Bárbara Porto
Equipe Criar

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Autoestima,
o que é?
Autoestima é construção, é algo que todos nós
possuímos. É o jeito que nos percebemos como
pessoas, com todas as nossas características, tanto as
que consideramos virtudes, como as que facilmente
vemos como defeitos. Autoestima é a forma como
enxergamos todos os aspectos que formam a nossa
personalidade e os acolhemos, compreendendo que
precisamos continuar crescendo, melhorando, mas que
nem por isso devemos gostar menos de nós mesmos.
Autoestima é quando nos olhamos
internamente e sentimos satisfeitos em
sermos quem somos.
Não é algo fixo. Nossa autoestima começa a se formar
tão logo nascemos, está estritamente relacionada com o
modo como somos tratados desde criança, com as falas
que ouvimos, com os espelhos que temos como exemplo,
com o nosso ambiente e principalmente, com a nossa
família.

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A família é a base da autoestima da criança.

Durante a primeira infância todo o seu mundo


resume-se aos seus pais, é deles a opinião que elas
mais apreciam, muitas vezes consideram-nas
verdades incontestáveis.

Assim, a forma como os pais


tratam seus pequenos os
ensina como eles devem
concordar em ser tratados.
Se os pais param para ouvir a
sua criança, se levam em
conta sua opinião, se o O inverso ocorre quando
acolhem quando estão tristes os pais apresentam
e os fazem entender quando comportamentos
erram, os ajudando a
negligentes e abusivos com
encontrar soluções para seus
suas crianças, se não os
problemas, então a criança
escuta ou não dão
logo se percebe alguém no
importância para o que os
mundo, algo que importa, que
merece ser valorizado.
pequenos fazem ou para
aquilo que lhes parece ser
um problema.

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Se falam com grosseria e apresentam padrões rígidos no que se
refere a criação de seus filhos, se não os permite ser criativos e
viver, na medida do possível, de acordo com suas ideias, se não
as respeita. Ao impor seu ideal para seus filhos os pais diminuem
as crenças das crianças, contribuindo para a diminuição de sua
espontaneidade.

Crianças filhas de pais negligentes ou exigentes crescem com


pouco respeito por si, inseguras quanto as suas escolhas e seus
sentimentos. Creem que são aquilo que seus pais dizem dela, se
ouvem que são “má comportadas”, briguentas ou desobedientes,
compreendem que são aquilo mesmo e reproduzem esse
comportamento. O mesmo para as crianças que não são
elogiadas e não possuem seu potencial reconhecido – tornam-se
adultos deprimidos e desgostosos consigo.

O espelhamento também é algo que possui grande influência


sobre a forma como os filhos se enxergam. Espelhar, nesse caso,
significa usar como exemplo.

Se a mãe está todo o tempo preocupada com o que as pessoas


estão falando sobre si ou com sua aparência e não está nunca
satisfeita com ela. Se o pai passa anos trabalhando em algo que o
deixa deprimido e é pouco afetuoso com sua família, a criança
logo entende que esses são os valores que ela deve cultuar como
pessoa.

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Então cresce e torna-se um adulto inseguro, insatisfeito, que
aceita o que os outros imaginam que seja o certo para ele e
emocionalmente distante das pessoas a sua volta.
Assim, não só a maneira que os filhos são tratados importa. O
jeito com que os pais se enxergam, se tratam e se respeitam
quanto seres humanos é tão crucial quanto.
O modo como os pais se enxergam ensina muito
ao filho como ele mesmo deve se tratar.

Que valores você tem ensinado seu filho atráves


de seu comportamento?

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No entanto, ao crescer outros elementos se mostram
determinantes no processo de desenvolvimento da autoestima.
É na escola que as crianças vão desenvolver suas habilidades
sociais e conhecer realidades diferentes da sua, vão conferir
importância para pessoas fora de seu círculo familiar e passarão
a se importar com suas opiniões.

Durante o período escolar os pais precisam estar ainda mais


atentos às suas crianças, uma vez que por estarem em processo
de formação de sua autoestima, podem estar sensíveis aos
diversos comentários e atitudes que presenciarão. Quanto pais,
é dever ajudar a criança a compreender que ações cometidas
pelos amigos não tiveram intenção real de magoá-los, que as
outras crianças estão, do mesmo modo que seu filho, tentando
entender seu lugar no mundo.

A importância de acompanhar o
desenvolvimento escolar dos filhos é imensa!

O espaço onde a criança, muitas vezes, passa a maior parte de


seu tempo, oferece muito material para que elas questionem seu
valor. São novos conteúdos que devem ser bem assimilados,
esportes e brincadeiras que todos devem saber brincar, amigos
com diferentes opiniões que podem ou não aceitar outras.

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Assim, os pais devem sempre ouvir suas crianças para tentar
compreender suas queixas e, então, auxiliá-las da melhor maneira
possível. Ora ajudando-as a compreender que ações cometidas
pelos amigos não tiveram intenção real de magoá-los, que as
outras crianças estão, do mesmo modo que seu filho, tentando
entender seu lugar no mundo. Ora ensinando para elas como
reagir caso a ofensa seja real, elogiando-as, e assim, reforçando
seu valor.

Quanto mais a criança cresce e amadurece, mais elementos


influenciam em sua autoestima. As outras crianças, que no início
da infância não mostravam possuir tanta influência na forma
como nossos filhos se enxergavam, começam a parecer
determinantes.

Se as demais crianças aceitam nossos filhos, brincam com ela, as


elogiam e parecem interessadas em seus interesses, se são
amadas por seus amigos, reconhecidas, então facilmente irão
sentir-se queridas, gostando cada vez mais de sua própria
companhia.

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Você conhece os amigos do seu filho?

Porém, se são alvos de piadas depreciativas, se não são


chamadas para brincar por outras crianças, se estão todo o
tempo ouvindo comentários negativos sobre sua aparência ou
modo de ser, passam a acreditar que realmente deveriam ser
outras pessoas. Tentam então se encaixar em formas que não
suas ou começam a se excluir, ao sentir que não são bem-
vindas.

Em razão do modo como vivemos nossa vida atualmente, não


são só ambientes físicos que agem sobre as crianças. A
internet, englobando as redes sociais, youtube e os jogos
online, todo o conteúdo que ela consome na web, de modo
geral, moldam a autoestima delas, do mesmo modo que o
tempo em que elas têm acesso a esse conteúdo.

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As crianças precisam de uma rotina, deixar que elas tenham
acesso a todo tipo de conteúdo é uma conduta extremamente
negligente, elas não saberão como agir frente àquelas
informações que não são interessantes para sua faixa etária, e,
portanto, não deveria ser assistida por elas.

O que pode ocorrer é que esse conteúdo mal compreendido


pode alterar o comportamento dela e deixá-la frustrada consigo
mesmo.

O conteúdo consumido online pelas crianças


precisa ser monitorado por seus pais.

Além daqueles que fogem a sua faixa etária existe uma gama de
influenciadores digitais que não possuem um bom conhecimento
para difundir, estão todo o tempo falando palavrões e frases
depreciativas que serão internalizadas pela criança.

O conteúdo online também pode ser um espelho


para os pequenos.

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É necessário que os pais estejam sempre alertas e consigam
observar o que não é dito por seus filhos. Se ele é uma criança
divertida e elétrica, por que está tão quieto?
Por que, de modo repentino, não sente mais vontade de ir à
escola?
Ou de brincar com outras crianças?
Por que desiste tão facilmente e
está tão irritado?

Não espere que seu filho vá sempre comunicar quando está


magoado ou precisando de ajuda. É dever dos pais possuir o
mínimo de sensibilidade para perceber quando mudanças
bruscas estão acontecendo com seus filhos, bem como
investigar o porquê de elas estarem ocorrendo.

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Atualmente todos os compromissos e responsabilidades
assumidos acabam não permitindo que exista essa convivência
mais próxima. No entanto, é preciso ter em mente que seu filho
precisará desse olhar, principalmente durante os anos iniciais de
sua vida.

Como você organizou o  seu tempo após a


chegada dos filhos?

14
Existe autoestima
baixa?
No dia a dia não é difícil escutarmos expressões
como “Maria tem uma autoestima tão elevada, né?”
ou “Como a autoestima de João é baixa!” para
definir as pessoas ao nosso redor. Muitas vezes
entendemos que a pessoa que possui “autoestima
elevada” é aquela que possui excesso de
autoconfiança, segura de si, que não tem medo de
se afirmar ou de falar o que pensa, enquanto aquela
que tem “baixa estima” se comporta de maneira
contrária: é insegura, dificilmente fala o que pensa,
além de ser facilmente influenciável a realizar coisas
que os outros solicitem.
No entanto, a autoestima não pode ser
dividida ou quantificada, é simples: ou
temos autoestima ou não temos.

15
Crianças com autoestima são seguras de si, o que não
significa que elas não possuem defeitos ou
características que não lhe agradem tanto. A diferença
é que não rejeitam essas dificuldades, as reconhecem
como parte de si, assim, conseguem de maneira mais
simples lidar com elas, se melhoram, pois não estão se
rejeitando ou maltratando. São autoconfiantes, estão
sempre buscando novas atividades e aventuras, o que
não quer dizer que elas nunca erram, mas quando o
fazem estão tranquilas porque sabem que não há
problema em errar, conseguem enxergar as coisas
boas que aquela experiência pode acrescentar na sua
própria vida e seguem seu caminho, sabendo que há
sempre a oportunidade de tentar novamente.

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Enquanto as que não possuem autoestima
sentem-se insuficientes, ficam irritadas por não
conseguirem ter sucesso na atividade que se
predispuseram a fazer e aí desistem, buscam
formas de justificar a desistência e rapidamente
concluem serem incapazes de cumprir qualquer
outra nova tarefa. É fácil de as ouvir fazendo
referência a si com falas como: “não consigo!”, “é
muito difícil”, “eu sou burro! Não vou conseguir”
sem ao menos haver a tentativa por parte das
crianças. Essa sensação de incapacidade
faz com que elas parem de tentar iniciar
novos trabalhos. 

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Crianças sem autoestima não estão satisfeitas
com suas vidas, e muitas ao menos gostam de si!
 
Se mostram menos preocupadas com sua higiene e aparência e
as negligenciam quando não há um adulto presente para orientá-
las. Seus relacionamentos tornam-se complicados, como elas
normalmente se veem insuficientes, tendem a aceitar ordens sem
questionar, pois, estão, na verdade, com medo de perder as
pessoas que estão na sua vida. Afinal, não conseguem perceber
que os amigos, os pais, as pessoas que ela ama também a amam
de volta! Por não reconhecer seu potencial a criança faz o que
lhe é proposto sem questionar.

Pode também ficar irritada com a situação que está vivendo e se


tornar agressiva ou sensível, chorando sem razões aparentes.
Esses comportamentos ocorrem numa tentativa de chamar a
atenção dos pais para algo que elas ainda não entendem,
precisam do cuidado dos pais para se sentirem acolhidas e
necessárias, compreendidas!

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Temperamento e
autoestima
O temperamento, tal qual a própria autoestima,
não pode ser quantificado.

O temperamento é a parte biológica da personalidade, e assim


como as características físicas (cor dos cabelos, formato das
mãos e dedos, por exemplo), ele não pode ser alterado. O
temperamento do nosso bebê já vem juntinho com ele! É
composto por características geneticamente herdadas, que faz
com que em diversos momentos nos enxergamos em nossos
pequenos.

Durante o processo da infância a personalidade ainda


estásendo formada, assim, voltamos nossos olhos para o
temperamento das crianças.

Temperamento pode significar, facilmente, aaforma


formacomo cada
como
um age um age.
cada

19
É por isso que, por mais que executemos funções muito
parecidas e até idênticas a de outras pessoas, não o fazemos tal
qual aquela pessoa faz. Do mesmo modo, irmãos gêmeos
idênticos não são idênticos em suas atitudes, porque seus
temperamentos os diferem.

Todos nós possuímos temperamento e isso não


significa que alguns sejam melhores, mais fortes
ou mais frágeis que os outros.

O temperamento em si não influência a criança a possuir ou


não autoestima, mas fará com que ela expresse essa
autoestima de diferentes formas.

O temperamento não nãopode


podesersercompletamente
completamentemodificado
modificado,
entretanto se o meio em que a criança está inserida for favorável,
se fornece mecanismos para que equilibrarem suas emoções e
expressem seu comportamento, então elas serão capazes de se
desenvolver de maneira mais leve, compreendendo que haverá
momentos onde ela irá ser mais enérgica ou mais quieta. Saberá
encontrar equilíbrio.

20
A autoestima não sofre influência do temperamento,
sua expressão, no entanto, está totalmente relacionada.

Uma criança pode ser tímida e pouco espontânea e ainda assim


ter autoestima e, junto daqueles que confia, demonstra plena
confiança em tentar desenvolver novas habilidades ou
apresentar algo de sua autoria, como um desenho ou uma nova
brincadeira. O fato de fazê-lo apenas para um grupo seleto não
diminui sua estima.

Do mesmo modo que uma criança agitada e extrovertida pode


estar sofrendo e pode ser inseguro. Não ter autoestima não
implica que a criança estará, necessariamente, retraída ou
chorosa, ela pode sim apresentar essas características, contudo
não é uma regra, cada uma se expressará de acordo com sua
personalidade, seu temperamento.

21
É importante que os pais se atentem para as
características individuais de cada criança.

É a partir dessas observações que a convivência da família se


tornará harmônica, uma vez que percebendo as individualidades
de seus filhos, os pais entenderão que as atitudes cometidas por
eles não tem intenção de magoá-los ou irritá-los, por vezes é só
a forma que aquela criança age, sem maldade.

22
O que observar nas
crianças?
Entendemos que comportamentos serão expressos de acordo
com o temperamento de cada criança, assim, se seu filho é
naturalmente mais quieto, persistir nesse comportamento não
significa que ele não possua autoestima. No entanto, se você
como pai, o percebe retraído além do normal é porque algo está
errado. O mesmo vale para o seu filho agitado, se ele está se
apresentando ainda mais agitado, chegando a apresentar
comportamento violento ou agressivo, está claro que ele não
está bem.

Os pequenos podem apresentar comportamentos retraídos,


como preferir ficar em casa á sair e ir brincar com os amigos,
chegando a se negar a ir para a escola. Também pode
apresentar quadros de choros sem motivo aparente e uma
maior necessidade de atenção, fazendo brincadeiras que antes
não fazia ou brigando com os irmãos e amigos pelos motivos
mais bobos, coisa que antes ele conseguia lidar muito bem.

23
Oscilações na autoestima também podem ser identificadas
através das falas das crianças, o modo como ela se vê, seu
potencial, o quanto ela acredita em si... Expressões como
“não faço nada certo!” ditas com frequência mostram que a
criança pode estar seguindo um padrão de tentativas e
falhas consecutivas e que está se sentindo
extremamente insatisfeita consigo.

O “sou burro” ou “não consigo!” antes mesmo de iniciar


uma atividade demonstra certo desgosto da criança por
si, como se ela não se visse como alguém capaz. Isso
pode acontecer em decorrência de brincadeiras em que
ela perde, ou atividades que ela não
consegue fazer só.

24
É importante observar o círculo social que está criança está
inserida. Muitas das falas repetidas por nossos filhos não são
ideias sobre si que elas mesmas criaram. São expressões que ela
pode ter sido chamada por um amigo na escola, ou ter escutado
o próprio amigo o chamando. Pode ter visto nas redes sociais ou
na televisão conteúdo impróprio para sua idade e não soube
distingui-lo.

Tão necessário quanto se ater ao ambiente externo é perceber a


maneira como você, pai ou mãe, trata sua criança. É normal, ao
estarmos sobrecarregados, que fiquemos impacientes e
intolerantes, mas isso não deve se expressar no modo como
interagimos com nossos pequenos.

Se formos cruéis com eles, não os escutando quando eles


querem contar algo de seu dia, ou diminuindo feitos e
sentimentos que eles estão compartilhando, é claro que afetará
sua autoestima.

25
Influenciam o comportamento das crianças

Amigos Redes Sociais

Família Televisão

Se você vê seu filho com dificuldade em realizar uma atividade,


como abrir o creme dental, por exemplo, e vai lá, não para ajudá-
lo a abrir, mas pega o tubo e abre você mesmo, está reforçando
que a criança é incapaz. Falas influenciam tanto quanto
comportamentos, se você repete para seu filho pequeno que ele
não consegue fazer a atividade porque é “burro”, ele vai se ver
dessa maneira. O mesmo ocorre quando você sempre o chama
de “danado” ou “levado”, é esse tipo de comportamento que ele
reproduzirá, pois é desse modo que ele irá se reconhecer.

A autoestima das crianças está em constante


construção.

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Assim, se seu filho apresenta alguns desses comportamentos
não significa que ele não possua estima por si, ele pode apenas
ter um dia que se mostrou complicado, e ele, com sua pouca
maturidade, não soube administrar suas ações ou como
demonstrar seus sentimentos relacionados ao ocorrido.

É de extrema importância que os pais sejam companheiros de


suas crianças, acompanhando seu desenvolvimento, para que,
quando eles passarem por provações relacionadas ao valor que
eles se atribuem, seu filho reaja da forma mais positiva possível,
se reafirmando, sem profundas confusões ou dúvidas.

27
A importância de
parar e escutar os
filhos
Ao nascer, os bebês precisam de seus pais para os vestir,
alimentar e amar. Quando eles crescem e se tornam crianças
conquistam certa independência e podem fazer muitas dessas
ações sozinhos. Assim como as ações que nossos pequenos
conseguem realizar estão em constante mudança, nossas
responsabilidades em relação a eles também.

Podemos não ser tão necessário no que se refere vesti-los ou


alimentá-los, mas eles precisam da nossa constante atenção para
conseguirem se desenvolver, para ajudá-los a compreender
coisas que estão fora de seu alcance, para apoiar suas ideias e
felicita-los em suas vitórias.

É preciso ter tempo.

A vida adulta é muito corrida, mas se não priorizarmos nossos


filhos os estamos negligenciando, criando pessoas emocional,
psicológica e intelectualmente imaturos. Que não aceitam ser
contrariados ou sofrer perdas, não conseguem encontrar
ensinamentos nelas.

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Você, pai ou mãe, é o adulto responsável. É você quem monta a
rotina de seu filho, quem o apresenta aos esportes e a dança, as
aulas extras de linguagens ou reforço. Quem delimita o uso de
telas e o tempo que ele tem para brincar. Delimite também o
tempo que vocês devem interagir, individualmente e em família.
Você vai perceber que não é tão complicado assim.

Se trabalha pela manhã faça da hora do jantar esse momento de


interação. Ou a busca das crianças após a escola, esporte ou
escolinha de música ou linguagem. A hora depois do almoço é
ideal para ler alguma historinha ou questionar seu pequeno sobre
seu dia, bem como a hora antes de dormir. É indispensável que
haja esse tempo livre para qu e você possa estar com seu
pequeno.

29
Caso a semana seja muito apertada, faça do final de semana, ou
um dia entre o sábado ou o domingo, como o dia deles. Pode
levá-los a um passeio, pode ir a praia ou ao parque. Mas lembre-
se: esse momento deve funcionar como uma interação entre você
e seu filho, um jeito de aproximá-los.

Deve haver diálogo e brincadeiras, não é só sair de casa com ele


e deixá-lo para encontrar sua própria diversão, é uma atividade
que deve ser feita com a participação ativa de ambos: você e seu
filho.

31
Estratégias para
acessar as crianças
Como os pequenos ainda estão desenvolvendo sua maturidade,
muitos não sabem como expressar sua angústia. Eles podem se
manter afastados ou se tornar irritados. Aqueles que estão um
pouco mais crescidos podem querer passar mais tempo em rede
social ou vídeo game, tornando-se distantes de seus familiares.

É importante que os pais desenvolvam estratégias para acessar


seus filhos. Ao buscá-los na escola, você, mãe ou pai, pode
começar contando algo legal do seu próprio dia para iniciar uma
conversa, isso fará com que a criança saiba sobre seu dia e
mostra para ela que você possui interesse real em saber sobre o
dia dela.
.
Em casa procure um momento para que as refeições sejam feitas
em família, procure não estar com qualquer outro material
distrativo por perto, como celular ou televisão. Faça perguntas
gerais e pontuais, por exemplo “como foi seu dia?”, “você e sua
amiguinha fizeram as pazes?”, “como foi o esporte?” e “você viu
o show que vai acontecer no teatro semana que vem? Quer ir
comigo?”.

32
Se a criança for crescida, a inclua nos seus planos, mas dê a ela
liberdade para decidir, se for menor, ela ainda não desenvolveu a
capacidade de decisão. Conheça sua criança e a surpreenda!
Ela com certeza vai se sentir vista

Brincadeiras também são uma ótima forma para


conectar-se com sua criança.

Você pode oferecer quebra-cabeça, dominó, uno... são jogos


onde você terá a oportunidade de observar as reações do seu
filho e, assim, pode conhecê-lo melhor. Como ele reage quando
ganha? Fica feliz e recomeça o jogo ou tenta mostrar para todo o
mundo que foi o campeão e que os outros são perdedores, e
assim, inferiores a ele. E quando perde? Aceita a perda e espera
sua vez para jogar de novo ou fica irritado e sai do jogo?

Pega-pega e esconde-esconde são atividades que requerem um


espaço maior para serem feitas mas que se mostram tão
divertidas quando uma possibilidade de entender seu filho.

33
Ele corre livremente? Sem se importar com a possibilidade de
ser pego? Ou fica mais retraído, chora quando é pego e se
recusa a continuar a brincadeira? Ou passa  brincadeira
escondido para não ser pego e, assim, acaba não brincando. E
no esconde-esconde, ele aceita ter sido achado?
Leituras são outra poderosa estratégia. Livros infantis
conseguem prender a criança com o enredo lúdico e os
belíssimos desenhos e, se for lido sem pressa, debatido durante
o processo de contagem, passa a sua mensagem e transforma a
visão da criança sobre aquele assunto. Como opções sugerimos:

A Joaninha que
Perdeu as Pintinhas,
escrito por Renata
Martins.

A Princesinha Perdida,
Autoestima e
Linguagem Corporal,
escrito por Carmem
Beatriz Neufeld, Gabriela
Salim Xavier Moreira e
Sebastião Sousa Almeida.

34
Existem muitos filmes capazes de nos ajudar a aprofundar o
vínculo com nossos filhos e passar mensagens para eles. Como
sugestões temos “Procurando o Nemo”, uma animação de 2003
que além de mostrar a importância da família, retrata a
superação de Nemo, um peixinho com uma nadadeira menor do
que a dos outros peixes, que não permite que essa diferença o
inferiorize. Ele, muito determinado, nos faz ver que não há limites
que não possamos ultrapassar para realizar nossos sonhos. 

35
Um modo de fazer com que os pequenos entendam suas
emoções de maneira lúdica é assistindo ao filme
“Divertidamente” (2015), ele mostra de um jeito diferente, como
as emoções funcionam, como cada uma delas é essencial e é
preciso entendê-las e aceitá-las.

“Como Treinar Seu Dragão” (2010) faz com que as crianças


vejam a importância da amizade, mas que também percebam a
importância da autoconfiança acima do medo, como é essencial
que crer em si mesmo.

36
Caso, mesmo com seus esforços, a criança continue se
mostrando inacessível, você deve procurar ajuda profissional.
Negligenciar seu filho não é a solução, não existe a opção de
“deixar para lá” quando o assunto é a educação e o bem-estar
do seu pequeno.

Busque ajuda, há diversas psicólogas


especializadas para atender o público infantil.

37
Agradecimentos
Este é o pirmeiro ebook que estamos disponibilizando! Feito
com muito carinho para nossa 1º Mentoria Online para Pais,
resolvemos preenchê-lo com conceitos relacinados a autoestima,
o autoconhecimento, o comportamento das nossas crianças e
seu desenvolvimento.

Nos sentimos gratas ao todos que particiapram desse novo


projeto, nos emociona ver toda a confiança que foi depositada
em nós! Esse é só o início deste novo projeto! Estamos
disponíveis para o que for preciso, igualmente abertas para
sugestões ou críticas.

Educar um filho não é tarefa para apenas uma só pessoa! Quanto


mais pudermos compartilhar, dividir, estudar, conhecer e ter
apoio de outras pessoas, mais leve e prazerosa essa tarefa se
tornará. E assim, todos saem ganhando.

Nosso muito obrigada a todos! Vocês


fazem parte da família criar.

38
Gostou desse ebook?
Fique por dentro de tudo o que acontece no CRIAR e
compartilhe nossos canais com quem também gostaria
de conhecer esse conteúdo:

@criarencontrodepais
criarencontrodepais@gmail.com
Rua Dr. Antônio Cansanção, 515, sala 112, Ponta
Verde. Maceio- AL.
82 999202828 - 82 993114609

Bárbara Porto

Ana Raphaela Novaes

39
Áudios compartilhados

1. Como desenvolver todo o potencial do seu filho?


2. O que não podemos mudar?
3. Como a criança constrói a sua autoestima?
4. Ensine seu filho a lidar com autocritica.
5. Como ajudar seu filho a lidar com insegurança,
isolamento, irritação, inflexibilidade.
6. E na escola? Como ajudar com as tarefas,
responsabilidades, trabalhos e provas?
7. E os amigos, como ajudar a cultivar essas
relações?
8. A importância do vínculo. Um olhar
da Neutociência.
9. A importância do tempo de qualidade com seu
filho

*Os áudios compartilhados complementam as


ideias presentes nesse ebook!

40
Referências
Para  escrever esse ebook nos baseamos
nas obras:

"A autoestima de seu filho" de Dorothy Corkille Briggs.

"Por que o amor é importante" de Sue Gerhardt

"O cérebro da criança" de Daniel J. Siegel e Tina


PayneBryson

41
Vem aí...
Nosso segundo ebook! Recheado de dicas e
novas estrategias para lidar com os desafios da
infância.
*ESSE MATERIAL FAZ PARTE DO PROJETO "CRIAR COM VOCÊ". POR FAVOR
NÃO DIVULGAR OU COMPARTILHAR.

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