1,50 € // Terça-feira, 9 novembro 2021 // Ano 12 // Diário // Número 3587 // Diretor: Mário Ramires // Dir. exec.

: Vítor Rainho // Dir. exec. adjunto: José Cabrita Saraiva // Subdir. exec. : Marta F. Reis // Dir. de arte: Francisco Alves

Gangues ligados a
tráfico de diamantes
infiltram-se nas
Forças Armadas
iNEVITÁVEL

COP26.
Cimeira
do Clima
ou “ponto de
encontro” das
indústrias de
combustíveis
fósseis?
Estiveram presentes
mais de 500 pessoas
ligadas aos
Elementos de gangues das zonas suburbanas de Lisboa têm
combustíveis fósseis vindo, ao longo dos últimos anos, a infiltrar-se na Forças
// PÁGS. 14-17
Armadas e a utilizar as missões portuguesas em países
Covid-19. em guerra para fazerem tráfico de diamantes, ouro e droga,
Carmo Gomes soube o i junto de forças policiais
e Carlos // PÁGS. 2-3
Antunes dizem
que estamos
a assistir
ao “início MOTOGP, COMPETIÇÕES DE GOLFE, TRIATLO
da 5.ª vaga” E HIPISMO ‘ENCHERAM’ ALGARVE
// PÁG. 6
Milhares de atletas, equipas, jornalistas e espetadores deram outro colorido
à região no último fim de semana // Jatos particulares invadem aeroporto de Faro
Engenheiros // Fecho de alguns hotéis durante cinco meses contestado // PÁGS. 18-19
civis,
eletrotécnicos,
mecânicos ENTREVISTA A JP SIMÕES
e agrónomos
com oferta “O excesso é perigoso,
de 760
a mil euros mas também nos salva”
// PÁG. 8 // PÁGS. 24-27
EDITORIAL

Gangues de
Lisboa com
A
farda militar Radar

As suspeitas da
investigação liderada pelo
DIAP de Lisboa,
Vítor Rainho 10.ª Secção, recaem,
principalmente, em militares
ligados a missões na RCA
As tropas portuguesas são, regra ANTÓNIO PEDRO SANTOS

geral, muito bem vistas no estrangei-

ro e o seu desempenho é elogiado por
vários países. Não vale a pena recuar
à guerra dos Balcãs, onde os portu-
gueses, segundo rezam as crónicas,
foram das poucas tropas aceites por
ambas as partes.
Em África, até pela tradição, a tropa
nacional tem estado na frente de
alguns conflitos como na República
Centro Africana, onde, mais uma vez,
mereceram aplausos generalizados.
Acontece que as últimas notícias
ligando os militares portugueses ao
tráfico de diamantes, droga e ouro
acaba por manchar, e muito, essa
prestação antes aplaudida. Será pois
essencial que se perceba o que correu
mal e como se poderá evitar situações
futuras. A investigação do i conclui

Miríade. Gangues
que os principais gangues das áreas
suburbanas apostaram nos últimos
anos em infiltrar elementos nas tro-
pas especiais que podiam depois tra-

ligados a tráfico
tar do tráfico de diamantes, ouro e
droga, a partir de países como a Repú-
blica Centro Africana, entrando essas
matérias livremente em território

de diamantes
nacional. E se as denúncias acontece-
ram em 2019 como foi possível demo-
rar tanto tempo até se chegar aqui?
P. S. 1 Não sei o que têm a dizer os

infiltram-se nas
empresários portugueses, mas o
estudo apresentado pelo economista
Eugénio Rosa é assustador. De 156

Forças Armadas
ofertas de emprego disponíveis no
IEFP para engenheiros civis, eletrotéc-
nicos, mecânicos, agrónomos, etc.,
cujos salários oferecidos, de acordo
com o economista, na sua esmagadora
maioria variam entre 760 e mil euros,
escreve o i na edição de hoje. Mas o
economista explica ainda melhor.
“Isto são remunerações brutas, antes
de descontar para o IRS e para a Segu- Membros de gangues FELÍCIA CABRITA tes, ouro e droga, soube o i jun-
rança Social. Como é que o país assim terão infiltrado as felicia.cabrita@ionline.pt to de forças policiais.
pode reter quadros qualificados?”. Forças Armadas para JOSÉ MIGUEL PIRES Alguns desses elementos foram
Pois não sei... formar redes de jose.pires@ionline.pt detidos ontem, no âmbito das
P. S. 2 O líder do CDS, Francisco buscas realizadas na denomi-
Rodrigues dos Santos, continua a
tráfico de droga, ouro Elementos de gangues das zonas nada Operação Miríade. Dos 10
fazer lembrar o automobilista que vai e diamantes. As suburbanas de Lisboa têm vin- elementos detidos, nem todos
em sentido contrário na autoestrada e ligações com países do, ao longo dos últimos anos, são militares, havendo também
que pensa que todos os outros condu- ‘instáveis’ como a a infiltrar-se nas Forças Arma- suspeitos de branqueamento de
tores estão em contramão. Espetáculo RCA são o objetivo, e das e a utilizar as missões por- capitais.
deprimente, numa crónica de uma a rede pode chegar à tuguesas em países em guerra Conforme o i conseguiu apu-
morte anunciada. PSP e à GNR. para fazerem tráfico de diaman- rar, foram já reunidas provas

2 —9 novembro 2021

sólidas de que membros de gan-
gues, oriundos de zonas margi-
nais da cidade de Lisboa, ter-se-
ão voluntariado para ingressar
nas Forças Armadas, com o obje-
tivo de criar redes ao serviço de
associações criminosas interna-
cionais de tráfico de diamantes,
ouro e drogas. O processo pas-
sa pelo envolvimento em mis-
sões internacionais em países
com regimes instáveis, como a
RCA, onde estes elementos con-
tactam com organizações cri-
minosas locais de forma a tra-
ficar os referidos produtos para
a Europa. Estes elementos teriam,
sabe o i, o apoio de militares por-
tugueses de alta patente, que
serviriam de ‘cobertura’ para
esta operação.
Este fenómeno foi ganhando
dimensão ao longo dos anos,
parecendo obedecer a uma estra-
tégia global e com um grande
sentido de oportunidade. Os
lugares destes criminosos , após
os contratos de oito anos finda-
rem, seriam ocupadas por novos
voluntários com as mesmas ori-
gens, e muitos deles já com cadas-
tro. Além disso, assim que saís-
sem das Forças Armadas subiam
na hierarquia interna dos res-
petivos gangues, e candidata-
vam-se à PSP e GNR, onde con-
tinuavam a ter palco privilegia-
do para as atividades crimino-
sas. Foi por este motivo, aliás,
que parte das buscas feitas ontem
incluíram as escolas de forma-
ção destas forças policiais e de
segurança, onde foi detido um
guarda provisório.
Militares
e ex-militares
são suspeitos
de traficar ouro,
diamantes e droga
Gangues terão
infiltrado as Forças
Armadas, usando
os seus meios para
traficar estes produtos
Novas ‘fornadas’ de jovens des-
tes bairros manteriam o fluxo
de voluntários para o Exército,
caminhando pelo mesmo canal,
prontos para obter grandes mar-
gens de lucro ao transportar e
vender os produtos, que eram
traficados principalmente atra-
vés da Bélgica.
TUDO COMEÇOU COM DENÚNCIA
AO CEMGFA O i sabe que a denún-
cia que levou ao desmantela-
mento da rede partiu, em 2019,
do comandante da 6.ª Compa-
nhia da Força Nacional Desta-
cada (FND) na República Cen-
tro Africana a António Silva Ribei-
ro, chefe do Estado-Maior General
das Forças Armadas, que man-
dou a Polícia Judiciária Militar
(PJM) abrir um inquérito.
Após algumas diligências, esta
polícia apurou não só que havia
seis militares suspeitos de trá-
fico de diamantes (cinco deles
eram jovens praças e o outro
um major de 35 anos, sendo
todos pertencentes aos Coman-
dos), como também que a rede
tinha contornos internacionais
que ultrapassavam a sua com-
petência. O inquérito foi, por
isso, transferido para a PJ.
Depois de dois anos de inves-
MIRÍADE
tigação e com estes elementos
sobre escuta, o rol de suspei-
tos aumentou, tendo culmina-
do agora numa megaoperação,
com uma centena de buscas
por todo o país e a detenção de
10 elementos. Foram igualmen-
te reforçados os procedimen-
tos de controlo e verificação à
chegada dos militares das For-
ças Nacionais Destacadas e res-
petivas cargas.
DETALHES DA INVESTIGAÇÃO A
operação juntou cerca de 320
inspetores e peritos da Polícia
Judiciária, e é já a maior do
último ano. O inquérito foi diri-
gido pelo DIAP de Lisboa - 10.ª
Secção, e os mandados de bus-
ca foram executados pela Polí-
cia Judiciária, “através da Uni-
dade Nacional de Combate à
Corrupção, e com o apoio de
várias Unidades da Policia Judi-
ciária e da Autoridade Tribu-
tária, juntamente com o Juiz
de Instrução Criminal e Magis-
trados do Ministério Público”,
conforme a própria PJ avançou
em comunicado. Para além das
suspeitas que os militares esta-
riam a utilizar meios aéreos
disponibilizados nas missões
ao abrigo das Nações Unidas
Operação Miríade
Dados
• Foram realizados 100
mandados de busca no
país, 95 dos quais para
buscas domiciliárias, e os
restantes 5 para buscas não
domiciliárias
• As buscas aconteceram em
Lisboa, Funchal, Bragança,
Porto de Mós,
Entroncamento, Setúbal,
Beja e Faro.
• Foram emitidos 10
mandados de detenção
para militares e ex-militares
Suspeitas
• A investigação da Operação
Miríade, liderada pelo DIAP
de Lisboa, decorre há mais
de um ano, e suspeita que
militares e ex-militares terão
usado meios aéreos das
missões das Nações
Unidas, principalmente na
República Centro-Africana,
para traficar ouro, diamantes
e droga para a Europa
• Os suspeitos são também
acusados de
branqueamento de capitais,
tendo, alegadamente,
utilizado criptomoedas para
esconder os lucros desta
atividade
para transportar ouro, droga e
diamantes para a Europa, pen-
sa-se também que existirão
casos de branqueamento de
capitais e fraude, concluindo a
investigação que os militares
estariam a utilizar criptomoe-
das para lavar o dinheiro feito
com este tráfico.
IMAGEM INTACTA Em reação,
Marcelo Rebelo de Sousa, que
se encontra em visita oficial a
Cabo Verde, fez uma exceção, e
comentou a polémica. “Normal-
mente, em território estrangei-
ro, não faço comentários sobre
a situação portuguesa, mas aqui
é uma situação de projeção inter-
nacional, de prestígio das For-
ças Armadas, nomeadamente
numa intervenção neste conti-
nente”, começou por referir o
Presidente da República, em
declarações à RTP. Marcelo
negou qualquer efeito negati-
vo no prestígio das Forças Arma-
das, garantindo estar exatamen-
te o mesmo”, relativamente à
sua viagem à RCA em março
de 2018.
O Presidente da República afir-
mou ainda que “as instituições
de investigação policial estão a
fazer o que deve ser feito”.
—9 novembro 2021 3
 A Radar //

Rangel.
Escolha do
primeiro-ministro
é mais importante
do que disputa
interna do PSD

O candidato à liderança do partido

desvalorizou as sondagens que dão
a vitória a Rui Rio, defendendo
que “são apenas um instrumento”.
SÓNIA PERES PINTO
sonia.pinto@ionline.pt
Mais importante do que a dis-
puta interna no partido é a esco-
lha de quem será o candidato a
primeiro-ministro para defron-
tar António Costa. A garantia foi
dada pelo candidato à lideran-
ça do PSD, Paulo Rangel, na
Madeira, onde vai estar duran-
te dois dias em campanha para
as eleições internas. “Vamos ter
eleições legislativas no dia 30
de janeiro, portanto o que se tra-
ta agora não é tanto uma cam-
panha dentro do PSD, é de uma
escolha de quem será o candi-
Alberto João Jardim, militante
histórico do PSD e ex-presiden-
te do Governo Regional da Madei-
ra, à antecipação das eleições
internas, o candidato refere que
este “tem toda a liberdade para
dizer aquilo que quer”, mas que
“estamos em 2022 [Sic] – não
estamos nem 2011, nem 2015,
nem 1995, nem 2001”, realçan-
do que “os desafios que se põem
hoje são totalmente diferentes e,
portanto, as respostas do passa-
do não podem ser as respostas
para os problemas de agora”.
DESVALORIZA SONDAGENS Quan-
do questionado sobre a sonda- Paulo Rangel está numa visita de dois dias à Madeira JOSÉ SÉRGIO

dato a primeiro-ministro, para gem divulgada recentemente

defrontar António Costa, um
Governo que tem prejudicado
tanto os interesses dos madei-
renses e da Madeira”, afirmou
o eurodeputado.
Rangel disse, no entanto, que
as eleições legislativas de dia 30
de janeiro podem, até, “aprovei-
tar o embalo das internas”, que
se realizarão a 27 deste mês, não
estando “nada preocupado” com
o pouco tempo entre eleições.
“O PSD é um partido que está
vocacionado para ter maiorias
e para ir a eleições tem de estar
sempre preparado. Eu também
tenho uma larguíssima expe-
riência nacional e internacional
e, portanto, não é nem de per-
to, nem de longe a primeira elei-
ção nacional a que me candida-
to, pelo que [o tempo] é o que
menos me preocupa”, diz, ain-
da que considere que será “exi-
gente”, devido à “marcação de
eventos com celeridade”.
Já em relação às críticas de
que dá a vitória ao seu opositor
Rui Rio, Rangel desvalorizou-a,
sustentando que “as sondagens
são apenas um instrumento”.
Recorde-se que, de acordo com
uma sondagem da Aximage, Rui
Rio tem 11 pontos de vantagem
sobre Paulo Rangel quando se
questiona os portugueses sobre
quem será o vencedor das dire-
tas, embora apenas os militan-
tes do PSD possam votar nestas
eleições (e só os que tenham as
quotas em dia, porque a propos-
ta de Rui Rio para abrir os cader-
nos eleitorais foi chumbada
ontem). Mas se a pergunta for
direcionada apenas aos eleitores
social-democratas então a van-
tagem aumenta para 23 pontos.
LEI DAS FINANÇAS REGIONAIS
“MAIS FLEXÍVEL” O candidato à
liderança do PSD defendeu ain-
da que a Lei das Finanças Regio-
nais devia ser “mais flexível” e
contemplar “um pouco mais de
espaço de respiração fiscal para O que significa que, no seu
as autonomias”. E acrescentou: entender, a Lei das Finanças
“Se há matéria na qual podemos Regionais “poderia contemplar
fazer alguma evolução progres- um pouco mais de espaço de
siva das autonomias, e isto vale respiração fiscal para as auto-
tanto para a Madeira como para nomias”.
os Açores, é na matéria fiscal”, Já em relação aos assuntos
afirmou. que estiveram em cima da mesa
no encontro com o presidente
do Governo Regional, Paulo
Rangel destacou a TAP e os fun-
dos europeus. Quanto à com-
panhia aérea, o social-demo-
Candidato à crata afirmou que o “Estado
liderança do PSD português está a gastar só com
defende Lei das a TAP mais do que gastou no
apoio a todas as empresas
Finanças Regionais durante a pandemia”, garan-
“mais flexível” tindo que se fosse primeiro-
ministro “não teria cometido
o erro que cometeu este Gover-
TAP e fundos no, primeiro revertendo a pri-
europeus foram vatização e depois no próprio
alguns dos temas plano de recuperação”.
Paulo Rangel realçou “outra
abordados com questão muito importante que
Miguel Albuquerque é a questão dos fundos europeus,
onde a Madeira tem sido bas-
tante prejudicada”.
Apontando que as verbas pre-
vistas para a Madeira no Plano
de Recuperação e Resiliência
(PRR) ficaram “claramente atrás
daquilo que seria expectável
para as regiões ultraperiféricas”,
o eurodeputado defendeu que
os fundos de coesão poderiam
corrigir esses “défices” e criti-
cou o facto de não existir “nada
feito sobre essa matéria”.
O candidato à liderança do PSD
sublinhou ainda os custos que
a Madeira tem com a PSP e com
as Forças Armadas, “funções
que não competem à região”. E
de acordo com o responsável
não há margem para dúvidas:
“Ou aumentamos os meios e,
portanto, as transferências são
transferências [do Estado] que
cobrem este tipo de custos ou
então damos maior amplitude
à autonomia, designadamente
na área fiscal”.

4 —9 novembro 2021
 POLÍTICA

Concessões CDS. “Sequestro da democracia

Matos interna”, acusa Nuno Melo
Fernandes Alterações à lei laboral
debaixo devem ir a votos Nuno Melo já tinha estavam convocados?”, questio- falta de tempo para marcar um
de fogo dito que o CDS devia nou Nuno Melo nas redes sociais, Congresso antes das eleições
PORTUGAL Apesar da dissolução olhar para as eleições referindo-se à crise interna que, legislativas. “No PSD foi possí-
AUDIÇÃO URGENTE da Assembleia da República estar do PSD como atualmente, se vive no CDS. vel marcar diretas para o dia
O PSD requereu uma em iminência, o PCP acredita E aproveitou para lançar crí- em que o CDS tinha marcado o
“audição urgente” que ainda há tempo para con-
exemplo a seguir. ticas à direção do partido. No seu congresso”, como tal, no seu
do ministro do Ambiente cluir o processo relativo ao pro- entender de Nuno Melo, “é evi- entender, “fica provado que a
e Ação Climática, João jeto de lei desenhado para com- “Alguém no seu bom juízo acre- dente” que “a conversa do inte- questão de não haver tempo
Pedro Matos Fernandes, bater a precariedade laboral e dita que se a atual direção achas- resse nacional resume-se a isso para fazer o Congresso do CDS
e do secretário de reforçar os direitos dos traba- se realmente que venceria o mesmo, conversa”. E, em segui- foi uma falsidade”.
Estado Adjunto e da lhadores, diploma que o PS aju- congresso marcado para 27 e da, frisou: “Puro pânico de per- Recorde-se que o Conselho
Energia, João Galamba, dou a viabilizar, na generalida- 28 de novembro, podendo esma- der o poder nas urnas, de quem, Nacional do partido, aprovou,
a propósito de eventuais de, em junho. Para o partido, ain- gar a dita oposição, o adiaria por isso, optou por uma inacei- no passado dia 30, o adiamen-
14 contratos de da há tempo para ser votado. para depois das legislativas, a tável demonstração de seques- to – para depois das eleições
concessão mineira - 24 horas da eleição de delega- tro da democracia interna.” legislativas – do congresso ele-
“referentes a projetos dos, deixando em polvorosa um Já este domingo, o também tivo do partido, que deveria
de prospeção ou Livre marca partido que até aí estava tran- eurodeputado centrista tinha realizar-se a 27 e 28 de novem-
exploração em vários congresso quilo, mas reage como era pre- considerado que o PSD provou, bro. Este cancelamento por
pontos do território visível à expropriação da pos- no sábado à noite, que são fal- proposta do presidente do par-
nacional” - que terão PORTUGAL O Livre abriu ontem sibilidade dos militantes faze- sos os argumentos invocados tido foi aprovado com 144 votos
sido assinados em o processo de primárias para rem as escolhas para que pela direção do CDS-PP sobre a favor (57,8%).
véspera de dissolução escolher os seus candidatos às
da Assembleia eleições legislativas antecipa- PUB

da República. das, marcadas para 30 de janei-

Considerando haver ro, tendo também agendado o
“falta de transparência XI Congresso do partido para 11
em mais este processo”, e 12 de dezembro. O Congresso
a bancada do PSD irá apresentar todos os seus can-
salienta ainda não didatos às eleições legislativas
compreender o “timing antecipadas de 2022 e aprova-
Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa
político destas decisões, rá o programa eleitoral. A 29 de
Juízo Central Cível de Lisboa - Juiz 16
sobretudo porque fica novembro serão divulgados os Palácio da Justiça, Rua Marquês de Fronteira
aparente a ideia de resultados finais. 1098-001 Lisboa
‘aprovação em bloco’ Tel.: 213846400 Fax: 211373579 Mail: lisboa.centralcivel@tribunais.org.pt
de projetos, à pressa,
antes de uma eventual PAN questiona ANÚNCIO
mudança” de Executivo. aulas de toureio Ação popular
Em representação dos consumidores de veículos ligeiros Fiat, Alfa Romeo e Jeep
RESPOSTA MOITA O PAN questionou o Gover- (motores diesel Euro 5 e Euro 6, até Euro 6c, matriculados em Portugal a partir de 1 de janeiro de 2009)
O secretário de Estado no sobre a realização de uma
Processo: 11400/21.2T8LSB Ação Popular N/Referência: 409140304
da Energia já tinha aula prática de toureio que se
Data: 06-10-2021
garantido que a realizou na praça de touros da
exploração mineira Moita e que envolveu crianças Autora: Associação Ius Omnibus
Réus: Fca Us, Llc e outros
não avança sem estar menores de 16 anos. Face a esta
concluída a avaliação situação, o grupo parlamentar Faz-se saber que nos autos de Ação Popular com o nº. 11400/21.2T8LSB acima identificados, em que é Autora Associação
Ius Omnibus, com sede em Second Home, Mercado da Ribeira, Avenida 24 de Julho, 1200-479 Lisboa e Rés Stellantis N.V.,
de impacte ambiental, pergunta às ministras da Cultu- sociedade comercial de Direito Neerlandês, com sede em Singaporestraat 92-100, Lijnden P7 1175 RA, Países Baixos; Fiat
que resulte numa ra e do Trabalho, Solidariedade Chrysler Automobiles Italy, S.P.A., sociedade comercial de Direito Italiano, com sede em Corso Giovanni Agnelli, 200, CAP
10135, Torino, Itália; FCA US, LLC, sociedade de Direito dos Estados Unidos da América, com sede em 1000 Chrysler Drive,
declaração favorável, e Segurança Social se tiveram Auburn Hills, MI 48326-2766, Estados Unidos da América e FCA Portugal, S.A., com sede em Portugal no Empreendimento
ou favorável conhecimento da ocorrência Lagoas Park, Edifício 15, piso 2, 2740 Porto Salvo são citados como titulares dos interesses nesta ação os consumidores de
veículos ligeiros Fiat, Alfa Romeo e Jeep, com motores FCA diesel Euro 5 e Euro 6 (até Euro 6c), vendidos em Portugal, ou
condicionada, rejeitando deste evento e quais as diligên- importados, e matriculados no país a partir de 1 de Janeiro de 2009, para, no prazo de 30 dias, passarem a intervir no processo
acusações sobre cias que irão ser tomadas. a título principal, querendo, aceitando-o na fase em que se encontrar e ainda para dentro do mesmo prazo, declararem nos
autos se aceitam ser representados pela Autora ou se, pelo contrário se excluem dessa representação, nomeadamente para o
contratos assinados efeito de não lhe serem aplicáveis as decisões proferidas.
recentemente. A ausência de declaração valerá como aceitação, sem prejuízo de recusa pelo representado até ao termo da produção de prova,
por declaração expressa no processo, tudo nos termos do nº 1 do art.º 15º da Lei nº 83/95.
Vereadora do PS A autora, além de outros, deduziu em nome de cada um dos supra indicados consumidores os seguintes pedidos:
AMBIENTALISTAS passa a independente - Indemnização numa quantia a determinar correspondente a 20% do valor base do total do veículo;
- Indemnização equivalente a € 2.600,00 por veículo ou redução do preço contratual de venda;
CONTRA - Subsidiariamente, indemnização correspondente a € 5.000,00 por cada veículo ligeiro Fiat, Alfa Romeo e Jeep.
Já no sábado, a Quercus PORTO A vereadora da Câmara Qualquer consumidor que pretenda intervir a título principal fica advertido que é obrigatória a constituição de mandatário
judicial.
tinha censurado a do Porto Catarina Santos Cunha ***
Mais faz-se saber pelo presente que será admitida a intervenção nos presentes autos, na qualidade de assistente, de qualquer
assinatura daqueles abandona o grupo de vereado- entidade, pública ou privada, cujo escopo seja a defesa dos direitos dos consumidores.
contratos de concessão res socialistas, pelo qual foi elei-
O Juiz de Direito,
da exploração de ta, e assume o estatuto de inde- Dr. João Paulo Raposo
minérios, entre os quais pendente por divergências com
A Escrivã Adjunta,
o da mina da Argemela, o líder concelhio do PS/Porto, Maria de Fátima Simões
sem estarem concluídos Tiago Barbosa Ribeiro. Uma
os processos de decisão que, de acordo com a Notas:
Solicita-se que na resposta seja indicada a referência deste documento
Avaliação de Impacte responsável, permite continuar As férias judiciais decorrem de 22 de dezembro a 3 de janeiro; de domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 de Julho a 31 de agosto.
Nos termos do art.º 40.º do CPC é obrigatória a constituição de advogado nas causas da competência de tribunais com alçada, em que seja
Ambiental. a “contribuir de forma constru- admissível recurso ordinário; nas causas em que seja admissível recurso, independentemente do valor; nos recursos e nas causas propostas nos
tribunais superiores.
tiva e participativa para o futu-
ro da minha cidade, o Porto”.

—9 novembro 2021 5
 A Radar //
Alguns utentes tiveram 200 pessoas à sua frente
Covid-19. Estádio
Universitário com filas no
arranque da casa aberta
Neste centro de vacinação, as filas chegaram às três horas de espera.
Os professores Manuel Carmo Gomes e Carlos Antunes dizem
que “é provável que estejamos a assistir ao início da 5.ª vaga”.
MARIA MOREIRA RATO
maria.rato@ionline.pt
No dia em que teve início o regi-
me de casa aberta para as pessoas
com 80 ou mais anos que quei-
ram ser inoculadas contra a gri-
pe e a covid-19, centenas de ido-
sos estiveram no Centro de Vaci-
nação do Estádio Universitário,
em Lisboa, sendo que as filas che-
garam às três horas de espera e
alguns utentes tiveram mais de
200 pessoas à sua frente.
“Antes de se dirigirem a um
centro de vacinação, devem con-
sultar o horário da casa aberta
do Centro de Vacinação da sua
residência e procurar, sempre
que possível, os períodos da tar-
de, que têm geralmente menos
afluência”, lembrou a Direção-
Geral da Saúde (DGS) num comu-
6 —9 novembro 2021
nicado enviado, no passado domin-
go, aos órgãos de informação.
Contudo, na capital, os idosos
optaram por aproveitar o arran-
que desta modalidade em vigor
num dos mais de 300 centros de
vacinação existentes no país.
Desde 26 de outubro, os uten-
tes que se inserem nesta faixa
etária já podem escolher a data,
bem como o local onde preten-
dem ser inoculados, através do
auto agendamento. Agora, tam-
bém desde esta segunda-feira, o
auto agendamento das pessoas
com 70 ou mais anos já está dis-
ponível. Este decorrerá por meio
do portal covid-19, onde é possí-
vel agendar a administração das
duas vacinas em simultâneo. “No
entanto, no Centro de Vacina-
ção, o utente poderá optar pela
toma de apenas uma delas”, infor-
mou a DGS, acrescentando que
os utentes continuarão a ser con-
vocados por SMS para a coad-
ministração ou somente para a
toma da vacina contra a gripe.
INÍCIO DA 5.º VAGA? Através do estu-
do “Covid-19 em Portugal: situa-
ção atual e perspetivas para o futu-
ro”, os professores Manuel Carmo
Gomes e Carlos Antunes, da Facul-
dade de Ciências da Universidade
de Lisboa (Ciências ULisboa), dei-
xaram claro que “é previsível que
neste outono e inverno em que
agora entramos, continuemos a
ter uma incidência diária de várias
centenas de casos e um pequeno
número de óbitos”.
Tendo situado o início do tex-
to, ao nível temporal, neste domin-
go, começaram por elucidar que
“a persistência de Rt>1 origina
crescimento exponencial da inci-
dência o qual é passível, em situa-
ção prolongada, de originar situa-
ções de elevada pressão hospi-
talar”. A título de exemplo, ontem
os valores da incidência e do rácio
de transmissibilidade (RT) foram
atualizados e constatou-se que
ambos os índices aumentaram
em todas as regiões de do país.
Ao analisarmos o boletim da DGS,
entendemos que Portugal tem
atualmente uma incidência de 116,9
casos por 100 mil habitantes nos
últimos 14 dias, constituindo este
um aumento considerável face à
As pessoas com
70 ou mais anos
podem proceder ao
auto agendamento
da vacinação
Carmo Gomes
e Antunes dizem se
este Rt se mantiver,
os casos duplicarão
a cada 30 dias
BRUNO GONÇALVES
incidência de 106,1 casos reporta-
do na sexta-feira, e Portugal con-
tinental de 116,4. Também o RT
subiu, situando-se tanto a nível
nacional como continental em 1,08.
Na sexta-feira, era de 1,04 em todo
o país e 1,03 no continente.
Devido a este panorama, os
investigadores avançaram que
estes dados “sugerem um ressur-
gimento apreciável da infeção,
sendo provável que estejamos a
assistir ao início da 5.ª vaga”, pois,
“nos últimos dias, o valor médio
do Rt tem-se situado acima de
1,1”. Na perspetiva de Carmo
Gomes e Antunes, se este Rt se
mantiver, o número de novos
casos deverá ter a tendência para
duplicar a cada 30 dias.
Na eventualidade de ser este o
cenário vivido, “poderemos che-
gar aos 2000 casos diários na
primeira metade de dezembro”.
Apesar de terem mencionado
que este agravamento da situa-
ção epidemiológica poderia ori-
ginar uma pressão sobre o sis-
tema hospitalar que se pode com-
parar com aquela que foi vivida
no período pré-vacinação, acre-
ditam que “o reforço vacinal dos
mais idosos nas próximas sema-
nas, se suficientemente rápido,
deverá compensar o decaimen-
to da proteção que tinham obti-
do por vacinação no início do
ano, permitindo que atravessem
o inverno com baixa probabili-
dade de contrair doença grave”.
 SOCIEDADE

Madeira
Famoso designer alemão Português
mata filho de 3 anos em desaparecido
Surto em Grândola e depois suicida-se na República
navio-cruzeiro Acidentes nas
cancela escala Homem teria ido va em Lisboa – cidade para a autoestradas caem Checa
buscar filho e falhou qual os dois se mudaram no ano
SURTO a data para o levar passado, após terem vivido em PORTUGAL A sinistralidade nas
Um surto de covid-19 de volta. Criança Londres – e o alemão tinha um autoestradas portuguesas dimi-
levou ao cancelamento escritório em Grândola. nuiu nos primeiros nove meses
da escala na Madeira
tinha sido dada Em comunicado, as autorida- do ano, apesar do aumento de
de um navio de cruzeiro.
como desaparecida. des avançam que os pais de Tas- tráfego, avançou a Associação
Dois mil passageiros so estão separados desde julho Portuguesa das Sociedades Con- Jovem foi visto
deveriam visitar o O corpo de um homem de 44 e que mantinham uma “rela- cessionárias de Autoestradas ou pela última vez na
Funchal, porém, foram anos e do filho de 3 foram ção conturbada” desde então. Pontes com Portagens (APCAP). madrugada de sábado.
detetados vários casos encontrados na localidade de Depois de o ter ido buscar, o De acordo com a entidade, em
de infeção a bordo. Mosqueirões, em Grândola, pai ficou de o entregar à mãe 2021 mantém-se a tendência de
Segundo o Jornal da durante a manhã de domingo no início da semana passada, diminuição da sinistralidade O Ministério dos Negócios Estran-
Madeira, o ‘Ventura’ por caçadores e populares. De dia 1 de novembro, mas como verificada em 2020. geiros garantiu, esta segunda-
ficou retido nas Ilhas acordo com as autoridades, o não cumpriu com o combina- feira, que está a acompanhar o
Canárias. O navio tinha homem – Clemens Weisshaar, do, a criança foi imediatamen- caso de um estudante português
chegada ao Funchal um famoso designer alemão – te dada como desaparecida. Hospital Lusíadas que está desaparecido na Repú-
prevista para as 8h00 terá morto o filho, Tasso, incen- “Clemens Weisshaar nasceu alvo de processo blica Checa. Segundo fonte da
da manhã de ontem diado o seu veículo com a crian- em Munique e, depois de um tutela liderada por Augusto San-
com saída para ça lá dentro, tendo depois dado estágio em metalurgia, estudou LISBOA A Entidade Reguladora tos Silva, citada pela Lusa, o
as 17h00. um tiro a si próprio. design de produto na Central da Saúde abriu um processo de Ministério “tem conhecimento
Clemens teria uma relação Saint Martins e na Royal Colle- contraordenação ao Hospital dos factos relacionados com o
DADOS conturbada com a mãe do filho, ge of Art, em Londres. Foi assis- Lusíadas de Lisboa por não cum- desaparecimento de um cida-
Segundo a mesma a estilista britânica Phoebe tente de Konstantin Gric por prir o regulamento no caso de dão português estudante na
publicação, Arnold, e terá alegadamente três anos, antes de fundar o pri- um doente com um acidente República Checa”.
12 passageiros de ido buscar o filho, ficando de meiro escritório de design em vascular cerebral que procurou E referiu: “Através da Embai-
um dos navios ontem o entregar no início da sema- 2000”, é possível ler na biogra- aquela unidade e não foi trata- xada em Praga e do Gabinete
acostados no porto do na passada, o que nunca che- fia disponível na sua página ofi- do. O documento da ERS refere de Emergência Consular, esta-
Funchal ficaram retidos, gou a acontecer. cial, sendo que, atualmente, era que no processo de triagem foi mos em contacto com a respe-
depois de terem testado Depois de Clemens ter ido proprietário de instalações em confirmado “um AVC a ter ain- tiva família”, acrescentando que
positivo para a covid-19. buscar Tasso e nunca mais ter Estocolmo, na Suécia, e em Grân- da lugar”, após a triagem o dia- tem acompanhado “todas as
Os passageiros foram voltado, Phoebe deu o alerta dola, no distrito de Setúbal. gnóstico foi de um “défice neu- diligências que as autoridades
encaminhados para às autoridades. A Polícia Judiciária está a rológico agudo”. policiais checas estão a reali-
uma unidade hoteleira Clemens e Phoebe estavam investigar o caso, não tendo, zar para identificar o paradei-
que tem esse protocolo juntos há cinco anos e tinham para já, emitido qualquer comu- ro desse cidadão”.
com o Serviço de Saúde decidido separar-se em julho nicado. As forças de seguran- Resíduos urbanos. Recorde-se que o estudante,
da Região Autónoma deste ano, reporta o Internewcast. ça suspeitam que o crime tenha Meta falhada do curso de Medicina, identifi-
da Madeira (SESARAM). A estilista, que ficou responsá- sido cometido há aproximada- cado como Tomás Alcaravela,
Aconteceu ainda outro vel pela guarda do filho, mora- mente três dias. PORTUGAL Portugal não alcan- de 20 anos, não será visto, segun-
surto num outro navio, çou em 2020 nenhuma meta do colegas e amigos, desde as
onde os 35 casos preconizada no Plano Estraté- 05h00 da madrugada de sába-
positivos detetados Perturbações na Fertagus gico para os Resíduos Urbanos. do. Tomás foi visto pela última
a bordo se recusaram A garantia está espelhada no vez a sair da discoteca NoLimit
a ficar na região, relatório anual dos resíduos para um apartamento na mes-
optando por cumprir urbanos, divulgado pela Agên- ma rua. De manhã já não se
o confinamento no cia Portuguesa do Ambiente encontrava no local e nunca
próprio navio, que (APA). Segundo o documento, mais foi visto.
seguiu viagem. os portugueses produziram mais No domingo, os amigos con-
resíduos que foram mais para tactaram as autoridades de Plzen
GIGANTE aterro, e não se chegou nem per- e comunicaram também o des-
Com capacidade para to das metas de reciclagem. aparecimento a associações de
quase 3600 passageiros, estudantes e à Embaixada de
o ‘Ventura’ seria o maior Portugal em Praga.
de todos os navios que Drogas. Portugal No mês passado, uma jovem
escalariam na Madeira em terceiro lugar portuguesa da mesma idade foi
neste último ano e meio encontrada morta na varanda
devido à pandemia. Mas PORTUGAL Portugal ficou em do 1.º andar da residência uni-
foi a mesma pandemia terceiro lugar na primeira edi- versitária da Universidade de
que lhe trocou as voltas ção do Índice Global de Políti- Educação Física de Varsóvia, na
e o navio cruzeiro segue cas de Drogas, que analisou as Polónia. A rapariga encontrava-
então diretamente estratégias de 30 países a nível se no país ao abrigo do Erasmus,
para Vigo. mundial face às drogas, numa onde estudava na Universidade
A greve parcial dos trabalhadores da Transtejo regis- perspetiva de alinhamento com de Tecnologia, localizada na mes-
as diretrizes das Nações Unidas. ma cidade onde foi encontrada
tou ontem, no primeiro período de interrupção, “uma Portugal fica com 70 pontos, atrás sem vida. De acordo com o Jor-
adesão de 71%”. A greve estende-se até dia 12. Também da Noruega (74) e da Nova Zelân- nal Express, a estudante tentou
dia (71). A lista inclui também entrar num dos dormitórios
o serviço regular dos Transportes Coletivos do Barrei- Moçambique (21) e Brasil, na daquela universidade para uma
ro pode sofrer “perturbações significativas”. José Sérgio última posição, com 26 pontos. festa, mas terá caído.

—9 novembro 2021 7
 SALÁRIOS
A Radar //

De acordo com Eugénio

Rosa, o salário mínimo
nacional cada vez mais
próximo do salário
médio do país
BRUNO GONÇALVES

Portugal está a VARIAÇÃO DO SALÁRIO MÉDIO E DO SALÁRIO

MÍNIMO NACIONAL E PORTUGAL
% SALÁRIO MÍNIMO

transformar-se num país

REMUNERAÇÃO SALÁRIO NACIONAL
BASE MÉDIA MÍNIMO DA REMUNERAÇÃO
ANOS MENSAL NACIONAL BASE MÉDIA MENSAL
2015 952€ 505€ 53,1%

de salários mínimos
2016 960€ 530€ 55,2%
2017 972€ 557€ 57,3%
2019 980€ 580€ 59,2%
2019 998€ 600€ 60,1%
2020* 1011€ 635€ 62,8%
2021* 1029€ 665€ 64,6%
2022* 1048€ 705€ 67,3%
AUMENTO EM €
2015/2022
96€ 200€ -

VARIAÇÃO EM %
O alerta é dado por Eugénio Rosa. Uma questão que ganha maiores 2015/2022
10,1% 39,6% 26,8%

contornos quando continua em cima da mesa o aumento do SMN para 2022.

SALÁRIO MINÍMO NACIONAL
EM PERCENTAGEM DO GANHO MÉDIO MENSAL EM PORTUGAL
SÓNIA PERES PINTO num país de salários mínimos crescimento económico e des- 70 68,4%
66,9% 67,1%
sonia.pinto@ionline.pt dá, como exemplo, 156 ofertas envolvimento será impossível. 65,3%
66,7%
de emprego disponíveis no IEFP Além disso, o país despende uma 65 63,2% 63,1%
61,9%
“Tem-se assistido nos últimos para engenheiros civis, eletro- parte importante dos seus recur- 60,8%
anos a uma grande preocupa- técnicos, mecânicos, agróno- sos em formar nas universida- 60

ção política em aumentar o salá- mos, etc., cujos salários ofere- des jovens altamente qualifica-
55
rio mínimo nacional, descuran- cidos, de acordo com o econo- dos que depois o abandonam e
do a atualização dos salários mista, na sua esmagadora vão contribuir para o desenvol-
50
dos trabalhadores mais quali- maioria variam entre 760 e mil vimento de outros países, por- 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
ficados, o que está a provocar euros. “Isto são remunerações que não encontram no seu país
fortes distorções salariais no brutas, antes de descontar para remunerações e condições de CUSTO HORA DO TRABALHO - 2020
país e a transformar Portugal o IRS e para a Segurança Social. trabalho dignas”.
num país em que cada vez mais Como é que o país assim pode Para Eugénio Rosa, uma subi- UE 27 28,5€
trabalhadores recebem apenas reter quadros qualificados?”, da muito elevada do salário míni- ZONA EURO 32,3€
o salário mínimo ou uma remu- questiona. mo nacional, sem que aumen- BÉLGICA 41,1€
neração muito próxima”. A E acrescenta: “Não são apenas tem os outros salários, agrava DINAMARCA 45,8€
garantia é dada pelo economis- estas ofertas de empregos com ainda mais as distorções sala- ALEMANHA 36,6€
IRLANDA 32,3€
ta Eugénio Rosa. salários muto baixos, divulga- riais. “A remuneração dos tra-
GRÉCIA 16,9€
Uma questão que ganha maio- dos no site de uma entidade balhadores mais qualificados é ESPANHA 22,8€
res contornos quando está pre- pública, que mostra o profun- um grave problema nacional FRANÇA 37,5€
visto que o salário mínimo nacio- do erro desta política de remu- que não tem merecido a devida ITÁLIA 29,8€
nal (SMN) aumente para os 705 nerações, com consequências atenção. A situação na adminis- LUXEMBURGO 42,1€
euros já em 2022. Uma subida dramáticas para inovação e tração pública com remunera- PAÍSES BAIXOS 36,8€
que continua a ser possível, uma modernização do país e para o ções praticamente congeladas ÁUSTRIA 36,7€
vez que a decisão depende ape- crescimento económico e des- desde 2009 é dramática, sendo PORTUGAL 15,7€
FINLÊNDIA 34,3€
nas do Executivo, que está ain- envolvimento de Portugal”, refe- quase impossível a contratação
SUÉCIA 37,3€
da com plenos poderes. rindo que “sem trabalhadores de trabalhadores altamente qua- ISLÂNDIA 38,9€
Para explicar este cenário de altamente qualificados essa lificados e com as competências NORUEGA 47,3%
que o país se está a transformar modernização e inovação, esse que necessita”, refere. FONTE: EUROSTAT

8 —9 novembro 2021
 PUB

—9 novembro 2021 9
 A Radar //


PSI20
+0,34%

Mercados

Euro
PSI 20
Stoxx 50
+0,34%
-0,24%

Índice 5663,71 Índice 4352,53

Variação em % Variação em %
Ano +13,43 Ano +22,11

FTSE IBEX 35
-0,05% -0,65%

Índice 7300,40 Índice 9070,80

Variação em % Variação em %
Ano +11,09 Ano +12,00

S&P500* DAX
+0,05% -0,05%

Ministro das Finanças está presente no primeiro encontro do Eurogrupo após chumbo do Orçamento BRUNO GONÇALVES Índice 4699,76 Índice 16046,52
Variação em % Variação em %

Leão defende revisão

Ano +27,10 Ano +16,90
Conselho de ministros das Finan- * ÀS 17H12
ças da UE (Ecofin) de terça-fei-
ra, até porque nesta fase a Comis-

das regras orçamentais

Melhores do PSI 20 Var. em %
são está ainda a analisar os ‘esbo- 1. Mota-Engil +3,40%
ços’ orçamentais que recebeu 2. Altri +3,00%
em meados de outubro, mas fon-

“amiga do crescimento”
“Precisamos de uma revisão da governação económica que
assegure que tenhamos capacidade de fazer os investimentos”.
SÓNIA PERES PINTO
sonia.pinto@ionline.pt
O ministro das Finanças defen-
deu ontem a revisão das regras
orçamentais europeias que seja
“amiga do crescimento”, à entra-
da para uma reunião do Euro-
grupo, em Bruxelas, que tem
em agenda a questão da gover-
nação económica. Esta foi a pri-
meira presença de João Leão
no grupo informal dos gover-
é o momento certo” para uma
reflexão ao nível europeu, antes
da anunciada reintrodução, em
2023, das regras de disciplina
orçamental previstas do Pacto
de Estabilidade e Crescimento
– suspensas desde 2020 devido
à crise da covid-19. “Já sabemos
que em 2022 as regras orçamen-
tais vão estar suspensas e que
vão voltar a vigorar em 2023.
Precisamos de uma revisão da
governação económica que seja
3. Sonae +2,26%
tes europeias admitiram ser 4. EDP Renováveis +1,81%
natural que João Leão aprovei- 5. Greenvolt +0,73%
te a deslocação a Bruxelas para
abordar a situação portuguesa Piores do PSI 20 Var. em %
com o executivo comunitário. 1. CTT -2,18%
Em 28 de outubro, um dia após 2. REN -1,96%
a reprovação do OE 2022 na 3. Ibersol -1,64%
Assembleia da República – o que 4. NOS -1,24%
levou o Presidente da República 5. Corticeira Amorim -0,84%
a anunciar, na passada quinta-
feira, a dissolução do Parlamen-
que assegure uma recuperação to e a convocação de eleições PSI-20 5 dias
da dívida pública que seja ami- legislativas antecipadas para 30 5900
5865
ga do crescimento”, disse. de janeiro do próximo ano –, o 5830
Leão lembrou ainda que este vice-presidente executivo Valdis 5795
5760
foi um tema que Portugal lan- Dombrovskis admitiu que eram 5725
çou, no final da presidência por- necessárias “consultas” com o 5690
5655
tuguesa do Conselho da UE, em Governo para decidir o caminho 5620
julho passado, no âmbito da a seguir, uma vez que o projeto 5585
5550
cimeira para a recuperação eco- orçamental que a Comissão tem 5818,21 5660,27 -2,79%
nómica da Europa, afirmando em mãos ficou “condenado”. 02/11/21 08/11/21
que “este é o momento certo” “Teremos agora de avaliar a
para “uma reflexão sobre como situação com as autoridades por-
alterar essas” regras de discipli- tuguesas relativamente ao esbo- Euro vs. dólar

nos da moeda única, desde o
chumbo parlamentar ao orça-
mento português.
Para o governante não há dúvi-
das: a temática da governação
económica europeia e da revi-
são das regras orçamentais é
“muito importante” e que “este
amiga do crescimento, que asse-
gure que tenhamos capacidade
de fazer os investimentos, desi-
gnadamente os investimentos
de natureza verde para comba-
ter as alterações climáticas, fun-
damentais para a Europa e para
o mundo, e ao mesmo tempo
na orçamental, antes da rein-
trodução em 2023.
Recorde-se que os projetos de
planos orçamentais dos Esta-
dos-membros para o próximo
ano não constam da agenda nem
da reunião dos ministros das
Finanças da zona euro, nem do
1,159
ço de plano orçamental para
2022 e decidir como proceder
ao certo, no sentido em que pre-
cisamos de compreender com
as autoridades portuguesas quais
são as perspetivas, quão cedo
poderá chegar o próximo orça- 1 euro 0,8546 libras esterlinas
mento”, disse, na altura. 1 euro 6,4343 reais brasileiros

10 —9 novembro 2021
 DINHEIRO

Comercial
OCDE. Rendimento Post-it
real das famílias
Investimento
per capita caiu 3,8%
POR SÓNIA PERES PINTO

imobiliário Mota-Engil quer

atingiu Como reclamar faturar mais em 2022
1173 milhões Redução deve-se per capita na área da OCDE no
segundo trimestre de 2021”.
do banco PORTUGAL A Mota-Engil quer
INVESTIMENTO
à “queda acentuada” Com exceção de três países, Por vezes surgem pro- reforçar até 2026 a sua dimen-
O investimento em no rendimento todos os Estados-membros da blemas entre o cliente são, elevando a faturação para
imobiliário comercial nos EUA. O Canadá OCDE registaram um aumento e o banco. Como deve mais de 3,8 mil milhões de euros
em Portugal atingiu os foi o país que registou do PIB per capita durante o segun- agir nestas situações? (1,4 mil milhões acima do que
1173 milhões de euros mais crescimento. do trimestre deste ano. Deve fazer queixa junto registou em 2020), assim como
até setembro deste ano, A partir do 4.º trimestre de 2019, da instituição financeira. melhorar as margens operacio-
de acordo com dados O rendimento familiar real per o rendimento familiar real per Por exemplo, se forem nais para “uma das melhores”
divulgados pela capita caiu 3,8% na Organização capita aumentou 3,6% na OCDE alteradas as condições na Europa e apostar no negócio
consultora JLL. para a Cooperação e Desenvolvi- como um todo, enquanto o PIB negociadas no crédito do ambiente, assume o grupo
mento Económico (OCDE) no real per capita diminuiu 0,9%. à habitação. Outra razão no seu novo plano estratégico
TENDÊNCIA segundo trimestre de 2021 após A OCDE afirma que o Canadá para reclamar é quando para o horizonte 2022-2026.
De acordo com um crescimento superior a 5% foi o país com maior crescimen- há movimentos não
o mesmo estudo da nos três meses anteriores, com a to do rendimento familiar real autorizados na conta
consultora, “mantendo organização a atribuir a quebra per capita face ao último trimes- bancária ou se o banco Taxas. Fed aponta
este ritmo de aceleração à “queda acentuada” no rendi- tre de 2019, com 9,4%, seguin- cobrar serviços que para possível subida
e considerando mento nos EUA. do-se os EUA (6,2%), que entre o cliente não pediu.
a maior apetência “A grande dimensão dos estí- as principais economias foi a Em qualquer destas EUA O banco central norte-ame-
dos investidores para mulos fiscais tornou os Estados única a ter um aumento do PIB situações deve primeiro ricano pode começar a subir as
diversificarem os seus Unidos num contribuinte fun- real per capita (0,2%). tentar resolver o proble- taxas de juro “até ao fim de 2022”
alvos de investimento damental para o aumento do Feitas as contas, foram regis- ma diretamente com se a economia continuar na sua
quer no tipo de imóveis rendimento familiar na OCDE”, tados aumentos do rendimen- o banco, seja no balcão trajetória, declarou Richard Cla-
quer nas localizações”, refere o documento. Ainda assim, to real das famílias no Canadá ou através dum formulá- rida, vice-presidente da institui-
possivelmente no fim do mesmo com a exclusão dos EUA, (1,4%), França (0,6%), Alemanha rio online. A vantagem ção, afastando uma subida a cur-
ano serão alcançados “o rendimento familiar real per (0,2%) e Itália (0,1%). de apresentar queixa to prazo. O mesmo responsável
“os 2500 milhões de capita continuou a crescer des- O Canadá (-0,5%) foi o único por escrito é que esta apontou para um abrandamen-
euros transacionados”. de o início da pandemia, mas o país das sete maiores economias fica como prova. Só to da inflação para 2,3% até finais
crescimento tem sido simulta- da OCDE a registar uma redu- depois devia apresentar do próximo ano. Quanto à taxa
MAIORES neamente mais suave e mais ção trimestral do PIB per capi- queixa no livro de recla- de desemprego, considerou que
TRANSAÇÕES contido, mantendo a sua ten- ta, havendo crescimento no Rei- mações ou diretamente deve recuar para 3,8% durante
Do montante dência a longo prazo”, apesar no Unido (5,3), Itália (2,8%), Ale- no Banco de Portugal. o ano de 2022.
transacionado no desta redução. manha (1,9%), EUA (1,6%), França Além disso, todos os
terceiro trimestre, 53% A nota refere que “o declínio (1,2%) e Japão (0,5%). Em con- bancos são obrigados
diz respeito “à transação real do rendimento per capita trapartida, registaram-se que- a terem um livro de Repsol investe 42,5
de ativos de escritórios dos rendimentos familiares ocor- das maiores na Grécia (-4%), reclamações. Também milhões de euros
e outros 41% de ativos reu apesar do aumento de 1,6% Hungria (-2,7%), Países Baixos aqui a situação fica
hoteleiros”, indicou a do PIB [produto interno bruto] (-2,1%) e Espanha (-2,1%). registada. Já se quiser PORTUGAL A Repsol vai investir
JLL. “Uma das maiores apresentar a reclamação 42,5 milhões de euros na insta-
transações do trimestre diretamente ao Banco lação de 610 pontos de carrega-
diz respeito à venda Criptomoedas em alta de Portugal pode escre- mento elétricos nas suas esta-
de um ‘portfolio’ de 15 ver uma carta, um email ções de serviço de Portugal e
edifícios de escritórios ou utilizar o formulário Espanha, no âmbito do objeti-
na Quinta da Fonte, por online. vo de ser uma empresa neutra
150 milhões de euros”, em carbono até 2050. “Este inves-
salientando que no timento está alinhado com o
“segmento de escritórios objetivo da Repsol de alcançar
destaca-se ainda a Todos os bancos os mil pontos de carregamento
venda do edifício JQ1, são obrigados elétricos na rede pública até o
na zona oriental de a apresentarem final de 2022”, diz a empresa.
Lisboa, por 98 milhões um livro de
de euros”. reclamações
No setor hoteleiro, por AHRESP pede
outro lado, “a transação urgência dos apoios
de vários ativos de
primeira linha, como PORTUGAL A AHRESP reforçou
os hotéis Tivoli Vilamoura a necessidade de os apoios já
e Carvoeiro, por 148 aprovados pelo Governo chega-
milhões de euros, rem às empresas, consideran-
provam que este do que é importante que a cri-
mercado está a se política se resolva de modo a
recuperar a bom ritmo haver um “quadro de estabili-
depois da quebra dade social e económica” nos
do turismo”. O mercado da criptomoedas começou a semana em alta. próximos meses. E diz que é
A bitcoin valorizava ontem para perto de um máximo de “necessário que as empresas
estejam preparadas e capitali-
três semanas, altura em que a moeda digital atingiu um zadas para fazer face aos desa-
máximo de sempre, nos 67016 dólares. Dreamstime fios que se colocam”.

—9 novembro 2021 11
 A Radar //
Atacante argelino tem autorização de residência italiana
França. Polícia atacado
por homem que “agiu
em nome do profeta”
Um policia francês foi atacado por um extremista islâmico
e as autoridades tentam determinar as causas do ataque.
HUGO GEADA
hugo.geada@ionline.pt
Um polícia francês foi atacado
à frente da sua esquadra, em
Cannes, esta segunda-feira, por
um homem que empunhava
“uma arma branca” e que afir-
mou ter agido “em nome do pro-
feta”, numa altura em que o Pre-
sidente Emmanuel Macron ten-
ta persuadir os eleitores do país
que está a controlar os proble-
mas de segurança do país.
Um dos agentes, que se encon-
trava no interior de um veícu-
lo de serviço, foi “salvo porque
usava um colete anti bala”, afir-
12 —9 novembro 2021
maram fontes da polícia de
Cannes.
O atacante ainda tentou ferir
um segundo agente da polícia,
no entanto, foi baleado por um
terceiro agente, que o deixou
em estado grave.
“As ‘pistas’ terroristas estão a ser
consideradas”, disse o ministro
francês do Interior, Gérald Darma-
nin, através de uma mensagem,
acrescentando que, entretanto, “o
agressor foi neutralizado”.
O suspeito é natural da Argé-
lia, possui uma licença de resi-
dência italiana e nasceu em 1984,
afirmam meios de comunica-
ção franceses, que acrescentam
existir, não só, uma maior pro-
teção dos agentes da autorida-
de, mas também para serem
aplicadas penas de prisão mais
duras aos atacantes.
No dia 23 de abril, uma assis-
tente administrativa da polícia
foi assassinada por um atacan-
te – um tunisino de 36 anos que
acabou por ser baleado pelas
forças de segurança – que a esfa-
queou à entrada da estação de
polícia, em Rambouillet, nos sub-
úrbios de Paris.
Em outubro de 2019, três agen-
tes e um trabalhador de esqua-
dra da polícia em Paris foram
esfaqueados até à morte no seu
local de trabalho por um mem-
que a sua existência era “desco-
nhecida” para as autoridades de
França.
O atacante foi gravemente feri-
do por outro agente da polícia O ataque acontece
que deixou o suspeito em “con- quando Macron
dições sérias” de saúde, escre-
ve o France 24.
tenta garantir
“Podemos dizer com alívio que, aos eleitores que
apesar de existir graves danos o país é seguro
psicológicos, nenhum agente da
polícia foi ferido”, disse o minis-
tro do Interior. Coincide também
Nos últimos anos, os polícias com o julgamento
franceses tem sido alvos de ata-
ques de extremistas islâmicos,
do único
algo que levou a que fossem sobrevivente que
feitos diversos pedidos para atacou o Bataclan
NICOLAS TUCAT/AFP
bro radicalizado pelo Estado
Islâmico.
Os mais recentes ataques em
Cannes acontecem sob o signo
das eleições presidenciais fran-
cesas de 2022, onde uma das
principais preocupações da popu-
lação são a prevenção de crimes
violentos e do terrorismo.
Macron está a tentar mostrar
aos franceses que a França ain-
da é um país seguro, seis meses
antes das eleições presidenciais,
onde a extrema-direita e a fação
conservadora são uma das maio-
res ameaças para a sua reeleição.
Éric Ciotti, um dos seis candi-
datos do Les Républicains às pri-
márias presidenciais do partido,
que tenta “roubar” o lugar de
Macron no centro-direita da polí-
tica francesa, acusou o inciden-
te de se tratar de um “ataque ter-
rorista”, apesar das autoridades
ainda não o terem classificado
de tal forma, escreve a Reuters.
O ataque coincide ainda com
o julgamento de Salah Abdes-
lam, o único membro sobrevi-
vente da célula do Estado Islâ-
mico que levou a cabo os ata-
ques com armas e bombas a
bares, restaurantes, a sala de
espetáculos Bataclan, durante
o concerto do grupo Eagles of
Death Metal, e o estádio Stade
de France a 13 de novembro de
2015, que matou 130 pessoas.
 MUNDO

Singapura Covid-19. Taxa de incidência

Executar
na Alemanha atinge novo máximo
preso com “Fraude”
dificuldades Elevada taxa de 67,1% da população vacinada, mã de Professores (Deutsche nas eleições
intelectuais incidência é justificada enquanto, em comparação, Por- Lehrerverband) alertou para
pelo baixo número tugal regista uma taxa de 88%, uma “perda de controle sobre NICARÁGUA Milhares de nicara-
SINGAPURA de pessoas vacinadas e Espanha chega aos 81%. a pandemia nas escolas”. O peri- guenses manifestaram-se domin-
As autoridades de “Para os não vacinados, há um go é “imenso”, afirmou o pre- go em vários países contra o que
Singapura planeiam
na Alemanha. risco elevado de serem infeta- sidente da associação, Heinz- consideram ser uma “fraude”
executar, na próxima dos nos próximos meses”, adver- Peter Meidinger, citado pela nas eleições no país, nas quais
semana, um preso com A taxa de incidência acumula- tiu o chefe do Instituto Robert Deutsche Welle. o Presidente Daniel Ortega pro-
dificuldades intelectuais da de casos de covid-19 na Ale- Koch, Lothar Wieler. De forma a evitar este “peri- cura atingir o quarto mandato
por ter entrado no país manha nos últimos sete dias Face a este aumento de casos go”, o presidente da associação consecutivo. Ortega foi reeleito
com uma pequena atingiu, esta segunda-feira, um e também ao elevado número defendeu que devia ser manti- para um quinto mandato de cin-
quantidade de droga, novo máximo desde o início de de infeções entre crianças e da a obrigatoriedade do uso de co anos, com 74,99% dos votos,
denunciaram pandemia, com 201,1 casos de adolescentes, a Associação Ale- máscaras nas escolas. “Há casos segundo os primeiros resulta-
organizações covid-19 por 100 mil habitantes. de covid longa também entre dos parciais oficiais.
não-governamentais Esta é a primeira vez que a crianças. Apesar das máscaras
de defesa dos direitos taxa fica acima de 200, sendo o serem incómodas, geralmente,
humanos. anterior pico de 197,6 contágios os alunos e alunas não têm pro- Tribunal
por 100 mil habitantes, regista- blemas com elas”, disse Meidin- rejeita recurso
PROBLEMAS MENTAIS do a 22 de dezembro de 2020, ger em entrevista à Redaktions-
O malaio Nagaenthran em plena segunda vaga da pan- netzwerk Deutschland. RÚSSIA Um tribunal de apela-
Dharmalingam foi preso, demia no país. O estado mais afetado do país ção russo rejeitou o recurso do
em abril de 2009, com Nas últimas 24 horas, as auto- Elevado número é a Saxónia, onde existe a maior preso norte-americano Paul
42,72 gramas de heroína ridades sanitárias alemãs con- de infetados levou incidência acumulada na Ale- Whelan contra a decisão de recu-
encontrados durante
um controlo fronteiriço.
tabilizaram 15.513 novos casos
e 33 mortos, elevando o total de
escolas a pedir manha, com 491,3 novas infe-
ções por 100 mil habitantes, o
sa do seu pedido de transferên-
cia para o cumprimento da pena
Um ano mais tarde foi casos ativos para 306 mil. a obrigatoriedade dobro do resto do país. Em res- de 16 anos nos EUA. Paul Whe-
condenado à morte A taxa de vacinação no país é da máscara posta à nova onda de infeções, lan foi condenado por espiona-
por um tribunal da inferior a 70%, o que levou as as autoridades da região anun- gem. Os advogados do ex-fuzi-
cidade-Estado. Durante autoridades a apelarem à popu- ciaram que vão restringir o aces- leiro naval disseram que vão
o processo judicial, lação para se vacinar. O minis- Saxónia vai so a restaurantes e eventos em apelar da sentença junto de um
a avaliação psicológica tro da Saúde alemão chegou restringir acesso recintos fechados, passando a tribunal de cassação e não des-
determinou que
o acusado sofre de
mesmo a afirmar que o país
vive uma “pandemia dos não
a restaurantes exigir a partir desta segunda-
feira a apresentação de um cer-
cartaram recorrer ao Tribunal
Europeu de Direitos Humanos.
problemas mentais e vacinados”. e a eventos em tificado de vacinação ou de recu-
dificuldades intelectuais, A Alemanha possui apenas recintos fechados peração da doença.
afirmou a ONG, Von der Leyen vai ser
International Federation recebida por Biden
for Human Rights (FIDH). Protestos contra reintrodução de restrições
UE A presidente da Comissão
PENA DE MORTE Europeia, Ursula von der Leyen,
Em 2019, Singapura vai ser recebida por Joe Biden,
realizou a última na Casa Branca, na próxima
execução registada, quarta-feira. O anúncio foi fei-
por enforcamento, to durante a conferência de
de quatro presos, imprensa diária da Comissão,
dois dos quais eram com a porta-voz Dana Spinant
toxicodependentes, a adiantar que Von der Leyen
de acordo com a FIDH. e Biden deverão abordar “um
Singapura e Malásia, leque alargado de questões”, no
que também aplica quadro da parceria entre a UE
a pena de morte, e os EUA.
defendem que a pena
capital é uma medida
dissuasora contra Polónia aceita aborto
o tráfico de droga, em caso de risco
homicídios e outros
crimes, sendo alvo de POLÓNIA O Ministério da Saúde
críticas de organizações polaco emitiu instruções aos
de defesa dos direitos médicos para interromperem
humanos. uma gravidez quando a saúde
ou vida da mulher estiver em
perigo, diretiva que surge num
momento de confusão sobre
novas restrições à lei de aborto.
Pelo menos 25.000 pessoas protestaram, esta segunda-feira, em Haia contra a reintro- O documento, dirigido a obste-
dução de medidas contra a covid-19 nos Países Baixos, numa altura em que o país regis- tras, vem na sequência da mor-
te de uma jovem grávida, no hos-
tou 11.398 novos positivos nas últimas 24 horas. A distância social, uso de máscara e pital em Pszczyna devido a um
exigência do passe covid-19 são algumas das medidas adotadas. Robin van Lonkhuijsen/AFP choque sético.

—9 novembro 2021 13
Ambiente

ZOOM //
B
COP26 E O “DOMÍ
DA INDÚSTRIA
DOS COMBUSTÍVE
FÓSSEIS

14 —9 novembro 2021
 Depois de analisarem o número de acreditações
para a cimeira do clima, os ativistas da Global
Witness, chegaram até uma conclusão no mínimo

ÍNIO”
“surpreendente”: o número de participantes ligados
aos combustíveis fósseis é maior do que o total
combinado das oito delegações dos países
mais afetados pelas alterações climáticas.
Estaremos nós diante de uma cimeira
do clima ou apoderaram-se as indústrias
dos combustíveis fósseis deste encontro?
TEXTOS Sara Porto

EIS
FOTOGRAFIA Dreamstime

—9 novembro 2021 15
 B Zoom // Ambiente
COP26.
Cimeira do
Clima ou “ponto
de encontro”
das indústrias
de combustíveis
fósseis?
Se há organizações não-governamentais que se têm
queixado de falta de acesso à cimeira do clima de 2021,
esse não é o caso de associações e empresas ligadas à
industria de combustíveis fósseis. Segundo uma avaliação
da Global Witness, existem mais delegados ligados a estas,
do que os próprios membros de cada nação.
SARA PORTO
sara.porto@ionline.pt
A vigésima sexta cimeira da Conferên-
cia das Nações Unidas sobre as Mudan-
ças Climáticas (COP) que tem vindo a
decorrer há já uma semana — e com
duração até 12 de novembro — em Glas-
gow, na Escócia, foi projetada com expec-
tativa, já que foi também entendida como
“a última solução para evitar danos catas-
tróficos para o planeta”.
Contudo, ao que parece, já estão a acon-
tecer algumas coisas “dissonantes” daqui-
lo que se poderia esperar de uma cimei-
ra do clima. Numa semana que foi mar-
cada pela presença dos líderes mundiais
e, ao mesmo tempo, pelas queixas das
organizações não-governamentais de fal-
ta de acesso à cimeira, muitos manifes-
tantes exigiram o fim dos combustíveis
fósseis, com o intuito de chegar à dimi-
nuição das emissões de gases com efeito
de estufa. Além disso, o encontro come-
çou de forma “atribulada”, por não con-
tar com o Presidente chinês, Xi Jinping
(a China é o maior poluidor mundial, res-
ponsável por quase um terço das emis-
sões de dióxido de carbono), ou o russo,
Vladimir Putin. Mas o facto mais surpreen-
dente, faz-nos quase esquecer essas ausên-
cias, já que, ao que parece, foram “subs-
tituídas” por outras um pouco “desloca-
das” do próprio objetivo do encontro.
A “LIDERANÇA” DA INDÚSTRIA DOS COM-
BUSTÍVEIS FÓSSEIS Segundo uma avalia-
ção realizada pelos ativistas da Global
16 —9 novembro 2021
Witness, a indústria dos combustíveis
fósseis está em peso na 26.ª Conferên-
cia das Partes da Convenção-Quadro das
Nações Unidas para as Alterações Cli-
máticas (COP26).
Em tom de alerta, os ativistas revelaram
que há 503 pessoas com ligações à indús-
tria dos combustíveis fósseis, um núme-
ro superior ao total de delegados brasi-
leiros, que são 479 (o Brasil é o país com
o número mais elevado de participantes).
Segundo a avaliação realizada, na cimei-
ra encontram-se mais de 100 empresas
ligadas aos combustíveis fósseis e ainda
30 associações comerciais e organiza-
ções associativas. O número de delega-
dos associados a este setor é, por isso,
maior do que o total combinado das oito
delegações dos países considerados por
algumas análises os mais afetados pelas
mudanças climáticas nos últimos 20
anos, como é o caso de Porto Rico,
Mianmar, Haiti, Filipinas, Moçambique,
Bahamas, Bangladesh, Paquistão.
UM LOBBY? “A indústria de combustíveis
fósseis passou décadas a negar e atrasar
uma ação real sobre a crise climática, e
é por isso que este é um problema tão
grande”, disse Murray Worthy da Glo-
bal Witness à BBC, acrescentando que
“a influência destes delegados é uma das
maiores razões pelas quais 25 anos de
negociações climáticas da ONU não leva-
ram a cortes reais nas emissões globais”.
Após analisarem a lista provisória das
cerca de 40 mil acreditações das Nações
Unidas para esta cimeira, os investiga-
dores, que trabalharam em conjunto
com Corporate Accountability e a Cor-
porate Europe Observatory (CEO), dete-
taram que as pessoas ligadas a esta indús-
tria são membros das delegações do Bra-
sil, do Canadá e da Rússia. Os membros
da Global Witness, acreditam ainda que
“esses delegados fazem lobby pelas indús-
trias de petróleo e gás, devendo ser proi-
bidos de comparecer”.
Tanto a Global Witness, como a Cor-
porate Accountability e outros que rea-
lizaram a avaliação, definem um “lobis-
ta de combustíveis fósseis” como alguém
que faz parte de uma delegação de uma
associação comercial ou que é membro
de um grupo que representa os interes-
ses de empresas de petróleo e gás. Por
essa razão, no seu entender, ao todo iden-
tificaram, na cimeira, “503 pessoas empre-
gadas ou associadas a esses interesses”.
Um dos maiores grupos identificados
foi a International Emissions Trading
Association (IETA), com 103 delegados
presentes, incluindo três pessoas da
empresa de petróleo e gás BP.
De acordo com a Global Witness, a IETA
é apoiada por muitas grandes empresas
de petróleo que “promovem a compensa-
ção e o comércio de carbono como uma
forma de permitir que continuem a extrair
petróleo e gás”. “Esta é uma associação que
tem um número enorme de empresas de
combustíveis fósseis como membros. A
sua agenda é impulsionada por essas empre-
sas e atende aos interesses das mesmas”,
contou Worthy. “Estamos diante de uma
apresentação de falsas soluções que pare-
cem ser uma ação climática, mas na ver-
dade preservam o status quo e nos impe-
dem de tomar ações claras e simples para
manter os combustíveis fósseis no solo que
sabemos serem as verdadeiras soluções
para o clima crise”, defendeu.
Interrogada pelo i se estes números a
surpreenderam, Inês Sousa Real, atual
líder do PAN, admite que não: “Basta
pensarmos que esta é a vigésima sexta
cimeira do clima, ou seja, há 25 anos que
andamos a debater a necessidade de pro-
ceder à descarbonização e à redução da
utilização da energia movida a combus-
tível fóssil, sem que o mesmo aconteça”,
afirmou a deputada, acrescentando que
“isso demonstra que não tem existido
um efetivo compromisso que resulte des-
te tipo de cimeiras”.
Para Inês Sousa Real “os atores que
possam, de alguma forma, representar
os setores da produção energética tam-
bém deviam ser chamados a este deba-
te, porque também eles vão conseguir
promover a transição dos modos de pro-
dução de energia assim como a recon-

versão das várias atividades (aqui não
falo apenas dos combustíveis fósseis, mas
também das centrais de energia produ-
zidas a carvão)”. “É fundamental nós
transformarmos esta cimeira numa for-
ma de greenwashing e de alguma forma,
branquear aquilo que são as políticas
internacionais, em torno da necessida-
de de combater as alterações climáti-
cas”, frisou a líder do PAN.
“Os delegados que fazem
lobby pelas indústrias
de petróleo e gás,
deviam de ser proibidos
de comparecer”
“O lobby está muito
presente quer na COP
quer na Assembleia
da República”,
afirma Inês Sousa Real
À BBC, a IETA afirmou que existe para
“encontrar os meios mais eficientes com
base no mercado para reduzir as emis-
sões”, tendo como membros, não só
“empresas de combustíveis fósseis, mas
também uma série de outros negócios”.
“Temos escritórios de advocacia, desen-
volvedores de projetos, incluindo pessoas
que estão a trabalhar sobre e com tecno-
logia limpa no mundo todo, eles também
são membros da nossa associação”, elu-
cidou Alessandro Vitelli, porta-voz da
IETA. “Há um processo de transição em
andamento e os mercados de carbono
são a melhor maneira de garantir que
essa transição aconteça”, defendeu.
A SOLUÇÃO PARA O “FIM” DOS LOBBYS Os
ativistas argumentam ainda que a Orga-
nização Mundial da Saúde não levou a
sério a proibição do tabaco “até ao momen-
to em que todos os lobistas da indústria
tivessem sido banidos das reuniões da
OMS”. E por isso, defendem que devia
acontecer o mesmo às empresas de petró-
leo e gás da COP.
“Apesar de admitirem abertamente que
aumentaram a sua produção de gás fós-
sil, empresas como a Shell e BP estão
dentro destas negociações”, alertou Pas-
coe Sabido, do Corporate Europe Obser-
vatory. “Se queremos realmente aumen-
tar a ambição, então os lobistas dos com-
bustíveis fósseis têm que ser excluídos
das negociações”.
Tal como os ativistas da Global Witness,
Inês Sousa Real, fala de lobby: “O lobby
está muito presente quer na COP, quer-
na Assembleia da República através
daquilo que nos chega quotidianamen-
te aos gabinetes. Há de facto um lobby
por parte das indústrias energéticas, uma
presença muito significativa destes ato-
res naquilo que é a tentativa de proxi-
midade com o poder político e o poder
decisório”, revelou a líder do PAN, que
acredita que “aquilo que temos de fazer
é preocuparmo-nos com o bem comum
e com a saúde do planeta”. “Isso é que
tem de estar à frente dos interesses eco-
nómicos destas grandes multinacionais”.
Apesar disso, a também jurista acredi-
ta que, por um lado, “é necessário que
se dê aqui um envolvimento dos vários
atores, inclusive dos privados, no senti-
do de incentivar a transição sobre os
modos de produção’’.“Aquilo que era
importante que resultasse desta cimei-
ra era uma presença assídua dos vários
líderes mundiais e o compromisso dos
mesmos…”, explica, apontando a ausên-
cia do primeiro-ministro António Costa.
“De facto, parece-nos que a COP não está
a corresponder àquilo que era a expec-
A Conferência das Partes
(COP) é o órgão de tomada
de decisões da
Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre
Alterações Climáticas,
o tratado que resultou da
Cimeira da Terra realizada
no Rio de Janeiro em 1992
OLI SCARFF/AFP
tativa através da qual foi criada. Basta
ver os movimentos dos cidadãos que já
têm saído à rua para se manifestarem
para perceber que há aqui uma neces-
sidade de surgirem outro tipo de even-
tos, ou outro tipo de compromisso, por-
que os que estão agora a ser assumidos
não servem a necessidade de um maior
compromisso dos diferentes estados das
nações no sentido de promover a tran-
sição energética que não deve ser até
protelada no tempo”, elucidou a depu-
tada. “É urgente que se ponha já fim ao
uso dos combustíveis fósseis. Hoje é mais
barato produzir, por exemplo, energia
solar do que combustível fóssil. A tran-
sição energética pode ser benéfica e pode
existir para os países criarem postos de
trabalho. E é um passo que todos deve-
mos dar se queremos, de facto, garantir
um planeta para as presentes e futuras
gerações”, rematou.
Os combustíveis fósseis e a urgência
de encontrar alternativas têm sido temas
recorrentes na COP26 e, na primeira
semana da cimeira, mais de vinte paí-
ses e instituições, incluindo Portugal, já
se comprometeram a “deixar de finan-
ciar projetos de combustíveis fósseis no
estrangeiro até ao fim do ano de 2022”.
De fora desta resolução ficaram países
como a China ou a Rússia.
—9 novembro 2021 17
 B Zoom // Turismo
Algarve.
Um fim
de semana
em grande
Além do Moto GP, foram várias as provas desportivas
que deram ao Algarve vários motivos para sorrir este
fim de semana. O sol brilhou e o público disse ‘presente’.
As perspetivas para a retoma são as melhores e agora
é esperar que a pandemia continue a ajudar.
DANIELA SOARES FERREIRA
daniela.ferreira@ionline.pt
As imagens das televisões não deixam
margem para dúvidas: o Algarve encheu
para deixar passar o Moto GP e a região
parece estar a viver uma das melhores
fases deste o início da pandemia de covid-
19, em março de 2020.
Para João Fernandes, presidente do Turis-
mo do Algarve, a certeza é uma: este fim
de semana correu “muitíssimo bem” para
uma região fortemente afetada pela pan-
demia. A procura para o Moto GP foi mui-
to boa: “Tivemos 43 mil bilhetes vendidos
e próximo das 70 mil entradas durante o
fim de semana. Tivemos naturalmente
muitos portugueses mas também muitos
espanhóis, ingleses, franceses... até porque
o piloto que se sagrou campeão é francês,
Fabio Quartararo”, diz João Fernandes.
Ainda sobre esta prova, que trouxe ao
Algarve uma estrela do desporto quase
em fim de carreira – Valentino Rossi – o
responsável pelo turismo algarvio diz
que chegaram alguns italianos à região.
Mas não só. “O que se via era muitos
adeptos do Rossi mas o Rossi é o melhor
corredor de todos os tempos, por isso,
tem adeptos que não são italianos”.
Na mesma linha de pensamento está
Elidérico Viegas, presidente da Associa-
ção dos Hotéis e Empreendimentos Turís-
ticos do Algarve (AHETA) que diz que
“o balanço destes eventos é sempre posi-
tivo porque para além de atrair um núme-
ro elevado de espetadores, são eventos
que têm uma grande projeção interna-
cional” e, por isso, “funcionam tão bem
como meios privilegiados e promoção e
divulgação da região no exterior”.
18 —9 novembro 2021
Ao i, o responsável defende que “as uni-
dades hoteleiras e de empreendimentos
turísticos que estão na área de influência
do autódromo, designadamente na zona
de Portimão, Praia da Rocha, Alvor, Lagos,
etc, tiveram ocupações elevadas naquelas
unidades hoteleiras que receberam as
equipas, os sponsors, os jornalistas, todo
aquele círculo que acompanha esta pro-
va e obviamente que isso teve reflexos tam-
bém depois nas receitas e não apenas nos
hotéis e empreendimentos mas também
da restauração e do comércio em geral
uma vez que os espetadores que vêm assis-
tir às provas acabam depois por consumir
um pouco por toda a região mas sobretu-
do naquela zona próxima do autódromo”.
Feitas as contas, não há dúvidas: o even-
to foi “muito bom”. E a justificação é sim-
ples: “Estas coisas são muito positivas, são
“Unidades hoteleiras
e empreendimentos
na área de influência
do autódromo tiveram
ocupações elevadas”
“É preciso que estes
eventos se afirmem
progressivamente nos
calendários europeus
das grandes realizações”
eventos que se inserem naquela estraté-
gia que temos vindo a defender de dotar o
Algarve de meia dúzia de eventos âncora
nos períodos de menor procura para que
possam gerar fluxos turísticos importan-
tes por um lado, e depois terem a tal cober-
tura mediática internacional que promo-
ve a região e, portanto, nessa perspetiva, é
preciso garantir que estes eventos têm con-
tinuidade no futuro”, diz Elidérico Viegas
acrescentando que “o que é preciso não é
que estes eventos se realizem apenas um
ano ou dois mas que se afirmem progres-
sivamente nos calendários europeus das
grandes realizações. Europeus e mundiais”.
Apesar de referir que o Moto GP não é
“propriamente a Fórmula 1”, o presiden-
te da AHETA nota que “não deixa de ser
um evento de dimensão internacional e,
portanto, cumpre aqueles objetivos que
se pretende para a região”.
Mas foram os portugueses a “salvar” o
fim de semana? Não só. Segundo Elidéri-
co Viegas, apesar de termos “assistido
sobretudo este ano” a uma enorme pro-
cura portuguesa, “já o ano passado isso se
havia verificado nos meses de verão mas
este ano mais, uma subida exponencial
da procura por parte dos portugueses que
influenciaram positivamente as ocupa-
ções. Contribuíram sobretudo em agosto,
setembro e mesmo em outubro para a
melhoria exponencial das taxas de ocupa-
ção comparativamente a 2020 mas ainda
se encontram abaixo de 2019”.
OUTROS EVENTOS IMPORTANTES Mas a
verdade é que o Algarve não recebeu ape-
nas o Moto GP este fim de semana. “Tínha-
mos a decorrer o Portugal Master, o Moto
GP, o triatlo internacional e uma prova
de hipismo muito importante, o Vilamou-
ra Champions Tour, que tem expressão
ao nível mediático internacional e real-
mente correu tudo bastante bem”, diz
João Fernandes. A título de exemplo, o
responsável atira que no Portugal Mas-
ter, existiram 24 mil espetadores em qua-
tro dias, “o que é muito bom sobretudo
para este reinício do golfe”. “Estamos a
falar de uma prova que chega a quase 500
milhões de lares e cujo o retorno mediá-
tico está estimado em 63 milhões de euros,
o que é naturalmente muito relevante
sobretudo porque é sobre o produto turís-
tico que mais ajuda a atenuar a sazona-
lidade na medida em que o golfe tem maior
expressão no período intermédio do ano
em termos de procura”, acrescenta.
Junta-se o Triatlo Internacional de Quar-
teira com a taça da Europa masculinos e
femininos e com o campeonato mundial

juniores de masculinos e femininos. “Esta-
mos a falar de 700 atletas de 36 seleções,
sendo que dentro dessas 36 seleções está
o nosso top 10 de mercados emissores
turísticos, o que também é relevante e
também tem transmissão televisiva”.
Destaque ainda para o Vilamoura Cham-
pions Tour que é um conjunto de provas
de hipismo que servem, no fundo, para os
cavaleiros pontuarem para irem aos jogos
olímpicos de Tóquio. “Estamos também
a falar de 350 cavaleiros de 30 países no
centro hípico de Vilamoura”. Por isso, não
há dúvidas para João Fernandes: “Tive-
mos todas as razões para alargar aqui este
período já de época baixa mas que vem
no seguimento de um outubro muito inte-
ressante do ponto de vista da procura
nacional e internacional pelo Algarve”.
E, feitas as contas, é certo que o turis-
mo tem vindo a crescer nesta região. E,
se tudo correr como esperado e se a pan-
demia não pregar partidas, “a reta final
do ano dá-nos sinais de uma retoma que
obviamente ainda fica aquém dos núme-
ros de 2019 mas que já nos dá um âni-
mo para 2022”, prevê João Fernandes.
VOOS PARTICULARES Ao i, João Fernan-
des diz que “este fim de semana e a pro-
pósito até de nos encontrarmos nestas
provas, a aviação executiva de jatos par-
ticulares tem vindo a crescer no Algar-
ve e, felizmente, é também um sinal de
uma procura de um segmento com maior
poder aquisitivo que é especialmente
importante para reposicionarmos o des-
tino Algarve”. Para o responsável é cla-
ro que “o destino Algarve é reconheci-
damente reconhecido como melhor des-
tino de Praia da Europa, como melhor
destino de golfe do mundo, tem muitos
outros apelos e tem que chegar a seg-
mentos mais exigentes porque, felizmen-
te, a oferta condiz com essa exigência”.
A ÉPOCA ALTA DO GOLFE Depois da tradi-
cional época alta do verão, o Algarve é ago-
ra palco da época alta do golfe que, nas
palavras de Elidérico Viegas, “está a cor-
rer bem”. Lembrando que “a época alta do
golfe coincide com a época baixa do turis-
mo”, o responsável garante que se tem
assistido “a um aumento da procura sobre-
tudo nestes meses de setembro, outubro
e novembro”. E as expectativas são as melho-
res: “Se tudo correr bem, se a pandemia
não se agravar, estamos em condições de
afirmar que estão criadas as condições
para que nós possamos iniciar a retoma,
recuperação da procura turística para o
Algarve”, diz ao i. Embora recorde que “no
que se refere ao alojamento isso só irá ocor-
rer a partir da Páscoa do próximo ano uma
vez que, como sabemos, neste momento
de período de estação baixa a estação é
deficitária e uma grande parte dos empreen-
dimentos encontra-se mesmo encerrado”.
HOTÉIS ENCERRADOS Atualmente, há
vários hotéis encerrados no Algarve,
como é o caso do Ria Park. Mas estes
“A aviação executiva
de jatos particulares tem
vindo a crescer no Algarve
e é sinal de uma maior
procura deste segmento”
Foi “um outubro muito
interessante do ponto
de vista da procura
nacional e internacional
pelo Algarve”
Moto GP foi um
dos eventos desportivos
que mais pessoas atraiu ao
Algarve este fim de semana.
Mas não foi o único
PATRÍCIA DE MELO MOREIRA/AFP
encerramentos não causam estranheza
ao presidente da AHETA. “Tradicional-
mente mais de 40% da oferta turística
da região encerra durante a estação bai-
xa”, diz, acrescentando que “isso já se
verificava antes da pandemia e, natural-
mente, vai verificar-se também agora”.
Elidérico Viegas diz que “importa relem-
brar que na estação baixa a gestão é defi-
citária, o hotel que referiu é apenas um
dos tais 40 e tal % que encerram duran-
te o período de inverno”.
Já João Fernandes lembra que, no
caso do Ria Park, este é um hotel que
já fecha habitualmente neste período,
naquilo que descreve como “estratégia
comercial”. E diz que não é caso único.
Mas, neste caso, “o grupo que é deten-
tor desse hotel, tem o hotel Quinta do
Lago que ficou aberto até mais tarde”.
E explica: “Quando os grupos hotelei-
ros têm mais que uma unidade tam-
bém acabam por jogar um pouco com
a sua capacidade de forma a poder ajus-
tar os custos da operação à procura”.
Mas também o Hotel Quinta do Lago
fechou portas este fim de semana e só
voltará a abrir daqui a cinco meses, algo
que alguns comerciantes acham lamen-
tável. “Se os hotéis fecham, os clientes
deixam de vir. Torna-se um ciclo vicio-
so e pouco motivador para combater a
sazonalidade da região”, diz ao i um
empresário da restauração.
Já João Fernandes tem outra leitura.
“Não há dificuldade de alguém que quei-
ra deslocar-se ao Algarve ter, hoje, um
alojamento com qualidade onde ficar”.
Só que, “como habitualmente, no pico
da épica baixa o Algarve tem menos capa-
cidade do que na época alta”.
—9 novembro 2021 19
 B Zoom //
9 de novembro
de 1961.
Dos ratoneiros
ao engenheiro,
passando por
uma forquilha
no palheiro
Nesse tempo não eram apenas os ladrões
a serem perseguidos. Os que não acatavam
a ordem estabelecida pelo Regime
também estavam a contas.
AFONSO DE MELO
afonso.melo@ionline.pt
Há dias assim e, um pouco por toda a
parte, as autoridades não tinham mãos
a medir. Os patifes de Portugal pareciam
ter combinado sair em simultâneo à pro-
cura de tudo o que pudesse ser pilhado.
Uma onda de ratoneiros espalhou-se
pelas ruas como que encantados pelo
som melodioso de algum flauteiro de
Hamelin. Eduardo de Aguiar, mais conhe-
cido pelo Gaguinhas, foi apanhado com
a boca na botija pelos agentes da PSP.
Com 72 anos, sem emprego conhecido,
enfiou-se à sorrelfa num quarto da Rua
de Moçambique, nº 40, 2.º andar, em Lis-
boa, no Bairro das Colónias, e tratou de
levar consigo uma considerável quanti-
dade de peças de vestuário, um relógio
de pulso e outro de mesa. Confessou que
ia dali direto para uma loja de penhores,
com tal descaramento que já se havia
vestido com a roupa do infeliz proprie-
tário. Confessou, pelo caminho, que da
parte da manhã já tinha repetido a tra-
fulhice no 3.º andar do n.º 231 da Rua da
Prata onde se aboletara com uma valen-
te quantidade de latas de conserva, gar-
rafas de azeite e um oleado. A polícia
encontrou todo o material roubado no
pardieiro que usava como morada. Mas
o Gaguinhas tinha andado bem atarefa-
do nos dias anteriores. Desde que se viu
entre paredes de uma esquadra come-
çou a cantar como um passarinho. Dois
dias antes, a bordo de um cacilheiro,
pusera as suas mãos de fada a trabalhar
e furtara um saco que ficara sem vigi-
lância. Teve azar. Quando abriu a enco-
menda viu-se a braços com roupinhas
20 —9 novembro 2021
de bebé e de criança. Pensou para com
os seus botões que aquilo não dava nem
para uma sandes de papo-seco com quei-
jo de bola. Quem, por obra do diabo, lhe
ia dar meia-dúzia de tostões por aquela
tralha? Libertou-se dela no primeiro cai-
xote do lixo que encontrou.
Pelo caminho, na Rua da Horta Seca,
dois ratoneiros também tinham sido apa-
nhados em flagrante. António Joaquim
Oliveira, de 32 anos, solteiro, sem pro-
fissão definida, natural da Sertã, e Ernes-
to Dias da Silva, de apenas 19 anos, natu-
ral de Lisboa. Ambos com cadastro, esta-
vam no processo de venda de vária
mercadoria dada como desaparecida
dias antes: relógios, fios de prata, cartei-
ras. Parecia época de saldos, tal os valo-
res tão baixos que pediam. A PSP expli-
cava o caso com o medo. Estavam sob a
atenção dos agentes há vários dias e qual-
quer escorregadela prometia-lhes mais
uns tempos no xadrez.
RODA VIVA. O comando da Polícia de Segu-
rança Pública fazia um apanhado da
situação a meio desse dia de roda viva
total para os seus homens. Estava-lhes
atravessado o roubo de um automóvel
do parque de estacionamento da Praça
do Comércio. O veículo, de marca Opel,
já fora avistado na Outra Banda mas
desaparecera por completo da vigilân-
cia de que fora alvo.
Natural de Coimbra, o engenheiro Eduar-
do Augusto da Silva não era nenhum
meliante mas estava metido em sarilhos
complicados. Isto é, se fosse encontra-
do, já que se pusera ao fresco e desapa-
recera sem deixar rasto, estando a Polí-
cia do Estado convencida de que entra-
 VIDA COMO
A .
ELA FOI..
Parecia que nem a PSP
nem a PIDE tinham mãos
a medir tal a quantidade
de crimes que lhes fora
parar às mãos
DREAMSTIME

ra na clandestinidade. Ah! Pois. Nesse

tempo as portas das cadeias não se abriam
apenas para ladrõezecos de caracáacá.
O engenheiro fora acusado de ser um
elemento subversivo que não respeita-
va a ordem estabelecida pelo Regime.
Ao fim de muitas buscas, o Plenário Cri-
minal da Boa Hora, presidido por um tal
de Silva Caldeira, tendo como auxiliar
do procurador-geral o dr. Maia Gonçal-
ves, decidiu que já não havia mais pachor-
ra para esperar pela presença do réu e
julgou-o mesmo assim, à revelia. Segun-
do a instrução do processo, Eduardo era
acusado de ser um perigoso militante do
Partido Comunista Português. Tinha
assistido a reuniões clandestinas, distri-
buíra panfletos, dera início a subscrições.
Finalmente fora encontrado a organizar
uma reunião conspirativa, tendo conse-
guido escapar-se às malhas da autorida-
de. A sentença seria lida nessa tarde. E,
apesar de tudo, talvez viesse a ser mais
pesada do que a de Viriato Lopes, de Val-
paços que, num palheiro, assassinara o
seu compadre João Maria Esteves com
uma forquilha. O juiz foi brando a des-
peito de considerar o ato como voluntá-
rio: quatro anos passam num instante.

—9 novembro 2021 21
 C Opiniões
EXAME PRÉVIO
A rejeição da transferência do Tribunal
Constitucional para Coimbra
O argumento da falta de estudos para se fazer uma simples
deslocação de dois Supremos Tribunais não tem qualquer cabimento.
Luís Menezes Leitão
Desde Setembro de 2020 que o Parla-
mento discute o Projecto de Lei 516/XIV/2ª,
do PSD, que determinava a transferên-
cia do Tribunal Constitucional, do Supre-
mo Tribunal Administrativo e da Enti-
dade de Contas dos Partidos Políticos
para Coimbra. Esse projecto teve desde
o início a concordância da Ordem dos
Advogados, que emitiu um parecer favo-
rável a essa mudança. Na verdade, a mes-
ma corresponde ao efectivo interesse
nacional de descentralização dos servi-
ços do Estado a nível judicial, represen-
tando igualmente um reforço do princí-
pio da separação de poderes, uma vez
que o Tribunal Constitucional não deve
estar colocado a dois passos da sede do
Governo e do Parlamento, quando lhe
compete fiscalizar os diplomas emana-
dos dos mesmos. A deslocação do Tribu-
Na obra Os Maias, a
personagem João da Ega
a certa altura grita
numa discussão com
o inglês Craft: “Lisboa
é Portugal (…). Fora
de Lisboa não há nada.
O país está todo entre
a Arcada e São Bento”
iNEVITÁVEL
www.ionline.pt
iNEVITÁVEL
DIRETOR
Mário Ramires
DIRETOR EXECUTIVO
Vítor Rainho
DIRETOR EXECUTIVO ADJUNTO
José Cabrita Saraiva
SUB-DIRETORA EXECUTIVA
Marta F. Reis
DIRETOR DE ARTE
Francisco Alves
22 —9 novembro 2021
nal Constitucional para Coimbra, uma
cidade que sempre teve uma enorme rele-
vância para o desenvolvimento do Direi-
to Português, seria assim altamente bené-
fica para o nosso sistema judicial.
Por esse motivo, apesar da rejeição da
proposta pelo próprio Tribunal Constitu-
cional, num controverso parecer que emi-
tiu, o Projecto de Lei do PSD foi merecen-
do consenso no Parlamento e na opinião
pública, tendo por isso sido aprovado na
generalidade e na especialidade, sem que
ninguém tivesse manifestado uma ver-
dadeira oposição à iniciativa. Na verda-
de, julgava-se que essa transferência já
se tinha tornado absolutamente pacífica.
No entanto, uma vez que se trata de
uma Lei Orgânica, a mesma exige a apro-
vação pela maioria absoluta dos depu-
tados no Parlamento, ou seja 116 depu-
tados. Estranhamente, no entanto, essa
proposta teve apenas o voto de 109 depu-
O TC não deve estar colocado a dois passos
da sede do Governo e do Parlamento
CONSELHEIRO EDITORIAL José António Saraiva
REDATORES PRINCIPAIS Afonso de Melo e Felícia Cabrita
EDITORA EXECUTIVA Sónia Peres Pinto
EDITORES Joana Andrade e Laura Ramires
POLÍTICA Henrique Pinto de Mesquita
SOCIEDADE Joana Faustino, Maria Moreira Rato
ECONOMIA Daniela Soares Ferreira e Joana Mourão Carvalho
INTERNACIONAL João Campos Rodrigues e Hugo Geada
CULTURA Diogo Vaz Pinto
DESPORTO José Miguel Pires
IMAGEM Miguel Silva (Fotógrafo), Bruno Gonçalves (Fotógrafo),
Mafalda Gomes (Fotógrafa), Óscar Rocha (Infográfico),
Ana Gonçalves (Gráfica), Miguel Peixe Dias (Gráfico),
Fátima Albuquerque (Pós-produção de imagem)
Júlio Rodrigues (Pós-produção de imagem)
GESTÃO DE CONTEÚDOS Carmen Guilherme,
Mafalda Domingues e Márcia Guímaro Rodrigues
ADJUNTA DIREÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Carolina Silva
ASSISTENTE DIREÇÃO E REDAÇÃO Margarida Alexandre
tados a favor, embora só nove deputa- lização judicial, que seria a colocação
dos tenham votado contra. A proposta em Coimbra do Tribunal Constitucional
não foi, no entanto, aprovada devido à e do Supremo Tribunal Administrativo.
abstenção de 108 deputados do PS e do E aqueles que inviabilizaram essa trans-
PCP, tendo sido argumentado em defe- ferência nem sequer se dão ao trabalho
sa dessa abstenção que eram necessá- de apresentar qualquer argumento sério
rios “mais estudos” sobre o assunto. para rejeitar a mudança, já que nem um
É absolutamente lamentável que um voto contra assumem, mas apenas uma
Projecto de Lei que teve tão ampla maio- abstenção envergonhada. O argumento
ria no Parlamento, e que estava em dis- da falta de estudos para se fazer uma
cussão há mais de um ano, venha a ser simples deslocação de dois Supremos
inviabilizado através de abstenções, Tribunais não tem qualquer cabimento.
demonstrando a pouca vontade dos depu- Se eram necessários estudos, os mesmos
tados em proceder à efectiva descentra- deviam ter sido pedidos antes da vota-
lização do país em termos judiciais. Depois ção, sendo que, havendo vontade políti-
de em 2013 ter sido eliminada por lei do ca no sentido da mudança, há sempre
Parlamento a maior parte dos tribunais possibilidade de arranjar uma solução
que existia no interior do país, prejudi- adequada para a instalação desses tri-
cando-se assim gravemente essas popu- bunais em Coimbra. Já a falta de vonta-
lações, verifica-se que agora o Parlamen- de política em concretizar a descentra-
to nem sequer é capaz de um gesto de lização judiciária é que não se consegue
enorme importância para a descentra- pelos vistos ultrapassar.
Na sua monumental obra Os Maias,
publicada em 1888, Eça de Queiroz tra-
ça um retrato absolutamente corrosivo
da sociedade portuguesa. Nessa obra, a
personagem João da Ega a certa altura
grita numa discussão com o inglês Craft:
“Lisboa é Portugal (…). Fora de Lisboa
não há nada. O país está todo entre a
Arcada e São Bento”. A única evolução
que se verificou nos últimos 133 anos foi
que, para além do Terreiro do Paço e São
Bento, há ainda que considerar a Rua do
Século e a Rua de São Pedro de Alcânta-
ra, que aliás distam muito pouco daque-
les dois lugares. Quanto ao resto, Portu-
gal continua com o habitual centralis-
mo de sempre, tudo sendo decidido no
centro de Lisboa.
José Sérgio
Professor da Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa
Escreve à terça-feira, sem adopção
das regras do acordo ortográfico de 1990
ADMINISTRAÇÃO Mário Ramires PROPRIETÁRIO/EDITOR
(Presidente do Conselho de Administração) NEWSPLEX, SA
FISCAL ÚNICO José Maria Ribeiro da Cunha Tagus Park. Núcleo Central, sala 362 a 373
DEPARTAMENTO FINANCEIRO Susana Pires (TOC) 2740-122 Porto Salvo, Oeiras NIPC 513766073,
Matriculada na CRC de Lisboa sob
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o n.º 513766073, Capital Social 150.000 euros, Detentores
António João Ramires – Dir. Comercial
de mais de 10% do capital: Mário Ramires Registo ERC 223939
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TIRAGEM MÉDIA 14 000 exemplares.
TÉCNICO
“Quem tem medo do mérito
absoluto na universidade?”
Porque quem, afinal, tem medo da promoção por mérito absoluto são os que se afastam
de uma visão da universidade com autonomia reforçada, colegial e meritocrática.
Luís Oliveira e Silva
Este é o título de um artigo escrito por
Orfeu Bertolami, actualmente profes-
sor catedrático na Universidade do Por-
to, a 3 de abril de 2004 no jornal Públi-
co, inspirado, com toda a certeza, na
peça teatral Who’s afraid of Virginia
Woolf? de Edward Albee e sua adapta-
ção cinematográfica, que por sua vez
referencia a canção (do filme de Walt
Disney Os três porquinhos) Who’s afraid
of the big bad wolf? que é cantarolada
por duas das personagens ao longo da
peça. Nesse artigo, que infelizmente se
mantém actual, Orfeu Bertolami defen-
de que os processos de promoção dos
professores e investigadores universi-
tários devem ser separados dos proces-
sos de recrutamento.
A actual carreira pública dos profes-
sores universitários e investigadores
científicos é anacrónica: um doutorado
que vença um concurso internacional
para professor auxiliar (o primeiro pata-
mar da carreira) tipicamente terá que,
para aceder ao lugar do topo da sua car-
reira, vencer mais dois concursos inter-
nacionais (para professor associado e
para professor catedrático). Em Portu-
gal, muitos argumentam que este per-
curso aumenta o escrutínio, a exigên-
O modelo português
reflecte um legado
histórico centralizador
e uma desconfiança do
legislador relativamente
à autonomia
e à capacidade
de auto-regulação
das instituições
de ensino superior
cia e a competitividade. Por estranho
que pareça, nenhuma das melhores uni-
versidades do Mundo segue esta origi-
nalidade nacional. Promovem, em alter-
nativa, uma avaliação frequente do per-
curso individual de cada professor ao
longo de toda a sua carreira, com padrões
de mérito absoluto para a progressão
muito mais exigentes do que aqueles
que se estabelecem em qualquer con-
curso em Portugal.
Na semana passada, o Conselho de
Ministros aprovou (e muito bem) um
passo importante, que deve ser reforça-
do na revisão dos estatutos das carrei-
ras, para a separação entre progressão
e recrutamento através da aprovação da
regulamentação de concursos internos
nas instituições de ensino superior. Há
alguns meses, quando foi anunciada esta
intenção, inúmeras vozes se levantaram
contra a medida e fizeram-me recordar
este artigo de 2004. O que leva uma par-
te da comunidade académica portugue-
sa a resistir a uma das mais importan-
tes medidas para uma universidade mais
exigente, bem gerida e alinhada com as
melhores práticas internacionais?
O actual modelo em Portugal é uma
Parte importante do orçamento das universidades é investida
nos salários dos seus professores e investigadores
fonte permanente de conflitualidade,
desincentivando a colaboração e a cole-
gialidade – todos os professores em cada
área estão em permanente competição
com os seus colegas. Não promove a
transparência, quer nos processos de
decisão que levam à abertura de um con-
curso nos lugares intermédios ou de topo
nem quanto aos objectivos e às expecta-
tivas da instituição relativamente aos
seus professores e investigadores na sua
evolução profissional.
O modelo português reflecte um lega-
do histórico centralizador e uma des-
confiança do legislador relativamente à
autonomia e à capacidade de auto-regu-
lação das instituições de ensino superior
para tomarem as melhores decisões para
a instituição e para o bem público. Esta
desconfiança é geradora de burocracia
que torna as universidades menos com-
petitivas e mais difíceis de gerir.
Em minha opinião, a adopção de pro-
cessos de promoção por mérito absolu-
to conduz a uma maior responsabiliza-
ção e “prestação de contas” de todos os
envolvidos no processo, instituições, líde-
res académicos e dos próprios professo-
res e investigadores. Exige uma clarifi-
Dreamstime
cação (e comparação) do que são os
padrões em cada área para acesso aos
diferentes níveis da carreira e um acom-
panhamento interno e valorização mais
regulares da carreira de cada um dos
professores e investigadores. Exige uma
maior proactividade dos próprios pro-
fessores e investigadores na gestão da
sua própria carreira. Exige ainda um
maior escrutínio em toda a instituição,
e pelos órgãos responsáveis pela gestão
científica das instituições, relativamen-
te às opções tomadas e aos padrões de
qualidade em cada área. Esta maior exi-
gência institucional aumenta a transpa-
rência e estabelece mecanismos de con-
trolo e verificação que evitam discricio-
nariedades e promovem a meritocracia,
a colegialidade, a colaboração e a parti-
lha de boas práticas. Idealmente, exige
também um alinhamento dos processos
externos de avaliação e.g. no âmbito da
avaliação dos cursos ou das avaliações
institucionais da A3ES ou da avaliação
das unidades de investigação pela FCT
que também devem passar a avaliar mais
profundamente a forma como as univer-
sidades gerem (ou não) as carreiras dos
professores e investigadores.
Uma parte importante do orçamento
das universidades é investida nos salá-
rios dos seus professores e investigado-
res. A boa gestão deste investimento e
destas carreiras deve ser uma das prio-
ridades das universidades, em particu-
lar num contexto em que existe uma
competição global pelos melhores pro-
fessores e investigadores. Por um lado,
reforçando os padrões de exigência no
acesso à carreira, com medidas que com-
batam a endogamia e promovam a diver-
sidade. Por outro lado, promovendo a
progressão na carreira através da valo-
rização das carreiras individuais dos
professores e investigadores de acordo
com objectivos exclusivamente merito-
cráticos e cada vez mais exigentes. Por-
que quem, afinal, tem medo da promo-
ção por mérito absoluto são os que se
afastam de uma visão da universidade
com autonomia reforçada, colegial e
meritocrática.
Professor Catedrático do Departamento de
Física
Instituto Superior Técnico
web: http://web.tecnico.ulisboa.pt/luis.silva/
twitter: @luis_os
—9 novembro 2021 23
 Entrevista

D
Mais

JP Simões está de regresso aos discos com o lançamento de Drafty Moon, um dis-
co lançado sob o seu alter-ego, Bloom, onde parte das frustrações com o mundo
governado por líderes de extrema-direita e consigo próprio para criar um álbum
um dos álbuns mis musculados e energéticos da sua discografia.

24 —9 novembro 2021
JP Simões.
“O excesso é perigoso,
mas também nos salva”
HUGO GEADA (Texto)
hugo.geada@ionline.pt
BRUNO GONÇALVES (Fotografia)
bruno.goncalves@ionline.pt
Estava um dia chuvoso quando nos encon-
trámos com JP Simões. Tivemos que cor-
rer para dentro da Casa Independente
para nos abrigarmos da chuva e conse-
guirmos falar sobre o seu mais recente
disco, Drafty Moon, publicado no dia 24
de outubro, sob o alter ego de Bloom.
A chuva era tanta que, confessamos, a
certa altura se tornou complicado ouvir
o músico de Coimbra, mas, apesar das
condições atmosféricas adversas, o i teve
uma conversa interessante com uma das
personalidades mais fascinantes da músi-
ca portuguesa.
Entre relatos cansados sobre como é
criar música durante uma pandemia, a
frustração de observar líderes chalupas
no telejornal, JP Simões conta-nos que
Bloom tomou a sua voz e expeliu pela
sua garganta todas as frustrações com
o estado atual do mundo num disco onde
reina a atitude punk do cantautor.
Com a ajuda do produtor e guitarrista
Miguel Nicolau, que consegue uma pro-
dução mais musculada que nos registos
anteriores do músico, JP Simões conta-
nos como criou estas canções que gri-
tam contra um mundo do avesso, mas
também contra os seus próprios com-
portamentos autodestrutivos.
Como é que surgiu a ideia para criar
Drafty Moon, o seu disco mais
recente?
Eram músicas que estavam à espera de
nascer. Este é o segundo volume deste
personagem, o Bloom. Gostei da expe-
riência do primeiro disco, mas queria
criar um álbum com músicas mais ime-
diatas e mais pop. O primeiro álbum,
Tremble Like a Flower, foi construído
sob o signo do Nick Drake, portanto, era
um pouco mais denso. Em Drafty Moon
queria criar algo mais enérgico e rock
‘n’ roll, portanto, partilhei estas ideias
com o Miguel Nicolau [guitarrista de
Memória de Peixe e deste projeto, assim
como produtor] e, aos poucos, nestes últi-
mos dois anos, estivemos às voltas com
estes temas.
Este é o seu segundo disco como
Bloom, como é que faz essa distinção
entre as músicas deste personagem e
as músicas do JP Simões? Existe algo,
para além da língua, que as distinga?
Sinceramente, tem-me dado bastante mais
gozo escrever em inglês, sinto-me mais
descomprometido. Portanto, acabei por
arrumar no Bloom o meu trabalho em
inglês. Também existe uma diferença mui-
to grande entre o primeiro e o segundo
disco, seja em termos de produção, mas
também no seu espírito, este tem muita
força e está a dar uns belos espetáculos.
Se, no primeiro disco, a grande
inspiração foi o Nick Drake e a sua
postura de cantautor, agora, sinto que
há uma influência diferente,
nomeadamente, de David Bowie e do
trabalho que desenvolveu nos discos
que criou em Berlim.
Sempre defendi que o Miguel Nicolau
era o meu Brian Eno ou o Tony Viscon-
ti (produtores que colaboraram com
Bowie) e de certa forma, foi isso que acon-
teceu. O Miguel gosta de explorar sons
e as possibilidades da produção, enquan-
to eu ofereço o material em bruto, a voz
e a guitarra. É nesta rotina que trabalha-
mos: chega o rock ‘n’ roll e o produtor,
“A questão dos excessos
na minha vida ainda
não está resolvida”
“Esforcei-me para criar
uma coisa que, para mim,
fizesse sentido”
“Gosto de mandar farpas,
mas não sou só um profeta
da desgraça”
com inspirações de música ambient, vai
pintar o quadro de outro modo. Esta for-
ma de trabalhar lembrou-me logo a tri-
logia de Berlim, mas foi apenas uma refe-
rência. O Bowie é, para mim, uma gran-
de influência, mas foi só uma indicação
daquilo que pretendia da produção.
Já que estamos a falar de David Bowie,
qual é o seu disco favorito dele?
Se calhar aquele que ouvi mais foi o
Hunky Dory (1971), mas também tenho
que mencionar o Blackstar (2016). Teve
um grande impacto para mim em ter-
mos musicais. Estava saturado de fazer
música acústica, já não tinha piada, já
não é hype... De repente apareceu aque-
le disco e provou-me que estava engana-
do. Mostrou-me que existem outras for-
mas de criar música e de continuar a
soar a novo. Foi algo que me motivou a
fazer um trabalho como Drafty Moon,
Drafty Moon é o mais
recente disco de JP
Simões, lançado sob
o nome artístico Bloom,
e é um álbum onde o
cantor procura exorcizar
as suas frustrações.
mais atmosférico. A produção deste dis-
co foi muito diferente e tivemos de dei-
xar muitas músicas de fora. Mas oito can-
ções para um disco chegam, já ninguém
ouve álbuns, a maior parte das estrelas
pop modernas têm músicas que não che-
gam a um minuto para poderem ser usa-
das no TikTok.
Tem medo que ninguém vá ouvir este
disco?
Até agora houve bastantes pessoas que
o ouviram e o feedback que tenho rece-
bido deixou-me muito contente. Esfor-
cei-me por fazer uma coisa que, para
mim, fizesse sentido. A música, para além
de ser o meu trabalho, continua a ser a
minha terapia, a minha autoajuda, a
minha bússola e a minha desorientação,
como dizia o Caetano Veloso.
Fala da música como terapia e como
forma de exorcizar alguns demónios,
mas sente que ao escrever em inglês
não existe um distanciamento do que
realmente é o JP Simões?
Comecei a ganhar alguma
notoriedade nos Belle Cha-
se Hotel, onde as músicas
eram praticamente todas
em inglês. O JP Simões só
apareceu depois, com inte-
resses como a música bra-
sileira ou o teatro a leva-
ram-me a criar este corpo
de trabalho mais luso-bra-
sileiro. Mas o inglês sem-
pre esteve lá para mim. Mui-
tas das coisas que ouvi e
que mais me arrebataram
foram ditas e cantadas em
inglês. A questão da língua
deixou de ser um proble-
ma há muito tempo e é onde me sinto
mais livre. As línguas carregam consigo
uma grande bagagem emocional e, em
português, não tenho tanta liberdade.
Sente que existe uma maior
responsabilidade quando canta em
português?
Existe um sentimento de responsabili-
dade que a língua carrega, esta nossa
apreciação pela nossa linguagem e pelos
nossos poetas. Não sei o que farei no futu-
ro, não sei quanto futuro é que tenho,
mas continuo a fazer música em portu-
guês, apesar de ser algo muito episódi-
co. Fiquei um bocado desorientado quan-
do abandonei a influência brasileira na
minha música, não sabia o que havia de
fazer à vida, e este projeto salvou-me por-
que estava sem ideias. Parecia que não
tinha mais nada para contar. Todas as
coisas que estava a escrever soavam-me
a falso, portanto, sendo assim, mais vale
tomar outra iniciativa.
Estava a falar que gostava de ser mais
“fixe”, mas o JP Simões foi no sentido
inverso da maré. Em Portugal a nova
geração de músicos está a abraçar a
língua portuguesa e as suas tradições,
enquanto você está a explorar a língua
inglesa.
Houve uma altura em que deixei de con-
seguir escrever algo que me fizesse sen-
tido. Isto não quer dizer que eu não tome
cuidado com o que estou a escrever e a
cantar, mas tenho sentido um descom-
prometimento maior a cantar em inglês.
Pode ser um truque sujo ou uma covar-
dia da minha parte, mas, na verdade, fi-
lo por uma questão pessoal: procurei
aquilo que me ajudava a libertar mais.
Sempre usei a música como forma de
terapia e, como me estava a sentir bem
a fazê-lo, decidi continuar. Parece-me a
justificação mais simples e às vezes as
justificações mais simples são as que
fazem mais sentido. Sempre acreditei
que existia lugar para todos nós, para as
nossas idiossincrasias, os nossos gostos,
inclinações, modos ou jeitos. Eu estou
em paz com isso. Este é um trabalho que
tenho gostado de fazer. O Bloom, apesar
de não ser o nome mais imaginativo de
sempre, dá guarida às minhas ideias e,
portanto, só lhe posso agradecer.
Algo que notei na produção foi que a
sua voz estava bastante “enterrada” no
instrumental, um pormenor que me
fez lembrar os My Bloody Valentine,
que também foram influenciados pelo
Brian Eno, e que faz com que nem
sempre seja totalmente percetível
aquilo que está a dizer. Isto foi uma
decisão propositada para criar uma
certa ambiguidade na interpretação
das letras?
Quero que as minhas mensagens sejam
ouvidas com clareza, mas aconteceu mui-
tas vezes a trituração da voz nos ambien-
tes das músicas. No entanto, pode pare-
cer que estou a ironizar a minha respos-
ta ou a entrar em contradição, mas se está
a soar bem na música, sinto que não exis-
te problema. Sempre tentei ao máximo
que a voz fosse ouvida com clareza, síla-
ba a sílaba, mas a certa altura tornou-se
demasiado complicado. Fomos buscar gra-
vações de vozes mais antigas e tivemos
que as usar porque era difícil refazer. Os
primeiros takes são sempre os mais livres;
estão a ser inventados no momento, quan-
do os tentas refazer não soam tão fieis.
Apesar de muitas das gravações terem
continua na página seguinte >>
—9 novembro 2021 25
 D Mais // Entrevista
>> continuação da página anterior
sido feitas ao longo de dois anos, optámos
por usar as versões originais. Mesmo que
não tenham a melhor qualidade do mun-
do ou que exista alguma impercetibilida-
de, acaba por ser mais belo do que se esti-
ver a tentar fazer uma imitação daquilo
que estive a cantar.
Estava a falar na demora para
finalizar este disco, isso aconteceu
devido à pandemia?
Muitas vezes fomos impedidos de ir para
estúdio porque existiam casos de doença
e isso tornou este processo muito mais cha-
to e cansativo. Também não diria que, por
termos tido mais tempo, o processo se tor-
nou mais detalhado. Quando me encon-
trava com o Miguel para trabalhar, juntá-
vamo-nos apenas durante uns dias, seja
porque cada um tem a sua carreira e vida
pessoal, seja por causa do confinamento.
Por isso o processo foi-se estendendo. Pen-
sei que depois de tanto tempo à volta des-
te disco me ia fartar dele, mas gosto mui-
to do trabalho final e estou muito orgulho-
so do álbum. Espero que diga alguma coisa
às pessoas, que seja libertador ou que pelo
menos considerem que está “fixe” (risos).
Você teve covid-19, como é que isso o
afetou e a criação do álbum?
Isso aconteceu no passado julho. Já tínha-
mos o disco praticamente acabado, feliz-
mente, mas foi chato. Este imaginário
assustador que nos foi pintado durante
toda a pandemia deixa-nos assustados.
Todo o discurso criado à volta desta par-
tícula é ambíguo. Aposto que metade do
mundo considera secretamente que isto
é uma história inventada. Não é difícil
cair num estado de paranoia e ficarmos
algo melindrados. Afinal, uma pessoa só
tem um corpo para usar.
Como é, para um músico, criar
canções durante toda esta situação?
Não foi fácil. O meu pai quase morreu...
mas toda a música deste disco já estava
escrita em 2019, portanto, está com outro
tipo de tensões, nomeadamente, a autofa-
gia capitalista. Estava a precisar de desa-
bafar. Facilmente caio em estados melan-
cólicos e preciso de deitar isto cá para fora.
Na criação de Drafty Moon, havia muita
coisa que me estava a deixar triste e a minha
maneira de reagir foi deitar cá para fora e
ser um bocado mais punk e assertivo na
forma de fazer a música. Não me sentia
em condições de me recolher na minha
bolha e continuar a fazer mais um álbum
de música melancólica, poética ou dolen-
te. Achei que não era isso que eu próprio
precisava de ouvir agora. Precisava de sen-
26 —9 novembro 2021
tir algo com mais força, energia, e com
uma tensão que indiciasse alguma mudan-
ça. Portanto, digamos que a mudança come-
ça em casa (risos). De facto o mundo está
um bocado mal, por isso vou tentar mudar
em casa, com coisas simples, como deixar
de fazer tanto lixo. Também devia deixar
de fumar, mas é um vício tremendo.
Alguma vez tentou parar de fumar?
Tentei parar de fumar no ano passado.
Só a ideia da porcaria das beatas, que iam
todas parar ao mar, irritava-me. Fiz um
grande esforço e estive sem fumar duran-
te muito tempo, mas é dificil, ainda para
mais nesta altura. Uma pessoa passa tan-
to tempo sozinha... e o cigarro acaba por
se tornar uma companhia parva.
O que é que o fez voltar a fumar?
O normal: estava numa festa, a beber um
copo de vinho, pedi um cigarro a um ami-
go. É um vício estúpido. O melhor é mes-
mo não começar. Já não tem a mesma
piada que tinha quando via os filmes de
Humphrey Bogart a fumar. Eu sei que
faz mal à minha saúde física, mental e
moral, mas estou infetado por uma comu-
nicação contraditória. Estamos constan-
temente a observar ferramentas de ódio
e a conviver com pessoas com a maior
incapacidade de lidar com cargos de
extrema importância no xadrez interna-
cional, é algo assustador. Pior que ouvir
o número de mortes devido à covid-19 é
ver o que estava a acontecer nos EUA ou
no Brasil, que viveram situações que
foram muito mais longe do que aquilo
que estávamos à espera. Eram casos de
uma autêntica falta de humanidade, de
respeito e de formação moral. O meu dis-
co pode não ter vindo resolver nada no
mundo, mas foi o que eu consegui fazer.
Isso levanta a velha questão da
responsabilidade dos músicos e da
“Muitas pessoas
confessaram-me que
usaram música feita
por mim como se fosse
um bote e que as ajudei”
“Fiquei desorientado
quando abandonei
a influência brasileira na
música, não sabia o que
havia de fazer à vida”
JP Simões voltou a recorrer
ao seu alter-ego, Bloom,
que canta em inglês, para
criar o mais recente disco
da sua vasta discografia
música de intervenção. Não é a música
que intervém, são as pessoas.
Claro, apesar de já ter tido mais força. Sin-
to que a música acabou por se tornar um
trabalho como qualquer outro. Não con-
sigo ver nenhuma característica mágica
no meu trabalho. Se quiser ter magia na
minha música tenho que a inventar sozi-
nho. Isso motiva-me a querer trabalhar
mais. Às vezes tenho estes sentimentos
contraditórios em relação à minha músi-
ca. Mas tive sorte ao longo destes anos...
Muitas pessoas confessaram-me que, a
certa altura da sua vida, usaram música
feita por mim como se fosse um bote e
que as ajudei. Fico espantado, não era
esse o meu objetivo, nem posso querer
isso. Era algo irresponsável, esta tentação
de fazer o bem e de ajudar, tratar as pes-
soas como um rebanho. Mas é um senti-
mento agradável, quando alguém me abor-
da e agradece pela minha música, seja
porque conheceu a namorada a dançar
uma música minha ou curou uma longa
ressaca amorosa ao ouvir as minhas músi-
cas mais desgraçadas e auto mutilantes.
Apesar de não ambicionar receber
esse tipo de elogios, deve ser uma boa
sensação ouvir pessoas dizerem que a
sua música as ajudou.
É muito bom, mas é como dizes, só a utilizar a música para me acordar, para
música e as pessoas unidas é que conse- me sacudir, dar-me uma biqueirada ou
guem resolver os seus problemas. Eu já uma cabeçada com uma mohawk. E espe-
não estava lá para ajudar. Às vezes, na ro que a música traduza essa atitude.
minha autoavaliação, não me sinto uma Há pouco falávamos sobre como os
pessoa nem boa nem má, sinto-me um excessos e a melancolia inspiraram a
projeto constante de melhoramento. trilogia de Berlim do David Bowie.
Pessoalmente, a sua música que mais Acha que foi também por essas razões
me tocou foi A Lenda do Homem que esses álbuns foram uma
Pássaro. inspiração para este trabalho?
Gosto muito dessa música e até gostava De certo modo, sim, não existem coinci-
de escrever mais como ela, mas não sei dências. Sinto-me mais em casa nesse
o que isso quer dizer. Às vezes, na fragi- narcisismo delirante e dopado do Bowie.
lidade dos sons e das palavras, é possí- É por esses motivos que me identifico
vel captar um espírito muito próprio. com ele. Agora estou mais velho e é mais
Confesso que tenho um carinho muito difícil viver a eterna boémia, o sofrimen-
especial por essa música. Foi uma das to de transformação, sempre à procura
mais bonitas que já fiz, mais despojada. do amor e do encanto ou de tomar esti-
Não alterava nada na sua composição. mulantes para ficar mais engraçado e
Estava a contar que Drafty Moon era mais tonto. Existe toda uma identifica-
um disco um pouco mais punk, quão ção, apesar do Bowie ser único. Ele teve
punk é o JP Simões? uma vida complicada. Só passou a ser
Na música posso viver determinadas uma pessoa mais simpática e menos enig-
situações que não consigo viver no real. mática depois dos anos 1990. O próprio
Às tantas, uma parte desta revolta tra- confidencia em entrevistas dessa altura
duziu-se numa energia no disco. Na rea- que, quando era mais novo, dizia dispa-
lidade, nem sempre estou à altura daqui- rates e era um pouco insolente. Às tan-
lo que recomendo nas minhas canções tas é isto, a única forma de resolver estes
e, nesse aspeto, as minhas próprias pala-
vras acabam por me ofender. É o punk
problemas é lidar com eles e quando
somos mais jovens lidamos com eles das
contra mim, não sou eu contra o punk. formas mais bizarras, sendo arrogantes
Não sou totalmente punk, mas estou a ou insolentes.
Esses discos são indissociáveis de
consumos excessivos. Sente que o seu
trabalho também transmite esta
sensação?
A questão dos excessos na minha vida
ainda não está resolvida. Para mim, é
muito fácil beber ou festejar a mais e
depois ficar magoado ou a dizer coisas
estupidas. Mas uma coisa é certa: os
excessos podem fazer acontecer aven-
turas mais interessantes do que, pro-
priamente, o nosso dia a dia, que mui-
tas vezes se resume a ir da casa para o
“Não consigo
ver nenhuma
caraterística mágica no
meu trabalho, se quiser
magia tenho que a fazer”
“Só a música
e as pessoas unidas é
que conseguem resolver
os seus problemas. Eu já
não estou lá para ajudar”
trabalho, mas é impossível trabalhar
sobre o efeito. Eu, pelo menos, não con-
sigo. O que a minha vida me oferece de
inspiração são as minhas maluqueiras
que vão parar à música claro, mas pre-
ciso de estar em condições para criar
estes trabalhos. Toda a música foi feita
sóbrio, tirando algumas partes canta-
das depois de uns jantares. O excesso é
perigoso, mas também nos salva. Quan-
do temos muitas tensões ou uma difi-
culdade em lidar com nós próprios.
Não receia que este seu problema
ofusque o seu legado enquanto
artista?
Já fui mais um alcoólico público e já
aprendi muitas lições com isso, depois
de sofrer um certo ostracismo. Acima de
tudo acho que nunca confundi a causa
com o efeito. Os cuidados que as pessoas
devem ter é com elas próprias: evitar
mutilarem-se depressa de mais. Mas con-
fesso que há muitas pessoas que não têm
paciência para mim. Eu próprio não tenho
paciência para bêbados. Acho que foi por
isso que comecei a beber. Em Coimbra,
todos os meus amigos andavam bêbados.
Saio à noite desde os meus 13 anos. Era
uma experiência massacrante, por isso,
comecei a beber também. É uma justifi-
cação parva, mas não deixa de ser since-
ra. Admito que estes valores de boémia
e de libertação social são valores que já
disseram mais às pessoas. As novas gera-
ções têm outros valores e não sentem
tanto essa vontade de se libertarem da
sociedade ou de beberem demasiado por
serem demasiado sensíveis e para esque-
cer os seus problemas – aquelas coisas
típicas da minha adolescência. Felizmen-
te, acredito que as novas gerações não
caem tanto nesse erro.
Não sei se concordo. Acho que essa
tradição continua bem presente entre
os portugueses, continuamos a ser um
dos povos que mais álcool consome no
mundo.
Não estava a dizer que se bebe menos
hoje. É tudo uma questão de atitude.
Não acredito é que o façam porque estão
revoltados contra alguma coisa, porque
ficaram demasiado atordoados com o
sítio onde vieram parar quando se aper-
ceberam que estavam vivos. Isso é algo
que acredito que existia mais na minha
cultura e que me formou, não quer dizer
que já não exista. Mas existem muitas
pessoas que bebem apenas para se diver-
tir, não para ficarem a sonhar com algu-
mas obscuridades de poemas Pessoa-
nos. O que, na verdade, é muito mais
saudável.
O título de uma das canções deste
disco é There’s Something About
Tomorrow, o que há no amanhã de JP
Simões?
Essa música foi inspirada pela presença
dos Trumps e dos Bolsonaros nos noticiá-
rios, que me levou a imaginar que existe
um mundo cheio de loucos a espalhar o
ódios. É assustador, mas existem pessoas
que oferecem as respostas mais new-age
possíveis, e dizem-nos que temos que apren-
der a amar estas pessoas. É algo um boca-
do arriscado. Não é fácil amar estas pes-
soas que espalham ignorância e violência
em torno de si. Isto levou-me a pensar
onde é que estas pessoas podem levar as
comunidades e que influência é que podem
ter no futuro. Portanto, a canção começa
com essa frase: “there’s something about
tomorrow”. Não sei se é uma exclamação,
uma afirmação ou uma interrogação. É
mais uma suspeita. Foi uma forma de
expressar as minhas frustrações. Há uma
série de previsões obscuras sobre o evo-
luir da humanidade que me pesaram um
pouco. Não é que esta música concentre
tudo o que há a dizer sobre o assunto, mas
a tensão que existe na canção, não só sobre
esses líderes idiotas, mas também este
medo e receio que as coisas fiquem mui-
to piores. Contudo, acredito que vivemos
melhor em Portugal agora do que há 20
anos. Gosto de mandar farpas, mas não
sou só um profeta da desgraça.
—9 novembro 2021 27

DD
Mais
Desporto
Rui Jorge.
Há 11 anos a
lançar craques
nos sub-21
A apenas dias de completar 11 anos aos
comandos da seleção sub-21, Rui Jorge - por
quem já passaram dezenas de craques nacionais
– lidera as hostes a caminho do Europeu de 2023.
JOSÉ MIGUEL PIRES
jose.pires@ionline.pt
Portugal começou, na segunda-feira, os
preparativos para o confronto com o Chi-
pre, em Larnaca, que tem hora marca-
da para as 16h da próxima sexta-feira
(dia 12). Na mira está a qualificação para
o Europeu de 2023, onde Portugal, no
grupo D, lidera, com 9 pontos, mais 2
que os rivais cipriotas.
Segunda-feira foi dia de treino, e de confe-
rência de imprensa de antevisão, numa altu-
ra em que o defesa Gonçalo Inácio e o avan-
çado Vítor Oliveira jogarão, pela primeira
vez, na equipa sub-21 da seleção nacional.
Em antevisão ao jogo no Chipre, o emble-
ma nacional, que está a fazer estágio em
Lagos, no Algarve, fez uma breve confe-
rência de imprensa, onde esteve Tiago
Dantas, que negou qualquer favoritis-
mo. “Os jogos neste nível são todos por
norma equilibrados”, explicou o médio,
que definiu este como “um período de
adaptação”. “À medida que vamos ten-
do mais estágios, as coisas vão saindo
cada vez melhor e é o que pretendemos
nestes dois jogos”, começou por dizer,
em conferência de imprensa.
28 —9 novembro 2021
Seleção sub-21
“Esperamos um adversário competen-
te e encarar o jogo da melhor maneira
possível”, disparou Dantas, mostrando
ainda que a preparação para o duelo com
o Chipre está nos seus primeiros dias.
RUI JORGE, O ETERNO MISTER Gonçalo Iná-
cio e Vítor Oliveira são os mais recentes
‘caloiros’ da seleção sub-21, e os mais
recentes jogadores nacionais a passar
pelos comandos técnicos de Rui Jorge,
veterano de mil batalhas no futebol juve-
nil. A poucos dias de completar 11 anos
ao serviço do emblema sub-21, são deze-
nas os craques nacionais que, nalgum
momento ou noutro, fizeram parte do
plantel treinado por Rui Jorge, na sele-
ção sub-21.
Apesar de ter assumido o comando téc-
nico desta equipa, oficialmente, a 19 de
novembro de 2010, quando contava ape-
nas 37 anos de idade, a sua estreia ofi-
cial deu-se só em 2011, num jogo ami-
gável frente à Suécia. A sua carreira
como jogador, que o levou ao FC Porto,
ao Sporting e ao Belenenses, tinha aca-
bado apenas alguns anos antes, e o novo
desafio mostrou-se frutuoso: Rui Jorge
estreou-se como selecionador nacional
sub-21 em fevereiro de 2011 e, desde luso-francês que rumou, na altura, até
então, orquestrou um total de 93 jogos ao Olympique Lyonnais, onde se man-
aos comandos desta equipa, onde se con- tém até hoje.
tam umas estonteantes 67 vitórias – o Mas, na realidade, foi a partir da ‘cas-
que se traduz numa taxa de sucesso de ta’ de 2012 e de 2013 que começaram a
perto de 72%. surgir os mais conhecidos craques do
Pelo meio, e como seria de esperar futebol nacional, com a assinatura de
quando se passam mais de 10 anos a
comandar a principal equipa “jovem”
que veste as cores nacionais, passaram
já pelos treinos orientados por Rui Jor-
ge várias jovens promessas que mais tar-
de se tornaram nos principais protago-
nistas da seleção nacional A, para não
falar dos sucessos internacionais nas
diferentes ligas europeias. Portugal lidera o grupo
Primeiro, importa recuar até 2011. Na D de qualificação para
altura, no primeiro jogo comandado por
Rui Jorge, o plantel português era com-
o Europeu de 2023,
posto por vários jogadores que, agora, com mais dois pontos
se espalham tanto pela liga portugue- que os cipriotas
sa, como pelos diferentes campeonatos
europeus. Destaca-se o nome, por exem-
plo, de André Almeida, que contava Dezenas de ‘craques’
então apenas 20 anos de idade, e que é passaram pelas mãos de
agora uma das figuras principais do
Benfica. Já olhando para aqueles que
Rui Jorge, que está a
fizeram furor pela Europa fora, encon- poucos dias de completar
tramos Anthony Lopes, o guarda-redes 11 anos na seleção sub-21

Rui Jorge durante a sua passagem pela
seleção nacional sub-21. Tome-se o exem-
plo de Rafa Silva, atualmente a represen-
tar o emblema do Benfica, que se estreou
sob o comando de Rui Jorge em 2013,
marcando 3 golos em 13 jogos ao servi-
ço da seleção sub-21. Também Sérgio Oli-
veira, atualmente militante no FC Por-
to, e William Carvalho, que passou pelo
Sporting e que joga agora no Bétis, pas-
saram pela ‘escola’ de Rui Jorge. Até
Cédric Soares e Raphael Guerreiro, que
brilharam em várias ocasiões ao servi-
ço da seleção nacional A, e que repre-
sentam, respetivamente, o Arsenal e o
Borussia Dortmund, foram dois dos ‘pupi-
los’ de Rui Jorge.
FORMADOR NACIONAL Quando olhamos
para a liga nacional, é tarefa difícil não
encontrar algum jogador que tenha sido
orientado por Rui Jorge durante a sua
passagem pela seleção sub-21. Ricardo
Esgaio, João Mário, Tiago Tomás, Pedro
Gonçalves e André Horta são só alguns
dos jogadores que se incluem nesta lis-
ta. Mesmo quase 11 anos depois da sua
chegada oficial ao lugar de treinador sub-
21, Rui Jorge continuou e continua a ter
nos seus plantéis muitas das principais
apostas futebolísticas do país. Relem-
brem-se, por exemplo, os nomes de André
Silva, que tem brilhado na liga alemã, e
que se estreou com o emblema treina-
do por Rui Jorge em 2015, e dos inúme-
ros portugueses que jogam na Premier
League, que também passaram pelos
comandos deste técnico. Aliás, pratica-
mente só Cristiano Ronaldo e João Mou-
tinho, dos cerca de 20 portugueses que
jogam na liga inglesa, falharam a época
de Rui Jorge aos comandos da seleção
sub-21. O caso de Nélson Semedo é espe-
cífico, já que o jogador do Wolverhamp-
ton passou pelos comandos de Rui Jor-
ge, não na seleção sub-21, mas sim na
seleção olímpica que representou Por-
tugal, em 2016, nos Jogos do Rio de Janei-
ro, e que foi treinada, também, por Rui
Jorge.
A lista de jogadores que contactaram
com o técnico, neste escalão da seleção
nacional, é interminável, e representa o
resultado mais ‘palpável’ dos praticamen-
te 11 anos que Rui Jorge conta à frente da
seleção nacional sub-21, onde passaram,
passam e continuarão a passar os princi-
pais talentos futebolísticos nacionais.
LINHA LATERAL
Pedro Sousa
e João Sousa sobem
no ranking mundial
TÉNIS Os tenistas Pedro Sousa e
João Sousa, ambos portugueses,
escalaram alguns lugares no
ranking mundial da ATP, depois
da mais recente atualização.
Pedro Sousa continua a ser o
número um português nesta
classificação depois de aterrar
no 138.º lugar. Uma subida de
três lugares que lhe permite
entrar no top-140. João Sousa,
por sua vez, subiu quatro luga-
res, fixando-se no 146.º lugar. O
ranking é liderado por Novak
Djokovic, e Alexander Zverev é
agora terceiro.
Depois da lesão,
acabou a época para
Lucas Veríssimo
SL BENFICA O defesa brasileiro
Lucas Veríssimo, do Benfica, não
vai mais jogar nesta época, avan-
çou o clube, devido à grave lesão
que sofreu frente ao Sporting de
Braga, em jogo a contar para a
11.ª jornada da Primeira Liga.
Veríssimo “sofreu entorse gra-
ve do joelho direito com lesão
multiligamentar”, confirman-
do-se a “rotura do ligamento cru-
zado anterior”. Assim, o defesa
será submetido a intervenção
Portugal viajará até cirúrgica, seguindo-se um perío-
Larnaca para enfrentar o do prolongado de recuperação.
emblema nacional do
Chipre, num jogo a contar
para a qualificação do
Europeu sub-21 de 2023 Fernando Santos
FPF.PT dispensa três
jogadores da seleção
SELEÇÃO NACIONAL Depois de
se terem lesionado, Fernando
Santos dispensou Anthony Lopes,
João Mário e Rafa da convoca-
tória da seleção nacional com
vista a uma dupla jornada de
apuramento para o Campeona-
to do Mundo de 2022, em que o
emblema nacional enfrentará a
República da Irlanda e a Sérvia.
“Analisados os relatórios médi-
cos, e tendo em conta o tempo
de recuperação previsto, o sele-
cionador nacional decidiu dis-
pensar o guarda-redes do Lyon
e os dois jogadores do Benfica”,
pode ler-se na nota da Federa-
ção Portuguesa de Futebol. José
Sá e Gonçalo Guedes foram cha-
mados para colmatar as falhas.
—9 novembro 2021 29
 D Mais // Pessoas

Dinheiro (sujo?) por companhia

■ A modelo e atriz Emily Ratajkowski revelou que recebeu 25 mil dólares (mais de 21500 euros)
para acompanhar num evento o magnata malaio Low Taek Jho, que é procurado pelas autorida-
des internacionais por crimes financeiros. A revelação foi feita também pela empresária norte-
americana numa entrevista ao Sunday Times. Sem revelar muitos detalhes sobre o sucedido,
Ratajkowski acabou por falar sobre algumas festas nas quais participava, e onde vários homens
ricos e poderosos se faziam acompanhar por mulheres mais jovens, que estavam a ser pagas. A
modelo recebeu o dinheiro para marcar presença ao lado de Low Taek Jho no Super Bowl. “Em
muitas das minhas experiências as transações não estavam definidas. Os termos do acordo não
estavam explícitos. Descobri depois que convidavam raparigas que não podiam pagar por comi-
da ou refeições em restaurantes chiques. E essa era a motivação para elas irem. Era manipula-
ção”, disse. “Antes da covid-19, fui a algumas festas e estavam muito vazias. De repente entravam
10 modelos com um único homem, se não eram todas menores de idade, tinham acabado de
completar 18 anos. Eu pensava, ‘bem, ainda continua a acontecer’”. Sublinhe-se que os escânda-
los financeiros em que o malaio está envolvido estão também ligados à produção do filme O
Lobo de Wall Street, realizado por Martin Scorsese e protagonizado por Leonardo DiCaprio, no
qual o empresário investiu.

Colorir memórias mais negras

■ Um professor mexicano decidiu usar as festividades de Hal-
loween para prestar homenagem a uma aluna sua, que tinha
falecido. Iván Luna, professor primário, partilhou no Facebook
o disfarce que escolheu usar, mostrando que recuperou o dese-
nho feito pela menina, no qual o docente estava vestido com um
equipamento de basebol. Iván apareceu na escola exatamente
igual a como era visto aos olhos da criança. “Disfarcei-me de um
desenho que uma aluna minha me deu há algum tempo e que,
devido às circunstâncias da vida, já não está aqui”, escreveu. A
publicação emocionou os internautas e, claro está, tornou-se
viral, com quase 60 mil reações e mais de 40 mil partilhas.

Ser bonita dá trabalho... Tréguas pelo

■ Uma modelo e influencer eslovaca,
que tem mais de um milhão de seguido-
res nas redes sociais, acabou por ganhar
destaque na imprensa internacional
após falar sobre as dificuldades de ser...
bonita. Veronika Rajek, de 25 anos, que
vive atualmente na Áustria, diz que a
sua conta de Instagram está a ser
excluída porque os utilizadores conside-
ram que é “bonita demais” para ser real
e queixa-se de não ter amigos. Numa
entrevista publicada pelo New York
Post, Rajek fala em “discriminação” e
diz que as pessoas ficam demasiado
intimidadas para abordá-la. “As pessoas
pensam que sou um robô de inteligên-
cia artificial ou algum impostor. Eu
também me considero um alienígena.
Nem as pessoas acreditam que eu exis-
to”, disse. “Eu não acho que sou perfei-
ta, mas as pessoas têm medo de mim e
não querem falar comigo. Estou pior,
pois as pessoas tornam as coisas mais
difíceis para mim porque sou bonita”,
acrescenta, referindo que está constan-
temente a receber mensagens negativas
de pessoas que a acusam de usar filtros
e photoshop nas imagens que publica.
“Não faço ajustes, moldes ou uso fil-
tros”, garante. “Uso uma ferramenta de
alisamento de pele, mas acho que é nor-
mal”, acrescenta a modelo, que foi fina-
lista do concurso Miss Eslováquia em
2016, negando ainda que tenha feito
cirurgias plásticas.
agente Hobbs
■ Vin Diesel está a dar tudo para
convencer Dwayne Johnson, mais
conhecido por The Rock, a partici-
par no penúltimo filme de Veloci-
dade Furiosa. A relação entre os
dois atores tem andando em maus
lençóis desde 2016, porém Diesel
recorreu ao Instagram para pedir
ao colega que apareça no filme
por ter “um papel muito impor-
tante a desempenhar”. Para Die-
sel, o agente Hobbs, protagonizado
por Dwayne Johnson, “não pode
ser interpretado por outro ator”.
Seta do cupido
desloca-se para West
■ Kanye West parece estar
novamente apaixonado. O
rapper apareceu em público
com a modelo Vinetria de 22
anos, apenas um mês depois
de ter dito que ainda gostaria
de estar com a ex-mulher, Kim
Kardashian, que também
anda ocupada com um novo
amor: o comediante Pete
Davidson. Segundo o Page Six,
West e Vinetria já estão juntos
“há algum tempo” e a relação
parece estar a rumar para um
caminho mais sério.

30 —9 novembro 2021
Passatempos
PALAVRAS CRUZADAS
HORIZONTAIS: 1 – Conquista. Porção de luz resultante da combustão dos gases pro-
duzidos por matérias incendiadas. 2 – O vento do Sul. Busca. 3 – Nosso Senhor
(abrev.). Ladrar. Avançar. 4 – Malta (Bras.). Designação antonomástica de vulcão. 5 –
Pessoa louca. Grande porção (pop.). 6 – Sectário de Baal, divindade dos Assírios e
Fenícios. 7 – Argola. Gerar. 8 – Rompe. Lugar onde há água suja e estagnada. 9 – A ti.
Prodigiosa civilização pré--colombiana que habitava na América Central. Outra coisa
(ant.). 10 – Pedaço de madeira ou metal entre a sola e a palmilha de um sapato. Caixa
de amassar o pão. 11 – Encolerizar. Perfume.
VERTICAIS: 1 – Dança sul-americana. Pequena ulceração das mucosas. 2 – Atrever-
se a. Rua pequena. 3 – Abreviatura de manuscrito. Trabalho. Terceira nota musical. 4 –
Pessoa que pratica um desporto. Estar apaixonado. 5 – Tornar-se raro. 6 – Qualquer
medida atribuída a um desenho técnico. Remar para trás. 7 – Criar bicho (fruta). 8 –
Medida agrária de alguns países (em Portugal corresponde à jeira). Cordão ou saliência
que se atravessa no braço de alguns instrumentos de corda. 9 – Contracção dos pro-
nomes ‘me’ e ‘a’. Ser infiel a. Artigo antigo. 10 – Dou com. Sucesso imprevisto. 11 –
Lavrar. Avançar girando sobre si mesmo.
SUDOKU
1 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★ 2 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★
SOLUÇÕES
4|
HORIZONTAIS: 1 – Tornar asseado. Magnete natural. 2 – Dos nervos, ou a eles referen-
te. Oportunidade. 3 – A ti. Género de mamíferos carnívoros, da família dos mustelídeos.
4 – Extingue o fogo ou a luz de. Dor nos rins. 5 – Compaixão. Convento ou mosteiro a
que preside abade ou abadessa. 6 – Pega. Centésima parte do hectare. Acrónimo da
expressão inglesa Short Message Service. 7 – Terreno onde há meloeiros. Suspiro. 8 –
Renda anual paga à autoridade eclesiástica pelos novos titulares de benefícios. Norma.
9 – Terra lavrada. Sociedade Anónima (abrev.). 10 – Nome feminino. Marinha de guerra.
11 – Endurecimento da pele. Esbelta.
VERTICAIS: 1 – Parte da capa de um livro que dobra para dentro. Antes de Cristo
(abrev.). 2 – Prefixo (negação). Preposição (depois). Coisa nenhuma. 3 – Alvo (fig.). Casta
de uva branca ou preta do Douro, Beira e Alto Alentejo. 4 – Dobra feita num tecido. Séti-
ma letra do alfabeto grego. 5 – Avenida (abrev.). Partida. 6 – Memória de computador.
Argola. Altar. 7 – Entremear (uma peça de carne) com talhadinhas de toucinho. Terceira
nota musical. 8 – Monarca. Prejudicar. 9 – Palerma (pop.). Reses em geral. 10 – Desdita.
Grande massa de água salgada. Elas. 11 – Contracção de ‘em’ com ‘o’. Desejar arden-
temente.
3 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★ 4 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★
3| 2| 1|
—9 novembro 2021 31
 03587

5 607727 093336

TEMPO
HOJE AMANHÃ

20º 19º
NORTE
2021/11/09 10º
3ªFeira 9º

22º 20º
CENTRO 11º 11º

21º 20º
SUL 11º 12º

21º 21º
AÇORES 17º 18º

25º 24º
MADEIRA 18º 19º

SEMÁFORO

Carmo Gomes
e Carlos Antunes
Manuel Heitor tem afastado críticas das estruturas sindicais BRUNO GONÇALVES

São dois dos rostos do

combate à covid-19 e têm

Carreiras. Governo reúne-se chamado a atenção para os

problemas antes de eles se
transformarem num grande.

com sindicatos para negociar

Manuel Carmo Gomes e
Carlos Antunes chamam a
atenção para o provável
aumento dos casos de
covid e alertam para a
necessidade de vacinar
os mais idosos. P. 06

Sindicato Nacional do Ensino Superior considerou “inaceitável

a inexistência de diálogo”, após aprovação do diploma.
SÓNIA PERES PINTO
sonia.pinto@ionline.pt
O Governo vai estar reunido no próximo
dia 15 de novembro com os sindicatos do
ensino superior com o objetivo de negociar
o regime de concursos internos de promo-
ção das carreiras docente e científica, que
foi aprovado na quinta-feira com críticas
sobre a falta de negociação. Um dia após a
sua aprovação, o Sindicato Nacional do Ensi-
no Superior (SNESup) considerou “inacei-
tável a inexistência de diálogo”, apontando
que a aprovação do regime de concursos
internos de promoção a categorias inter-
médias e de topo das carreiras docente do
ensino superior e de investigação científi-
ca foi feita “sem negociação sindical”.
Uma acusação que entretanto foi afas-
tada pelo gabinete de Manuel Heitor ao
defender que “o processo de participação
das estruturas sindicais segue os devidos
procedimentos de negociação coletiva
determinados na legislação aplicável”.
De acordo com o Executivo, o novo diplo-
ma pretende reforçar “o acesso e a pro-
gressão contínua e estável a carreiras
docentes e científicas”, defendendo ainda
que “representa um passo importante na
opção de reforço das carreiras públicas
de ensino e investigação científica, deven-
do ser enquadrada na evolução da última
década e nos termos de melhor posicio-
nar Portugal no contexto europeu”.
Um argumento que não convence o SNE-
Sup ao acusar o ministro de ter avançado
com “alterações nos mecanismos de pro-
gressão nas carreiras sem iniciar o pro-
cesso de atualização do Estatuto da Car-
reira de Investigação Científica e de revi-
são do Estatuto da Carreira Docente
Universitária e do Estatuto da Carreira do
Pessoal Docente do Ensino Superior Poli-
técnico que havia anunciado em maio”. França
No entanto, na altura, Manuel Heitor
garantiu que pretendia “chegar a um com- O país não consegue livrar-
promisso” com universidades, institutos se dos ataques fundamen-
politécnicos, laboratórios, sindicatos e talistas e com isso vê cres-
associações de bolseiros e investigadores cer a extrema-direita. Os
para o país ter “melhores carreiras” e franceses começam a ficar
“melhor ciência”. fartos de não estarem segu-
Mas para a estrutura sindical não há ros e Macron terá uma difícil
dúvidas: “É imprescindível que os con- tarefa para conseguir a ree-
cursos internos de promoção a catego- leição. P. 12
rias intermédias e de topo se articulem
com os resultados dos processos de ava-
liação de desempenho, bem como com
a abertura de concursos públicos inter-
nacionais que permitam a mobilidade
entre instituições”.

Financiamento a 100%
para habitações disponível
PORTUGAL Foi ontem publicado o aviso
que permite financiar 26 mil habitações
a 100%, através do Plano de Recupera-
ção e Resiliência, anunciou o Ministério
das Infraestruturas. A partir de agora os
municípios já podem requerer ao Insti-
tuto da Habitação e da Reabilitação Urba-
na, o financiamento a 100% de soluções
habitacionais. Objetivo é a entrega des-
tas habitações até ao 2.º trimestre de 2026.
Incêndio destrói cenários
da Yellow Star Company
PORTUGAL Um incêndio que deflagrou
na madrugada de segunda-feira numa
zona de armazéns, em Alverca, destruiu
cenários e adereços da Yellow Star Com-
pany, anunciou à agência Lusa o respon-
sável da produtora. “Todo o material que
tínhamos para construção de cenários
ficou totalmente destruído”, lamentou
Paulo Sousa Costa, sublinhando que “não
ficou um único serrote” por arder.
ONU: Mais de 45 milhões
de pessoas à beira da fome
NOVA IORQUE A agência de alimentos
das Nações Unidas alertou esta segun-
da-feira que 45 milhões de pessoas em
43 países estavam “à beira da fome”, o
que representa um aumento de 3 milhões
somente em 2021. “Dezenas de milhões
de pessoas estão a olhar para o abismo”,
garantiu David Beasley, diretor execu-
tivo do Programa Mundial de Alimen-
tos (PMA).
José Mourinho
O treinador português per-
deu toda a noção do ridícu-
lo e acha que a culpa está
sempre nos jogadores e
não em si. Quando diz que
os jogadores das outras
equipas são melhores do
que os seus, também podia
dizer o mesmo dos treina-
dores. Mourinho é hoje o
verdadeiro campeão das
indemnizações. Vítor Rainho