1,50 € // Segunda-feira, 15 junho 2020 // Ano 11 // Diário // Número 3230 // Diretor: Mário Ramires // Dir. exec.

: Vítor Rainho // Dir. exec. adjunto: José Cabrita Saraiva // Subdir. exec. : Marta F. Reis // Dir. de arte: Francisco Alves
inevitável

Centros comerciais
perderam “muitas
centenas de milhões”
por causa da pandemia
// Espaços reabrem hoje na região de Lisboa
e Vale do Tejo com regras apertadas
// Presidente da Associação Portuguesa
de Centros Comerciais fala de prejuízos
astronómicos e garante que estes espaços
“são um aliado no combate à propagação do vírus”
Finanças
pessoais. // Saiba o que ainda falta abrir:
Saiba como bares e discotecas sem data para voltar ao ativo // PÁGS. 2-3
comprar e
vender em
segunda mão
// PÁGS. 18-19
SEM-ABRIGO PROTESTAM EM SÃO BENTO // PÁG. 7

João Leão.
Sucessor
de Centeno
PARADOS MAS NÃO ABANDONADOS.
toma posse COMO ESTÁ A SER FEITA
hoje nas
Finanças A MANUTENÇÃO DA FROTA DA TAP
// PÁG. 5 Aviões foram feitos para voar e sofrem desgaste
adicional em terra por causa do peso // PÁGS. 12-15

EUA.
Dois afro- HERBERTO HELDER. O POETA E O CULTO
-americanos // Livros são troféus cobiçados por bibliófilos e atingem
enforcados facilmente centenas de euros no mercado alfarrabista
em árvores // Folheto de 1958 pode ir dos 800 aos 1500 euros
// PÁGS. 10-11
// Mais de 50 anos depois, livro censurado pelo Estado Novo
e renegado pelo autor regressa às livrarias // PÁGS. 22-24
EDITORIAL
Ontem foi
o Padre António
Vieira, amanhã
é o Convento
de Mafra
José Cabrita Saraiva
Mesmo sabendo como o ser humano
pode ser influenciável, às vezes ainda
somos surpreendidos. Veja-se, por
exemplo, como a vandalização de
uma estátua do Padre António Vieira
em Lisboa macaqueou de forma
descarada ações semelhantes que
têm decorrido lá fora. As opiniões
que tenho visto sobre o assunto são
mais ou menos unânimes: tratou-se
de um disparate.
Ainda assim, este disparate não pode
passar em claro – mesmo se, sejamos
claros, a memória do grande jesuíta
em nada foi manchada.
Há que evitar que o fenómeno
alastre. Ontem foi o Padre António
Vieira, amanhã é o Padrão dos
Descobrimentos, daqui a uma
semana é o Monumento aos
Combatentes do Ultramar. E porque
não os Jerónimos ou a Torre de
Belém, que estão tão intimamente
associados à Expansão? Porque não o
Convento de Mafra, que foi
construído com ouro “roubado” do
Brasil? Porque não as igrejas por esse
país fora, que representam o poder
repressivo da Igreja e da religião, blá,
blá, blá...?
A questão não pode estar nas mãos
de uns quantos radicais que decidem,
no calor da discussão e de acordo
com os seus pontos de vista
enviesados, quais os monumentos
que merecem e quais os
monumentos que não merecem estar
no espaço público.
Cabe, pois, ao poder político dar um
sinal muito claro de que atos deste
tipo não são tolerados. Porque se se
continua numa senda de deixa-andar,
o ódio e o vandalismo continuarão a
cavalgar e a ganhar terreno – o que
não é apenas mau em si como vai
gerar sentimentos de radicalização
no campo oposto.
Que a estupidez existe é um facto
cientificamente comprovado. Que ela
não tem limites, já Einstein o referiu.
Que pode fazer estragos, também não
é novidade nenhuma. E agora
estamos a constatar que, além de
tudo isso, ela é também altamente
contagiosa. Por isso, não pode ser
simplesmente deixada à solta. Há
que tomar medidas para conter o
vírus do disparate.
2 —15 junho 2020
A
Radar
Centros
comerciais
preparados.
“Minimizam
o risco de
contágio, não
o agravam”
Centros comerciais da AML abrem hoje
portas. Associação Portuguesa de Centros
Comerciais garante que estão reunidas
condições de segurança.
DANIELA SOARES FERREIRA
daniela.ferreira@ionline.pt
Durante largas semanas, os
centros comerciais pediram
para reabrir, lembrando as
enormes perdas nas vendas e
o seu papel na retoma da eco-
nomia. A maioria abriu a 1 de
junho, mas em Lisboa, devido
à progressão do vírus, apenas
hoje os centros comerciais vão
poder abrir portas.
A Associação Portuguesa de
Centros Comerciais (APCC) tem
boas expetativas. “A reabertu-
ra da totalidade das lojas dos
Centros Comerciais da Área
Metropolitana de Lisboa é um
passo de grande importância
para a retoma da economia.
Por isso, a nossa expetativa é
a de que os consumidores con-
tinuem a regressar, confiantes,
aos centros comerciais, tal como
temos assistido no resto do
país”, avançou ao i António
Sampaio de Mattos, presiden-
te da APCC.
A confiança do consumidor
constitui, aliás, um fator essen-
cial: “Essa confiança é funda-
mental para a recuperação do
nosso setor e da economia em
geral”, acrescenta.
O responsável relembra que
a Área Metropolitana de Lis-
boa (AML) concentra 35% dos
centros comerciais do país e
que estes asseguram 50% do
emprego total gerado pelo setor
a nível nacional. “A entrada des-
tes espaços em pleno funciona-
mento terá um impacto signi-
ficativo na recuperação econó-
mica e na preservação dos postos
de trabalho”, garante.
Questionado sobre se não pode-
rá existir “medo” por parte dos
clientes, o responsável defende
que os centros comerciais são
seguros e cumprem todas as
normas necessárias e recomen-
dadas pela Direção-Geral da Saú-
de. “Os centros comerciais e os
seus lojistas são um aliado no
combate eficaz à propagação do
novo coronavírus: minimizam
o risco de contágio, não o agra-
vam”, garante António Sampaio
de Mattos, relembrando que
todos os intervenientes fizeram
“investimentos relevantes” em
equipamentos e formação com
o objetivo de permitirem à popu-
lação “aceder a um conjunto
significativo de bens e serviços
num ambiente com acesso limi-
tado e controlado, e onde as boas
práticas dos visitantes são moni-
torizadas e geridas por equipas
profissionais de modo a mini-
mizar os riscos”.
Para já, como sublinha o res-
ponsável, as regras são aperta-
das: os espaços comerciais vão
estar a funcionar com a limita-
ção de um máximo de cinco visi-
tantes por cada 100 metros qua-
drados de área destinada ao públi-
co. Pela amostra que tem dos
centros comerciais que já abri-
ram, as regras têm sido cumpri-
das: “O tráfego tem estado abai-
xo das lotações máximas defini-
das por lei, as regras de
distanciamento têm sido cum-
pridas, a utilização das instala-
ções sanitárias tem sido feita com
total respeito pela higienização
e desinfeção, o uso de tapetes e
escadas rolantes e elevadores tem
decorrido sem qualquer proble-
ma, o funcionamento dos restau-
rantes e a utilização dos food courts
tem cumprido escrupulosamen-
te as regras determinadas e a dis-
ponibilização de informação e de
gel desinfetante tem incutido uma

confiança acrescida nos visitan-
tes”, defende o presidente da APCC.
PREJUÍZOS Quanto aos prejuí-
zos, António Sampaio de Mat-
tos garante que “o impacto nos
centros comerciais é muito signi-
ficativo”, mas que ainda não é
possível fazer uma visão de
todas as perdas, uma vez que
“ainda estamos num contexto
dinâmico”.
No entanto, levanta um pouco
o véu sobre alguns valores: “Pode-
mos avaliar, só em 2020, um
impacto de 305 milhões de euros
devido aos apoios concedidos
pelos centros comerciais aos
lojistas, resultado de uma pos-
tura de diálogo e cooperação
assumida desde a primeira hora”.
O responsável relembra também
“um valor relevante de investi-
mentos adicionais” para que os
centros comerciais se preparas-
sem para o contexto de pande-
mia. “E não podemos esquecer-
nos do impacto que esta dimi-
nuição de receitas e aumento de
custos tem na avaliação dos ati-
vos”, acrescenta. Por tudo isto,
os valores serão elevados: “Tudo
isto são muitas centenas de
milhões de euros e um enorme
desafio que se coloca ao setor”,
diz ao i.
REGRESSO “ORDEIRO” Tal como
em todos os setores que têm vin-
do a abrir nas várias fases de des-
confinamento, a Direção-Geral
da Saúde pede precaução e cui-
dados. Em relação aos centros
comerciais, não foi diferente:
“Tenho a referir que estes cen-
tros já reabriram noutros locais
do país e não tivemos notas de
distúrbios nem de ajuntamentos
anormais, nem de comportamen-
“Centros comerciais
e lojistas são um
aliado no combate
eficaz à propagação
do vírus”
“Confiança
é fundamental para
a recuperação
do nosso setor
e da economia”
to não cívico por parte das pes-
soas. Portanto, nada faz esperar
que a abertura destes centros
comerciais em Lisboa não se veri-
fique da mesma forma ordeira”,
disse a diretora-geral da Saúde,
Graça Freitas, falando na confe-
rência de imprensa diária.
Recordando que os espaços
comerciais têm regras a cum-
prir e que os funcionários das
lojas devem ajudar os clientes,
Graça Freitas avançou ainda que
“não se perspetiva que o com-
portamento da população em
Lisboa seja diferente. Antes pelo
contrário, é uma população que
terá ainda mais cuidados por-
que sabe que a atividade do vírus
em Lisboa é superior à do resto
do país”.
BALANÇO POSITIVO Um pouco
por todo o país, à exceção da Área
Metropolitana de Lisboa, os cen-
tros comerciais abriram a 1 de
junho. “Fazemos um balanço
muito positivo da reabertura das
lojas dos centros comerciais que
já tiveram permissão para o fazer,
quer sob o plano sanitário, quer
sob o plano comercial”, conclui
António Sampaio de Mattos.
DESCONFINAMENTO
Associação Portuguesa DREAMSTIME
de Centros Comerciais
garante todas as normas
para a reabertura na AML
O que também
abre hoje
ATLs e centros de
explicações
• Os espaços de atividades
de tempos livres (ATL)
reabrem hoje, com exceção
daqueles que estão
integrados nos
estabelecimentos de
ensino. Também os centros
de explicações viram luz
verde para receber alunos.
Termas e parques aquáticos
• As termas podem receber
clientes a partir de hoje,
desde que seja feita uma
triagem “prévia não
presencial com um máximo
de 72 horas” antes do
tratamento para garantir
que a pessoa não está
infetada. Já para ir até aos
parques aquáticos, a visita
terá de ser marcada com
antecedência e, lá dentro,
é obrigatório usar calçado
e máscara nas deslocações.
Centros de
dia, bares e
discotecas
ainda sem
datas para
reabrir
Graça Freitas avançou
que evolução da
pandemia tem de ser
observada primeiro.
As etapas do desconfinamento
não estão concluídas e alguns seto-
res aguardam ainda luz verde do
Governo para voltar a abrir por-
tas. Os centros de dia são um dos
exemplos sem data para reabrir
e foram, aliás, abordados ontem
pela diretora-geral da Saúde, Gra-
ça Freitas. “Temos mais equipa-
mentos para abrir nesta altura do
verão. Vamos observar a epide-
mia e brevemente sairão orienta-
ções para os centros de dia, que
sabemos que fazem bastante fal-
ta”, referiu.
Os bares e discotecas também
continuam sem data de abertu-
ra prevista, apesar de as últimas
palavras do Governo terem dei-
xado algumas dúvidas. Mariana
Vieira da Silva, ministra da Pre-
sidência, disse na semana passa-
da que existe a possibilidade de
abrir gradualmente espaços de
convívio, “à medida que tenham
orientações específicas para o seu
funcionamento”. No entanto, fri-
sou que “discotecas e espaços de
dança ficarão encerrados, uma
vez que é pouco possível pensar
neles como espaços de distancia-
mento social”. Neste contexto, os
proprietários dos espaços de diver-
são noturna entendem que os
bares deverão abrir primeiro. E,
para reforçar a ideia, António Cos-
ta, a propósito do prolongamen-
to do layoff até ao final de julho,
explicou que as empresas que
permaneçam encerradas por
determinação do Governo vão
manter o regime de layoff simpli-
ficado, mesmo depois de julho, e
deu o exemplo das discotecas.
Também as fronteiras perma-
necem com restrições, apesar
de existirem já algumas datas e
algumas aberturas. A fronteira
terrestre com Espanha só abre
no início de julho e as ligações
aéreas entre os dois países estão
ainda suspensas, mas já é possí-
vel voar de Portugal para outros
pontos da Europa, como Paris
ou Londres.
—15 junho 2020 3
 A Radar //
Retificação de diploma não menciona diretamente estes doentes
Hipertensos e diabéticos.
“Promulgação do
Presidente foi afastada”
Constitucionalistas parecem não ter dúvidas acerca da
inconstitucionalidade de retificação. Lei formulária não bastava.
ANA TERESA BANHA
teresa.banha@ionline.pt
A Declaração de Retificação n.º
18-C/2020, que excluiu diabéticos
e hipertensos do regime especial
de proteção laboral para imuno-
deprimidos e doentes crónicos,
poderá mesmo ser inconstitucio-
nal, tal como avançou o jornal
Público avançou este sábado. Segun-
do os constitucionalistas, a retifi-
cação não respeita a lei.
“O diploma é claramente
inconstitucional”, garante ao i
o constitucionalista Pedro Moniz
Lopes. Segundo o artigo 5.º da
Lei Formulária, que permite
corrigir estes diplomas, as reti-
ficações são admissíveis “exclu-
sivamente para correção de lap-
4 —15 junho 2020
sos gramaticais, ortográficos,
de cálculo ou de natureza aná-
loga ou para correção de erros
materiais provenientes de diver-
gências entre o texto original
e o texto de qualquer diploma
publicado na 1.ª série do Diá-
rio da República”.
Tendo em conta que a remo-
ção dos doentes diabéticos e
hipertensos do decreto-lei não
encaixa em nenhuma das opções
acima referidas, a alteração
considera-se substancial, e, tal
como explica o constituciona-
lista, “um diploma legislativo
não pode ser alterado, na sua
substância, por retificação dos
termos da Lei Formulária”.
O professor da Faculdade de
Direito da Universidade de Lis-
boa explica ainda que é possí-
vel fazer a alteração que o
Governo fez sem incorrer em
qualquer inconstitucionalida-
de. “Para se fazer uma altera-
ção ao diploma tinha que se
fazer o procedimento legisla-
tivo todo desde o início”, expli-
ca, defendendo que, como tal
como foi feito, não só o proce-
dimento legislativo do Gover-
no foi colocado em causa como
“a promulgação do Presidente
afastada”. “Aquilo que o Presi-
dente da República promulgou
foi uma coisa com um conteú-
do completamente diferente
do que depois veio ter a poste-
riori”, afirma, explicando o
Governo eliminou a possibili-
dade de Marcelo fazer um veto
político ou de enviar para Tri-
bunal Constitucional. “Ao sub-
trair o Presidente do jogo, o
Presidente não tem momento
para fazer isso”, afirma, expli-
cando que os poderes presiden-
ciais de fiscalização preventi-
va foram desta forma retira-
dos. “Neste caso, não se pode
dizer que o Presidente esteja
responsabilizado pela retirada
daqueles exemplos”, afirma.
PERDA “SUBSTANCIAL” Pedro
Moniz Lopes garante que, após
o Governo emendar a formu-
Alterações feitas
são substanciais e,
por isso, diploma
teria de ser sujeito
a promulgação
Alteração em
questão exigia fazer
o procedimento
legislativo todo
desde o início
FRED TANNEAU/AFP
lação do decreto-lei, salvaguar-
dando as situações que ficaram
neste “período intermédio”,
não haverá problema. “Quan-
do muito, o que pode ficar é
um episódio menos agradável
em que o Governo foi demasia-
do pragmático”, explica, acres-
centando que apesar dos “tem-
pos muito difíceis”, a Consti-
tuição tem “procedimentos e
garantias que servem exata-
mente para impedir este tipo
de pragmatismos”.
Apesar de não ter dúvidas
sobre a inconstitucionalidade
do diploma, o especialista expli-
ca que a remoção das expres-
sões não significa que, “do pon-
to de vista substancial, essas
pessoas não possam cair no
âmbito desse regime” especial
de proteção. “Tinham a certe-
za de que ficavam dentro do
regime da justificação de fal-
tas e, agora, deixam de ter e
ficam dentro daquilo a que nós
chamamos a liberdade de apre-
ciação”, explica, acrescentan-
do que o secretário de Estado
da Saúde tem razão quando
defendeu que estes doentes não
estavam excluídos do regime
de proteção e mantinham “cha-
péu da doença crónica”. Ainda
assim, estes doentes ficaram
“substancialmente a perder”,
considera Pedro Moniz Lopes.
 POLÍTICA

GRESP Finanças. Ministro e secretários de

CDS prepara
Estado tomam hoje posse
“programa Centeno no BdP?
de emergência João Leão e a sua que transita para a nova equi- em Governos socialistas, tendo “Desastre político”,
social” equipa assumem hoje pa das Finanças, passa a núme- sido secretário de Estado do Pla- diz Louçã
funções. Primeira ro dois no ministério, assumin- neamento entre 1999 e 2002, no
REFORMA DO ESTADO prova é amanhã, na do as funções de secretário de segundo Governo liderado por LISBOA Francisco Louçã conside-
O CDS criou o Grupo Estado Adjunto e dos Assuntos António Guterres. rou que a ida de Mário Centeno
para a Recuperação
audição da Comissão Fiscais. O lugar foi deixado vago Miguel Cruz é o único que se para o Banco de Portugal seria “um
Económica e Social de de Orçamento por Ricardo Mourinho Félix, que estreia em funções governati- desastre político”. Sublinhando que
Portugal (GRESP), e Finanças. até agora ocupava o cargo de vas, ocupando o lugar deixado as capacidades do agora ex-minis-
destinado a preparar um secretário de Estado Adjunto e por Álvaro Novo. O novo secre- tro das Finanças para ocupar o car-
“programa de A nova equipa das Finanças toma das Finanças. tário de Estado do Tesouro, que go de governador são “indiscutí-
emergência social” de hoje posse numa cerimónia que, O Governo escolheu João Nuno também esteve envolvido nas veis”, segundo o fundador do Blo-
resposta às crises segundo uma nota publicada no Mendes para secretário de Esta- negociações da TAP, assumiu co de Esquerda, isso “daria a entender
económica e social site da Presidência da Repúbli- do das Finanças. Não é a primei- até aqui a presidência da Par- que é uma espécie de garantia de
consequentes da ca, será “restrita e sem outros ra vez este ano que o Executivo pública, a holding do Estado que proteção de um cargo para o outro”.
pandemia de covid-19. A convidados, dadas as atuais regras chama o gestor, já que, em maio, reúne diversas participações
“unidade de missão terá de saúde pública”. o também ex-presidente da Águas empresariais. Antes da nomea-
como fito a construção Marcelo Rebelo de Sousa acei- de Portugal entre 2016 e 2019 ção, em 2016, foi durante três Marcelo ouve
de propostas que tou na sexta-feira os nomes pro- foi a escolha do Executivo para anos presidente do Iapmei – líderes partidários
perspetivem a tão postos pelo Governo para a subs- coordenar em Bruxelas as nego- Agência para a Competitivida- a 22 e 23 de junho
proclamada reforma do tituição de Mário Centeno e da ciações de ajudas do Estado à de e Inovação.
Estado”, garante o líder sua equipa. Na cerimónia, mar- TAP. À semelhança dos anterio- LISBOA Marcelo Rebelo de Sousa
do partido. cada para as 10h, João Leão res, também João Nuno Men- ORÇAMENTO SUPLEMENTAR Uma vai receber os partidos com assen-
tomará posse como ministro das des já tinha assumido funções semana depois de ter sido anun- to parlamentar nos dias 22 e 23
QUEM FAZ PARTE? Finanças. O sucessor de Mário ciado como sucessor de Mário de junho, de forma a poder ouvi-
O grupo de trabalho será Centeno era, desde 2015, o secre- Centeno, João Leão será ouvi- los acerca da “situação sanitária,
composto por oito tário de Estado do Orçamento. do pela Comissão de Orçamen- económica, social e política, desi-
elementos, entre os O lugar que Leão deixa vago to e Finanças. A audição do gnadamente do Programa de Esta-
quais elementos como será ocupado pela única mulher
Entre os nomes sucessor do CR7 das Finanças bilização Económica e Social e do
Lobo Xavier, Pires de escolhida para integrar esta nova escolhidos, apenas acontece amanhã, mas a dis- Orçamento Suplementar para
Lima e Luís Nobre equipa, Cláudia Joaquim. A nova um se estreia cussão e votação da proposta 2020”. Devido ao surto de covid-
Guedes, mas também as secretária de Estado do Orça- do Orçamento Suplementar, que 19, estes encontros que, por nor-
independentes Paula mento não é uma estreia no
em funções apresentou no dia 9 de junho, ma, se realizam trimestralmente
Morais e Paula Governo, tendo sido na anterior governativas decorrerá a partir do próximo não acontecem desde dezembro.
Guimarães. Francisco legislatura responsável pela pas- dia 17. Os partidos terão uma
Rodrigues dos Santos ta da Segurança Social, quando semana, até 24 de junho, para
defende, numa nota Vieira da Silva tutelava o Minis-
Dois dos novos apresentar propostas de altera- PCP quer travar
enviada à Luda, que a tério do Trabalho, Solidarieda- nomes estiveram ção, estando a votação na espe- “espiral de pobreza”
escolha dos elementos de e Segurança Social. envolvidos cialidade agendada para o últi-
deste grupo “prova que António Mendonça Mendes mo dia do mês. Para a mesma LISBOA Jerónimo de Sousa defen-
o CDS-PP tem sabido que, a par do novo ministro, é
nas negociações semana está marcada a vota- deu, no sábado, que têm que exis-
abrir-se ao exterior e o único membro do Governo da TAP ção final, a 3 de julho. tir no Orçamento Suplementar
atrair o que de melhor a respostas de curto prazo para a
sociedade civil tem para “espiral de pobreza” consequen-
oferecer à política”. te da crise pandémica. O líder
António Galvão Lucas, do PCP considerou “fundamen-
António Maia Gonçalves tal” a existência destas respos-
e Sandra Strecht são os tas, que visam “superar as insu-
restantes elementos. ficientes medidas que estão con-
tidas no seu Programa de
TEMÁTICAS Estabilidade Económica e Social
O GRESP planeia recentemente aprovado”.
elaborar “soluções
consistentes e com
adesão à realidade para PSD/Açores pede
o futuro Portugal” que, a nova governação
curto prazo, serão
centradas em AÇORES O líder do PSD/Açores
problemáticas como o considerou na sexta-feira que
combate à pobreza, deve haver uma “mudança efeti-
apoio a idosos, va” de Governação na região. “É
revitalização do tecido preciso um governo que assuma
empresarial ou a missão Açores e um compro-
diminuição de misso com cada ilha”, defendeu
burocracia. José Manuel Bolieiro, em comu-
nicado de imprensa. O líder social-
democrata defendeu que “de uma
governação com a capacidade de
ouvir e de garantir independên-
O anúncio do novo ministro das Finanças foi feito na terça-feira PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP cia às pessoas e às instituições”.

—15 junho 2020 5

 A Radar //
Graça Freitas esclareceu que é necessária atenção à região de Lisboa e Vale do Tejo
Covid-19. Número
de mortes abranda,
mas é preciso “deixar
passar mais alguns dias”
Graça Freitas alerta que diminuição do número de mortes “reflete infeções
ocorridas já em dias passados”. Nos lares, os casos estão a diminuir.
RITA PEREIRA CARVALHO
rita.carvalho@ionline.pt
As mortes diminuem, mas é pre-
ciso esperar pelos próximos dias,
uma vez que os óbitos regista-
dos não são o reflexo das infe-
ções recentes. A explicação foi
dada ontem pela diretora-geral
da Saúde, Graça Freitas, duran-
te a conferência diária de aná-
lise ao boletim epidémico. “Há
um abrandamento, mas que
reflete infeções ocorridas já em
dias passados”, sendo por isso
necessário “deixar passar mais
alguns dias” para perceber a evo-
lução do surto sobretudo na
região de Lisboa.
6 —15 junho 2020
É, aliás, a região de Lisboa e
Vale do Tejo que voltou a regis-
tar o maior número de casos
positivos de covid-19. Ontem, o
boletim mostrava mais 227 casos
em Portugal e 91% desse total
diz respeito à região de Lisboa
e Vale do Tejo.
“Vamos ver como é que esta
questão de Lisboa e Vale do Tejo
se reflete na mortalidade. Ape-
sar de sabermos que muitos des-
tes doentes são jovens e saudá-
veis, também ainda temos alguns
lares com casos”, explicou Gra-
ça Freitas.
António Lacerda Sales, secre-
tário de Estado da Saúde, avan-
çou que existem casos positivos
em 246 estruturas residenciais
para idosos, “o que representa
menos de 10% do universo de
lares do país”.
António Lacerda Lopes refe-
riu ainda durante a conferência
que a linha de apoio psicológi-
co continua a funcionar, tendo
até agora atendido cerca de 16
mil chamadas – 1500 de profis-
sionais de saúde.
RESTRIÇÕES E IMUNIDADE O
médico português Nelson Olim,
consultor da WHO Academy,
da Organização Mundial de Saú-
de (OMS), explicou este fim de
semana que Portugal pode ter
de enfrentar uma segunda vaga
da epidemia nas mesmas con-
dições em que se viveu a pri-
meira. “Neste momento, há um
certo exagero nas medidas toma-
das do ponto de vista do distan-
ciamento, das máscaras, das
luvas e da circulação dentro de
espaços. A questão — e é preci-
so ter noção do preço a pagar
— é que estamos a atrasar em
muito o adquirir da imunida-
de de grupo que nos iria prote-
ger a todos”, disse à Lusa o médi-
co cirurgião.
Nelson Olim referiu que as res-
trições estão a atrasar a imuni-
dade de grupo e, por isso, caso
se confirme uma nova vaga, vai
existir uma parte da população
que ainda não tem imunidade,
“portanto, uma população que
se vai comportar mais ou menos
Médico português
consultor na OMS
considera que
há “exagero nas
medidas” restritivas
Máscaras
descartáveis não
devem ser
colocadas
na reciclagem
ANTÓNIO COTRIM/POOL/LUSA
como foi atingida há dois ou três
meses”. “A imunidade ganha-se
pela exposição a pequenas quan-
tidades do vírus e esta é a for-
ma como a espécie humana evo-
luiu nos últimos milhares de
anos”, acrescentou o consultor
da OMS.
MÁSCARAS DESCARTÁVEIS NO
LIXO DOMÉSTICO O assunto não
é novo e João Pedro Matos Fer-
nandes, ministro do Ambiente
e da Ação Climática, já tinha
alertado há duas semanas, a
propósito de uma audição na
Comissão de Ambiente, Ener-
gia e Ordenamento do Territó-
rio, para a necessidade de usar
máscaras reutilizáveis em subs-
tituição das máscaras descar-
táveis. Este material descartá-
vel não pode ser reciclado, sobre-
tudo pelo risco de contaminação,
sendo depositado em aterros.
Este fim de semana, o ministro
responsável pela pasta do
Ambiente voltou a apelar ao
uso das máscaras reutilizáveis
e à não reciclagem das descar-
táveis.
“Independentemente de se usa-
rem descartáveis ou não, há
regras que se devem cumprir, e
uma delas é a proteção do
ambiente e, portanto, uma más-
cara descartável deve ir para o
chamado lixo doméstico, não
deve ir para o ecoponto, e nun-
ca deve ser abandonada na via
pública”, frisou ontem Graça
Freitas.

Ambiente
Obra em duna
contestada
pela Zero
ALMADA
Na semana passada,
tiveram início obras de
requalificação dunar na
Fonte da Telha, em
Almada. No entanto,
estas obras incluem uma
estrada de alcatrão em
plena duna, entretanto já
feita. Em comunicado, a
associação ambientalista
Zero referiu que o
alcatroamento na duna
“não se encontra
previsto em nenhum
plano conhecido”.
APA APROVOU OBRA
A Zero explicou ainda
que o projeto “é
contrário às diretrizes
estabelecidas” e que o
Programa de Orla
Costeira definido para a
zona de Alcobaça-
Espichel “é omisso em
relação a qualquer
intervenção nos acessos
nesta localização,
identificando toda esta
zona como duna
primária”. “Não é de
todo compreensível que
o Governo, através da
Agência Portuguesa do
Ambiente, tenha
aprovado a obra em
curso, uma vez que a
mesma é contrária a
todas as diretrizes
emanadas, podendo
mesmo ter efeitos
negativos”, acrescentou
a associação.
IMPACTO NEGATIVO
Além de o alcatroamento
impermeabilizar “de
forma dramática um
troço considerável junto
à linha de água e à arriba
fóssil”, a obra vai
“permitir aumentar o
acesso e a implantação
de mais atividades numa
zona já sensível e
vulnerável às alterações
climáticas e à subida do
nível do mar”, justificou a
Zero.
Pessoas sem-abrigo
protestam em São Bento
Manisfestação está
marcada para esta
segunda-feira e surge
depois dos despejos
em Arroios.
Hoje, as pessoas em situação de
sem-abrigo vão manifestar-se,
pela primeira vez, em frente à
Assembleia da República. O pro-
testo foi marcado por um gru-
po de pessoas que vivem na rua
e, em comunicado, referem que
“a revolução que vai haver não
é de cravos nem de rosas, é de
sem abrigo”.
Estas pessoas dizem sentir-se
desprezadas todos os dias e que
cada vez há mais pessoas a viver
na rua. “A promessa de Marce-
lo Rebelo de Sousa foi tirar os
sem-abrigo da rua, dar-lhes digni-
dade e dar-lhes uma casa, mas
cada vez há mais despejos, mais
desemprego, mais pessoas na
rua e menos respostas”, lê-se no
comunicado.
Neste momento, há pessoas
que, depois de terem ficado sem
emprego, deixaram de conse-
guir pagar a renda e a única solu-
ção que encontraram foi viver
na rua. E, depois de estar na rua,
a situação complica-se a cada
‘Noite’ volta a protestar
Os proprietários de bares e discotecas voltam hoje a protestar junto à Assembleia
da República. Às 18h00 voltam a pedir a reabertura dos espaços de diversão notur-
na, cuja data ainda é uma incógnita. Aos donos dos estabelecimentos, juntam-se
esta segunda-feira artistas como djs e bailarino. DR
dia. “Ninguém dá trabalho a um
sem-abrigo. Perguntam-nos ‘onde
reside?’, respondemos ‘na rua’.
E aí já não há conversa, a entre-
vista acaba ali”, diz o grupo que
está a organizar a manifestação.
As alternativas ao chão da rua
são os albergues, mas as pes-
soas em situação de sem-abri-
go recusam essa opção. “Não
têm condições, têm percevejos,
porcaria, quartos pequenos com
18 pessoas, as pessoas roubam-
se umas ás outras. Cada pessoa
tem um número, ali o nome não
existe. Quando se entra para ali,
“Ninguém
dá emprego a um
sem-abrigo.
A entrevista
acaba logo ali”
Albergues não são
solução. Pessoas
queixam-se da falta
de condições
destes espaços
SOCIEDADE
é como uma prisão: não és mais
do que um número”, acrescen-
tou o grupo.
Hoje, as pessoas em situação
de sem-abrigo pedem uma mora-
da: “A Câmara Municipal de
Lisboa e a Santa Casa da Mise-
ricórdia têm tanta casa fecha-
da, queremos abri-las e orga-
nizá-las”.
A manifestação acontece uma
semana depois dos despejos no
Largo de Santa Bárbara, na fre-
guesia de Arroios. O grupo Sea-
ra, uma associação recente de
apoio às pessoas em situação de
sem-abrigo, foi despejado por
seguranças privados enviados
pelos novos proprietários do edi-
fício. A associação ocupou o pré-
dio no início de maio, alegando
que o mesmo estava abandona-
do e que tanto a PSP como a
Câmara Municipal de Lisboa
foram devidamente informadas,
apesar de nunca ter existido
uma resposta.
As pessoas que estavam a dor-
mir no edifício foram realoja-
das pela autarquia de Lisboa -
algumas encaminhadas para a
Santa Casa da Misericórdia,
outras para centros de acolhi-
mento -, sendo esta solução tem-
porária.
Estátua vandalizada
em Braga
BRAGA A escultura do Cónego
Melo, situada em Braga, foi van-
dalizada durante a madrugada
de domingo. Na estátua foram
escritas as palavras “assassino”,
“abril” e “Pª Max” sobre o sacer-
dote português conhecido por
ser anti-comunista. Este ato de
vandalismo acontece dias depois
de a estátua de Padre António
Vieira, em Lisboa, ter sido tam-
bém pintada.
Aumentam divórcios
após quarentena
PORTUGAL Com o desconfina-
mento, o número de divórcios
em Portugal aumentou no mês
de maio, registando-se 912 sepa-
rações. De acordo com o Jornal
de Notícias, este número é seis
vezes maior do que o registado
em abril - mês em que se regis-
taram apenas 160 separações.
As previsões dos especialistas é
que os divórcios aumentem nas
próximas semanas e o pico seja
atingido em junho e nas duas
primeiras semanas de julho.
Homem morre
atropelado na A1
AVEIRAS DE CIMA Um homem já
conhecido por costumar andar
a pé em plena A1, em Aveiras de
Cima, morreu atropelado duran-
te a madrugada de sábado. A
vítima já tinha sido internada
várias vezes por problemas de
saúde mental e ficou ainda conhe-
cido por se ter oferecido para
testemunhar em casos como o
da Casa Pia, Rei Ghob e, por últi-
mo, disse ter assistido ao homi-
cídio do triatleta Luís Grilo.
Idoso agredido pelo
filho dentro do carro
ALCOBAÇA Um idoso foi agredi-
do pelo filho dentro de um car-
ro. O episódio aconteceu este
sábado e foi filmado e publica-
do nas redes sociais. A PSP de
Leiria teve conhecimento do
caso que está agora a ser inves-
tigado pelo Ministério Público.
O vídeo gerou revolta nas redes
sociais e podia ver-se nas ima-
gens a vítima a ser agredida den-
tro do carro, que tinha uma das
portas abertas.
—15 junho 2020 7

A Radar //
António Ramalho diz que taxa sobre a banca prevista no PEES deve ser “repartida”
Novo Banco.
Covid-19 leva banco a
precisar de mais dinheiro
Presidente executivo do Novo Banco justifica a necessidade com os
impactos da pandemia, que alteram a estimativa entregue ao Fundo de
Resolução. Eventual chamada de capital só em 2021, garante o banco.
DANIELA SOARES FERREIRA
daniela.ferreira@ionline.pt
O presidente executivo do Novo
Banco admitiu que a instituição
financeira vai precisar de mais
capital do que estava previsto para
este ano, o que altera a estimati-
va já entregue ao Fundo de Reso-
lução. António Ramalho justifica
esta necessidade com os impac-
tos da pandemia de covid-19.
“No início de cada ano fazemos
sempre uma previsão e entrega-
mos essa previsão ao Fundo de
Resolução. Naturalmente, a dife-
rença é entre a previsão que fize-
mos antes da covid e a que fare-
mos depois da covid”, defendeu
António Ramalho, em entrevis-
ta ao Negócios e à Antena 1.
No entanto, o banco esclareceu
este domingo que só deverá recor-
rer ao capital do fundo de reso-
8 —15 junho 2020
lução em 2021. “O Novo Banco
esclarece e sublinha que qual-
quer eventual nova chamada de
capital referente a necessidades
de 2020, de acordo com o atual
modelo, será feita em 2021, após
aprovação das contas auditadas,
após parecer da Comissão de
Acompanhamento e verificadas
com agente independente”.
Face às previsões pós-pande-
mia que António Ramalho expli-
ca que “a deterioração da situa-
ção económica” prevê que o
Novo Banco vá precisar de “neces-
sidades de capital ligeiramente
suplementares” às que já esta-
vam previstas.
Estas declarações surgem
depois de o presidente do Novo
Banco ter dito que, possivel-
mente, não seria necessário
recorrer aos 3,9 mil milhões de
garantia pública.
No entanto, para já, as contas
ainda não são certas e não foram
avançados valores. “Tenho sido
sempre cauteloso em não ante-
cipar qualquer número. Acon-
tece, basicamente, que houve
uma deterioração da situação
económica e é previsível que, no
nível de cenário que temos hoje,
ela nos vá levar a necessidades
de capital ligeiramente suple-
mentares em relação às que exis-
tiam”, explicou na entrevista.
O responsável relembrou ain-
da a proteção de capital. “Temos
uma proteção de capital aos 12%,
uma proteção de capital contra-
tualizada, temos de esperar até
ao fim do ano para saber esse
valor”, clarificou.
António Ramalho lembra que
haverá uma nova avaliação
ainda este mês, mas só no final
do ano será possível saber
DINHEIRO
BRUNO GONÇALVES
quanto é que o Novo Banco vai
gastar dos 912 milhões dispo-
níveis no Mecanismo de Capi-
tal Contingente.
Ainda assim, o presidente do
banco admite que o capital neces-
sário será “maior” do que aque-
le que era esperado antes da
pandemia. Apesar de admitir
querer gastar o “menos possí-
vel”, o objetivo é que o Novo Ban-
co termine 2020 a usar “aquilo
que for necessário para deixar
o banco limpo no final de 2020”.
TAXA SOBRE A BANCA DEVE SER
“REPARTIDA” O Programa de Esta-
bilização Económica e Social, publi-
cado em Diário da República na
semana passada, contém uma
medida que visa criar um adicio-
nal de solidariedade sobre o setor
bancário no valor de 0,02%, “cuja
receita é adstrita a contribuir para
suportar os custos de resposta à
atual crise”.
António Ramalho não tem dúvi-
das de que esta contribuição “é
um desgaste desnecessário” e
que deveria ser “repartida” por
quem mais beneficia com a cri-
se. “Não me parece que o setor
financeiro, de alguma maneira,
seja alguma vez beneficiado e
será certamente um dos setores
mais fustigados com os efeitos
desta crise”, defendeu.
Ainda assim, o CEO do Novo Ban-
co deixou a garantia: “Não nos escu-
saremos a pagar a solidariedade”.
Combustíveis sobem
pela sexta semana
PORTUGAL Os preços dos com-
bustíveis voltam a subir hoje e
pela sexta semana consecutiva.
Assim, a gasolina simples 95
poderá aumentar um cêntimo
por litro para 1,342 euros, o que
representa um máximo desde
março, pouco antes de ter sido
decretado o estado de emergên-
cia. Já o gasóleo poderá aumen-
tar pouco mais de um cêntimo
para 1,184 euros por litro.
TST reforçam oferta
a partir de hoje
PORTUGAL A partir desta segun-
da-feira, os TST – Transportes Sul
do Tejo vão reativar duas carrei-
ras e reforçar outros 14 serviços
de transporte de passageiros, dan-
do resposta a um expetável aumen-
to de procura que se prevê a par-
tir desse dia. As carreiras repos-
tas serão a 107 (Quinta do Brasileiro
– Cacilhas) e a 192 (Cacilhas –
Pinheirinho via Vale de Milha-
ços). Desde sábado foram tam-
bém repostos os serviços para as
praias da Arrábida.
Ikea vai devolver
apoios estatais
PORTUGAL A Ikea está em nego-
ciações com governos de nove
países – incluindo Portugal –
para poder devolver os apoios
estatais que foram concedidos
no âmbito das medidas para tra-
var o impacto da pandemia de
covid-19. A devolução dos apoios
está relacionada com a quebra
de vendas, uma vez que o gru-
po previa quebras entre os 80%
e os 90%, mas a reabertura tem
permitido mitigar o impacto.
Mais desemprego
para emigrantes
FRANÇA O conselheiro das comu-
nidades em França, Rui Barata,
avisou o Estado português para
estar preparado para um possí-
vel aumento do desemprego entre
os emigrantes devido aos impac-
tos da pandemia e, nesse senti-
do, pediu o reforço dos apoios e
a colocação de adidos sociais nos
consulados. “Temos de conse-
guir antever as consequências
que virão nos próximos meses
com esta crise”, disse à Lusa.
 PUB

—15 junho 2020 9

 A Radar //
Manifestações
em Palmville, Califórnia,
em memória
de Robert Fuller
DAVID MCNEW/AFP
Dois afro-americanos
encontrados
enforcados em
árvores na Califórnia
Famílias das vítimas duvidam que os homens se tenham
suicidado e apelam às autoridades para investigarem.
FILIPE TELES
filipe.teles@ionline.pt
Dois homens negros foram
encontrados enforcados em árvo-
res, nas últimas duas semanas,
na Califórnia, um em Palmda-
le, outro em Victorville, cidades
separadas por apenas 80 quiló-
metros. Em ambos os casos, as
autoridades desconfiam que se
terá tratado de suicídio.
A descoberta de um afro-ame-
ricano enforcado numa árvore
perto da câmara da cidade de
Palmdale, na quarta-feira, às
3h39, está a causar alarme entre
a comunidade negra local. Ao
10 —15 junho 2020
saberem que as autoridades clas-
sificaram o caso como provável
suicídio, centenas de manifes-
tantes juntaram-se no local onde
Robert Fuller, de 24 anos, foi
encontrado por um peão – este
avisou as autoridades à hora
referida e o seu nome não foi
tornado público.
Na pequena cidade com cer-
ca de 150 mil habitantes grita-
ram-se as mesmas palavras de
ordem que têm estado nas ruas
de todos os Estados Unidos nas
últimas três semanas. “Justiça
para Robert Fuller”, “Black Lives
Matter” e “Digam o seu nome”,
pediram. “Robert Fuller”, foi a
resposta, ecoando os cânticos
que têm sido proferidos nos pro-
testos depois da morte de Geor-
ge Floyd por asfixia, sob a cus-
tódia da polícia.
A irmã do jovem de 24 anos
dirigiu-se aos manifestantes no
sábado e disse não acreditar que
Fuller tenha cometido suicídio.
“Queremos descobrir a verda-
de sobre o que realmente se pas-
sou”, disse Diamand Alexander.
“Só queremos a verdade. O meu
irmão não era suicida. Era um
sobrevivente”.
A tenente Kelly Yagerlener,
médica legista do condado de
Los Angeles, disse que a mor-
te de Fuller foi inicialmente
reportada como um aparente
suicídio. Contudo, a determi-
nação da causa de morte ain-
da se encontra pendente e as
autoridades vão continuar a
investiga, estando prevista uma
autópsia completa. Não obs-
tante, a polícia diz não haver
indicações de lesões no corpo
de Fuller.
Na conferência de imprensa
de sexta-feira em que a polícia
anunciou que, “apesar da inves-
tigação estar em curso, parece
que, tragicamente, Fuller come-
teu suicídio”, os ânimos aquece-
ram e muitos dos residentes acu-
saram as autoridades de negli-
gência: “Isso é mentira!”, gritaram.
“Se não conhecem o seu estado
de saúde mental e se não conhe-
cem a sua história, como é que
isso determina um suicídio?”,
perguntou furiosamente um dos
residentes presentes. “É um pos-
sível homicídio”. Entre as sus-
peitas dos ativistas e residentes
está a hipótese de se ter tratado
de um linchamento: não perce-
bem porque haveria Fuller de
cometer suicídio tão perto da
câmara e também vincaram que,
dias antes, estava a ser discuti-
da a criminalização federal do
linchamento.
Os residentes perguntaram
sobre a existência de câmaras
de filmar no parque onde Fuller
foi encontrado, mas os respon-
sáveis da cidade disseram que
não existiam. A certo ponto,
enquanto garantia de que a cida-
de ia fazer tudo para identificar
filmagens de câmaras ao redor
desse perímetro, o gestor da
cidade, J. J. Murphy, pediu para
se “parar de falar em linchamen-
to”. A resposta foi imediata: “Nem
pensar!” Entretanto, no sábado,
a Câmara de Palmdale subli-
nhou em comunicado que iria
apoiar o apelo de muitos ativis-
tas e residentes para se realizar
uma investigação e autópsia
independentes.
No dia 31 de maio ocorreu um
caso semelhante em Victorvil-
le. Um homem afro-americano
de 38 anos, Malcolm Harsch,
apareceu também enforcado
numa árvore perto da bibliote-
ca municipal da cidade. As auto-
Robert Fuller
foi encontrado
num parque perto
da Câmara
de Palmdale
Malcolm Harsch
foi encontrado
numa árvore perto
da biblioteca
municipal

ridades locais, tal como no caso
desta semana, dizem não encon-
trar indícios de que tenha sido
um homicídio, mas garantem
que vão continuar a investigar.
A família tem medo de que a
polícia classifique o caso como
suicídio para desviar as aten-
ções mediáticas. “A sua causa
de morte ainda não foi anuncia-
da à família, mas estamos preo-
cupados que seja rotulada como
um suicídio”, disseram em comu-
nicado no último sábado.
Em declarações a um órgão de
comunicação local, Victor Valley
News, a família refere que havia
sangue na camisa de Harsch,
mas que “não parecia haver impli-
cações físicas no local para suge-
rir que houve uma luta ou feri-
das abertas visíveis”. Segundo a
família, o corpo de Malcolm
Harsch permaneceu na morgue
do condado de San Bernardino
durante 12 dias até ser realiza-
da uma autópsia.
Enquanto os apelos de justiça
racial ganham cada vez mais
força nos EUA, esta semana, o
senador Rand Paul impediu que
o linchamento se torne um cri-
me de ódio federal. Muito comum
entre 1877 e 1950, este tipo de
crime implicava normalmente
acusações criminais dúbias con-
tra os negros, que eram captu-
rados e sujeitos a tortura. O lin-
chamento terminava com a víti-
ma a ser enforcada numa árvore
e, de seguida, queimada.
MUNDO
Espanha
EUA. Chefe da polícia
de Atlanta demite-se depois
Reabertura de da morte de afro-americano
fronteiras com
Schengen Rayshard Brooks, 27 Bottoms, foi rápida na respos- Plano de
anos, foi morto pela ta ao sucedido. Não considera investimento em
21 DE JUNHO polícia depois de ter ter havido uma justificação infraestruturas
Espanha vai reabrir as tirado pistola de taser para o uso mortal da força e
fronteiras a todos os anunciou a demissão da chefe CAMBERRA O Governo da Aus-
passageiros da área
a agente. da polícia, Erika Shields. “Embo- trália vai anunciar um plano de
Schengen, com exceção Um afro-americano foi morto ra possa haver um debate sobre estímulo económico em infraes-
de Portugal, no dia 21 de pela polícia depois de ter ador- se isto é um uso apropriado da truturas no valor de 1,5 mil
junho, anunciou o chefe mecido no seu carro, no par- força mortal, acredito firme- milhões de dólares australianos
do Governo espanhol, que de um restaurante Wendy’s, mente que há uma clara dis- (cerca de 900 milhões de euros).
Pedro Sánchez, este em Atlanta, na sexta-feira à noi- tinção entre o que se pode fazer O anúncio será feito hoje pelo
domingo. te. Os ânimos voltaram a incen- e o que se deve fazer”, disse no primeiro-ministro australiano,
diar-se na cidade da Geórgia e sábado. “Não acredito que isto Scott Morrison. Devido à pan-
SEM QUARENTENA a chefe da polícia demitiu-se tenha sido justificado”. demia, será a primeira vez que
Os passageiros que menos de 24 horas depois, este Depois desta conferência de a Austrália irá entrar em reces-
chegam do estrangeiro sábado. O incidente foi capta- imprensa verificou-se uma nova são nos últimos 30 anos.
não serão forçados a do pelas câmaras, três sema- onda de protestos em Atlanta.
entrar em quarentena nas depois de o homicídio de No sábado à noite, vários mani-
durante 14 dias. George Floyd também ter sido festantes bloquearam as estra- Número de casos
filmado. das perto do restaurante onde pode dobrar até
ESTADO DE ALERTA Rayshard Brooks, 27 anos, o jovem de 27 anos morreu e ao final do mês
Esta data coincide com fugiu da polícia depois de ter atearam fogo ao estabelecimen-
o fim do estado de acusado alcoolemia num tes- to, que ardeu durante cerca de PAQUISTÃO O ministro do Planea-
alerta, quando os te de sobriedade, segundo as 45 minutos. A polícia, por sua mento do Paquistão, Asad Umar,
espanhóis vão voltar a autoridades, roubando o taser vez, disparou gás lacrimogé- disse que o número de casos de
poder mover-se de um dos agentes. Nas ima- neo para dispersar a multidão. coronavírus pode duplicar até ao
livremente pelo país fora gens vê-se o homem a lutar O agente que matou Brooks, final de junho e o pico de infeções
e sem restrições. Terão, com os dois polícias no chão, Garret Rolfe, foi demitido, con- poderá chegar um mês depois:
não obstante, de utilizar conseguindo libertar-se. Cor- firmou o porta-voz da polícia mais de um milhão. O país tem,
máscaras onde se re durante uns segundos, dis- Carlos Campos no final deste de momento, 140 mil casos de
aglomerarem multidões para o taser contra o agente e sábado. O outro agente envol- covid-19, totalizando quase 2700
ou dentro dos este, logo de seguida, dispara vido, Devin Brosnan, contrata- mortes. A capacidade de testa-
transportes públicos. três vezes com um revólver do em setembro de 2018, foi gem permanece limitada, pelo
contra Brooks. colocado em funções adminis- que o número pode ser maior.
PORTUGAL Numa tentativa de serenar os trativas. Segundo os advoga-
Portugal e Espanha vão ânimos, a presidente da Câma- dos, Brooks morreu um dia
manter as fronteiras ra de Atlanta, Keisha Lance antes do aniversário da filha. Receia-se novo surto
encerradas a todos os na China depois do
cruzamentos não aumento de casos
essenciais até dia 1 de
julho, como previamente PEQUIM A China reportou 57
anunciado. O adiamento novos casos de coronavírus este
foi um pedido do domingo, o maior balanço diá-
Executivo português, rio desde abril, causando preo-
depois de Madrid ter cupação sobre o ressurgimento
anunciado da doença. Este novo surto tem
unilateralmente que iria sido ligado a um mercado de
reabrir as fronteiras com carne e vegetais no sul de Pequim,
Portugal. isto apesar de o vírus permane-
cer controlado devido às pesa-
TESTE das medidas de confinamento
As ilhas Baleares vão impostas pelo Governo.
começar a receber
turistas já na próxima
segunda-feira, Sismo faz tremer
no primeiro teste à Turquia
reabertura de todo
o país. TURQUIA Um sismo de magni-
tude 5,7 abalou a província de
Bingol, no leste da Turquia, este
domingo. O sismo provocou o
colapso de uma torre de obser-
vação militar, ferindo três pes-
soas. Segundo o ministro do Inte-
rior, Suleyman Soylu, até ao fecho
desta edição, um guarda encon-
trava-se preso nos escombros
da torre. O epicentro foi no dis-
Restaurante onde começou o incidente foi incendiado DR trito de Karliova.
—15 junho 2020 11
Aviação

ZOOM //
B
AVIÕES PARADOS M
NUNCA ABANDONA
12 —15 junho 2020
 A TAP optou por manter uma rotina
de manutenção diária da sua frota.
Objetivo: os aviões poderem regressar

MAS
aos céus a qualquer momento.

ADOS TEXTOS João Amaral Santos

—15 junho 2020 13

 B Zoom // Aviação
TAP. Nem
parados
os aviões
dispensam
a manutenção
A covid-19 congelou o setor da aviação, mas as frotas
estacionadas nos hangares e pistas obrigam a cuidados
continuados e redobrados de manutenção.
JOÃO AMARAL SANTOS
joao.santos@ionline.pt
A pandemia virou o mundo da aviação
do avesso: os aviões deixaram de cruzar
os céus e mantêm-se retidos no solo por
tempo indeterminado. A Agência Euro-
peia para a Segurança da Aviação (EASA
na sigla inglesa) prevê que o tráfego aéreo
na União Europeia diminua este verão
até 50% em julho e agosto, face a 2019.
Enquanto os planos de voo não regres-
sam à normalidade, as máquinas que
permitiram ao homem alcançar o sonho
de ter asas repousam nos hangares lota-
dos, mas também ao longo das línguas
de cimento das pistas dos aeroportos,
um pouco por todo o mundo.
Porém, ao contrário do que se possa
pensar, uma aeronave obriga a cuidados
permanentes e constantes. Mesmo nes-
te contexto. Ou, melhor dizendo, sobre-
tudo neste contexto. As companhias
aéreas passaram a enfrentar um desa-
fio imprevisível e de elevado grau de exi-
gência: o de garantir a proteção, conser-
vação e manutenção de frotas inteiras
não para voar – o habitat natural de qual-
quer avião –, mas totalmente imobiliza-
das, sem prazo que sirva de guia.
A frota da TAP, constituída por 105 aero-
naves (Airbus, Embraer e ATR), encon-
tra-se estacionada desde finais de mar-
ço nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro
14 —15 junho 2020
e Beja (os maiores de Portugal continen-
tal). Embora sem certezas, os responsá-
veis pela companhia aérea nacional opta-
ram, na esmagadora maioria dos casos,
pelo processo de estacionamento dos
aviões, e não de armazenamento. Na prá-
tica, esta estratégia inclui um conjunto
de procedimentos que asseguram a pro-
teção e a preservação do avião, manten-
do todos os sistemas operativos aptos,
permitindo desta forma que a retoma
da atividade das aeronaves possa ser fei-
ta, logo que possível, de forma mais sim-
ples, evitando tarefas complexas e demo-
radas. Os aviões da TAP estão, assim,
preparados para voar a qualquer momen-
to (sem necessidade de períodos de des-
preservação alargados).
OPERAÇÃO CONTÍNUA Esta opção impôs
às equipas de manutenção um plano de
trabalho ininterrupto ao longo destes
três meses: sete dias por semana, 24
horas por dia. Para o garantir, dezenas
de técnicos têm vindo a cumprir diaria-
mente com os processos delineados pelos
fabricantes e pelo regulador em relação
aos aviões em terra, estacionados em
Lisboa, Porto e Faro.
Na maioria dos casos, as tarefas pas-
sam por tapar os motores, cobrindo as
entradas de ar dos reatores e tubos de
Pitot (que medem a pressão total), ou
retirar líquidos que podem degradar-se,
como os óleos, preservando assim os sis-
temas hidráulicos. As operações preveem
ainda verificações periódicas no solo
como, por exemplo, rotações frequentes
das rodas e do motor – neste caso, como
forma de evitar o desgaste do material
provocado pelo peso do próprio avião
(em particular das rodas que, sem movi-
mento, correriam o risco de perder a for-
ma circular, achatando-se). Para tal é
necessário levantar o trem de aterragem
e proceder a um movimento de rotação
das rodas, efetuado com controlo a par-
tir do cockpit.
A opção da TAP por trabalhos de manu-
tenção mais rápidos vai ao encontro das
A TAP estacionou
a frota em Lisboa,
Porto, Faro e Beja.
A manutenção visou uma
despreservação curta
“Portugal está ao nível
do primeiro mundo dos
países cumpridores ao
nível da manutenção”,
diz Paulo Manso
expetativas da companhia aérea para o
mês de julho, altura em que o plano de
voos prevê uma tendência de retoma
crescente e acelerada (com 247 ligações
semanais anunciadas para já). Graças a
este plano fica garantida a aeronavega-
bilidade a curto prazo, com critérios de
qualidade e segurança, de acordo com
os requisitos legais internacionais.
Entre os aviões estacionados – em que
não se contam os poucos que já regres-
saram aos céus para voos extraordiná-
rios ou para os 27 voos semanais que a
TAP opera neste momento –, a compa-
nhia aérea nacional também tem apro-
veitado a oportunidade para cumprir
trabalhos mais longos em algumas aero-
naves, deferidos no tempo, como peque-
nas reparações nas cabinas de passa-
geiros ou a limpeza profunda das mes-
mas. Neste caso, os aviões foram
deslocados para Beja onde, em condi-
ções normais, a inexistência de tráfego
permite manter os aviões imobilizados
com maior tranquilidade.
AVIÕES A POSTOS Ao i, Paulo Manso,
do Sindicato dos Técnicos de Manu-
tenção de Aeronaves (Sitema), garan-
te que “tudo está a correr com natura-
lidade”, sem alterações significativas.
O técnico de manutenção – que traba-
lha para empresas como a TAP e a
SATA, entre outras – explica que “o

Números
105
A frota da TAP tem 105 aviões
(dos fabricantes Airbus,
Embraer e ATR).
5
dos aviões Airbus estão em
processo de abate e já não
vão voltar a voar.
247
A TAP prevê 247 ligações
semanais a partir de julho. Os
aviões vão regressar aos céus.
50%
A EASA estima, porém, que o
tráfego aéreo na UE cairá para
metade em 2020.
mais importante é seguir sempre os
procedimentos, de acordo com o que
é emanado das recomendações e pro-
tocolos de manutenção dos fabrican-
tes” do avião. “A pandemia, isso, não
veio alterar”, sublinha.
Paulo Manso admite até que o contex-
to atual veio, na prática, facilitar um pou-
co o trabalho, uma vez que “o setor da
manutenção vivia com falta de pessoas
na operação normal” e, nesta fase, devi-
do à diminuição de voos, “essa escassez
de mão-de-obra não se faz notar tanto”.
“Estamos a trabalhar com equipas redu-
zidas, de forma rotativa, mas o facto de
haver muito menos voos permite-nos
realizar o nosso trabalho de forma mais
tranquila e fácil”, refere.
Paulo Manso recorda que “na aviação
existem regras que nunca podem ser des-
respeitadas”, assegurando que é exata-
mente isso que tem vindo a acontecer
em Portugal e na TAP. “As coisas conti-
nuam a ser cumpridas. Aliás, esta fase
permitiu confirmar que Portugal conti-
nua a estar ao nível do primeiro mundo
dos países mais cumpridores ao nível da
manutenção de aviões”, diz.
Embora seja impossível fazer cenários
neste momento, há uma certeza quan-
to aos aviões da companhia aérea nacio-
nal: “Estão todos em condições de voltar
a voar o mais rapidamente possível”,
garante o presidente do Sitema.
A maioria da frota da TAP
está no solo há cerca de
três meses. Lisboa, Porto,
Faro e Beja receberam os
aviões da companhia aérea
PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP
Sindicatos
discutem
futuro com
administração
da TAP
Trabalhadores
preocupados
com eventuais
despedimentos.
O conselho de administração da
TAP, presidido por Miguel Fras-
quilho, reúne-se hoje com os
quatro sindicatos representati-
vos dos trabalhadores da empre-
sa, no âmbito do plano de recu-
peração da companhia aérea,
anunciado na última semana.
A reunião vai contar com a
presença do Sindicato dos Tra-
balhadores da Aviação e Aero-
portos (Sitava), do Sindicato
Nacional do Pessoal de Voo da
Aviação Civil (SNPVAC), do Sin-
dicato dos Técnicos de Manu-
tenção de Aeronaves (Sitema)
e do Sindicato Nacional dos
Engenheiros e Engenheiros Téc-
nicos (SNEET), e servirá para
debater a situação atual da com-
panhia aérea nacional, pratica-
mente parada desde o início da
pandemia de covid-19, e as nego-
ciações para o empréstimo de
cerca de mil milhões de euros
que o Governo se prepara para
ceder à TAP, até ao final do ano.
O empréstimo – que pode ir
até 1,2 mil milhões de euros,
segundo o montante aprovado
pela Comissão Europeia – será
feito através de tranches mas,
para que se concretize, falta
ainda que a TAP aprove um
conjunto de exigências (não
divulgadas), definidas pelo acio-
nista Estado, que visam garan-
tir controlo público sobre a ges-
tão da empresa.
Após a injeção deste dinheiro
(foram inscritos para o efeito
946 milhões no Orçamento Suple-
mentar de 2020), que prevê
garantir liquidez a curto prazo
à companhia aérea nacional para
fazer face aos compromissos
mais imediatos, como o paga-
mento a funcionários e forne-
cedores, a comissão executiva
da TAP fica obrigada a entregar,
em seis meses, um plano de rees-
truturação que assegure a via-
bilidade da empresa a médio e
longo prazo.
Esse plano incluirá a redução
de rotas, frota e pessoal, o que
tem vindo a preocupar os sindi-
catos. O objetivo é evitar despe-
dimentos entre o universo de 10
mil trabalhadores da empresa.
—15 junho 2020 15
 B Zoom // Saúde
Testes
serológicos
rápidos nas
farmácias. São
feitas dezenas,
e muitos
em casa
Não há muitas farmácias a fazer os testes serológicos
rápidos. Uma delas, no Porto, faz em média dez testes
por dia, e a maioria é em casa. Algumas pessoas fazem
por curiosidade, outras a pedido das empresas.
RITA PEREIRA CARVALHO
rita.carvalho@ionline.pt
O método é simples: faz-se uma picada
no dedo, é recolhida uma amostra de
sangue e são precisos cerca de 15 minu-
tos para saber o resultado – se esteve ou
não em contacto com o vírus. Os testes
serológicos de anticorpos à covid-19 fei-
tos nas farmácias ganharam adeptos nos
últimos tempos pela rapidez e pelo pre-
ço reduzido, apesar de o Infarmed – Auto-
ridade Nacional do Medicamento e Pro-
dutos de Saúde já ter alertado para a pos-
sibilidade de falsos positivos ou falsos
negativos. Por exemplo, a Farmácia Bir-
ra, no Porto, está a fazer uma média de
oito a dez testes por dia. Esta farmácia
faz parte do grupo Sofarma, que englo-
ba mais seis farmácias e onde são feitos
os mesmos testes.
A prática não é recente e desde abril
que os clientes deste grupo de farmá-
cias pedem a picada no dedo. “Já lá vão
umas centenas” de testes, avançou ao i
Pedro Coutinho, farmacêutico respon-
sável pela Farmácia Birra. Sobre os moti-
16 —15 junho 2020
vos que levam as pessoas a pedir estes
testes, destacam-se três: “Pessoas que
suspeitam de uma infeção que possam
ter tido, mas assintomática e que não
necessitou de internamento; por des-
cargo de consciência, pessoas que, ape-
sar de não terem nenhum sintoma, vêm
ver se, eventualmente, já têm anticor-
pos contra o vírus, ou seja, se já estive-
ram em contacto com o mesmo; e pes-
soas que fazem porque as empresas onde
trabalham solicitam esses testes para
perceber como se encontra a sua imu-
nidade”, adiantou Pedro Coutinho.
O Infarmed referiu que nos últimos
meses foram registadas cerca de 50 mar-
cas de testes serológicos. No entanto,
estes são feitos ainda numa rede muito
exclusivo e funcionários
restrita de farmácias. Em Lisboa, há pelo
menos duas – uma em Benfica e outra
na Avenida de Roma –, mas a maioria
diz que não faz os testes serológicos sobre-
“Não vendemos, porque
tudo por razões de logística e de forma-
ção. Para fazer estes testes aos clientes,
as farmácias têm de ter uma sala exclu-
siva para o procedimento e os farmacêu-
ticos ou os técnicos de farmácia têm de
ter formação, que normalmente é dada
pela empresa que produz os testes.
Além de serem feitas dezenas de tes-
tes serológicos diariamente, quando exis-
te a possibilidade de fazer o teste em
casa, as pessoas têm tendência para esco-
lher esta opção. “No nosso grupo, a maior
parte dos testes que temos feito são pre-
cisamente ao domicílio: um farmacêu-
tico ou um técnico dirige-se a casa da
pessoa e realiza o teste. Não o vendemos,
como é óbvio, porque a venda está inter-
dita, mas vamos a casa para fazer os tes-
Para fazer estes testes, tes”, explicou Pedro Coutinho.
as farmácias têm de ter O valor destes testes varia de acordo
uma sala dedicada em com a farmácia em que são feitos, estan-
do entre os 25 e os 50 euros. Por exem-
plo, no grupo Sofarma, o teste feito em
com formação casa é mais caro.
DIFERENÇAS ENTRE TESTES No âmbito
da covid-19 há dois tipos de testes: os
a venda está interdita, quantitativos e os qualitativos. Os que
mas vamos a casa são feitos nas farmácias ou pelas farmá-
cias em casa dos clientes estão engloba-
para fazer os testes”, dos no segundo tipo, uma vez que com
explica farmacêutico os testes rápidos não é possível saber se

a pessoa está ou não infetada – o resul-
tado é apenas positivo ou negativo.
O que se sabe com os testes serológi-
cos rápidos é se a pessoa esteve ou não
em contacto com o vírus, isto é, se hou-
ve resposta do organismo ao vírus.
INFARMED PREOCUPADO No início do
mês, em resposta à Ordem dos Farma-
cêuticos, o Infarmed sublinhou a sua
preocupação relativamente aos testes
rápidos, referindo que “no que respei-
ta aos testes rápidos serológicos, para
além de não poderem ser cedidos a lei-
gos é também proibida a sua publicida-
de junto do público em geral, de acor-
do com a legislação nacional”. “Apesar
de fornecerem resultados mais rapida-
mente, este tipo de testes apresenta as
suas próprias restrições”, explicou o
Infarmed, acrescentando que a deteção
de anticorpos não pode excluir a possi-
bilidade de infeção, podem surgir fal-
sos negativos ou falsos positivos e “o
resultado de um teste rápido não pode
constituir um critério único na avalia-
ção do estado do doente”.
“Os testes rápidos qualitativos podem
fornecer resultados em 10-30 minu-
tos, são testes de baixa complexida-
de de execução, mas devem ser rea-
lizados em laboratórios hospitalares
e em unidades prestadoras de cuida-
dos de saúde por profissionais de saú-
de com formação”. E “existe ainda o
risco de as pessoas, face a um resul-
tado de anticorpos positivo, ficarem
com uma falsa sensação de seguran-
ça e adotarem comportamentos de
risco”, lê-se no documento.
Os testes serológicos A Ordem dos Farmacêuticos, através
rápidos não esclarecem do Colégio de Especialidade de Análi-
se a pessoa está infetada, ses Clínicas e de Genética Humana,
pediu esclarecimentos sobre o papel
só indicam se houve das farmácias comunitárias quanto aos
resposta do organismo testes serológicos, tendo a Autoridade
Nacional do Medicamento e Produtos
de Saúde referido que “do ponto de vis-
“O resultado de um teste ta simplesmente técnico para a reali-
rápido não pode zação do teste, o farmacêutico comu-
constituir um critério nitário está perfeitamente habilitado,
uma vez que se trata de testes de sim-
único na avaliação do ples execução”. “Estes testes poderiam
doente”, diz Infarmed ser realizados pelas Farmácias Comu-
Basta uma picada no dedo
e esperar cerca de 15
minutos para saber
se se esteve em contacto
com o vírus. Os testes
custam entre 25 e 50 euros
VALÉRIE MACON/AFP
nitárias caso se revelassem úteis para
a população no geral, como acontece
nos restantes testes efetuados pelas far-
mácias. No entanto, no contexto atual,
não estão reunidas as condições para
que os testes serológicos rápidos pos-
sam ser realizados nas Farmácias Comu-
nitárias ou em qualquer outro local de
forma generalizada utilizado no dia-
gnóstico”, concluiu o Infarmed.
TESTES RÁPIDOS RECOLHIDOS Segundo
uma circular emitida pelo Infarmed na
semana passada, o fabricante Biocan
Diagnostics Inc. está a proceder à reco-
lha voluntária dos testes serológicos
rápidos “após se terem verificado dois
resultados falsos negativos em Portu-
gal”. “O fabricante justifica estes inci-
dentes com o facto de este lote fazer
parte da produção inicial do teste e,
por isso, não incluir as melhorias entre-
tanto introduzidas para aumentar a
sua sensibilidade e especificidade”,
acrescentou o Infarmed, determinan-
do a suspensão da comercialização dos
referidos testes.
—15 junho 2020 17
 B Zoom // Finanças pessoais

Preços baixos.
Como comprar
e vender em
segunda mão

A moda da compra e venda de artigos em segunda

mão não é nova. A fórmula de sucesso para este
negócio é simples: uns libertam-se do que já não
precisam e outros conseguem comprar os mais
variados bens a preço de saldo. E numa altura
em que os rendimentos dos portugueses
podem ser mais curtos, esta pode ser
uma boa opção. O i fez uma ronda pelos
locais onde pode vender e também comprar.
SÓNIA PERES PINTO
sonia.pinto@ionline.pt

Exemplos Feiras e mercados. Lojas. Internet.

Pode vender e comprar
artigos em segunda mão
tanto em lojas físicas
como na internet. Mas
a oferta não fica por aqui.
Pode ainda recorrer
aos mercados de rua.
E o negócio de luxo
também não fica alheio
a esta tendência. Saiba
onde pode comprar
os mais variados artigos
a preços mais apetecíveis.
Nem sempre é
gratuito, muitos
cobram inscrição
●●● Agora que as feiras voltaram a ser
permitidas, apesar da pandemia provo-
cada pela covid-19, uma das soluções pas-
sa por ir à feira da ladra, de antiguida-
des ou simplesmente de segunda mão,
onde pode encontrar um pouco de tudo.
São ideais para encontrar peças verda-
deiramente antigas e bem conservadas
por verdadeiras pechinchas. Esta opção
já foi assumida até por figuras públicas
que encaram estes espaços como um
meio de se “livrarem” de artigos antigos
ou até de roupa em bom estado. Em Lis-
boa visite a Feira da Ladra, que tem lugar
às terças e sábados no Campo de Santa
Clara, mas para vender precisa de ter
uma licença. Esta é obtida junto da câma-
ra e são cobrados 1,60 euros por metro
quadrado e por dia. Se a licença for de
caráter continuado, as regras são dife-
rentes. Neste caso, a atribuição do espa-
ço é feita através de sorteio público e
são cobrados 3,20 euros por metro qua-
drado e por dia. Pode ainda optar pelo
LxMarket, que se realiza todos os domin-
gos entre as 11 e as 20h na Lx Factory –
a inscrição varia entre os 32,52 e os 37,52
euros, consoante o espaço ocupado. Já
no Porto visite a Feira da Vandoma, que
se realiza todos os sábados e é gratuita
para vendedores eventuais.
Oferta alargada
para todo o tipo
de gostos
●●● É possível encontrar verdadeiras
redes de lojas de compra e venda de arti-
gos em segunda mão. A Cash Conver-
ters é uma delas. Nesse espaço é possí-
vel encontrar a maior variedade de arti-
gos que possa imaginar – desde joalharia
a instrumentos musicais, passando por
artigos de desporto ou bricolage, apre-
sentando preços mais atrativos. Quem
vende tem a vantagem de receber no
momento e em numerário. Depois de
um processo de inspeção, os artigos são
colocados à venda.
Outra alternativa é a Cash & Go, que
também é especializada em compra e
venda de artigos usados, mas funciona
em regime de franchising. Tal como na
Cash Converters, pode vender ou com-
prar os mais variados artigos em segun-
da mão com garantia de funcionamen-
to que poderá ir de um a dois anos (no
caso de equipamentos novos, com garan-
tia de origem).
O segmento das crianças também não
é esquecido. No Kid to Kid é possível
vender e comprar artigos usados e
encontrar artigos de marca com des-
contos que podem ir até aos 70%. Quem
vender os artigos pode receber em
dinheiro ou 20% mais em crédito para
usar na loja.
Plataforma de
excelência para
este tipo de negócio
●●● A internet surge como o espaço
de excelência para este tipo de negó-
cio e tem vindo a ganhar cada vez mais
terreno de ano para ano. Pode adqui-
rir em sites os mais variados artigos.
O OLX e o Custo Justo são dois exem-
plos que têm vindo a ganhar cada vez
mais adeptos junto dos consumidores
portugueses. O primeiro oferece, a
quem quer vender, a publicação sem
custos de utilização nem comissões
de venda. Ao vendedor é possível moni-
torizar o interesse do anúncio que colo-
cou. Mas se quiser algum destaque,
terá de pagar. Já o Custo Justo permi-
te fazer uma seleção das ofertas e das
vendas consoante a região. A ideia é
simples: encontrar os artigos mais per-
to de si. Os anúncios ficam visíveis
durante 60 dias e o vendedor conse-
gue ter mais visibilidade se pagar.
Outra alternativa passa pelo eBay.
Como existe em vários países, é pos-
sível encontrar artigos que não se ven-
dem cá. Neste caso, a transação terá
de ser feita à distância. Para quem está
apenas interessado no negócio auto-
móvel, uma das opções passa por recor-
rer ao Standvirtual, mas terá de pagar.
Já no caso de imóveis pode apostar no
Imovirtual.

18 —15 junho 2020


Redes sociais.
Aqui também há
espaço para trocas
de artigos
●●● Além dos sites dedicados à com-
pra e venda de produtos usados (ver
caixa ao lado), também é possível encon-
trar nas redes sociais negócios idênti-
cos, especialmente no Facebook. Aliás,
esta rede social já disponibiliza o sepa-
rador Marketplace. Numa primeira
fase estava mais direcionado para o
vestuário e acessórios mas, agora, o
negócio é mais alargado. Além disso,
nos últimos meses, esta moda também
chegou aos blogues. Mas quem prefe-
rir artigos sem ser de moda tem os
“Classificados”, que só aceitam parti-
cipantes portugueses, limitam os posts
a três por dia por utilizador e não per-
mitem a repetição.
Para quem pretende apenas fazer tro-
cas existem grupos no Facebook desti-
nados especificamente a esse fim. Por
norma, não são permitidas trocas que
envolvam dinheiro e é possível trocar
desde computadores a bicicletas, sofás,
etc. Nestes grupos, qualquer tentativa
de venda ou promoção de outros locais
é liminarmente eliminada. A insistên-
cia nestas tentativas (claras ou dissimu-
ladas) resulta na expulsão do grupo.
Lojas físicas, feiras,
mercados de rua e internet
são os locais eleitos para este
negócio da segunda mão
PAULIANA VALENTE PIMENTEL
Dicas para comprar Dicas para vender
através da internet através da internet
Comparar ofertas
• A oferta é variada e os
preços também. Por isso,
quando decidir o que quer,
faça uma pesquisa para
saber com maior exatidão
quais os valores que são
cobrados pela
concorrência.
• Além do preço mais
favorável, há também
outros cuidados a ter: a
localização geográfica do
comprador (principalmente
se a entrega for feita em
mão) e o estado do produto.
Evitar fraudes
• Para evitar comprar gato
por lebre, há uma série de
tarefas que deve realizar
para ficar a saber se a
página onde pretende
adquirir é fiável.
• Desconfie sempre que
encontrar produtos a preços
muito inferiores em relação
a outros anúncios
semelhantes.
Bens em segunda Contactar anunciante
• Na maior parte dos casos, o
mão chegam primeiro contacto é feito
ao mercado através de email – com
exceção dos anúncios de
de luxo automóveis. Aproveite essa
altura para saber mais
●●● Não pense que o negócio de com- informações sobre o
pra e venda em segunda mão está reser- produto em causa e se o
vado às pequenas marcas. Comprar preço poderá ser revisto.
produtos de luxo – que, normalmente, • Geralmente, o primeiro
apenas estariam acessíveis às bolsas anunciante a responder é o
mais abastadas – já é uma realidade que está mais recetivo a
para os consumidores com orçamen- fechar negócio.
tos mais apertados.
Em lojas como a Quartier Latin, loca- Comprar
lizada no Porto, é possível adquirir arti- • Procure combinar a compra
gos de luxo em segunda mão por meta- durante o dia, num local
de do preço. Com nomes como Prada, público e acessível a ambas
Gucci ou Chanel, a Quartier Latin é um as partes. Não se esqueça
verdadeiro achado para quem não foge de que não conhece o
das tendências da moda e procura os vendedor. E, sempre que
artigos de coleções recentes a preços possível, vá acompanhado.
atrativos. A loja trabalha em sistema de • Opte por pagar em dinheiro
consignação, ou seja, recebe as peças, para concluir rapidamente a
faz a avaliação e propõe um valor de transação. Se o artigo for de
venda. Caso a peça seja vendida, o clien- valor elevado, então recorra
te recebe o valor da mesma, subtraído à transferência bancária.
de uma comissão de 50%. Caso não seja,
poderá recolher a sua peça após 60 dias. Conferir estado
Outra solução é a Du Chic à Vendre, em • Se a compra for feita
Lisboa. Também esta loja funciona em de forma presencial,
sistema de consignação, o que signifi- tem oportunidade de
ca que a marca não compra qualquer confirmar se o artigo está
artigo: fica apenas com uma comissão em bom estado e, acima
dos bens que os clientes deixam para de tudo, se corresponde
que sejam vendidos. ao que viu no anúncio.
Anunciar de forma atrativa
e com imagem
• Ter um título que chame
a atenção pode fazer toda a
diferença e, como tal,
consegue-se concretizar o
negócio mais rapidamente.
• Aposte também numa boa
descrição do produto e que
não seja demasiado longa.
Caso contrário, corre o risco
de o anúncio ficar confuso.
• Não se esqueça da
imagem. É importante para
qualquer comprador ver
o que está a comprar.
As possibilidades de venda
são mais atrativas se
colocar a fotografia do
artigo que quer vender.
Fazer o preço
• Antes de colocar qualquer
produto na internet, faça o
preço. Se ainda tiver as
faturas dos artigos, dê-lhes
uma vista de olhos para se
relembrar de quanto pagou
por eles. Seja como for,
deve fazer uma pesquisa
para saber o valor atual do
produto.
• Deve sempre colocar um
preço abaixo do que está
no mercado. Um valor
demasiado elevado poderá
inviabilizar qualquer
contacto. Por exemplo, se
quiser vender a sua
máquina fotográfica e o
preço de mercado for 500
euros, venda por 450 euros.
• Sempre que possível, fixe
um preço que seja
negociável.
Vender
• Para efetuar a venda,
necessita de colocar o seu
contacto pessoal ou de
email. O negócio só está
fechado quando o dinheiro
estiver na sua mão e o
produto na mão do
comprador.
• Procure combinar a troca
durante o dia, num local
público e acessível a ambas
as partes. É de evitar
receber alguém na sua
residência, uma vez que
não conhece o comprador.
—15 junho 2020 19
 C Opiniões
CONTA CORRENTE
A escalada da estupidez
Sem estarmos numa pandemia de estupidez, estamos com focos de contágio que exigem os adequados
cordões sanitários, num misto de tolerância com a diferença e salvaguarda do interesse geral.
António Galamba
A estupidez humana localizada é uma
inevitabilidade. Faz parte dos riscos do
crescimento da criança e, por vezes, por
falta da educação adequada, da ausência
de interiorização do bom senso ou da fal-
ta de caráter, esgueira-se na triagem civi-
lizacional e atinge a maioridade, acom-
panhando o espécime ao longo da vida.
Por ser localizada, não é uma inevitabili-
dade comunitária, sendo uma parte do
todo que tem de merecer a adequada tole-
rância, desde que não ultrapasse linhas
vermelhas da lei ou do compromisso social
não escrito. Mesmo sem vacina, por via
da educação, do senso e do conhecimen-
to, a maioria está imune à estupidez, mas
há risco de contágios de circunstância.
Sem estarmos numa pandemia de estu-
pidez, estamos com focos de contágio que
exigem os adequados cordões sanitários,
num misto de tolerância com a diferença
e salvaguarda do interesse geral. Os sinais
acumulados, ao longo dos últimos anos,
de intolerância com a diferença, numa
dialética entre os quadros antigos e as
novas abordagens ao passado e ao reajus-
tamento do presente, somam-se agora à
importação aditivada das contestações,
dos radicalismos e da generalização das
situações de desequilíbrio, sem ter em con-
ta a causa das coisas e a ausência de von-
tade para as transformar.
Nos últimos anos, com base em situa-
inevitável
www.ionline.pt
DIRETOR
Mário Ramires
DIRETOR EXECUTIVO
Vítor Rainho
DIRETOR EXECUTIVO ADJUNTO
José Cabrita Saraiva
SUB-DIRETORA EXECUTIVA
Marta F. Reis
DIRETOR DE ARTE
Francisco Alves
20 —15 junho 2020
ções de injustiça social, de discriminações
e de expressões inaceitáveis de desigual-
dade, a partir de casos concretos, emergi-
ram movimentos que defendem a relei-
tura do passado, dos acontecimentos his-
tóricos e das suas circunstâncias à luz do
conhecimento, das perspetivas e dos padrões
atuais. Já não nos bastavam os que rees-
crevem a História enquanto ela está a
acontecer, através de narrativas de sus-
tentação, por vezes sem nexo com a rea-
lidade, agora também teríamos os que
reescreveriam a História à luz da atuali-
dade – num acerto de contas com o pas-
sado, com um deve e um haver que impli-
cariam consequências que afagariam as
consciências, mas não resolveriam nenhum
dos problemas estruturais essenciais de
acesso a bens fundamentais, a condições
de desenvolvimento ou ao reforço da coe-
são das comunidades.
Há na história da humanidade crimes
e práticas hediondas, na Europa e em mui-
tos pontos do mundo, que podemos ava-
liar com base no conhecimento e nos cri-
térios de avaliação do nosso tempo, embo-
ra em todas as épocas tenha havido pessoas,
minoritárias ou marginalizadas, que diver-
giram das opções gerais de então. Há na
história recente exemplos de delapidação
de património autóctone que não foi impul-
sionada por nenhuma entidade exterior
aos territórios, ou será expetável que o
esbulho que aconteceu em Angola com
a família Dos Santos e de que Portugal
beneficiou em registo de investimento
estrangeiro venha a ser imputado aos Des-
cobrimentos? E o mesmo se poderia ques-
tionar em muitas outras latitudes em que
as explorações do tempo moderno são
concretizadas pelos autóctones, amiúde
com beneplácitos internacionais. Estas
realidades imperfeitas, inaceitáveis sob o
ponto de vista do desenvolvimento das
CONSELHEIRO EDITORIAL José António Saraiva
REDATORES PRINCIPAIS Afonso de Melo e Felícia Cabrita
EDITORES EXECUTIVOS Carlos Diogo Santos e Sónia Peres
Pinto EDITORES Luís Claro e Mariana Madrinha POLÍTICA
Cristina Rita e Teresa Banha (Estagiária) SOCIEDADE
(Estagiário) Pedro Almeida e Rita Pereira Carvalho
ECONOMIA Daniela Soares Ferreira e João Amaral Santos
INTERNACIONAL Filipe Teles (Estagiário) e João Campos
Rodrigues (Estagiário) CULTURA Cláudia Sobral, Diogo Vaz
Pinto e Hugo Geada (Estagiário) DESPORTO Laura Ramires
IMAGEM Miguel Silva (Fotógrafo), Bruno Gonçalves
(Fotógrafo), Mafalda Gomes (Fotógrafa), Óscar Rocha
(Infográfico), Ana Gonçalves (Gráfica), João Sousa (Gráfico),
Miguel Peixe Dias (Gráfico), Fátima Albuquerque (Pós-produção
de imagem) Júlio Rodrigues (Pós-produção de imagem)
GESTÃO DE CONTEÚDOS Carmen Guilherme,
Cristiana Reis (Estagiária) e Joana Andrade
REVISORA Maria Eugénia Colaço
ADJUNTA DIREÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Carolina Silva
ASSISTENTE DIREÇÃO E REDAÇÃO Margarida Alexandre
comunidades e de uma visão redistribu-
tiva da riqueza, convivem bem com os
espasmos de quem sistematicamente pro-
cura rotular Portugal como uma socie-
dade imperfeita a partir de casos e de
exemplos concretos, sem nunca ir à essên-
cia estrutural das coisas.
Ao longo de mais de quatro décadas de
democracia, quantas vezes as opções polí-
ticas, sustentadas maioritariamente, foram
no sentido de responder às necessidades
de quem estava mais ou menos dentro do
sistema, mas nunca em favor dos que esta-
vam à margem ou em manifestas rotas
de divergência. Se a opção é repor rendi-
mentos à função pública ou acorrer às
necessidades reiteradas dos bancos, isto
é, responder ao sistema, a margem para
centrar atenções em quem não o integra
é reduzida, seja na habitação, na geração
de oportunidades de integração, na valo-
rização da diversidade cultural ou até no
combate às incivilidades. O problema é
que as opções políticas estão centradas
sobre si próprias, sobre o sistema, o que
exclui trabalhar as realidades dos bairros
desestruturados, das famílias destroça-
das, dos crescimentos na rua e de tantos
outros fatores de revolta e de risco para a
realização individual e a coesão comuni-
tária. Por opção política de prioridades ou
de exiguidade de recursos, acabam por
perpetuar-se os fatores negativos. E vão
surgindo expressões dos desequilíbrios,
cavalgadas por forças políticas e partidá-
rias em sentidos diversos, como está a
acontecer a partir da morte de George
Floyd, em escalada de estupidez.
Outra deriva, com resultados similares,
é a de uma certa opção assética da socie-
dade em que, de acordo com padrões de
titulares de cargos públicos ou de setores
próximos desses poderes, se procuram
consagrar perspetivas minoritárias em
ADMINISTRAÇÃO Mário Ramires
(Presidente do Conselho de Administração)
DIREÇÃO GERAL Mário Vaz Ramires
FISCAL ÚNICO José Maria Ribeiro da Cunha
DEPARTAMENTO FINANCEIRO Susana Pires (TOC)
DEPARTAMENTO COMERCIAL E MARKETING
António João Ramires – Dir. Comercial
(antonio.ramires@newsplex.pt) Tel: 917167170,
Ana Vaz Ramires – Dir. Marketing (ana.ramires@newsplex.pt)
Tel: 916491914)
PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Mário Silva (Diretor)
DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA Hugo Marques (Diretor),
Bruno Ferreira e Miguel Branco
DEPARTAMENTO JURÍDICO E DE RECURSOS HUMANOS
Gonçalo Guérin (Diretor), Ana Rodrigues (Assistente RH),
Miguel Ricardo e Pedro Ferreira (Apoio Logístico)
Egualdina Pereira (Serviço limpeza)
prejuízo do todo, sem ponderações rela-
tivas de valores, ou se tentam impor à
comunidade questões de gosto pessoal,
de moda ou de novas tendências de uma
alegada modernidade – a deriva da dita-
dura da desinfeção social do que é diver-
gente dos padrões alegadamente em voga.
Os sinais de intolerância governamental
em relação à tauromaquia, em total con-
tradição com a matriz ideológica do Par-
tido Socialista, expressos e reiterados em
vários momentos, são o catalisador para
expressões inaceitáveis de destruição de
património comum, como aconteceu com
a vandalização de uma obra de arte urba-
na do artista VILE que representa a pra-
ça de touros vista do Passeio Ribeirinho
de Vila Franca de Xira. Esta, como a pin-
tura da estátua do Padre António Vieira,
é expressão dos sinais e das permissivida-
des que têm sido alimentadas pelas opções
políticas, pelas ausências de conforto para
o cumprimento da lei e de outras derivas
de relaxo quem em nada contribuirão para
a resolução das questões estruturais.
Respeitar a diferença é combater tudo
isto nas causas e ser implacável com quem,
para afirmar um ponto de vista, quebra o
compromisso social de pertença a uma
comunidade.
Na escalada da estupidez dos últimos
dias não houve uma palavra de condena-
ção das principais figuras do Estado. É dis-
so que se alimentam os radicais, os popu-
listas e os fabuladores de realidades idíli-
cas como a da reescrita do passado.
NOTAS FINAIS
É PARVO. Querer afirmar um ponto de
vista pela destruição do que é de todos.
É RIDÍCULO. Querer reescrever o passa-
do sem escrever, de forma consequente e
tolerante, o presente.
Escreve à segunda-feira
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POLÍTICA SEM GÉNERO

A extrema-esquerda saiu à rua

O facto de não surgir nos meios de comunicação a qualificação destes

atos como sendo da responsabilidade de movimentos da extrema-esquerda
não é esquecimento ou omissão. É intencional e revela parcialidade.

ção política nacional, mas também das todos os atos extremistas, tenham eles a evangelização nos ideais humanistas,
agências noticiosas europeias e, diria a origem que tiverem, sejam de esquer- durante o período colonial português,
mais, dos agentes noticiosos ocidentais. da ou de direita. Não concebo qualquer foram atos de terrorismo e desumanos.
Qualificar, sim, o que são os movimen- tipo de discriminação, seja de género, Querer preservar a memória de tão ilus-
tos de extrema-direita, não “poupando” étnica, etária, racial, de orientação sexual, tres personagens é um direito de todos
a adjetivação nos movimentos de extre- por incapacidade física ou mesmo de nós e que foi sufragado nos órgãos muni-
ma-esquerda, revestindo estes últimos aparência. Nem os tolos me merecem cipais, em plena democracia.
de uma isenção ideológica que não se discriminação… Lamentavelmente, constatamos que
Alexandra Duarte verifica. Ou será que destruir, sujar e O facto de não surgir nos meios de o racionalismo, induzido pela emoção
agredir estátuas de figuras que fazem comunicação a qualificação destes atos fácil, destes atos responde com muitas
parte do património histórico e cultu- como sendo da responsabilidade de movi- limitações e enviesamentos. Ao analisa-
“Manifestantes de extrema-direita cer- ral das nações e até da humanidade, de mentos da extrema-esquerda não é esque- rem Churchill e o Padre António Viei-
caram o local onde está guardada a está- forma grotesca, terrorista, anárquica, cimento ou omissão. É mais grave, por- ra, os perpetradores decompuseram a
tua de Winston Churchill, em Londres. pejada de ignorância histórica, não são que é deliberado, intencional e revela atuação dos indivíduos-alvo em peque-
A sua intenção é reagir contra as mani- atos extremistas – neste caso, em parti- uma parcialidade por parte dos jorna- nas partes e desvalorizaram o contexto
festações antirracismo. Os manifestan- cular – de esquerda? listas que veiculam a notícia. Sempre das suas ações, bem como o impacto
tes de extrema-direita exigem que as Por que razão o nosso jornalismo con- que a extrema-direita se envolve, a extre- que tiveram até aos dias de hoje, numa
estátuas e os monumentos de figuras tinua tão parcimonioso na qualificação ma-esquerda também está lá. Não haja linha de continuidade. Fazer um zoom
históricas inglesas sejam preservados e e no pensamento ideológico somente dúvidas quanto a isso! sobre alguém ou algo pode oferecer uma
defendidos das investidas de manifes- num sentido, dando largas à crítica e O que se passou com a memória edifi- narrativa desadequada e injusta, como
tantes antirracismo”. Para além destas censura social no sentido inverso? cada de Churchill, o grande responsável é aqui o caso, fundamentando à super-
palavras, outras, em tom semelhante e Sendo eu, acima de tudo, humanista, pela derrota do nacional-socialismo e do fície o que não tem razão de ser quan-
com a mesma qualificação e adjetiva- com formação católica, só me ocorre nazismo, e com Padre António Vieira, do observado com profundidade.
ção, saíram da boca do pivô de um ser- condenar e repudiar veementemente um clérigo progressista que assentava Escreve quinzenalmente
viço noticioso de um dos três principais
canais de televisão do nosso país, no pas-
sado fim de semana.
Poderão interrogar-se onde está a novi-
dade nesta notícia/informação. Não há
novidade nenhuma. Todavia, o seu con-
teúdo é enviesado ao fazer referência a
manifestações antirracismo e a mani-
festações de extrema-direita – subtil mas
eficaz, para induzir o telespetador a iden-
tificar-se com as manifestações espon-
tâneas e transversais na sua composi-
ção e a distanciar-se dos manifestantes
de extrema-direita, que se terão organi-
zado partidariamente.
Em bom rigor e com a imparcialida-
de que esta análise impõe, isenta de ideo-
logia, não devemos deixar de sinalizar
o “politicamente correto” da informa-

Será que destruir, sujar

e agredir estátuas de
figuras que fazem parte
do património histórico
e cultural das nações
e até da humanidade
não são atos extremistas? Estátua de Churchill foi alvo de vandalismo ISABEL INFANTES/AFP

—15 junho 2020 21

 Livro

D Herberto Helder.
Visões cheias
Mais
de alegria bárbara

Considerado o mais autobiográfico dos livros do poeta, Apresentação

do Rosto regressou às livrarias e traz-nos um autor que não deixou
descendência e que corta com um certo cansaço que se faz sentir
em parte da produção poética contemporânea
JOÃO OLIVEIRA DUARTE
joaooliveiraduarte@gmail.com
A história é relativamente conhecida:
censurado pelo Estado Novo aquando
da sua saída em 1968, Apresentação do
Rosto de Herberto Helder foi, posterior-
mente, desmembrado pelo autor (par-
tes transitaram para Photomaton & Vox,
por exemplo), desaparecendo da biblio-
grafia – tratando-se de um livro que se
reclama da autobiografia, mesmo com
todas as precauções que é necessário
tomar quando se trata de Herberto Hel-
der, este desmembramento do autobio-
gráfico tem algumas ressonâncias com
o seu gesto poético. É certo que o livro
não desapareceu de todo. Surgindo por
vezes em alfarrabistas, como, aliás, gran-
de parte dos livros já esgotados de Her-
berto Helder, circulando de forma mais
ou menos ilegal, em fotocópias ou em
formato digital, Apresentação do Rosto
permaneceu marginalmente acessível
para os poucos que, por obrigação ou
por motivos mais obscuros, se colocam
no rasto desses livros – de Herberto, mas
não só – cujo desaparecimento equiva-
le a uma falta que economia alguma con-
segue subsumir. A presente edição tal-
vez ficasse a ganhar se tivesse integra-
do de alguma forma as anotações que
constam do exemplar de Herberto Hel-
der – e que não surgem, segundo a nota
que a acompanha, por “não estabelece-
rem uma nova organização do livro”.
Apesar disso, o facto de Apresentação
do Rosto ter esta história atribulada,
entre o desmembramento e a censura,
faz com que seja ao mesmo tempo obje-
to de história, permitindo ver o que é
que passa para os livros seguintes de
Herberto Helder, a recorrência de cer-
tas imagens ao longo de toda a obra, mas
ganha, também, uma certa atualidade
intempestiva – e é preciso um esforço,
muitas das vezes, para não enterrar este
tipo de livros no saber, por vezes sump-
tuoso, de antiquário.
Pouco há, efetivamente, de propria-
mente autobiográfico em Apresentação
do Rosto. Viagens, um ou outro lugar
que podemos julgar reconhecer, o recur-
so à memória da infância, mas nada que
permita ao “engenheiro da fábula” “maqui-
nar o seu empenho de aventura huma-
na” mostrando-nos que “aqui fica uma
rua, aqui uma ponte, aqui um parque,
aqui a mancha cerrada de sentimentos
e ideias com o nome de bairro de gen-
te”. À autobiografia, com os seus proto-
colos de escrita reconhecíveis, Herber-
to Helder prefere uma inquirição rigo-
rosa, rítmica, a esses espaços desertos
(“Este lugar não existe, fica na Arábia
Saudita, no deserto”), esses lugares de
uma “violenta anunciação”, cheios de
uma “beleza tenebrosa”, de uma “alegria
bárbara”, “num exílio de espanto e bele-
za brusca”. O objetivo talvez passe por
aquele “idioma cada vez mais estrangei-
ro” de que fala, cheio de imagens resga-
tadas a uma noite anterior às palavras
(“Mas a noite é imensa, quer dizer: a noi-
te do lugar e do tempo, a noite da nossa
solidão”); ou, então, por aquele silêncio
a que se promete depois de Apresenta-
ção do Rosto, silêncio interior a este livro,
bastante presente ao longo dele mas,
também, mais ou menos irónico, que não
remete para o lado económico da vida
(uma autobiografia para selar a obra)
mas para esse lugar onde “um pequeno
órgão palpita algures, vibra rapidamen-
te, e amortece-se, e desaparece”. Busca
por esse “interior mais escuro” que só
pode ter como fim o silêncio – ao qual se
tenta escapar, trazendo de lá essa “ciên-
Apreendido pela polícia
política semanas depois
da publicação, o livro
circulava marginalmente
em fotocópias
Na verdade, pouco há
de autobiográfico no livro,
que busca uma forma
de semear o deserto
e colher nele um canto
cia mortal”, “pequena ciência”, de “ima-
gens nocturnas e diuturnas”.
Talvez não seja por acaso, aliás, que
Herberto Helder recorre a dois motivos
– um deles ligado a uma certa tradição
mística – que dão conta dessa viagem a
uma terra “cheia de coisas vivas e inú-
teis, coisas irrompentes, palpitantes” de
onde se chega sempre de “olhos queima-
dos”; e é por isso, porque Herberto Hel-
der encontra um mundo feito de forças
inumanas, puras e violentas, como afir-
ma, um mundo onde a sua escrita vai
habitar, que ele só pode chegar de “olhos
queimados”, trazendo consigo uma “tumul-
tuosa, desavinda multidão de metáforas
encerradas numa única metáfora” com
“imagens cheias de patas”. Um desses
motivos, com uma história já longa, é
essa referência ao deserto, onde, no quin-
to dia – há aqui claras ressonâncias com
a tradição bíblica, com Herberto Helder
a reivindicar-se de um poder de criação
–, vai lançar “às areias, a toda a volta da
casa, até onde podia, todas aquelas semen-
tes que não eram de cravos, nem de tri-
go, nem de algodão”, mas “cabeças de
crianças do tamanho de cabeças de crian-
ças – vivas, oscilantes, latejantes sobre
o pedúnculo que irrompia do deserto”.
“E então elas começaram a cantar – na
minha noite./ Eu estava sentado na cadei-
ra, no alpendre, na casa – e as vozes levan-
taram-se, eram altas, altas, inocentes,
terríveis, cada vez mais belas, mais sufo-
cantes./ No deserto./ O meu coração nun-
ca mais dormiria.”
Semear no deserto, na solidão desse
espaço árido pouco dado a que qualquer
coisa nasça dele e colher um canto, “na
minha noite”, onde a lei parece ser: quan-
to mais inocente mais terrível, “lingua-
gem da dádiva e crueldade”, quanto mais
belo mais sufocante – e tanto “terrível”
como “inocente” têm uma função cen-
tral em Apresentação do Rosto, juntan-
do-se até à mais completa indistinção:
“Amarrado à noite, eu canto com um lírio
negro sobre a boca./ Com a lepra na boca,
com a lepra nas mãos”.
O outro motivo já não é o deserto, mas
a caça, que comparece na sua “alegria
bárbara” (“Existem aqui o desígnio, o

22 —15 junho 2020

Publicado em 1968,
pela Ulisseia, Apresentação
do Rosto viria a ser renegado
vinte anos depois, desaparecendo
da bibliografia do autor
DR
Apresentação do Rosto
de Herberto Helder
Edição: Porto Editora, junho
de 2020
Páginas: 216
Preço: €19,90
jogo, o ritual – e a alegria bárbara e o pri-
mitivo pânico da caça?”) e cujo segredo,
para Herberto Helder, reside nessa con-
fusão que se estabelece entre caçador e
caçado, entre perseguidor e perseguido
(“E isto significa: o outro é agora o per-
seguidor”) ao ponto de aquele que per-
segue se ver vergado perante essas “for-
ças superiores” que lhe confere o senti-
do do seu movimento. Trocando de lugar,
vendo-se a si mesmo ou encontrando
esse espaço de partilha com o animal, o
caçador tem esse amor cruel que é tam-
bém aquele da infância.
“Armam-se então de inexaurível paciên-
cia, uma secreta humildade para com as
forças superiores que demarcam e con-
dicionam o teor das suas próprias regras./
Decerto que todas estas regras se elabo-
ram e exercem na inspiração do terrí-
vel, mas o terrível possui a sua doçura e
lírica castidade, o seu transporte dadi-
voso./ As crianças amam as lagartixas,
com uma crueldade cheia de paciência
e pormenorizada paixão.”
Caçar é chegar àquele ponto em que
se troca de lugar com o que se persegue,
em que o crime – que é aquele do conhe-
cimento e do amor (“que são uma só coi-
sa, isso: que o crime e o conhecimento
são uma só coisa: uma vocação”) – paga
a sua dádiva através dessa união “pela
qual homem e bichos se conhecem, fas-
cinados”. Não andamos longe, nesta ima-
gem da caça, do que Herberto Helder
dirá décadas mais tarde, em Servidões,
onde as mãos se enterram no que há de
mais orgânico e retornam, “calçados de
luvas sangrentas, vivas”, de um “mundo
de imagens orgânicas” trazendo consi-
go essa “beleza tenebrosa”, canto tecido
de imagens.
“Trouxeram uma vez um porco selva-
gem caçado nas serras e atiraram-no
para cima da mesa da cozinha, uma lon-
ga mesa coberta de zinco. Abriram-no
de alto a baixo com enormes facalhões
e cutelos, o sangue corria por todos os
lados, meteram as mãos e os antebraços
na massa vermelha, e eles reapareceram
depois como calçados de luvas sangren-
tas, vivas (...) de tudo aquilo subia um
perfume agudo, embriagador, doloroso”.
Não são essas luvas sangrentas de Ser-
vidões, mas há uma mancha branca que
vai aparecer a dada altura, que vai come-
çar por apanhar a mão direita (“nobre
instrumento da obra e está ligada supe-
riormente ao espírito”), trocando a “mão
humanista” por uma outra, “dramática,
proibida entre os homens”, cheia de uma
“insólita nobreza, outra, uma nobreza
nova, terrível” e que, por fim, vai captu-
rar todo o corpo: “Despi-me todo, e eu
era branco e repugnante (...) E então vi
em mim, no meio da bebedeira, certa
beleza tenebrosa, uma maldição pela
qual me apaixonei”.
Que o poeta reclame para si este lugar
excluído (“Transformara-me num rép-
til branco e inconsistente”), que Apre-
sentação do Rosto se jogue nesta pesqui-
sa intensa de onde traz as “imagens tur-
bulentas, a vertigem do silêncio interior”,
dá conta do fôlego imenso, da “inclina-
ção barroca do espírito” – como afirma
numa entrevista de 1964 –, que esta poe-
sia transporta. São imagens – “turbulen-
tas”, “cheias de patas”, que obrigam a
língua a descobrir novas potencialida-
des –, um “idioma cada vez mais estran-
geiro” que se mede a cada passo com
esse mundo que é apenas crueldade,
dádiva, tão inocente quanto terrível. Mas
isto apenas na condição de se transfor-
mar num “lobo esfaimado”, tendo “Toda
a esfaimada doçura de um lobo”.
E talvez seja por aqui que Apresenta-
ção do Rosto adquire uma atualidade
intempestiva. Quando um certo cansa-
ço se faz sentir em parte da produção
poética contemporânea – e este teria de
ser entendido a partir de uma palavra
alemã de difícil tradução, designando
uma forma de pensar o mundo, mas não
só –, Herberto Helder, que, neste domí-
nio, parece não ter deixado descendên-
cia, vem mostrar como se constrói esse
“esfaimada doçura de um lobo”, como
ele habita uma paisagem deserta e como
se mede face a ela, como resgata desse
fundo móvel das coisas uma multidão
de imagens que são sempre inocentes e
terríveis, cheias da “alegria bárbara”. É
um animal de grande porte, que dá à lín-
gua uns pulmões imensos.
—15 junho 2020 23
 D Mais // Livros
Herberto Helder
coroado entre
a poeira dos
alfarrabistas
A especulação em torno dos livros
de Herberto é em si mesma uma intriga
que há muito apaixona os leitores.
DIOGO VAZ PINTO
diogo.pinto@ionline.pt
Pode parecer que o tempo da poesia já
passou mas, na verdade, ele tem é outra
medida e escapa aos desatentos. Trata-se
de “um nó veloz, parado, como feito no
tecido doloroso da atenção”. Mesmo assim,
as razões por que os livros de Herberto,
além de raros, se foram revestindo de uma
certa aura não são tão obscuras que não
possamos, em parte, explicar o fenóme-
no. É que, do mesmo modo que, em 1968,
o autor anunciava que ia deixar de escre-
ver, mesmo que o não tenha cumprido foi
fazendo um longo noivado da sua promes-
sa ao silêncio. E a par do deslumbramen-
to que as artes do crime que o poeta pra-
ticava produziam nos leitores mais aten-
tos, os livros não eram apenas um rasto
vulgar de papéis, mas as provas de uma
paixão exemplar: “o meu amor abrange
crime, solidão e silêncio, como se fossem
uma só coisa: um limite, espécie de mila-
gre ou extremo exemplo”, lê-se em Apre-
sentação do Rosto. Sempre que na sua
obra o livro nos surge, mais do que obje-
to ou imagem, ele sugere um signo, está
envolvido de um poder ritual e, às vezes,
é uma sagração: “Um dia começa a alma,
e um caçador atinge/ a cabra fremente no
flanco/ com uma flecha viva./ Cantamos
devagar o espírito dos livros./ E brilha toda
a noite, no sangue espesso e maduro do
bicho/ maravilhoso, o dardo do caçador”.
Neste exemplo ressoam os célebres ver-
sos de Mallarmé: “a carne é triste e per-
feita/ como um livro”. E há também este
exemplo: “E estás em mim como a flor na
ideia/ e o livro no espaço triste”. Outro: “Os
próprios meses ressoam como espelhos
ardentes,/ como telhados, cúpulas, livros,/
como objectos ardentes”. E para terminar:
“E o espírito de Deus como num livro/
movia-se sobre as águas”.?O que estes ver-
sos ilustram é um respeito muito particu-
lar pelo livro, pela leitura. De resto, um
sinal disso mesmo se recolhe na reporta-
gem que Herberto assina a 4 de setembro
de 1971 para o semanário Notícia, de Luan-
da, com o título “O Gozo da Literatura”
(recolhido em abril de 2018 no volume em
minúsculas, em edição da Porto Editora).
Ao ver um rapaz a ler “metido pelo livro
24 —15 junho 2020
dentro, com uma atenção pelo menos
‘feroz’”, ele enfatiza essa visão, dizendo
que “quase se via a matéria do livro a ser
absorvida pelo cérebro, o cerebelo e o bol-
bo raquidiano, passando depois para o cor-
po todo”. Ora, não faltam sinais de que
Herberto comungava dessa forma de júbi-
lo que leva a que certos livros assumam
uma dimensão aristocrática, o que fica
normalmente a dever-se à sua raridade,
a uma aura de secretismo, sendo protegi-
dos da atenção miserável e dos descuidos
dos turistas e ocupando as recâmaras ou
caves das livrarias, a cripta das relíquias,
alguma estante com vitrine. Mas para que
um livro atinja um preço que faça dele
uma verdadeira preciosidade, o seu poder
de mito terá já sido alvo de uma longa dis-
cussão entre os leitores, que o elegeram
como objeto de perseguição. Se um exem-
plar de Cobra não se compra por menos
de 250 euros, se tiver algumas das altera-
ções feitas à mão por Herberto (e estas
alterações variam muitíssimo de exem-
plar para exemplar, daqueles que foram
oferecidos com dedicatória aos amigos)
pode chegar a milhares de euros. Um exem-
plar de Flash, um folheto editado pelo
autor, contando com a ajuda da sábia mão
de Vitor Silva Tavares a garantir o acerto
gráfico, livro que não teve circulação e que
se restringiu a 250 cópias, dificilmente se
compra por menos de 1000 euros. Os livros
que saíram com selo da Guimarães, Húmus
e Electronicolírica também não custam
menos de 300 ou 400 euros. E o folheto
com que Herberto se estreou, em 1958, na
Contraponto de Luiz Pacheco pode ir dos
800 aos 1500 euros.?Mesmo as primeiras
edições de livros como Photomaton & Vox
ou Os Passos em Volta, bem como as suces-
sivas reuniões da sua obra, chegam a valer
algumas dezenas de euros, ou seja, vão
bem à frente do regime geral da inflação.
Estes preços justificam-se não tanto por
boa parte dos livros de Herberto não terem
merecido reedições, mas sobretudo por a
obra ter sido sujeita a uma constante e,
por vezes, furiosa reescrita. Isto acabou
por conferir a cada edição a sua autono-
mia, a sua inscrição no tempo. Porque difi-
cilmente alguém defenderia que as corre-
ções ou supressões que fez apenas servi-
ram para desbastar mato. Boa parte delas
Herberto Helder morreu em março de 2015, aos 84 anos
são arriscadíssimas. Ou, por outras pala-
vras, o lixo de Herberto Helder seria o
tesouro de muito poeta de segunda. E Apre-
sentação do Rosto, que agora, e por deci-
são da viúva, Olga Lima, acaba de se ree-
ditar, mais de 50 anos depois da edição
original, mais de 30 depois de o livro ter
sido definitivamente afastado da biblio-
grafia pelo autor, é bem o exemplo disso.
São inúmeros os fragmentos que foram
reapreciados e salvos à medida nos 20 anos
que passaram até o livro ser definitiva-
mente renegado. E mesmo depois disso
houve obras posteriores, como Do Mun-
do (1994) e A Faca Não Corta o Fogo (2008),
onde o autor ainda andava de volta da
matéria que o atingira na carne daquele
que é tido como o seu livro mais autobio-
gráfico, o de 1968.
Assim, mesmo que a opção por uma ree-
dição sem mais de uma obra renegada,
Folheto com que
Herberto se estreou em
1958, na Contraponto
de Luiz Pacheco, pode ir
dos 800 aos 1500 euros
Estes preços justificam-
-se sobretudo por a obra
ter sido sujeita a uma
constante e, por vezes,
furiosa reescrita
ASSINATURA DE FOTO
sem nenhum prefácio em que sejam expli-
cados os critérios desta decisão assumida
exclusivamente pela viúva, e isto quando,
apenas cinco anos depois da morte do poe-
ta, parecem ser os cálculos editoriais o que
tem vindo a sobrepor-se, mesmo assim,
seria um absurdo pôr em causa quer a
validade literária quer o interesse de Apre-
sentação do Rosto até como objeto de estu-
do face à restante obra de Herberto Hel-
der. Razão pela qual os leitores, sobretu-
do aqueles que não tinham os meios para
pagar centenas de euros por um dos raros
exemplares que sobreviveram à apreen-
são da PIDE, nem tiveram tanto interes-
se em ler o livro que sequer o tivessem
fotocopiado na Biblioteca Nacional.
Mesmo que se esqueça o papel que os
alfarrabistas tiveram, em anos recentes,
ao fazer disparar o preço dos livros mais
recentes do autor, açambarcando dezenas
ou até centenas de exemplares para os
venderem pelo dobro e o triplo do preço
semanas depois, quando estavam já esgo-
tados nas livrarias, este é um caso que inte-
ressa aos bibliófilos sobretudo por com-
paração com todos esses livros de poesia
que não aguentam tiragens superiores a
300 exemplares ou até menos que isso.
Livros que, alguns depois e em segunda
mão, descem até valer a mesma coisa que
um despojo ou um pedaço de lixo, e ficam
por aí nas feiras e nos saldos, a exibir os
sinais do desapreço dos leitores. E que tris-
tes coisas os livros sabem ser, com aque-
le ar desfeito com que fazem do desuso
uma culpa, dividida entre todos, um dedo
apontado a um país, uma época...
Banda desenhada
LEITOR DE BD
Da velha estante – Dick Tracy
O
imaginário gângster, que
nos foi aportado pela
literatura e pelo cinema,
está muito longe de exercer
o mesmo fascínio que o
western, esse sim, o grande
RICARDO contributo da América do Norte para a
ANTÓNIO ALVES narrativa humana global desde que descemos
das árvores.
No que respeita aos comics, a primazia deve-se
a Chester Gould (1900-1985) e ao detetive
policial que criou, Dick Tracy, surgido em dois
jornais, em Nova Iorque e Detroit, em 1931, em
pleno vigor da Lei Seca, à sombra da qual
medrou o crime organizado com o seu cortejo
de horrores, disposição legal que viria a ser
revogada na Presidência de Franklin D.
Roosevelt, um dos grandes Presidentes da
história dos Estados Unidos.
A diferença de Dick Tracy relativamente a
recriações recentes como o magnífico
Torpedo, de Enrique Sánchez Abuli e Jordi
Bernett, reside na circunstância de este se
tratar de uma recriação, com a justaposição da
pátina que o tempo histórico lhe deu, ao passo
que Dick Tracy evoluía durante o calor dos
acontecimentos. Talvez por isso, a violência e a
crueza que por vezes é apontada à série se
explique por essa contiguidade com o crime,
trazido em manchetes pelo mesmo jornal que
publicava Dick Tracy, em tiras diárias e
páginas dominicais. Acresce à verosimilhança
da violência o atrativo dos gadgets de que o
detetive lançava mão e à prática científica
forense apresentada de forma meticulosa, pois
o próprio Chester Gould tirara vários cursos
para se documentar.
Mas o principal trunfo de Dick Tracy deve-se,
DICK TRACY
– O CASO 3-D quanto a nós, à mestria narrativa do autor,
Texto e desenhos: com uma influência do cinema,
Chester Gould nomeadamente nas elipses e cortes de
Edição: Rio Gráfica Editora, planos. Gould possuía uma mestria narrativa
Rio de Janeiro, 1981 que prendia a atenção do leitor. Neste mesmo
livrinho, por exemplo, numa única tira, com
apenas três vinhetas – dando sequência à do
dia anterior e procurando interessar o leitor
pela continuação no dia seguinte –, cada
quadrinho corresponde a lugares diferentes
da história: o espaço da vítima, o dos
criminosos e a esquadra de polícia (cfr. tira
central da pág. 27).
O Caso 3-D, a história desta edição, datada de
1957, é um vulgar episódio de extorsão, muito
bem contado. Cabeça-de-Lata, a personagem
central, magnata do petróleo, detentor de uma
fortuna colossal e vários casamentos, decide
visitar um dos sete irmãos, após 30 anos de
ausência. Este é BO Plenty (Farfalha, na
tradução brasileira), um hillbilly – ou seja, uma
dessas figuras rústicas que vivem em clã nas
zonas montanhosas da América do Norte,
celebrizados também pelos comics e pelo
cinema –, e cuja família, em particular as
jovens sobrinhas, quer presentear com uma
modelar casa de banho... Este Farfalha,
ex-criminoso tornado amigo de Tracy, foi um
elemento de contraponto humorístico para
suavizar a violência negra do argumento. Ao
mesmo tempo, Poly, gananciosa ex-mulher de
Cabeça-de-Lata, mancomunada com o
amante, 3-D Magee, não olham a meios para
extorquirem o possível ao velho tycoon. No
fim, é fatal, o bem triunfa sobre o mal. Rima e
tomara que fosse verdade.
O principal trunfo de Dick
Tracy deve-se, quanto a nós,
à mestria narrativa do autor,
com uma influência
do cinema, nomeadamente
nas elipses e cortes de planos
BDTECA
Do melhor Mesmo sem ainda
termos lido senão algumas
pranchas. E porquê? À partida,
porque o argumentista é Xavier
Dorrison, de quem já aqui falámos
a propósito de Undertaker;
depois, porque os desenhos de
Félix Delepe, um jovem autor de
27 anos, são de tal forma
soberbos na antropomorfização
animal – ao nível de Sokal
(Canardo) e Guarnido (Blacksad) –
que nos deixam ávidos por
próxima leitura. Um castelo é
abandonado pelos senhores e os
animais dele tomam posse. Sílvio,
o touro, impõe-se e governa pela
força. Que aproximações e
distâncias a Animal Farm, de
George Orwell?... O Castelo dos
Animais, tomo 1, edição Arte de
Autor, 2020.
À procura do passado
Romance gráfico da alemã
Antonia Khün, fala-nos de Paul,
um rapaz que perdeu a mãe e
cujo passado familiar está
envolto em secretismo, interditos
ou não-ditos. Trata-se de saber,
ajudado pela memória desfocada
e intermitente e por fragmentos
remanescentes do passado, que
família é a sua. La Clairière,
edição Cambourakis, 2020.
André Diniz, outra vez Também
dele já aqui falámos, a propósito
do desafiante Entre Cegos e
Inimigos (2019). Oportunamente
será a vez de abordarmos a
segunda edição de Morro da
Favela, sobre o fotógrafo
Maurício Hora, enriquecida com
novas pranchas do autor e mais
fotografia. Edição Polvo, 2020.
—15 junho 2020 25

D
Mais
Desporto
Bruno Lage debaixo de fogo
com uma vitória nos últimos
10 jogos para todas
as provas. Benfica a dois
pontos do líder FC Porto
LUÍS FORRA/POOL/LUSA
Campeonato. Benfica
deprimido e FC Porto
de serviços mínimos:
a pobre corrida ao título
Nos azuis-e-brancos,
destaque para Corona:
o mexicano apontou os dois
golos da equipa desde
a retoma da Liga – o último
permitiu devolver a liderança
isolada ao clube. Já o Benfica
só sabe empatar: são quatro
consecutivos na prova
26 —15 junho 2020
Futebol
LAURA RAMIRES
laura.ramires@ionline.pt
A Liga portuguesa de futebol vai justifi-
cando o seu regresso, em grande parte,
graças a momentos pontuais, nomeada-
mente os golos de Lucas Fernandes (Por-
timonense-Gil Vicente, 25.a jornada),
Júnior Tavares (Portimonense-Benfica,
26.a) ou Jovane Cabral (Sporting-Paços
de Ferreira, 26.a). Já a corrida ao título
entre os dois principais candidatos, FC
Porto e Benfica, continua a ser feita a
meio gás, tornando-se, aliás, verdadei-
ramente surpreendente por essa razão.
Os encarnados voltaram a marcar pas-
so na prova, desta vez no Algarve, onde
não foram além de um empate (2-2).
Depois de terem desperdiçado dois golos
de vantagem, as águias registaram, ante
o Portimonense, o quarto empate conse-
cutivo na I Liga – na semana anterior não
tinham ido além de um nulo na receção
ao Tondela, a contar para a 25.a jornada.
Ainda antes da interrupção devido à pan-
demia de covid-19, foi diante de V. Setú-
bal e Moreirense, com ambos por 1-1, que
a equipa de Bruno Lage tropeçou. Neste
momento, o clube da Luz soma apenas
uma vitória nos últimos dez encontros
para todas todas as provas, resultados que
já colocaram o treinador encarnado entre
a espada e a parede. Nem mesmo a proi-
bição de haver público nas bancadas tem
impedido os adeptos de mostrarem o seu
descontentamento face à atual situação
do clube, com os pedidos de demissão a
surgirem através de tarjas ou, noutros
casos, de forma injustificável. Ainda assim,
Luís Filipe Vieira parece manter, para já,
a confiança no técnico, que terá pela fren-
te mais oito provas de fogo até ao final da
temporada.
A dois pontos do primeiro posto, o Ben-
fica mostra-se confiante na revalidação
do título – e assegura que o campeona-
to está longe de estar decidido. Pela fren-
te, os encarnados vão ter ainda quatro
encontros em casa (Santa Clara, Boavis-
ta, Guimarães e Sporting) e quatro fora
(Rio Ave, Marítimo, Famalicão e Aves).
O próximo embate do clube da Luz está
agendado para esta quarta-feira em Vila
do Conde.
 PORTUGAL 27.ª JORNADA

1 Marítimo-Gil Vicente Hoje (19h)

LINHA LATERAL
1 St.ª Clara-Portimonense 16/06 (19h)
1 Desp. Aves-FC Porto 16/06 (21h15) Benfica convoca AG
1 P. Ferreira-Belenenses 17/06 (19h) para votar orçamentos
1 Rio Ave-Benfica 17/06 (21h15) de 2020/21
1 Boavista-V. Setúbal 18/06 (19h)
1 Sporting-Tondela 18/06 (21h15) BENFICA O Benfica convocou para
1 V. Guimarães-Moreirense 19/06 (19h) 26 de junho uma assembleia-geral
1 Famalicão-Sp. Braga 19/06 (21h15) ordinária que tem como único
ponto da ordem de trabalhos a
CLASSIFICAÇÃO discussão e votação dos orçamen-
J V E D G P tos de exploração e de investimen-
. FC Porto 26 20 3 3 52-18 63 tos, anunciou ontem o clube. A
2. Benfica 26 19 4 3 54-16 61 deliberação do ponto único, que
3. SC Braga 25 14 4 7 43-29 46 inclui ainda o plano de atividades
4. Sporting 25 13 4 8 39-28 43 e o parecer do conselho fiscal para
5. Famalicão 26 12 7 7 43-42 43 o exercício de 2020/21, marcará
6. V. Guimarães 25 10 8 7 42-27 38 a reunião magna das águias, que
7. Rio Ave 25 10 8 7 34-26 38 explicam que a votação será fei-
8. Santa Clara 26 9 7 10 24-30 34 ta presencialmente, entre as 17h30
9. Moreirense 25 8 9 8 35-32 33 e as 22h00.
10. Gil Vicente 26 7 9 10 26-33 30
11. V. Setúbal 26 6 12 8 20-30 30
12. Boavista 25 7 8 10 19-24 29
13. Belenenses 25 8 5 12 21-38 29
14. Tondela 25 6 8 11 20-30 26
15. Marítimo 26 5 10 11 23-34 25
16. P. Ferreira 25 7 4 14 21-36 25
17. Portimonense 26 3 11 12 19-36 20
18. Desp. Aves 25 4 1 20 23-49 13
Shakhtar de Luís
Castro está a dois
pontos do tetra
FUTEBOL O Shakhtar Donetsk,
treinado pelo português Luís
Castro, venceu ontem em Kiev
o Kolos Kovalivka por 1-0 e está
a dois pontos do título, cumpri-
da a quarta jornada dos playoffs
de apuramento do campeão.
Júnior Moraes fez o único golo
MELHORES MARCADORES do encontro. Luís Castro, que
sucedeu no início da época a
Equipa Golos Paulo Fonseca, tem agora 16
Já o FC Porto não precisou de se esfor- des no pódio. Depois do empate em Gui- C. Vinicius Benfica 15 pontos de vantagem, quando há
çar muito para recuperar novamente a marães, o Sporting regressou às vitórias Pizzi Benfica 15 18 em disputa, após três vitórias
liderança isolada da prova. Depois de ter ante o Paços de Ferreira. Em Alvalade, Paulinho Sp. Braga 10 no mesmo número de jogos des-
assistido ao resultado em Portimão, o Jovane Cabral fez o único golo do encon- Abreu F. Moreirense 10 de que a Liga ucraniana voltou.
dragão só precisou dos serviços míni- tro, de livre, aos 64 minutos. Depois foi Sandro Lima Gil Vicente 10

mos para desfazer a igualdade pontual
que a ronda 25 tinha fixado no topo da
tabela.
Na receção ao Marítimo, os azuis-e-bran-
cos venceram graças a um golo de Coro-
na, apontado logo aos seis minutos.
Aliás, o mexicano tem sido o grande
destaque da equipa de Sérgio Concei-
ção desde que o futebol foi retomado.
Antes do chapéu que permitiu ao FC
Porto voltar ao primeiro lugar na Liga,
o médio já tinha sido o autor do único
golo da equipa em Famalicão (derrota
por 2-1).
Também o FC Porto terá mais quatro
encontros no Dragão (Boavista, Belenen-
ses SAD, Sporting e Moreirense) e qua-
tro fora (Aves, Paços de Ferreira, Tonde-
la e Sp. Braga) até final da época.
Esta terça-feira, os azuis-e-brancos
podem aumentar provisoriamente a van-
tagem para cinco pontos em relação aos
encarnados, já que entram primeiro em
campo nesta 27.a jornada, frente ao Aves.
SPORTING IGUALA SP. BRAGA A última jor-
nada disputada trouxe também novida-
15
a vez de o Sp. Braga entrar em ação e
perder (0-1) na receção ao Boavista. Alber- PRÓXIMAS JORNADAS
to Bueno, de grande penalidade, impe- 28.ª JORNADA
diu que os minhotos conseguissem iso-
lar-se no terceiro posto – o último a dar 1 Gil Vicente-Desp. Aves 21/06 (19h)
acesso direto à Liga Europa. Sporting e 1 Portimonense-Marítimo 22/06 (21h)
Braga apresentam agora os mesmos 46 1 V. Setúbal-Rio Ave 23/06 (19h)
pontos. 1 Benfica-St.ª
BTV1 Clara
ELEVEN SPORTS 23/06 (19h15) UFC. Luso-angolano
Os leões ainda vão defrontar o Tonde- 1 FC Porto-Boavista 23/06 (21h15) Manel Kape já tem
Tondela-P. Ferreira 24/06 (19h)
la (casa), Belenenses SAD (fora), Gil Vicen- 1
Moreirense-Famalicão 24/06 (21h15)
estreia marcada
te (casa), Moreirense (fora), Santa Clara 1
1 Sp. Braga-V. Guimarães 25/06 (21h)
(casa), FC Porto (fora), V. Setúbal (casa) MODALIDADES Apesar de ainda
1 Belenenses-Sporting 26/06 (19h15)
e Benfica (fora). não haver local anunciado para
De notar que tanto o clássico no Dra- o combate, o lutador luso-ango-
gão como o dérbi na Luz agendado para 29.ª JORNADA lano Manel Kape vai estrear-se
a última jornada da I Liga (34.a) são aguar- 1 Boavista-St. Clara 28/06 (19h) no UFC 252 frente a Rogério
dados com grande expetativa por parte 2 Desp. Aves-Moreirense 29/06 (21h) Bontorim, no dia 15 de agosto.
dos adeptos de futebol, depois da proe- 1 Marítimo-Benfica 29/06 (18h) O brasileiro já conta com três
za de Rúben Amorim no comando téc- 1 P. Ferreira-FC Porto 29/06 (21h15) combates neste campeonato de
nico do Sp. Braga: venceu, recorde-se, os 1 Famalicão-Portimonense 30/06 (17h) artes marciais mistas (MMA)
“três grandes”, um dos motivos por que 1 V. Guimarães-V. Setúbal 30/06 (19h15) (duas vitórias e uma derrota).
Frederico Varandas bateu a cláusula de 1 Rio Ave-Sp. Braga 24/06 (21h30) Quanto ao lutador luso-angola-
rescisão que os arsenalistas tinham colo- 1 Belenenses-Tondela 01/07 (19h) no, Kape conquistou o título do
cado no contrato de Amorim quando o 1 Sporting-Gil Vicente 26/06 (21h15) Rizin no final de 2019, frente a
antigo jogador do Benfica assumiu o car- Kai Asakura. Neste UFC 252, a
go de treinador: 10 milhões de euros. Classificação à hora de fecho do jornal luta principal em cartaz é entre
■ L. Campeões ■ L. Europa ■ Descem de divisão
Será o técnico capaz de repetir o feito? Transmissões televisivas: SportTV 1 BenficaTV BTV1 Daniel
ELEVEN Cormier e Stipe Miocic.
SPORTS

—15 junho 2020 27

 D Mais // Futebol internacional

Espanha. Tudo igual:

Messi brilha no
regresso da Liga
Mais de três meses depois, o Barcelona regressou à
competição e logo com direito a goleada (0-4) na visita ao
Maiorca. Argentino fez um golo e duas assistências.

LAURA RAMIRES Já o Sevilha fecha o pódio, com 50 pon-

laura.ramires@ionline.pt
Foram 95 dias sem futebol em Espanha,
um jejum que terminou durante a sema-
na passada, com a vitória do Sevilha de
Lopetegui no dérbi da Andaluzia, encon-
tro que inaugurou a 28.a jornada da Liga
vizinha. Já este fim de semana foi a vez
de os dois primeiros classificados entra-
rem em ação. O Barcelona provou que
em nada ficou afetado com a paragem
de mais de três meses e venceu de for-
ma categórica no terreno do Maiorca.
Messi esteve em destaque nos catalães,
com duas assistências e um golo. Na pri-
tos. Ainda em solo espanhol, uma refe-
rência para o Atlético de Madrid, que
não foi além de um empate a uma bola
em Bilbau – registando o terceiro empa-
te consecutivo na prova. No Estádio San
Mamés, a equipa da casa adiantou-se no
marcador aos 37 minutos, com um golo
de Iker Muniain. Apenas dois minutos
depois, a equipa de Simeone fez o 1-1 final
através de Diego Costa. O avançado – que
dedicou o golo a Virginia Torrecilla, joga-
dora da equipa feminina do clube, ope-
rada recentemente a um tumor cerebral
– marcou pela primeira vez desde outu-
bro, altura em que se lesionou com gra- Barcelona lidera isolado La Liga com 61 pontos JAIME REINA/AFP

meira metade, Arturo Vidal só precisou
de dois minutos para abrir o marcador
e, depois, foi Martin Braithwaite a ampliar
a vantagem (37’). Já na segunda parte foi
Jordi Alba e o argentino a fixarem o resul-
tado final, após marcarem aos 79 e 93
minutos, respetivamente. A dez jornadas
do final da prova, os catalães lideram iso-
lados, com 61 pontos, mais dois do que o
Real Madrid, que ontem venceu o Eibar
por 3-1, com golos de Toni Kroos (4’), Ser-
gio Ramos (30’) e Marcelo (37’).
vidade. Recorde-se que João Félix ficou
de fora deste jogo após suspensão devi-
do à acumulação de amarelos. O inter-
nacional português já deverá integrar
as opções do técnico argentino na quar-
ta-feira, dia em que os colchoneros vão
medir forças com o Osasuna, em Pam-
plona. O clube madrileno ocupa o sexto
lugar com 46 pontos, a 15 do líder.
PREMIER LEAGUE RECOMEÇA EM GRAN-
DE Já esta quarta-feira será a vez de a
Liga inglesa recomeçar, com jogo gran-
de em cartaz, entre Manchester City e
Arsenal, ainda referente à 28.a jornada
da prova. A formação dos internacio-
nais portugueses Bernardo Silva e João
Cancelo é a atual segunda classificada,
a 25 pontos do líder Liverpool (com
mais um jogo). Ainda durante esta sema-
na começará a ser disputada a ronda
30 da competição, que colocará frente
a frente o Tottenham de José Mouri-
nho e o Manchester United de Bruno
Fernandes e Diogo Dalot (sexta-feira,
19 de junho). Os spurs são atuais oita-
vos, com 41 pontos, enquanto os red
devils fecham o top-5 da prova, com 45
pontos. A nove jornadas do final da Pre-
mier League, os reds de Jürgen Klopp
estão muito perto de conquistar o títu-
lo. Anfield Road viu pela última vez o
troféu de campeão inglês há 30 anos,
em 1989/90.

ESPANHA INGLATERRA ALEMANHA

Juve-Nápoles 28.ª JORNADA 30.ª JORNADA 31.ª JORNADA

na final da 1
1
Sevilha-Bétis
Granada-Getafe
2-0 
2-1 
2
2
Norwich-Southampton
Tottenham-Man.United
19/06 (13H) 
19/06 (20H15) 
1
3
Hoffenheim-RB Leipzig
Wolfsburg-Freiburg
0-2
2-2

Taça de Itália: 1
1
Valência-Levante
Espanhol-Alavés
BTV1 ELEVEN SPORTS
1-1 
2-0 
1
1
Watford-Leicester
Brighton-Arsenal
20/06 (12H30) 
20/06 (15H) 
2 Köln-Union Berlin
BTV1 ELEVEN SPORTS
4 Paderborn-W. Bremen
1-2
1-5
CR7 quer vencer Celta
1 BTV1 Vigo-Villarreal
ELEVEN SPORTS 0-1  1 West Ham-Wolves 20/06 (17H30)  BTV1 ELEVEN SPORTS
1 Hertha-E. Frankfurt 1-4
1 Leganés-Valladolid
BTV1 ELEVEN SPORTS 1-2  1 Bournemouth-Crystal P. 20/06 (19H30)  BTV1 ELEVEN SPORTS
1 Düsseldorf-B. Dortmund 0-1
prova pela 1.ª vez
1 Maiorca-Barcelona
BTV1 ELEVEN SPORTS 0-4  1 Newcastle-Sheffield Utd 21/06 (14H)  BTV1 ELEVEN SPORTS
1 B. Munique-M’gladbach 2-1
1 At. Bilbau-At. ELEVEN
BTV1 Madrid SPORTS 1-1  1 Aston Villa-Chelsea 21/06 (16H15)  BTV1 ELEVEN SPORTS
1 Real
BTV1 Madrid-Eibar
ELEVEN SPORTS Ontem*  2 Everton-Liverpool 21/06 (19H)  1 Mainz-Augsburg 0-1
BTV1 ELEVEN SPORTS
1 Real
BTV1 Sociedad-Osasuna
ELEVEN SPORTS Ontem*  2 Man. City-Burnley 22/06 (20H)  1 Schalke 04-B. Leverkusen Ontem*
BTV1
●●● A Juventus e o Nápoles vão dispu- BTV1 ELEVEN SPORTS
ELEVEN SPORTS
BTV1 ELEVEN SPORTS
tar a final da Taça de Itália esta quar- BTV1 ELEVEN SPORTS

ta-feira (17 de junho). A equipa de Mau- CLASSIFICAÇÃO

BTV1 ELEVEN SPORTS CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
BTV1 ELEVEN SPORTS

rizio Sarri não foi além de um empate J V E D G P J V E D G P J V E D G P

sem golos frente ao Milan na passada 1 Barcelona 28 19 4 5 67-31 61 1 Liverpool 29 27 1 1 66:21 82 1 Bayern 31 23 4 4 92-31 73
2 Real Madrid 27 16 8 3 49-19 56 2 Manchester City 28 18 3 7 68:31 57 2 Dortmund 31 20 6 5 82-35 66
sexta-feira, mas beneficiou do 1-1 trazi-
3 Sevilha 28 14 8 6 41-29 50 3 Leicester 29 16 5 8 58:28 53 3 RB Leipzig 31 17 11 3 77-32 62
do de San Siro na primeira mão (Rebic, 4 Real Sociedad 27 14 4 9 45-33 46 4 Chelsea 29 14 6 9 51:39 48
aos 61 minutos, e Ronaldo, aos 91’, de 4 M’gladbach 31 17 5 9 58-38 56
5 Getafe 28 13 7 8 38-27 46 5 Manchester Utd 29 12 9 8 44:30 45
grande penalidade). Aliás, o internacio- 5 Leverkusen 30 17 5 8 56-40 56
6 Atl. Madrid 27 11 12 4 31-21 45 6 Wolves 29 10 13 6 41:34 43
nal português e o croata voltaram a ser 7 Valência 28 11 10 7 39-40 43 7 Sheffield Utd 28 11 10 7 30:25 43 6 Wolfsburg 31 12 10 9 44-38 46
os protagonistas no jogo da segunda 8 Villarreal 28 12 5 11 45-38 41 8 Tottenham 29 11 8 10 47:40 41 7 Hoffenheim 31 12 7 12 42-52 43
mão, mas desta vez não foi pelos melho- 9 Granada 28 12 5 11 35-33 41 9 Arsenal 28 9 13 6 40:36 40 8 Friburgo 31 11 9 11 41-43 42
res motivos: CR7 falhou um penálti aos 10 Ath. Bilbao 27 9 10 8 29-23 37 10 Burnley 29 11 6 12 34:40 39 9 E. Frankfurt 31 11 5 15 53-56 38
*Classificações à hora de fecho do jornal

16 minutos e Rebic foi expulso logo a 11 Osasuna 27 8 10 9 34-38 34 11 Crystal Palace 29 10 9 10 26:32 39 10 Hertha 31 10 8 13 44-55 38
seguir. Já o Nápoles apurou-se para a 12 Levante 28 10 4 14 33-41 34 12 Everton 29 10 7 12 37:46 37 11 Schalke 30 9 11 10 35-47 38
13 Bétis 28 8 9 11 38-45 33 13 Newcastle 29 9 8 12 25:41 35 12 Colónia 31 10 5 16 48-59 35
final após empatar (1-1) este sábado na
14 Valladolid 28 7 11 10 25-34 32 14 Southampton 29 10 4 15 35:52 34 13 Augsburgo 31 9 8 14 42-57 35
receção ao Inter. O conjunto que conta 15 Alavés 28 8 8 12 29-39 32 15 Brighton 29 6 11 12 32:40 29
com o internacional luso Mário Rui tra- 14 Union Berlin 31 10 5 16 37-54 35
16 Eibar 27 7 6 14 27-41 27 16 West Ham 29 7 6 16 35:50 27
zia vantagem após ter vencido em Milão 17 Celta 28 5 11 12 22-35 26 17 Watford 29 6 9 14 27:44 27 15 Mainz 31 9 4 17 39-63 31
por 1-0, com golo do médio espanhol 18 Maiorca 28 7 4 17 28-48 25 18 Bournemouth 29 7 6 16 29:47 27 16 F. Düsseldorf 31 6 10 15 33-61 28
Fabián Ruiz. De notar que Ronaldo pro- 19 Leganés 28 5 8 15 22-41 23 19 Aston Villa 28 7 4 17 34:56 25 17 Bremen 31 7 7 17 35-64 28
cura conquistar este troféu pela primei- 20 Espanhol 28 5 8 15 25-46 23 20 Norwich 29 5 6 18 25:52 21 18 Paderborn 31 4 8 19 34-67 20
ra vez. A Lazio é a atual campeã. ■ Liga Campeões ■ Liga Europa ■ Descem de divisão Trans. televisivas: SPORTTV Benfica TV Eleven
BTV1 Sports Diferido
ELEVENSPORTS
BTV1 ELEVEN SPORTS

28 —15 junho 2020

 PUB

—15 junho 2020 29

 D Mais // Pessoas
Dueto improvável
Um vírus pior do que o próprio vírus
■ Bob Dylan diz ter ficado “doente” ao ver o vídeo da detenção
de George Floyd, o homem afro-americano que foi asfixiado por
um polícia e acabou por morrer depois de ter os joelhos do
agente durante cerca de oito minutos em cima do seu pescoço.
“Fiquei doente ao vê-lo ser torturado assim”, disse o músico em
entrevista à agência EFE. “Isto vai para além do horror. Espero
que em breve seja feita justiça para a família de Floyd e para o
país”, apelou o artista de 79 anos. Durante a entrevista, Bob
Dylan falou ainda sobre o mundo pós-covid e partilhou a sua
opinião. “Uma arrogância extrema pode levar a efeitos desastro-
sos. Talvez estejamos à beira da aniquilação”, confessou.
Desculpabilizar o que não é desculpável?
■ O ex-marido de J. K. Rowling, o
português Jorge Arantes, admitiu
ter dado “um estalo” à escritora,
mas recusa que esta tenha sido víti-
ma de violência doméstica em
entrevista ao jornal The Sun. Além
disso, o ex-jornalista diz não se
arrepender do que fez. A escritora
inglesa acusou recentemente o
ex-marido de violência doméstica.
“Consegui escapar do meu primeiro
casamento violento com alguma
dificuldade. Mas agora estou casada
com um homem verdadeiramente
bom e com princípios”, disse
Rowling, referindo-se a Neil Mur-
ray, com quem tem dois filhos.
Jorge Arantes afirma que “não hou-
ve violência contínua” e que o episó-
dio de violência ocorreu na noite
em que a criadora da saga Harry
Potter quis sair de casa. “Ela recu-
sou-se a ficar sem a Jessica [filha de
ambos] e, apesar de eu dizer que
poderia voltar a vê-la na manhã
seguinte, houve uma discussão vio-
lenta. Tive de arrastá-la para fora
de casa às 5h da manhã e admito
que lhe dei um estalo com força na
rua”, confessou. A escritora inglesa
mudou-se para o Porto quando
tinha 25 anos, em 1991, para traba-
lhar como professora de Inglês, e foi
lá que conheceu o primeiro marido
e pai da sua primeira filha.
30 —15 junho 2020
■ Miley Cyrus, à semelhança de
outros artistas, faz parte do Global
Citizen, movimento internacional
que tem como objetivo mobilizar
recursos para acabar com a pobre-
za extrema e reduzir a desigualda-
de. Devido à pandemia de covid-19,
o movimento tem apelado ao acesso
igualitário a tratamentos médicos, e
foi o que Miley decidiu fazer num
tweet dirigido ao primeiro-ministro
espanhol, Pedro Sánchez. “Temos
de continuar juntos no combate à
covid-19 e ao impacto desproporcio-
nal que tem nas comunidades mar-
ginalizadas, especialmente nas
comunidades de cor. Por favor, jun-
te-se a nós, primeiro-ministro”,
escreveu Miley Cyrus no Twitter,
identificando a conta oficial de
Pedro Sánchez e fazendo referência
ao facto de Espanha se ter envolvi-
do no movimento Black Lives Mat-
ter, que teve origem nos EUA.
“Espanha está entre os líderes de
iniciativas como o ACT-Accelerator
para garantir um acesso equitativo
a vacinas, tratamentos e meios de
diagnóstico para combater a
covid-19. O nosso compromisso é
forte, Miley. União e uma resposta
multilateral é o único caminho para
não deixar ninguém para trás”,
escreveu o dirigente espanhol. A
resposta de Sánchez foi o suficiente
para a improvável troca de mensa-
gens se tornar viral e originar
vários memes na internet.
Acessórios do trabalho
■ Cristina Ferreira surpreen-
deu os fãs e partilhou uma
fotografia sem maquilhagem.
“Isto sou eu acabada de acor-
dar, sem me pentear, sem
nada. Isto sou eu. A make-up é
apenas um acessório do meu
trabalho”, escreveu na legen-
da da imagem, que partilhou
no Instagram. A apresentado-
ra acabou por ser bastante
elogiada, destacando-se os
comentários de inúmeras
caras conhecidas como Sara
Pratas ou Carolina Deslandes.
Aos 94 anos ainda há
aniversários diferentes
■ Após três meses sem fazer
qualquer aparição pública, Isa-
bel II marcou presença nos feste-
jos oficiais do seu aniversário.
Apesar de ter celebrado os seus
94 anos no passado dia 21 de
abril, é no segundo sábado de
junho que é comemorado o ani-
versário oficial da Rainha. O
evento, que normalmente conta
com milhares de pessoas numa
marcha conhecida como Tro-
pping The Colour, foi substituído
por uma pequena cerimónia nos
jardins do Castelo de Windsor.
Passatempos
PALAVRAS CRUZADAS
HORIZONTAIS: 1 – Atenuara. Acusada. 2 – Ave pernalta. Frequentemente. 3 –
Medo excessivo dos venenos. Agrego. 4 – Larva que se cria nas feridas dos ani-
mais. Doutrina. 5 – Saudação. País da América do Sul. 6 – Prefixo de negação.
Aflijo. 7 – Observas. Acontecimento. Antes do meio--dia. 8 – Detém. Saco. 9 –
Símbolo químico do Cobalto. Aroma. Despido. 10 – Membro das aves. Deus grego
do amor. Andar. 11 – Tratamento dado às freiras. O de bolso é mais barato.
VERTICAIS: 1 – Seis (Brasil). Quatro em numeração romana. Cabelos brancos. 2 –
Âmago. Dispendioso. 3 – Janota. Permite sonhar. Atmosfera. 4 – Rezar. Porco. 5 –
Elogia. Consentir. 6 – Assistência Médica Internacional. Súplica. 7 – Ribeiros. Lista.
8 – Grito de dor. Sorri. Maior dos mantras do hinduísmo. Nota musical. 9 – Com-
bate entre duas pessoas por questão de honra. Prefixo de privação. 10 – Arrenda.
Desmoronar-se. 11 – O sono das crianças. Gosta. Letra grega.
SUDOKU
1 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★ 2 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★
SOLUÇÕES
4|
HORIZONTAIS: 1 – Com cabeleira encrespada. Cento e um em numeração romana.
2 – Raiva. Árvore da Malásia de cuja resina se extrai veneno. Vil. 3 – O que uma pá
pode conter. Gruda. 4 – Antes de Cristo. Parte superior da ramagem das árvores. 5 –
Opõe-se ao Norte. Lista. Com ele, escrevia-se no quadro. 6 – O grupo superior de
uma sociedade. Anfiteatro. 7 – Letra grega. Antes do meio-dia. 8 – Pedra do altar.
Corpo policial alemão criado em 1925. Filho de burro e égua ou de burra e cavalo. 9 –
Símbolo químico do Samário. Concordância dos sons finais de dois ou mais versos.
10 – Estaciona. Escolhe. 11 – Acolá. Guarnecer de asas. Pátria de Abraão.
VERTICAIS: 1 – Fermento solúvel que saponifica as gorduras. Instrumento de tortura
em forma de X. 2 – Profecia. Doença. 3 – Executa. Capital do Peru. Sorri. 4 – Cam-
peão. Um dos planetas do sistema solar. 5 – Era Campeador. Irrigai. 6 – Não é trans-
parente. Espaço de trinta dias. 7 – Pedra de moinho. Saudação. Compartimento. 8 –
Caminhos de Ferro portugueses. Batráquio (pl.). Símbolo químico do Érbio. 9 – Indús-
tria de conversão de cereais em farinha. Símbolo químico da Prata. 10 – Óxido de
Cálcio. Prefixo de negação. A minha pessoa. 11 – Antigo imposto sobre frutos.
3 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★ 4 | GRAU DE DIFICULDADE ★★★★★
3| 2| 1|
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TEMPO

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HOJE AMANHÃ

20º 20º
NORTE 13º 15º

25º 25º
CENTRO 14º 16º

28º 28º
SUL 16º 17º

20º 21º
AÇORES 16º 17º

25º 25º
MADEIRA 19º 20º

SEMÁFORO

Daniel Traça
ISEG entra pela primeira vez no prestigiado ranking do Financial Times DR A Nova SBE está no 14.º
lugar dos mestrados em
Finanças, segundo o

Três universidades portuguesas ranking do Financial Times,

uma posição que obvia-
mente a prestigia e a torna

no ranking do Financial Times

Mestrados em Finanças da Nova SBE, Católica-Lisbon
e ISEG estão entre os melhores do mundo.
DANIELA SOARES FERREIRA
daniela.ferreira@ionline.pt
São três as universidades portuguesas que
fazem parte do ranking global do Finan-
cial Times Masters in Finance 2020, que
avalia os melhores mestrados em Finan-
ças de todo o mundo: o mestrado interna-
cional em Finanças da Nova SBE sobe para
14.o, a Católica-Lisbon alcançou a 26.a posi-
ção a nível mundial e o ISEG Lisbon School
of Economics and Management estreia-
se nesta lista ocupando a 31.a posição.
A Nova SBE conseguiu boas classifica-
ções em todos os critérios de avaliação,
tendo destaque no top-10 e no top-20 mun-
diais nos critérios de experiência interna-
cional durante o curso (7.a posição), pro-
gresso de carreira (13.a posição), custo-
benefício (15.a posição) e mobilidade
internacional (16.a posição), que se refere
à colocação dos graduados em empresas
multinacionais por todo o mundo.
“Acreditamos que o resultado dos
rankings é fruto da nossa ambição,
entrega e compromisso com uma edu-
cação com os olhos postos no futuro.
Formamos profissionais preparados
para entrar num mercado de trabalho
cada vez mais global e disruptivo e que,
por isso, mantenham sempre a capa-
cidade de se adaptarem a todos os desa-
fios que encontrem. Essa é a nossa prio-
ridade máxima hoje, como foi ontem
e será amanhã”, diz Daniel Traça, pre-
sidente da Nova SBE.
Este ranking abrange também os gra-
duados do mestrado em Finanças da Cató-
lica-Lisbon, 97% dos quais têm emprego
três meses após o final do programa, com
um salário médio inicial equivalente a 48
600 dólares anuais, que aumenta 47% nos
primeiros três anos para 71 500 dólares.
É ainda a 16.a melhor escola do mundo na
progressão de carreira dos seus gradua-
dos, segundo o ranking.
muito apetecível para estu-
dantes estrangeiros. Daniel
Traça, o seu presidente,
tem motivos para estar
orgulhoso. P. 32
“É uma honra ter o nosso Mestrado
em Finanças entre os 26 melhores do
mundo, sendo uma das 16 melhores
escolas do mundo na progressão de car-
reira dos graduados em Finanças. Somos António
ainda a escola portuguesa que melhor Ramalho
corresponde às expetativas dos nossos
alunos, com os professores mais inter- O Novo Banco continua
nacionais e uma investigação de exce- a ser um sorvedouro de
lência”, avança Filipe Santos, presiden- dinheiro e não parece
te da Católica. haver meio de estancar
No caso do ISEG, a tabela destaca que os prejuízos. Claro que a
o estabelecimento de ensino propor- pandemia não veio aju-
ciona uma duplicação do salário (+94%) dar, mas a administração
em três anos, algo só alcançado pela tem de apresentar mais
HEC Paris, que lidera o ranking. O ISEG do que faturas aos con-
é ainda posicionado como a melhor tribuintes. P. 08
business school em Portugal na relação
custo-benefício.
Este é um ranking global que classi-
fica os 55 melhores mestrados em Finan-
ças de todo o mundo de entre centenas
de programas dos cinco continentes.

Maddie. Telefonema pode
ajudar a resolver o caso
PORTUGAL O jornal Mirror avançou ontem
que uma chamada telefónica recebida
por Christian Brueckner, suspeito pre-
so na Alemanha, pode ajudar a resolver
o caso. O telefonema durou 20 minutos
e a polícia alemã desconfia que foi feito
por um dos funcionários do aparthotel
onde estava hospedada a família de
Maddie, ajudando assim o suspeito a
entrar nas instalações.
Telescola. Hoje é Marcelo
a dar aula de Cidadania
PORTUGAL Marcelo Rebelo de Sousa vai
dar hoje a aula de Cidadania no âmbi-
to do projeto #EstudoEmCasa. A aula
está marcada para as 13h30, será dada
em direto a partir dos estúdios da Teles-
cola e pode ser vista na RTP Memória.
A última aula dada pelo Presidente da
República foi em 2018, como professor
da Faculdade de Direito da Universida-
de de Lisboa.
Vandalismo
Macron avança para
desconfinamento total Depois do Padre Antó-
nio Vieira, em Lisboa, foi
FRANÇA Emmanuel Macron anunciou a vez do Cónego Melo,
ontem que França vai começar o descon- em Braga. Pequenos
finamento. Hoje, cafés, restaurantes e bares grupos atacam pela
voltam a abrir portas e os alunos do ensi- calada da noite, vanda-
no básico e secundário regressam à esco- lizando estátuas de
la no dia 22 de junho. “A luta contra a epi- figuras que não lhes
demia não terminou, mas esta é uma pri- agradam. É preciso pôr
meira vitória”, referiu, acrescentando que cobro a estes fenóme-
a prioridade é construir uma economia nos de vandalismo.
“forte, ecológica, soberana e solidária”. P. 07 J. C. S.