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  Ano do Curso Profissional de Técnico de Manutenção Industrial – Variante Mecatrónica Auto/


Curso Profissional de Técnico de Análise Laboratorial
Teste de Português – Módulo 7

I
Identifica as afirmações verdadeiras sobre Fernando Pessoa.
1. ​Fernando Pessoa nasceu em Lisboa e morreu em Durban. ____
2.​ Foi um dos criadores da revista ​Orpheu.​ ____
3. ​1912 é o ano da criação de três conhecidos heterónimos. ____
4. ​Fernando Pessoa rejeitou o movimento modernista em Portugal. ____
5. ​Foi-lhe atribuído o Prémio do Concurso Antero de Quental. ____
6. ​A sua constante inquietação provoca-lhe insatisfação, tristeza e dor. ____

II
Lê o texto com muita atenção e responde de forma clara e objetiva.
  sino da minha aldeia,
Ó
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão​ ​lento o teu soar,


Tão como triste​ ​da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,


Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,


Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
Fernando Pessoa, ​Cancioneiro
1. ​Refere o tema e o assunto do poema.
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2. ​A quem se dirige o sujeito poético? ________________________________________________________
3. ​Retira do poema quatro adjetivos que caracterizam o sino, relacionando-os com os sentimentos do
sujeito poético.
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4. ​Estamos perante um sino metafórico. Justifica.
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5. ​Seleciona na coluna B o exemplo correspondente ao recurso expressivo presente na coluna A.

Coluna ​A Coluna ​B

antítese “Ó sino da minha aldeia, “


comparação “Dolente na tarde calma,”
personificação “Tão triste como da vida,”
apóstrofe
“Sinto mais longe o passado,/Sinto a saudade mais perto.”
anáfora

6. ​Classifica as estrofes quanto ao número de versos. ____________________________________________

Grupo III
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.
Lê o texto.

Nasci e vivi em Campolide até casar.


E, se bem que nesse período da vida – 22 anos – tenha aberto horizontes em muitas outras direções,
a localização que o nome do bairro implica assume uma função simbólica. Determinou e explica
muita coisa. Algumas só recentemente percebidas.
5 A nossa casa era uma pequena vivenda de azulejo azul-escuro, com cantaria de pedra branca em
volta das janelas. Uma casa de primeiro andar com sótão. No rés-do-chão havia duas lojas. À direita
da casa, abria-se a passagem para o pátio, para onde dava o nosso terraço das traseiras, e toda uma
pequena comunidade de habitações humildes, térreas, com uma exceção: do outro lado do pátio, um
prédio de três andares. E por detrás de tudo, a vista do asilo dos velhinhos.
10 Era um microcosmo de vizinhos de quem se sabia o nome, a família, a história. Cumprimentava-se ou
não. Mas isso era outra história que tinha a ver com a circunspeção​1 das regras de convívio, de um
código que levava em conta os diversos degraus e ínfimos matizes sociais e que sobretudo traduzia
(como hoje traduz, muito transformado) uma vivência coletiva bisonha​2​, pouco aberta, de pé atrás. À
parte isso, e por debaixo do verniz, uma real comunidade de vizinhança pacata, por vezes calorosa,
15 com rasgos violentos de alegria ou de tragédia.
Voltando à casa: não foram as duas lojas, e ela teria um ar de vivenda com bom-tom; discreta e
distinguindo-se da maioria dos prédios de terceiro ou de quarto andar que faziam a regra da rua
Victor Bastos.
De qualquer forma distinguia-se: era a casa do Dr. Martins – o médico do bairro, conhecido,
20 estimado, respeitado, um dos filhos ilustres de Campolide.
Aliás, a maioria dos habitantes conhecia os meus pais já de solteiros: a Mamã nascera e vivera
sempre na mesma rua, mais abaixo, na casa que fora do Avô Brás e da Avó Laura; e onde viviam
ainda o Tio Brás e a Tia Palmira, uma cunhada do Avô que foi ficando encostada à família (como era
regra neste agregado modesto mas fortemente solidário), e ainda um adventício​3​, o Armando
25 Maymone, que viera adolescente, de Salvaterra, para trabalhar na loja do avô.
O meu Pai, filho dum ferroviário, viera do Bairro da Liberdade, contíguo a Campolide. E sempre
participara intensamente na vida da rapaziada local, colega da maior parte dos que estudaram, em
diversos liceus; desportista em múltiplas modalidades, quase sempre ligadas ao Clube de Campolide,
que até há poucos anos teve sede no imponente edifício pombalino no extremo da rua Marquês da
30 Fronteira; e, ainda, tomando parte no grupo de teatro – quantos talentos, os do Papá! … expressão
daquela vitalidade, do gosto pela vida, da alegria de viver nas mais diversas formas.
Casaram. A casa onde foram viver constituiu como que o selo de um novo estatuto social de grande
respeitabilidade – que já conheci profundamente acatada, uma das estruturas do bairro; e como
marco duma nova etapa da vida regida pelo princípio da responsabilidade: constituir família. E, de
35 facto, rapidamente, eu e os meus irmãos apressámo-nos a chegar.
Como disse, havia laços familiares nas redondezas: além do Tio Brás, do lado Maymone, na mesma
rua morava a Tia Patrocínia, casada com o Tio Girardi; com eles viviam a filha, Arlette (prima direita
do Papá) e o marido, Roger. E os dois filhos, da minha geração, a Manelita e o Zé.
Mas toda a família Martins habitava por perto: na rua das Amoreiras ou do Arco do Carvalhão: a Tia
40 Maria e o Tio Joaquim, a Ivone, a Lourdes, o Manuel; todo o clã que vinha do tio Frederico, Adolfo,
Lucinda, Lourdes, Vonicha e os irmãos, continuava no Bairro da Liberdade.
Todo este tecido familiar, onde uma certa estrutura patriarcal não se tinha dissolvido, era
enriquecido ainda pelo facto do Avô José, o Avô Zezinho, viver connosco, na casa da rua Victor
Bastos; e bem assim, a Ana que, desde os três anos, viera para Lisboa viver com os meus avós, como
45 se fosse irmã do Papá.
Também ela morou connosco, lá em casa, até casar. Frequentara a escola Machado de Castro e
trabalhava um pouco para nós, outro tanto para ela, como modista. Tinha uma idade aproximada das
primas Martins (o Papá era, creio, o mais velho de todos); e, através dela, todo um universo feminino
de raparigas solteiras, casadoiras, conviviam e confidenciavam, partilhavam projetos e comentavam
50 os grandes acontecimentos – os bailes, a eleição da Miss Campolide; as marchas populares; as
próximas férias em Vila Cortês – ouviam os mesmos programas de rádio; liam as mesmas revistas de
modas ou de atualidades, cochichavam de namoros, falavam dos trabalhos em que todas
procuravam um princípio de apoio económico, para completarem as economias domésticas tão
estáveis quanto escassas e sem horizonte. Era um tentear tímido porque, neste nível social, raras
55 mulheres assumiam decididamente uma vida profissional própria. O futuro aparecia-lhes mais na
forma óbvia do casamento.
Maria Vitalina Leal de Matos, Secretário – Memórias, Lisboa, Book Builders, 2016, pp. 24 a 26 (texto adaptado).

1. ​O terceiro parágrafo do texto (linhas 5 a 9) configura uma sequência textual


(A) argumentativa. (B) narrativa. (C) explicativa. (D) descritiva.
2. ​O sinal de pontuação presente em «De qualquer forma distinguia-se:» (linha 19) tem como função
(A) anunciar uma enumeração. (B) anunciar uma explicação. (C) anunciar um contraste.
(D) anunciar uma possibilidade.
3.​ A expressão «Todo este tecido familiar» (linha 42) concretiza uma
(A) personificação. (B) metáfora. (C) sinestesia. (D) comparação.
4.​ O «universo feminino» (linha 48) apresentado na secção final do texto, caracteriza-se, de um modo geral,
(A) por sonhar com bons casamentos. (B) pelas dificuldades económicas.
(C) pela falta de horizontes. (D) pela partilha dos mesmos interesses.
5. Seleciona a função sintática correspondente à expressão destacada em «circunspeção ​das regras de
convívio​,» (linha 11).
(A) complemento oblíquo (B) complemento do nome
(C) modificador do nome apositivo (D) modificador do nome restritivo
6. ​Indica a classe, subclasse e grau da palavra sublinhada: a vista do asilo dos ​velhinhos​.
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7. ​Seleciona ​a classificação da oração sublinhada em «Mas isso era outra história ​que tinha a ver com a
circunspeção das regras de convívio​,» (linha 11).
(A) oração subordinada adjetiva relativa restritiva (B) oração subordinada completiva
Grupo IV

O apoio da família é fundamental para o desenvolvimento harmonioso do ser humano, nomeadamente na


adolescência.
Redige um texto de opinião, no qual comproves que assim é, apresentando, pelo menos, dois argumentos e
respetivos exemplos.
O teu texto deve ter entre 150 e 240 palavras.

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