Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Portos e Navios Out. 2018
Portos e Navios Out. 2018
4 Editorial
6 Relatório PN
8 Portos e Logística
26 Indústria Naval
CAPA |08 Escoamento multimodal e Offshore
Crescimento do transporte de grãos cada
vez mais dependerá de diversificação
da logística
39 Navegação
42 Muito espaço para crescimento Antaq e UFPR lançam estudo 49 Produtos e Serviços
com informações detalhadas sobre perspectivas e regulação da Hidrovia
Paraguai-Paraná
O
agronegócio produziu 128,7 milhões de toneladas de soja Diretores
Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira
e milho nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste em
Reportagem
2017, quase 60% do total plantado no país. Com déficit Danilo Oliveira
de infraestrutura portuária no Arco Norte calculada entre Direção de Arte
40 e 50 milhões de toneladas de grãos, o escoamento sofre com os Alyne Gama
Eficiência energética extraordinária com o HybriLift®. Força e velocidade que fazem a diferença.
O Mantsinen 300 é projetado para alta produtividade até navios do tamanho Panamax.
Baía de Guanabara
www.terranacombussveis.com.br
Matriz: (21) 2169-7000
SAC: 0800 727 9102
PORTOS E LOGÍSTICA
Escoamento
multimodal
Crescimento do transporte de
grãos cada vez mais dependerá
de diversificação da logística
A
demora na conclusão de im-
portantes obras de infraes-
O Brasil perde
trutura impede desembolsos competitividade
bilionários de investimen-
tos para a logística de escoamento
para países como
de grãos. Entidades do setor avaliam Estados Unidos e
que, além das rodovias, é vital haver
a expansão da malha ferroviária e o Argentina pela falta
desenvolvimento de hidrovias e da
cabotagem nacional. A avaliação do
de diversificação da
agronegócio é que a infraestrutura ru- matriz de transportes
ral está pronta da porteira para dentro
da lavoura. No entanto, o Brasil perde
competitividade no preço em rela-
ção a países como Estados Unidos e
Argentina, grandes exportadores de
grãos, pela falta de diversificação de serviços de manutenção, para garan-
sua matriz de transportes. tir a trafegabilidade na rodovia. Nessa
O desafio para a redução de custos época são realizadas ações de recom-
continua sendo a logística de esco- posição do revestimento primário da
amento da produção brasileira para pista e de drenagem, além de coloca-
manter a curva de crescimento nos ção de rocha. O próximo período chu-
próximos anos. A demora na conclu- voso está previsto para novembro de
são da BR-163, que liga o Mato Gros- 2018.
so aos terminais portuários do Pará, O DNIT prevê para 2019 o término
levou as tradings a perder milhões de da pavimentação do corredor até o
reais, pagando multas de contratos de distrito de Miritituba (PA). A conclu-
frete, ou contratando fretes rodoviá- são integral da pavimentação do tre-
rios mais caros para não serem pena- cho entre a divisa dos estados de Mato
lizadas no transporte pelo Arco Norte. Grosso e Pará até a cidade de Santarém
Para o consultor de logística e in- (PA) está estimado em R$ 2,55 bilhões.
fraestrutura da Confederação da Agri- Dos 710 quilômetros da BR-163, locali-
cultura e Pecuária (CNA), Luiz Antônio zados desde a divisa com Mato Grosso
Fayet, o atraso de 10 anos das obras até a entrada para o Porto de Mirititu-
da rodovia BR-163 é um crime contra ba (PA), 637 quilômetros já foram pavi-
o país. Ele também cita a necessidade mentados pelo DNIT, com R$ 1,975 bi-
de o governo licitar urgentemente os lhão de investimentos federais. Os 73
terminais de Santarém e de Outeiro, quilômetros a serem asfaltados estão
no Pará. Ele diz que as obras da BR- divididos em dois lotes de obras, sen-
163 seguem aos trancos e barrancos. do um deles ao sul da Vila do Caracol,
“Todos os anos fica para ser concluído sob a responsabilidade do Exército.
no ano que vem. Agora estamos com O órgão informa que o trecho da
horizonte de 2020 para chegar a Mi- BR-163 mais afetado pelas chuvas,
ritituba e quase chegar com asfalto a próximo à vila do Caracol, hoje está
Santarém”, lamenta. com os serviços de terraplenagem e
O governo pretendia concluir em drenagem realizados, o que elevou o
2018 as obras da BR-163 até Mirititu- nível da rodovia. Entre junho e setem-
ba (PA). Os produtores não acreditam bro de 2018 foram pavimentados mais
que os serviços serão concluídos este de 18 quilômetros no trecho ao norte
ano, nem em 2019, na medida em que da vila do Caracol e o objetivo da au-
não se pode trabalhar o ano inteiro tarquia é concluir 100% desse trecho
devido ao regime de chuvas da região. pavimentado em 2018. “O principal
O Departamento Nacional de Infraes- empecilho para não atingir o planeja-
trutura de Transportes (DNIT) afirma mento deste ano são as chuvas atípi-
que, no período de chuvas intensas, as cas que estão acontecendo na região,
obras concentram-se basicamente em em pleno verão amazônico”, explica o
PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018 9
PORTOS E LOGÍSTICA
Fonte: CNA
DNIT. Com o avanço físico das obras sensíveis na qualidade da via para o
nesse trecho, restarão 22 quilôme- transporte de cargas. Do total dos 51
tros, que já contam com revestimento quilômetros pendentes até o momen-
primário de rocha britada e que está to, a meta para 2018 é de avanço em 15
pronto para receber pavimento asfál- quilômetros no trecho. “Este corredor
tico até novembro de 2018. vem se consolidando como rota alter-
O DNIT acrescenta que houve avan- nativa ao escoamento da produção
ços nas obras sob a responsabilidade para o Porto de Santos, que já se en-
do Exército no sentido de eliminação contra bastante saturado. A carga teria
dos principais pontos de gargalos na rota para o Porto de Miritituba através
trafegabilidade, que são as serras da da pavimentação completa da BR-
Anita e do Moraes. Por questões téc- 163”, diz o DNIT.
nicas, os trechos constantemente Fayet, da CNA, conta que parte do
precisam ser bloqueados no inverno asfalto que foi feita em governos pas-
amazônico pelo tráfego pesado de sados está com aproximadamente me-
carga. O departamento ressalta que tade da espessura que deveria ter sido
ambas avançaram consideravelmen- feita. O resultado disso é que grande
te e a meta até o início do inverno é a parte desse asfalto mais antigo precisa
conclusão da mudança do traçado da de manutenção pesada com recapea-
rodovia com tráfego no novo trecho mento para atingir as especificações
construído e pavimentado sem o grei-
de, grau de inclinação que dificultava
a passagem dos caminhões na região.
Outro ponto da rodovia no trecho A demora na conclusão da BR-163
do Exército está em vias finais de pa- levou as tradings a perder milhões
vimentação para permitir melhorias de reais
10 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
Tony Oliveira/CNA/Divulgação
técnicas necessárias para um trecho As exportações nos portos abaixo
com passagem de volume grande de do paralelo 16° foram de 84,1 milhões,
carga pesadas. O consultor considera 75,2% do volume exportado dessas
que foi uma solução adequada na épo- cargas em 2017. A produção de soja e
ca e com risco calculado, mas pondera milho nessa região em 2017 foi de 88,3
que o problema foi ter se demorado milhões de toneladas, 40,7% do total
tanto tempo para fazer esse recapea- no Brasil. Como o consumo interno
mento. abaixo do paralelo foi de 80,1 milhões
A CNA defende a divisão em trechos de toneladas, a CNA aponta que houve
de aproximadamente 200 quilômetros superávit de 8,2 milhões de toneladas.
a fim de não deixar acumular as obras Fayet ressalta que a região só pode
na mão de um único concessionário. exportar porque recebeu de fora. “O
A confederação observa que em go- excedente que veio de lá (acima do
vernos passados houve modelagens paralelo) serviu muito para o abaste-
distorcidas e empresas entraram em cimento interno porque o consumo
concorrências sem oferecerem contra- LUIZ ANTONIO FAYET (80,1 milhões /toneladas) da região
garantias de execução e depois tiveram Atraso de 10 anos das obras da abaixo do paralelo 16° é praticamen-
dificuldades, seja por culpa delas, seja rodovia BR-163 é um crime te do tamanho da produção (88,3 mi-
por atraso de pagamentos, seja por de- contra o país lhões/toneladas)”, analisa. A Câmara
sorganização do governo. “Já devería- de Logística e Infraestrutura (CTLOG)
mos estar com essa rota até Miritituba do Ministério da Agricultura, Pecuária
consolidada há 10 anos pelo menos e “Estamos perdendo oportunidades. Se e Abastecimento (Mapa) calcula que o
não estamos”, afirma Fayet. pudéssemos produzir milho, haveria déficit de infraestrutura portuária no
Outra perda motivada pela falta de renda maior ainda. Pelo fato de não Arco Norte esteja entre 40 e 50 milhões
infraestrutura é a produção inviabili- existir sistema portuário adequado, o de toneladas de grãos.
zada por falta de competitividade do prejuízo é maior para região de Mato O eixo da BR-163 preocupa o agro-
preço. Fayet afirma que o setor perde Grosso e para o país do que R$ 4 bi- negócio porque existem terras prontas
produção adicional de cinco milhões lhões a R$ 5 bilhões por ano”, estima. para duplicar ou até triplicar a produ-
de toneladas só por conta do aborta- A expectativa é que o sistema Be- ção e baratear os custos operacionais
mento provocado pelo custo logístico. lém/Guajará estará com aproxima- em aproximadamente US$ 46/tonela-
damente 25 milhões de toneladas de da. O custo logístico de Sorriso (MT)
capacidade na virada 2018/2019. Hoje, até Paranaguá (PR) é de US$ 126/to-
o potencial de movimentação é de 15 nelada e a CNA estima que se pagaria
milhões de toneladas e deve crescer US$ 80/tonelada se pudesse mandar
10 milhões para a próxima safra. Esse tudo por Miritituba (PA).
sistema é composto por operações A economia de US$ 46/tonelada
de empresas privadas, entre as quais corresponde a 10% do valor de refe-
a Bungue, Hidrovias do Brasil e ADM. rência/estimado do importador chi-
Os produtores também apontam que nês, que considera US$ 450/tonelada.
um dos gargalos na região está na não A simulação foi feita pela CNA com
licitação do terminal de Santarém e de dados da Associação dos Produtores
Outeiros (Belém). de Soja do Mato Grosso (Aprosoja).
Considerando o preço de referência
A produção de soja e milho de Nor- de US$ 450/tonelada, os produtores
te, Nordeste e Centro-Oeste acima do de soja gastam um terço para sair das
chamado paralelo 16° foi de 128,7 mi- fazendas e chegarem ao consumidor
lhões de toneladas em 2017, 59,3% do final. No caso do milho o valor é mais
total de 217 milhões toneladas desses baixo (US$ 200/tonelada), o que reduz
produtos produzidas no Brasil no ano a margem para exportação do produ-
passado. Se descontados o consumo to.
interno (25 milhões de toneladas) e as O Mato Grosso deixa de ganhar em
exportações (27,8 milhões) da produ- torno de US$ 1,2 bilhão/ano, segundo
ção dessa região, sobra um exceden- cálculo da CNA com dados da Aproso-
te de 75,9 milhões de toneladas que, ja. Esse dinheiro seria dividido entre
teoricamente, foram escoados para transportadores, produtores e forne-
o Sudeste e o Sul, seja para consumo cedores de todo tipo, gerando renda
interno, seja para exportação. interna das cadeias produtivas. “Como
PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018 11
PORTOS E LOGÍSTICA
www.terraf.com.br
consulting@terraf.com.br
Ivan Bueno/APPA
navios de grande porte não chegarão a
todos os portos.
O tempo para retirada da carga e os
custos envolvidos com a fiscalização
dos agentes competentes tornam-se
impeditivos para que os destinatá-
rios optem pela cabotagem. Tokarski
observa alto custo com tripulação
comparado à média internacional e
burocracias na liberação de embar-
cações, semelhantes à navegação de
longo curso. Ele também apontou fal-
ta de isonomia com o longo curso para
o preço do bunker, sem isenção de
ICMS, PIS e Confins.
Nas últimas décadas, o Brasil de- ADALBERTO TOKARSKI
senvolveu o aproveitamento de áreas Precisamos aprimorar e utilizar
e aumentou a produtividade para sa- os outros modais de forma mais
fra de grãos. Muitos terminais portu- eficiente
ários ampliaram a movimentação dos
produtos nos últimos anos e existem
projetos de expansão que preveem
ampliação da capacidade de mo-
vimentação. Empresários e analis-
tas entendem que terminais podem
ser construídos pelas operadoras de
grãos, mas as infraestruturas ferroviá- o ambiente jurídico-regulatório não
ria e rodoviária ainda são muito caren- permite investimentos.
tes de ações governamentais. “O setor privado está pronto a in-
vestir e temos obstáculo comum que
Nos últimos 10 anos, o minério de é desatar esses nós dos últimos anos
ferro vem sendo o principal produto criados para impedir investimentos
voltado para exportação pelas fer- no setor privado. O custo desse não
rovias. A Associação Nacional dos fazer vai ser altíssimo. É preocupante
Transportadores Ferroviários (ANTF) o ambiente que se instalou em relação
também destaca o crescimento das ao investimento privado na área de
commodities agrícolas nas ferrovias, infraestrutura”, destaca Paes. Ele ale-
em especial a soja, e potencial de mi- ga que as prorrogações estão previstas
gração do milho e do açúcar via esse nos contratos de todas as ferrovias. A
modal. “Não transportamos somente ANTF afirma que o pacote de cinco re-
minério. Nos últimos anos, o percen- novações de ferrovias terá impacto de
tual de crescimento de soja, milho e 10% na matriz de transportes.
açúcar foi maior do que minério”, con- O setor ferroviário foi pego de sur-
ta o diretor-executivo da ANTF, Fer- presa com a decisão do governo, du-
nando Paes. Os principais benefícios rante a paralisação dos caminhonei-
do modal, de acordo com o segmento, FERNANDO PAES ros, de desonerar o diesel somente
são o custo do frete, a segurança e a Nos últimos anos, o percentual de para o transporte rodoviário. A ANTF
menor emissão de poluentes. crescimento de soja, milho e açúcar considera que essa política pública
As concessionárias prometem in- foi maior do que minério tende apenas a tornar nossa matriz
vestimentos de R$ 25 bilhões num pe- ainda mais desequilibrada.
ríodo curto, mas esbarram em incer- A associação considera esse tipo de
tezas relacionadas à discussão sobre decisão uma contradição com o Plano
prorrogação ou relicitação das atuais Nacional de Logística (PNL). “Não faz
concessões. A ANTF avalia que o poder sentido termos o diesel mais barato
público está incapacitado de inves- para rodovia e não termos o diesel,
tir na infraestrutura e o setor privado pelo menos, em condição de igualda-
fica com os braços amarrados porque de com transporte aquaviário e fer-
14 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
O Sinconapa estima toneladas de grãos por hora. Quando
concluída, a expectativa do Tegram
que o prejuízo pela é receber 80% do volume pelo modal
Investimentos adiados
Fabricantes de equipamentos para minérios abrem olhar
para outros países, além de demandas em minas de extração
Danilo Oliveira
N
ovos projetos portuários A Aumund avalia que a tendência tação do licenciamento e da conclusão
com movimentação de mi- dos preços da commodity é de esta- de obras de acessos ferroviários. “Esses
nérios dependem da recu- bilidade nos próximos anos. A fabri- projetos dependem de investimentos de
peração desse mercado em cante acredita que alguns projetos longo prazo e sabemos que não estamos
nível internacional. A queda do preço portuários ainda devem permanecer num ano favorável. Esse tipo de obra de
do minério de ferro nos últimos qua- engavetados a curto prazo. A empresa infraestrutura no Brasil leva muito tem-
tro anos adiou a compra de equipa- acompanha o desenvolvimento de no- po para sair”, observa Soares.
mentos e a expansão de terminais no vos projetos de terminais portuários Para a Aumund, a América do Sul é
Brasil. As instalações portuárias de mi- na Bahia (Porto Sul), Espírito Santo um grande referencial nesse segmento
nérios têm demandado, basicamente, (Porto Central) e na região Norte que na medida em que grande parte das
manutenção e pequenas adaptações. estão em fase de definição ou licencia- consultas recebidas sobre equipamen-
Os fabricantes olham oportunidades mento. Para manuseio de minérios, a tos para portos é para aplicações com
em outros países sul-americanos, em Aumund tem uma linha desde equipa- manuseio de minérios. Soares explica
especial Chile e Peru, além de deman- mentos de pátio e armazenagem até a que o principal produto do segmento
das em minas de extração. A avaliação fase do carregamento, como empilha- de mineração no Brasil é o minério de
é que o volume de produção de miné- deiras e retomadoras. ferro para exportação, enquanto Chile
rios está aumentando, porém os maio- O gerente de vendas da Aumund, e Peru se destacam na movimentação
res investimentos estão concentrados Átila Soares, diz que no Brasil existem de concentrados de cobre. Soares diz
na expansão da capacidade produtiva muitos projetos demorados em fun- que o governo peruano concedeu re-
das minas. ção, dentre outros fatores, da trami- centemente a operação de portos pú-
16 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
Marcelo Coelho
blicos à iniciativa privada e agora vive portuários de minérios está relaciona- não ainda no nível que gostaríamos.
certa retração desses movimentos, da ao preço da commodity, que esteve Mas já recebemos mais que no ano
aguardando a concretização de planos muito baixo nos últimos anos, mas passado. Pelo menos dois estudos so-
de novas concessões. identifica tendência de recuperação, licitados de modernização de shiploa-
A Aumund vendeu duas empilha- com aumento de consultas e retorno ders. Um deles está relacionado à au-
deiras radiais sobre esteiras para o de investimentos a médio prazo. “Mas tomação”, conta Lambert.
terminal multicargas (TMULT) loca- a tendência de retomada ainda não se A fabricante investe na redução de
lizado no complexo do Porto do Açu traduziu em novas consultas”, conta o emissões de particulados nas opera-
(RJ). A empresa também forneceu car- diretor comercial da empresa, Paulo ções portuárias de minérios. Recente-
regadores de navios para movimen- Lambert. mente, a TMSA teve sucesso no projeto
tação de concentrados no Chile e no Entre os terminais portuários que da ADM em Santos, na área de grãos, e
Peru. O momento atual, no entanto, é operam minério, a TMSA forneceu quer repetir o desempenho investindo
de compasso de espera. “Observamos transportadores de correia do Porto do em estudos para melhorar esse tipo de
nos últimos anos mais movimentos Açu (RJ), além do transportador tubu- aplicação em terminais de minérios. A
no sentido de reforma e serviço desses lar para descarga de carvão em Pecém TMSA aposta que o principal negócio
equipamentos e um pouco de projetos (CE). A fabricante também vendeu a curto prazo será conseguir operar
represados em função da situação do equipamentos para a termelétrica do de forma mais contínua, sem paradas
mercado”, avalia. Porto de Itaqui (MA). A TMSA recebeu em função de problemas de emissão.
A TMSA também avalia que a redu- esse ano algumas propostas de manu- “Hoje esse é um grande desafio: quan-
ção nos investimentos em terminais tenção de equipamentos. “Existem, do vento aumenta muito, o pessoal co-
PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018 17
PORTOS E LOGÍSTICA
meça a ter dificuldade de operar por- finição das paradas para manutenção.
que começa a ter emissão grande de “Atrelado ao ganho produtivo, temos
particulados”, explica Lambert. melhora considerável na segurança
O diretor diz que, atualmente, existe operacional dos equipamentos, redu-
interesse mais pelo aspecto ambiental ção no custo de manutenção, além da
do que aumento de capacidade. “Mas fabricação de equipamentos mais le-
acreditamos que os volumes de expor- ves e mais confiáveis”, destaca Almei-
tação devem aumentar porque o país da.
precisa exportar. Os portos ainda têm A leitura da Takraf/Tenova é que os
capacidade grande para atender, mas investimentos realizados ao longo dos
vão precisar se adequar aos novos li- últimos anos nos terminais portuários
mites de emissão de particulados que brasileiros, embora tenham existido,
vêm sendo exigidos pelos órgãos am- não caminharam no mesmo ritmo das
bientais”, aponta Lambert. demandas. A análise é baseada na ex-
tensão da costa brasileira, no volume
Na visão da Takraf/Tenova, há pers- de alimentos e commodities gerados
pectivas de o volume exportado de mi- ATILA SOARES no Brasil para exportação e na neces-
nério aumentar nos próximos anos. A Projetos dependem de sidade de importação de outros pro-
tendência inclui possíveis investimen- investimentos e sabemos que dutos escassos no mercado nacional.
tos da Vale em S11D, Salobo e Carajás não estamos num ano favorável A fabricante participou da amplia-
que estão no radar da empresa. “No ção do Terminal Integrador Portuá-
segmento de mineração, a região Nor- rio Luiz Antônio Mesquita (Tiplam),
te ainda é a mais promissora do Brasil. em Santos (SP), concluída no início
Por outro lado, é possível observar um de 2018. Nesse empreendimento, a
grande esforço para manter as minas Takraf/Tenova forneceu um conjunto
de Minas Gerais em operação”, obser- de transportadores de correia conven-
va o gerente de engenharia da empre- cionais e tubulares para carregamento,
sa, Rafael Rodrigues de Almeida. estocagem e desembarque de grãos,
Almeida estima que a moderniza- farelo, açúcar, enxofre e fertilizantes.
ção de máquinas de pátio e sistemas “Com exceção desse projeto de expan-
pode representar aumento de até 20% são, os investimentos nos terminais
na produtividade, por meio da obten- portuários brasileiros foram mínimos,
ção de taxas de transporte mais homo- A venda de equipamentos no país mais voltados para serviços de manu-
gêneas, da eliminação das paradas de sofreu com a queda do preço do tenção e reparos em equipamentos
emergência e de maior precisão na de- minério de ferro nos últimos 4 anos existentes”, resume Almeida.
Alguns clientes da TMSA fizeram
consultas sobre sistemas anticolisão
com radar que evitam choques do sis-
tema de carregamento com os navios
ou com outros equipamentos do cais.
Os equipamentos mais modernos já
vêm com esse sistema que os mais
antigos não têm. “Nos equipamentos
novos vendidos já disponibilizamos
toda essa automação. Alguns clientes
já solicitaram estudos para colocar
esse tipo de automação em shiploa-
ders mais antigos”, revela Lambert. Ele
acrescenta que a operação de equipa-
mentos de grande porte para movi-
mentação de minérios exige investi-
mentos em treinamento e qualificação
do pessoal que manuseia as máquinas
como shiploaders, que podem custar
mais de US$ 10 milhões.
Ele conta que na área de minérios a
empresa vem trabalhando em projetos
18 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
O Grupo TMSA é especializado
no projeto e produção de
carregadores de navios
TMSA
para uma ampla variedade
de granéis sólidos, desde Carregadores
commodities agrícolas até
de Navios
• Carregadores de
navios de alta
capacidade para
granéis sólidos
Açucar 3.000 TPH • Projetos flexíveis:
carregadores de torre
fixa ou móvel
• Atenuadores de pó e
ruído
• Operação e
manutenção simples
Grãos/Cavacos 2.500 TPH • Confiabilidade e
atendimento técnico
por toda vida útil do
equipamento
www.tmsa.com.br
Porto Alegre RS | Belo Horizonte MG
Grãos 1.500 TPH São Paulo SP | Buenos Aires - Argentina
PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018 19
PORTOS E LOGÍSTICA
Rimac/Divulgação
mais voltados para melhorias opera-
cionais nas minas, já que as consultas
para portos estão limitadas a refor-
mas de equipamentos. No interior, a
empresa tem recebido boas consultas
e trabalhando com vários projetos, o
que indica tendência de melhoria. A
TMSA trabalha com carregadores e
os transportadores. Em relação a des-
carregadores, a venda é dominada por
chineses, que conseguem ser compe-
titivos com esse tipo de equipamento
em grande parte do mercado mundial.
INVISTA
NO MELHOR
aumund@aumund.com.br
www.aumund.com AUMUND
PORTOS GROUP
E NAVIOS OUTUBRO 2018 21
PORTOS E LOGÍSTICA
Transparência
para avançar
Indústria quer mais informações
sobre descomissionamento de
plataformas e cobra definições
sobre regulação e bioinvasão
Danilo Oliveira
À Atividade
medida que amadurece o de-
bate sobre descomissionamen-
to de plataformas no Brasil, tem desafios
aumentam as dúvidas do
setor sobre a complexidade e as regras ambientais e
desse processo. A indústria quer mais necessidade de
informações da Petrobras sobre o tema e
cobra dos órgãos reguladores definições desenvolvimento
sobre regulação e bioinvasão. Como o
descomissionamento de estruturas of-
de tecnologia e
fshore envolve unidades de produção, insumos para
sistemas submarinos e poços, especia-
listas dizem que a atividade tem desa- os processos de
fios ambientais, sociais e econômicos, desmanche
dentre os quais a geração de resíduos
e rejeitos, proteção de atividades eco-
nômicas locais e a necessidade de de-
senvolvimento de tecnologia e insumos
para os processos de desmantelamento.
A crescente demanda dos proces-
sos de descomissionamento de siste-
mas de produção de petróleo e gás no
mar está relacionada a fatores como:
redução do preço do barril, vida ope-
racional das plataformas, término de
contratos de concessão e mudanças
na estratégia de desenvolvimento dos
campos. De acordo com a Agência
26 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
Descomissionamentos x resíduos
Parada de Amarra
Unidade PD PDI Riser Âncora
Produção (Km)
P07 19.01.15 20.01.15 Janeiro/2016 19 8 5,8
P12 14.05.15 27.05.15 Fevereiro/2015 29 8 4,2
P15 16.07.15 17.07.15 Fevereiro/2017 28 8 4,6
P33 30.05.15 Julho/2016 Dezembro/2019 25 8 8,6
FPRJ 13.06.18 21.06.18 Junho/2018 30 18 6,8
Aguardando
FPRO 14.11.17 Dezembro/2017 3 12 4,6
definição do projeto
Fonte: Destri Consulting
P12
FPRO
UEP1 e
P15 UEP2 P18
P33 P47 P37
P35
P26
P32
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
P19
P20
Fonte: Destri Consulting
Geraldo Falcão
Agência Petrobras
A Marinha é favorável
à remoção das
unidades fixas
ou flutuantes
Fusão Enseada
FMM para a Marinha
Transocean adquire Força tarefa tenta atrair
Sinaval pede urgência
a Ocean Rig investimentos
ao Congresso
A Transocean Ltd. e a Ocean Rig O governo da Bahia criou uma força
UDW Inc. firmaram um acordo de tarefa para tentar reaquecer a indús- O Sindicato Nacional da Indústria
fusão definitivo pelo qual a Transo- tria naval no estado. O foco é a reto- da Construção e Reparação Naval e
cean adquirirá a Ocean Rig em uma mada de operação do estaleiro Ense- Offshore (Sinaval) pede engajamen-
transação em dinheiro e ações ava- ada, localizado em Maragojipe, no to do presidente da Câmara dos
liada em cerca de US$ 2,7 bilhões, Recôncavo Baiano. A intenção é atrair Deputados, Rodrigo Maia (DEM-
inclusive a dívida líquida da empre- investidores e parcerias, além de apoio -RJ), e de líderes partidários para
sa. A contraprestação da transação é institucional, para que o empreendi- tentar aprovar regime de urgência
composta de ações recém-emitidas mento volte a gerar emprego e renda do projeto de lei que altera a Lei
pela Transocean mais US$ 12,75 em na região. A unidade, que chegou a 10.893/2004, que trata do Adicional
dinheiro para cada ação ordinária da empregar mais de sete mil pessoas, ao Frete para a Renovação da Mari-
Ocean Rig, num valor total de US$ tem apenas 35 funcionários cuidando nha Mercante (ARFMM) e o Fundo
32,28 por ação da companhia, com da manutenção dos equipamentos na da Marinha Mercante (FMM). O ob-
base no preço de fechamento em 31 planta industrial. Com área de 1,6 mi- jetivo é garantir a disponibilidade
de agosto de 2018. Representa um lhão de metros quadrados, o estaleiro de recursos para os navios patrulha
prêmio de 20,4% para o preço médio tem capacidade de processar 100 mil da Marinha já em 2019.
ponderado de 10% das ações da Oce- toneladas de aço por turno/ano e po- A proposta prevê um repasse
an Rig. tencial de gerar quatro mil empregos. anual de 10% do FMM para proje-
A transação foi aprovada por una- O grupo de trabalho foi anunciado tos de programas do comando da
nimidade pelo conselho de admi- durante visita de uma comitiva da Se- Marinha destinados à construção e
nistração de cada empresa. Deve cretaria de Desenvolvimento Econô- a reparos, em estaleiros brasileiros,
ser concluída durante o primeiro tri- mico (SDE) às instalações da Enseada de embarcações auxiliares, hidro-
mestre de 2019 e está sujeita à apro- Indústria Naval. “Precisamos fazer este gráficas, oceanográficas e demais
vação dos acionistas da Transocean e importante ativo operar. Não tem nin- embarcações a serem empregadas
da Ocean Rig e às aprovações regula- guém que não se sensibilize com este na proteção do tráfego marítimo
mentares aplicáveis. Após a conclusão panorama. Trata-se de um empreen- nacional. Os recursos do FMM se-
da fusão, os acionistas da Transocean dimento com investimento altíssimo, rão aplicados às empresas públicas
e da Ocean Rig terão cerca de 79% e que fomentou a economia do estado, não dependentes vinculadas ao Mi-
21%, respectivamente, da empresa mas que sofreu um revés devido à cri- nistério da Defesa, até 100% do va-
combinada. se nacional do petróleo e da indústria lor do projeto aprovado.
A frota da Ocean Rig é composta naval”, disse a secretária estadual de Com a alteração, esses recursos
por nove navios-sonda de águas ul- desenvolvimento econômico, Luiza não serão classificados mais como
traprofundas de alta especificação e Maia. O presidente do empreendi- financiamento porque os valores
dois semissubmersíveis. Além disso, mento, Maurício de Almeida, destaca serão repassados diretamente à for-
sua frota inclui dois navios-sonda que a planta foi preparada para cons- ça naval, sem a intermediação de
para águas ultraprofundas de alta truir navios de alta complexidade. Ele agente financeiro. O projeto exclui
especificação, atualmente em cons- lembra que, durante quatro meses, um parágrafo da lei atual no qual
trução na Samsung Heavy Industries. mais de 100 integrantes do estaleiro está estabelecido que os desembol-
Essas duas novas construções deverão foram enviados ao Japão para serem sos anuais decorrentes dessa ope-
ser entregues no terceiro trimestre de capacitados. Almeida conta que al- ração devem observar a dotação
2019 e no terceiro trimestre de 2020, guns profissionais que participaram prevista no orçamento da Marinha
respectivamente. dessa transferência de tecnologia ain- para o projeto financiado.
Jeremy Thigpen, presidente e dire- da não conseguiram recolocação pro- O PL também propõe 0,4% para
tor executivo da Transocean, disse: “A fissional. Outros foram trabalhar em contribuir com o pagamento das
proposta de aquisição da Ocean Rig estaleiros de outros regiões do país. despesas de representação e estu-
nos oferece uma oportunidade única Em agosto, o estaleiro conquistou dos técnicos em apoio às posições
de continuar aprimorando nossa frota contrato de manutenção da sonda de brasileiras junto à Organização Ma-
de flutuadores de águas ultraprofun- perfuração Norbe VI, da Ocyan. A En- rítima Internacional (IMO), cujos
das e agressivas, sem comprometer seada aguarda o resultado da concor- recursos serão alocados em catego-
nossa liquidez ou a flexibilidade geral rência para construção de quatro cor- ria de programação específica.
do balanço patrimonial”. vetas classe Tamandaré para Marinha.
34 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
Geraldo Falcão
R
epresentantes de grandes es- O setor de petróleo e gás tem a
taleiros nacionais presentes A redução do maior participação no plano de ne-
na feira Rio Oil & Gas 2018 conteúdo local e gócios da Enseada Indústria Naval,
defenderam o potencial de que está atenta a oportunidades para
construção e de serviços para o se- os altos custos construção de módulos e de FPSOs. O
tor de petróleo e gás. A 32ª edição do
evento, realizada em setembro no Rio
continuam sendo presidente da empresa, Maurício Al-
meida, diz que a empresa passou por
de Janeiro, destacou a retomada da encarados como um processo de reestruturação nos
indústria a partir da recuperação dos últimos anos. Ele destaca que as insta-
preços do barril de petróleo, que su- desafios para a lações estão prontas para atender a
perou os US$ 80, e dos novos leilões indústria o mercado de módulos e que a compa-
do Brasil, previstos para ocorrer ain- nhia aguarda a retomada do mercado
da este ano e em 2019. A redução do de óleo e gás. “O Brasil possui empre-
conteúdo local e os altos custos con- sas e profissionais qualificados para
tinuam sendo encarados como desa- produzir aqui os navios e plataformas
fios para a indústria, que tem perdido que o país precisa, gerando emprego e
projetos para estaleiros localizados na renda em diversas localidades do Bra-
Ásia. Paralelamente, as administra- sil”, enfatizou.
ções dos estaleiros se preparam e bus- No setor de óleo e gás, a empresa
cam diversificar atuação para não ficar também mira os navios aliviadores
de fora desse novo ciclo. DP2 e cascos de FPSOs. Outro negó-
36 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
cio no radar da Enseada é o mercado produtos. Ele considera que o Brasil acrescenta que o Mauá continua in-
de cabotagem para navios de grande é um dos poucos países do mundo vestindo em tecnologia para diminuir
porte. A área industrial da Enseada em que o governo deu as costas para o tempo e aumentar a qualidade dos
tem capacidade de construir módulos uma indústria importante como a reparos. “Isso faz com que, nessa cri-
dentro da oficina e em zonas externas, construção naval ao reduzir as metas se, o estaleiro tenha um carro-chefe
contando com um guindaste de 1,8 mil de conteúdo local num ambiente que de reparo que continua trabalhando
toneladas. A empresa tem capacidade depende de incentivos para ampliar a normalmente, num segmento cada
de processar até 108 mil toneladas de competitividade. “Sempre entregamos vez mais competitivo e com mais con-
aço anualmente, o equivalente a seis bons produtos e eles sempre foram corrência”, descreveu. O Mauá, que
navios Aframax por ano. O estaleiro foi premiados. Temos capacidade produ- chegou a ter quatro mil trabalhadores
construído com investimentos da or- tiva. A feira mostra a capacidade que o no boom da indústria nos anos 2000,
dem de R$ 3 bilhões. Brasil tem para atender a esse merca- hoje conta com cerca de 500 pessoas
Almeida lembra que o estaleiro foi do”, enfatiza. realizando serviços de reparos.
concebido para uma realidade com ín- O estaleiro dragou os cais para rece- O Mauá também tem estudado o
dices altos de conteúdo local. A Ensea- bimento de navios de maior porte e re- descomissionamento de plataformas.
da reconhece o pleito de aumentar o fez toda parte de oficinas do estaleiro Vanderlei conta que houve algumas
conteúdo local, porém considera que para ser mais competitivo. Vanderlei sondagens, porém avalia que a maio-
é importante para a empresa pensar ria dos estaleiros não teve negociações
para a frente. O presidente entende relevantes até o momento. “Não é sim-
que essa política é uma forma de cor- ples como algumas pessoas querem
rigir a assimetria causada pelos custos acreditar que seja. Depende de ques-
de construção que retiram competi- tões muito acuradas por causa da ges-
tividade dos estaleiros nacionais. Al- tão ambiental. Ainda não é realidade
meida cita que o imposto de importa- no Brasil, mas procuramos estar aptos
ção protege, por exemplo, a indústria para isso. Não sei se é saída para o Bra-
automobilística brasileira. “Como não A direção do estaleiro sil, mas é um negócio e temos estuda-
tem imposto de importação para a
indústria do petróleo, fica difícil para
Mauá aposta na do”, explica.
O estaleiro Mauá tem brigado ju-
nós competirmos de igual com estalei- continuidade do dicialmente para retomar as obras de
ros chineses”, afirma. três petroleiros encomendados pela
Atualmente, a Enseada participa empreendimento Transpetro e que estão em litígio. O
da tomada de preço para construção impasse impede a finalização de dois
de quatro corvetas classe Tamandaré
para a Marinha. Além da Enseada, o
consórcio Villegagnon tem a Mectron e
a francesa Naval Group (antiga DCNS),
com a qual a Odebrecht, principal acio-
nista da Enseada, mantém parceria no
projeto dos submarinos brasileiros em
construção em Itaguaí (RJ).
O diretor-presidente do Estaleiro
Mauá (RJ), Ricardo Vanderlei, diz que a
capacidade de construção de módulos
e plataformas e a prestação de serviços
portuários e logísticos são diferenciais
para atuar nesse mercado. O portfólio
do estaleiro, segundo ele, se contra-
põe à ideia de que o Brasil não tem
capacidade para construir. “O Mauá já
construiu muita coisa e vai continuar
fazendo”, projeta.
Vanderlei acredita que, apesar de o
governo ter flexibilizado as regras de
conteúdo local, a indústria continua
resistindo e mostrando que continua
capaz de construir e entregar bons
PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018 37
INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE
navios com 90% de grau de acabamen- de fazer isso da melhor maneira pos-
to e outro em torno de 60% que está na sível, inclusive, fazendo em ambos os
carreira. “Não se trata de um projeto lugares”, analisou.
que não saiu do papel, se trata de uma O Estaleiro Ilha S/A (Eisa-RJ) divi-
série de oito navios dos quais entrega- diu suas atenções em duas linhas prin-
mos cinco e existem dois quase prontos cipais de atuação. Dos 160 mil metros
na Baía de Guanabara”, diz Vanderlei. quadrados de área disponível, 80 mil
“Não tem cabimento a Transpetro afre- metros quadrados estão voltados para
tar navios estrangeiros, sendo que esses a atração de novos projetos de cons-
navios nacionais poderiam estar nave- trução e os demais 80 mil metros qua-
gando. Eles estão fadados a virar sucata, drados prospectados para diversifica-
mesmo que quase prontos. É dinheiro ção dos demais negócios. O objetivo é
público sendo jogado fora e alguém tem dar sustentação financeira ao estalei-
que dar conta disso”, acrescenta. ro, que está em recuperação judicial
Ele lamenta que a cada dia que passa desde dezembro de 2015.
esses ativos se deteriorem e enferrujem Como o mercado vivencia há qua-
na Baía de Guanabara, além do desper- MAURICIO ALMEIDA tro anos um cenário de escassez de
dício de dinheiro público ali depositado. Brasil possui qualificação projetos de construção, o Eisa vem
O presidente do Mauá afirma que o esta- para produzir aqui os navios e oferecendo a alguns armadores a
leiro já propôs até terminar esses navios plataformas que o país precisa possibilidade de conclusão de navios
a preço de custo. “Entramos na Justiça, inacabados da Log-In e da Brasil Su-
todas as fases periciais até agora dão pply, que estão em suas instalações.
razão ao estaleiro, mas a Justiça é lenta. A administração do Eisa destaca que
Enquanto não se trocar o governo e a di- o estaleiro continua com capacidade
reção dessas empresas estatais, nada vai de içamento e que tem conseguido dar
acontecer. Estamos lutando pelo direito a manutenção a guindastes, máquinas e
de terminar”, contou. licenças de operação.
Na concorrência das corvetas da O estaleiro também olha oportunida-
Marinha, o Mauá está com o consór- des ligadas ao tratamento de efluentes e
cio formado pelo grupo Synergy, seu à cadeia de petróleo e gás. Um dos negó-
controlador, além da GRSE (Garden A Enseada participa cios em estudo é a possibilidade de de-
Research Shipbuilder Engineers) e da
Elbit Systems. Vanderlei esclarece que
da licitação de quatro senvolver uma unidade flutuante para
tancagem. A ideia é aproveitar o casco
esse consórcio tem vantagem de poder corvetas para de um dos navios inacabados que servi-
construir esses projetos no Mauá, no ria de estrutura flutuante para abasteci-
Eisa ou em ambos. “Se o consórcio sair a Marinha mento de navios fundeados na Baía de
vencedor, teremos ótimas condições Guanabara.
“O estaleiro reduziu bastante a es-
trutura e o custo. Mantemos atividades
como as de lay up e reparo. Estamos
com estrutura reduzida para retomar as
atividades com a retomada do merca-
do”, afirmou o presidente do Eisa, Diego
Salgado. Ele conta que algumas nego-
ciações estão estagnadas devido às in-
certezas sobre o resultado das eleições.
No final de 2015, o estaleiro entrou
em recuperação judicial e aproxima-
damente 3.000 trabalhadores foram
demitidos. O Eisa aderiu ao programa
de parcelamento de impostos federais
e depositou pagamentos atrasados do
FGTS para alguns dos trabalhadores
demitidos do estaleiro. A expectativa
agora, segundo Salgado, é conseguir a
aprovação do acordo de recuperação
judicial do Eisa no início de 2019. n
38 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
Cabotagem
na mira
Para Syndarma, acordo
Mercosul-UE ameaça
cabotagem regional e
beneficia armadores europeus
Danilo Oliveira
O
presidente Michel Temer As empresas nacionais de cabota-
(MDB) deu sinal verde ao
ministro das relações ex-
A cabotagem regional gem temem que o governo brasileiro
adote contrapartidas comerciais a esse
teriores, Aloysio Nunes representa um terço acordo que, na prática, prejudiquem
(PSDB), para retomada das negocia-
ções por parte do Brasil no acordo
de toda a cabotagem a competitividade delas e promova a
“entrega” do mercado regional a em-
de livre comércio do Mercosul com a brasileira presas estrangeiras. “Querem entregar
União Europeia, em discussão há qua- um terço do que fazemos de mão bei-
se 20 anos. A orientação, que foi dada jada ou obter outras vantagens para a
em setembro, agitou o mercado de na- navegação europeia”, disse o presiden-
vegação, que vê riscos de a cabotagem te do Syndarma, Bruno Lima Rocha. O
entre Brasil, Argentina e Uruguai ser segundo terço do mercado de cabo-
aberta a empresas europeias. A cabo- tagem é feito entre portos brasileiros
tagem regional representa um terço de Durante a 73ª Assembleia Geral da com cargas nacionais e o outro é de
toda a cabotagem brasileira, segundo Organização das Nações Unidas (ONU) operações de feeder.
o Sindicato Nacional das Empresas de em Nova Iorque, no final de setembro, Representantes do Syndarma ten-
Navegação Marítima (Syndarma). Temer afirmou que representantes do tam convencer o governo de que uma
Os armadores afirmam que a nego- Mercosul e da União Europeia teriam decisão a favor da abertura a empre-
ciação não avançou nas últimas reu- uma reunião dentro de 20 dias para sas europeias descumpre o marco re-
niões porque a União Europeia não negociar pontos pendentes visando gulatório e vai contra posicionamen-
flexibilizou em relação aos pedidos de ao acordo entre os dois blocos econô- tos manifestados anteriormente pelo
acesso aos mercados europeus. Até o micos. “Num prazo de 15, 20 dias, os Ministério dos Transportes, Portos e
fechamento desta edição, o Ministé- chanceleres dos países, junto com os Aviação Civil (MTPA) e pela Marinha
rio de Relações Exteriores (MRE) ainda negociadores, vão se reunir para ve- na defesa da cabotagem regional. Na
não havia definido a nova agenda de rificar os últimos tópicos possíveis de avaliação do Syndarma, também re-
negociação. Apesar disso, as empresas negociar referentemente ao acordo presentaria o fim de acordos bilaterais
brasileiras de navegação (EBNs) conti- da União Europeia e Mercosul. E, logo firmados há décadas.
nuam mobilizadas para tentar impedir em seguida, se reunirão os presiden- As empresas brasileiras de navega-
a possível cessão da cabotagem regional tes, para dar o toque político para esse ção não veem condições de competir
como moeda de troca nesse acordo. acordo”, disse Temer a jornalistas. com as concorrentes europeias, na
PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018 39
NAVEGAÇÃO
A
Confederação da Agricultura e cabotagem brasileira fossem seme-
Pecuária (CNA) é a favor da en- lhantes aos do longo curso, o litoral
trada de empresas europeias estaria cheio de embarcações des-
na cabotagem regional por conside- se tipo e seria possível uma série de
rar que as empresas brasileiras de operações por mar que hoje são feitas
navegação (EBNs), historicamente, somente por via terrestre”, aponta.
se estruturaram com empresas do Ele acrescenta que a redução de
Peru ao Uruguai, estendendo a reser- custos diminuiria os preços de produ-
va de mercado por meio de acordos tos no mercado interno e ampliaria a
bilaterais. A avaliação é que a aber- capacidade competitiva no mercado
tura da cabotagem na região aumen- internacional. O agronegócio avalia
taria a competitividade e diminuiria que acordos bilaterais de navegação,
os preços do frete. Uma pesquisa da alta tributação, normas trabalhistas
Confederação Nacional da Indústria são alguns dos fatores que levaram ao
(CNI) aponta existência de cinco mil quadro de custos operacionais e tari-
empresas potencialmente exporta- fas de serviços oferecidos incompatí-
doras para o Chile impedidas de fa- veis com a necessidade de aumentar
zer negócios por causa dos acordos a competitividade. medida em que elas podem oferecer
de navegação vigentes. A CNA também critica as restrições custos inferiores. Um dos motivos,
“Temos cerca de cinco mil empre- à importação (afretamento) de em- segundo Lima Rocha, é que as con-
sas que gostariam de exportar para o barcações pelas EBNs, que obedecem correntes costumam ter um segundo
Chile se houvesse custos de fretes pa- à reserva de mercado da indústria registro que se equipara à bandeira de
recidos com os do longo curso e que nacional, cujos custos de construção conveniência, mas não é o REB (Regis-
não podem exportar por via maríti- em nível nacional são considerados tro Especial Brasileiro). “Não podemos
ma porque é muito caro”, diz o con- altos. Fayet também cita as incertezas competir com isso, dado o custo Brasil.
sultor de logística e infraestrutura da em relação aos prazos de entrega por A navegação não conta com impostos
CNA, Luiz Antônio Fayet. Ele conta alguns estaleiros nacionais. de importação, como a indústria, para
que existem máquinas brasileiras Procurada pela Portos e Navios, a proteger-se da competição estrangei-
que são enviadas para o Chile de ca- CNI, que também é favorável à aber- ra”, ressalta.
minhão porque o frete rodoviário, tura da cabotagem regional, não co- O Syndarma observa donos de car-
mesmo com a distância de 3.000 qui- mentou as negociações envolvendo o gas no Brasil (afretadores) querendo
lômetros e atravessando a Cordilhei- acordo Mercosul-União Europeia. Já se beneficiar dos fretes das empresas
ra dos Andes a 3.200m de altitude, sai o Syndarma alerta para o risco de os europeias, pagando mais barato, o que
mais barato que de navio. usuários não terem navios estrangei- “mataria” a atividade das empresas
A CNA defende que as EBNs te- ros disponíveis nos momentos em que nacionais. Isso porque navios de lon-
nham tratamento isonômico com a o mercado estiver em baixa, deixando go curso vindos da Europa já vêm com
navegação de longo curso. Segundo as cargas por conta dos armadores de frete pago dos serviços até o Brasil e
Fayet, isso faria com que a cabota- fora. O sindicato alega que, mesmo poderiam aproveitar para estender as
gem, no mínimo, duplicasse de ta- com a resolução da Antaq que trata dos rotas e prestar serviços até países vi-
manho em até três anos. “Estamos direitos e deveres dos usuários de por- zinhos, principalmente a Argentina.
cansados de exportar milho e trigo tos (RN-18/2017), não existe uma regu- “Houve certa pressão de alguns seto-
do Paraná para outros países da Áfri- lação efetiva desses armadores. O vice- res da economia brasileira para que
ca e da Europa e importar milho e tri- -presidente executivo do Syndarma, isso fosse aberto, visando pagar fretes
go para abastecer o Nordeste porque Luis Fernando Resano, cita a dificulda- menores nas exportações do Brasil
a navegação aqui é muito mais cara”, de enfrentada por empresas cearenses para Argentina. Se ocorrer [essa con-
lamenta o consultor. exportadoras de granito, em setembro, trapartida], é o início do fim do marco
Fayet também enxerga um filão causada pela falta de navios para em- regulatório da navegação brasileira”,
para barcaças oceânicas que pode- barque desses produtos. Ele acredita afirma.
riam transportar produtos e insumos que, se houvesse uma marinha mer-
por cabotagem. Ele estima que uma cante brasileira mais forte haveria mais Uma nota técnica do Syndarma an-
embarcação desse tipo, com capaci- chances de a agência reguladora impor teriormente encaminhada ao MTPA,
dade de 20 mil toneladas, equivale a o atendimento a uma demanda desse considera imprescindível a integra-
quase 500 carretas. “Se os custos na tipo. ção de serviços, como o do Mercosul,
à cabotagem doméstica para garantir
40 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
Os armadores granel líquido, veículos, carga geral, pe-
tróleo e derivados e carga de projetos.
brasileiros não Representantes de EBNs estiveram
Muito espaço
para crescimento
Antaq e UFPR lançam estudo com
informações detalhadas sobre perspectivas e
regulação da Hidrovia Paraguai-Paraná
A
Agência Nacional de Trans- Em função da disponibilidade dos das. A hidrovia configura-se como uma
portes Aquaviários (Antaq) dados nos países signatários à época do das principais vias fluviais da América
e a Universidade Federal do início do projeto, definiu-se 2015 como do Sul. Inicia-se no município brasileiro
Paraná (UFPR) lançaram o ano-base dos levantamentos. de Cáceres (MT) e se estende até a cida-
Estudo da Prática Regulatória, Vanta- O trabalho apresenta dados do de portuária de Nueva Palmira, no Uru-
gens Competitivas e Oferta e Demanda market share, ou seja, participação de guai. Percorre cinco países — Argentina,
de Carga entre os Países Signatários do mercado dos cinco países no transporte Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai —,
Acordo da Hidrovia Paraguai-Paraná. fluvial pela hidrovia. A participação bra- com uma extensão navegável de 4.122
O documento, que abrange três eixos sileira foi pequena, movimentando 4,47 quilômetros.
(infraestrutura, mercado e regulatório), milhões de toneladas em 2015 (5% do No mercado externo, as trocas co-
contempla um diagnóstico detalhado total da hidrovia). No Brasil não foram merciais dos cinco países perante as ou-
da Hidrovia do Paraguai-Paraná com o registradas exportações e importações tras 211 nações totalizaram 166 milhões
intuito de fomentar o desenvolvimento do mercado externo pela Hidrovia Para- de toneladas. A movimentação de gra-
do transporte aquaviário na matriz de guai-Paraná. Apenas foram registradas nel sólido agrícola foi destaque, concen-
transportes do país, promover uma re- exportações de 4,47 milhões de tone- trando quase 50% das movimentações
flexão sobre a participação brasileira no ladas para o mercado interno. O miné- de carga, seguida pela de granel líquido
fluxo de cargas na hidrovia e fortalecer rio de ferro foi o produto com maior agrícola (26%). Ainda constatou-se um
a concepção da Paraguai-Paraná como representatividade nessas exportações grande fluxo comercial dos cinco países
vetor de desenvolvimento regional. “Es- (88,24%), seguido pelo minério de man- por onde a hidrovia passa com a Ásia e
pera-se que este estudo possa oferecer ganês (10,59%). Os demais produtos fo- a Europa, reforçando o potencial dessas
subsídios às decisões governamentais ram açúcares de cana, óleos de petróleo rotas na otimização do uso da Paraguai-
no acompanhamento do Acordo da Hi- e ferro fundido bruto. -Paraná.
drovia Paraguai-Paraná e na política de Cerca de 184 milhões de toneladas Nos 1.270 quilômetros de hidrovia
apoio ao transporte fluvial, com base foram movimentadas pela Hidrovia Pa- em território brasileiro, foram iden-
na oferta e demanda do transporte de raguai-Paraná no período estudado, das tificadas 11 instalações portuárias. A
cargas, visando ao desenvolvimento de quais 56 milhões de toneladas pelo Bra- concentração de terminais na porção
toda área de influência”, afirmou o dire- sil. A Argentina apresentou a maior mo- oeste do estado do Mato Grosso do Sul,
tor da Antaq, Adalberto Tokarski. vimentação, com 92 milhões de tonela- especialmente em Corumbá/MS, pode
42 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2018
O Brasil é o país No eixo regulatório, a Antaq e a UFPR
estudaram 12 pontos e fizeram uma
de mais baixo comparação entre os países signatários
1 2
3 4
5 6
7 8
9 10
11 12 13
14 15 16
17 18
19 20
21 22
Fotos 1 a 6 - Flashes da
Rio Oil & Gas 2018,
no Riocentro;
Fotos 7 a 22 - Jantar de
confraternização da
NBCC durante a Rio Oil
& Gas, no Itanhangá
Golf Club.
Setor de petróleo
lidera transformação
Ivan Leão
A
produção de petróleo e gás lidera o O petróleo é o segundo maior item da pau-
volume de investimentos e represen- ta de exportações brasileiras. No primeiro se-
ta a mais visível transformação entre mestre de 2018 as vendas somaram US$ 13,5
os setores produtivos no Brasil. O bilhões, cerca de 10% do total exportado no
evento Rio Óleo e Gás, realizado de 24 a 27 de período. A Petrobras é o principal investidor e
setembro de 2018, promovido a cada dois anos o setor assumiu o papel de principal gerador
pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Bio- de riquezas no país.
combustíveis (IBP), demonstrou a mudança A Federação das Indústria do Rio de Janei-
ocorrida desde a última edição, em 2016. A ro (Firjan), promoveu, em 19 de setembro de
presidente da Exxon no Brasil, a brasileira Car- 2018, por intermédio da área de petróleo, gás
la Lacerda, resumiu: o fim da exigência da Pe- e indústria naval, o debate Tendências para o
trobras como operador único; ajuste no con- mercado de petróleo e gás – Inovação, em par-
teúdo local para valores atingíveis e extensão ceria com a Abespetro (Associação Brasileira
do Repetro; a regularidade nos leilões de áreas. das Empresas de Serviços de Petróleo) e apoio
Esses ajustes na política tornaram o setor líder da Onip (Organização Nacional da Indústria
em investimentos no Brasil, informa o BNDES. do Petróleo), reestruturada com a participação
Em 2017 foram investidos R$ 57,9 bilhões. De das federações da indústria dos diversos esta-
2018 a 2021 a previsão é de investimentos de dos e do Sebrae. É um novo ambiente para a
R$ 291,4 bilhões, em média R$ 72,8 bilhões em contribuição ao debate da indústria fornece-
cada ano. dora ao setor de petróleo e gás.
A Firjan e a Abespetro trazem a visão de que
os elos produtivos do setor de petróleo par-
tem de dezenas de petroleiras, para centenas
de empresas especializadas de engenharia, fa-
bricação e serviços e atinge milhares de indús-
trias fornecedoras em diversas regiões do país.
“O formato pede a ampliação do debate para
evitar que instrumentos que não se conectam
produzam efeitos contrários ao pretendido”,
diz Telmo Ghiorzi, da Aker Solutions, diretor
da Abespetro.
O professor José Eduardo Cassiolato, do Ins-
tituto de Economia da UFRJ e coordenador da
Rede Sist, define a inovação como o processo
que inclui atividades técnicas, concepção, de-
senvolvimento e gestão que resulta em novos