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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC

CENTRO TECNOLÓGICO - CTC


DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
HISTÓRIA DA CIDADE I
Profº Raphael Grazziano
Aluna: Joyce Millena Neri Silva Matrícula: 18103854
DATA: 20/09/2022

Resenha: LEFEBVRE, Henri. Espaço e política: O direito á cidade II. Trad.


Margarida Maria de Andrade, Pedro Henrique Denski e Sérgio Martins (do
original: Espace et politique: le droit à la ville II. Paris: Éditions Economica, 2000).
-2.ed. ver. e ampl. – Belo Horizonte: Editora UFMG, 2016

No capítulo em questão, chamado “O Espaço”, o autor traz a discussão


da problemática do espaço e seus significados, como pode ser pensado e
definido, e qual o seu papel no conceito de utilização tanto da palavra, quanto do
ambiente. Seria o espaço uma tentativa de concretizar uma ideia, um
pensamento? Ou uma preconcepção do significado da palavra em si?
No trecho citado a seguir, o autor dá a entender que um não pode existir
sem o outro, como se esses dois se explicassem e se completassem:
“No seio do espaço percebido e concebido já se encontra o espaço
teórico e a teoria do espaço”. (LEFEBRE, pág. 38)
Ou seja, para que o espaço concebido possa existir, parte-se do princípio
de que ele já foi pensado, e, portanto, é produto dessa teoria. Porém o espaço
puramente dito como ambiente, já existe por si só, não dependendo de
suposições para tal.
Sabendo disto, é levantado então alguns questionamentos: o que difere o
espaço vivido – espaço social – do espaço mental? Este conjunto em que
estamos, é pré-estabelecido? Existe possibilidade de mudança, rompimento?
Para dissertar sobre tais questões, Lefebre apresenta quatro teses de
como o espaço pode ser pensado e vivenciado, de forma a abranger todos os
pontos levantados no texto até o momento.
A primeira tese traz o espaço como uma forma pura, e tenta mostrar a
dualidade já citada anteriormente entre o social e o mental. Porém essa tese não
leva em consideração que o tempo e a história influenciam a visão do espaço.
Isto é, ignora totalmente a questão já abordada de que o espaço social é
resultado do que se vivencia, que é exatamente a pauta da segunda tese: o
espaço como produto da sociedade, portanto antecede as teorias e
pensamentos. Desenvolvido através da prática, um exemplo é o espaço urbano
que conhecemos.
Já a terceira tese é justamente o meio termo entre o espaço teórico e o
social. Nesse âmbito o espaço físico é usado como arma de poder, como
instrumento político. E a quarta tese seria a junção de interesses divergentes,
com um ponto em comum entre eles, como por exemplo áreas de lazer.
Um ponto interessante a ser observado nessas teses, é a visão do que é
o espaço, de como ele será concebido, e até muitas vezes pensado, pode ser
facilmente manipulada pelas classes dominantes. Em outras palavras, a classe
detentora de conhecimento, posses, e capital, é quem dita o social, a história, o
que é “relevante” para a sociedade e quais as demandas de produção desses
espaços que deveriam ser do interesse de todos os grupos.
O espaço se molda a sociedade, como se fosse uma realidade própria,
obtendo as características do que se deseja alcançar, servindo de instrumento
ao pensamento, um meio de controle, dominação, como um lugar através do
qual as pessoas se comunicam e negociam relações de poder. Sabendo isto,
podemos dizer que o espaço não é apenas físico, mas também inclui tempo,
espaço social e econômico.
Por fim, conclui-se no texto que a definição de espaço possui muitas
contradições, pois é produto de uma sociedade, sendo assim, impossível seguir
uma lógica. E essas contradições não surgem de forma racional, mas sim do
prático e do social, das vivências e das influencias contidas em um local ou uma
sociedade. Sendo elas econômicas, sociais, ideológicas, ou apenas pela
influência do tempo, ou ambiente. Todas essas indagações precisam ser
consideradas quando pensamos no conceito e definição do espaço.

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