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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JATAÍ

UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE DIREITO
LUCAS HENRIQUE INOCÊNCIO

DISCIPLINA: Teoria Geral do Estado


SEMESTRE: 2021.2
DOCENTES: Profª Dra. Helga Martins de Paula

ROTEIRO DE ESTUDOS: ESTADO PÓS DEMOCRÁTICO

JATAÍ
2022
ROTEIRO DE ESTUDOS

CASARA, Rubens. Estado Pós-Democrático: neo-obscurantismo e gestão dos indesejáveis.


Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.

1. - Vivemos ou não um momento de crise do Estado Democrático de Direito?


Não, pois a ideia de crise aponta para um estado de coisas que foram interrompidas por algo e,
portanto, ainda subsiste, ou ainda existe a possibilidade de que o objeto, no caso aqui estudado,
o Estado democrático ainda existe segundo forma e conteúdo.
2. - Qual a definição de crise? E por que o autor critica a perspectiva de crise no Estado
Democrático de Direito?
Vem da palavra grega krisis e refere-se ao momento em que o médico detectava se o doente em
razão da enfermidade sobrevivia ou morria. Ele critica essa ideia porque a crise é algo
passageiro e o Estado democrático, segundo os argumentos apresentados vive exposto a crises
criadas, sendo assim uma noção permanente de crise o que vai contra o conceito da palavra em
sua origem etimológica.
3. - Princípio da legalidade estrita, direitos fundamentais e projeto constitucional:
explique a vinculação.
A legalidade os direitos fundamentais e o projeto constitucional são elementos previstos no
Estado democrático, funcionam como limitação do exercício do poder bem como garantias
fundamentais aos indivíduos orientados por um projeto constitucional, falar em crise e admitir
a subsistência do Estado democrático pressupõe afirmar que estes elementos permanecem
íntegros.
4. - “Acreditar na inevitabilidade da crise – e essa crença, não raro, é produzida pelos
detentores do poder econômico –, aderir ao fetichismo naturalístico, leva ao imobilismo
próprio das perspectivas deterministas e positivistas, funcionais para uma atitude
conformista diante das crises e das desigualdades sociais. A crise é, por definição, algo
excepcional, uma negatividade que põe em xeque o processo ou sistema, mas que
justamente por isso o confirma como algo que ainda existe e pode ser salvo, desde que a
negatividade seja extirpada ou transformada em positividade.”

Conformismo, imobilismo e negação da história: como essa tríade se vincula ao


erroneamente interpretar a realidade concreta.
Porque o projeto discursivo do poder num Estado pós democrático consiste em transformar a
crise que deve ser vista como algo mais grave, em um fenômeno permanente, esvaziando o
sentido do conceito de crise e moldando a noção de que o Estado democrático está em crise e
não acabou, naturalizando em decorrência disso um status quo extremamente útil para a
obtenção de lucros, bem como para o controle social através da violação de direitos
fundamentais segundo a lógica neoliberal.
5. - Crise permanente é funcional e útil para quem e para que?
Útil para a “geração de lucros a partir da criação de novos serviços e mercadorias” e também
como supracitado à repressão dos indivíduos pela retirada de direitos e garantias visando a
manutenção do poder político e econômico imposto pelo Estado, não consistindo mais em um
desvio do padrão, o que caracterizaria crise, mas um padrão positivado, permanente
extremamente importante ao modelo neoliberal.
6. - Produção de crises, uso político e laboratório do neoliberalismo nos golpes militares
na América Latina nos anos 1960 e 1970: explique.
Não se tratando de crise, mas de um novo modelo de poder, tal modelo não surgiu do nada e
nem sem respaldo, o autor afirma isso observando as experiências autoritárias que precederam
o modelo neoliberal globalizado que consistia em governos militares, golpistas, não
democráticas como o caso de Pinochet no Chile ou a Ditadura Empresarial Militar no Brasil.
Com ênfase no Chile que foi reconhecidamente um laboratório neoliberal com esse modelo
repressivo de suspensão de garantias fundamentais bem como extrema desregulamentação do
mercado, um e outro, tanto a repressão quanto a desregulamentação não encontram-se
separados, configurando na verdade dois lados do mesmo prisma qual seja o fenômeno que
aponta para o fim do Estado democrático enquanto projeto e não enquanto crise.
7. - “Quando desaparece qualquer preocupação até com a mera aparência democrática,
o passo decisivo em direção ao novo já foi dado. O novo já chegou, o que não significa que
todos os resquícios do Estado Democrático de Direito desapareceram. É justamente a
permanência de alguns institutos e práticas do Estado Democrático que leva à ilusão de
que ele ainda existe.”

Como essa ilusão dociliza os corpos e mentes?


Isso se dá porque nem o fenômeno democrático, nem o fenômeno autoritário são puros em
essência, podendo coexistir tanto a democracia com instituições autoritárias, quanto o
autoritarismo com instituições democráticas, ainda que para efeito de manter as aparências até
que o “novo” substitua por completo e com aceitação das massas o velho modelo de governo.
8. - Traga a “metáfora do supermercado” presente no texto.
Esta metáfora ajuda a entender como modelos democráticos recorrem a instrumentos
autoritários em situações de crise, bem como os modelos autoritários podem recorrer a
instrumentos democráticos na mesma condição, a partir da acepção correta do conceito de crise.
Daí que no “supermercado” podem estar lado a lado tanto produtos autoritários quanto
democráticos, dos quais a julgar pela conveniência os governos autoritários e democráticos
podem se servir, deixando marcas indeléveis na organização da sociedade.
9. - Quais os dois principais elementos da crise paradigmática do Estado Democrático de
Direito?
Do ponto de vista econômico a adesão a proposta do liberalismo, do ponto de vista político
ele se apresenta como um “mero instrumento de manutenção da ordem” para ampliação da
cumulação de capital e dos lucros, com a tônica de controlar populações indesejadas.
10. - Qual o “tipo ideal” de Estado Democrático de Direito segundo o texto? Quais suas
principais características?
É o que tem compromisso de realizar os direitos fundamentais e tem como principal
característica a limitação do exercício de poder, pela estrita legalidade que seria a técnica
legislativa de disciplinar o poder estatal, limitando-o principalmente no concernente a violência
institucional traduzida pelo autor observando a tradição liberal iluminista pela “ampliação da
esfera da liberdade e a restrição dos espaços que permitem o exercício arbitrário do poder
11. - Quando e por que surge a figura do Estado Democrático de Direito?
No iluminismo, sob a égide das Revoluções Burguesas orientada pela ideologia liberal para
garantir maiores direitos e segurança jurídica da classe burguesa em ascensão frente ao Estado
absolutista.
12. - “O que há de novo na atual quadra histórica, e que sinaliza a superação do Estado
Democrático de Direito, não é a violação dos limites ao exercício do poder, mas o
desaparecimento de qualquer pretensão de fazer valer esses limites. Isso equivale a dizer
que não existe mais uma preocupação democrática, ou melhor, que os valores do Estado
Democrático de Direito não produzem mais o efeito de limitar o exercício do poder em
concreto. Em uma primeira aproximação, pode-se afirmar que na pós-democracia
desaparecem, mais do que a fachada democrática do Estado, os valores democráticos.”

Quais os sintomas pós-democráticos vividos em nossa sociedade?


No processo de reificação do mundo, bem como no espetáculo da propaganda, qual seja a lógica
da propaganda de mercado que invade a esfera do Estado como nos governos totalitários, da
reaproximação entre poder político e econômico acompanhada da difusão do pensamento
autoritário que causa erosão nos valores democráticos, do desaparecimento portanto de limites
rígidos ao exercício do poder, bem como a supressão de qualquer pretensão de fazer valer estes
limites

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