Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONHECIMENTOS DE HISTÓRIA
A Capitania de Pernambuco: a “Guerra dos Bárbaros”; a lavoura açucareira e mão de obra escrava; a
Guerra dos Mascates; as instituições eclesiásticas e a sociedade colonial; Insurreição Pernambucana.
PRÉ-HISTÓRIA
Localizada no município de Venturosa a Pedra Furada, é uma das mais belas paisagens da
região. A região faz parte do pólo Buíque/Pesqueira/Venturosa que é um dos sete pólos de ecoturismo
de Pernambuco apresentado pela Embratur. Em 1985, a Prefeitura de Venturosa construiu o Parque
Pedra Furada que dispõe de infra-estrutura básica. Situada em um parque municipal, seu acesso é
feito por uma trilha com escadaria (360 degraus). O mirante oferece paisagens de grande beleza.
A cidade possui também outros sítios arqueológicos de grande valor histórico-cientifico, como
a pedra do Tubarão, onde foram descobertos um cemitério de índios pré-históricos; Peri-peri ou Morro
dos Ossos, formados por dois grandes blocos de granito, que afloram em meio a uma planície e que
possuem em suas paredes inúmeras pinturas rupestres.
SIMULADO
2. (1ª Olimpíada Nacional de História do Brasil – Unicamp 2009) Nos últimos 20 anos vários
pesquisadores vêm sugerindo que a ocupação da América seria mais antiga, mas, há pouco tempo,
surgiram provas convincentes. Entre elas está Luzia, cujos estudos trouxeram ainda outras novidades.
No município de Pedro Leopoldo, região de Lagoa Santa, Minas Gerais, um grupo de arqueólogos
brasileiros e franceses encontrou, em 1975, partes de um esqueleto em uma gruta chamada Lapa
Vermelha IV. As informações iniciais sugeriam que o esqueleto (de uma mulher entre 20 e 25 anos de
idade – Luzia) deveria ser muito antigo, mas naquela época não foi possível datar com precisão o
material. (…) Só a partir das pesquisas feitas [por] Walter Neves, da Universidade de São Paulo, Luzia
teve sua idade revelada. O resultado foi surpreendente: ela tinha vivido em Minas Gerais há 11.500
anos! Essa data, junto com outros vestígios de populações pré-históricas que teria vivido há mais de
11.000 anos nas Américas do Sul e do Norte, revelou que o povoamento do nosso continente ocorreu
antes do que se pensava. Apesar de existir muita discussão sobre o tempo necessário para que todo
o continente tenha sido ocupado, a presença de humanos na América do Sul há 11.500 anos indica
que os primeiros migrantes teriam chegado no continente americano há pelos menos 14.000 ou 15.000
anos. Hoje, muitos cientistas já admitem que a primeira migração deva ter ocorrido entre 15.000 e
20.000 anos. Mas há pesquisadores que admitem até 50.000 anos! Os dados que existem ainda não
são suficientes para que possamos chegar a uma conclusão.
7. Na bacia do Rio São Francisco, nas paleolagoas conhecidas hoje como tanques, foram
achados ossos de animais extintos da fauna pleistocênica, que conviveram com o homem em diversas
áreas da região, como Salgueiro e Alagoinha, em Pernambuco. Pesquisas mais recentes assinalaram,
também, a presença de megafauna, como o mastodonte e a preguiça-gigante, como é o caso da Lagoa
Uri de Cima em Salgueiro.
MARTIN, Gabriela; PESSIS, Anne-Marie. Breve Panorama da Pré-História do Vale do São
Francisco no Nordeste do Brasil. Revista FUMDHAMentos, Volume 1 – Número 10 – Ano 2013, p. 14,
adaptado.
O trecho acima propõe uma leitura da História do Brasil, que se caracteriza pela
a) presença essencial dos europeus no continente americano.
b) inexistência de exemplares da megafauna em território brasileiro.
c) carência de estudos paleoantropológicos e sítios arqueológicos no Nordeste.
d) antiguidade da presença humana no país, anterior à chegada dos portugueses.
e) existência de répteis de porte avantajado, popularmente conhecidos como dinossauros.
a) sedentarismo.
b) transumância.
c) êxodo rural.
d) nomadismo.
e) pendularismo.
9. Arte rupestre é o mais antigo tipo de arte da História. Também é conhecida como gravura ou
pintura rupestre. Esse tipo de arte teve início no período Paleolítico Superior e é encontrada em todos
os continentes. O estudo da arte rupestre favoreceu o conhecimento de pesquisadores em relação aos
hábitos dos povos da Antiguidade e a sua cultura. As matérias-primas utilizadas para a expressão
artística dos povos da antiguidade eram pedras, ossos e sangue de animais. O sangue, assim como o
extrato de folhas de árvores, era utilizado para tingir, constituindo o que devem ser as mais primitivas
expressões artísticas, conforme a imagem abaixo.
Durante muito tempo, os povos que assim se expressavam foram conhecidos como ¯ “Pré-
históricos”. Essa denominação, hoje em desuso entre a maioria dos historiadores, mas ainda
presente nos livros didáticos, está diretamente relacionada ao fato de esses povos:
a) desconhecerem a escrita.
b) manterem relações comerciais.
c) viverem sob a forma de Estado.
d) dominarem as técnicas agrícolas.
e) ocuparem as margens dos grandes rios.
Índios em Pernambuco
Quando os primeiros europeus chegaram ao território brasileiro, no início do século XVI, vários
grupos indígenas ocupavam a região Nordeste. No litoral, predominavam as tribos do tronco
linguístico tupi, como os Tupinambás,Tabajaras e os Caetés, os mais temíveis. No interior, habitavam
grupos dos troncos linguísticos Jê, genericamente denominados Tapuias.
Como em outras regiões brasileiras, a ocupação do território em Pernambuco começou pelo
litoral, nas terras apropriadas para a agroindústria do açúcar, onde os indígenas eram utilizados pelos
portugueses como mão-de-obra escrava nos engenhos e nas lavouras, especialmente por parte
daqueles que não dispunham de capital suficiente para comprar escravos africanos. 9
Após um período de paz aparente, os índios reagiram a esse regime de trabalho através de
hostilidades, assaltos e devastações de engenhos e propriedades, realizados principalmente
pelos Caetés, que ocupavam a costa de Pernambuco.
A guerra e a perseguição dos portugueses tornaram-se sistemáticas, fazendo com que os
índios sobreviventes tivessem que emigrar para longe da costa. Porém, a criação de gado levou os
colonizadores a ocupar terras no interior do Estado, continuando assim a haver conflitos.
As relações entre os criadores de gado e os índios, no entanto, eram bem menos hostis do que
com os senhores de engenho, mas a sobrevivência das tribos, que não se refugiavam em locais
remotos, só era possível quando atendia aos interesses dos criadores e não era assegurada aos
indígenas a posse de suas terras.
Durante os dois primeiros séculos do Brasil Colônia, as missões religiosas jesuíticas eram a
única forma de proteção com que os índios contavam. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, os
aldeamentos permaneceram sob a orientação de outras ordens religiosas, sendo entregues,
posteriormente, a órgãos especiais, porém as explorações e injustiças contra o povo indígena
continuaram acontecendo.
Sabe-se, através de algumas fontes, que nos séculos XVIII e XIX uma quantidade
indeterminada de índios foi aldeada no território pernambucano, mas aparentemente não há registros
de sua procedência. Existiam os aldeamentos dos Garanhuns, próximo à cidade do mesmo nome;
dos Carapatós, Carnijós ou Fulni-ô, em Águas Belas; dos Xucurus, em Cimbres; dos Argus,
espalhados da serra do Araripe até o rio São Francisco; dosCaraíbas, em Boa Vista; do Limoeiro na
atual cidade do mesmo nome; as aldeias de Arataqui, Barreiros ou Umã, Escada, da tribo Arapoá-
Assu, nas margens dos rios Jaboatão e Gurjaú; a aldeia do Brejo dos Padres, dos
índios Pankaru ouPankararu; aldeamentos em Taquaritinga, Brejo da Madre de Deus, Caruaru e
Gravatá.
No século XIX, a região do atual município de Floresta e diversas ilhas do rio São Francisco se
destacavam pelo grande número de aldeias, onde habitavam os índios Pipiães, Avis, Xocós, Carateus,
Vouvês, Tuxás, Aracapás, Caripós, Brancararus e Tamaqueús.
O desaparecimento da maioria das tribos deve-se às diversas formas de alienação de terras
indígenas no Nordeste ou da resolução do Governo de extinguir os aldeamentos existentes.
Dos grupos que povoaram Pernambuco, salvo alguns sobreviventes, pouco se sabe. O fato dos
índios não possuírem uma linguagem escrita, dificultou muito a transmissão das informações.
Existem legalmente em Pernambuco, sete grupos indígenas: os Fulni-ô, em Águas Belas;
os Pankararu, nos municípios de Petrolândia e Tacaratu; os Xucuru, em Pesqueira; os Kambiwá, em
Ibimirim, Inajá e Floresta; os Kapinawá, em Buíque os Atikum, em Carnaubeira da Penha e
os Truká, em Cabrobó. Essestrês últimos grupos foram identificados mais recentemente.
Após terem passado por uma série de mudanças ambientais e culturais, esses índios
conseguiram sobreviver e, apesar de terem estabelecido contato com os não-índios, alguns ainda
conservam, ainda que precariamente, traços da sua tradição.
Todos se auto identificam como indígenas e pouco se diferenciam uns dos outros racial ou
culturalmente. Devido à forte miscigenação com brancos e negros, a sua aparência física perdeu a
identidade.
São índios aculturados, mas que mantêm sua sociedade à parte. As tradicionais figuras
do cacique e do pajé, ainda sobrevivem em todos os grupos, assim como o toré é dançado em todas
as comunidades, não apenas como divertimento, mas também na transmissão de traços culturais.
Com exceção dos Fulni-ô, nenhum dos grupos conservou o idioma tribal.
O índio teve uma grande influência na formação étnica, na cultura, nos costumes e na língua
portuguesa falada no Brasil. Em Pernambuco, palavras como Gravatá, Caruaru, Garanhuns e bairros
do Recife com Parnamirim eCapunga, estão associados a antigos locais de moradia indígena.
Atualmente, os principais problemas enfrentados pelos grupos indígenas pernambucanos são
os conflitos entre facções rivais da tribo Xucuru; a influência do tráfico de drogas entre os Truká e a
invasão de terras pertencentes aos Fulni-ô.
Pernambuco é o quarto Estado do Brasil em número de indígenas.
Outros dispositivos
Direito à educação
Os povos indígenas têm direito a uma educação escolar diferenciada e intercultural (Decreto
6.861) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6861.htm), bem como
multilíngue e comunitária. Seguindo o que diz a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB), a coordenação nacional das políticas de Educação Escolar
Indígena é de competência do Ministério da Educação (Decreto nº26, de 1991), cabendo aos estados
e municípios a execução para a garantia desse direito dos povos indígenas. “Hoje há também o papel
preservacionista, a população indígena tem direito a uma escola dentro de sua aldeia, onde são
ensinados, além do português, a sua língua originária, a sua forma de reprodução cultural tradicional”,
detalha o professor Proença.
11
Direito à terra
A Constituição de 1988 estabeleceu que os direitos dos índios sobre as terras que
tradicionalmente ocupam são de natureza originária. Os índios têm a posse das terras, que são bens
da União. “A necessidade de demarcação da terra indígena é a espinha dorsal de toda a luta ancestral
da população indígena no Brasil. Recentemente, tivemos alguns avanços nos direitos na demarcação
da terra, o maior exemplo foi a demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, avalia Proença.
Direitos sociais
Os indígenas são cidadãos plenos e têm direito aos benefícios sociais e previdenciários do
Estado brasileiro. Como resultado da Constituição de 1988, e o reconhecimento dos novos direitos
indígenas, houve um avanço no reconhecimento dos direitos previdenciários. Segundo o advogado
Gustavo Proença, “os índios têm direito a todos os benefícios sociais que qualquer trabalhador tem, a
partir da sua economia familiar”.
Direito à saúde
O Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, criado em 1999 (Lei nº 9.836/99,
conhecida como Lei Arouca) (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9836.htm), é formado pelos
Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) que se configuram em uma rede de serviços
implantada nas terras indígenas para atender essa população, a partir de critérios geográficos,
demográficos e culturais. Seguindo os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), esse subsistema
considerou a participação indígena como uma premissa para aumentar o controle e o planejamento
dos serviços, bem como uma forma de reforçar a autodeterminação desses povos.
Caetés
Os caetés ou Kaeté foram um povo indígena brasileiro de língua tupi antiga que habitou o litoral
do Brasil entre a ilha de Itamaracá e o rio São Francisco no século XVI. Eram 75 000 indivíduos. A
área que habitavam era limitada ao norte pelas terras dos potiguaras e, ao sul, pelas dos tupinambás.
Aliaram-se aos comerciantes franceses que percorriam o litoral brasileiro no século XVI,[2] tornando-
se, então, inimigos dos portugueses. [3] Os caetés, antes de serem extintos, foram escravizados pelos
portugueses e utilizados como mão de obra no plantio da cana-de-açúcar. "Caeté" é originário do termo
tupi antigo ka'aeté, que significa "mata verdadeira, mata virgem, que nunca foi roçada" (ka'a, mata
+eté, verdadeira).
Em liberdade, os caetés eram exímios pescadores e caçadores. Na pesca, utilizavam redes,
anzóis e arpões feitos de ossos. Na caça, faziam uso de arcos, flechas, e arapucas, capturando
pássaros e mamíferos. Consumiam peixes e carnes assados sobre brasa ou moqueados.
Eram navegadores de canoas costeiras, sendo considerados, portanto, um dos povos
canoeiros, sendo, também, construtores desse tipo de embarcação. Teciam rede de dormir,
entalhavam gamelas, e cabaças que usavam como prato e copos. Fabricavam cestas de palha de
bananeiras e de palmeiras e também utensílios e panelas de barro.
Eram agricultores, cultivando milho, feijão, fumo e mandioca. Comiam também frutas e outras
raízes como a batata e o inhame. Os índios desta tribo praticavam a antropofagia ritual e,
supostamente, consumiram o primeiro bispo do Brasil, dom Pero Fernandes Sardinha, cujo navio em
que regressava a Portugalnaufragou nas costas da foz do rio Coruripe, junto a outros cem náufragos.
Devido a este fato histórico ocorrido no início do período colonial, os alagoanos possuem a
alcunha regional de "papa-bispo". Em sua época, o incidente provocou a ira da Igreja Católica e da
Inquisição. Em 1562, depois de serem acusados de devorar o bispo, foram considerados "inimigos da
civilização" e, com o aval da Igreja Católica, se tornaram alvos de implacável perseguição pelo
governador português Mem de Sá, que escravizou a todos. São considerados extintos atualmente.
Pesquisas recentes colocam em dúvida se o bispo Pero Sardinha teria mesmo sido devorado
pelos Caetés. O verdadeiro motivo da morte do primeiro bispo do Brasil poderia ter sido a vingança do 12
Governador Geral, Duarte da Costa, e de seu filho Álvaro da Costa, que poderiam ter tramado tal crime
e incriminado os caetés.
Álvaro da Costa, homem violento, que usava da força para intimidar principalmente os índios,
se relacionava sexualmente com as indígenas. Durante um de seus sermões, o bispo Sardinha teria
condenado as ações de Álvaro da Costa, o que resultou no início de um conflito entre o bispo e o
governador-geral.
Tabajaras
Os tabajara (do tupi antigotabaîara, "senhor de aldeia") foram um povo indígena que habitou o
litoral brasileiro no trecho entre a foz do Rio Paraíba e a Ilha de Itamaracá. No século XVI, eram 40 mil
indivíduos, e se aliaram aos colonizadores portugueses para ajudar a fundar o que viria a ser a
capitania da Paraíba. Atualmente, grupos dos estados da Paraíba e do Ceará reivindicam a identidade
e a ancestralidade tabajara.
Pacíficos com os luso-brasileiros após acordo de paz assinado durante as tentativas de
conquista da Paraíba, foram os primeiros nativos dessa região do Nordeste Oriental a entrar em
contato com os conquistadores portugueses.
Duarte Coelho viu, durante seis meses, os seus desejos de colonização da Paraíba frustrados
devido à resistência pertinaz oferecida pelos potiguaras, inimigos tradicionais dos tabajaras. Por fim,
os conquistadores conseguiram uma aliança com os chefes indígenas tabajaras Pirajibe, Tabira
(cacique UirÁUbi) e Itajiba e, com eles, dominaram completamente os potiguaras, conquistando o litoral
paraibano e fundando Filipeia de Nossa Senhora das Neves (atual João Pessoa). A aliança com a tribo
Tabira se deu por uma questão curiosa: a filha do cacique se apaixonou e casou com o administrador
colonial português, Jerônimo de Albuquerque, salvando-o da morte, após ser ferido e se tornar
prisioneiro.
A tribo foi, paulatinamente, fragmentada pela miscigenação e integração aos conquistadores
após a conquista da capitania. Antes da migração para o litoral centro–sul paraibano, seu território
estendia-se das proximidades da Ilha de Itamaracá, no litoral pernambucano, até o agreste, no vale do
rio Pajeú.
PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500-1530)
Antes de tudo é preciso dizer que colonizar significa simultaneamente ocupar e cultivar. E foi
exatamente o que fizeram os portugueses: ocuparam o litoral, com o objetivo de garantir a defesa da
colônia, ao mesmo tempo que desenvolveram os recursos de exploração econômica sistemática, com
a adoção de uma agricultura de exploração.
As capitanias hereditárias
O Governo-Geral
Portugal decidiu que seria melhor atuar de forma mais direta no processo colonizador, seja pelo
fracasso generalizado das capitanias, seja pelo sucesso pontual de São Vicente e Pernambuco, que
sozinhas chegaram a produzir mais de 60% do açúcar comercializado mundialmente. Em 1548, por
decisão do rei dom João III, o nobre lusitano Tomé de Souza foi nomeado primeiro governador-geral
da América portuguesa. Suas obrigações estavam explicitadas em um documento simples e direto,
conhecido como Regimento Geral. Nele, o governador – representante direto do rei de Portugal e a
maior autoridade política na colônia – deveria ser responsável pela criação de vilas e cidades, incluindo
Salvador – que seria a sede do governo português na América –, pelo recolhimento de impostos, pela
defesa da colônia, por fazer guerra ou paz com os indígenas, por viabilizar as condições para
catequese e evangelização, por estimular o cultivo da cana-de-açúcar, entre outras tarefas. Em todos
os casos o Regimento Geral aponta para a necessidade de colonizar o Brasil por meio de uma
administração que representasse os interesses da Coroa portuguesa em toda a sua extensão. É
importante destacar que, mesmo sendo uma atuação direta do Estado, o Governo-Geral não anulou
as capitanias hereditárias. Ao contrário, essas duas instâncias administrativas coexistiram até meados
do século XVIII, quando o Marquês de Pombal interviu para a anulação das concessões aos donatários
que não haviam tornado suas capitanias lucrativas, assumindo o controle direto sobre elas, que então
passaram a se chamar capitanias reais. Já os governos- -gerais foram substituídos no início do
século XVIII pelo cargo de vice-rei, logo após a descoberta do ouro nas Minas Gerais.
As Câmaras Municipais
A Coroa portuguesa, no intuito de expandir seu controle sobre a vida dos colonos, instituiu, em
âmbito local, as Câmaras Municipais. Este era um órgão administrativo já conhecido pelos europeus
desde a Idade Média. Na América portuguesa, a primeira Câmara Municipal data de 1532, em São
Vicente, logo após sua elevação à categoria de vila. O que, porém, chama a atenção para as Câmaras
Municipais instaladas na colônia é que, ao contrário de representarem os interesses da metrópole,
acabaram por fazer as vontades e atenderem aos caprichos dos homens poderosos da colônia. As
Câmaras Municipais, também chamadas de “câmaras de homens bons”, acabaram por provocar um
alto grau de descentralização política, na medida em que representavam o poder local, considerado o
“poder de fato” na colônia, e não exatamente o que a Coroa portuguesa, tão distante, decidia. Entre
as regulamentações decididas pelas Câmaras Municipais estavam a criação, o aumento ou a redução
de impostos conforme sua vontade; a contratação de mercenários para a captura de escravos fujões;
a condução de guerra ou de paz com indígenas; a decisão dos valores dos produtos, como carne, sal,
aguardente, farinha de mandioca, entre outras. Essa situação se manteve praticamente inalterada até
o século XVIII, quando, após a descoberta do ouro no interior da colônia, a metrópole portuguesa se
viu obrigada a ser mais exigente quanto à conduta dos colonos. Graças ao êxito do modelo de
plantation instalado na Capitania de Pernambuco no final do século XVI, a América portuguesa se
tornou responsável por boa parte da produção do açúcar mundial. Porém, a partir do início do século
XVII, os preços começaram a cair no mercado internacional. Leia a seguir um texto sobre os engenhos
de açúcar da colônia.
Sociedade
O ambiente social que se organizou no Brasil colônia de certa maneira refletia as condições da
própria metrópole. Nas zonas açucareiras, por exemplo, eram muito limitadas as possibilidades de
ascensão social, a ponto de frequentemente poder-se dizer que eram inexistentes. A segregação social
se justificava pelas próprias condições de acesso à terra – através de concessões diretas do Estado e
de seus representantes – e ao privilégio das elites lusitanas, em qualquer das principais atividades
realizadas em suas colônias. De outro lado, a escravidão, indígena ou africana, impunha uma
disposição prática e também ideológica de desumanização, o que ampliava as dificuldades para a
mobilidade social. Além da estratificação social, a colônia, logo em seu primeiro século de organização,
era igualmente definida como patriarcal e aristocrática. Não só pelas referências herdadas da 15
metrópole mas também pela figura de grande destaque social, político e econômico dos senhores de
engenho. Eles representavam e resumiam os principais traços de uma sociedade com significativas
dificuldades de mobilidade social e de poder concentrado nas mãos de poucos indivíduos.
Além disso, é preciso lembrar o papel exercido pela Igreja católica nas áreas coloniais
portuguesas da América. Principalmente por meio de missionários cristãos. A evangelização e a
catequese cumpriram a dupla tarefa de salvar almas e de prepará-las para as condições impostas pelo
processo colonizador, ensinando as lições da humildade e da submissão. Em particular os jesuítas
destacaram-se na organização de missões, ou seja, de aldeamentos liderados por padres da
Companhia de Jesus, geralmente mais afastados das áreas de colonização, onde era possível
preparar os indígenas não só para a salvação mas muitas vezes também para a formação de leitores,
mestres artesãos, músicos, entre outras atividades notáveis. Não por acaso os jesuítas são tomados
como responsáveis pelos primeiros esforços de educação na colônia. Ao lado dessas aspirações
formadoras que os jesuítas foram capazes de protagonizar, a Igreja também enviou visitações do
Tribunal do Santo Ofício. A primeira incursão ocorreu no final do século XVI – entre 1591 e 1595, com
o objetivo de corrigir as más condutas que se manifestavam na colônia. Os inquisidores foram
responsáveis pela abertura de vários processos que investigaram não só heresias, práticas de magia
ou cultos religiosos apontados como demoníacos mas também – e com maior frequência – “desvios
de conduta” sexual, mau comportamento social e até conflitos pessoais.
SIMULADO.
a) autorizações de Portugal para importação de escravos negros como condição para que os
filhos de donatários tivessem direito ao recebimento de terras.
b) lotes de terra doados pelos donatários ao colono para que fossem explorados.
c) impostos correspondentes ao uso da terra, cujo pagamento possibilitaria posterior aluguel.
d) parcelas de recursos que a Coroa enviava aos donatários para financiar a distribuição das
terras e que deveriam ser pagas a longo prazo.
e) títulos de terra ocupada mediante mecanismo de compra, conforme a Lei de Terras.
7. O principal porto da Capital [de Pernambuco], que é o mais nomeado e freqüentado de navios
que todos os mais do Brasil, (...) está ali uma povoação de 200 vizinhos, com uma freguesia do Corpo
Santo, de quem são os mareantes mui devotos, e muitas vendas e tabernas, e os passos do açúcar,
que são umas lojas grandes, onde se recolhem os caixões até se embarcarem nos navios.
(Frei Vicente do Salvador, "História do Brasil - 1500-627".)
O texto refere-se ao povoado de Recife. A partir do texto, é correto afirmar que um aspecto
histórico que explica a condição do povoado na época foi
a) o investimento feito pelos franceses na sua urbanização.
b) a concorrência econômica com São Vicente, o que justifica seu baixo índice de população.
c) a relação que mantinha com o interior do país, sendo o principal entreposto do comércio
interno da produção de subsistência.
d) o fato de ser próspero economicamente por conta da produção de açúcar para exportação.
e) a presença da Igreja católica, estimulando romarias e peregrinações de devotos.
11. A colonização portuguesa no Brasil perdurou quase 300 anos. A forma de colonização foi
denominada pela historiografia como Antigo Sistema Colonial. Entre as alternativas abaixo assinale as
características desse sistema.
a) Escravidão, produção para o consumo interno e minifúndios
b) Trabalho assalariado, produção industrial e exportação
c) Escravidão, agroexportação e latifúndio
d) Trabalho assalariado, agroexportação e latifúndio
e) Escravidão, produção industrial e exportação
12. Sobre as Capitanias Hereditárias, sistema administrativo adotado no Brasil por iniciativa de
D. João III, é correto afirmar:
a) O sistema já fora experimentado, com êxito, pelos portugueses em suas possessões nas
ilhas atlânticas e marcou o início efetivo da colonização lusa no Brasil.
b) Os donatários tornavam-se proprietários das capitanias através da Carta de Doação, a qual
lhes dava o direito de vendê-las, de acordo com seus interesses.
c) A maioria dos donatários era representante da grande nobreza de Portugal e demonstrava
forte interesse pelo sistema de capitanias.
d) O fracasso do sistema é associado às lutas ocorridas na disputa pelas terras e aos conflitos
com estrangeiros que freqüentavam as costas brasileiras.
13. No Brasil colonial dos séculos XVI-XVII, a estrutura econômica tinha como suporte básico:
14. A implantação da lavoura canavieira no Brasil colonial, em meados do século XVI, deveu-
se, dentre outros fatores a, EXCETO:
15. Quando da chegada dos europeus, em 1500, e durante as três primeiras décadas do
domínio português sobre o Brasil, as relações com os nativos indígenas foram relativamente estáveis
e amistosas, o que permitiu a constituição do chamado "escambo vegetal", através do qual, em troca
de produtos tais como espelhos, aguardente e miçangas, os índios colaboravam com os europeus na
exploração do pau-brasil. A substituição desse trabalho indígena pelo do escravo africano, na
economia colonial, a partir do século XVII, decorreu:
a) Do fato de serem os índios preguiçosos e naturalmente indispostos para o trabalho, o que
diminuía a produtividade e, por consequência, depreciava os lucros coloniais.
b) Da indisposição dos ingleses com o trabalho escravo indígena. Em razão de sua formação
marcadamente cristã, os ingleses horrorizavam-se com a escravização dos índios.
c) Da docilidade dos africanos, que se adaptavam facilmente ao cativeiro e ao trabalho nos
engenhos, diferentemente dos índios que, estimulados pelos jesuítas, protagonizavam constantes
fugas.
d) De uma reação coordenada dos senhores de engenho, que se sentiam prejudicados com a
baixa produtividade do trabalho indígena.
e) De vários aspectos conjugados, entre os quais se ressalta o caráter mercantil da exploração
colonial, a diminuição do número de índios e a reação da Igreja Católica à escravização destes.
16. "Costumam alguns senhores dar aos escravos um dia em cada semana para plantarem
para si, mandando algumas vezes com eles o feitor para que não se descuidem. E isto serve para que
não padeçam fome, nem cerquem cada dia a casa de seu senhor pedindo-lhes a ração de farinha.
Porém não lhes dar farinha nem dia para a plantarem, e querer que sirvam de sol a sol no partido, de
dia e de noite com pouco descanso no engenho, como se admitirá no Tribunal de Deus sem castigo?"
Antonil. "Cultura e Opulência do Brasil por suas drogas e minas". 1711.
17. Durante a maior parte do período colonial a participação nas câmaras das vilas era uma
prerrogativa dos chamados "homens bons", excluindo-se desse privilégio os outros integrantes da
sociedade. A expressão "homem bom" dizia respeito a:
Homens que recebiam a concessão da Coroa portuguesa para explorar minas de ouro e de
diamantes;
Senhores de engenho e proprietários de escravos;
Funcionários nomeados pela Coroa portuguesa para exercerem altos cargos administrativos
na colônia;
Homens considerados de bom caráter, independentemente do cargo ou da função que
exerciam na colônia.
18. Após o insucesso econômico das Capitanias Hereditárias, já que apenas duas capitanias 19
prosperaram, a Coroa Portuguesa instituiu, em 1548, um novo sistema político, que influenciou
profundamente a história político-administrativa do Brasil Colonial, tornando-se a primeira tentativa de
centralização do poder. Esse novo sistema político trata-se...
a) da República.
b) do Reino Unido de Portugal e Algarves.
c) da Monarquia Constitucional.
d) da Regência Trina Permanente.
e) do Governo Geral.
"As águas são muitas e infindas. E em tal maneira [a terra] é grandiosa que, querendo aproveitá-
la, tudo dará nela, por causa das águas que tem.
Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve
ser a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar.
E que não houvesse mais que ter aqui Vossa Alteza esta pousada para a navegação [...], isso
bastava. Mas ainda, disposição para nela cumprir-se - e fazer - o que Vossa Alteza tanto deseja, a
saber o acrescentamento da nossa Santa Fé!"
21. A árvore de pau-brasil era frondosa, com folhas de um verde acinzentado quase metálico e
belas flores amarelas. Havia exemplares extraordinários, tão grossos que três homens não poderiam
abraçá-los. O tronco vermelho ferruginoso chegava a ter, algumas vezes, 30 metros(...)
Náufragos, Degredados e Traficantes(Eduardo Bueno)
Em 1550, segundo o pastor francês Jean de Lery, em um único depósito havia cem mil toras.
23. A organização da agromanufatura açucareira no Brasil Colônia está ligada ao sentido geral
da colonização portuguesa, cuja dinâmica estava baseada na
a) pesada carga de taxas e impostos sobre o trabalho livre, com o objetivo de isentar de tributos
o trabalho escravo.
b) unidade produtiva voltada para a mobilidade mercantil interna, ampliada pelo
desenvolvimento de atividades artesanais, industriais e comerciais.
c) estrutura de produção, que objetivava a urbanização e a criação de maior espaço para os
homens livres da colônia.
d) pequena empresa, que procurava viabilizar a produção açucareira apenas para o mercado
interno.
e) propriedade latifundiária escravista, para atender aos interesses da Metrópole Portuguesa
de garantir a produção de açúcar em larga escala para o comércio externo.
25. Como o governo português não encontrou de imediato os metais preciosos, adotou a
montagem da empresa agrícola açucareira para iniciar a ocupação e a exploração da Colônia. Esta
empresa foi montada:
a) utilizando da policultura e de minifúndios
b) no sistema de plantation
c) servindo-se das haciendas onde a produção era voltada para o mercado interno
d) adotando as mesmas técnicas de produção agrícola dos tupis, em que prevaleciam a
queimada e o trabalho livre dos nativos
e) no sistema produtivo capitalista, onde a mão-de-obra predominante foi a assalariada, que
era bem mais em conta do que a dos escravos africanos
O BRASIL HOLANDÊS
As duas nações ibéricas viviam momentos desiguais: a Espanha era uma nova potência, em
franco processo de expansão, alavancado pela prata americana; enquanto Portugal, ao contrário,
parecia perder forças diante das inúmeras dificuldades que se apresentavam em seu império – grande
demais para se sustentar. Todos os herdeiros ao trono português, filhos de dom João III, morreram
antes do próprio pai. No limite do desespero, depositaram suas esperanças no infante dom Sebastião,
neto de dom João III, apelidado ainda no ventre de sua mãe de “o Desejado”.
Dom Sebastião foi coroado precocemente, com apenas 17 anos. Durante seu curto reinado, os
portugueses alimentaram a esperança de se verem uma vez mais em condições de determinar o
próprio curso da história, mas não foi isso o que aconteceu. Inspirado por forte sentimento religioso e
um anacrônico projeto de cruzada, dom Sebastião decidiu fazer guerra contra os islâmicos no norte da
África. Com apaixonado apoio popular, dom Sebastião investiu contra Alcácer-Quibir – localizada no
território do atual Marrocos – em 1578 e desapareceu misteriosamente em meio à batalha, perdido nas
areias do deserto.
Dom Sebastião, por não ter se casado e, portanto, sem deixar herdeiro que pudesse assumir o
trono português, deixou o reino lusitano órfão. Em seu lugar, o trono de Portugal foi ocupado pelo seu
tio-avô, o cardeal dom Henrique, que faleceu em 1580, também sem deixar herdeiros. 21
A morte de dom Henrique, abriu a oportunidade de reivindicação de Felipe II, rei da Espanha, ao
trono lusitano. O monarca espanhol tinha prerrogativas de parentesco com os monarcas lusitanos. Assim,
em 1580, sem alternativas ou forças que pudessem resistir à sua iniciativa, Portugal viu Felipe II de Espanha
ser coroado rei, com o título de Felipe I de Portugal. De 1580 até 1640, o rei da Espanha passou a ser, ao
mesmo tempo, rei de Portugal, dando origem ao período conhecido como “União Ibérica”.
Brasil holandês
Na virada do século XVI, os chamados Países Baixos eram uma reunião de poderosas províncias,
como Holanda, Brabante, Zelândia e Utrecht. A burguesia que atuava na região era dotada de um
pragmatismo singular, levando os interesses mercantis mais a sério que as disputas políticas ou religiosas.
Para completar, a região inteira dos Países Baixos havia pertencido aos espanhóis. Mas eram tantas as
indisposições com o reinado de Felipe II, visto como tirânico e intolerante, que, em 1579, foi assinada a
União de Utrecht e, em 1581, as províncias proclamaram sua autonomia em relação à Espanha.A reação
do rei espanhol foi imediata. Felipe II proibiu os holandeses de comercializarem produtos das colônias
espanholas, inclusive o Brasil.
Portugal e Holanda tinham firmado sua parceria comercial desde o século XV, quando os lusitanos
começaram a desenvolver a produção de cana-de-açúcar, ainda nas ilhas atlânticas, próximas à África.
Desde aquela época cabia aos holandeses realizar investimentos em todas as etapas do processo produtivo
açucareiro, desde a produção até o refino, passando por participações no transporte para a Europa, no
tráfico de escravos e no aparelhamento dos engenhos. Portanto, os lucros dos holandeses com a produção
e o comércio de açúcar dos portugueses era imenso, de tal modo que o embargo imposto pela Espanha
significava grandes prejuízos.
Os holandeses através de um a parceria de capitais privados e do estado, organizaram a poderosa
Companhia das Índias Orientais em 1602 e partiram para a conquista dos territórios produtores de
mercadorias primarias: as Moluscas, Senegal, Indonésia, Cabo Verde, Costa do Ouro, etc. Todas as
possessões do império espanhol.
Em 1621, fundaram a Companhia das Índias Ocidentais (West-IndischeCompagnie, ou simplesmente 1
WIC), para conquistar e monopolizar o comércio com a América e áfrica Ocidental. A primeira investida
holandesa ocorreu em 1624, na Bahia. Com 26 navios centenas de canhões e mais de três mil homens a
cidade de Salvador foi tomada. Em 1625, porém, uma esquadra luso-espanhola retomou a capital da colônia
“Jornada dos Vassalos”.
A Holanda agora voltava seus olhos para a capitania de Pernambuco. A invasão começou em 1630
e durariam 24 anos. O primeiro período da invasão, de 1630-1637, caracterizava-se pela resistência das
forças luso-brasileiras comandadas por Matias de Albuquerque. Nestes sete anos de resistência
destacaram-se os esforços do arraial de Bom Jesus, o centro das investidas contra os holandeses.
Num segundo período, de 1637 a 1644, holandeses e colonos celebraram uma relativa paz. O conde
João Mauricio de Nassau-Siegen chegou ao recife em 1637 para administrar o território conquistado. Nassau
adotou varias medidas políticas e administrativas com o objetivo de retomar a produção do açúcar: venda a
credito dos engenhos abandonados durante as lutas de resistência, medidas de regularização do
abastecimento de alimentos, a retomada do abastecimento de escravos através do domínio sobre o
entreposto de São Jorge da Mina (África).
O governo Nassau caracterizou-se ainda pela tolerância religiosa, estimulo a cultura e a ciência
favorecida com a vinda de artistas e paisagistas holandeses, além dos melhoramentos arquitetônicos e
urbanísticos do Recife.
1
A companhia buscou sanar seus prejuízos aumentando a exploração sobre os seus domínios no
Brasil: aumentou os preços dos transportes e dos impostos sobre o açúcar e passou a exigir dos
proprietários o pagamento das dividas, sob pena de confiscar os engenhos dos devedores.
As tensões cresceram quando os calvinistas adotaram uma política de intolerância religiosa. A
insurreição explodiu em 1645 e só acabou em 1654 com a expulsão dos holandeses. A luta foi morosa, até
que explodiu na Europa a guerra entre Holanda e Inglaterra, facilitando em fim a vitória dos isurretos. Pela
assinatura pela paz de Haia em 1661, os holandeses finalmente reconheceram a hegemonia lusitana sobre
o Brasil do açúcar. Para o Brasil a consequência mais importante da expulsão dos holandeses foi uma
profunda crise econômica provocada pela concorrência do açúcar que os batavos passaram a produzir nas
Antilhas.
SIMULADO
1."Foi assim possível dispor um segundo ataque ao Brasil, desta vez contra uma capitania mal
aparelhada na sua defesa, mas a principal e a mais rica região produtora de açúcar do mundo de então.
Existiam aí e nas capitanias vizinhas mais de 130 engenhos que, nas melhores safras, davam mais de mil
toneladas do produto."
(J. A. Gonçalves de Mello.)
O texto refere-se à
a) Guerra dos Mascates.
b) invasão francesa.
c) invasão holandesa.
d) Revolta de Beckman.
e) invasão inglesa.
2. Asinvasões holandesas foram o maiorconflito político-militar da colônia (Brasil) (...) Elas (...)
fizeram parte do quadro das relaçõesinternacionaisentre os paíseseuropeus (...). 2
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 2000, p. 84)
Com o auxílio do texto citado, assinale C (CORRETO) e I (INCORRETO) paracada uma das
afirmativas.
Você obteve
A) I, I, C e I.
B) I, C, C e I.
C) C, I, I e C.
D) C, C, I e C.
6. Havia laços comerciais entre Portugal e Holanda de grande valia para estruturação da produção
do açúcar no Brasil. Essa atuação da Holanda:
7. A presença holandesa atingiu Pernambuco no século XVII, trazendo modificações na sua cultura
e na vida social. Na época da administração de Maurício da Nassau:
A) Olinda e Recife se modernizaram, com a constante construção de obras urbanas e ampliação da
população estrangeira.
B) muitos engenhos de açúcar recuperaram sua produção, apesar de permanecerem algumas
dificuldades.
C) o Recife foi remodelado e sua população cresceu com rapidez, mesmo com a proibição da entrada
de judeus.
D) a economia se fortaleceu embora tivesse sido proibida a importação de escravos.
E) as reformas urbanas favoreceram apenas os lugares habitados pelos holandeses.
8. Leia o texto.
"Nassau chegou em 1637 e partiu em 1644, deixando a marca do administrador. Seu período é o
mais brilhante de presença estrangeira. Nassau renovou a administração (...) Foi relativamente tolerante
com os católicos, permitindo-lhes o livre exercício do culto. Como também com os judeus (depois dele não
houve a mesma tolerância, nem com os católicos e nem com os judeus - fato estranhável, pois a Companhia
das Índias contava muito com eles, como acionistas ou em postos eminentes). Pensou no povo, dando-lhe
diversões, melhorando as condições do porto e do núcleo urbano (...), fazendo museus de arte, parques
botânicos e zoológicos, observatórios astronômicos".
(Francisco lglésias)
Esse texto refere-se
a) à chegada e instalação dos puritanos ingleses na Nova lnglaterra, em busca de liberdade religiosa.
b) à invasão holandesa no Brasil, no período de União lbérica, e à fundação da Nova Holanda no
nordeste açucareiro.
c) às invasões francesas no litoral fluminense e à instalação de uma sociedade cosmopolita no Rio
de Janeiro.
d) ao domínio flamengo nas Antilhas e à criação de uma sociedade moderna, influenciada pelo
Renascimento.
e) ao estabelecimento dos sefardins, expulsos na Guerra da Reconquista lbérica, nos Países Baixos
e à fundação da Companhia das Índias Ocidentais.
9. No período compreendido entre os anos de 1624 e 1654, o Brasil-colônia foi alvo de duas tentativas
de conquista por parte da Companhia das Índias Ocidentais, importante empresa mercantil dos Países-
Baixos (Holanda). Sobre a conjuntura do domínio holandês no Brasil, é correto afirmar que:
soma = ( ) 4
10. Acerca da presença dos holandeses no Brasil, durante o período colonial, assinale a alternativa
correta.
a) Garantiram a manutenção do direito e liberdade de culto, tabelaram os juros e financiaram
plantações.
b) Perseguiram judeus e católicos através do Tribunal do Santo Ofício.
c) Aceleraram o processo de unificação política entre Espanha e Portugal.
d) Criaram, no Brasil, instituições de crédito, financiando a industrialização contra os interesses
ingleses.
e) Visavam à ocupação pacífica do Nordeste.
11. Dentre as conseqüências da expulsão dos holandeses do Brasil no século XVII, destacamos:
a) o crescimento da produção açucareira, graças às novas técnicas aprendidas com os holandeses.
b) o desaparecimento da oposição senhor e escravo, em função da luta contra o invasor batavo.
c) o declínio da produção açucareira do nordeste, devido à concorrência do açúcar holandês
produzido nas Antilhas.
d) o alinhamento de Portugal à França, potência hegemônica da época.
e) o abrandamento das restrições do pacto colonial e a concessão de maior liberdade de comércio.
12. O Quilombo dos Palmares passou para a história como símbolo da resistência negra, sediado na
Serra da Barriga, no atual Estado de Alagoas. Esta experiência existiu porque:
a) os holandeses dominaram o Nordeste e não tinham interesse no escravo africano.
b) os paulistas começaram a apresar o índio e a vendê-lo para as lavouras, suprimindo o braço
escravo.
c) as invasões holandesas permitiram a fuga dos escravos negros porque desorganizavam as
fazendas, nos primeiros tempos.
d) a fuga era a única saída para os quilombos auxiliados pelos jesuítas.
e) os escravos africanos foram estimulados pelos Bandeirantes, que pretendiam valorizar a mão-de-
obra indígena.
13. Constituíram importantes fatores para o sucesso da lavoura canavieira no início da colonização
do Brasil:
a) o domínio espanhol, que possibilitou o crescimento do mercado consumidor interno.
b) o predomínio da mão-de-obra livre com técnicas avançadas.
c) o financiamento, transporte e refinação nas mãos da Holanda e a produção a cargo de Portugal.
d) a expulsão dos holandeses que trouxe a imediata recuperação dos mercados e ascensão
econômica dos senhores de engenho.
e) a estrutura fundiária, baseada na pequena propriedade voltada para o consumo interno.
14. A morte de Dom Henrique, no início do ano de 1580, provocou uma crise de sucessão no trono
português, abrindo o caminho para sua conquista pelo soberano espanhol, Felipe II. A união entre os dois
reinos ibéricos durou sessenta anos e, para o Brasil, esse período foi marcado pelo (pela):
a) conquista do norte da colônia, em busca do domínio do estuário do rio da Prata, com a fundação
da Colônia do Sacramento.
b) adoção da escravização indígena e início da exploração do ouro em Minas Gerais.
c) a expansão da economia mineradora e expulsão dos jesuítas.
d) abertura dos portos às nações amigas e início da industrialização.
e) a expansão da ocupação interna do território e incremento das entradas e bandeiras.
15. A administração de Maurício de Nassau, no Brasil Holandês, foi importante, pois, entre outras
realizações:
a) eliminou as divergências existentes com os representantes da Companhia das Índias Ocidentais.
b) criou condições para que a Reforma Luterana se afirmasse no Nordeste.
c) promoveu a efetiva consolidação do sistema de produção açucareira.
d) integrou o sistema econômico baiano ao de Pernambuco.
e) realizou alterações na estrutura fundiária, eliminando os latifúndios.
16. "Motivos por que a Companhia das Índias Ocidentais deve tentar tirar ao rei da Espanha a terra 5
do Brasil e lista de tudo o que o Brasil pode produzir anualmente".
Este título de livro da época nos dá uma visão do espírito que norteou o movimento das invasões
holandesas. Sobre estas podemos afirmar que
a) a política de invasões dos holandeses visava restabelecer o protecionismo ao comércio colonial,
porque os produtos brasileiros só podiam ser comprados pelos comerciantes espanhóis.
b) a criação da Companhia das Índias Ocidentais visava romper o bloqueio econômico português
que impedia o livre comércio do açúcar.
c) os planos dos holandeses visavam à reapropriação dos lucros da distribuição e venda do açúcar
brasileiro, prejudicados pela dominação filipina sobre Portugal.
d) a hegemonia holandesa já estava estabelecida na Europa e era necessário agora ocupar a área
açucareira com trabalhadores livres.
e) os espanhóis, ao dominarem o Brasil, pretendiam desenvolver uma colonização fora do sistema
mercantilista, e isto era lesivo aos interesses da Companhia das Índias Ocidentais.
17. No século XVII, as invasões do nordeste brasileiro pelos holandeses estavam relacionadas às
mudanças do equilíbrio comercial entre os países europeus porque:
a) a Holanda apoiava a união das monarquias ibéricas.
b) a aproximação entre Portugal e Holanda era uma forma de os lusos se liberarem da dependência
inglesa.
c) as Companhias das Índias Orientais e Ocidentais monopolizavam o escambo do pau-brasil.
d) os holandeses tinham grandes interesses no comércio do açúcar.
e) Portugal era tradicionalmente rival dos holandeses nas guerras européias.
18. "...de sistema econômico de alta produtividade, em meados do Século XVII, o Nordeste foi-se
transformando progressivamente numa economia em que grande parte da população produzia apenas o
necessário para subsistir. Muitos colonos, à procura de meios de sobrevivência, migraram para o interior,
contribuindo para a dilatação das fronteiras."
A Pecuária
A primeira corrente de penetração para o interior da colônia foi lastreada pela pecuária bovina. A
criação de gado surgiu no Brasil como uma atividade econômica complementar à produção do açúcar. O
gado era criado em currais dentro do engenho. Era o chamado “gado de quintal”, utilizado como tração
animal e alimento. Num segundo momento, ainda durante o século XVI, a exigência por mais terras para a
ampliação da lavoura de cana-de-açúcar provocaria o deslocamento do criatório para áreas vizinhas à zona
do açúcar. Mesmo delimitadas espacialmente, as duas atividades continuavam relacionadas
economicamente. A partir do inicio do século XVII o gado bovino dispersou-se pelos sertões mais longínquos
do Nordeste. Agora como uma atividade independente da lavoura de açúcar. Na criação, predominava o
trabalho de negros libertos, mestiços livres e brancos pobres.
As Drogas do Sertão
Drogas do sertão eram produtos extraídos da floresta amazônica nos séculos XVII e XVIII, como o
cacau, guaraná, castanha-do-pará, o gengibre, o óleo de copaíba, o urucum, a salsaparrilha e a baunilha,
entre outros.
Destinavam-se a substituir no mercado europeu as drogas e especiarias das Índias, cujo monopólio
os portugueses perderam, ainda no século XVI, para comerciantes de outras nacionalidades. Nos séculos
XVI e XVII, a exploração da região amazônica acabou surgindo como uma solução para o papel econômico
anteriormente desempenhado pelas especiarias indianas. 6
A busca desses produtos foi importante fator de estímulo à colonização do Pará e da região do rio
Negro, no Amazonas. os jesuítas estabeleceram missões na região e passaram a coletar drogas do sertão,
utilizando mão de obra indígena. Entretanto, havia um impasse em relação ao emprego da mão de obra
indígena. De uma parte, os padres jesuítas, que empreendiam a catequização dos índios, valiam-se do
trabalho livre indígena. De outra parte, havia os colonos sertanistas, também interessados nas especiarias
e que também se valiam da mão de obra indígena, porém, escravizando-os.
As missões religiosas
Os jesuítas (padres missionários católicos) começaram a chegar ao Brasil por volta de meados do
século XVI. Eram integrantes, principalmente, da Companhia de Jesus, que tinha metas principais difundir
o catolicismo nas terras recém-descobertas (América e África) e fazer a catequização dos povos nativos
(indígenas). Entre os principais padres jesuítas missionários que vieram ao Brasil neste período, podemos
citar: Padre José de Anchieta e Padre Manoel da Nobrega.
Para facilitar o processo de catequização dos índios no Brasil, os jesuítas organizaram aldeamentos,
que também eram chamados de missões ou reduções. Embora estas missões fossem encontradas por
quase todas as áreas do Brasil, foi nas regiões Norte e Sul que elas estiveram presentes em maior número.
Além dos jesuítas, também vieram para o Brasil, com o objetivo de catequizar índios, padres de
outras ordens religiosas como os franciscanos, os beneditinos e os carmelitas.
As palavras entradas, bandeiras e monções são utilizadas para designar, genericamente, os diversos
tipos de expedições empreendidas à época do Brasil Colonial, com fins tão diversos quanto a simples
exploração do território, a busca de riquezas minerais, a captura de indígenas, para escravizá-los, ou de
africanos escravizados fugitivos, e o ataque e destruição de tribos ou populações tidas pelos assentamentos
coloniais como hostis ou indesejadas.
● as bandeiras foram iniciativas de particulares, que, com recursos próprios, buscavam a obtenção
de lucro. Seus membros ficaram conhecidos como bandeirantes. Houve três tipos de bandeiras: as de tipo
apresador, para a captura de índios (chamado, indistintamente, "o gentio") para vender como escravos; as
de tipo prospector, voltadas para a busca de pedras ou metais preciosos e as de sertanismo de contrato,
para combater índios e negros (quilombos).
● as monções eram expedições fluviais paulistas que partiam geralmente do Rio Tietê, com destino
às áreas de mineração, com a finalidade de abastecê-las . As canoas levavam mantimentos, ferramentas,
armas, munições, tecidos, instrumentos agrícolas e escravos negros, entre outras mercadorias para serem
comercializados nos povoados, arraiais e vilas do interior. Na volta, traziam principalmente ouro e peles. Há
que considerar ainda o aspecto particular desse fenômeno na região amazônica, em busca não apenas do
extrativismo das chamadas drogas do sertão, mas também em busca do apresamento do próprio indígena.
SIMIULADO
2. Qual das atividades econômicas do período colonial brasileiro mais contribuiu para o
desbravamento do vale amazônico? 7
a) a pecuária bovina, de caráter extensivo, destinada à produção do charque.
b) a mineração de diamantes e a exploração do ouro de aluvião.
c) a produção de tabaco destinada ao comércio de escravos na áfrica.
d) a exploração das chamadas drogas do sertão.
e) a monocultura algodoeira e o plantio de arroz nos vales alagados.
3. A partir de 1750, com os Tratados de Limites, fixou-se a área territorial brasileira, com pequenas
diferenças em relação a configuração atual. A expansão geográfica havia rompido os limites impostos pelo
Tratado de Tordesilhas. No período colonial, os fatores que mais contribuíram para a referida expansão
foram:
a) criação de gado no vale do São Francisco e desenvolvimento de uma sólida rede urbana.
b) apresamento do indígena e constante procura de riquezas minerais.
c) cultivo de cana-de-açúcar e expansão da pecuária no Nordeste.
d) ação dos donatários das capitanias hereditárias e Guerra dos Emboabas.
e) incremento da cultura do algodão e penetração dos jesuítas no Maranhão.
4. Personagem atuante no Brasil colônia, foi "fruto social de uma região marginalizada, de escassos
recursos materiais e de vida econômica restrita (...)", teve suas ações orientadas "ou no sentido de tirar o
máximo proveito das brechas que a economia colonial eventualmente oferecia para a efetivação de lucros
rápidos e passageiros em conjunturas favoráveis - como no caso da caça ao índio - ou no sentido de buscar
alternativas econômicas fora do quadro da agricultura voltada para o mercado externo (...)".
Carlos Henrique Davidoff, 1982.
5. A Igreja Católica teve papel relevante no processo de colonização, que pode ser constatado:
a) na Catequese que, promovendo a integração do índio aos padrões europeus e cristãos, favoreceu
a sua emancipação.
b) na Educação, através das Ordens Religiosas, a Igreja monopolizou as instituições de ensino até
o século XVIII.
c) nas Missões, que, ao reunirem os contingentes indígenas, facilitavam o fornecimento de mão-de-
obra para a lavoura.
d) na defesa das Fronteiras, sendo as missões a primeira defesa por onde penetraram estrangeiros
no Brasil.
e) na administração, ocupando o clero a maior parte dos cargos públicos que exigiam melhor nível
de instrução.
7. Sobre a pecuária na vida brasileira durante o Período Colonial, é correto afirmar que:
(01) No século XVIII, a pecuária no Sul do Brasil não teve qualquer relação com o surto minerador
das Minas Gerais.
(02) A atividade pecuária foi muito importante para a expansão do território brasileiro. 8
(04) Era realizada desde o século XVI na costa nordestina, coexistindo lado a lado com a produção
açucareira.
(08) Graças à pecuária, a existência de carne e leite no sertão nordestino amenizava a dura vida dos
sertanejos, e o couro lhes era matéria-prima fundamental.
(16) Cidades como Feira de Santana, na Bahia, e Sorocaba, em São Paulo, eram importantes centros
de comercialização de gado.
(32) No Rio Grande do Sul, o charque tornou-se grande fonte de renda.
Soma = ( )
9. Durante o período colonial, havia atritos entre os padres jesuítas e os habitantes locais porque os:
a) colonos eram ateus belicosos, e os jesuítas, pacíficos católicos.
b) religiosos pretendiam escravizar tanto o negro como o índio e os colonos lutavam para receber
salários dos capitães donatários.
c) colonos desejavam escravizar o negro e os jesuítas se opunham.
d) religiosos preocupavam-se com a integração dos indígenas no mercado de trabalho assalariado e
os colonos queriam escravizá-los.
e) colonos pretendiam escravizar os indígenas e os padres eram contra, pois queriam aldeá-los em
missões.
10. "Na primeira carta disse a V. Rev. a grande perseguição que padecem os índios, pela cobiça dos
portugueses em os cativarem. Nada há de dizer de novo, senão que ainda continua a mesma cobiça e
perseguição, a qual cresceu ainda mais.
No ano de 1649 partiram os moradores de São Paulo para o sertão, em demanda de uma nação de
índios distantes daquela capitania muitas léguas pela terra adentro, com a intenção de os arrancarem de
suas terras e os trazerem às de São Paulo, e aí se servirem deles como costumam."
(Pe. Antônio Vieira, CARTA AO PADRE PROVINCIAL, 1653, Maranhão.)
11. "Pouco fruto se pode obter deles se a força do braço secular não acudir para domá-los. Para
esse gênero de gente, não há melhor pregação do que a espada e a vara de ferro." (José de Anchieta.
Pedro Casaldáliga in "Na Procura do Reino")
15. A expansão do território das terras portuguesas na América se deu, entre outros fatores, pela
ação das entradas e das bandeiras. Sobre essas expedições, é CORRETO afirmar que:
a) A relação entre bandeirantes e povos indígenas era extremamente pacífica.
b) As bandeiras ocorreram apenas na região norte do País.
c) Os jesuítas nunca entraram em confronto com os bandeirantes e até ajudavam na conquista de
povos indígenas.
d) Nunca existiu uma bandeira com o objetivo de acabar com quilombos.
e) Entre os objetivos dos bandeirantes estavam a caça de indígenas e a procura de metais preciosos.
17. Em 1694, uma expedição chefiada pelo bandeirante Domingos Jorge Velho foi encarregada pelo
governo metropolitano de destruir o quilombo de Palmares. Isto se deu porque:
a) os paulistas, excluídos do circuito da produção colonial centrada no Nordeste, queriam aí
estabelecer pontos de comércio, sendo impedidos pelos quilombos.
b) os paulistas tinham prática na perseguição de índios, os quais aliados aos negros de Palmares
ameaçavam o governo com movimentos milenaristas.
c) o quilombo desestabilizava o grande contingente escravo existente no Nordeste, ameaçando a
continuidade da produção açucareira e da dominação colonial.
d) os senhores de engenho temiam que os quilombolas, que haviam atraído brancos e mestiços
pobres, organizassem um movimento de independência da colônia.
e) os aldeamentos de escravos rebeldes incitavam os colonos à revolta contra a metrópole visando
trazer novamente o Nordeste para o domínio holandês.
19. (Univali-SC) As expedições chamadas de Entradas e Bandeiras tinham como objetivo a procura
de riquezas minerais e/ou a caça ao índio para escravizá-lo e vendê-lo no litoral. O papel histórico das
Entradas e Bandeiras pode ser assim resumido:
a) Determinaram a ocupação efetiva do interior do Brasil e deram ao nosso país sua atual
configuração geográfica.
b) Contribuíram para a implantação de uma nova política colonizadora, aproximando índios e
colonos.
c) Iniciaram aproveitamento verdadeiro das terras agrícolas do oeste mudando a situação econômica
da Colônia.
d) Por razões políticas e econômicas, contribuíram para a mudança da capital do Vice-Reino do Rio
de Janeiro para a Bahia.
e) Respeitaram o Meridiano de Tordesilhas, evitando, assim, conflitos armados entre portugueses e
espanhóis.
20. (UFU) A atividade bandeirante marcou a atuação dos habitantes da Capitania de São Vicente
entre os séculos XVI e XVIII. A esse respeito, assinale a alternativa correta:
a) Buscando capturar o índio para utilizá-lo como mão de obra, ou para descobrir minas de metais e
pedras preciosas, o chamado bandeirismo apresador e o prospector foram importantes para a ampliação
dos limites geográficos do Brasil colonial.
b) As bandeiras eram empresas organizadas e mantidas pela Metrópole, com o objetivo de conquistar
e povoar o interior da colônia, assim como garantir, efetivamente, a posse e o domínio do território.
c) As chamadas bandeiras apresadoras tinham uma organização interna militarizada e eram
compostas exclusivamente por homens brancos, chefiados por uma autoridade militar da Coroa.
d) O que explicou o impulso do bandeirismo do século XVII foi a assinatura do tratado de fronteiras
com a Espanha, que redefiniu a linha de Tordesilhas e abriu as regiões de Mato Grosso até o Rio Grande
do Sul, possibilitando a conquista e a exploração portuguesa.
e) Derivado da bandeira de apresamento, o sertanismo de contrato era uma empresa particular,
organizada com o objetivo de pesquisar indícios de riquezas minerais, especialmente nas regiões de Mato
Grosso e Minas Gerais. 11
Um denso e longo episódio da história do Brasil Colonial que mostra que os índios não ficaram
passivos diante da colonização e, mesmo em situação adversa, surpreenderam pela ousadia, coragem e
persistência. Em muitos momentos, chegaram a ter sucesso militar, apesar de sua inferioridade bélica. Uma
guerra pela ocupação dos sertões nordestinos, ente 1650 e 1720, e que levou ao massacre impiedoso de
diversas tribos. Um dos fatos mais cruéis e menos conhecido de nossa história mas com muitos nomes:
Guerra do Açu, Guerra dos Bárbaros, Confederação dos Cariris e Guerra do Recôncavo.
A ação e reação dos indígenas frente à invasão de suas terras pelos colonos variaram ao longo de
todo período colonial: alianças (quase sempre temporárias), resistência feroz, guerra aberta, fuga para o
interior entre outras. Contudo, fosse qual fosse a atitude, todas tiveram um impacto negativo sobre as
sociedades indígenas, contribuindo para a desorganização social e o declínio demográfico dos povos
nativos. (MONTEIRO, 1994). Os portugueses classificavam os indígenas em dois grandes grupos genéricos:
tupis e tapuias. Os tupis englobavam todas as sociedades litorâneas e eram considerados, em geral, mais
amistosos e de fácil contato e colaboração.
Os tapuias eram o inverso: ferozes, não aceitavam “a civilização”. A imagem pejorativa dos ditos
tapuias contribuiu para o desconhecimento desses grupos que hoje sabemos serem diversos na língua, nos
costumes e tradições. Deles restaram informações superficiais e incompletas que os estudiosos se esforçam
por separar as reais das imaginárias. O pintor holandês Albert Eckhout representou as supostas diferenças
entre tupis e tapuias em enormes telas, hoje pertencentes ao Museu Nacional da Dinamarca. Uma análise
comparativa das figuras retratadas permite compreender a visão estereotipada dos europeus sobre os
nativos brasileiros. A relação dos holandeses com os indígenas foi, intencionalmente, na contramão dos
portugueses buscando aliança com as tribos tapuias, inimigas dos colonos. Isso serviu para aumentar a
animosidade entre portugueses e tapuias, e a reforçar a falsa dicotomia que os europeus dividiram as
populações indígenas brasileiras.
Após a expulsão dos holandeses do Nordeste açucareiro (1654), os colonos tiveram que enfrentar
duas sérias ameaças à colonização portuguesa: os negros quilombolas de Palmares e as belicosas tribos
Cariris, consideradas “traidoras” por terem se aliado aos invasores holandeses. A guerra contra essas 13
últimas é um dos fatos mais cruéis e menos conhecido de nossa história.
Os Cariris habitavam, inicialmente, o litoral nordestino, do Maranhão ao sul da Bahia. De lá foram
expulsos pelos Tupiniquim e, depois pelos Tupinambás. Quando alcançaram o interior, dividiram-se em
diversas tribos: tarairiú, janduís, paiacus, canindés, surucus, icós entre outras. Foram elas que formaram a
chamada Confederação dos Cariris, um termo dado pelos europeus. Tal aliança, contudo, mudava de acordo
com a dinâmica interna dos diversos grupos. Os Janduís, por exemplo, que apoiaram os holandeses na
ocupação do nordeste, combateram ao lado dos portugueses em 1699 quando perpetraram a matança de
400 Paiacus e aprisionaram outros 250 incluindo crianças e mulheres. O apoio desses grupos indígenas aos
holandeses, contudo, contribuiu para estigmatizá-los como índios traidores e não confiáveis. Eram descritos
como selvagens, bestiais, infiéis, traiçoeiros, canibais e poligâmicos – enfim, “bárbaros, segundo a visão
etnocêntrica e pejorativa que os europeus tinham dos indígenas inimigos.
Esses argumentos foram usados nas petições dos colonos para justificar a “guerra justa” contra os
nativos – situação que favorecia o apresamento dos índios para serem vendidos como escravos aos
engenhos do litoral e dava o direito de solicitar, junto às autoridades coloniais, terras nas áreas onde eram
travados os combates contra o “gentio bárbaro”. A expansão da pecuária pelo agreste e sertão nordestino
demandava cada vez mais amplos para abastecer de carne e couro as cidades litorâneas do Nordeste e as
crescentes vilas e cidades mineiras. Assim, a “guerra justa” serviu de pretexto para atender a interesses dos
colonos: montagens de fazendas de gado, doações de sesmarias e captura de escravos. Não foi, contudo,
um empreendimento fácil: a ocupação do sertão da Bahia ao Maranhão levou a confrontos sangrentos
marcados por violências de ambos os lados e a uma guerra que se prolongou por setenta anos.
Os conflitos tiveram início na expulsão dos holandeses e ganharam tamanha dimensão que os
colonos e autoridades deixaram de lado os ataques ao Quilombo de Palmares para concentrar os esforços
contra os indígenas. O primeiro episódio da Guerra dos Bárbaros, chamado de Guerra do Recôncavo,
ocorreu no interior da Bahia entre 1651 e 1679 gerando os confrontos da serra do Orobó, Aporá e do rio São
Francisco. O governador-geral, Francisco Barreto de Meneses – famoso por ter liderado os colonos nas
Batalhas de Guararapes (1648-1649) contra os holandeses – enviou duas companhias para reprimir os
“bárbaros”: os índios aliados que compunham o Terço de Filipe Camarão e os negros do Terço de Henrique
Dias. As tropas enviadas contra os índios eram compostas por mais de 50% de índios aliados. Foram
arregimentados, ainda, condenados, vadios e degredados com a promessa de perdão para aqueles que
combatessem os “bárbaros”. Tais efetivos, contudo, não conseguiram derrotar a enorme resistência
oferecida pelos Cariris. Em 1675, Francisco Barreto de Meneses escreveu ao capitão-mor de São Vicente
para acertar um contrato com os sertanistas paulistas. Estava convencido de que somente a experiência
dos bandeirantes poderia “pacificar” a região.
Inicialmente, os índios levaram a melhor. Eram mais numerosos e conheciam os áridos solos do
sertão nordestino. Ao contrário dos portugueses, eles não precisavam carregar pesados mantimentos, já
que estavam habituados a se alimentar de frutos, mel, caça e pesca. Além disso, adotavam táticas
estranhas aos militares europeus, deixando as autoridades completamente aturdidas. “A guerra destes
Bárbaros é irregular e diversa das mais nações porque não formam exércitos nem apresentam batalhas na
campanha, antes são de salto as suas investidas, ora em uma, ora em outra parte, já juntos, já divididos”,
descreveu em 1688 o arcebispo governador do Brasil, frei Manuel da Ressurreição. A vantagem dos
nativos criou um clima de pânico entre os colonos, que ameaçavam abandonar a terra. O comportamento
“selvagem” dos inimigos agravava a sensação de medo.
O segundo episódio da Guerra dos Bárbaros foi ainda mais violento e estendeu-se pelo território
compreendido por Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Paraíba. O período mais crítico dessa fase
ocorreu entre os anos 1687 e 1693. Em 1687, os índios realizaram um ataque surpresa violento que matou
muitos colonos, milhares de cabeças de gado e destruiu fazendas na capitania do Rio Grande (do Norte). O
governador-geral Mathias da Cunha pediu ajuda ao governador de Pernambuco, João da Cunha Souto 14
Maior, e ao capitão-mor da Paraíba, Amaro Velho de Sequeira para que enviassem pessoal, armas, munição
e mantimentos. Tais efetivos, contudo, não foram suficientes para combater a enorme resistência dos Cariris.
Novamente foram convocados os índios do Terço de Felipe Camarão e os negros do Terço de Henrique
Dias.
Mas o elemento determinante para o sucesso português nos combates foi a entrada dos bandeirantes
paulistas a partir de 1688. Domingos Jorge Velho que já se encontrava no Nordeste para combater o
Quilombo dos Palmares, foi convencido a suspender o ataque aos quilombolas e a mudar de rota para
enfrentar os Cariris. A força dos índios, neste momento, era assustadora pois reuniam um maior número de
tribos. Além disso, estavam usando cavalos e armas de fogo que haviam tomado dos colonos e aprenderam
a manusear. Os Janduís conseguiam obter as armas através do comércio com piratas no litoral. Diante da
grande resistência dos índios, a guerra foi tomando um caráter cada vez mais explícito de extermínio.
Em carta endereçada ao bandeirante Domingos Jorge Velho, o governador-geral Mathias da Cunha
foi incisivo: “Espero que Vossa Mercê me repita novas de outros maiores sucessos, até finalmente me vir a
última, e mais gloriosa de ser ter acabado a guerra, e ficarem totalmente extintos os Bárbaros” (DIAS, 2002).
Assim, se a princípio, os bandeirantes foram seduzidos pelo apresamento de indígenas, passam a ser
recompensados, principalmente, com honrarias e terras (sesmarias). Em 1692, ocorreu um ponto de virada
na guerra: a celebração do primeiro Tratado de Paz entre colonizadores e indígenas na América portuguesa.
Por iniciativa do chefe Canindé, dos Janduís, estabeleceu-se uma aliança pela qual estes se comprometiam
a fornecer cinco mil guerreiros para lutar junto aos portugueses contra invasores europeus ou tribos hostis,
além de certo número de trabalhadores para as fazendas de gado. Em troca, recebiam uma área de 10
léguas quadradas e sua liberdade.
O acordo representava uma estratégia de sobrevivência para os índios diante da ameaça de extinção
de suas populações em uma guerra de longa duração. Já os colonos queriam que a guerra continuasse pois
ela significava dinheiro, honrarias, terras e escravos. Os levantes Cariris prosseguiram até o início do século
XVIII. A partir de 1720 não havia mais sinais de levantes indígenas naquela região.
Com a terra livre da ameaça indígena, os sertões nordestinos passaram para o controle luso-
brasileiro e expandiram-se as fazendas de gado. Os colonos receberam terras e escravos que acabou se
tornar motivo para discórdias e novos conflitos. Muitos bandeirantes acabaram por se fixar na região onde
receberam extensas sesmarias e exploravam a pecuária. Os novos proprietários entram em atrito com os
antigos sesmeiros e moradores pela divisão das terras e posse dos escravos. Outro conflito ocorreu entre
bandeirantes e missionários pelo controle da mão de obra indígena. Os bandeirantes não hesitavam em
invadir aldeamentos para capturar índios já convertidos e vendê-los como escravos. O desdobramento
desses conflitos avançou no tempo compondo o quadro sangrento da ocupação dos sertões nordestinos.
Enfim, ouro.
A notícia da descoberta trouxe para as zonas auríferas uma enormemultidão. Vinham de Portugal e
de todas as partes da colônia, atraídos pelometalprecioso e pela possibilidade de
realizarfantásticosnegócios, uma vezque os primeiroscampos de garimpeiros eram improvisados e o
problema de alimentação assumia gravesproporções. Pouco se plantava e os gêneros de subsistência eram
escassos e muitocaros. O trabalho nas minaserafeitopelosescravosque muitas vezes tinham participação
na produção, o que dava chances de uma mobilidadesocial.
No plano das relações internacionais havia uma forte dependência de Portugal emrelação à
Inglaterra (1703 - Tratado de Comércio e Amizade - de Methuen - nome do diplomata inglêsque o obteve). 15
A Inglaterra se encarregou da sustentaçãomilitar e diplomática da frágilnação lusa numa Europa conflagrada
pelaguerra de sucessão da Espanha, emtroca da abertura dos portoslusitanos aos artigos manufaturados
britânicos. Neste tratado, a únicas vantagenspara Portugal eram os privilégiosalfandegáriospara o vinho
(até 1786).
A FISCALIZAÇÃO REAL
2. Assinale a incorreta.
O ciclo da mineração tem aspectospositivos, entre os quais pode-se contar:
a) a intensaentrada de imigrantes, que, pesar de suebaixonível cultural, possibilitaram a ocupação
de territóriosatéentão despovoados, notadamente no interior da colônia.
b) a formação dos primeirosnúcleosurbanos no interior, emboramuito isolado pelafalta de
comunicação.
c) a intensificação do comercio interno, principalmente da economiapecuarista, alargando as
fronteiras econômicas.
d) o deslocamento da sede do governo colonial para a cidade de vilaRica.
a) uma sociedadecommaiormobilidadesocial;
b) o deslocamento da sede do governo colonial paraSão Vicente;
c) maiorcontatoeconômicoentre diversas regiões do Brasil;
d) aumento do controle metropolitano na região;
e) formação de núcleosurbanos no interior do país.
6. Assinale a alternativaincorreta:
a) uma sociedadecommaiormobilidadesocial;
b) o deslocamento da sede do governo colonial paraSão Vicente;
c) maiorcontatoeconômicoentre diversas regiões do Brasil;
d) aumento do controle metropolitano na região;
e) formação de núcleosurbanos no interior do país.
9.O açúcar e o ouro, cada qual em sua época de predomínio, garantiram para Portugal a posse e a
ocupação de vasto território, alimentaram sonhos e cobiças, estimularam o povoamento e o fluxo expressivo
de negros escravos, subsidiaram e induziram atividades intermediárias; foram fatores decisivos para o
relativo progresso material e certa opulência barroca, além de contribuírem para o razoável florescimento
das artes e das letras no período colonial. Apesar desta ação comum ou semelhante, a economia aurífera
colonial avançou em direção própria e se diferenciou das demais atividades, principalmente porque: 17
a) não teve efeito multiplicador no desenvolvimento de atividades econômicas secundárias junto às
minas e nas pradarias do Rio Grande.
b) interiorizou a formação de um mercado consumidor e propiciou surto urbano considerável.
c) o ouro brasileiro, sendo dependente do mercado externo, não resistiu à influência exercida pela
prata das minas de Potosi.
d) representou forte obstáculo às relações favoráveis à Metrópole e não educou o colonizado para a
luta contra a opressão do colonizador.
e) as bandeiras não foram além dos limites territoriais estabelecidos em Tordesilhas, apesar dos
conflitos com os jesuítas e da ação cruel contra os indígenas do sertão sul-americano.
10."Há exagero em dizer que a extração do ouro liquidou a economia açucareira do Nordeste. Ela já
estava em dificuldades vinte anos antes da descoberta do ouro (...). Mas não há dúvida de que foi afetada
pelos deslocamentos de população e, sobretudo, pelo aumento do preço da mão-de-obra escrava..."
11."A corrida do ouro, entre o final do século XVII e a primeira década do século XVIII, foi talvez a
maior migração de homens brancos livres na América Portuguesa ao longo de todo o período colonial. Não
há nada na história do Brasil que se compare a este movimento".
Fonte: ROMEIRO, Adriana. A Febre do Ouro. "Revista Nossa História". Rio de Janeiro: ano III, n. 36,
outubro, 2006, p 13/21.
No que compete à situação vivida pelos moradores das Gerais na época da corrida do ouro,
considere as seguintes afirmativas:
I - Nos primeiros tempos, a fome foi companheira fiel dos povoadores que, desconhecendo a pobreza
da zona mineradora, se lançavam na aventura do ouro. Nas ondas de fome, ocorridas em períodos críticos,
os trabalhadores recorriam à caça para garantir algum sustento.
II - O sal era raro, mas a cachaça era farta. Nas condições em que trabalhavam (escravos, na maioria)
a aguardente proporcionava um estado de semiembriagues que tornava mais suportáveis as condições de
trabalho.
III - A imagem caótica típica dos relatos dessa época, não correspondia à realidade, uma vez que a
fluidez geográfica dos trabalhadores dava-se ao sabor das novas descobertas e do esgotamento das velhas
lavras.
São corretas
a) apenas I e II
b) apenas I e III
c) apenas II e III
d) I, II e III
12. Observe o gráfico a seguir, relativo à produção aurífera no Brasil do século XVIII.
Com base nos dados do gráfico, considere as seguintes afirmações.
18
I - O auge da produção de ouro em Minas Gerais foi atingido ainda na primeira metade do século
XVIII, mas, na segunda metade do século, a extração aurífera na capitania entrou em declínio acentuado.
II - A produção aurífera conjunta de Goiás e de Mato Grosso suplantou durante alguns períodos a
produção de ouro da capitania de Minas Gerais.
III - A produção aurífera de Goiás atingiu seu ápice ao mesmo tempo em que ocorria a queda nos
rendimentos do ouro produzido na região de Minas Gerais.
A Guerra dos Mascates ocorreu de 1710 a 1711 na então Capitania de Pernambuco. Confrontaram-
se os senhores de engenhos pernambucanos, concentrados em Olinda, e os comerciantes reinóis
(portugueses da Metrópole) do Recife, chamados pejorativamente de mascates.
Após a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, a economia da região, - dependente da agro
manufatura do açúcar, sem capitais para investimento em lavouras, equipamentos e mão-de-obra (escrava),
e face ao declínio dos preços do produto no mercado internacional, devido à concorrência do similar
produzido nas Antilhas, - entrou em crise.
Dependentes economicamente dos comerciantes portugueses, junto a quem contraíram
emprestimos, os latifundiários pernambucanos não aceitaram a emancipação político-administrativa do
Recife, até então uma comarca subordinada a Olinda. A emancipação de Recife foi percebida como uma
agravante da situação dos latifundiários locais (devedores) diante da burguesia lusitana (credora), que por
esse mecanismo passava a se colocar em patamar de igualdade política. 19
Em fevereiro de 1709, pouco após receber a Carta Régia que elevou o povoado à condição de vila,
os comerciantes inauguraram o Pelourinho e o prédio da Câmara Municipal, separando formalmente o
Recife de Olinda, a sede da capitania.
Tendo os membros da aristocracia rural abandonado Olinda para se refugiar nos engenhos onde
viviam, as hostilidades iniciaram-se em Vitória de Santo Antão, lideradas pelo seu Capitão-mor, Pedro
Ribeiro da Silva. Estas forças, engrossadas em Afogados com reforços oriundos de São Lourenço e de
Olinda, sob a liderança de Bernardo Vieira de Melo e de seu pai, o coronel Leonardo Bezerra Cavalcanti,
invadiram o Recife, demolindo o Pelourinho, rasgando o Foral régio, libertando os presos e perseguindo
pessoas ligadas ao governador Sebastião de Castro Caldas Barbosa (mascates). Este, por sua vez, visando
garantir a sua segurança, retirou-se para a Bahia, deixando o governo da capitania a cargo do bispo Manuel
Álvares da Costa.
Os mascates contra-atacaram em 1711, invadindo Olinda e provocando incêndios e destruição em
vilas e engenhos na região.
A nomeação de um novo governador, Felix José de Mendonça, depois da retirada forçada para a
Bahia de Sebastião de Castro Caldas que tinha levado um tiro, e a atuação de tropas mandadas de lá
puseram fim à guerra. A burguesia mercantil recebeu o apoio da metrópole, e o Recife manteve a sua
autonomia. Com a vitória dos comerciantes, essa guerra apenas reafirmava o predomínio do capital
mercantil (comércio) sobre a produção colonial.
SIMULADO
3. A Guerra dos Mascates, no princípio do século XVIII, analisada segundo uma perspectiva
econômica, pode ser interpretada como um:
a) episódio na luta para a consolidação dos holandeses no domínio da exploração dos engenhos.
b) conflito entre colonos produtores de açúcar e comerciantes reinóis favorecidos pelo monopólio
comercial.
c) esforço realizado pelos brasileiros com vistas à penetração das terras situadas no Norte.
d) momento de disputa entre portugueses e brasileiros para o domínio do comércio das drogas do
sertão.
e) choque ocorrido entre duas frentes expansionistas em conflito no interior do Nordeste: a dos
bandeirantes e a dos baianos.
4. No início do século XVIII, a concorrência das Antilhas fez com que o preço do açúcar brasileiro
caísse no mercado europeu. Os proprietários de engenho, em Pernambuco, para minimizar os efeitos desta
crise, recorreram a empréstimos junto aos comerciantes da Vila de Recife. Esta situação gerou um forte
antagonismo entre estas partes, que se acirrou quando D. João V emancipou politicamente Recife, deixando
esta de ser vinculada a Olinda. Tal fato desobrigou os comerciantes de Recife do recolhimento de impostos
a favor de Olinda. O conflito que eclodiu em função do acima relatado foi a
A] Revolta de Beckman.
B] Guerra dos Mascates.
C] Guerra dos Emboabas.
D]Insurreição Pernambucana. 20
E] Conjuração dos Alfaiates.
5. (Uece) Sobre a assim chamada Guerra dos Mascates, pode-se afirmar corretamente que:
a) foi um conflito desencadeado pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, grandes proprietários de
terras no Recife.
b) foi uma reação dos jesuítas contra a escravização indígena no Recife e Olinda, e resultou na
expulsão dos padres.
c) ocorreu por causa da Lei das Casas de Fundição e pela repressão desencadeada pelo Conde de
Assumar, fiel ao Rei.
d) a vitória foi conquistada pelos olindenses após a sangrenta batalha do Capão da Traição.
e) tratou-se de um conflito entre comerciantes do Recife, que defendiam a autonomia da vila, e
senhores de engenho de Olinda, contrários àquela autonomia, acerca do Pelourinho que a simbolizava.
8. (FGV) "A confrontação entre a loja e o engenho tendeu principalmente a assumir a forma de uma
contenda municipal, de escopo jurídico-institucional, entre um Recife florescente que aspirava à
emancipação e uma Olinda decadente que procurava mantê-Io numa sujeição irrealista. Essa ingênua
fachada municipalista não podia, contudo, resistir ao embate dos interesses em choque. Logo revelou-se o
que realmente era, o jogo de cena a esconder uma luta pelo poder entre o credor urbano e o devedor rural."
(Evaldo Cabral de Mello. A fronda dos mazombos, São Paulo, Cia. das Letras, 1995, p. 123).
O autor refere-se:
9. A chamada Guerra dos Mascates, episódio ocorrido em Pernambuco, entre 1710 e 1711, foi um
conflito entre diferentes elites político-econômicas, localizadas em Olinda e Recife, resultando na ascensão
da elite mercantil de Recife.
Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA.
Uma verdadeira revolução cultural aconteceu na cidade do Rio de Janeiro com a chegada da corte.
A Rua do Ouvidor, no centro, ganhou ares de cidade europeia. Surgiram elegantes cabeleireiros, costureiras,
lojas de roupas, joalherias, chapelarias e tabacarias, entre outras novidades. Nos dias festivos havia ainda
o disputado “beija-mão”.
Na política interna, o governo de D. João adotou medidas políticas que mudariam radicalmente o
perfil político-econômico da colônia. Dessas disposições destacaram-se a revogação dos decretos que
proibiam a instalação de manufaturas na colônia e a assinatura, em 1810, de dois tratados com a Inglaterra:
o de Aliança e Amizade e o de Comercio e navegação.
Os tratados de 1810 concediam tarifas alfandegárias mais baixas às mercadorias inglesas
importadas pelo Brasil (15% para eles, 16% para os produtos portugueses e 24% para os de outras nações).
No período joanino, foram tomadas também varias medidas para instituir uma política administrativa
e financeira que atendesse às necessidades da permanência do governo no Brasil. Organizaram-se órgãos
e instituições que antes só existia em Portugal. Embaixadas de nações europeias foram estabelecidas no
Rio de Janeiro.
Criaram-se o Banco do Brasil, a casa da moeda, A escola da marinha, A Escola Superior de
Matemática, ciências, física e engenharia, A Escola médico-cirurgião e a Escola de Comercio e
Administração. Foram feitas melhorias no sistema de limpeza urbana; construção de estradas e
melhoramento dos portos. Fundação do museu nacional, do observatório astronômico e da biblioteca real;
Criação da imprensa régia, a primeira gráfica do Brasil; fim da proibição de manipulação e comercialização
de obras de ouro e prata. 22
Apesar de Napoleão Bonaparte ter sido derrotado em definitivo em 1815, D. João VI que se tronaria
rei em 1816 com o falecimento de D. Maria I, manteve o projeto de governar o império português a partir do
Brasil. O descontentamento de grupos sociais e econômicos portugueses começou a crescer.
Em 1820, a insatisfação dos portugueses, levou à eclosão do movimento conhecido como Revolução
do Porto. Os rebeldes exigiam basicamente a volta de D. João VI para a Europa e a convocação de uma
assembleia constituinte a partir da convocação dos cortes (o parlamento português) subordinando o rei a
elas – na pratica era o fim do absolutismo em Portugal. As cortes desejavam à volta do Brasil à condição de
colônia, com o fim da autonomia administrativa.
Procurando conciliar o interesse entre seus súditos que viviam em lados diferentes do Atlântico, D.
João concordou em voltar para Portugal, deixando, contudo na condição de regente do Brasil seu filho mais
velho e herdeiro do trono, D. Pedro.
SIMULADO
4. A abertura dos portos, realizada por D. João (1808), teve amplas repercussões, pois na prática
significou:
5. A franquia dos portos teve um alcance histórico profundo, pois deu início a um duplo processo o:
a) do desenvolvimento do primeiro surto manufatureiro no Brasil e o crescimento do transporte
ferroviário.
b) do arrefecimento dos ideais absolutistas no Brasil e a disseminação de movimentos nativistas.
c) da emancipação política do Brasil e o seu ingresso na órbita da influência britânica.
d) da persistência do pacto colonial no Brasil e o seu ingresso no capitalismo monopolista.
e) do fechamento das fronteiras do Brasil aos estrangeiros e a abertura para as correntes ideológicas
revolucionárias europeias.
6. A presença no Brasil da Corte e do Príncipe Regente, D. João, criou condições concretas para que
a separação do Brasil em relação a Portugal se tornasse definitiva. A respeito dessa conjuntura, é correto
afirmar que:
7. A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil resultou em inúmeras mudanças para a vida da
colônia, EXCETO:
a) a extinção do monopólio, através do decreto da Abertura de Portos, em 1808.
b) o Alvará de Liberdade Industrial anulado em grande parte pela concorrência inglesa.
c) as iniciativas que favoreceram a vida cultural da colônia, como o ensino superior, a imprensa régia
e a Missão Francesa.
d) a tentativa do governo de conciliar os interesses dos grandes proprietários rurais brasileiros e
comerciantes reinóis.
e) os Tratados de 1810, assinados com a Inglaterra, que aboliram vantagens e privilégios, bem como
a preponderância comercial deste país entre nós.
8. O ato de D. João VI, proclamando a abertura dos portos do Brasil, na verdade garantia direitos
preferenciais ao comércio inglês, que:
a) na época dependia economicamente de Portugal;
b) estava prejudicado pelo bloqueio imposto por Napoleão Bonaparte;
c) assegurava o desenvolvimento econômico da colônia;
d) pretendia favorecer os franceses, aliados tradicionais da Inglaterra;
e) era carente de produtos industriais e bom fornecedor de matérias primas.
9. "O certo é que, se os marcos cronológicos com que os historiadores assinalam a evolução social
e política dos povos, não se estribassem unicamente nos caracteres externos e formais dos fatos, mas
refletissem a sua significação íntima, a independência brasileira seria antedatada de 14 anos..."
(Caio Prado Júnior - "Evolução Política do Brasil")
O fato histórico mencionado no texto e que praticamente anulou nossa situação colonial foi:
a) Criação do Ensino Superior.
b) Alvará de Liberdade Industrial.
c) Tratados de 1810 com a Inglaterra.
d) Abertura dos Portos.
e) Elevação do Brasil a Reino Unido.
10. A abertura dos portos, em 1808, que favoreceu os proprietários rurais produtores de bens
destinados à exportação,
a) revogou os decretos que proibiam a instalação de manufaturas na Colônia.
b) limitou o tráfico negreiro aos portos de Belém e São Luís, favorecendo a cultura do algodão.
c) produziu como efeito imediato uma aceleração do processo de industrialização, atendendo aos 24
reclamos dos ingleses.
d) ampliou o controle econômico metropolitano sobre a Colônia através da criação do "exclusivo
comercial"
e) contrariou os interesses dos comerciantes e provocou grandes protestos no Rio de Janeiro e em
Lisboa.
11. A partir de meados do século XVIII, as relações entre a metrópole portuguesa e sua colônia
brasileira sofrem graves e intensas perturbações, sintomas da crise do Antigo Sistema Colonial. A esse
respeito, é correto afirmar que:
(01) O desenvolvimento da colônia brasileira foi dado, ao longo do tempo, margem necessária a que
surgissem interesses autônomos, passíveis de virem a se chocar com as normas do antigo sistema colonial.
(02) Vigorava em todo o Brasil a proibição de se estabelecerem fábricas ou manufaturas de quase
todos os gêneros, a fim de beneficiar a metrópole e garantir o uso da mão-de-obra disponível nos trabalhos
de mineração e lavouras.
(04) As propostas políticas formuladas pelos revoltos da Inconfidência Mineira (1789) eram
fortemente inspiradas pela doutrina iluminista, então de grande prestígio na Europa e nos Estados Unidos.
(08) O movimento liberal no Brasil teve características próprias, pois não foi influenciado
ideologicamente por pensadores estrangeiros e não pretendia liquidar os laços coloniais.
(16) O desenvolvimento acelerado do capitalismo industrial na Europa era incompatível com as
barreiras erguidas pelo Antigo Sistema Colonial, tais como o monopólio metropolitano e a escravidão. Nota-
se aí uma contradição que acelerou a crise do domínio português sobre o Brasil.
12. Com a vinda da família Real portuguesa para o Brasil (1808), muitas mudanças se verificaram
na estrutura da capital, Rio de Janeiro. Sobre estes melhoramentos, pode-se afirmar corretamente que:
a) além da Abertura dos Portos e do incentivo às atividades industriais, muitos equipamentos urbanos
foram criados, como o Jardim Botânico e o Banco do Brasil
b) a vida na cidade mudou completamente, com sua total remodelação baseada nos moldes da
reconstrução de Lisboa após o terremoto de 1777, destacando-se o sistema de esgotos
c) os melhoramentos se limitaram às reformas nas casas que iriam abrigar os membros da Corte,
nada alterando na vida de uma cidade colonial
d) a situação sanitária na cidade melhorou bastante, o que ocasionou o fim das epidemias que
periodicamente aconteciam
13. A transferência da corte portuguesa para o Brasil conferiu à nossa independência política uma
característica singular, pois favoreceu a
a) ruptura do pacto colonial, sem graves convulsões sociais e, também, sem a fragmentação
territorial.
b) manutenção do exclusivo colonial e a continuidade dos investimentos portugueses.
c) coesão partidária sem contestação e a unidade provincial em torno do novo regime.
d) alteração da estrutura social anterior e, também, da organização econômica.
e) permanência dos funcionários ligados à corte e, também, dos burocratas lusos.
14. Sobre a Carta Régia de Abertura de Portos às nações amigas de 1808, podemos afirmar que:
a) resultou da pressão inglesa associada à aristocracia rural brasileira, pois a ambas interessava o
fim do pacto colonial e a extinção dos privilégios da metrópole.
b) gerou a independência econômica da colônia e fortaleceu sua industrialização, sem concorrência
externa.
c) não alterou significativamente a relação metrópole-colônia, já que Portugal atravessava excelente
fase econômica.
d) o progresso brasileiro não incitou o sentimento de oposição da metrópole, que apoiava as
mudanças da política joanina na área colonial.
e) não teve relação com pressões inglesas, sendo o resultado das tendências liberais da política
colonial portuguesa.
16. A transmigração da família real portuguesa para o Brasil em 1808, repercutiu de forma
significativa, no que se refere à participação do Brasil no mercado mundial, porque
a) organizou-se uma legislação visando à contenção das importações de artigos supérfluos que
naquela época começavam a abarrotar o porto do Rio de Janeiro.
b) o Ministério de D. João colocou em execução um projeto de cultivo e exportação do algodão
visando a substituir a exportação norte-americana, prejudicada pela Guerra de Independência.
c) o tráfico de escravos negros para o Brasil foi extinto em troca do direito dos comerciantes
portugueses abastecerem, com exclusividade, algumas das colônias Inglesas, como a Guiana.
d) o corpo diplomático joanino catalisou rebeliões na Província Cisplatina, favorecendo, assim, a
exportação de couro para a Europa.
e) foi promulgada a Abertura dos Portos e realizados Tratados com a Inglaterra.
17. A guerra que Napoleão Bonaparte movia na Europa contra a Inglaterra, em princípio do século
XIX, provocou a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil. Com isso
a) formou-se no Brasil uma elite progressista agrupada no Partido Brasileiro e dotada de profundos
ideais republicanos.
b) desapareceram os atritos entre Metrópole e Colônia, pois D. João VI adotou a política de priorizar
os interesses brasileiros em detrimento dos demais países.
c) fez-se necessária a aberturas dos portos do Brasil às nações amigas, prejudicando os interesses
ingleses e dos proprietários rurais produtores de bens para exportação.
d) alterou-se a relação de poder entre a Metrópole e a Colônia, pois a sede da monarquia portuguesa
instalou-se no Rio de Janeiro.
e) acelerou-se consideravelmente o processo de emancipação da Colônia, sob a liderança
democrática de D. João VI.
REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA
A Revolução Pernambucana, também conhecida como Revolução dos Padres, foi um movimento
emancipacionista que eclodiu em 6 de março de 1817 na então Capitania de Pernambuco, no Brasil. Dentre
as suas causas, destacam-se a influência das ideias iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas,
o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados
ao Brasil — o Governo de Pernambuco era obrigado a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de
dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que dificultava o enfrentamento de
problemas locais (como a seca ocorrida em 1816) e ocasionava o atraso no pagamento dos soldados,
gerando grande descontentamento no povo pernambucano e brasileiro.
Foi o único movimento separatista do período colonial que ultrapassou a fase conspiratória e atingiu
o processo revolucionário de tomada do poder. Contou com relativo apoio internacional: os Estados Unidos,
que dois anos antes tinham instalado no Recife o seu primeiro Consulado no Brasil e no Hemisfério Sul
devido às relações comerciais com Pernambuco, se mostraram favoráveis à revolução, bem como os ex-
oficiais de Napoleão Bonaparte que pretendiam resgatar o seu líder do cativeiro em Santa Helena, levá-lo a
Pernambuco e depois a Nova Orleans.
No começo do século XIX, Pernambuco era a capitania mais rica do Brasil Colônia. Recife e Olinda,
as duas maiores urbes pernambucanas, tinham juntas cerca de 40 mil habitantes (o Rio de Janeiro, capital
da colônia, possuía 60 mil habitantes). O porto do Recife escoava grande parte da produção de açúcar —
das centenas de engenhos da Zona da Mata, cujo litoral se estendia da foz do rio São Francisco até a vila
de Goiana —, e de algodão. Além de sua importância econômica e política, os pernambucanos tinham
participado de diversas lutas libertárias. A primeira e mais importante tinha sido a Insurreição
Pernambucana, em 1645.
Depois, na Guerra dos Mascates, foi aventada a possibilidade de proclamar a independência de
Olinda. As ideias liberais que entravam no Brasil junto com os viajantes estrangeiros e por meio de livros e 26
de outras publicações, incentivavam o sentimento de revolta entre a elite pernambucana, que participava
ativamente, desde o fim do século XVIII, de sociedades secretas, como as lojas maçônicas. Em Pernambuco
as principais foram o Areópago de Itambé, a Patriotismo, a Restauração, a Pernambuco do Oriente e a
Pernambuco do Ocidente, que serviam como locais de discussão e difusão das "infames ideias francesas".
Nas sociedades secretas, reuniam-se intelectuais religiosos e militares, para elaborar planos para a
revolução.
A fundação do Seminário de Olinda, filiado a ideias iluministas, deve ser levada em consideração.
Não é por outro motivo que o levante ficaria conhecido como "revolução dos padres", dada a participação
do clero católico. Frei Caneca tornar-se-ia um símbolo disso.
Causas imediatas
Auxílio externo
Em maio de 1817, Antônio Gonçalves da Cruz, o Cruz Cabugá, desembarcou na Filadélfia (Estados
Unidos) com 800 mil dólares (atualizado ao câmbio de 2007 em aproximadamente 12 milhões de dólares)
na bagagem com três missões:
Comprar armas para combater as tropas de Dom João VI;
Convencer o governo americano a apoiar a criação de uma república independente no Nordeste
brasileiro;
Recrutar alguns antigos revolucionários franceses exilados em território americano para, com a ajuda
deles, libertar Napoleão Bonaparte, exilado na Ilha de Santa Helena, que seria transportado ao Recife.
Porém na data de chegada do emissário aos Estados Unidos, os revolucionários pernambucanos já
estavam sitiados pelas tropas monarquistas portuguesas e próximas da rendição. Quando chegaram ao
Brasil os quatro veteranos de Napoleão recrutados conde Pontelécoulant, coronel Latapie, ordenança Artong
e soldado Roulet, muito depois de terminada a revolução, foram presos antes de desembarcar.
Em relação ao governo americano, Cruz Cabugá chegou a se encontrar com o secretário de Estado,
Richard Rush, mas somente conseguiu o compromisso de que, enquanto durasse a rebelião, os Estados
Unidos autorizariam a entrada de navios pernambucanos em águas americanas e que também aceitariam
dar asilo ou abrigo a eventuais refugiados, em caso de fracasso do movimento.
Data Magna
Em 2007, o dia 6 de março foi declarado a Data Magna de Pernambuco, em virtude da Revolução
Pernambucana.
Em 2009, o Governo de Pernambuco aprovou outra lei, alterando a Data Magna do Estado para o
primeiro domingo de março.
Em 2017, por ocasião do bicentenário da Revolução Pernambucana, o Governo de Pernambuco
aprovou uma nova lei, alterando novamente a Data Magna do Estado para 6 de março e reinstituindo assim
o dia como feriado civil.
SIMULADO
1. A respeito da Revolução de 1817, que empolgou vários estados do nordeste do Brasil, podemos
afirmar corretamente que:
a) criticava a política absolutista de D. João VI e cogitava a República como forma de governo, mas
não conseguiu estabelecer um consenso sobre a abolição da escravidão.
b) pregava uma mudança total na situação do Brasil, com a instalação de uma República federativa, 28
o fim da escravidão e a divisão das terras entre os colonos.
c) não pretendia a independência de Portugal, mas apenas uma maior representação dos brasileiros
nas Cortes portuguesas.
d) apesar do radicalismo dos líderes revoltosos, o movimento não chegou a incorporar as classes
médias e os intelectuais.
I. No ano de 1816, o Nordeste foi assolado por uma grande seca que afetou a agricultura de
subsistência e provocou a queda da produção de algodão e açúcar.
II. O prejuízo dos grandes proprietários ligados à exportação foi imenso. Mas, os mais prejudicados
foram as massas trabalhadoras.
III. O aumento de impostos e a criação de novos impostos para sustento da Corte sediada no Rio de
Janeiro contribuíram para tornar ainda pior a qualidade de vida da população, à medida que o preço dos
gêneros de primeira necessidade tornou-se proibitivo aos pobres.
A respeito das asserções I, II e III sobre a Revolução Pernambucana de 1817 deve-se afirmar que:
a) apenas a I está correta.
b) apenas a I e a II estão corretas.
c) apenas a I e a III estão corretas.
d) todas estão corretas.
e) todas são incorretas.
3. O Brasil foi colonizado com a ajuda marcante da Igreja Católica. Algumas rebeliões coloniais
contaram com a participação ativa de membros do clero católico liberal.
Entre elas destacam-se a:
4. O Brasil lutou pela sua independência através de revoltas políticas que marcaram as primeiras
décadas do século XIX. A rebelião política de 1817 em Pernambuco:
A) teve a participação de membros do clero local, cujo pensamento inspirava-se em idéias liberais
da Europa.
B) conseguiu vitória expressiva contra Portugal, tornando o Nordeste de colônia em uma região
autônoma.
C) foi vitoriosa devido ao seu poderio militar e à ajuda de algumas nações estrangeiras.
D) fracassou na sua luta, não oferecendo ameaça ao governo português e facilitando sua política
repressiva.
E) articulou uma rebelião nacional, com participação do Sudeste, ameaçando Portugal com sua força
política e militar.
1. Os grandes proprietários rurais tramaram contra o domínio português por estarem descontentes
com o monopólio comercial.
2. O clero teve um papel decisivo, pois fomentou a difusão das idéias liberais européias no seio da
sociedade colonial.
3. O movimento não buscou articulações e apoio de outros países, permanecendo restrito ao território 29
brasileiro.
4. Muitos proprietários rurais mantiveram o apoio ao movimento mesmo com as promessas de alforria
aos escravos.
Estão corretas as afirmativas:
A) 1, 2 e 3.
B) 1, 3 e 4.
C) 1 e 2.
D) 2 e 4.
E) 3 e 4.
I – Possui forte sentimento antilusitano, resultante do aumento dos impostos e dos grandes privilégios
concedidos aos comerciantes portugueses;
II – Teve participação apenas de sacerdotes e militares, não contando com o apoio de outros
segmentos da população;
III – Foi uma revolta sangrenta que durou mais de dois meses e deixou profundas marcas no
Nordeste, com os combates armados passando do Recife para o sertão, estendendo-se também a Alagoas,
Paraíba e Rio Grande do Norte;
IV – A Revolta foi sufocada apenas dois anos depois por tropas aliadas, reunindo forças armadas
portuguesas, francesas e inglesas;
V – Propunha a República, com a igualdade de direitos e a tolerância religiosa, mas não previa a 30
abolição da escravidão.
a) I, II e III.
b) I, III e V.
c) I, IV e V.
d) II, III, IV.
e) II, III, V.
Esse fenômeno histórico, conhecido como Revolução Pernambucana, chegou através do governo
provisório inclusive a:
a) Abolir a escravidão
b) Proclamar uma República
c) Instaurar uma nova monarquia
d) Expulsar os portugueses do Brasil
e) Conseguir o reconhecimento internacional como órgão de poder no Brasil.
11. “Eis que uma revolução, proclamando um governo absolutamente independente da sujeição à
corte do Rio de Janeiro, rebentou em Pernambuco, em março de 1817. É um assunto para o nosso ânimo
tão pouco simpático que, se nos fora permitido [colocar] sobre ele um véu, o deixaríamos fora do quadro
que nos propusemos tratar.” (F. A. Varnhagen. História geral do Brasil, 1854.)
O texto trata da Revolução pernambucana de 1817. Com relação a esse acontecimento é possível
afirmar que os insurgentes:
a) pretendiam a separação de Pernambuco do restante do reino, impondo a expulsão dos
portugueses desse território.
b) contaram com a ativa participação de homens negros, pondo em risco a manutenção da
escravidão na região.
c) dominaram Pernambuco e o norte da colônia, decretando o fim dos privilégios da Companhia do
Grão-Pará e Maranhão.
d) propuseram a independência e a república, congregando proprietários, comerciantes e pessoas
das camadas populares.
e) implantaram um governo de terror, ameaçando o direito dos pequenos proprietários à livre
exploração da terra.
O Primeiro Reinado
O êxito da revolução liberal do Porto, em 1820, agradou aos brasileiros e a uma minoria de
portugueses residentes no Brasil, que acreditavam ter chegado o momento de conquistar a autonomia
política e econômica.
Logo que chegou a Portugal, D. João VI foi induzido pelas cortes lusitanas, a decretar a revogação
do título de Príncipe Regente concedido ao D. Pedro. Outros documentos determinaram o fechamento de
importantes tribunais sediados no Rio de Janeiro e a volta imediata do príncipe para Portugal.
Em diversos cantos da província, os jornais esquentavam as opiniões públicas, representando
importantes veículos de divulgação e propaganda. Ao longo dos acontecimentos que culminaram com a
independência, dois “partidos”, o português e o brasileiro, tiveram importante atuação.
O “Partido português” – composto por comerciantes lusitanos, funcionários públicos e o alto escalão
do exercito – pretendia o retorno de D. Pedro a Portugal e a implantação de medidas recolonizadoras.
O “partido brasileiro”, reunia comerciantes, grandes proprietários de terras, advogados e investidores
urbanos. Essa facção expressava os interesses dos que se beneficiaram com a chegada da corte em 1808.
Os confrontos ocorreram não apenas no Brasil, mas também nas Cortes de Lisboa, onde a correlação
de forças era mais que favorável aos reinóis. Das 205 cadeiras da assembleia, somente 75 pertenciam ao
Brasil. Em 1822 os deputados brasileiros deixaram as cortes portuguesas.
Do outro lado do Oceano Atlântico, as cortes portuguesas continuavam exigindo o retorno do príncipe
regente a Portugal. No dia 9 de janeiro de 1822, D. Pedro recebeu um abaixo-assinado (a Petição do Fico)
pela qual os brasileiros pediam ao regente que ficasse no país. D. Pedro então declarou que ficaria no Brasil
e que nenhuma ordem que viesse das cortes seria cumprida sem a sua autorização.
Em 3 de junho de 1822 foi convocada a Assembleia Constituinte com o objetivo de elaborar a primeira
constituição do Brasil.
Em 7 de setembro de 1822, as margens do Riacho Ipiranga, em São Paulo, D. Pedro oficializou a
independência do Brasil. 12 de outubro D. Pedro foi aclamado imperador constitucional do Brasil, em 1º de
dezembro daquele mesmo ano foi coroado imperador, recebendo o titulo de D. Pedro I.
A Organização do Império
A aristocracia rural brasileira liderou o processo de independência do Brasil com o cuidado de não
afetar seus privilégios e garantindo a estabilidade da classe dominante. D. Pedro I enfrentou dificuldades
para conquistar o reconhecimento da independência por parte do governo português. Interessados nas
relações comerciais com o Brasil, a Inglaterra e os Estados Unidos fizeram o papel de intermediários para
solucionar o impasse.
Somente em 1825, Portugal reconheceu a independência de sua ex-colônia mediante de uma
indenização de 2 milhões de libras, pagas por meio de um empréstimo fornecido pela Inglaterra.
A manutenção da unidade territorial foi outra questão para consolidar a independência do Brasil.
Negando o governo imperial, os governos da Bahia e do Maranhão optaram por permanecerem ligados às
cortes portuguesas. Em 7 de setembro de 1822 e 2 de junho de 1822, uma violenta guerra tomou conta da
Bahia. A conquista da Bahia contribuiu para sufocar a reação contra a independência nas regiões de
Alagoas, Sergipe, Ceará, Piauí e Maranhão.
Composta por noventa membros, eleitos nas 14 províncias que então Constituíam o Império do 32
Brasil, a Assembleia Constituinte foi aberta no dia 3 de maio de 1823. Em setembro de 1823 foi apresentado
o Projeto Constitucional. Este texto em geral estabeleceu:
► Indissolubilidade da câmara;
► Veto do imperador teria caráter suspensivo, isto é, só teria validade até posterior avaliação da
câmara;
► Forças armadas ficavam sob controle da câmara;
► Renúncia do imperador caso viesse a assumir outro trono;
► Votava quem tivesse renda superior a 150 alqueires de farinha de mandioca.
► Eram votados para deputados os que tivessem renda de 500 alqueires e senadores 1000.
Por este motivo, o projeto constitucional de 1823 ficou conhecido como Constituição de mandioca.
Aos protestos dos membros do partido português, somaram-se as reclamações dos setores de
comerciantes quanto aos critérios exigidos para a comprovação da renda. Dirigindo seus ataques aos
portugueses, o partido brasileiro passou a acusar D. Pedro I de se aliar aos lusos com a finalidade de
promover a recolonização do Brasil.
A assembleia, exigindo que o imperador se explicasse, declarou-se em sessão permanente. A noite
do dia 11 para 12 de novembro de 1823 ficou conhecida como a noite da agonia, com os deputados em
vigília. A resposta de D. Pedro I foi rápida: na manha seguinte decretou a dissolução da constituinte.
A Constituição de 1824
A Confederação do Equador
A Guerra Cisplatina
A Província Cisplatina havia sido anexada ao Brasil em 1816 por D. João VI, visto ser um importante
ponto na geopolítica sul-americana da época.
Em dezembro de 1825, essa província iniciou uma guerra de independência, contando com o apoio
da Argentina. O confronto terminou com a independência da Cisplatina em 1828, graças às intervenções
dos ingleses. A região passou a ser chamada de República Oriental do Uruguai.
A Abdicação de D. Pedro I
33
A guerra da Cisplatina depauperou os cofres nacionais e obrigou o país a pedir empréstimos aos
banqueiros ingleses. Os preços dos impostos ficavam cada vez mais caros e a moeda valia cada vez menos.
Em 1826, a morte de D. João VI , complicou o cenário. D. Pedro filho mais velho, tornou-se herdeiro
da coroa lusitana, a qual renunciou em favor da filha Maria da Glória de apenas 5 anos. No entanto, seu
irmão D. Miguel, que ficou como regente, deu um golpe de Estado e tomou o trono, levando D. Pedro a se
envolver na defesa dos direitos da filha.
A mando de um grupo ligado a D. Pedro I, foi assassinado em São Paulo um dos jornalistas mais
ferrenhos nas criticas ao monarca, o liberal Líbero Badaró. A repercussão do assassinato foi imensa.
Em visita a Minas Gerais, em fevereiro de 1831, D. Pedro foi recebido friamente pelos mineiros. Sem
apoio popular ou menos de lideranças significativas, a comitiva real retornou imediatamente para a capital.
Em um ato de desagravo, os portugueses residentes no Rio de Janeiro prepararam uma grande
recepção para o imperador. Tal fato desagradou profundamente os brasileiros. Na noite seguinte, brasileiros
e portugueses entraram em conflito aberto. Nesse embate campal, as armas eram paus, pedras e cacos de
garrafas. Por isso, esse incidente aconteceu em 13 de março de 1831, ficou conhecido como a Noite das
Garrafadas.
Com seu espaço político cada vez mais reduzido – e tendo pela frente o projeto tentador de intervir
na sucessão portuguesa -, D. Pedro abdicou a favor do filho, Pedro de Alcântara em com 5 anos de idade,
em 7 se abril de 1831.
SIMULADO
a) Executivo e Judiciário
b) Executivo e Moderador
c) Moderador e Executivo
d) Moderador e Judiciário
e) Executivo e Legislativo.
2. Em novembro de 1823, D. Pedro I fechou a Assembléia Constituinte. Em março do ano seguinte,
outorgou uma Carta Constitucional à nação. Os liberais protestaram devido ao fato de o imperador haver:
desconsiderado o problema da escravidão;
desrespeitado a representação dos cidadãos, na figura dos deputados constituintes;
assegurado a representação política e a necessidade do diálogo entre as forças políticas da nação;
negado a tradição absolutista e o centralismo do Estado imperial;
respeitado a autonomia dos grupos dominantes nas diversas províncias do Império.
Brasileiros do Norte! Pedro de Alcântara, filho de D. João VI, rei de Portugal, a quem vós, após uma
estúpida condescendência com os Brasileiros do Sul, aclamastes vosso imperador, quer descaradamente
escravizar-vos. Que desaforado atrevimento de um europeu no Brasil. Acaso pensará esse estrangeiro
ingrato e sem costumes que tem algum direito à Coroa, por descender da casa de Bragança na Europa, de
quem já somos independentes de fato e de direito? Não há delírio igual (... )."
(Ulysses de Carvalho Brandão. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR. Pernambuco:
Publicações Oficiais, 1924).
9. A opção pelo regime monárquico no Brasil, após a Independência, pode ser explicada
a) pela atração que os títulos nobiliárquicos exerciam sobre os grandes proprietários rurais.
b) pela crescente popularidade do regime monárquico entre a elite colonial brasileira.
c) pela pressão das oligarquias aliadas aos interesses, da Inglaterra e pela defesa da entrada de
produtos manufaturados.
d) pelo temor aos ideais abolicionistas defendidos pelos republicanos nas Américas. 35
e) pelas transformações ocorridas com a instauração da Corte Portuguesa no Brasil e pela elevação
do país a Reino Unido.
Então:
a) todas estão corretas.
b) todas são falsas.
c) apenas I e II estão corretas.
d) apenas I, II e IV estão corretas.
e) apenas III está correta.
36
Frei Caneca:
"O Poder Moderador da nova invenção maquiavélica é a chave mestra da opressão da nação
brasileira e garrote mais forte da liberdade dos povos. Por ele, o imperador pode dissolver a Câmara dos
Deputados, que é a representante do povo, ficando sempre no gozo de seus direitos o Senado, que é o
representante dos apaniguados do imperador.” (voto do projeto de Constituição)
Para Frei Caneca, o Poder Moderador definido pela Constituição outorgada pelo Imperador em 1824
era:
I. era democrática, considerando-se que os cargos para o poder Legislativo eram ocupados através
do voto universal e secreto.
II. adotava o chamado "voto censitário".
III. garantia a liberdade religiosa a todos os residentes no Brasil, inclusive para os candidatos a cargos
eletivos.
IV. foi outorgada por D. Pedro I.
15.A organização política do Brasil, depois da separação de Portugal, diferenciava-se da dos outros
países latino-americanos que se haviam tornado independentes no mesmo período. Assinale a alternativa
CORRETA.
a) Após a Independência, o Brasil adotou a monarquia como regime de governo.
b) A Independência significou melhoria nas condições de vida da maioria da população.
c) A partir da Independência, extinguiram-se todas as formas de trabalho escravo.
d) Com a Independência, é promulgada a Primeira Constituição Brasileira.
e) Após a Independência, o Brasil passou a sofrer forte influência econômica da Espanha, principal
potência econômica na época.
16.Logo após a Independência brasileira teve início a discussão de um projeto constitucional para
regulamentar a política nacional. O anteprojeto, chamado de Constituição da Mandioca, foi rejeitado pelo
Imperador D. Pedro I que, em pouco tempo, outorgou a Constituição de 1824. A primeira constituição
brasileira:
I) foi elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte e estabelecia o Padroado, sistema pelo qual
o Imperador se submetia a cumprir as determinações da Santa Sé.
II) foi elaborada pela Assembleia Nacional Constituinte que aprovou a monarquia parlamentarista
como forma de governo.
III) foi imposta a todos e determinava a criação de quatro poderes: o Legislativo, o Executivo, o
Judiciário e o Moderador, de competência exclusiva do Imperador.
Os principais articuladores do golpe da maioridade foram designados por D. Pedro II para integrarem
o primeiro ministério do seu reinado. Os liberais tinham por objetivo chegar ao governo para implementar
práticas que conferissem maior autoridade aos governos provinciais. Essa diretriz contrariava a maior parte
dos conservadores que constituíam a assembleia geral. Assim, a convivência entre os ministros e os
deputados não foi das mais tranquilas.
As eleições para a nova câmara tornaram-se um campo de batalha. Liberais e conservadores
contratavam bandos armados para espancar os adversários políticos, a ponto de essa eleição ficar
conhecida como a “eleição do Cacete”.
O gabinete ministerial organizado em 23 de março de 1841 retomaria em linhas gerais, a política
conservadora. Entre as principais leis votadas nesse sentido, destacam-se:
Reforma do código de processo criminal, pela qual o governo central passou a controlar todo o
aparelho administrativo do judiciário.
Restauração do conselho de Estados.
Os liberais, a partir da aprovação daquelas leis, consideraram perdidas as principais conquistas em
favor da descentralização, da autonomia das províncias e, sobretudo, da limitação do poder moderador.
Revolução Praieira
(1848-1850)
No final do primeiro trimestre de 1849, os principais focos de resistência praieira já tinham sido
derrotados. O comandante da guarda nacional, Pedro Ivo, ainda resistiu até 1850, mas sem condições de
combate, acabou se rendendo.
No inicio do século XVIII, o café já era bem conhecido na Europa, sendo considerado um produto de
luxo. Atribui-se ao tenente-coronel Francisco de Melo Palheta a introdução do plantio de café no Brasil, em
terras do atual estado do Pará, em 1727.
Até 1850 à produção do café conservou características do plantetion. Primeiramente o café foi
produzido no vale da Paraíba, região localizada entre São Paulo e o Rio de Janeiro. Do Vale do Paraíba, a
cafeicultura espalhou-se para o oeste paulista e o sul de Minas Gerais. A partir de 1850, o trabalho escravo
foi aos poucos substituído pelo imigrante em virtude da carência da mão de obra.
Por volta de 1870, o café representava 56% da pauta de exportação do Império, atingindo 61% na
década de 1880.
Por volta de 1850, à população brasileira era de 7,5 milhões de habitantes dos quais mais de 80%
eram analfabetos. Na segunda metade do século XIX, os centros urbanos passaram a representar papel
importante na economia nacional.
As cidades ganhavam projeção. Os barões do café que moravam nas sedes de suas fazendas,
passaram a construir casas nas cidades mais importantes. Importava-se praticamente tudo, manteigas,
remédios, roupas, cervejas, vinhos perfumes, chapéus, bengalas, sedas etc.
As vias férreas se multiplicaram. O objetivo era facilitar o escoamento de matérias-primas e produtos
agrícolas, permitindo a chegada dos produtos aos portos. Vilas e lugarejos em volta de estações se
desenvolveram favorecendo um maior contato da sociedade com as inovações técnicas.
A Era Mauá
A construção de ferrovias atraiu também empresários, como foi o caso de Irineu Evangelista de
Souza, barão e depois visconde de Mauá.
Em 1840, o futuro Barão de Mauá já contava com quase mil funcionários e atuavam nas áreas de
estaleiros, velas, curtumes, fundição de ferro e bronze, caldeiraria, serralheria, mecânica e bancos.
Mas o arrojado projeto industrial que Mauá tentou implantar não teve bons frutos. A concorrência
estrangeira, a falta de interesse da aristocracia agrária de ver nascer uma economia alheia ás propriedades
da agricultura de exportação e ate as sabotagens que ele sofreu contribuíram para o fracasso de seus 39
planos. Em 1874, ele recebeu o titulo de visconde; no ano seguinte, declarou-se falido. Era a ruína da
industrialização brasileira no Império.
Em 1844, um decreto do ministro da fazenda, Manuel Alves Branco gerou uma significativa
modificação na política alfandegária brasileira.
O principal objetivo da Tarifa Alves Branco era aumentar os impostos cobrados para cerca de três
mil artigos importados. Os produtos de similares nacionais passaram a pagar um imposto de 60%; se não
houvesse similar o percentual seria de 30%.
O fim do trafico negreiro era uma pressão antiga da Inglaterra. Em 1810, o príncipe regente D. João
comprometeu-se com o governo britânico a abolir a escravidão nas colônias portuguesas, porém o período
joanino não foi o fim do trafico.
Em 1845, uma lei inglesa de repressão ao trafico, o Bill Aberdeen, dava direito aos ingleses de
prender em alto-mar os navios negreiros e suas “cargas”, alem de julgar os comandantes das embarcações
em território britânico.
Cinco anos depois, o Brasil aprovou a lei Eusébio de Queiroz (1850), que extinguiu o trafico negreiro.
A entrada de africanos no Brasil caiu drasticamente e o preço de um escravo dobrou em poucos meses.
Além disso, houve um intenso trafico interno, especialmente do nordeste para as zonas cafeeiras.
A lei de Terras
Em 1850, ano de extinção de trafico de escravos, também foi votado pelo parlamento brasileiro a
chamada Lei de Terras. A lei proibia a obtenção de terras publicas, exceto se fossem compradas.
Determinou também que todo proprietário registrasse suas propriedades.
O fim do trafico negreiro foi visto como uma ameaça ao latifúndio, que reagiu com a restrição do
acesso a propriedade do solo. Os latifundiários também pretendiam evitar que os imigrantes- cujo trabalho
substituiria o dos escravos nas plantações- conseguissem se tornar proprietários.
A Imigração
D. João VI já havia trazido imigrantes suíços e alemães para colonizar áreas no Rio de Janeiro e no
Espírito Santo em experiências que não tiveram continuidade. Mais tarde, na década de 1820 entraram por
volta de sete mil alemães destinados as áreas coloniais abertas no sul. O governo imperial subsidiava a
vinda dos colonos.
Os imigrantes ganhavam do governo brasileiro o direito de cultivar terras desocupadas, onde
poderiam produzir gêneros alimentícios destinados ao mercado interno. Contudo os grandes proprietários
passaram a fazer forte oposição a este modelo de colonização que não garantia a substituição dos
trabalhadores escravos em suas propriedades.
O senador Nicolau Vergueiro propôs, em 1845, a criação de sistemas de colônias de parceria
(Sistema de Parceria). O projeto previa que os trabalhadores estrangeiros, ao ingressarem no Brasil, fossem
trabalhar nas grandes lavouras, antes de se tronarem proprietários de terras.
A Guerra do Paraguai
O Fim da Escravidão
No bojo das transformações que estavam ocorrendo no Brasil imperial, uma questão desencadeou
discussões intermináveis: a abolição da escravatura.
A sobrevivência do escravismo não era apenas vista como criminosa e moralmente condenável.
Manter escravos tornara-se um luxo dispendioso. Na cidade a contratação de trabalhadores livres se
mostrava bem mais lucrativa do que o recurso à mão de obra escrava.
Tudo isso favoreceu a aprovação de uma serie de leis que restringiram gradativamente a esfera de
ação do escravismo. A primeira, em 1850, foi a Lei Eusébio de Queiroz. Em 1871, a chamada lei do ventre
livre assegurou a liberdade dos filhos de escravos que nasceram após o inicio da vigência da lei.
Em 1880, foi criada a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, liderada por Joaquim Nabuco e
outros abolicionistas. Em 1883, José do Patrocínio e outros militantes fundaram a confederação
abolicionista, unindo diversas associações antiescravistas. A maioria dos lideres abolicionistas conduziu sua
campanha dentro da lei e da ordem. Os mais devotos, porém, não hesitaram em apoiar fugas e mesmo
rebeliões de escravos.
Em 1885, as elites do império tiveram que fazer novas concessões na tentativa de conter a campanha
abolicionista. Foi assinada então a lei Saraiva Cotegipe ou Lei dos Sexagenários, que dava liberdade a todos
os escravos com mais de 65 anos.
A Lei Áurea
A Proclamação da República
O poder econômico estava, sem duvidas centrado nas mãos dos cafeicultores paulistas, mas não o
político. Em 1873, na cidade paulista Itu, mais de cem fazendeiros se uniram e fundaram o Partido
Republicano Paulista. O império enfraquecido ainda enfrentou problemas com a Igreja e com os militares. 41
A questão religiosa derivou das tensões que existiam pelo fato de a igreja católica estar subordinada
ao Estado (Padroados), as decisões papais, para terem efeito, precisavam passar pelo crivo do imperador.
O exercito dava manifestações de que aderira à causa abolicionista: em 1887, o Marechal Deodoro
da Fonseca enviou petição a princesa Isabel, então no poder, pedindo que as tropas do exército não fossem
convocadas para capturam escravos fugidos; nesse mesmo ano o tenente-coronel Senna Madureira apoiou
o movimento dos jangadeiros do Ceará contra o trafico de escravos no porto Fortaleza.
A questão militar deu-se pelo fim do apoio formal do exercito a monarquia. Muitos militares
encontravam no positivismo, doutrina elaborada pelo Frances Augusto Comte, a justificativa teórica para
sua convicção de que o exercito deveria ocupar papel de maior destaque na sociedade.
Assim, enquanto estava em Petrópolis, D. Pedro II foi surpreendido pelo levante militar comandado
pelo Marechal Deodoro da Fonseca, em 15 de novembro de 1889. O golpe militar dissolveu o gabinete
imperial e proclamou a republica.
SIMULADO
2. A(s) questão(ões) seguinte(s) é(são) composta(s) por três proposições I, II e III que podem ser
falsas ou verdadeiras. Examine-as identificando as verdadeiras e as falsas e em seguida marque a
alternativa correta dentre as que se seguem:
I. A cessação do tráfico negreiro (1850) não provocou escassez de mão-de-obra para os fazendeiros
das províncias do Norte, graças ao grande número de escravos adquiridos nos Estados Unidos.
II. Uma das primeiras tentativas de implantação do trabalho livre, no Brasil, foi o sistema de parceria.
III. A industrialização foi possível, entre outros fatores, pela acumulação de capital proveniente da
economia cafeeira.
3. O descontentamento do Exército, que culminou na Questão Militar no final do Império, pode ser
atribuído:
a) às pressões exercidas pela Igreja junto aos militares para abolir a monarquia.
b) à propaganda do militarismo sul-americano na imprensa brasileira.
c) às tendências ultrademocráticas das forças armadas, que desejavam conceder maior participação
política aos analfabetos.
d) à ambição de iniciar um programa de expansão imperialista na América Latina.
e) à predominância do poder civil que não prestigiava os militares e lhes proibia o debate político pela
imprensa.
4. Contribuíram decisivamente para o surto industrial de meados do século XIX, conhecido como
"Era Mauá".
a) A sólida política industrial implantada pelo governo monárquico.
b) A extinção do tráfico negreiro que liberou capitais, bem como a Tarifa Alves Branco e os lucros
obtidos com o café. 42
c) O crescimento do mercado interno, devido à bem sucedida política imigratória criada pelo Sistema
de Parceria.
d) O apoio da elite agrária, grande incentivadora das atividades industriais.
e) O desenvolvimento tecnológico, a qualidade da mão-de-obra e a Tarifa Silva Ferraz.
5. O Segundo Reinado, preso ao seu contexto histórico, não foi capaz de dar resposta às novas
exigências de mudanças. Quando se analisa a desagregação da ordem monárquica imperial brasileira,
percebe-se que ela se relacionou principalmente com a:
a) estrutura federativa vigente e a conspiração tutelada pelo exército.
b) bandeira do socialismo levantada pelos positivistas.
c) eliminação da discriminação entre brancos e negros.
d) forte diferenciação ideológica entre os partidos políticos.
e) abolição da escravidão e o desinteresse das elites agrárias com a sorte do Trono.
6. (Ufc 2010) Por aproximadamente três séculos, as relações de produção escravistas predominaram
no Brasil, em especial nas áreas de plantation e de mineração. Sobre este sistema escravista, é correto
afirmar que:
a) impediu as negociações entre escravos e senhores, daí o grande número de fugas.
b) favoreceu ao longo dos anos a acumulação de capital em razão do tráfico negreiro
c) possibilitou a cristianização dos escravos, fazendo desaparecer as culturas africanas.
d) foi combatido por inúmeras revoltas escravas, como a dos Malês e a do Contestado.
e) foi alimentado pelo fluxo contínuo de mão de obra africana até o momento de sua extinção em
1822.
7. "Na historiografia referente ao binômio abolicionismo-imigrantismo, a noção que assume o Oeste
paulista é de importância capital. A designação de Oeste, quando se trata dessa etapa histórica da
cafeicultura, tem como referência notória o Vale do Paraíba."
(Beiguelman, Paula, A CRISE DO ESCRAVISMO E A GRANDE IMIGRAÇÃO).
10. "A abolição da escravatura no Brasil, sem uma política de inserção social daqueles trabalhadores,
trouxe uma imensa marginalização social dos afrodescendentes. Afinal, havia uma nova ordem social na 43
qual a referência pelos imigrantes gerou a exclusão do negro do mercado de trabalho, levando-o à miséria
e a um tratamento diferenciado. Essa assimetria social - sustentada e reforçada pelo racismo científico do
séc. XIX - gerou uma situação lastimável: negros ainda eram oprimidos pelas idéias escravocratas que
pareciam não ter realmente desaparecido do contexto."
(Kossling, Karin Sant'Anna. Da liberdade à exclusão . Revista "Desvendando a História"., Ano 2,
n.10, p. 39).
I - A abolição da escravatura em 1888 pela princesa Isabel resolveu a questão de três séculos de
exploração, maus tratos e sofrimentos. A lei restituiu aos afrodescendentes a dignidade e o direito à
cidadania.
II - A Lei Áurea emancipou os negros da escravidão sem, contudo, lhes oferecer possibilidades reais
e dignas de participação no mercado de trabalho.
III - Os afrodescendentes ficaram condenados a exercer um papel subalterno na sociedade, levando-
os à miséria.
IV - A preferência pelos imigrantes reforçou a tese da igualdade racial tão propagada no século XIX.
Estão corretas:
a) I e IV.
b) II e III.
c) II e IV.
d) III e IV.
e) I e III.
12. Sobre as características da sociedade escravista colonial da América portuguesa estão corretas
as afirmações abaixo, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a.
A) O início do processo de colonização na América portuguesa foi marcado pela utilização dos índios
- denominados “negros da terra” - como mão-de-obra.
B) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utilização da mão-de-obra escrava africana seja
em áreas ligadas à agro-exportação, como o nordeste açucareiro a partir do final do século XVI, seja na
região mineradora a partir do século XVIII.
C) A partir do século XVI, com a introdução da mão-de-obra escrava africana, a escravidão indígena
acabou por completo em todas as regiões da América portuguesa.
D) Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores permitiram que alguns de seus escravos
pudessem realizar uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios agroexportadores, o que os
historiadores denominam de “brecha camponesa”.
E) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escravos e escravas trabalharam vendendo
mercadorias como doces, legumes e frutas, sendo conhecidos como “escravos de ganho”.
44
13. Cartazes, como o acima, registram algumas das características da escravidão na sociedade
brasileira, durante o século XIX.
Com base nas informações contidas no documento e no seu conhecimento acerca da escravidão,
assinale a única opção que NÃO apresenta uma característica correta.
14. Em 17 de março de 1872 pelo menos duas dezenas de escravos liderados pelo escravo chamado
Bonifácio avançaram sobre José Moreira Veludo, proprietário da Casa de Comissões (lojas de venda e
compra de escravos) em que se encontravam, e lhe meteram a lenha . Em depoimento à polícia, o escravo
Gonçalo assim justificou o ataque: Tendo ido anteontem para a casa de Veludo para ser vendido foi
convidado por Filomeno e outros para se associar com eles para matarem Veludo para não irem para a
fazenda de café para onde tinham sido vendidos. (Apud: CHALHOUB, Sidney, 1990, p. 30 31)
Com base no caso citado acima e considerando o fato e a historiografia recente sobre os escravos e
a escravidão no Brasil, é possível entender os escravos e a forma como se relacionavam com a escravidão
da seguinte forma:
I - O escravo era uma coisa, ou seja, estava sujeito ao poder e ao domínio de seu proprietário. Privado
de todo e qualquer direito, incapaz de agir com autonomia, o escravo era politicamente inexpressivo,
expressando passivamente os significados sociais impostos pelo seu senhor.
II - Nem passivos e nem rebeldes valorosos e indomáveis, estudos recentes informam que os
escravos eram capazes de se organizar e se contrapor por meio de brigas ou desordens àquilo que não
consideravam justo , mesmo dentro do sistema escravista.
III - Incidentes, como no texto acima, denotam rebeldia e violência por parte dos escravos. O ataque
ao Senhor Veludo, além de relevar o banditismo e a delinquência dos escravos, só permite uma única
interpretação: barbárie social.
IV - O tráfico interno no Brasil deslocava milhares de escravos de um lugar para outro. Na iminência
de serem subitamente arrancados de seus locais de origem, da companhia de seus familiares e do trabalho
com o qual estavam acostumados, muitos reagiram agredindo seus novos senhores, atacando os donos de
Casas de Comissões, etc.
V - Pesquisas recentes sobre os escravos no Brasil trazem uma série de exemplos, como o texto
citado acima, que se contrapõem e desconstroem mitos célebres da historiografia tradicional: que os
escravos eram apenas peças econômicas, sem vontades que orientassem suas próprias ações.
15. O Brasil ainda não conseguiu extinguir o trabalho em condições de escravidão, pois ainda existem
muitos trabalhadores nessa situação. Com relação a tal modalidade de exploração do ser humano, analise
as afirmações abaixo.
16. O texto, a seguir, retrata uma das mais tristes páginas da história do Brasil: a escravidão.
“O bojo dos navios da danação e da morte era o ventre da besta mercantilista: uma máquina de moer
carne humana, funcionando incessantemente para alimentar as plantações e os engenhos, as minas e as
mesas, a casa e a cama dos senhores – e, mais do que tudo, os cofres dos traficantes de homens.”
(Fonte: BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: a incrível saga de um país. São Paulo: Ática, 2003. p.
112).
18. (Fuvest 2012) Os indígenas foram também utilizados em determinados momentos, e sobretudo
na fase inicial [da colonização do Brasil]; nem se podia colocar problema nenhum de maior ou melhor
“aptidão” ao trabalho escravo (...). O que talvez tenha importado é a rarefação demográfica dos aborígines,
e as dificuldades de seu apresamento, transporte, etc. Mas na “preferência” pelo africano revela-se, mais
uma vez, a engrenagem do sistema mercantilista de colonização; esta se processa num sistema de relações
tendentes a promover a acumulação primitiva de capitais na metrópole; ora, o tráfico negreiro, isto é, o
abastecimento das colônias com escravos, abria um novo e importante setor do comércio colonial, enquanto
o apresamento dos indígenas era um negócio interno da colônia. Assim, os ganhos comerciais resultantes
da preação dos aborígines mantinham-se na colônia, com os colonos empenhados nesse “gênero de vida”;
a acumulação gerada no comércio de africanos, entretanto, fluía para a metrópole; realizavam-na os
mercadores metropolitanos, engajados no abastecimento dessa “mercadoria”. Esse talvez seja o segredo
da melhor “adaptação” do negro à lavoura ... escravista. Paradoxalmente, é a partir do tráfico negreiro que
se pode entender a escravidão africana colonial, e não o contrário.
Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, 1979,
p. 105. Adaptado.
O tráfico negreiro foi um dos mais importantes elementos do domínio colonial entre os séculos XVI e
XVIII. A mão de obra escrava proveniente da África foi empregada nas principais atividades desenvolvidas
nas colônias americanas, por iniciativa dos Estados europeus. Considerando os dados fornecidos pelo
gráfico, é possível afirmar sobre a economia colonial nesse período:
a) A utilização de escravos africanos na América espanhola cresceu em escala progressiva e 47
acompanhou o aumento da extração de prata e ouro até o final do século XVIII.
b) A introdução de escravos africanos nas Antilhas Francesas está associada à produção canavieira
desenvolvida por holandeses após a sua expulsão de Pernambuco na metade do século XVII.
c) Os governantes ingleses impediram o tráfico de escravos em suas colônias e estimularam, em
contrapartida, o desenvolvimento do povoamento europeu nos territórios americanos sob o seu controle.
d) A utilização de escravos africanos no Brasil ocorreu, apenas, com a descoberta de ouro e pedras
preciosas na região das Minas Gerais, no século XVIII.
e) O número de escravos africanos trazido ao Brasil foi sempre superior ao volume de escravos
destinados às demais áreas coloniais referidas no gráfico.
20. (Unesp 2012) Os africanos não escravizavam africanos, nem se reconheciam então como
africanos. Eles se viam como membros de uma aldeia, de um conjunto de aldeias, de um reino e de um
grupo que falava a mesma língua, tinha os mesmos costumes e adorava os mesmos deuses. (...) Quando
um chefe (...) entregava a um navio europeu um grupo de cativos, não estava vendendo africanos nem
negros, mas (...) uma gente que, por ser considerada por ele inimiga e bárbara, podia ser escravizada. (...)
O comércio transatlântico (...) fazia parte de um processo de integração econômica do Atlântico, que envolvia
a produção e a comercialização, em grande escala, de açúcar, algodão, tabaco, café e outros bens tropicais,
um processo no qual a Europa entrava com o capital, as Américas com a terra e a África com o trabalho,
isto é, com a mão de obra cativa.
(Alberto da Costa e Silva. A África explicada aos meus filhos, 2008. Adaptado.)
Ao caracterizar a escravidão na África e a venda de escravos por africanos para europeus nos
séculos XVI a XIX, o texto
a) reconhece que a escravidão era uma instituição presente em todo o planeta e que a diferenciação
entre homens livres e homens escravos era definida pelas características raciais dos indivíduos.
b) critica a interferência europeia nas disputas internas do continente africano e demonstra a rejeição
do comércio escravagista pelos líderes dos reinos e aldeias então existentes na África.
c) diferencia a escravidão que havia na África da que existia na Europa ou nas colônias americanas,
a partir da constatação da heterogeneidade do continente africano e dos povos que lá viviam.
d) afirma que a presença europeia na África e na América provocou profundas mudanças nas
relações entre os povos nativos desses continentes e permitiu maior integração e colaboração interna.
e) considera que os únicos responsáveis pela escravização de africanos foram os próprios africanos,
que aproveitaram as disputas tribais para obter ganhos financeiros.
23. (Unesp 2010) Sobre o emprego da mão de obra escrava no Brasil colonial, é possível afirmar que
a) apenas africanos foram escravizados, porque a Igreja Católica impedia a escravização dos índios.
b) as chamadas “guerras justas” dos portugueses contra tribos rebeldes legitimavam a escravização
de índios.
c) interesses ligados ao tráfico negreiro controlado pelos holandeses forçavam a escravização do
africano.
d) os engenhos de açúcar do Nordeste brasileiro empregavam exclusivamente indígenas
escravizados.
e) apenas indígenas eram escravizados nas áreas em que a pecuária e o extrativismo
predominavam.
24. (Pucrs 2010) Entre 1500 e 1530, os interesses da coroa portuguesa, no Brasil, focavam o pau-
brasil, madeira abundante na Mata Atlântica e existente em quase todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do
Norte ao Rio de Janeiro. A extração era feita de maneira predatória e assistemática, com o objetivo de
abastecer o mercado europeu, especialmente as manufaturas de tecido, pois a tinta avermelhada da seiva
dessa madeira era utilizada para tingir tecidos. A aquisição dessa matéria-prima brasileira era feita por meio
da
a) exploração escravocrata dos europeus em relação aos índios brasileiros.
b) criação de núcleos povoadores, com utilização de trabalho servil.
c) utilização de escravos africanos, que trabalhavam nas feitorias.
d) exploração da mão de obra livre dos imigrantes portugueses, franceses e holandeses.
e) exploração do trabalho indígena, no estabelecimento de uma relação de troca, o conhecido
escambo.
25. (Fgv 2009) "O primeiro grupo social utilizado pelos portugueses como escravo foi o das
comunidades indígenas encontradas no Brasil. A lógica era simples: os índios estavam localizados junto ao
litoral, e o custo inicial era pequeno, se comparado ao trabalhador originário de Portugal. (...) No entanto,
rapidamente ocorreu um declínio no emprego do trabalhador indígena."
(Rubim Santos Leão de Aquino et alii, "Sociedade brasileira: uma história através dos movimentos
sociais")
O declínio a que o texto se refere e o avanço da exploração do trabalhador escravo africano pode
ser explicado:
a) pelo prejuízo que a escravização indígena gerava para os senhores de engenho que tinham a
obrigação da catequese; pela impossibilidade de a Coroa portuguesa cobrar tributos nos negócios
envolvendo os nativos da colônia; pela presença de uma pequena comunidade indígena nas regiões
produtoras de açúcar.
b) pela forte oposição dos jesuítas à escravização indiscriminada dos índios; pelo lucro da Coroa
portuguesa e dos traficantes com o comércio de africanos; pela necessidade de fornecimento regular de
mão de obra para a atividade açucareira, em franca expansão na passagem do século XVI ao XVII.
c) pela imposição de escravos do norte da África, por parte dos grandes traficantes holandeses; pela
determinação da Igreja católica em proibir a escravização indígena em todo Império colonial português; pelo
custo menor do escravo de algumas regiões da África, como Angola e Guiné. 49
d) pelos preceitos das Ordenações Filipinas, que indicavam o caminho da catequese e não o do
trabalho para os nativos americanos; pelo desconhecimento, por parte dos índios brasileiros, de uma
economia de mercado; pelos acordos entre o colonizador português e parte das lideranças indígenas.
e) pela extrema fragilidade física dos povos indígenas encontrados nas terras portuguesas na
América; pelos preceitos religiosos da Contrarreforma, que não aceitavam a escravização de povos
primitivos; pela impossibilidade de encontrar e capturar índios no interior do espaço colonial.
26. (Ufpa 2008) Sobre os padres jesuítas, a Lei de 28 de abril de 1688 determinava o seguinte:
"serão obrigados a fazer os resgates não só nas missões ordinárias e suas residências, mas para
este efeito entrarão todos os anos em diversos tempos pelos sertões com a gente que entenderem
necessária e cabos de escolta a sua satisfação, que uma e outra coisa lhe mandara dar prontamente nas
ditas ocasiões o meu governador e capitão-general".
"Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro", v. 66 (1948), p. 98.
Essa Lei atribuía aos jesuítas a prática dos resgates, os quais consistiam em
a) guerras contra os índios e a libertação de prisioneiros portugueses feitos por eles.
b) lutas contra os muitos quilombos de africanos fugidos e o resgate desses escravos para devolução
aos seus senhores.
c) guerras contra os estrangeiros que invadiam os territórios da Amazônia portuguesa para escravizar
os índios, e transformá-los em mão de obra nas propriedades agrícolas.
d) expedições em direção ao sertão para a compra de prisioneiros índios cativados nas guerras entre
as próprias nações indígenas, os quais eram considerados escravos pelos portugueses.
e) capturas de índios do sertão pelos colonizadores, para a formação de núcleos próximos às
grandes cidades a fim de evitar a formação de quilombos.
A PRIMEIRA REPUBLICA
Proclamação da República
O período final da monarquia brasileira foi marcado pela insatisfação. De todos os cantos do Brasil,
de cada setor da sociedade, surgiam críticas à conduta do governo e ao atraso político e econômico imposto
ao país. Até mesmo dom Pedro II, que durante muito tempo foi poupado de ataques públicos, tornou-se alvo
de deboche de setores da imprensa, especialmente a carioca. Desde o fim da Guerra do Paraguai (1865-
1870), o coro dos descontentes com a monarquia vinha engrossando dia a dia. Pode-se compreender que
um governo passe por maus momentos, em especial tratando-se de um país com as dimensões do Brasil,
com imensas diferenças regionais e um longo histórico de levantes populares – mais ou menos radicais –
no decorrer da sua história. Mas a grande diferença desse período (fim do século XIX) é que quem estava
insatisfeito com a situação do país tinha poder e influência suficientes para efetuar mudanças significativas
na política nacional.
No dia 15 de novembro de 1889, depois de um sem-número de informações truncadas, ameaças de
prisão e muita boataria, o marechal Deodoro da Fonseca, ainda enfermo, desfilou hesitante à frente de
pouco mais de seiscentos soldados. Foi em direção ao Campo de Santana, em São Cristóvão, coração
nervoso da capital imperial, e proclamou a República, em meio a gritos de vivas dos militares. Dom Pedro II
foi informado oficialmente da situação e convidado sem muita cerimônia a se retirar do Brasil na madrugada
seguinte, dia 16 de novembro. O monarca deposto, sem condição ou vontade para reagir, saiu praticamente
escondido. Ele e a família real foram embarcados às pressas no navio Alagoas rumo à Europa. Pouco tempo
depois, em 1891, amargando um exílio sem luxo e sem glória em um hotel parisiense, dom Pedro morreu
logo após completar 66 anos. Um fim melancólico para a monarquia brasileira e o início de outro tempo, a
República, ainda cheio de incertezas.
O pacto oligárquico
“São Paulo dá café/ Minas dá leite/ E a Vila Isabel dá samba”. Assim cantou um dos maiores
compositores brasileiros, Noel Rosa (1910-1937), no samba “Feitiço da Vila”, de 1934. Na canção, o
compositor fazia referência a dois estados da federação e a seus principais produtos. São Paulo foi durante
toda a Primeira República o maior produtor de café, enquanto Minas Gerais era o maior produtor de leite e
derivados. Mas a conta certa não era bem essa. Na verdade Minas era também o segundo maior produtor
de café do Brasil. Portanto, segundo a historiadora Cláudia Viscardi, o que denominavam como política do
café com leite era na verdade café com café, ou café extraforte. É muito comum ouvir falar que, desde os
tempos de Campos Sales, ocorreu uma sequência de presidentes dos dois principais estados da federação.
Ou seja, que o presidente paulista indicava um sucessor mineiro e que o presidente mineiro indicava um
sucessor paulista. Daí o café com leite. Mas não era bem assim. O que ocorria era um acerto um tanto mais
complicado entre São Paulo e Minas Gerais, em que os chefes políticos dos dois estados compunham
acordos envolvendo nomes consensuais. Geralmente essas alianças não chegavam a ser muito sólidas,
desfazendo-se tão logo as eleições terminassem. É provável que a expressão “café com leite“ tenha sido
criada pela imprensa carioca em fins dos anos 1920, dando conta da aliança firmada entre Artur Bernardes
– mineiro – e Washington Luís – representante paulista. Ela foi utilizada em tom pejorativo pelos opositores
do pacto oligárquico, principalmente por Getúlio Vargas, após a Revolução de 1930, durante os primeiros
anos de seu governo. O fato, porém, é que as alianças entre São Paulo e Minas Gerais foram mesmo
eficientes. Os paulistas eram donos da maior produção de café, da maior produção industrial e da maior
arrecadação de impostos do Brasil. Além disso, tinham o maior número percentual de eleitores, pois
contavam com a maior população de alfabetizados do país. Já os mineiros eram responsáveis pela segunda
maior produção de café, a maior produção de laticínios e o maior número de cabeças de gado bovino do
Brasil, competindo de perto com os gaúchos. Minas ainda tinha o maior número absoluto de eleitores da
nação. Ou seja: um acordo entre os dois estados era praticamente indestrutível.
O coronelismo é um fenômeno sociopolítico brasileiro, que alcançou seu apogeu entre os governos
Campos Sales (1898-1902) e Washington Luís (1926-1930), o último da Primeira República. O nome é uma
referência à patente distribuída pela Guarda Nacional a chefes políticos durante o Império. A proeminência
social e ideológica alcançada por esses homens, contudo, tinha raízes ainda mais profundas, talvez da
época da colônia. Isso porque os coronéis eram, na maioria dos casos, grandes proprietários de terras, e
retiravam daí sua fortuna, bem como sua importância social, política e até mesmo simbólica. Eles eram
responsáveis pela tutela dos lavradores que moravam em suas fazendas e também daqueles que residiam
nas cidades que ficavam no entorno de seus domínios. Muitas vezes sua influência assumia caráter pessoal, 51
e então se tornavam padrinhos de casamento, de recém-nascidos, resolviam questões de disputas familiares
e até emprestavam dinheiro a juros, com regras financeiras menos severas que as dos bancos. Os coronéis
tinham um perfil paternalista, autoritário e violento, estabelecido com base nas enormes diferenças
socioeconômicas que praticamente definiam o interior do Brasil naquela época. Além disso, o poder dos
coronéis era sustentado por pequenas forças paramilitares, portanto, não oficiais, armadas por eles para
defenderem seus interesses. Por tudo isso, eles eram peças-chave na realização dos processos eleitorais.
Os coronéis controlavam os chamados currais eleitorais por meio do voto de cabresto, base de todo esse
arranjo. Esses eram os nomes dados naquela época à forma de controle dos pleitos. As expressões faziam
alusão ao modo bruto como os eleitores eram conduzidos até às urnas, como gado, sem direito à escolha,
sem chance de liberdade. Como a Constituição de 1891 previa o voto aberto, os coronéis e seus cabos
eleitorais tinham a possibilidade de interferir de maneira direta e incisiva na escolha dos candidatos.
A Revolução de 1930
O último presidente da Primeira República foi Washington Luís (1926-1930). Ele era conhecido pela
boa aparência e pela conduta simpática. Festeiro, gostava do Carnaval carioca e não poupava despesas
para as recepções que organizava no Palácio do Catete. Os jornais da capital federal tratavam o chefe da
nação afetuosamente, apelidos como “Seu Lulu”, “Doutor Barbado” e o “Rei da Fuzarca”. Como havia
nascido em Macaé, município do estado do Rio de Janeiro, e construído toda sua carreira política em São
Paulo, era chamado ainda de “O paulista de Macaé”, para a alegria dos cartunistas e das marchinhas de fim
de ano. A simpatia e o carisma do presidente, contudo, não foram suficientes para minimizar os problemas
que afetavam o país. A década de 1920 foi um tempo difícil, no Brasil e no mundo. Entre os problemas
domésticos estavam a crescente superprodução do café, que apertava os lucros dos produtores, esgotava
os cofres do governo e obrigava a uma política econômica recessiva; as insatisfações populares, traduzidas
em inúmeras organizações operárias e movimentos grevistas; e os episódios do tenentismo, que haviam
balançado as estruturas do pacto oligárquico e fraturado alianças tradicionais, envolvendo novamente os
membros mais agitados do Exército e ainda conseguindo espalhar sua influência por boa parte do país.
O mundo também passava por mudanças. A Primeira Guerra (1914-1918) havia deixado um rastro
de destruição e morte nunca visto, com consequências econômicas desastrosas. O empobrecimento da
população e a radicalização política levaram ao avanço da extrema-direita, notadamente o fascismo italiano
e as organizações embrionárias que inauguraram o nazismo na Alemanha. A Rússia havia passado por uma
Revolução (1917), que acabou com o czarismo e criou a primeira república socialista da História, com os
operários bolcheviques no comando. O processo revolucionário russo influenciou o proletariado de outras
partes do mundo que se organizaram ante a possibilidade de reproduzir a revolução socialista em cada um
dos países em que a exploração burguesa tivesse alcançado êxito. Os Estados Unidos, única potência a
sobreviver, aumentar sua força e ainda ampliar sua zona de influência após a guerra, amargaram a pior
crise financeira no fim da década com a Crise da Bolsa de Nova York (1929). Com a aproximação das
eleições, Washington Luís rompeu o protocolo mais ou menos estabelecido por São Paulo e Minas Gerais,
base do pacto oligárquico, conhecido como café com leite.
Desde o fim do governo Hermes da Fonseca, em 1914, os dois mais influentes estados da federação
acertavam de maneira consensual os nomes dos candidatos à sucessão presidencial, com paulistas e
mineiros trocando de lugar nas disputas pelo Palácio do Catete. Washington Luís, porém, argumentando
que se preocupava com a condução da política econômica do café, indicou como candidato o igualmente
paulista Júlio Prestes, na época governador de São Paulo. Com isso o chefe do governo mineiro, o
experiente Antônio Carlos de Andrada, viu-se preterido. Até então, pela lógica da política do café com leite,
com um paulista na Presidência, o nome natural da próxima disputa deveria vir de Minas Gerais; ou seja,
naquele caso deveria ser ele, Antônio Carlos, o indicado. Insatisfeito com a conduta de Washington Luís, o
governador mineiro passou a articular uma chapa de oposição que fizesse frente aos desaforos de “Seu
Lulu”. A Aliança Liberal foi lançada, tendo o jovem e habilidoso governador do Rio Grande o Sul, Getúlio
Vargas, como candidato à Presidência e João Pessoa, governador da Paraíba, como vice. Pela primeira vez
em mais de uma década São Paulo e Minas Gerais ficavam separados durante a corrida presidencial. A
alternativa imaginada por Antônio Carlos era encabeçada por um representante das oligarquias gaúchas,
que já há algum tempo tentavam chegar ao Catete, fosse pelo portão de entrada, fosse pelo gradil dos
fundos.
Não houve surpresas. Pelo menos não nas eleições. Venceu o candidato do governo, com a
esperada vantagem de sempre: Júlio Prestes teve pouco mais de 1 milhão de votos, contra 700 mil confiados
a Getúlio Vargas. A campanha da Aliança Liberal cresceu em alguns grandes centros, como foi o caso do
Rio de Janeiro, por haver se comprometido com a defesa do voto secreto e a promessa de adoção de leis
trabalhistas, mas nada disso foi suficiente para superar o cabresto dos coronéis ligados a Washington Luís. 52
Os meses seguintes foram de grande tensão. Os aliancistas não se conformaram com a derrota e
defenderam a tese da fraude eleitoral. Vargas iniciou articulações com as principais dissidências políticas
do pacto oligárquico em diversos estados da federação, em particular Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro
e Rio Grande do Sul. Os chefes militares, oriundos das campanhas tenentistas, somaram seus esforços ao
projeto de um novo levante que desbaratasse finalmente o governo. Havia muita incerteza diante dos
acontecimentos, o que dificultava qualquer ação enérgica contra Washington Luís. O golpe definitivo, porém,
veio do Nordeste. No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa foi morto a tiros em Recife em uma confeitaria
da moda. Imediatamente o assassinato do candidato à vice-presidência pela Aliança Liberal foi tomado como
uma nervosa bandeira de oposição ao governo. A morte de João Pessoa era o que faltava para persuadir
os que ainda tinham dúvidas quanto à necessidade de derrubar o “Doutor Barbudo” da cadeira presidencial.
O plano dos revoltosos parecia ser simples. Os líderes militares rebeldes, em cada ponto do país,
deveriam comandar ações sistemáticas de tal forma a assumirem o controle dos governos estaduais, sem
que houvesse muito espaço para represálias. Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do
Sul encabeçariam o movimento, cabendo aos gaúchos a mobilização de um maior número de soldados para
marchar em direção à capital federal. No Rio de Janeiro o golpe era iminente. Em meados de outubro foram
cortadas as comunicações telefônicas, telegráficas e aéreas; os bancos foram fechados e diversos
estabelecimentos comerciais sequer abriram suas portas. Os militares se mostravam ansiosos para depor o
presidente, que, aliás, se recusava a sair do Palácio da Guanabara, para onde havia se transferido. Somente
o general Góis Monteiro tinha sob seu comando cerca de 30 mil homens, prontos para tomar a sede do
governo, caso o poder não fosse transferido para Getúlio Vargas. Washington Luís, isolado e sem chance
de vitória, foi deposto no dia 24 de outubro de 1930. Poucos dias depois, em 3 de novembro de 1930, Vargas
foi empossado na condição de novo presidente da República.
SIMULADO
1. No final do século XIX e início do século XX o Nordeste foi assolado pelos cangaceiros, bandos
armados que roubavam, sequestravam e matavam em seu próprio benefício ou a serviço de chefes políticos.
Contribuíram para o aparecimento desse grande contingente de marginalizados:
a) os movimentos revolucionários republicanos dos fins do Império.
b) a grande migração de nordestinos para a colheita da borracha na Amazônia.
c) a propaganda da guerrilha comunista entre os camponeses.
d) o processo de urbanização e industrialização que expulsou muitos camponeses de suas terras.
e) a concentração da propriedade, o aumento demográfico e os efeitos da seca.
2. A(s) questão(ões) seguinte(s) é(são) composta(s) por três proposições I, II e III que podem ser
falsas ou verdadeiras. Examine-as identificando as verdadeiras e as falsas e em seguida marque a
alternativa correta dentre as que se seguem:
I. O regime republicano instituído em 1889 pode ser interpretado como uma espécie de ajustamento
político às mudanças ocorridas na sociedade e na economia do país.
II. Canudos foi um episódio de rebeldia contra o sistema de dominação rural.
III. Na "política dos governadores", Minas Gerais e Rio Grande do Sul desempenharam os papéis
mais importantes, seguidos de São Paulo.
3. A Semana de Arte Moderna de 1922, que reuniu em São Paulo escritores e artistas, foi um
movimento:
a) de renovação das formas de expressão com a introdução de modelos norte-americanos.
b) influenciado pelo cinema internacional e pelas idéias propagadas nas universidades de São Paulo
e do Rio de Janeiro.
c) de contestação aos velhos padrões estéticos, às estruturas mentais tradicionais e um esforço de
repensar a realidade brasileira.
d) desencadeado pelos regionalismos nordestino e gaúcho, que defendiam os valores tradicionais. 53
e) de defesa do realismo e do naturalismo contra as velhas tendências românticas.
4. No governo Rodrigues Alves (1902-1906), ocorreu a revolta da vacina, que estava contextualizada:
a) na modernização e no saneamento do Rio de Janeiro.
b) na modernização e no saneamento do Brasil como um todo.
c) no combate às doenças epidêmicas promovido pela ONU.
d) na recepção aos imigrantes.
e) na oposição entre os setores rural e urbano.
5. "Voto de cabresto", "curral eleitoral", "eleição a bico de pena", "juiz nosso", "delegado nosso",
"capangas" e "apadrinhamento" são expressões que lembram em nosso país o:
a) liberalismo.
b) totalitarismo.
c) messianismo.
d) coronelismo.
e) comunismo.
6. A identificação dos governos da República Velha com os interesses da economia cafeeira pode
ser expressa pelo(a):
a) financiamento, através do Banco do Brasil, para o plantio de novas lavouras, no Encilhamento.
b) estatização das exportações, com o objetivo de garantir os preços, durante a Primeira Guerra
Mundial.
c) adoção de uma política de valorização, reduzindo a oferta do produto, a partir do Convênio de
Taubaté.
d) controle da mão-de-obra camponesa e apoio à imigração, com a Lei Adolfo Gordo.
e) isenção de tributos assegurada no programa de estabilização de Campos Sales.
"... os senhores das classes dominantes e seus porta-vozes recusavam-se a acreditar na realidade:
milhares de párias do campo armados em defesa da própria sobrevivência, em luta, ainda que espontânea,
não consciente, contra a monstruosa e secular opressão latifundiária e semifeudal, violando abertamente o
mais sagrado de todos os privilégios estabelecidos desde o começo da colonização européia do Brasil - o
monopólio da terra nas mãos de uma minoria a explorar a imensa maioria."
I. "... a classe dos fazendeiros de café se conservava e se eternizava no Governo graças a uma
máquina eleitoral que se estendia por todo o país, mergulhando suas raízes na terra..."
II. "... o Estado (...) é todo ele marcado pelo arbítrio dos governantes contra setores populares que
se organizavam para reduzir a exploração..."
III. "... a política dos governadores permitia às classes dominantes dos Estados mais poderosos (...) 54
preservar e fortalecer o poder do grupo que dominava o aparelho estatal..."
10. A frase "façamos a revolução antes que o povo a faça", atribuída a Antônio Carlos, Presidente
do Estado de Minas Gerais em 1930, revela alguns elementos a respeito do movimento que levou Getúlio
Vargas ao poder e que ficou conhecido como "revolução de 30". Sobre este movimento, é correto afirmar
que:
a) foi liderado pelas oligarquias cafeeiras paulistas, descontentes com as diretrizes do governo de
Washington Luís
b) representou a vitória de uma burguesia urbano-industrial sobre as oligarquias agro-exportadoras,
com reflexos imediatos nas estruturas sociais brasileiras
c) o movimento foi desencadeado, após a vitória de Getúlio Vargas nas eleições de 1930, pelas
oligarquias descontentes com o resultado eleitoral
d) a tomada do poder foi efetuada em nome da moralidade eleitoral e administrativa, que era o lema
da campanha do tenentismo durante toda a década de 20
11. "A década de 1920 terminou presenciando uma das poucas campanhas eleitorais da Primeira
República em que houve autêntica competição para o cargo da Presidência".
(FONTE: CARVALHO, José Murilo. Marco Divisório. In "Cidadania no Brasil: o longo caminho". Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001, pp.89-126.)
Assinale a alternativa que contém os nomes dos dois candidatos que disputaram a Presidência da
República, na ocasião.
a) Washington Luis e Getúlio Vargas.
b) Washington Luis e Júlio Prestes.
c) Hermes da Fonseca e Getulio Vargas.
d) Getúlio Vargas e Júlio Prestes.
13. Sobre as relações entre três movimentos que marcaram o Brasil nas décadas de 1920 ou 1930
(cangaço, atuação do Padre Cícero e Coluna Prestes), podemos dizer que
a) os cangaceiros representavam o banditismo do sertão e a Coluna Prestes os combateu em sua
tentativa de implantar o socialismo no país.
b) Padre Cícero, Lampião e Luis Carlos Prestes foram os três maiores líderes populares da história
brasileira e se uniram para transformar o país.
c) a Coluna Prestes nasceu nos levantes tenentistas e defendia o poder popular, expresso, entre
outros, pela ação do cangaço e pela fé religiosa.
d) Padre Cícero e o cangaço, diferentemente da Coluna Prestes, foram manifestações populares
ligadas à vida e à história nordestina.
e) as volantes contaram com o auxílio da Coluna Prestes e do Padre Cícero e seus fiéis na
perseguição e destruição dos grupos de cangaceiros.
14. O governo republicano apoiaria os grupos dominantes nos Estados, enquanto estes, em troca,
apoiariam a política do presidente. Esse arranjo, concebido por Campos Sales, ficou conhecido como:
a) Política dos Governadores.
b) Encilhamento.
c) Plano de Metas.
d) Café-com-leite.
e) Civilismo.
15. O governo de Washington Luís, entre várias dificuldades, teve também de enfrentar os efeitos:
a) da campanha contra seu ministro Oswaldo Cruz a respeito da obrigatoriedade da vacina contra a
varíola.
b) da inflação provocada pela política do Encilhamento.
c) das restrições às importações provocadas pela 1• Guerra Mundial.
d) da crise de 1929 com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque.
e) das revoluções em São Paulo e Minas Gerais que reivindicavam melhores salários-mínimos.
16. "Cabo de enxada engrossa as mãos - o laço de couro cru, machado e foice também. Caneta e
lápis são ferramentas muito delicadas. A lida é outra: labuta pesada, de sol a sol, nos campos e nos currais
(...) Ler o quê? Escrever o quê? Mas agora é preciso: a eleição vem aí e o alistamento rende a estima do
patrão, a gente vira pessoa."
(Palmério, Mario. VILA DOS CONFINS)
19. A dominação dos grandes proprietários rurais durante a República Velha deu origem à expressão
popular "voto de cabresto", mecanismo eleitoral que resulta de:
a) influência política das oligarquias regionais
b) adaptação do campesinato à realidade do mundo urbano
c) inconformismo do eleitor nas pequenas cidades do interior
d) submissão dos trabalhadores rurais aos valores soberanos das cidades
20. A crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929/1930, refletiu-se nos Estados Unidos e em todo o
mundo, com exceção dos países componentes da URSS. No Brasil, a consequência política foi o(a):
a) Revolução de 1930, que derrubou a República Oligárquica.
b) início da política do "Café-com-Leite".
c) surgimento do Movimento Tenentista.
d) formação da Política dos Governadores.
e) revolta dos posseiros do Contestado.
No texto anterior, o escritor Mario de Palmério, faz alusões a práticas eleitorais frequentes no sistema
político brasileiro, revelando a força e o poder dos "coronéis". Com relação ao exposto, é incorreto afirmar:
a) O sistema eleitoral da República Velha era baseado no voto aberto, isto é, os eleitores tinham que
declarar publicamente o candidato de sua preferência.
b) A procedência do voto podia ser identificada e causar sérios problemas para o eleitor que não
votasse nos candidatos apoiados pelos grandes fazendeiros, mais conhecidos como coronéis.
c) Em troca de "favores" concedidos, os "coronéis" exigiam que as pessoas votassem nos candidatos
políticos por eles indicados.
d) Cumprindo ordens dos coronéis, os jagunços controlavam o voto de cada eleitor, caracterizando-
se assim o "voto de cabresto".
e) A Comissão Verificadora das eleições foi instituída pelo Congresso Nacional, com a tarefa de
reconhecer a validade dos resultados das eleições, caracterizando, assim, uma justiça eleitoral idônea e
independente.
22. Com base nos conhecimentos sobre a chamada República Velha, conclui-se:
23. "Num momento em que a Marinha se reforma e tenta assimilar as técnicas modernas, seu
elemento humano e seu mecanismo disciplinar ainda são regulados por códigos dos séculos XVIII e XIX.
Os maus-tratos se somam à freqüência dos castigos corporais. O trabalho é duro e excessivo."
(Edgard Carone - "A República Velha")
24. A mesma realidade que produziu Canudos gerou também o Cangaço, na medida em que:
a) o catolicismo rústico não fazia parte do cotidiano destes movimentos sociais.
b) ambos foram uma forma de denúncia contra a seca, miséria e arbitrariedade dos coronéis.
c) a solução dada pelo governo, tanto em Canudos como no Cangaço, foi integrar pacificamente o
sertanejo à civilização.
d) o banditismo social era fortemente repudiado pela população local camponesa, que apoiava ações
violentas do Estado.
e) os dois episódios foram organizados por líderes monarquistas que pretendiam derrubar a
república.
I - ocorreu numa região de disputa territorial entre os Estados de Santa Catarina e Paraná.
II - apresentou conteúdo religioso aliado a reivindicações sociais.
III - um de seus principais líderes foi Antônio Conselheiro.
26. A(s) questão(ões) seguinte(s) é(são) composta(s) por três proposições I, II e III que podem ser
falsas ou verdadeiras. Examine-as identificando as verdadeiras e as falsas e em seguida marque a
alternativa correta dentre as que se seguem:
I. O regime republicano instituído em 1889 pode ser interpretado como uma espécie de ajustamento
político às mudanças ocorridas na sociedade e na economia do país.
II. Canudos foi um episódio de rebeldia contra o sistema de dominação rural.
III. Na "política dos governadores", Minas Gerais e Rio Grande do Sul desempenharam os papéis
mais importantes, seguidos de São Paulo.
27. A República Brasileira, na última década do Século XIX, caminhava para a consolidação da
oligarquia dos coronéis-fazendeiros. A crise econômico-financeira agravava as condições de vida na cidade
e no campo. A rebelião de Canudos pode ser entendida como movimento de:
a) hesitação dos mandatários políticos em desfechar medidas repressivas contra a gente oprimida. 58
b) tensão social agravada pela expulsão dos camponeses que atuavam nas frentes pioneiras
catarinenses e paranaenses.
c) resistência da população sertaneja contra a estrutura agrário-latifundiária e as medidas repressivas
oficiais.
d) descontentamento dos fanáticos que buscavam efetivar práticas liberais burguesas.
e) rebeldia dos jagunços que se opunham à rede de açudes e às campanhas de combate às secas.
30. Na década de 1920, eclode no Brasil um descontentamento de um setor militar, o qual ficou
conhecido como "tenentismo".
Em relação a este assunto, é CORRETO afirmar que:
(01) o movimento tenentista pregava a moralização da vida pública e a defesa dos interesses
nacionais.
(02) dentre sua liderança destacou-se Luís Carlos Prestes, que liderou a "Coluna Prestes" e
percorreu mais de 24.000 km pelo interior do Brasil. Seu maior objetivo era depor o governo de Getúlio
Vargas.
(04) a "Coluna Prestes" propunha a destituição do presidente Artur Bernardes e da República
Oligárquica. 59
(08) o movimento tenentista foi fortalecido no sertão nordestino com o apoio decisivo de "Lampião",
líder dos cangaceiros.
(16) a "Coluna Prestes" nunca foi derrotada pelas tropas do exército. No entanto, internou-se na
Bolívia onde se dispersou em 1927. Seu líder maior, Luís Carlos Prestes, ficou conhecido como "Cavaleiro
da Esperança".
31. O período da História do Brasil compreendido entre 1889 e 1930 é denominado por muitos
historiadores de República Velha. Neste período, diversas revoltas e movimentos sociais ocorreram. Leia
atentamente as seguintes afirmativas sobre essas revoltas e movimentos sociais:
Desde que Getúlio assumiu o poder em outubro de 1930, a Constituição de 1891 passou a ser
negligenciada. O presidente governava por decretos. Esses fatos, além do fechamento dos Legislativos
federal e estaduais, não deixavam dúvidas de que Getúlio estava à testa de uma ditadura. Os paulistas não
aceitavam a continuidade do governo Vargas e exigiam a imediata formação de uma Assembleia
Constituinte.
Na noite de 23 de maio, São Paulo foi palco do enfrentamento entre manifestantes e tropas do
governo, que tentavam inutilmente conter a multidão. Dezenas de pessoas foram feridas e quatros jovens
estudantes morreram: Mário Martins de Almeida, Euclides Miragaia, Dráusio Marcondes e Antônio Américo
Camargo.
Nos dias seguintes, São Paulo tinha quatro mártires como bandeira e uma sigla como emblema,
formada com as iniciais de seus nomes – MMDC –, para a organização cívica contra o governo Vargas. Em
9 de julho eclodiu na capital paulista uma revolta que rapidamente se expandiu pelo estado.
Antes que setembro de 1932 chegasse ao fim, as lideranças rebeldes, depuseram as armas e se
apresentaram para a negociação. Vargas determinou a prisão dos líderes constitucionalistas; alguns deles
foram exilados para Portugal, outros ainda tiveram seus direitos políticos cassados.
O governo federal procurou mostrar mudanças da política de Getúlio Vargas para com os paulistas
por meio de medidas, tais como preparar condições para a escolha dos representantes da Assembleia
Constituinte, que se realizaria a partir de maio de 1933, e nomear um interventor paulista, Armando de Sales
Oliveira.
A Constituição (1934)
Mesmo antes de a Revolução Constitucionalista rebentar, em julho de 1932, Getúlio Vargas havia
solicitado ao ministro da Justiça, que criasse um projeto eleitoral para o Brasil. No dia 24 de fevereiro de
1932 foi promulgado o Decreto no 21 076, que instituiu o novo Código Eleitoral Brasileiro. As maiores
conquistas alcançadas por esse novo instrumento legal foram a instituição do voto universal, direto e secreto,
e o voto feminino. Ainda não podiam votar menores de 21 anos, analfabetos, clérigos regulares, militares,
mendigos.
As eleições ocorreram em maio de 1933 com a escolha de 254 parlamentares. Mas também quarenta
deputados oriundos de sindicatos e associações patronais, além de funcionários públicos, delegados e
profissionais liberais (representação classista). Como parte das negociações entre a Assembleia
Constituinte e o governo, ficou instituído que haveria eleições indiretas para a Presidência da República
apenas para o mandato de 1934-1938, como uma espécie de “transição democrática”. Assim, Vargas foi
escolhido presidente do Brasil pelo Congresso Nacional.
Os direitos trabalhistas, que vinham sendo garantidos por meio de decretos governamentais, e as
conquistas do Código Eleitoral foram absorvidos pelo texto constitucional.
Entre outros direitos, constavam: salário mínimo; regime de oito horas de trabalho por dia; proibição
do trabalho infantil; regulação do trabalho das mulheres, estipulando a equiparação salarial; fim das
restrições relativas a idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; repouso semanal; férias com remuneração
de trinta dias ao ano; assistência à gestante e descanso após o parto, sem riscos de perda de emprego ou
prejuízo de salário.
Diante das tensões crescentes e da forte repressão do Estado contra qualquer oposicionista, não
importando se comunista, liberal ou aliancista, uma revolta era iminente. A Intentona Comunista, liderada
pela ANL e contando com a participação de militares de baixa patente com inclinações comunistas, eclodiu
no dia 23 de novembro de 1935, na capital do Rio Grande do Norte, no dia seguinte Recife e Maceió.
No Rio de Janeiro, a situação se mostrou mais grave. As tropas fiéis ao governo, agiram rapidamente,
contendo as ações militares da praia Vermelha e da Escola de Aviação do Campo dos Afonsos. Ainda no
início da tarde do dia 27 de novembro, os líderes militares se entregaram, e mais de mil pessoas foram
presas. Luís Carlos Prestes foi preso, condenado a trinta anos de prisão – dos quais cumpriu dez –, ficando
em completo isolamento até 1943; Olga Benário, judia, grávida e esposa de Prestes, foi enviada para a
Alemanha nazista, onde deu à luz na prisão e faleceu, no ano seguinte, no campo de extermínio de Bernburg.
Restabelecida a ordem, bastava esperar as eleições. Entre os mais eminentes canditados estavam
o oposicionista paulista Armando de Sales; José Américo de Almeida, ministro de Vargas e o líder integralista
Plínio Salgado.
Considerando que o artifício da ameaça comunista poderia ser seu maior aliado, Vargas passou a
preparar uma simulação. Olímpio Mourão Filho, um capitão do Exército membro da AIB, mas simpatizante
do governo Vargas, redigiu o que seria um plano comunista de revolução. Em agosto de 1935, o Plano
Cohen, como ficou conhecido, foi amplamente divulgado.
No dia 10 de novembro de 1937, respaldado pelo temor em relação ao que se chamava de “ameaça
estrangeira”, Vargas decretou estado de sítio, enviou tropas da cavalaria para a porta da Câmara e do
Senado, impedindo a abertura do Legislativo federal, e divulgou, por meio do Diário Oficial, a nova
Constituição brasileira, chamada de “A Polaca”. O Golpe do Estado Novo manteve Vargas no poder e iniciou
um dos mais polêmicos e sombrios períodos da história do Brasil.
O Levante Integralista (1938)
Com a declaração do golpe do Estado Novo, a Ação Integralista Brasileira (AIB) imaginou que seria
a base de sustentação política do regime. Mas Vargas não tinha qualquer pretensão de oficializar uma
relação com os integralistas. Muito pelo contrário: antes que 1937 chegasse ao fim, todos os partidos foram
extintos e proibidos, incluindo a AIB.
Preteridos do comando do país, os “camisas verdes” no dia 11 de maio de 1938, tentaram tomar o
Palácio Guanabara, no bairro carioca de Botafogo.
Mas o golpe não obteve sucesso. Poucas horas depois do início do levante, a adesão era nula, os
rebeldes foram capturados pelas forças militares, alguns foram presos e outros, executados sumariamente.
Plínio Salgado, mentor da iniciativa frustrada da AIB, foi capturado, mas não admitiu qualquer
participação no evento e, portanto, foi poupado. Apenas em maio de 1939 foi novamente detido e enviado
para o exílio em Portugal, onde viveu com uma magra pensão oferecida pelo governo que ele havia tentado
derrubar.
O Estado Novo
Um dos primeiros órgãos criados por Vargas foi o Departamento Administrativo do Serviço Público
(Dasp). Para organizar a promoção do governo e a censura oficial no Brasil, foi criado em 1939 o
Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP – como ficou mais conhecido – era responsável por toda
a produção da imagem do regime, além de grande censura nos meios de comunicação.
Mas foi por meio do rádio que o Departamento de Imprensa e Propaganda se mostrou de grande
eficiência. Com a capacidade de penetração e extensão do sistema radiodifusor, o DIP pôde levar a voz do
próprio presidente aos lugares mais distantes do país através da Hora do Brasil.
A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial era de uma incoerência cristalina. Enquanto 62
havia esforço de uma coalisão mundial para derrotar as potências tirânicas da Alemanha e da Itália, o Brasil
mantinha um regime interno de ditadura feroz, bastante semelhante ao daqueles inimigos que o país ajudou
a combater na Europa.
Alguns movimentos de oposição ao governo federal começaram a tomar corpo. Em outubro de 1944,
foi lançado o Manifesto dos Mineiros, um documento assinado por membros da elite de Minas Gerais,
incomodados com a longa duração de Vargas no poder. Em janeiro de 1945 foi a vez de vários intelectuais,
reunidos no I Congresso Brasileiro de Escritores, publicarem uma declaração conjunta em que pregavam a
necessidade da legalidade democrática, de um regime eleito pelo voto universal e do “pleno exercício da
soberania popular”.
Getúlio prometeu eleições para presidente e para uma nova Assembleia Constituinte, também
mandou libertar e anistiar presos políticos, como Luís Carlos Prestes. Os posicionamentos políticos
começaram a se restabelecer na forma de partidos. Foi assim com a criação da União Democrática
Nacional (UDN), do Partido Social Democrático (PSD), do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e o Partido
Comunista Brasileiro (PCB), depois de um longo período de interdição, entre outros.
Getúlio, que “abençoou” a criação do PTB por meio de lideranças sindicais, de membros das
empresas estatais e de funcionários do Ministério do Trabalho, viu também se organizar em torno de seu
nome um movimento que tentava mantê-lo no poder: o Queremismo. Ele era sustentado pelos slogans
“Queremos Getúlio! ” E “Queremos Getúlio: com ou sem Constituinte! ”.
As campanhas eleitorais ganhavam corpo. A UDN lançava seu candidato, o brigadeiro Eduardo
Gomes, feroz oposicionista de Vargas. O marechal Dutra, era o candidato do PSD apoiado pelo PTB.
Diante das movimentações dos quartéis em favor da redemocratização, do cenário de grande mobilização
política em favor das eleições para presidente, Vargas foi comunicado por Góis Monteiro e Dutra acerca da
disposição de retirá-lo do poder. Dias depois, Getúlio exilou-se em sua cidade natal, São Borja, no Rio
Grande do Sul. De lá anunciou seu apoio a Dutra, o que acabou alavancando a candidatura e a eleição do
marechal.
Ao mesmo tempo que ocorreram eleições presidenciais, os eleitores escolheram deputados e
senadores encarregados de elaborar uma nova Constituição. Getúlio Vargas disputou as eleições
legislativas. O regulamento eleitoral na época permitia que um candidato concorresse simultaneamente à
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal por mais de um estado. Vargas elegeu-se senador (Rio Grande
do Sul e São Paulo) e deputado constituinte (Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Paraná e Bahia). Assumiu uma cadeira no Senado em maio de 1946 e participou dos trabalhos
da nova Constituição brasileira.
SIMULADO
a) o período de 1930 a 1945, em que Getúlio Vargas governou o país de forma ditatorial, só com o
apoio dos militares, sem a interferência de outros poderes.
b) O período de 1950 a 1954, em que Getúlio Vargas governou com poderes ditatoriais, sem garantia
dos direitos constitucionais.
c) o período de 1937 a 1945, em que Getúlio Vargas fechou o Poder Legislativo, suspendeu as
liberdades civis e governou por meio de decretos-leis.
d) o período de 1945 a 1964, conhecido como o da redemocratização, quando foi restabelecida a
plenitude dos poderes da República e das liberdades civis.
e) o período de 1930 a 1934, quando se afirmou o respeito aos princípios democráticos, graças à
Revolução Constitucionalista de São Paulo.
3. O regime político conhecido como Estado Novo implantado por golpe do próprio Presidente Getúlio
Vargas, em 1937, pode ser associado à(ao): 63
4. O Estado Novo, período que se seguiu ao golpe de Getúlio Vargas (10/11/1937 até 29/10/1945)
caracterizou-se:
5. A Revolução de 1930 possibilitou uma divisão entre as oligarquias agrárias; o tenentismo provocou
uma desestabilização na hierarquia militar; a fraqueza da burguesia, o chamado "vazio do poder".
Que alternativa a seguir responde por esse "vazio do poder"?
a) A Revolução Constitucional de São Paulo de 1932 tentou preencher esse "vazio", procurando
aliança com outros estados, como Rio Grande do Sul.
b) A deposição de Vargas em 1945 e a tentativa dos militares em chegar ao poder.
c) A formação de duas forças políticas antagônicas: a Ação Integralista Brasileira, e a Aliança
Nacional Libertadora.
d) A fundação do Partido Comunista Brasileiro e sua aliança com o PTB de Vargas.
e) A política dos governadores e o aparecimento de movimentos como o de Antônio Conselheiro, em
Canudos na Bahia.
6. O Estado Novo (1937-1945) constituiu-se num período ditatorial da história brasileira. Sob esse
aspecto é correto afirmar que:
(01) Foi um período regido por uma constituição autoritária, em que o Executivo controlava o
Legislativo e o Judiciário, sendo suprimidos os partidos políticos.
(02) O Estado Novo de Getúlio Vargas baseou-se em burocracia complexa e centralizadora, com
intervenção do Estado na economia e nos sindicatos.
(04) O Estado autoritário teve como uma de suas preocupações a garantia da liberdade de imprensa
e de opinião.
(08) O único ato de oposição ao Estado Novo foi o movimento conhecido como "Revolução
Constitucionalista", começada em São Paulo.
(16) Para limitar e controlar o poder nos estados, Getúlio Vargas nomeou "interventores".
8. Ao negar apoio à Aliança Liberal, Luís Carlos Prestes manifestava-se a respeito do movimento
contestatório, nos seguintes termos:
"Mais uma vez os verdadeiros interesses populares foram sacrificados e vilmente mistificado todo
um povo por uma campanha aparentemente democrática, mas que no fundo não era mais que uma luta
entre os interesses contrários de duas correntes oligárquicas."
9. Entre 1930 e 1935, aconteceram no Brasil dois movimentos armados que tentaram alterar a
situação política existente. Assinale as proposições CORRETAS.
(01) Revolução Constitucionalista.
(02) Revolta da Armada.
(04) Intentona Comunista.
(08) Estado Novo.
(16) Revolta da Chibata.
10. Em 3 de outubro eclodiu a Revolução de 1930, pondo fim à República Velha. Dentre as causas
deste episódio histórico destacamos:
a) a vitória da oposição nas eleições e o temor de revanchismos nas oligarquias derrotadas.
b) a dissidência das oligarquias nas eleições de 1930, fortalecendo a Aliança Liberal, derrotada,
contudo, pela fraude da máquina do governo.
c) o programa da Aliança Liberal não identificado com as classes médias urbanas.
d) a sólida situação econômica do núcleo cafeeiro no início da década de trinta.
e) o apoio dos jovens militares, tenentistas, à política oligárquica nos anos vinte.
11. Dentre as causas que levaram ao fim do Estado Novo, instituído por Getúlio Vargas, destacam-
se:
a) o atentado da Rua Toneleiros contra o líder de oposição, Carlos Lacerda, que levou Vargas ao
suicídio.
b) a insatisfação popular contra Getúlio Vargas, expressa no movimento queremista, e a privatização
da Petrobrás.
c) a formação da Aliança Liberal e o Golpe Militar promovido pelo General Góes Monteiro.
d) a aliança entre U.D.N. e militares contra o queremismo e o golpe militar que levou Vargas à
renúncia.
e) a recusa de Getúlio Vargas em sancionar a Lei Antitruste, aprovada pelo Congresso e o Golpe
dos Tenentes.
12. Dentre os fatores que levaram ao enfraquecimento e à queda do Estado Novo em 1945,
apontamos:
a) a forte oposição ao modelo econômico desenvolvimentista praticado pelo governo.
b) as bem-sucedidas revoltas integralista e comunista contra Vargas.
c) a neutralidade da política externa brasileira durante a Segunda Guerra Mundial.
d) a vitória dos aliados contra o nazi-fascismo e o crescimento da oposição interna contra a ditadura.
e) o fracasso do "queremismo", que tentava lançar Vargas como candidato, mas sofria séria rejeição
popular.
13. Durante o Estado Novo (1937/1945), foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
que funcionou como um verdadeiro ministério ligado à presidência da república. Suas funções incluíam, 65
EXCETO:
a) patrocinar manifestações cívicas e festas populares.
b) editar obras divulgadoras de uma imagem positiva de Vargas.
c) formar uma opinião pública consciente e crítica.
d) controlar os meios de comunicação, incluindo o rádio.
e) centralizar e orientar a propaganda nacional.
14. A política social, implementada durante a Era Vargas (1930-1945), legou-nos o ditado "Getúlio,
pai dos pobres". Assim, é correto afirmar que:
a) O populismo favorecia a população com bolsas e isenções tarifárias.
b) O regime autoritário era promovido pelas elites em troca de favores políticos.
c) A política social favorecia a riqueza dos pais em detrimento das mães de família.
d) Vários direitos foram garantidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
e) O governo proletário enfatizava o patriarcado nas famílias brasileiras.
15. O Brasil manteve a unidade territorial após a independência política, mas isso não impediu que
ocorressem vários conflitos armados internos no Império e na República. Podemos citar, como exemplo, a
a) política café-com-leite na Primeira República, que permitiu que paulistas e mineiros mantivessem
o controle da Presidência desde a proclamação da República até 1930.
b) Guerra dos Farrapos, quando os estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
pretenderam, em 1845, separar-se do resto do país e unir-se à Argentina.
c) Revolução Constitucionalista de 1932, quando São Paulo se opôs ao governo federal de Getúlio
Vargas e defendeu a convocação de uma Assembléia Constituinte.
d) ditadura militar, que durou de 1964 a 1985 e garantiu o predomínio de setores do oficialato do
norte-nordeste do país sobre os agrupamentos militares do sul-sudeste.
e) Confederação do Equador, de 1824, quando se tentou criar um Estado, nacional autônomo, livre
das pressões inglesas e associado aos demais países sul-americanos.
16. O Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado em 1930 por Getúlio Vargas,
a) era um órgão que garantia a liberdade artística, jornalística e dos demais meios de comunicação
do Brasil na era Vargas.
b) promovia manifestações cívicas, nas quais os sindicatos de esquerda tinham um papel importante
de conscientização das massas.
c) estimulava a produção de filmes nacionais e concursos de música e defendia o direito de os
sindicatos realizarem seus comícios e suas greves.
d) aproveitou-se do programa Hora do Brasil, que, além de transmitir notícias políticas e informações,
servia como porta de entrada para as idéias liberais de Vargas.
e) era responsável por controlar os meios de comunicação e promover a propaganda do Estado
Novo.
18. O fato é que de obra de ficção o documento foi transformado em realidade, passando das mãos
dos integralistas à cúpula do Exército. A 30 de setembro, era transmitido pela "Hora do Brasil" e publicado
em parte nos jornais.
(Fausto, Boris. História do Brasil. São Paulo. Edusp, 1996).
O documento a que o texto se refere ajudou Getúlio Vargas a dar o golpe que criou o Estado Novo.
Trata-se do:
a) Plano Bresser
b) Plano Quinquenal 66
c) Plano de Metas
d) Plano Nacional de Desenvolvimento
e) Plano Cohen
19. O período do governo de Getúlio Vargas de 1937 a 1945 é conhecido na história do Brasil como
"Estado Novo", em que:
20. A Revolução de 1930 apoiada por grupos heterogêneos, sem grandes rupturas, promoveu sob a
liderança de Getúlio Vargas um novo encaminhamento para o Estado brasileiro. Identifique estes traços nas
alternativas a seguir.
a) O Estado getulista incentivou o capitalismo nacional, promovendo a aliança entre setores da classe
trabalhadora urbana e a burguesia nacional.
b) Para Vargas, a questão social permanecia um caso da polícia e o modelo econômico passou a
ser apoiado pelo capital estrangeiro.
c) As decisões econômico-financeiras foram descentralizadas, tendo o presidente reduzidos poderes.
d) O poder dos estados foi fortalecido em relação à união.
e) Preservaram-se as relações clientelistas, mantendo-se a oligarquia cafeeira no poder como antes
de 1930.
22. Em 1939, o Estado Novo criou um Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) que estava
encarregado de realizar a censura às ideias contrárias ao regime e difundir a propaganda política do
governo. O DIP lançou mãos de vários meios de comunicação para atingir o maior número de cidadãos com
a ideologia do Estado Novo, visando mobilizar a sociedade em torno de seu programa político. Entre esses
meios de comunicação e propaganda, podemos destacar um novo meio, que, em especial, permitiu às ideias
estadonovistas atingirem as classes médias urbanas e o operariado. Estamos nos referindo
a) à imprensa operária.
b) ao rádio.
c) à televisão.
d) ao cinema.
e) às revistas quinzenais.
23. A política cultural do Estado Novo com relação aos intelectuais caracterizou-se:
25. A Europa dos anos 30 conheceu os extremismos resultantes do confronto ideológico entre os
totalitarismos de esquerda e de direita. Eram representantes de direita (nazi-fascismo), no Brasil:
27. A expressão Estado Novo foi empregada para identificar um fato histórico a partir do momento
em que:
a) entrou em vigor a terceira Constituição brasileira, a de 1934;
b) foram reunidos num só os Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara;
c) Getúlio Vargas outorgou ao País a Carta de 1937, que lhe conferia plenos poderes;
d) assumiu a Presidência da república, Jânio Quadros;
e) assumiu a Presidência da República, João Goulart.
Empossado em 31 de janeiro de 1946, Eurico Gaspar Dutra foi o primeiro presidente após o fim do
Estado Novo. Assim que tomou posse, Dutra estabeleceu um acordo interpartidário e se aproximou de
setores conservadores, inclusive da UDN, o que levou o PTB a romper com o presidente. Em abril de 1946,
Dutra proibiu os jogos de azar e fechou os cassinos em todo o país, mostrando a marca de seu moralismo.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), teve início um período marcado pela polarização
ideológica entre capitalismo e socialismo. As duas grandes potências, Estados Unidos e União Soviética,
passaram a disputar áreas de influência sobre diversos países, iniciando assim a Guerra Fria, estudada em
módulos anteriores. O Brasil governado pelo presidente Dutra foi marcado por esse contexto internacional.
O alinhamento do governo brasileiro aos Estados Unidos na Guerra Fria resultou em um grande
movimento anticomunista e, em maio de 1947, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o registro do PCB,
alegando que o partido servia aos interesses soviéticos no Brasil, além de ser antidemocrático por estimular
a luta de classes no país. No ano seguinte, o Congresso Nacional decidiu cassar o mandato de todos os
parlamentares comunistas – incluindo o senador Luís Carlos Prestes, que conquistara uma expressiva
votação nas eleições legislativas de 1945. O passo seguinte foi o rompimento das relações diplomáticas
com a União Soviética.
Esse alinhamento ao bloco capitalista mostrou-se cada vez mais intenso nos anos seguintes. A
assinatura do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (Tiar), no Rio de Janeiro, em 1947,
estabeleceu uma cooperação militar entre os 22 países americanos signatários e reforçou os laços entre
Brasil e Estados Unidos no cenário de bipolarização mundial. Em agosto de 1949, foi criada a Escola
Superior de Guerra (ESG), um centro de estudos responsável por difundir a Doutrina de Segurança Nacional
(DSN) e o anticomunismo no país. As medidas econômicas adotadas pelo governo Dutra romperam com o
modelo intervencionista do Estado Novo.
A redução dos impostos de importação resultou em uma entrada desenfreada de artigos importados
no Brasil, provocando uma rápida evasão das divisas que o país havia acumulado durante a Segunda Guerra 68
Mundial por meio das exportações feitas naquela época. A penetração de produtos estrangeiros influenciou
também a cultura de massas no Brasil, por meio de histórias em quadrinhos, do cinema, da música, entre
outros. Os padrões de comportamento estadunidenses passaram a ser copiados pela sociedade brasileira.
Mais tarde, em maio de 1950, o Plano Salte – sigla que definia as áreas prioritárias para investimentos
do governo (saúde, alimentação, transportes e energia) – entrou em vigor. Esse plano representou uma
tentativa de reorganizar a economia e retomar o crescimento, mas apresentou poucos resultados efetivos.
Em 1950, iniciou-se a corrida presidencial pela sucessão de Dutra. O PSD lançou a candidatura do
pouco conhecido Cristiano Machado, apoiado pelo presidente, enquanto a UDN tentava novamente eleger
o brigadeiro Eduardo Gomes, com apoio dos antigos integralistas. A chegada de Vargas à disputa, lançado
pelo PTB, abalou as esperanças dos outros candidatos.
Durante seu mandato de senador, Vargas viajou pelo Brasil, fomentando uma base eleitoral que se
mostrou bastante eficaz no momento das eleições. Em sua campanha, teve como principais bandeiras a
industrialização e a ampliação da legislação trabalhista, revivendo o trabalhismo construído no Estado Novo.
Valendo-se do apoio recebido principalmente dos trabalhadores urbanos – que identificavam Vargas como
grande responsável pela legislação trabalhista –, o ex-presidente obteve 48,7% dos votos, contra 29,6% de
Eduardo Gomes e 21,5% de Cristiano Machado. A UDN ainda tentou impedir a posse de Vargas, alegando
que ele não obtivera maioria absoluta dos votos – o que não era exigido pela Constituição –, mas não
recebeu apoio dos oficiais superiores do Exército e o TSE rejeitou o recurso.
Vargas assumiu seu lugar no Palácio do Catete em janeiro de 1951. Adotando uma política
conciliatória a fim de agradar aos partidos e aliados que apoiaram sua candidatura, formou um ministério
com nomes conservadores, denominado por ele “Ministério da Experiência”.
Do ponto de vista econômico, seu segundo governo caracterizou-se pela coadunação entre
desenvolvimento industrial, nacionalismo, dirigismo estatal e aproximação com o capital estrangeiro. A
criação, em junho de 1952, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) tinha como objetivo
elaborar análises de projetos e atuar como o braço do governo na implementação das políticas consideradas
fundamentais para o avanço da industrialização no país.O debate entre o modelo econômico a ser seguido
mobilizou diversos segmentos da sociedade:Militares e empresários que defendiam o crescimento
econômico baseado na industrialização, na interferência do Estado e no distanciamento estadunidense,
(esquerdistas).Os opositores, defendiam uma menor intervenção estatal na economia, a gradual abertura
da economia ao capital estrangeiro e o total alinhamento ideológico e político com os Estados Unidos,
(entreguistas).
Enquanto os nacionalistas defendiam o monopólio estatal do petróleo, os “entreguistas” eram
favoráveis à participação do capital privado na exploração desse recurso. A campanha pela nacionalização
da exploração do petróleo ganhou as ruas por meio do slogan “O petróleo é nosso”.No dia 3 de outubro de
1953, Vargas criou a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), empresa de propriedade e controle totalmente
nacionais, com participação majoritária da União, encarregada de explorar, em caráter monopolista, todas
as etapas da indústria petrolífera, exceto a distribuição.
Em 1953 que Vargas realizou uma reforma ministerial, nomeando, entre outros, João Goulart para o
Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Jango, como era conhecido, era presidente nacional do PTB,
amigo pessoal do presidente e homem de bom trânsito nos meios sindicais.
O aumento da inflação e a perda do poder de compra dos salários provocaram muitas greves no
Brasil. Em janeiro de 1954, João Goulart propôs um aumento de 100% para o salário mínimo como forma
de repor as perdas salariais dos últimos anos. A proposta enfrentou forte reação do próprio ministro da
Fazenda, além de pressões da UDN e de grupos oposicionistas pela saída de Jango, acusado de estimular
a luta de classes no país. Um grupo de 82 coronéis e tenentes-coronéis assinou um “Manifesto dos
Coronéis”, ressaltando o ambiente de instabilidade que dominava o país. Vargas afastou Jango do
Ministério, mas no dia 1º de maio de 1954 concedeu o reajuste proposto aos trabalhadores.
Outro problema que Vargas enfrentou foi a oposição da imprensa e dos meios de comunicação
brasileiros. A lembrança da Constituição de 1937 outorgada pelo então ditador, que suprimiu a liberdade de
opinião e estabeleceu a censura, era ainda recente entre intelectuais e jornalistas. Carlos Lacerda,
proprietário do jornal Tribuna da Imprensa, e Assis Chateaubriand, proprietário dos Diários Associados, eram
os principais jornalistas a fazer graves acusações contra o presidente. Uma das denúncias revelou que o
jornal Última Hora, do jornalista Samuel Wainer, (um dos poucos jornais que apoiavam o governo), havia 69
recebido empréstimos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Instalou-se, então, uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis irregularidades.
Em abril de 1954, a imprensa publicou uma entrevista concedida pelo ex-ministro das Relações
Exteriores – João Neves da Fontoura – em que ele acusava Vargas de manter correspondência com Perón
(presidente da Argentina) com o objetivo de assinar um acordo político-econômico incluindo o Chile – o
Pacto do ABC –, para estabelecer uma união aduaneira entre os três países capaz de enfrentar as pressões
econômicas feitas pelos Estados Unidos sobre a América do Sul. A oposição ao governo passou, então, a
acusar Vargas de pretender implantar uma república sindicalista no país. As possíveis negociações entre
Vargas e Perón serviram de base a um pedido de impeachment contra o presidente, encaminhado ao
Congresso em maio de 1954.
A situação agravou-se quando, no dia 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda foi vítima de um atentado
quando retornava para sua casa na rua Tonelero, em Copacabana. Lacerda escapou da emboscada, mas
o major da Aeronáutica, Rubens Vaz, que fazia sua segurança, morreu no episódio. Em poucas horas, a
Polícia Civil conseguiu identificar o motorista do carro que dera fuga ao pistoleiro. Este revelou que Climério
de Almeida, membro da guarda pessoal de Getúlio, estava envolvido no episódio. As pressões pela renúncia
de Vargas ganharam força na imprensa e a Aeronáutica decidiu instaurar um inquérito policial-militar (IPM)
para investigar os fatos.
A “República do Galeão”, como ficou conhecido o inquérito sediado na Base Aérea do Galeão,
começou a revelar uma série de irregularidades e atos criminosos cometidos por elementos ligados ao
governo: Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente, teria contratado o pistoleiro, além de
manter negócios ilícitos com um dos filhos do presidente. Era o “mar de lama do Catete”, como noticiavam
os jornais.As Forças Armadas aliaram-se aos grupos oposicionistas que atuavam no Congresso e
começaram a articular o afastamento de Vargas. Em um documento que ficou conhecido como Manifesto
dos Generais, 27 generais do Exército uniram-se à Marinha e à Aeronáutica e passaram a exigir a renúncia
do presidente.
Vargas convocou, no dia 23 de agosto, uma reunião ministerial para discutir a crise que atingia seu
governo. Ao final da reunião, Vargas aceitou se afastar do governo até que o IPM fosse concluído. Após a
reunião, o presidente retirou-se para seus aposentos no próprio Palácio do Catete. Soube, então, que os
generais não estavam dispostos a aceitar sua licença. Na manhã de 24 de agosto, Getúlio Vargas disparou
um tiro contra o próprio peito.
A eleição de Juscelino Kubitschek
Com a morte de Vargas o então vice-presidente, João Café Filho, assumiu o governo. Em outubro
de 1955, ocorreram eleições presidenciais. Concorreram Juarez Távora com o apoio da UDN, enquanto o
PSD e o PTB se uniram em apoio ao candidato Juscelino Kubitschek, cujo candidato a vice-presidente era
João Goulart, ex-ministro do Trabalho do governo Vargas. A dobradinha, conseguiu uma vitória apertada,
derrotando novamente a UDN, provocando também descontentamento em alguns círculos militares.
Café Filho, afastou-se da Presidência, alegando problemas de saúde, e cedeu lugar a Carlos Luz,
presidente da Câmara dos Deputados e partidário da tentativa da UDN de evitar a posse de JK e Jango. No
dia 11 de novembro, tropas comandadas pelo marechal Lott cercaram o Palácio do Catete e a Câmara dos
Deputados declarou Carlos Luz impedido de governar, o presidente do Senado, Nereu Ramos, assumiu a
Presidência da República. Com tanques nas ruas e o país sob estado de sítio, a posse de JK e Jango foi
garantida, “golpe preventivo”. No dia 31 de janeiro de 1956, JK e Jango assumiram suas respectivas
cadeiras no Palácio do Catete.
O Plano de Metas
Durante a campanha à Presidência da República, JK lançou o slogan “50 anos em 5”, que deixava
claro o caráter desenvolvimentista que imprimiria ao governo. Para realizar o que JK pretendia, foi
apresentado o Plano de Metas, que definia cinco setores essenciais ao desenvolvimento do país: transporte,
energia, indústria de base, alimentação e educação. Uma metassíntese foi incorporada ao plano: a
construção de uma nova capital para o Brasil. Juscelino Kubitschek fundamentou a execução do Plano de
Metas em uma política que ficou conhecida como nacional-desenvolvimentista, executada com base no
seguinte tripé econômico: capital estatal, capital privado nacional e capital estrangeiro. A realização dessa
política significou um aumento dos gastos públicos e dos créditos concedidos pelo Banco do Brasil, o que
provocou o aumento da inflação. Pressionado por várias greves – cerca de 29 em 1958 –, JK concedeu
diversos aumentos do salário mínimo. Ao mesmo tempo, a crise internacional que derrubou o preço de
produtos da pauta de exportações brasileiras (especialmente do café) contribuiu para piorar a situação 70
econômica do país. O crescente deficit público e o aumento da inflação passaram a ameaçar a execução
do Plano de Metas. Em março de 1958, o Fundo Monetário Internacional (FMI) concluiu que o Brasil não
tinha condições de arcar com os empréstimos externos, de cerca de US$ 300 milhões, feitos para a
realização das obras do Plano de Metas, e exigiu mudanças na política econômica brasileira. A fim de não
abrir mão de sua política desenvolvimentista, JK decidiu, em junho de 1959, romper com o FMI.
Os “anos dourados”
Uma das características comumente associadas aos “anos JK” foi o clima de tolerância política e
efervescência cultural vivido no Brasil. O governo de JK foi marcado pelo despontar de novos movimentos
culturais e pela organização de alguns movimentos sociais, na cidade e no campo. Ao longo de seu governo,
JK demonstrou sua capacidade de negociar, mesmo com adversários políticos. Aos rebeldes de
Jacareacanga, por exemplo, ele acenou com a anistia. Em relação à UDN, buscou aproximar- -se de
algumas correntes do partido a fim de conseguir aprovação de seus projetos no Congresso. Foi assim que
conseguiu aprovar o projeto de lei para a construção de Brasília. Ainda que não tenha legalizado o PCB, o
partido gozou de relativa liberdade de ação durante seu governo.
O movimento sindical cresceu, acompanhando o crescimento do próprio operariado urbano em razão
da política desenvolvimentista adotada. A figura de João Goulart como vice-presidente contribuiu para o
bom relacionamento com os sindicatos, embora algumas grandes greves tenham ocorrido ao longo de seu
governo. A política de reajustes anuais do salário mínimo adotada por JK garantiu a manutenção do poder
de compra do salário, apesar do crescimento inflacionário. Porém, JK não deixou para trás os traços de
controle social herdados dos governos anteriores. A política relativa aos sindicatos e a suas ações
(especialmente as greves) seguia as restrições e os modelos de controle já em curso no governo Dutra.
Nesse período, a vigilância e a repressão ao movimento organizado dos trabalhadores eram exercidas pelo
Setor de Fiscalização Trabalhista (a partir de 1955, chamado de Seção Trabalhista), ao qual competia
manter um serviço permanente de vigilância e investigação especializada em aspectos político-sociais da
massa de trabalhadores e de seus sindicatos.
Para tal controle, montou-se um complexo sistema integrado de comunicação entre órgãos de
controle social: a Divisão de Polícia Política Social (DPS), o Conselho de Segurança Nacional (CSN), as
seções de Segurança Nacional existentes em todos os ministérios, as Delegacias de Ordem Política e Social
(Dops) e as Secretarias de Segurança estaduais. Essa rede de informações recebeu o nome de Sistema
Nacional de Segurança, que teve como principais alvos os líderes sindicais com supostas motivações
comunistas – lembrando aqui o apoio do Brasil aos Estados Unidos em relação à Guerra Fria. Foi durante
os anos JK que os movimentos rurais passaram a ocupar as páginas da imprensa brasileira. A luta pela
reforma agrária e os protestos contra a opressão dos fazendeiros ganharam visibilidade na luta das Ligas
Camponesas, surgidas em 1955 e lideradas pelo advogado Francisco Julião. As mudanças ocorridas no
país na década de 1950 foram significativas. De país agrário-exportador, o Brasil transformara-se em país
urbano-industrial. A modernidade que o presidente pretendia imprimir ao seu governo era verificada nas
mudanças de hábitos de algumas parcelas da sociedade.
Sociedade e cultura
A influência dos Estados Unidos na sociedade brasileira era cada vez maior e difundia os valores
associados à sociedade de consumo e à prosperidade. A classe média urbana consumia eletrodomésticos,
artigos de plástico e tecidos sintéticos. O rádio, as revistas e os jornais, o cinema estadunidense e a televisão
contribuíam para mudanças nos padrões de comportamento. A modernidade trazia mais praticidade ao dia
a dia e influenciava a paisagem das cidades com seus prédios modernistas. Brasília seria a maior
representação dessa modernidade. O desejo do novo marcou a produção cultural do período. Nas artes
plásticas, os ideais construtivistas marcaram a arte moderna, que buscava novas formas, cores e espaços,
rejeitando a figuração e a representação realistas e dando origem ao Concretismo e ao Neoconcretismo.
Participaram desse movimento artistas como Abraham Palatnik, Lygia Clark, Ivan Serpa, Lígia Pape, Hélio
Oiticica, entre outros. O cinema propôs uma reflexão sobre a realidade brasileira. Absorvendo elementos da
cultura popular, cineastas como Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha provocaram uma revolução
estética, produzindo filmes com baixo orçamento. O filme Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos,
lançado em 1955, é considerado o precursor do Cinema Novo. Abordando de forma lírica, mas também
crítica, o dia de jovens que viviam em uma favela no Rio de Janeiro, o cineasta procurou lançar um olhar
sobre questões de cunho social. O teatro também foi marcado por novas montagens que procuravam
aproximar a plateia dos atores, com custos menores, privilegiando dramaturgos nacionais e tornando os
espetáculos acessíveis ao povo. As experiências realizadas pelo Teatro de Arena, dirigido por Augusto Boal, 71
e pelo Teatro Oficina, dirigido por José Celso Martinez Correa, pro punham a reflexão sobre problemas
sociais e políticos e a conscientização da plateia.
A primeira emissora de televisão foi inaugurada no Brasil em 1950, mas foi durante o governo de JK
que esse veículo de comunicação começou a se expandir para além dos grandes centros, transmitindo
programas em rede nacional. Logo a televisão tornou-se o principal mercado publicitário no país, e seu
potencial para campanhas políticas foi percebido. Em 1954, cerca de 34 mil domicílios possuíam TV; em
1960, esse número saltou para 598 mil. Em abril do mesmo ano, imagens da inauguração de Brasília foram
transmitidas para Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. A Bossa Nova foi o ritmo que melhor
representou os anos JK. Originado no Rio de Janeiro, no final da década de 1950, esse novo estilo musical
misturava elementos do jazz estadunidense com a música popular brasileira e criava outra concepção
musical. Com uma interpretação mais intimista, com letra e música integradas, músicos como Antônio Carlos
Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto propunham também a releitura de canções populares nacionais.
A expansão da indústria fonográfica, assim como os shows nas boates de Copacabana, na Zona Sul do Rio
de Janeiro, ajudaram a divulgar as canções. A identificação do governo com o novo estilo musical foi tão
forte que o compositor Juca Chaves fez, em 1959, uma modinha homenageando JK: “Presidente bossa -
nova”.
No final dos anos 1950, a expressão “bossa nova” significava qualquer coisa de novo e moderno que
acontecia no Brasil. O clima de otimismo na área cultural, identificado com o governo, traduziu-se também
em importantes conquistas esportivas para o Brasil. Em novembro de 1956, Ademar Ferreira da Silva
conquistou sua segunda medalha de ouro em uma Olimpíada, na prova de salto triplo, em Melbourne
(Austrália). Em 1958, a seleção brasileira de futebol finalmente conquistou a Copa do Mundo, disputada na
Suécia, que marcou a estreia, em um mundial, do jovem Pelé, que viria a ser considerado o melhor jogador
masculino de todos os tempos. O presidente mandou um telegrama de congratulação para os jogadores em
que dizia: “Parabéns, finalmente somos um povo que não mais conhece derrotas”. Em 1959, a tenista Maria
Esther Bueno tornou-se a número 1 do tênis mundial. O pugilista Eder Jofre tornou-se, em 1960, campeão
sul-americano de peso-galo e campeão mundial.
Efeitos do nacional-desenvolvimentismo
Os resultados obtidos pelo Plano de Metas foram bastante positivos no que concerne às metas
econômicas – transporte, energia, indústrias de base. Entre 1955 e 1961, a produção industrial cresceu 80%.
Alguns setores tiveram resultados excepcionais: a produção de aço cresceu 100%; indústria mecânica,
125%; eletricidade e comunicações, 380%; e material de transportes, 600%. O indicador do Produto Interno
Bruto (PIB) teve um crescimento anual de 7% entre 1957 e 1960. A indústria automobilística foi uma das
alavancas do desenvolvimento econômico do período. Grandes empresas estrangeiras estabeleceram-se
no Brasil, como a Ford, a Volkswagen e a General Motors, instalando- -se na região do ABC paulista.
Milhares de quilômetros de rodovias foram construídos no Brasil, como a Belém- -Brasília (2 mil km) e a
Fortaleza-Brasília (1 500 km). A opção pelo transporte rodoviário, todavia, trouxe uma série de problemas
para o país, entre eles a dependência do petróleo (para pavimentação das estradas, combustível e
lubrificantes) e os elevados custos para conservação das rodovias. A priorização do modelo de transporte
individual no governo JK vem até hoje moldando a sociedade e a economia, de forma que o transporte de
massas e o escoamento da produção em grande escala (ferrovias e hidrovias, por exemplo) foram deixados
em segundo plano.
Além disso, as metas de cunho social – alimentação e educação – foram praticamente desprezadas.
A educação recebeu apenas 3,4% das verbas originalmente destinadas ao plano, privilegiando a preparação
de pessoal de nível técnico. A educação básica não foi contemplada. Ao término do governo, o analfabetismo
atingia cerca de 40% da população brasileira acima dos 15 anos. A produção de alimentos tampouco teve
o aumento de que necessitava para abastecer o mercado nacional. Desse modo, o Brasil continuou
dependente da importação de vários produtos, como o trigo, subsidiado pelo governo.
A abertura ao capital estrangeiro e os empréstimos obtidos no exterior impulsionaram o crescimento
econômico do país, mas provocaram o endividamento externo e o aumento da inflação. As desigualdades
sociais e regionais também aumentaram. A classe média foi a grande beneficiada com o modelo nacional-
desenvolvimentista: profissionais qualificados – como engenheiros e médicos – tiveram seus salários
valorizados e conseguiram acesso às novidades do mercado de consumo. Enquanto isso, a maior parte da
população brasileira continuava distante das maravilhas do mundo moderno. Apesar da tentativa de integrar
o país – objetivo da construção da nova capital –, a região Centro-Sul foi a mais beneficiada pelo modelo
econômico adotado, pois foi o destino escolhido para a instalação da maioria das empresas. Em 1959, o
governo criou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a fim de estimular o
desenvolvimento econômico da região e combater a “indústria da seca” – termo utilizado para identificar as 72
práticas de corrupção que beneficiavam grandes fazendeiros da região. Os resultados da Sudene, todavia,
foram pouco satisfatórios. O otimismo que acompanhou o Brasil durante a maior parte dos anos JK deu
lugar a um cenário de incertezas. No último ano de governo, o país enfrentava uma inflação crescente de
cerca de 25% e uma dívida externa de quase 4 bilhões de dólares, problemas que seriam herdados pelo
sucessor de JK.
Nas eleições presidenciais de 1960, a União Democrática Nacional (UDN) decidiu apoiar um
candidato de fora dos quadros do partido, mas que parecia ter todas as condições para tornar-se presidente:
Jânio da Silva Quadros. Eleito suplente de vereador pelo Partido Democrata Cristão (PDC) em 1947, Jânio
Quadros assumiu uma cadeira na Câmara paulista no ano de 1948, após a cassação dos mandatos dos
parlamentares comunistas. A partir daí, decolou para uma trajetória política meteórica: deputado estadual,
prefeito e governador de São Paulo, até chegar à Presidência da República. Ao longo de sua trajetória,
destacou-se pelo estilo personalista e pela independência em relação aos partidos políticos. Em abril de
1959, o Movimento Popular Jânio Quadros (MPJQ), uma frente suprapartidária, lançou sua candidatura a
presidente, logo recebendo o apoio do Partido Trabalhista Nacional (PTN), uma pequena agremiação de
expressão exclusivamente paulista. Vislumbrando em Jânio Quadros a possibilidade de derrotar o PSD e o
PTB, a UDN ofereceu apoio a sua candidatura, o que foi fundamental para que ela obtivesse projeção
nacional. Segundo Carlos Lacerda, um dos principais nomes da UDN, “Jânio Quadros tinha cheiro de povo”.
O PSD lançou o marechal Henrique Teixeira Lott para a sucessão de Juscelino Kubitschek, em aliança com
o PTB, que indicou João Goulart para ser mais uma vez vice-presidente da República.
A campanha de Jânio Quadros foi marcada pela retórica do combate à corrupção – incluindo a
adoção da vassoura como símbolo para varrer a corrupção –, da austeridade econômica e do saneamento
das finanças públicas. O jingle da campanha dizia: “Varre, varre, varre, varre / Varre, varre vassourinha /
Varre, varre a bandalheira / O povo já está cansado / De sofrer dessa maneira / Jânio Quadros é esperança
/ Desse povo abandonado”. Nos comícios, suas atitudes o distanciavam das adotadas pelas elites e o
aproximavam do povo: usava ternos mal cortados e amarrotados, comia sanduíche de mortadela e banana.
Jânio Quadros venceu as eleições de 3 de outubro de 1960 com 48% do total dos votos, o marechal Lott
ficou em segundo, com 32%, e Ademar de Barros (PSP) em terceiro, com 20% dos votos. A Vice-Presidência
foi conquistada por João Goulart, que recebeu aproximadamente 4,5 milhões de votos.
O governo Jânio Quadros: moralização e austeridade econômica
Os primeiros dias do governo de Jânio Quadros – o primeiro presidente a ser empossado na nova
capital federal – foram marcados pela adoção de medidas que pretendiam transmitir a ideia de moralização
e inovação dos costumes. Jânio proibiu corridas de turfe em dias úteis, rinhas de galo, uso do lança-perfume
em bailes de Carnaval, desfile de misses com maiôs cavados e regulamentou jogos de cartas em clubes.
Levando adiante um programa que denominava “obra de saneamento moral da nação”, Jânio estabeleceu
sindicâncias para verificar irregularidades em cinco diretorias públicas, determinou abertura de inquéritos
em repartições governamentais e reduziu direitos e privilégios de funcionários públicos. Em relação à política
econômica e financeira, o ministro da Fazenda Clemente Mariani anunciou corte de gastos públicos,
restrição de crédito e estímulo às exportações, medidas necessárias para combater o deficit orçamentário,
o desequilíbrio nas contas públicas e a inflação.
Foi anunciada uma reforma cambial que resultou no corte de subsídios a produtos essenciais,
significando aumento do custo de vida. Tais medidas agradaram os credores internacionais e possibilitaram
ao governo a renegociação da dívida externa, mas foram duramente criticadas por grupos oposicionistas.
Jânio Quadros acreditava estar acima dos partidos políticos, por isso começou o seu governo sem formar
uma base política. Enviava aos ministros e assessores centenas de “bilhetinhos”, revelando-se pouco aberto
ao diálogo. Com o Congresso controlado pelo PTB e pelo PSD, enfrentava dificuldades para governar.
Carlos Lacerda, antes tão entusiasmado com a perspectiva de Jânio levar a UDN ao poder, logo rompeu
com o presidente, a quem identificava como “o mais mutável, o mais desequilibrado, o mais pérfido de todos
os homens públicos que apareceram no Brasil”.
Em um cenário marcado pela Guerra Fria, Jânio Quadros adotou a Política Externa Independente
(PEI), aberta a relações com todos os países do mundo, uma terceira via perante a fragmentação mundial
entre capitalistas e socialistas. Essa orientação provocou forte reação em grupos que o apoiavam, inclusive 73
em jornais como O Globo, Tribuna da Imprensa e O Estado de S. Paulo, que defendiam o alinhamento
automático com os Estados Unidos. Em abril de 1960, Jânio manifestou-se publicamente contra a invasão
estadunidense a Cuba: “O Brasil, reiterando sua decisão inabalável de defender neste continente e no
mundo os princípios de autodeterminação dos povos e de absoluto respeito à soberania das nações,
manifesta a sua profunda apreensão sobre os acontecimentos que se desenrolam em Cuba”. Buscando
estabelecer relações com países do bloco socialista, Jânio determinou o restabelecimento da validade dos
passaportes brasileiros para esses países e enviou duas missões comerciais ao Leste Europeu. O
presidente recebeu nos meses seguintes a primeira missão comercial da China e deu os primeiros passos
para o reatamento das relações diplomáticas com a União Soviética. No dia 19 de agosto, Jânio Quadros
condecorou Ernesto Che Guevara, líder da Revolução Cubana – ao lado de Fidel Castro – e ministro da
Indústria e Comércio daquele país, com a Ordem do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração brasileira
destinada a estrangeiros. Tal gesto provocou indignação dos setores conservadores civis e militares,
representados, por exemplo, por Carlos Lacerda, governador do estado da Guanabara à época.
No dia 24 de agosto, Lacerda fez um discurso no rádio e na televisão acusando Jânio Quadros de
tramar um golpe para fortalecer o Poder Executivo e efetuar amplas reformas no país. No dia seguinte, Jânio
Quadros apresentou ao Congresso Nacional uma carta anunciando sua renúncia à Presidência. Em seguida,
pegou um avião em direção a São Paulo. No texto referia-se a “forças terríveis” que haviam se
desencadeado contra ele. Para algumas linhas de pesquisa histórica, a renúncia de Jânio Quadros é
entendida como uma tentativa do presidente de se fortalecer. Considerando que o vice-presidente João
Goulart, do PTB, era visto pelos setores conservadores civis e militares como muito “à esquerda”, cogitou-
se que Jânio imaginasse que a renúncia não seria aceita. Além disso, Jango (como Goulart era mais
conhecido) não estava no Brasil: encontrava-se em viagem oficial à China e não poderia assumir a
Presidência de imediato, como previsto pela Constituição. Dessa maneira, Jânio acreditaria em uma
provável recusa da renúncia e assim teria condições de reivindicar ao Congresso maior liberdade de ação
para realizar as reformas que julgasse necessárias. A tentativa do suposto “golpe branco”, entretanto, não
deu certo.
A renúncia foi prontamente aceita pelo Congresso Nacional e, diante da ausência de João Goulart,
a Presidência foi transferida para Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados. Criou-se então
uma grave crise política. Algumas lideranças civis começaram a articular um meio de impedir a posse do
vice. Os três ministros militares – o general Odylio Denis, da Guerra; o brigadeiro Gabriel Grün Moss, da
Aeronáutica; e o almirante Sílvio Heck, da Marinha – também se declararam contra a posse de Jango, que
consideravam muito próximo aos sindicatos, uma brecha para os comunistas chegarem ao poder. Já o
marechal da reserva e ex-candidato à Presidência, Henrique Teixeira Lott, distribuiu um manifesto à nação
em defesa da legalidade da posse de Jango, resultando em sua prisão por ordem dos ministros militares.
No Rio Grande do Sul, o governador Leonel Brizola (PTB) criou a chamada Campanha da
Legalidade, defendendo a posse de João Goulart, conforme previa a Constituição. O general Machado
Lopes, comandante do III Exército, declarou apoio à campanha, recebendo adesões de outros oficiais-
generais. Brizola utilizou- -se de ondas curtas de rádio que alcançavam todo o país para criar a “Rede da
Legalidade”, que defendia a posse de Jango. A crise política desencadeada com a renúncia de Jânio
Quadros dividiu a sociedade brasileira, que se mobilizava pela posse de Jango ou pelo impedimento do vice-
presidente. Informado acerca da renúncia do presidente, João Goulart iniciou uma lenta viagem de volta ao
Brasil – passou por Zurique, Paris, Barcelona, Nova York, Miami, Buenos Aires e Montevidéu –, adiando a
chegada até que a situação no Brasil estivesse definida. Diante da ameaça de uma guerra civil,
principalmente diante da mobilização popular, o Congresso Nacional buscou uma “solução de compromisso”
e aprovou um Ato Adicional, garantindo o mandato de João Goulart sob sistema parlamentarista de governo.
Ficou estabelecido ainda que, em janeiro de 1965, um plebiscito iria decidir pela continuação ou não do
parlamentarismo. Assim, Jango, que retornara ao Brasil, desembarcando em Porto Alegre, no dia 1o de
setembro, assumiu a Presidência da República no dia 7, mas com poderes bastante reduzidos, pois parte
das atribuições do Executivo seriam do Conselho de Ministros, chefiado pelo primeiro-ministro.
No final de 1962, o ministro extraordinário do Planejamento, Celso Furtado, elaborou o Plano Trienal
de Desenvolvimento Econômico e Social, com o objetivo de controlar o deficit público e o crescimento
inflacionário. Além de medidas ortodoxas – como controle cambial e corte de gastos –, o plano previa a
adoção de um conjunto de Reformas de Base, necessárias para a retomada do crescimento econômico do
país. A aprovação das reformas dependeria de 3/5 dos votos do Congresso, o que era impossível de ser
obtido sem o apoio do PSD.
As negociações com investidores e credores internacionais não foram satisfatórias, e o governo não
foi capaz de cumprir as metas estabelecidas de controle inflacionário. Os trabalhadores, atingidos pela alta
dos preços, pressionavam reivindicando aumentos salariais. Enquanto isso, o projeto de Reformas de Base
não avançava no Congresso Nacional. Os movimentos sociais no campo e nas cidades pressionavam o
governo pela realização das reformas. Organizações como o Comando Geral dos Trabalhadores (CGT), a
União Nacional dos Estudantes (UNE) e as Ligas Camponesas promoviam passeatas e manifestações em
defesa das reformas. Os trabalhadores rurais organizaram sindicatos e reclamavam cada vez mais por
mudanças que colocassem fim à estrutura fundiária excludente do país. Em 1963, o governo criou o Estatuto
do Trabalhador Rural, estendendo aos trabalhadores do campo direitos trabalhistas básicos, como férias
remuneradas, aviso prévio e descanso semanal remunerado. Estudantes engajados nos Centros Populares
de Cultura (CPCs) pretendiam conscientizar politicamente o povo, levando teatro, cinema, artes plásticas e
literatura às camadas populares. O governo lançou, em 1962, o Plano Nacional de Educação, que pretendia
alfabetizar todas as crianças jovens entre sete e 23 anos até o ano de 1970, e estimulou o método de
educação para adultos criado pelo educador pernambucano Paulo Freire, a fim de alfabetizar o maior
número possível de trabalhadores, tornando o acesso à cultura uma possibilidade para muitos. Era a
“pedagogia da libertação”, que considerava que só o acesso ao conhecimento é verdadeiramente libertador.
Influências externas
A radicalização política
No Brasil, em fevereiro de 1962, um grupo de empresários do Rio de Janeiro e de São Paulo fundou
o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes) com o objetivo de defender seus interesses diante do
aumento da intervenção estatal na sociedade e do crescimento de influências comunistas. Com o
restabelecimento do presidencialismo e a defesa das Reformas de Base, o Ipes intensificou sua atuação
contra o governo, associando-o ao comunismo. Foram publicados artigos nos principais jornais do país,
livros, panfletos e folhetos anticomunistas, e catorze filmes de “doutrinação democrática” foram produzidos
pelo instituto, que também financiou cursos, seminários e conferências. A ação do instituto tratou de
fomentar entre empresários, fazendeiros e setores da classe média a ideia de que Jango preparava um
golpe para instaurar uma ditadura comunista no país. A Revolta dos Sargentos, ocorrida em setembro de
1963 e que defendia a elegibilidade de sargentos, suboficiais e cabos, aumentou a pressão sobre o governo.
Com o esgotamento das negociações com o PSD e os setores conservadores do Congresso, Jango
optou por uma guinada à esquerda. Decidiu realizar o programa de reformas por decreto, valendo-se do
apoio dos principais grupos políticos de esquerda – sindicatos, estudantes, trabalhadores, Ligas
Camponesas. O plano consistia na realização de grandes comícios nas principais cidades do país, a fim de
mobilizar o povo pelas reformas. O primeiro comício ocorreu no Rio de Janeiro, na estação da Central do
Brasil, no dia 13 de março de 1964. Compareceram cerca de 150 mil pessoas, que assistiram ao discurso
de Jango defendendo a necessidade de mudança na Constituição e anunciando a apropriação das refinarias
de petróleo particulares e a desapropriação de terras situadas às margens de estradas e açudes.
O comício da Central do Brasil despertou medo em muitos setores da sociedade, que temiam a
radicalização do governo e a preparação de um golpe para implantação de uma ditadura comunista. No dia
19 de março, cerca de 300 mil pessoas saíram às ruas de São Paulo para protestar contra o governo. Era a
Marcha da Família com Deus pela Liberdade, organizada pela União Cívica Feminina e pela Campanha da
Mulher pela Democracia, entidades de mulheres católicas conservadoras, patrocinadas pelo Ipes. A
sociedade civil revelava assim o apoio ao movimento que já estava sendo articulado por alguns militares
para derrubar o presidente. Alguns dias depois do comício, no dia 25 de março, membros da Associação de
Marinheiros e Fuzileiros Navais se reuniram no Rio de Janeiro para reivindicar melhores salários e
elegibilidade, evento que ficou conhecido como Revolta dos Marinheiros. A entidade, liderada pelo cabo
Anselmo dos Santos, não era reconhecida pela Marinha e os participantes do evento foram presos. Dois
dias depois, Jango soltou e anistiou os marinheiros, levando a Marinha a aderir ao golpe (veja imagem na
próxima página).
A maioria dos jornais do país, alinhados ao Ipes, colocava-se contra o governo de Goulart. As
reformas sociais propostas pelo governo afetavam os interesses dos grupos econômicos que controlavam
os meios de comunicação de massa no Brasil. Em editorial publicado no dia 29 de março, o Jornal do Brasil
pedia ao Exército a manutenção da ordem e do estado de direito. Os jornais Correio da Manhã e O Globo
associavam o governo Jango à ameaça de implantação de uma ditadura comunista e à incapacidade de
governar. Fomentava-se assim o clima de instabilidade política propício para a deflagração do golpe. No dia
30, Jango decidiu comparecer à posse da nova diretoria da Associação dos Sargentos, em um almoço no
Rio de Janeiro. Alguns políticos e amigos procuraram convencer o presidente a não ir ao evento, visto que
sua presença poderia ser considerada uma provocação à oficialidade das Forças Armadas. O discurso de
Jango no evento foi interpretado como mais um estímulo à quebra da disciplina e da hierarquia militar. Foi a
gota d’água para que os militares defensores de um golpe decidissem que chegara a hora de agir. No dia
seguinte ao encontro do presidente com os sargentos, os principais jornais do país publicaram editoriais
pedindo a saída de Jango: “Os Poderes Legislativo e Judiciário, as classes armadas, as forças democráticas
devem estar alertas e vigilantes e prontos para combater todos aqueles que atentarem contra o regime. O
Brasil já sofreu demasiado com o governo atual. Agora, basta!” (Correio da Manhã, 31 de março de 1964).
Pouco a pouco, as notícias revelavam que um golpe civil-militar para destituir o presidente João 76
Goulart estava em curso. Ele foi iniciado em Minas Gerais, na madrugada do dia 31 de março, pelo general
Olímpio Mourão Filho – que em 1937 forjara o Plano Cohen. Rapidamente vários oficiais aderiram ao
movimento, assim como os governadores de Minas Gerais, da Guanabara, de São Paulo e do Rio Grande
do Sul. A CGT decretou uma greve geral na tentativa de impedir a deposição do presidente, mas não obteve
sucesso. Sindicalistas, estudantes, políticos e fuzileiros tentaram resistir. Ao saber do movimento em
andamento, João Goulart deixou a Guanabara, no dia 1o de abril, em direção a Brasília e de lá dirigiu-se
para Porto Alegre. Nas primeiras horas do dia 2 de abril, o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade,
declarou vago o cargo de presidente da República – embora o presidente João Goulart estivesse em
território nacional – e transferiu a chefia do governo para o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli. O Poder
Judiciário legitimou a posse de Mazzilli.
Enquanto isso, em Porto Alegre, Leonel Brizola tentava convencer Jango a resistir. Informado por
alguns generais, que ainda se mantinham fiéis, sobre as dificuldades a enfrentar e sabendo do apoio que o
governo dos Estados Unidos já manifestara ao movimento para destituí-lo, Goulart preferiu não resistir.
Segundo Brizola, Jango teria dito: “Eu verifico o seguinte: que a minha permanência no governo terá que
ser à custa de derramamento de sangue. E eu não quero que o povo brasileiro pague esse tributo. Então eu
me retiro. Peço a vocês que desmobilizem que eu vou me retirar”. No mesmo dia, João Goulart partiu para
o exílio no Uruguai. Instalava-se no Brasil uma longa ditadura, que duraria 21 anos.
SIMULADO
1. O período de João Goulart (1961-1964) foi marcado por grande instabilidade. Pode-se dizer que
esse governo viveu sobre o signo do golpe de Estado. Sobre o referido período, é correto afirmar que:
a) a emenda parlamentarista de 1961 aumentou o poder do presidente da república.
b) o sucesso do Plano Trienal no combate à inflação e na retomada do crescimento econômico
estabilizou a economia.
c) a constante maioria do governo no Congresso era garantida pela aliança entre o PTB e a UDN.
d) os grandes empresários liberaram recursos para a execução das reformas de base.
e) a proposta de reforma agrária, com emenda constitucional, provocou uma forte oposição dos
proprietários rurais ao governo.
2. O início da implantação da indústria de base liga-se à política nacionalista da era Vargas. As
dificuldades externas, devido ao envolvimento dos países industrializados nas guerras, contribuíram para
que se consolidasse a política das substituições das importações. Dentre as realizações que marcaram o
último governo de Getúlio Vargas (1951-1954), e que se tornaram importantes para o desenvolvimento
econômico do país, podemos citar:
a) a transferência da Capital Federal para Brasília.
b) o programa de integração econômica da Amazônia, com a instalação do porto livre de Manaus.
c) o estabelecimento do monopólio da extração e da refinação do petróleo.
d) a instalação da indústria automobilística no país.
e) a criação do Banco Nacional de Habitação.
3. A(s) questão(ões) seguinte(s) é(são) composta(s) por três proposições I, II e III que podem ser
falsas ou verdadeiras. Examine-as identificando as verdadeiras e as falsas e em seguida marque a
alternativa correta dentre as que se seguem:
Esse samba, muito popular na época, foi utilizado como instrumento de propaganda pelo movimento
político que visava o retorno do seu líder. Identifique esse movimento e seu líder.
a) Jacobinismo e Floriano Peixoto.
b) Monarquismo e D. Pedro II.
c) Janismo e Jânio Quadros.
d) Queremismo e Getúlio Vargas.
e) Tenentismo e Luís Carlos Prestes.
8. Assinale a alternativa correta sobre a denominada política externa independente do governo Jânio
Quadros:
a) Manter o país atrelado ao bloco socialista e participando do processo de divisão mundial do
trabalho.
b) Submeter projetos de desenvolvimento nacional à apreciação de um comitê norte-americano.
c) Captação de recursos internos para a solução de todos os problemas sociais.
d) Assumir a defesa da Aliança para o Progresso e apoiar a política de isolamento de Cuba.
e) Reatamento de relações diplomáticas com a União Soviética e apoio à tese de autodeterminação
dos povos. 78
10. O golpe que derrubou o Presidente João Goulart, em 1964, representou a culminância de uma
crise iniciada no final da década anterior. Assinale a opção que NÃO apresenta um elemento dessa crise.
a) O apoio da maioria conservadora do Congresso Nacional ao programa de Reformas de Base.
b) As resistências à posse de João Goulart, quando da renúncia de Jânio Quadros.
c) O agravamento do quadro econômico com a ascensão da inflação.
d) A politização crescente de vários movimentos sociais, como as Ligas Camponesas.
e) Os movimentos de indisciplina militar de marinheiros e sargentos.
11. A redemocratização do Brasil, em 1945, e o fim da Segunda Guerra Mundial consolidaram uma
política externa, já esboçada durante o conflito Mundial, que pode ser caracterizada pelo(a):
a) "pragmatismo responsável", no qual os interesses econômicos prevaleceram sobre as posições
políticas.
b) alinhamento aos Estados Unidos e ao Bloco Capitalista no contexto da Guerra Fria.
c) "política externa independente", que priorizava a aproximação com as antigas colônias recém-
independentes.
d) valorização da integração e formação de blocos, dentro de uma concepção latino-americanista.
e) aproximação com os países europeus, visando a recuperar os mercados perdidos durante a
Segunda Guerra.
13. Com a renúncia de Jânio Quadros, João Goulart toma posse como Presidente da República no
sistema Parlamentarista cujo Primeiro Ministro foi:
a) Franco Montoro
b) Tancredo Neves
c) Ulisses Guimarães
d) Ademar de Barros
e) Auro de Moura Andrade
15. "Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito
aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a
minha morte ( ... ). "
O trecho acima está relacionado aos acontecimentos de 24 de agosto de 1954, que culminaram:
a) na morte do recém eleito Presidente Tancredo Neves, em função de graves problemas de saúde.
b) no fim do período populista, com a queda do Presidente João Goulart.
c) no afastamento do Presidente Costa e Silva, devido a problemas de saúde e o impedimento do
Vice-Presidente civil Pedro Aleixo.
d) na renúncia do Presidente Jânio Quadros, gerada pela oposição da UDN à política externa 79
independente.
e) no suicídio do Presidente Getúlio Vargas, pressionado por setores conservadores e grupos
internacionais.
17. Em 06 de janeiro de 1963, realizou-se o plebiscito que reuniu os votos de mais de 12 milhões de
cidadãos. Após o resultado do plebiscito, Goulart assumiu plenamente o poder presidencial.
Que questão foi discutida no plebiscito anterior citado?
a) A validade da eleição de João Goulart.
b) A implementação das reformas de base por Jango.
c) O sistema de governo (presidencialista x parlamentarista).
d) A renúncia do Presidente Jânio Quadros.
e) A Lei de Remessa de Lucros, reforma urbana e tributária.
18. A U.D.N. inventou uma argumentação jurídica acusando os candidatos vitoriosos à presidência
e à vice-presidência de receberem apoio do comunismo internacional e de não terem alcançado a maioria
dos votos. O Ministro da Guerra, General Lott, suspeitando de um golpe, ordenou a ocupação de prédios
públicos, estações de rádio e principais jornais do Rio de Janeiro, garantindo a posse aos eleitos.
Este episódio está ligado à eleição de:
a) Jânio Quadros e João Goulart.
b) Juscelino Kubitschek e João Goulart.
c) Getúlio Vargas e João Goulart.
d) Eurico Gaspar Dutra e Nereu Ramos.
e) Carlos Lacerda e Café Filho.
19. A transferência da capital objetivava interiorizar o desenvolvimento e este se fez pela entrada
maciça de capital estrangeiro, privilegiando a produção de bens de consumo duráveis. Tais características
se relacionam ao governo de:
a) João Goulart.
b) Juscelino Kubitschek de Oliveira.
c) Castelo Branco.
d) José Sarney.
e) ltamar Franco.
20. A duração de seu governo foi de 7 meses; renunciou em 1961. Pouco antes de sua renúncia,
havia sido acusado por Carlos Lacerda de uma tentativa de golpe, desejoso de ampliar seus poderes.
a) Getúlio Vargas
b) Jânio Quadros
c) João Goulart
d) Fernando Collor
e) Itamar Franco
21. Durante o seu governo o desenvolvimento da guerra fria e o alinhamento do Brasil com os EUA
provocaram o rompimento das relações diplomáticas com a União Soviética e o Partido Comunista foi posto
na ilegalidade, sendo cassados os mandatos de seus representantes nas câmaras legislativas:
a) Washington Luís
b) Getúlio Vargas
c) Marechal Dutra
d) Café Filho
e) Nereu Ramos
22. "Nós da UND preparamos o banquete para comemorar a queda de Vargas... Com seu suicídio,
Vargas puxou a toalha da mesa do banquete...". 80
23. Sobre a política estabelecida por Jânio Quadros na Presidência da República, pode-se afirmar
corretamente:
a) no plano interno, Jânio ocupava-se muitas vezes de questões menores, como a briga de galos ou
os trajes das misses, enquanto procurava estabelecer uma independente e confusa política externa.
b) apesar das hesitações com relação às reformas de base prometidas na campanha eleitoral, Jânio
implementou uma arriscada e independente política externa, chegando a condecorar "Che Guevara".
c) Jânio elegeu-se prometendo "varrer" a corrupção da política brasileira, mas foi deposto sob
acusação de enriquecimento ilícito com verbas de campanha.
d) procurando implementar as promessas de campanha a respeito da reforma agrária e querendo
dissolver o Congresso, Jânio renunciou quando encontrou resistências entre os sindicatos operários que o
haviam apoiado.
24. A democracia populista durante o governo Goulart apoiou várias reivindicações populares que
assustaram os setores conservadores, terminando por acelerar o golpe de 1964. Dentre elas citamos:
a) as reformas de base.
b) a extinção dos partidos políticos.
c) o fim da política externa independente.
d) o monopólio estatal sobre os meios de comunicação.
e) a preservação da estrutura fundiária do país.
25. As eleições de 1950 trouxeram de volta ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, o presidente
Getúlio Vargas, candidato vitorioso da aliança PTB-PSD. Nesse governo, Vargas:
a) acabou com o trabalho escravo no Brasil, visto que sua permanência só atrapalhava o
desenvolvimento industrial do país.
b) criou a companhia Siderúrgica Nacional para abastecer o país com o aço necessário para seu
desenvolvimento.
c) estabeleceu o Plano Trienal, para combater a inflação.
d) organizou a política do Café-com-leite, para consolidar a oligarquia cafeeira no poder.
e) instituiu o monopólio estatal da exploração e refino do petróleo no país, a cargo da Petrobrás S.A.
26. Entre a queda do Estado Novo de Vargas (1945) e a ruptura institucional em 1964, o Brasil viveu
uma etapa de sua trajetória histórica de crescente polarização ideológica, assinalada por constantes crises
políticas. Julgue os itens a seguir, relativos a esse período.
( ) Durante o governo Gaspar Dutra, o Brasil envolveu-se na Guerra Fria, chegando a romper as
relações diplomáticas com a União Soviética e a cassar o registro de funcionamento do Partido Comunista.
( ) Nesse período, a criação da PETROBRÁS refletia a orientação nacionalista da política
econômica do governo Vargas.
( ) Apesar de apresentarem inegável declínio da atividade econômica, os anos JK foram marcados
pela ausência de crises políticas.
( ) A política externa implementada nos governos de Jânio Quadros e de João Goulart convergiu
para o alinhamento do Brasil à diplomacia norte-americana.
27. (Cftmg 2010) "A partir da desapropriação do Engenho Galileia, as ligas expandiram- se por todo
o estado de Pernambuco, chegando a ter, em 1961, 10.000 associados, e no mínimo, 40 sedes municipais.
(...) As ligas também iriam se estender por vários estados do Nordeste e outras regiões do país, tornando -
se particularmente fortes nos estados da Paraíba, Rio de Janeiro e Goiás".
FONTE: AZEVEDO, Fernando Antônio. As Ligas Camponesas. São Paulo: Paz e Terra, 1982, p. 73.
81
A atuação das Ligas Camponesas está relacionada ao
a) apoio dos sindicatos rurais à empresa agromercantil, fundamental para o crescimento da
economia.
b) alinhamento político entre os grandes produtores rurais do nordeste e lideranças vinculadas ao
campesinato.
c) compromisso dos trabalhadores rurais na defesa de uma reforma agrária mantenedora da
estrutura latifundiária.
d) modelo fundiário brasileiro, caracterizado por mecanismos excludentes do campesinato da vida
social e política.
28. "... Até o momento em que se constata o malogro do Plano Trienal (que tinha por objetivo controlar
a inflação, retomar o crescimento econômico, restringir o crédito, conter o déficit público, limitar os ganhos
salariais etc.), o governo conseguiu um relativo apoio político de expressivos setores da burguesia industrial
brasileira (...). Mas, diante da incapacidade do Executivo - de um lado, em reverter a tendência de
estagnação da economia e, de outro, em por fim às crescentes reivindicações e greves das classes
trabalhadoras - a quase totalidade da burguesia nacional passou a conspirar ativamente contra o governo.
(...)
A crescente radicalização política do movimento popular e dos trabalhadores, pressionando o
Executivo a romper os limites do 'pacto populista', levou o conjunto das classes dominantes e setores das
classes médias -apoiados e estimulados por agências governamentais norte-americanas e empresas
multinacionais- a condenar o governo..."
O texto descreve um fenômeno que pode ser associado a fatores responsáveis, no Brasil,
a) pela Revolução de 1930.
b) pela redemocratização após 1945.
c) pelo golpe de 1964.
d) pela abertura política a partir de 1980.
e) pelo movimento das "Diretas-Já" em 1984.
29. A história brasileira no início dos anos 60, culminando com o Golpe de 1964, foi marcada por
uma sucessão de problemas dentre os quais está a:
a) política de estabilização econômica adotada no governo João Goulart.
b) manifestação militar a favor da renúncia de Jânio Quadros e pela posse de João Goulart.
c) rápida tramitação no Congresso Nacional do programa de "Reformas de Base".
d) oposição dos setores conservadores, inclusive expressiva parcela das forças armadas, ao
presidente João Goulart.
e) opção parlamentarista de João Goulart, sustentada na aliança do governo federal com os
governadores estaduais.
30. Em 25 de agosto de 1961, quando da renúncia de Jânio Quadros, os ministros militares acharam
inconveniente à segurança nacional a posse do então vice-presidente João Goulart, que se encontrava na
época, no estrangeiro. Temendo o surgimento de uma guerra civil ou de um golpe militar, o Congresso para
contornar essa crise, resolveu aprovar um Ato Adicional à Constituição de 1946, com o intuito de diminuir os
poderes do novo presidente.
Através desse Ato Adicional
a) implantou-se o sistema parlamentarista de governo.
b) admitiu-se a pena de morte para os casos de subversão.
c) surgiu a Revolução de 1964.
d) o Congresso entrou em recesso e estabeleceu o Ato Institucional nº 5.
e) o vice-presidente não seria mais considerado presidente do Congresso Nacional.
I. A experiência parlamentarista brasileira durou de setembro de 1961 a janeiro de 1963, quando foi
recusada pelo povo brasileiro através de um plebiscito.
II. Tancredo Neves foi o primeiro e único Primeiro Ministro durante o período em que ocorreu o
parlamentarismo brasileiro. 82
III. Com a renúncia do Presidente Jânio Quadros, João Goulart, o vice-presidente, deveria assumir a
Presidência. A emenda parlamentarista objetivava restringir os seus poderes.
Assinale o correto.
a) Apenas as afirmações II e III são verdadeiras.
b) Apenas as afirmações I e II são verdadeiras.
c) Apenas as afirmações I e III são verdadeiras.
d) Todas as afirmações são verdadeiras.
Ranieri Mazzilli, presidente da câmara dos deputados e sucessor constitucional de Jango, ocupou
interinamente a presidência da república após o golpe. Mas, o poder estava de fato, nas mãos do
autodenominado comando supremo revolucionário, composto por militares das três forças: exército, marinha
e aeronáutica. Por conveniência, alguns setores das forças armadas e da sociedade civil chamaram de
“Revolução” o golpe.
Embora, o movimento tenha contado como o apoio dos civis, notadamente a UDN, os militares não
pretendiam entregar o poder a eles.
O núcleo militar dividia-se em dois grupos. Um deles era formado pelos militares originários da Escola
Superior de Guerra, de Linha Moderada. Por sua formação intelectual, o grupo ficou conhecido como
“Sorbone”. O outro grupo ficou conhecido como “Linha dura”.
Em abril de 1964 foi editado o Ato Institucional Nº 1, pelo comando militar. Dentre várias disposições,
destacaram-se as seguintes:
● Nomeação do general Humberto de Alencar Castello Branco para presidente;
● A eleição do presidente e do vice-presidente da república passaria a ser efetuada pelo congresso
nacional;
● Os comandantes-em-chefe das forças armadas, poderiam suspender direitos políticos por 10 anos
e anular mandatos legislativos.
A posse de Costa e Silva iniciou o período da linha-dura no comando do país. A princípio, o presidente
que era defensor do nacionalismo discordou da politica econômica implantada no governo anterior, que
primava pela aproximação com o capital estrangeiro.Costa e Silva demitiu todos os funcionários civis que
ocupavam importantes cargos públicos, nomeando militares.
Os primeiros tempos do governo Costa e Silva foram marcados por forte reação da sociedade.
Greves e mobilizações de rua, como as paralizações dos operários em Contagem (MG) e Osasco (SP).
Em 28 de março de 1968, o estudante Edson Luís da UFRJ foi morto pela policia quando
universitários protestavam na frente do restaurante da instituição, o calabouço, reivindicando melhores
condições na alimentação servida.
A morte de Edson Luís provocou grande comoção e manifestação na sociedade. A mais importante
foi à passeata dos cem mil, em 26 de junho, no Rio de Janeiro, organizada pela UNE (União Nacional dos
Estudantes), no Rio do Janeiro.
No início de setembro de 1968, um violento discurso do deputado Márcio Moreira Alves (MDB), no
Congresso Nacional, pregando o boicote à parada militar de 7 de setembro, deixou os militares indignados.
Estes reagiram solicitando ao congresso uma licença para processar o deputado, alegando “grave ofensas
ás forças armadas”.
Os parlamentares não cederam ás pressões do governo e negaram a licença. A resposta do governo
veio numa sexta-feira 13 de dezembro de 1968, com a publicação do Ato Institucional Nº 5.
O novo ato delegou ao presidente poderes para fechar o congresso Nacional, as assembleias
estaduais e municipais, cassar mandatos por 10 anos, demitir e aposentar juízes e funcionários públicos,
decretar estado de sítio, confiscar bens e suspender o habeas corpus. A partir daí centenas de brasileiros
foram buscar exílio em outros países como forma de sobreviver aos chamados “anos de chumbo”.
Em agosto de 1969, um fato inesperado mudou a rota política: o presidente Costa e Silva foi
acometido por um acidente vascular cerebral e teve de ser afastado do cargo, em seu lugar assumiu uma
junta militar que em outubro indicou o general Emílio Garrastazu Médici, para a presidência da republica,
prolongando o controle do país pela linha-dura.
A cultura na ditadura
Poucas décadas foram tão criativas – e ao mesmo tempo tão marcadas pela repressão – como a
década de 1960. Dentre as diversas manifestações culturais, a musica é uma das que mais merecem
destaque, em especial o rock`nroll dos Beatles, dos Rolling Stones e da banda Pink Floyd.
No Brasil, o cenário musical seguiu as influências europeias e americanas. A TV Record lançou o
programa Jovem Guarda. Tinha o comando de Roberto Carlos e reunia um time que colecionaria sucessos
por vários anos: Erasmo Carlos, Wanderleia, Sérgio Reis, Martinha, os Vips, Jerry Andriani, Golden Boys e
muitos outros.
A musica brasileira dos anos 1960 não viveu apenas da Jovem Guarda. Os festivais da TV Record
também empolgaram as plateias e abriram espaço para outros artistas como: Chico Buarque, Elis Regina,
Gilberto Gil, Jair Rodrigues, Geraldo Vandré e muitos outros.
Surgiu também o movimento tropicalista, com sua proposta de criar uma arte ampla. Os principais
representantes do tropicalismo foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé e os Mutantes (grupo
do qual fazia parte Rita Lee).
As inovações culturais do período não se limitaram a musica. Os filmes, Deus e o diabo na terra do
sol (1964) e Terra em transe (1967), de Glauber Rocha, e Vidas secas (1963), de Nelson Pereira, são
exemplos do cinema novo, um movimento que procurava levar para as telas os problemas sociais do brasil,
com uma linguagem própria da nossa cultura.
A presidência do general Emílio Garrastazu Médici foi marcada por fortíssima repressão, amparada
no AI-5, e também pela expansão econômica.Na economia, a ditadura consolidou a presença do Estado,
com investimentos principalmente em infraestrutura (Rodovia Transamazônica,Usina Hidrelétrica de 84
Itaipu,Ponte Rio-Niterói, usina nuclear brasileira,). Capitais externas financiaram os investimentos
aumentando a divida externa.
O crescimento econômico neste período apresentava taxas altas. Em 1973 atingiu 13,6% ao ano,
este período ficou conhecido como “Milagre brasileiro” ou “Milagre Econômico”.Entretanto, um dos maiores
problemas brasileiros, o da concentração de renda, se agravou no período.
O governo Médici destacou-se por ter sido o mais repressivo. Para fortalecer o regime e encobrir o
clima de terror, montou-se um aparato de propaganda que tinha como base a ideia da cooperação dos
brasileiros para o engrandecimento da Nação. Foram forjados slogans ufanistas, do tipo “Você constrói o
Brasil”, “Ninguém segura este país”, “Brasil, conte comigo” e “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
O auge da campanha publicitaria foi atingido quando a seleção brasileira de futebol ganhou o
tricampeonato da copa do mundo de 1970, no México. A vitória foi usada pelo regime militar como sendo
uma conquista do governo.
O governo Médici criou também o Instituto Nacional de colonização e Reforma Agrária (INCRA), o
Plano de Integração Social (PIS) e o movimento brasileiro de alfabetização (Mobral).
A guerrilha e a Repressão
No ano de 1969, focos de guerrilhas urbanas e rural (Vale do Ribeira, em São Paulo e no Araguaia,
região entre Pará e Tocantins) irromperam pelo território nacional. Grupos armados acreditavam que por
meio da luta armada seriam capazes de derrubar o regime militar. Os principais líderes forma Carlos
Marighela, ex-membro do partido comunista brasileiro e fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), e
Carlos Lamarca ex-capitão do exército, que recebeu treinamento antiguerrilha e desertou. Lamarca liderou
a VPR (Vanguarda Popular Revolucionária).
À medida que avançava a repressão os guerrilheiros optavam pelo sequestro de diplomatas
estrangeiros a exemplo dos embaixadores do E.U.A., da Alemanha, da Suíça e o Cônsul-geral do Japão.
Com essa tática, os guerrilheiros conseguiram a libertação de vários presos políticos.
Com o crescimento da guerrilha, em 1969 foram editados os AI-13 e 14. O primeiro permitia o
banimento daqueles considerados subversivos. Os segundo instituía a pena de morte.
Entre os aparelhos de repressão criados pelos militares estavam o destacamento de operações e
informações (DOI) e o centro de operações de defesa interna (CODI). Em nível estadual, existia o
departamento de ordem politica e social, o DOPS. Em 1973, o movimento já tinha praticamente
desaparecido.
Mesmo sob rígida censura, alguns grupos e organizações empreenderam oposição ao regime militar.
A CNBB (Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil) passou a pressionar pelo fim da tortura e a estimular
movimentos como a Juventude Universitária Católica (JUC) e a Ação Popular (AP). Grupos religiosos
populares da esquerda católica, como as comunidades eclesiais de base (CEB’s) discutiam mudanças na
política.
A OAB (Ordens dos Advogados do Brasil) e a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência) destacaram-se ao combate à ditadura. A imprensa alternativa também era uma voz contra o
governo. O principal veículo era O Pasquim, criado em 1969.
Na sucessão de Médici, o indicado foi um representante dos militares moderados. O general Ernesto
Geisel.
Para disputar a “eleição” com Ernesto Geisel, o MDB lançou seus candidatos: Ulysses Guimarães
para presidente, Barbosa Lima Sobrinho para vice. Embora soubessem que não teriam como vencer o pleito,
ambos percorreram o país em “campanha” e aproveitaram a oportunidade para denunciar o autoritarismo.
Geisel assumiu o poder com um quadro muito diferente do de Médici. A economia estava em crise.
O alto endividamento e a crise do petróleo de 1973 tiveram impacto na economia brasileira.
É nesse cenário que começou a transição para o final do regime militar num processo de abertura
política, em um estilo que o general definiu como “lento, gradual e seguro”. A liberação foi chamada de
distensão.
Durante as gestões comandadas pela linha-dura, organizaram-se uma espécie de “governo paralelo”,
onde militares de baixa patente tinham relativa autonomia. Uma série de fatos desse período dá ideia da 85
ação dessa força política paralela: a morte sob tortura do Jornalista Vladimir Herzog (1975) e a do operário
Manoel Fiel Filho (1976), a chacina dos dirigentes do PC do B em São Paulo (1976) e a invasão da Pontifícia
Universidade Católica (PUC) de São Paulo (1977). Geisel interveio no II Exército exonerando o comandante
Ednardo D’Ávila Melo.
O anseio da sociedade por reformas ficou evidenciado nas eleições parlamentares de 1974. O MDB
quase dobrou sua representação: de 87 deputados federais, saltou para 165, enquanto as forças da Arena
se reduziam de 223 para 199 deputados. No senado, o MDB passou de 7 para 20 enquanto a Arena diminuía
de 59 para 46.
A vitória da oposição não era imaginada pelo governo. Coma aproximação das eleições municipais
em 1976, foi criada a Lei Falcão, que proibia debates eleitorais, só permitindo que aparecesse na TV o nome,
o número e ummini currículo do candidato.
Diante do resultado eleitoral (mais uma vez com o avanço da oposição) e da insatisfação da “linha-
dura” o governo baixou o “pacote de abril”.
O pacote de Abril decretou o recesso do congresso nacional, criou os senadores biônicos, que
correspondiam a 1/3 do senado eleitos indiretamente. As eleições para governadores em 1978 também
seriam indiretas e o mandato do próximo presidente passaria a ser de 6 anos. Além disso, a Lei Falcão,
estendeu-se as demais eleições.
Ao final do governo Geisel o abrandamento da censura favoreceu a circulação de informações e o
ambiente econômico era difícil. Apesar desse cenário, o general Geisel indicou e fez o seu sucessor. O
escolhido por Geisel foi o general João Baptista de Oliveira Figueiredo.
O último general-presidente, João Figueiredo, tinha por tarefa dar continuidade ao lento processo de
abertura política. Em agosto de 1979, foi decretada uma anistia ampla, geral e irrestrita.
Em dezembro do mesmo ano, o bipartidarismo foi eliminado voltando o pluripartidarismo. A ARENA
passou a se chamar PDS (Partido Democrático Social), o MDB tornou-se o PMDB (Partido do Movimento
Democrático Brasileiro). Surgiram também o PTB, PDT, PT e PP.Em 1980 foi aprovado o restabelecimento
de eleições diretas para governadores e para todos os senadores, extinguindo-se a figura do senador
biônico.
O processo de abertura política não era aplaudido por todos. Os militares da “linha-dura”
inconformadas com os últimos acontecimentos decidiram partir para o terrorismo. Um dos atentados mais
sérios ocorreu no Riocentro, no dia 30 de abril de 1981. Uma bomba explodiu no estacionamento durante
as comemorações do dia do trabalho, um sargento morreu.
Em termos econômicos a situação brasileira complicava-se, com o aumento considerável da inflação
e da dívida externa. Na região do ABCD (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e
Diadema) o movimento sindical renasceu, mesmo tendo alguns líderes presos.
Nas eleições de 1982 a oposição ganhou espaço no cenário político nacional. Elegeu em numero
expressivo de governadores e no congresso nacional o cômputo geral era: 281 cadeiras para o governo e
263 da oposição.
Em novembro de 1983, liderado pelo presidente do PMDB, deputado Ulysses Guimarães, iniciou-se
o movimento pelas eleições diretas para o presidente da república.
O deputado do PMDB de Mato Grosso, Dante de Oliveira, apresentou uma emenda constitucional
propondo eleições diretas para presidente da república. A campanha “Diretas Já!” espalhou-se pelo Brasil.
Em abril de 1984, a emenda foi posta em votação, mas não obteve o quórum necessário para ser implantada.
As eleições presidenciais seriam, mais uma vez, por votação indireta, só que agora com candidatos
civis.A oposição lançou a candidatura de Tancredo Neves (PMDB), então governador de Minas Gerais.
Paulo Maluf era o candidato do PDS.
Maluf, não conseguiu unanimidade do partido, o que gerou defecções no PDS. Esses dissidentes
criaram a Frente Liberal e indicaram o senador José Sarney, ex-presidente do PDS, como candidato a vice
na chapa de Tancredo Neves.
Em 15 de janeiro de 1985, o colégio eleitoral, composto por congressistas e delegados das
assembleias estaduais deu a vitória a Tancredo com 480votos contra 180 de Maluf. Era o fim do regime 86
militar no Brasil.
SIMULADO
1. Sobre o fim do período militar no Brasil (1964-1985), pode-se afirmar que ocorreu de forma:
a) conflituosa, resultando em um rompimento entre as forças armadas e os partidos políticos.
b) abrupta e inesperada, como na Argentina do General Galtieri.
c) negociada, como no Chile, entre o ditador e os partidos na ilegalidade.
d) lenta e gradual, como desejavam setores das forças armadas.
e) sigilosa, entre o presidente Geisel e Tancredo Neves, à revelia do exército e dos partidos.
2. Os governos dos presidentes Geisel e Figueiredo foram marcados pela chamada "distensão
política, gradual e segura". Sobre ela pode-se afirmar:
a) ocorreu graças à delegação paternalista do poder militar, então hegemônico.
b) desenvolveu-se pela pressão direta do governo norte-americano.
c) ocorreu pela pressão dos setores políticos e econômicos dominantes no Brasil, em busca de novas
relações de hegemonia.
d) surgiu e desenvolveu-se pela iminente possibilidade do acesso ao poder dos partidos de extrema
esquerda.
e) foi estimulada pela pressão dos grandes proprietários interessados em impedir a reforma agrária.
3. No período em que o Brasil foi dirigido por governos militares a decretação do AI 5 (Ato Institucional
número 5) representou um "endurecimento" do regime instalado em 1964, que pode ser explicado pela(s):
a) inquietação dos setores militares favoráveis à redemocratização.
b) ação dos grupos de oposição, que trocaram a luta armada pela oposição parlamentar ao regime.
c) crise decorrente do impedimento do Presidente Costa e Silva.
d) crise econômica resultante do esgotamento do milagre brasileiro.
e) crescentes manifestações oposicionistas de líderes políticos, estudantes e intelectuais contra o
regime.
6. O Ato Institucional n¡. 5, editado durante o governo do General Costa e Silva, permitiu a esse
presidente da República, entre outras medidas:
a) convocar uma Assembleia Nacional Constituinte
b) criar novos ministérios e empresas estatais
c) decretar o recesso parlamentar e promover cassações de mandatos e de direitos políticos
d) contratar maiores empréstimos no exterior
e) promover uma reformulação do sistema partidário
7. Em 1968, Caetano Veloso, ao defender num festival a sua composição "É Proibido Proibir", assim
respondeu às vaias do público: "Mas é isso que é a juventude que quer tomar o poder. Vocês tem coragem
de aplaudir este ano uma música que vocês não teriam coragem de aplaudir o ano passado! São a mesma
juventude que vai sempre, sempre matar o velhote inimigo que morreu ontem. Vocês não estão entendendo
nada, nada, nada Absolutamente nada (...) O problema é o seguinte: estão querendo policiar a música
brasileira. Mas eu e o Gil já abrimos o caminho (...). Nós, eu e ele tivemos coragem de enfrentar em todas 87
as estruturas e sair de todas. E vocês? E vocês? Se vocês em política forem como estética estamos feitos."
(HOLLANDA, Heloisa Buarque e GONÇALVES, Marcos A. Cultura e Participação. Anos Sessenta,
COLEÇÃO TUDO É HISTÓRIA, vol.41, Brasiliense, são Paulo, 1982, p.6)
Quando Caetano fala sobre o policiamento da música brasileira ele se refere a um conjunto de
medidas repressivas tomadas pelos governos militares, que culminaria:
a) na promulgação do Ato Institucional n 05 (AI-5).
b) na criação do Departamento de Censura.
c) no fechamento da UNE.
d) na criação do Departamento de Ordem Política Social.
e) na extinção dos partidos políticos.
8. Em abril de 1984, a Câmara dos Deputados derrotou a Emenda Constitucional que restabeleceria
as eleições diretas no Brasil. Esse acontecimento trouxe, como desdobramento político, a (o)
a) convocação de plebiscito popular para escolha do sistema de governo.
b) constituição da Aliança Democrática para a disputa no colégio eleitoral.
c) golpe político-militar articulado pela chamada "linha dura" do governo militar.
d) instituição da Assembléia Constituinte para a elaboração de uma nova Constituição.
12. Segundo o historiador José Honório Rodrigues, seu estilo foi autoritário, duro, personalista,
alemão demais para um povo tão pouco germânico. Contudo, o governo Ernesto Geisel foi responsável:
a) pelo recrudescimento da repressão e apogeu do modelo econômico implantado após 1964.
b) pelo início da Abertura Política, extinção do AI-5 e enfrentamento da linha dura.
c) pelo milagre econômico, marcado por intenso consumismo das classes médias urbanas.
d) por medidas que impediram casuísmos que prejudicassem o crescimento da oposição.
e) por concessões políticas à "linha dura" que terminaram por indicar o sucessor do presidente, o 88
general Silvio Frota.
13. A Constituição, embora suspendesse os Atos Institucionais, incorporava grande parte do caráter
autoritário dos mesmos, fortalecendo tremendamente o Poder Executivo. De qualquer modo essa
Constituição mal chegou a ser posta em prática, rapidamente superada por novos Atos Institucionais.
Estamos falando da Constituição de:
15. Em 1976, o Decreto-Lei n 6.639 da Presidência da República, mais conhecido como "Lei Falcão",
a) criou o voto distrital misto para municípios com mais de 200 mil habitantes. b) proibiu
os comícios e reuniões partidárias. c) limitou a propaganda
eleitoral no rádio e na televisão. d) reestruturou as eleições diretas para
prefeitos nos municípios enquadrados como de "Segurança Nacional".
e) estabeleceu o bipartidarismo no Brasil.
16. Em agosto de 1969, quando o presidente Costa e Silva adoeceu gravemente, ficando impedido
de exercer o governo, o poder foi:
a) devolvido ao grupo político civil rival do governo Goulart, que havia apoiado o Golpe de 1964.
b) passado ao vice-presidente civil Pedro Aleixo, que reabriu o Congresso Nacional, fechado pelo AI5.
c) delegado ao Congresso Nacional, até a eleição do general Médici para um novo mandato.
d) equilibrado entre a ARENA e o MDB, que passaram a exercer o poder de forma colegiada.
e) exercido por uma Junta Militar das três armas, devido à desconfiança dos militares em relação aos civis.
17. Com o chamado "pacote de abril", baixado pelo então presidente Ernesto Geisel,
18. Em 13 de Dezembro de 1968, foi decretado no Brasil o Ato Institucional n 5. Entre outras medidas,
o AI-5:
19. Assumindo o governo após o período repressivo do general Médici, o general Geisel pretendia
iniciar um processo de liberalização do regime autoritário. Foi, entretanto, um período marcado por
alternâncias de medidas tênues de abertura e outras de natureza discricionária. Em 1977, o governo publica
um conjunto de medidas conhecidas como "o pacote de abril", cuja característica foi:
20. Revogou o Ato Institucional n 5, mas fez incorporar à Constituição a possibilidade do Presidente
da República decretar Estado de Sítio, sem a aprovação do Congresso Nacional. Propôs a Lei da Anistia
que, aprovada, no início de 1980 libertou os presos políticos e permitiu aos exilados retornar ao país.
Os versos acima se referem à geração brasileira que nasceu durante o período da Ditadura Militar
instituída pelo Movimento de 64. Sobre este período afirma-se:
Dessas afirmações,
c) I e II estão corretas.
22. O pretexto para a implantação do Ato lnstitucional N 5, a 13 de dezembro de 1968, pelo governo
Costa e Silva, foi:
23. "Quem manda agora não são os políticos profissionais, nem o Congresso, é uma instância
decisória importante. Mandam a alta cúpula militar, os órgãos de informação e repressão, a burocracia
técnica de Estado (...) O regime pôs fim ao populismo." Boris Fausto
O texto caracteriza uma fase histórica brasileira. Identifique-a nas alternativas a seguir.
a) Estado Novo
b) República Nova
d) República Oligárquica
e) República da Espada
24. O movimento denominado "Diretas já!", que começou reunindo poucos milhares de pessoas nas
principais cidades brasileiras, acabou ganhando a simpatia da maior parte da população do país e tomou
proporções gigantescas.
Esse movimento exigia
25. "O general Ernesto Geisel, candidato da Arena, venceu facilmente o representante da oposição
em janeiro de 1974. (...) o novo presidente iniciou o processo de flexibilização do regime através da sua
política de distensão, que previa uma série de alterações parciais (abrandamento da censura e de medidas
repressivas, e negociações com setores oposicionistas). Seu objetivo era atenuar as tensões decorrentes
do exercício do poder sob regras tão autoritárias e alargar a base de sustentação do governo através da
cooperação de setores da oposição.
Apesar do anúncio de distensão política, durante esse governo ocorreram retrocessos nesse
processo, representados
26. "A avaliação dos governos militares, sob o ponto de vista da cidadania, tem, assim, que levar em
conta a manutenção do direito do voto combinada com o esvaziamento de seu sentido e a expansão dos
direitos sociais em momento de restrição de direitos civis e políticos."
José Murilo de Carvalho. "Cidadania no Brasil: o longo caminho". Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2002, p. 172-173.
Com base nas informações contidas no texto e em seus conhecimentos, analise as afirmativas a
seguir referentes ao período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985).
I - Para governar, os presidentes militares serviram-se dos Atos Institucionais, instrumentos legais
de repressão, dos quais o AI-5 assumiu destaque por ter atingido de forma mais violenta os direitos civis e
políticos dos brasileiros.
II - Durante os governos militares ocorreu à expansão de alguns direitos sociais, de que é exemplo a
inclusão dos trabalhadores rurais na Previdência social, por meio da criação do Fundo de Assistência Rural
(Funrural).
III - O não funcionamento do Congresso Nacional, durante todo o período da Ditadura Militar (1964
a 1985), caracteriza com nitidez a violação dos direitos políticos dos brasileiros.
IV - Durante o governo do Marechal Castelo Branco, com o fechamento dos canais de representação
política, os artistas organizaram em seus espetáculos protestos contra o regime, de que foi exemplo o show
"Opinião".
27. "Começava a ditadura envergonhada, como a batizou ElioGaspari. (...) Mas, como tudo na vida
pode piorar, quem se queixava de 64 não sabia o que nos esperava em 68. Aí sim, com o Ato Institucional
n¡. 5, o pau comeu. A ditadura esgotou o manual e criou em cima: implantou a censura, cassou mandatos,
fechou o Congresso, suspendeu o 'habeas corpus', revogou a Constituição, instituiu a pena de banimento,
liberou a tortura e tolerou as execuções sumárias - tudo em defesa da segurança nacional".
(Martins, Oswaldo. Aos nascidos em 1964. Revista "Cult", São Paulo, n. 78, março/2004. p. 54).
a) O Ato Institucional n¡. 5 foi um instrumento que proporcionou amplos poderes ao Presidente da
República que podia inclusive fechar provisoriamente o Congresso Nacional.
b) A economia brasileira desse período (1969-1973) vai ser marcada pelo chamado "milagre
brasileiro".
c) Nesse período o governo ditatorial declara que o país vivia uma guerra subversiva, sob esse 92
pretexto aprova-se inclusive a pena de morte.
d) O "slogan" BRASIL: AME-O OU DEIXE-O foi um grande instrumento de propaganda dos grupos
da guerrilha de esquerda brasileira nessa fase.
e) A vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970 foi usada, junto aos efeitos do milagre econômico,
como instrumento de construção positiva do regime militar.
Apesar de Você foi editada e fez grande sucesso em 1978. Com base no fragmento da canção e
levando em conta os seus conhecimentos sobre o período da História do Brasil em que foi escrita, assinale
a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
(01) A canção de Chico Buarque retrata um momento de grande euforia na sociedade brasileira, em
virtude da redemocratização do país.
(02) "Apesar de Você" foi sucesso no período dos governos militares, quando a militância política
sofreu restrições e existia a censura da produção artística e musical.
(04) "Apesar de Você" é um libelo contra a escravidão. Chico Buarque e outros intelectuais defendiam
o fim da escravatura que ainda persistia no Brasil em meados do século passado.
(08) A canção mencionada foi escrita num momento em que as liberdades democráticas tinham sido
cerceadas e processos estavam sendo instaurados contra os que se opunham ao sistema vigente.
(16) Os versos de Chico Buarque retratam uma época de restrição às liberdades, o "Estado Novo":
A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão.
Soma ( )
30. Adesivos, slogans, intensa propaganda patriótica, uso de forte aparato repressor, arbítrio e
milagre econômico marcaram durante o ciclo militar o governo de:
a) Castelo Branco.
b) João Batista Figueiredo.
c) Floriano Peixoto.
d) Ernesto Geisel.
e) Emílio Garrastazu Médici.