Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CADERNO ESPECIAL
Uma publicação da
Campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha
Editada pelo Instituto Patrícia Galvão - Mídia e Direitos
Lei Maria
da Penha realização apoio
Secretaria de Secretaria de
Políticas para as Mulheres Governo
1 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Índice
2 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Apresentação
3 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Apresentação
A
pós uma década de vigência para além de criminalizar e definir formas tam que a lei foi fundamental para
da Lei 11.340/2006, popular- de violência doméstica e familiar, esta lei quebrar a invisibilidade e a naturali-
mente conhecida como a Lei garante direitos às mulheres e instaura zação em relação à violência baseada
Maria da Penha, uma pesqui- deveres para o Estado materializar esses no gênero nas relações íntimas, mos-
sa do DataSenado de 2017 in- direitos nas diferentes realidades em que trando que esse não é um assunto da
dica que praticamente 100% das mulheres vivem as brasileiras. esfera privada. Trouxe ainda inovações,
conhecem o marco legal. Apesar do dado como as medidas protetivas de urgên-
reforçar que a Lei Maria da Penha é uma Baseado em consultas a legislações, cia, para os sistemas de segurança e
das mais conhecidas do país, 77% das pesquisas e conteúdos de referência, justiça atuarem de modo protetivo e
entrevistadas dizem conhecê-la pouco, en- além de entrevistas* com representantes preventivo. Apontou ainda o caminho
quanto 18% afirmam conhecer muito. de instituições parceiras da Campanha para uma política pública intersetorial
Compromisso e Atitude pela Lei Maria da que oferecesse respostas em múltiplas
Em homenagem ao aniversário de Penha e profissionais que atuam em ser- frentes, tanto para que as mulheres
promulgação da lei em 7 de agosto de viços responsáveis pela aplicação da Lei, possam romper o ciclo de violência, no
2006, o Portal Compromisso e Atitude o especial demonstra que o marco legal curto prazo, quanto para a desconstru-
publica este especial composto por sete aponta caminhos férteis para a constru- ção de discriminações e desigualdades
matérias que repercutem os conteú- ção de políticas públicas eficazes que, por de gênero e raça que ajudem a preve-
dos e direitos previstos nos sete títulos diversas razões, ainda não foram plena- nir a perpetuação da violência no longo
que estruturam a Lei nº 11.340/2006, mente implementadas no Brasil. prazo. Destacam, portanto, a importân-
buscando abordar o marco legal na sua cia da Lei Maria da Penha, reforçando a
integralidade – ou seja, mostrando que, As especialistas consultadas apon- urgência de sua efetivação. Confira.
* As entrevistas exclusivas para este especial foram realizadas em 2016, portanto, algumas fontes citadas podem ter tido seu cargo alterado.
4 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha mudou o
1
patamar do enfrentamento
à violência contra
as mulheres no Brasil
5 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha mudou o patamar
do enfrentamento à violência contra
as mulheres no Brasil
O
dia 7 de agosto de 2006 Hoje a Lei Maria da Penha é conhe- cuja implementação pelos poderes públi-
é considerado um mar- cida por 100% da população, conforme cos segue aquém do necessário.
co no campo dos direitos indica o levantamento do DataSenado de
das mulheres no Brasil: 2017. A pesquisa avaliou também a per- Após uma década de vigência da Lei
com a Lei Maria da Penha cepção das entrevistadas sobre o quanto Maria da Penha, especialistas entrevis-
(11.340/2006) o país passou a contar a Lei Maria da Penha protege as mulhe- tados pelo Portal Compromisso e Atitu-
com um marco legal que estabelece res contra a violência doméstica e fami- de apontam inúmeros obstáculos e de-
direitos e aponta caminhos não apenas liar. Para 26%, a Lei protege as mulheres; safios para enfrentar a violência contra
para coibir, como para prevenir a violên- 53% disseram que ela protege apenas as mulheres num país marcado por dis-
cia doméstica e familiar. Por seu caráter em parte; enquanto 20% responderam criminações, mas ressaltam: a Lei Maria
amplo, a Lei foi considerada pela ONU que não protege. Os dados indicam a ne- da Penha foi fundamental para quebrar
como uma das mais avançadas do mun- cessidade de maior efetivação dos direi- a invisibilidade e a naturalização em re-
do neste campo. tos garantidos pela Lei Maria da Penha, lação à violência doméstica e familiar.
6 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha mudou o patamar do
enfrentamento à violência contra as mulheres no Brasil
é reconhecer em seu artigo 2º (ver box ao final do texto) que moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à
toda mulher deve ter garantido o direito de viver sem violência cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
e preservadas a sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamen- familiar e comunitária.
to moral, intelectual e social – independentemente de classe,
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional,
idade e religião.
“Com a lei se deu visibilidade às formas de violência que “A violência é algo que somente a resposta jurídica não
atingem meninas, mulheres e idosas e também houve uma vai resolver, é preciso contarmos com olhares multidis-
conscientização por parte de toda a população contra essa prá- ciplinares e com uma rede de serviços, além de muitas
tica. Dessa forma, foi inaugurado um sistema de proteção às ví- políticas públicas, incluindo ações na área de saúde e
timas, que até então não existia no Brasil e que é extremamen- assistência social. Por vezes, as mulheres em situação
te relevante, porque proteger é o principal instrumento para de violência não conseguem participar de um grupo
se evitar a morte de uma mulher”, avalia a promotora Valéria de acolhimento ou de um grupo de capacitação para
Scarance, do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). o mercado de trabalho, porque elas não têm uma pas-
sagem de ônibus”, aponta a juíza Madgéli Frantz Ma-
Neste sentido, a Lei aponta caminhos para os sistemas de chado, titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e
segurança e justiça agirem quando a violência doméstica e fa- Familiar contra a Mulher do Tribunal de Justiça do Rio
miliar acontece, buscando oferecer o apoio que a mulher pre- Grande do Sul (TJRS).
cisa para romper o ciclo da violência, mas não só: ela também
aponta o dever do Estado brasileiro de assegurar às mulheres
as condições para o exercício efetivo de seus direitos à vida,
à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à
9 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha mudou o patamar do
enfrentamento à violência contra as mulheres no Brasil
10 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha mudou o patamar do
enfrentamento à violência contra as mulheres no Brasil
11 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha mudou o patamar do
enfrentamento à violência contra as mulheres no Brasil
12 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Compreender as manifestações
2
violentas da desigualdade de
gênero é fundamental
13 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Compreender as manifestações
violentas da desigualdade de
gênero é fundamental
A
pós 10 anos de vigência da moral ou patrimonial. De acordo com das desigualdades de gênero por todas
Lei Maria da Penha no Bra- o Dossiê Violência contra as Mulheres, as áreas envolvidas na sua efetivação.
sil, a efetivação do direito de a Lei Maria da Penha enquanto marco “É importante desnaturalizar o pensa-
viver sem violência no dia a legal representa um reconhecimento mento e entender que o gênero não
dia das mulheres enfrenta do Estado brasileiro de que os papéis está no corpo, não é uma diferença
um forte obstáculo cultural: a incompre- associados aos gêneros feminino e biológica entre homens e mulheres. Ser
ensão da desigualdade de gênero e de masculino e o lugar privilegiado ocupa- homem ou ser mulher é um aprendiza-
seus efeitos, inclusive por uma parcela do pelo masculino nas relações geram do cultural que acontece desde antes
dos profissionais que atuam na rede de vulnerabilidades para as mulheres, que de a gente nascer, sendo que a própria
atendimento a mulheres cotidianamente. acabam sendo mais expostas social- violência dos homens é um aprendi-
mente a certos tipos de violações de zado cultural”, sintetiza a antropóloga
A Lei define violência doméstica e direitos e violências, como as que acon- e pesquisadora Heloísa Buarque de
familiar contra a mulher como qualquer tecem nas relações íntimas. Almeida, do Núcleo de Estudos sobre
ação ou omissão baseada no gênero Marcadores Sociais da Diferença do
que lhe cause morte, lesão, sofrimen- A Lei Maria da Penha reforça, as- Departamento de Antropologia da Uni-
to físico, sexual ou psicológico e dano sim, a necessidade da compreensão versidade de São Paulo.
14 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Compreender as manifestações violentas
da desigualdade de gênero é fundamental
15 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Compreender as manifestações violentas
da desigualdade de gênero é fundamental
16 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Compreender as manifestações violentas
da desigualdade de gênero é fundamental
em diversas manifestações e em dife- “Falta capacitação dos profissio- liar contra a mulher. A gente precisa
rentes relações e contextos. nais, especialmente dos que fazem o saber qual é o contexto que gerou a
primeiro atendimento, para entender violência. Não podemos só trabalhar
A Lei Maria da Penha define cinco que a violência física é só mais um tra- com padrões absolutos, temos que
formas de violência doméstica e fami- ço de um contexto muito mais global ir no cerne das relações familiares,
liar, ressaltando que não existe apenas de violência, que inclui a violência mo- compreendê-las. Às vezes, a gente vê
a violência que deixa marcas físicas ral, humilhações, a violência psicoló- alguns padrões, por exemplo, o juiz
evidentes (ver box ao final do texto) e gica, a restrição da autodeterminação pode olhar um caso e dizer ‘mulher
não limita perfis de vítimas e agresso- da mulher. E, por outro lado, muitas contra mulher raramente é violência
res: as agressões cometidas pelo par- vezes a gente só consegue diferenciar doméstica, já homem contra a mulher
ceiro, atual ou ex, podem ser as mais se uma agressão física foi praticada sempre é’ e na prática sabemos que
comuns, mas não são regra e, embora num contexto de violência doméstica pode haver muitas configurações. Es-
apareçam como maioria nas pesquisas, e familiar se há a descrição de todo ses padrões, quando colocados como
os agressores não são necessariamente esse contexto anterior, de como é a absolutos, levam a equívocos, então
homens, conforme explica a defensora rotina das pessoas envolvidas no caso, é preciso analisar em quais bases de
pública do Estado de São Paulo, Juliana já que não é a presença de um homem discriminação de gênero aquela famí-
Belloque, em entrevista ao Informativo de um lado e de mulher do outro que lia ainda trabalha ou não”, explica a
Compromisso e Atitude. configura violência doméstica e fami- defensora Juliana Belloque.
17 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Compreender as manifestações violentas
da desigualdade de gênero é fundamental
Em relação aos tipos de violência, as, inventar histórias e/ou falar mal da mulher que busca apoio para romper o
para além da violência física e sexual, há mulher para os outros com o intuito de ciclo de violência e, muitas vezes, acaba
a violência psicológica que geralmente diminuí-la perante o seu círculo social. tendo seu relato minimizado por profis-
dá sustentação para a manifestação de sionais que deveriam acolhê-la no serviço
outras violências. De acordo com a carti- Reconhecer as diferentes violências é ou mesmo sendo de alguma forma cul-
lha Viver sem violência é direito de toda essencial para evitar a revitimização da pabilizada pela violência sofrida.
mulher, a violência psicológica se mani-
festa em ações como xingar, humilhar,
ameaçar, intimidar e amedrontar; criti-
car continuamente, desvalorizar os atos “Quando se fala em Lei Maria da Penha, e isso ficou claro
e desconsiderar a opinião ou decisão nos episódios recentes, ela é associada à violência física, uma
da mulher; controlar tudo o que ela faz, das violências que ela combate. Não é perceptível aos olhos
quando sai, com quem e aonde vai; além das pessoas no geral que existem outras formas de violência,
de usar os filhos para fazer chantagem. como a patrimonial, moral, e psicológica – essa talvez a pior de
todas, porque é lenta – e a violência sexual. A população no ge-
A publicação aponta também ral só se preocupa com a física, mas até chegar a ela, a mulher
exemplos da violência patrimonial – passou por tantas outras violências que não são perceptíveis”,
como controlar, reter ou tirar dinheiro ressalta a conselheira Daldice Santana, coordenadora do
da mulher – e da violência moral, como Movimento Permanente de Combate à Violência Domésti-
fazer comentários ofensivos na frente ca e Familiar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
de estranhos e/ou conhecidos; humi-
lhar a mulher publicamente; expor a
vida íntima do casal para outras pesso-
18 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Compreender as manifestações violentas
da desigualdade de gênero é fundamental
20 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Compreender as manifestações violentas
da desigualdade de gênero é fundamental
21 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha desafia
3
Estado a integrar políticas públicas
e promover mudança cultural
22 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha desafia Estado a integrar
políticas públicas e promover mudança cultural
A
pós 10 anos de vigência da te contexto, os sistemas de segurança
Lei Maria da Penha no Bra- e justiça acabavam reforçando uma
sil, a efetivação do direito de cenário de revitimização e aceitação
viver sem violência no dia a social e institucional da violência, que
dia das mulheres enfrenta corroboram com a sua perpetuação.
um forte obstáculo cultural: a incompre-
ensão da desigualdade de gênero e de
seus efeitos, inclusive por uma parcela
“Com a Lei Maria da Penha houve uma conscien-
dos profissionais que atuam na rede de
tização maior por parte de toda a população contra
atendimento a mulheres cotidianamente.
essa prática, de que isso não é natural, muito menos
aceitável. Isso foi um ganho muito relevante”, aponta
A Lei Maria da Penha é considera-
promotora de justiça do Ministério Público do Estado
da um grande avanço legislativo por
de São Paulo (MPSP) Valéria Scarance.
profissionais e especialistas que atuam
na sua efetivação. Isto porque antes da
sua promulgação, os casos de violência
doméstica e familiar eram processados Além de apontar a banalização do tensão é ir muito além da resposta
no âmbito dos crimes de menor poten- problema, a Lei Maria da Penha indicou imediata nos sistemas de segurança
cial ofensivo, sob a Lei nº 9.099/1995, também caminhos para a estruturação e justiça, buscando construir as bases
e não havia respostas estruturadas de uma política pública integrada e de uma mudança social e cultural que
para o acolhimento e fortalecimento da multidisciplinar de enfrentamento à ajude a prevenir a violência contras as
mulher em situação de violência. Nes- violência. Mostrou ainda que sua pre- mulheres.
23 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha desafia Estado a integrar
políticas públicas e promover mudança cultural
A Lei Maria da Penha “Quando a Lei diz que a saúde faz exemplo”, explica.
propõe respostas múltiplas, parte da rede assistencial à violên-
inclusive no campo da saúde cia doméstica e familiar, ela aponta a Para que isto se torne prática nos
Além das respostas múltiplas, a responsabilidade de respondermos de atendimentos de saúde, sobretudo no
preparação dos profissionais da rede forma mais ampla e não só atender sistema público, é preciso, entretanto,
de atendimento é outro ponto funda- pontualmente. A Lei traz a necessida- que haja a capacitação sobre a violên-
mental para que estes não sejam re- de de problematizar que a violência de cia contra as mulheres, mas não só: é
produtores de padrões discriminatórios qualquer maneira tem que ser assistida preciso também sensibilizar os profis-
que são apontados pelas especialistas dentro dos serviços de saúde, e não ne- sionais em relação às desigualdades
como verdadeiros obstáculos para o cessariamente só a violência física, por de gênero, raça e classe no país.
acesso a direitos pelas mulheres.
O problema não se restringe ao Portas de entrada não meiro ciclo, temos que deixar ela forte,
setor de saúde, mas a todas as áreas podem revitimizar empoderada para as suas futuras rela-
que compõem a rede de atendimento O trabalho de sensibilização dos ções”, aponta a major Denice Santiago,
nos parâmetros da Lei Maria da Penha. profissionais é especialmente impor- que atualmente coordena a Ronda
Neste cenário, é fundamental que as tante, apontam as especialistas, na- Maria da Penha na Bahia, um serviço
instituições atuem com perspectiva de queles serviços que são considerados policial que acompanha mulheres para
gênero e se responsabilizem por coibir as portas de entrada para a rede de fiscalizar o cumprimento de medidas
o racismo institucional – definido como atendimento por serem os mais pro- protetivas de urgência.
o fracasso das instituições em garantir curados pelas mulheres numa situação
direitos e acesso das pessoas a serviços de emergência, como a própria área da A major lembra ainda que este traba-
em virtude da sua raça/cor, que se ex- saúde e também os serviços policiais. lho de desconstrução de padrões discri-
pressa tanto no interior das instituições, minatórios não deve se restringir aos pro-
desde os processos seletivos e progra- “A autoridade policial que atende fissionais dos serviços, mas atingir toda a
mas de progressão de carreira, quanto um chamado tem que entender que sociedade, na qual são construídos os pre-
no processo de formulação, implemen- até ligar para o 190 a mulher já passou conceitos dos profissionais que irão atuar
tação e monitoramento de políticas por diversas violências e que essa liga- da rede de atendimento. “A prevenção é
públicas, conforme aponta o Guia de ção é um ato de coragem. Se o Estado fundamental, as escolas devem trabalhar
Enfrentamento ao Racismo Institucional não lhe der uma cobertura para ter o com esse tema, discutir com as novas ge-
e Desigualdade de Gênero (Geledés – direito à vida tutelado, essa mulher vai rações, criar centros para responsabiliza-
Instituto da Mulher Negra, 2013). recuar. E, para além de romper o pri- ção de agressores”, recomenda a major.
26 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha desafia Estado a integrar
políticas públicas e promover mudança cultural
Igualdade de gênero e
raça nas mídias e escolas
cotidianamente
Neste contexto, as especialistas apontam que as mudan- De acordo com a especialista, implementar ações nesta fren-
ças legislativas foram de grande importância, mas não bastam te tem sido um grande desafio para a plena efetivação da Lei
para o trabalho de prevenção – campo que demanda o enga- Maria da Penha. “Sabemos que vivemos num contexto cultural
jamento das instituições e envolve os sistemas de educação e muito heterogêneo, que não há valores iguais em toda a socie-
ensino, mídia e propaganda em prol de uma mudança cultural. dade. E sabemos também que a cultura muda, que é algo móvel.
Mas é sempre um desafio imaginar como fazê-la mudar”, explica.
“Sabemos que não é a punição que faz o cri- Para a pesquisadora, a resposta para este desafio passa
me deixar de acontecer – então, esse é um aspecto pela promoção permanente de ações de reflexão sobre cons-
importante, mas que não é suficiente, porque essa truções culturais discriminatórias e violentas, sobretudo em
violência tem relação com uma forma das pessoas campos que atingem as pessoas no seu cotidiano, como a edu-
pensarem. A Lei aponta que é preciso ter ações edu- cação e a mídia. “A mídia é um campo importante, na medida
cativas, incluir a mídia, que é preciso desnaturalizar em que ela funciona para mudar a cabeça das pessoas com
papéis vistos como de homens e mulheres na socie- aquilo que é mais repetitivo, que é mais recorrente. Ou seja,
dade”, explica a antropóloga, professora e pesquisa- não adianta ter uma campanha pelo fim da violência em mar-
dora da USP, Heloísa Buarque de Almeida. ço, por conta do Dia Internacional da Mulher, e parar por aí,
esse trabalho tem que ser constante, tem que ser repetitivo. A
ideia da igualdade de gênero e raça tem que permear as mí-
dias e os conteúdos das escolas cotidianamente”, recomenda.
27 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha desafia Estado a integrar
políticas públicas e promover mudança cultural
28 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha desafia Estado a integrar
políticas públicas e promover mudança cultural
29 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha desafia Estado a integrar
políticas públicas e promover mudança cultural
30 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Lei Maria da Penha desafia Estado a integrar
políticas públicas e promover mudança cultural
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e criminais, indicando a existência de mandado
familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, de prisão ou registro de outras ocorrências po-
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os se- liciais contra ele;
guintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos
VII – remeter, no prazo legal, os autos do inquéri-
no Código de Processo Penal:
to policial ao juiz e ao Ministério Público.
I – ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela auto-
e tomar a representação a termo, se apresentada;
ridade policial e deverá conter:
II – colher todas as provas que servirem para o
I – qualificação da ofendida e do agressor;
esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
II – nome e idade dos dependentes;
III – remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
horas, expediente apartado ao juiz com o pedido III – descrição sucinta do fato e das medidas pro-
da ofendida, para a concessão de medidas prote- tetivas solicitadas pela ofendida.
tivas de urgência;
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento
IV – determinar que se proceda ao exame de cor- referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos
po de delito da ofendida e requisitar outros exa- os documentos disponíveis em posse da ofendida.
mes periciais necessários;
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos
V – ouvir o agressor e as testemunhas; ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e pos-
tos de saúde.
VI – ordenar a identificação do agressor e fa-
zer juntar aos autos sua folha de antecedentes
31 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na
4
Lei Maria da Penha: medidas
protetivas e defesa de direitos
32 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
C
om objetivo de oferecer res- como as medidas protetivas de urgência para romper o ciclo de violência. Ao
postas práticas e efetivas e a obrigatoriedade do defensor para a mesmo tempo, desafiam os profissio-
para as diferentes situações mulher em todos os atos processuais. nais responsáveis por sua aplicação a
de violência doméstica e fa- É uma lei bastante progressista, com promoverem uma revisão de práticas e
miliar, a Lei Maria da Penha ferramentas importantes à disposição hábitos setoriais.
trouxe inovações para o sistema de do poder judiciário e que, se bem apli-
justiça, como a própria necessidade de cadas, podem promover a prevenção, o Medidas protetivas de
o campo do Direito atuar com perspec- atendimento multidisciplinar integrado urgência cíveis e criminais
tiva de gênero (saiba mais). De acordo e humanizado”, considera a defensora Entre os aspectos mais importantes
com as operadoras do Direito especia- pública Dulcielly Nóbrega de Almeida, da Lei nº 11.340/2006 estão as medi-
lizadas na aplicação do marco legal, a que coordena a Comissão de Proteção das judiciais de proteção às mulheres
Lei n º 11.340/2006 trouxe duas im- e Defesa dos Direitos da Mulher do Co- em situação de violência doméstica –
portantes novidades no campo jurídi- légio Nacional dos Defensores Públicos um dispositivo previsto no quarto título
co: as medidas protetivas de urgência Gerais (Condege). da Lei Maria da Penha (ver box abaixo)
e a previsão de um defensor público ou que prevê que se adotem rapidamen-
advogado para defesa dos direitos da Ambas inovações podem ser decisi- te ações que podem ser fundamentais
vítima, e não apenas do réu. vas para que haja uma resposta eficien- numa situação emergencial, como
te do poder público às necessidades da afastar o agressor da vítima ou sus-
“A Lei trouxe inovações processuais, mulher que busca o auxílio do Estado pender o direito de posse de armas.
33 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
As medidas protetivas são aponta- O título IV da Lei informa que o pedido relação parental não se sobreponha ao
das como uma grande inovação da Lei das medidas pode ser feito pela própria resguardo da integridade da mulher.
e uma importante ferramenta para pre- mulher na delegacia, pelo advogado ou
servar a integridade física e psicológica defensor da vítima ou ainda pelo Ministério “Na maioria das vezes o juiz deter-
das vítimas e também para prevenir que Público. O artigo 18 do marco legal esta- mina o afastamento do lar e proíbe a
a violência chegue ao extremo do crime belece que, recebido o pedido, o juízo tem aproximação, mas o rol de medidas
contra a vida, o feminicídio. outras 48 horas como prazo limite para ex- protetivas que constam na Lei é mera-
pedir a medida protetiva. E o artigo 22 apre- mente exemplificativo. Podemos pedir
senta um leque de possibilidades de ações várias medidas protetivas, dependendo
de proteção à mulher (ver box ao final). do caso concreto: restituição de bens,
“As medidas protetivas são funda- suspensão de porte de arma, restrição
mentais, não só para a sensação de São inúmeras as medidas que po- ao direito de visitas aos filhos meno-
segurança da mulher, que se sente dem ser concedidas para proteger a inte- res, suspensão de procuração, proibi-
mais protegida, como também para gridade física, sexual, psicológica, moral ção de venda de determinado bem.
agir como um freio sobre o agressor, ou patrimonial da mulher. As medidas São inúmeras as medidas que podem
uma vez que há um fator coercitivo podem ter natureza híbrida – ou seja, ser concedidas e que visam proteger a
muito importante de fazer cumprir a podem abordar tanto medidas penais, integridade física e psicológica da mu-
decisão do juiz”, frisa a defensora Dul- como o afastamento e monitoramento lher, além de evitar que ela sofra novas
cielly Nóbrega de Almeida. do agressor, quanto cíveis, como preser- violências, seja física, psicológica, mo-
var a segurança alimentar da mulher e ral ou patrimonial”, explica a defensora
dos filhos ou assegurar que o direito à Dulcielly Nóbrega de Almeida.
34 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
Expedição das medidas deve so penal, já que, dado seu uso em situ-
ser ágil e independente de ações de urgência, a rapidez na expe-
inquérito ou processo penal dição é essencial para sua efetividade,
As medidas protetivas devem ainda conforme ressalta a promotora Valéria
ter caráter autônomo, independendo Scarance, do Ministério Público do Es-
da instauração de inquérito ou proces- tado de São Paulo (MPSP).
35 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
nal considera que a mulher ‘está exa- pelas vítimas ou tornozeleiras eletrônicas que estamos presentes. Muitas vezes,
gerando’ e não reconhece a gravidade de monitoramento pelos agressores. a mulher vítima de violência se sente
da violência doméstica e familiar, mui- abandonada, ela já passou por diversos
tas vezes levando aos inúmeros casos Na Bahia, por exemplo, a Ronda tipos de agressão, e não é incomum
de feminicídio que são considerados Maria da Penha é especializada no que a família ou os amigos achem que
mortes evitáveis (saiba mais no Dos- acompanhamento de mulheres que ela está errada em denunciar. Ainda é
siê Feminicídio). tenham medidas protetivas expedidas comum aquele tipo de pensamento de
pelo Poder Judiciário. “Toda vez que que o agressor ‘é o cara que joga bola
Outro ponto importante para a efe- recebemos uma Medida Protetiva de comigo’, ‘que me emprestou uma gra-
tivação da medida é o acompanhamen- Urgência (MPU) dialogamos com seu na’, que ‘é um bom pai’ – sem enten-
to posterior do seu cumprimento pelo agressor, explicamos passo a passo qual der que esse homem lá fora pode ser
poder público, a exemplo de iniciativas é a medida e que ele poderá ser preso legal, mas que enquanto companheiro,
como as patrulhas e rondas específicas caso a descumpra. Explicamos também marido, é perigoso e violento. Por isso,
para acompanhar essas medidas que para as mulheres que elas receberão é fundamental mostrarmos que esta-
têm surgido em várias cidades brasileiras nossas visitas aleatórias – ou seja, sem mos do lado da mulher, nosso papel é
(conheça algumas iniciativas), e o uso de agendamento, já que a proposta da ron- empoderá-la”, reforça a major Denice
dispositivos ou aplicativos de emergência da é passar segurança e apoio, mostrar Santiago, coordenadora da ronda.
36 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
Defesa dos direitos da riscos. “A Defensoria Pública tem uma aponta a promotora Valéria Scarance.
mulher: assistência e atuação muito relevante ao ingressar
Informação com as ações cíveis, como de separa- O acolhimento jurídico vai permi-
Outra inovação jurídica da Lei Maria ção, divórcio, guarda de filhos, medidas tir que a atenção não fique restrita
da Penha é a previsão de um defensor patrimoniais, que também são medidas ao problema da violência domésti-
público ou advogado para defender os urgentes e importantes. Imagine uma ca, abarcando demandas correlatas,
direitos das vítimas – assistência que situação em que há a restrição de visitas como ajuizar uma ação de divórcio, de
pode ser decisiva para que a mulher aos filhos numa medida protetiva de ur- alimentos, de guarda dos filhos, de re-
seja informada e orientada sobre seus gência, como será se na vara de família gulamentação do direito de visitas, de
direitos e se apodere deles para romper for estabelecido o direito de visitas?”, danos morais, entre outras.
o ciclo de violência, conforme aponta a
defensora Juliana Belloque, no livro Lei
Maria da Penha comentada em uma
perspectiva jurídico-feminista (Carmen “Isso vai fazer com que a mulher seja bem assistida e tenha garan-
Hein de Campos, org., 2011). tidos seus direitos, seja para conseguir uma medida protetiva ou para
conseguir uma ação na vara de família. O defensor ou advogado tam-
O trabalho de defesa dos direitos é bém vai zelar para que não ocorram perguntas discriminatórias e que
importante ainda para que haja cone- reforcem estereótipos, para que haja uma boa condução do processo e
xão entre processos que correm em es- para que ela não seja revitimizada. Isso dá segurança para a mulher, que
feras diferentes, ajudando a evitar que sabe que alguém estará ali para recorrer por ela se for preciso e tomar as
uma decisão cível exponha a mulher a medidas necessárias”, explica a defensora Dulcielly Nóbrega de Almeida.
37 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
38 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
39 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
Ministério Público, devendo este ser prontamente novo decretá-la, se sobrevierem razões que a jus-
comunicado. tifiquem.
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão apli- Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos proces-
cadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser suais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes
substituídas a qualquer tempo por outras de maior ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação
eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nes- do advogado constituído ou do defensor público.
ta Lei forem ameaçados ou violados.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entre-
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério gar intimação ou notificação ao agressor.
Público ou a pedido da ofendida, conceder novas
medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já
concedidas, se entender necessário à proteção da Seção II
ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio,
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o
ouvido o Ministério Público.
Agressor
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da ins-
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e
trução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor,
familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Minis-
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou
tério Público ou mediante representação da autoridade
separadamente, as seguintes medidas protetivas de ur-
policial.
gência, entre outras:
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão
I – suspensão da posse ou restrição do porte
preventiva se, no curso do processo, verificar a
de armas, com comunicação ao órgão compe-
falta de motivo para que subsista, bem como de
tente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de
40 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
41 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
42 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Inovações jurídicas na Lei Maria da Penha:
medidas protetivas e defesa de direitos
cia doméstica e familiar contra a mulher. a mulher em situação de violência doméstica e familiar
deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o pre-
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
visto no art. 19 desta Lei.
outras atribuições, nos casos de violência doméstica e fa-
miliar contra a mulher, quando necessário: Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de vio-
lência doméstica e familiar o acesso aos serviços de De-
I – requisitar força policial e serviços públicos de
fensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos
saúde, de educação, de assistência social e de se-
termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendi-
gurança, entre outros;
mento específico e humanizado.
II – fiscalizar os estabelecimentos públicos e par-
ticulares de atendimento à mulher em situação
de violência doméstica e familiar, e adotar, de
imediato, as medidas administrativas ou judiciais
cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades
constatadas;
III – cadastrar os casos de violência doméstica e
familiar contra a mulher.
CAPÍTULO IV
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais,
43 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
A importância da equipe
5
multidisciplinar para garantir
o acolhimento qualificado
44 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
A importância da equipe multidisciplinar
para garantir o acolhimento qualificado
A
o completar 10 anos de vi- No quinto artigo da lei (ver box áreas psicossocial, jurídica e de saúde.
gência no Brasil, a Lei Maria abaixo), está prevista a formação de Isso porque a resposta processual aos
da Penha tem caminhado uma equipe de atendimento multidis- casos nem sempre dará conta de ofe-
para consolidar um impor- ciplinar para atuar nas varas de violên- recer para a mulher aquilo de que ela
tante avanço: demonstrar cia contra as mulheres, a ser integrada precisa para romper o ciclo de violência
para toda a sociedade que a violência por profissionais especializados nas e reestruturar sua vida cotidiana.
doméstica e familiar tem características
próprias e raízes culturais complexas,
que, portanto, demandam respostas
em múltiplas frentes e, ao mesmo tem- “Para poder enfrentar a violência doméstica e familiar, precisamos
po, específicas aos diferentes contextos entender que é um problema complexo e que muita gente tem que ser
em que vivem as mulheres. envolvida na resposta. A Lei reforça a importância da interlocução e do
diálogo ao indicar, por exemplo, a atuação conjunta do juiz ou juíza
Neste sentido, a Lei determina a com a psicóloga e a assistente social. A Lei Maria da Penha trouxe, as-
criação de juizados e varas especia- sim, a possibilidade de maior comunicação e integração, o que amplia
lizados na sua aplicação e aponta a muito nossa capacidade de atuação no enfrentamento”, considera a
necessidade de estes equipamentos assistente social Débora Figureau, que atua no enfrentamento à vio-
contarem com profissionais de dife- lência contra mulher na I e III Vara de Violência Doméstica e Familiar
rentes áreas para construírem conjun- contra Mulher em Recife (PE).
tamente o acolhimento da mulher e a
compreensão das respostas que ela
busca no sistema de justiça.
45 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
A importância da equipe multidisciplinar
para garantir o acolhimento qualificado
47 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
A importância da equipe multidisciplinar
para garantir o acolhimento qualificado
julgar, sem revitimizá-la, sem infantilizá- destaca a juíza Madgéli Frantz Macha-
-la – esse é um cuidado que temos que do, titular do 1º Juizado de Violência
tomar e espraiar por toda a equipe”, “A Lei traz a importância das equi- Doméstica e Familiar contra a Mulher do
destaca a psicóloga Mara Cabral, que pes multidisciplinares nos juizados Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul
atua em vara especializada do Tribunal especializados para que, juntamente (TJRS), que presidiu o Fórum Nacional de
de Justiça do Rio de Janeiro. com o jurídico, possamos oferecer Juízes de Violência Doméstica e Familiar
um apoio efetivo e criar espaços de contra a Mulher (Fonavid) em 2016.
Na contramão das necessidades da acolhimento para uma mulher que
mulher, porém, não é incomum que os chega ali logo após ter sofrido uma Para a magistrada, além de ser fun-
profissionais que atuam nos serviços agressão. Se a gente não der uma damental a criação de juizados especia-
demonstrem impaciência com o tempo alternativa viável para a mulher que lizados, é preciso dotar esses juizados
da mulher ou mesmo a culpabilizem busca o sistema de justiça, ela pode com as equipes técnicas e estruturá-los
por permanecer numa situação de vio- acabar permanecendo na situação de forma que consigam oferecer res-
lência, promovendo sua revitimização e de violência e pode, inclusive, ser ví- postas concretas às diferentes mulheres
não o acolhimento humanizado previs- tima de feminicídio”, que buscarão o sistema de justiça em
to no marco legal. contextos diversos num país extenso e
48 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
A importância da equipe multidisciplinar
para garantir o acolhimento qualificado
49 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Brasil precisa aumentar número
6
de varas e juizados especializados
em violência doméstica e familiar
50 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Brasil precisa aumentar número de varas e
juizados especializados em violência doméstica e familiar
U
m diagnóstico é constante um dever do Estado brasileiro criar os a Mulher (JVDFM) no Brasil continuam
entre os operadores do Di- Juizados de Violência Doméstica e Fa- sendo uma reivindicação constante
reito que atuam na aplica- miliar contra a Mulher – órgãos da Jus- dos profissionais, que já foi reiterada
ção da Lei Maria da Penha: tiça com competência cível e criminal, inclusive pelo Conselho Nacional de
é preciso interiorizar os destinados ao processo, julgamento e Justiça em sua recomendação nº 9, de
equipamentos que aplicam a Lei, pro- a execução das causas decorrentes da 08/03/2007 (Criação dos Juizados de
movendo acesso à Justiça no extenso prática de violência doméstica e fami- Violência Doméstica e Familiar contra
território nacional. Um estudo compa- liar contra as mulheres. Em seu sexto a Mulher) e ainda mais recentemente
rativo sobre a aplicação da Lei Maria título (veja box ao final), o marco legal na Política Judiciária Nacional de Com-
da Penha em cinco capitais, realizado aponta que as varas criminais poderão bate à Violência contra as Mulheres.
pela CEPIA - Cidadania, Estudo, Pesqui- processar estes casos na ausência dos
sa, Informação e Ação, identificou que juizados especializados, mas ressalva: A política, instituída em março
o primeiro obstáculo para que as mu- esta é uma disposição transitória – ou de 2017 pela ministra Carmén Lúcia,
lheres tenham acesso à Justiça e aos seja, que deve ser provisória e acom- presidente do CNJ, por meio da Por-
seus direitos é a própria inexistência panhada da criação dos equipamen- taria nº 15/2017, traz o objetivo de
dos serviços e órgãos previstos pela Lei tos país afora. “fomentar a criação e a estruturação
Maria da Penha, ou seja, a insuficiência de unidades judiciárias, nas capitais e
da rede de atendimento, reforçando a Embora tenham sido criados em no interior, especializadas no recebi-
importância de criar novos serviços e muitas cidades brasileiras, sobretudo mento e no processamento de causas
garantindo sua qualidade. nas capitais, o aumento do número e cíveis e criminais relativas à prática de
a distribuição das Varas e Juizados de violência doméstica e familiar contra
Segundo a Lei Maria da Penha, é Violência Doméstica e Familiar contra a mulher baseadas no gênero, com
51 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Brasil precisa aumentar número de varas e
juizados especializados em violência doméstica e familiar
a implantação de equipes de atendi- gundo notícia do CNJ sobre o Mapa de tenso território nacional, outro ponto
mento multidisciplinar”. Produtividade Mensal de 2016, elabo- importante é a capacitação dos profis-
rado pelo Conselho. sionais que irão atuar nestes equipa-
Em 2013, o CNJ promoveu uma mentos, conforme resume a advogada
pesquisa para avaliar a quantidade Por maior investimento para Leila Linhares Barsted, representante
de varas existentes à época – o es- estruturação dos juizados e brasileira no Mecanismo de Acompa-
tudo mostrou que os equipamentos capacitação das equipes nhamento da Implementação da Con-
não só eram insuficientes, como ainda Além da criação das varas no ex- venção de Belém do Pará, o MESECVI:
estavam bastante restritos às capitais,
além de distribuídos de modo despro-
porcional nas cinco regiões brasilei-
“É preciso promover uma mudança na cultura dessas instituições
ras. Na época do estudo, o Conselho
para que todos percebam a magnitude e a gravidade da violência con-
constatou que existiam 66 unidades
tra as mulheres e percebam, como consequência, o alcance que a Lei
especializadas, recomendando que o
Maria da Penha deve ter. E passem, a partir do reconhecimento de que
número subisse para ao menos 120.
existe de fato a discriminação contra as mulheres e que existe uma lei
Em 2017, o relatório Justiça em Nú-
específica na área de segurança para responder a isso, dotar os juiza-
meros mostrou que as varas e juizados
dos de maior eficiência, maior número de funcionários, para que os
haviam chegado a 105 e este número
juizados possam investir efetivamente na capacitação dos seus mem-
já aumentou para 114 unidades que
bros”, sintetiza a advogada Leila Linhares, que é diretora-executiva da
atuam exclusivamente na aplicação
Cepia – Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação.
da Lei Maria da Penha, mas ainda com
grande concentração nas capitais, se-
52 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Brasil precisa aumentar número de varas e
juizados especializados em violência doméstica e familiar
53 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Brasil precisa aumentar número de varas e
juizados especializados em violência doméstica e familiar
54 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Brasil precisa aumentar número de varas e
juizados especializados em violência doméstica e familiar
7
da Penha demanda compromisso
político e investimento
orçamentário
55 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Plena efetivação da Lei Maria da Penha
demanda compromisso político e
investimento orçamentário
A
conjugação das normas de agressões para uma parcela signi- mas se não houver uma gestão pública
internacionais com a pro- ficativa das mais de 100 milhões de que dê prioridade para o enfrentamento
mulgação da Lei Maria da mulheres que vivem no Brasil, levando à violência, não vamos conseguir imple-
Penha no Brasil, em 2006, o país a um destaque perverso: ocupa mentá-la plenamente, nem conseguir
foi fundamental para tirar a 5ª colocação entre as piores taxas de chegar a uma igualdade material entre
a violação dos direitos humanos das mortes violentas de mulheres no mun- homens e mulheres”, reforça a juíza de
mulheres da invisibilidade e corrigir le- do, segundo o Mapa da Violência 2015. Direito do Tribunal de Justiça do Rio
gislações discriminatórias. Os avanços Grande do Sul, Madgéli Frantz Machado.
legislativos indicaram um caminho para Especialistas enumeram
a implementação de políticas públicas e desafios no horizonte Assim, o primeiro grande desafio
construção de serviços, além de fortale- O insuficiente compromisso político passados 10 anos de vigência do marco
cer a atuação de profissionais e ativistas e a ausência de dotação orçamentária legal é que a Lei Maria da Penha seja
engajados na promoção da igualdade adequada estão no centro das dificulda- plenamente efetivada e incorporada por
de gênero e prevenção às violências. des de implementação de ações e servi- todas autoridades que atuam na área da
ços previstos no marco legal (ver box ao violência contra a mulher, aponta a pro-
Tais avanços, porém, ainda não re- final do texto), apontam as operadoras motora do Ministério Público do Estado
presentam a garantia de uma vida livre do Direito entrevistadas. “A Lei é ótima, de São Paulo (MPSP) Valéria Scarance.
56 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Plena efetivação da Lei Maria da Penha demanda
compromisso político e investimento orçamentário
57 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Plena efetivação da Lei Maria da Penha demanda
compromisso político e investimento orçamentário
públicas”, reforçou em evento realizado da sociedade também”, frisa a advo- serão destinadas a elas. E também
pela Estratégia Nacional de Justiça e gada, que é também diretora da ONG que o poder público adote meios,
Segurança Pública (ENASP) do Conselho CEPIA – Cidadania, Estudo, Pesquisa, como a produção de indicadores e es-
Nacional do Ministério Público (CNMP). Informação e Ação e representante tatísticas, para mensurar os resultados
do Brasil no MESECVI – Mecanismo de e reavaliar a efetividade das ações im-
Prevenção e avaliação Acompanhamento da Convenção de plementadas periodicamente.
periódica das ações Belém do Pará da OEA.
De acordo com a advogada Leila Em sentido semelhante, a professo-
Linhares Barsted, num primeiro mo- Para maior efetividade nas respos- ra Marília Montenegro, doutora em Di-
mento foi dada maior ênfase ao aspec- tas oferecidas, a especialista indica reito e docente da Universidade Fede-
to penal da Lei Maria da Penha – que ainda ser preciso que o poder públi- ral de Pernambuco (UFPE), aponta que
é importante, mas, ao mesmo tempo, co conheça as diversas realidades em a ação no campo da educação e ensino
insuficiente. “A Lei Maria da Penha não que vivem as mulheres no Brasil, for- é um passo fundamental para a cons-
é uma lei de repressão, é para prevenir a mulando respostas adequadas a cada trução de relações menos discrimina-
violência e promover a atenção a mulhe- contexto e livres de preconceitos. É tórias que revertam a perpetuação da
res em situação de violência. Ela precisa importante ainda que as próprias mu- violência. “Precisamos da implementa-
ser aplicada na sua integralidade e não lheres tenham acesso à formulação e ção desde o ensino básico de progra-
só pelo Estado, mas com a participação construção das políticas públicas que mas sobre as questões de gênero, raça
58 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Plena efetivação da Lei Maria da Penha demanda
compromisso político e investimento orçamentário
e classe social. Se a gente não começa de violência, o trabalho com homens artigo 35 (ver box ao final do texto) que
a mudar a formação dessa criança, ela autores de agressão é ainda mais com- sejam criados, pela União, Estados e
vai reproduzir a sociedade machista prometido. “É urgente mais centros de Municípios, centros e serviços para rea-
em que a gente vive, reproduzindo pa- responsabilização e grupos reflexivos lizar atividades reflexivas, educativas e
drões violentos. A Lei Maria da Penha é para autores da violência que estejam pedagógicas voltadas para os agresso-
muito mais do que o processo penal, a à disposição do Poder Judiciário e da res. Os resultados esperados seriam a
gente precisa fortalecê-la em todos os sociedade. Hoje, já temos muitas ex- responsabilização do agressor pela vio-
seus ângulos, penso que esse é o nosso periências exitosas com os grupos, que lência cometida, em paralelo com a des-
grande desafio”, avalia. vem dando um resultado, e precisamos construção de estereótipos de gênero e a
fazer com que esse serviço esteja à dis- conscientização de que a violência contra
Trabalho com os autores posição”, apontou a secretária Especial as mulheres, além de grave crime, é uma
de agressão de Políticas para as Mulheres, Fátima violação de direitos humanos.
Diante da falta de orçamento para Pelaes, durante 8º Fórum Nacional
efetivação da Lei Maria da Penha e num de Juízes de Violência Doméstica e Dessa forma, o trabalho se somaria
cenário em que as políticas públicas Familiar contra a Mulher (Fonavid). a ações educativas e preventivas que
são insuficientes para garantir a segu- buscam coibir o problema em duas
rança e saúde da mulher em situação A Lei Maria da Penha prevê em seu frentes – evitando que o agressor volte
59 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Plena efetivação da Lei Maria da Penha demanda
compromisso político e investimento orçamentário
60 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Plena efetivação da Lei Maria da Penha demanda
compromisso político e investimento orçamentário
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e fa- Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de
miliar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a
dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segurança a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:
fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informa- “Art. 313. …………………………………………….
61 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
Plena efetivação da Lei Maria da Penha demanda
compromisso político e investimento orçamentário
62 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
63 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E
EXPEDIENTE
Parceiros da Campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha responsável pela edição
http://www.compromissoeatitude.org.br/sobre/parceiros-da-campanha/
MINISTÉRIO DA
Secretaria
Secretaria de Secretaria de de Secretaria de
JUSTIÇA E
PolíticasGOVERNO
Políticas para as Mulheres para as Mulheres Governo
SEGURANÇA PÚBLICA www.agenciapatriciagalvao.org.br
A F
Campanha Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha – A lei é undado em 2001, o Instituto Patrícia Galvão –
mais forte é uma ação de cidadania que busca compromisso e atitude Mídia e Direitos é uma organização social sem
em relação à Lei 11.340/2006, a fim de alterar os comportamentos fins lucrativos que atua nos campos dos direitos
de violência contra as mulheres, garantir seus direitos e responsabilizar os das mulheres e da comunicação. Sua missão é con-
agressores. É resultado da cooperação entre o Poder Judiciário, o Ministério tribuir para a qualificação do debate público sobre
Público, a Defensoria Pública, o Congresso Nacional e o Governo Federal, por questões críticas para as mulheres no Brasil, a partir
meio da Secretaria de Políticas para as Mulheres e do Ministério da Justiça e de produções de conteúdos, dossiês, sugestões de
Segurança Pública. Tem como objetivo unir e fortalecer os esforços nos âm- pautas e notícias junto à imprensa e mobilização
bitos municipal, estadual e federal para garantir acesso à justiça e a correta de mídias sociais, além de realização de pesquisas
aplicação da Lei Maria da Penha e dar celeridade aos julgamentos dos casos de opinião, eventos e campanhas para fomentar a
de violência contra as mulheres. reflexão social e demandar respostas do Estado e/
Conheça o Portal Compromisso e Atitude e saiba mais: ou mudanças na sociedade e na mídia.
www.compromissoeatitude.org.br Saiba mais: www.agenciapatriciagalvao.org.br
64 CA D E R NO E S PE CI AL L e i M a r i a da P e n ha C L I Q U E AQ U I >> Í N D I C E