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Brasil
Histórico e Legislação
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cargo, é que fazia sentido lógico e jurídico tratar-se de uma carreira! Afinal, o
conceito de carreira é justamente aquela em que o cidadão presta concurso e
nela ingressa em seu início e, ao longo dos anos, alcança o seu final (o final da
carreira). Com o advento da Constituição de 1988, o que sucedeu é que os
cargos de Auditor-Fiscal e de Analista Tributário (à época denominado Técnico)
passaram a ser incomunicáveis, pois já possuíam natureza distinta desde a sua
criação: os Auditores-Fiscais, de nível superior desde a criação do cargo, são
as autoridades tributárias a que se referem o art. 142 do CTN (Código
Tributário Nacional), com atribuição de constituição do crédito tributário pelo
lançamento, fiscalização tributária e aduaneira, decisão em processos fiscais.
Os Analistas Tributários, antigos Técnicos, possuíam nível médio em sua
criação e atribuições de natureza auxiliar, acessórias ou preparatórias
(mesmas atribuições desde a sua gênese até os dias atuais).
Portanto, a própria carreira de “Auditoria Fiscal”, englobando os dois
cargos, passou a não mais se compatibilizar com a Constituição de 1988, pois
não mais se pode falar numa “carreira” se os seus cargos não são
comunicáveis, vale dizer, se nunca um Analista Tributário passará a ter acesso
ao cargo de Auditor-Fiscal (exceto, claro, se for aprovado num concurso
público, aberto a todos os cidadãos), não há nenhum sentido prático ou jurídico
em se prever nas leis ordinárias uma única carreira englobando os referidos
cargos. Na realidade, por força da Carta Magna de 1988, o que existem são
duas carreiras distintas. Isso é o que as leis editadas sob a nova ordem
constitucional deveriam ter previsto a partir de então.
No entanto, não foi o que ocorreu até o momento. A carreira de Auditoria
do Tesouro Nacional foi “reestruturada” com a edição da Lei 10.593, de 06 de
dezembro de 2002, a qual extinguiu a carreira de Auditoria do Tesouro
Nacional, substituindo-a pela Carreira de Auditoria da Receita Federal – ARF,
composta pelos cargos, de nível superior, de Auditor Fiscal da Receita Federal
do Brasil e de Analista Tributário da Receita Federal do Brasil. Na realidade,
mudou-se apenas a denominação dos cargos e da “carreira”, o nível do cargo
de Analista, de médio para superior, e aumentou-se a relação remuneratória
entre os cargos: o Analista, que inicialmente possuía uma remuneração de
30% da remuneração do Auditor-Fiscal, teve aumentado esse percentual,
embora sem alteração nem nas atribuições, nem nas responsabilidades nem
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na complexidade do cargo de Analista, que são, todas,frise-se, as mesmas dos
antigos Técnicos do Tesouro Nacional.
A Lei 11.457 de 16 de maio de 2007 acrescentou o § 2º, no artigo 6º, da
Lei 10.593/2002 dispondo sobre as atribuições básicas do cargo de Analista
Tributário (grifos acrescidos):
o
§ 2 Incumbe ao Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil,
resguardadas as atribuições privativas referidas no inciso I do caput e
o
no § 1 deste artigo:
I - exercer atividades de natureza técnica, acessórias ou
preparatórias ao exercício das atribuições privativas dos Auditores-
Fiscais da Receita Federal do Brasil;
II - atuar no exame de matérias e processos administrativos,
ressalvado o disposto na alínea b do inciso I do caput deste artigo;
III - exercer, em caráter geral e concorrente, as demais atividades
inerentes às competências da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
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controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos,
materiais, equipamentos e assemelhados;
d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, empresários,
órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se lhes
aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Código
Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma legal;
e) proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à interpretação
da legislação tributária;
f) supervisionar as demais atividades de orientação ao contribuinte;
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Ora, a alteração ocorrida na designação da função, de “auxiliar” para
“acessória ou preparatória” é meramente semântica, não implicando
absolutamente alteração nenhuma nas atribuições ou no papel exercido pelo
atual cargo de Analista Tributário dentro da Receita Federal do Brasil.
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A partir daí a relação remuneratória amplia-se, tendo alcançado 56,6%
em 2009 e 59% em 2015.
Esta questão sempre esteve nas mãos das autoridades, quer do Poder
Executivo, que detém a iniciativa para propor leis sobre os cargos e funções
públicas, quer dos parlamentares, que têm a responsabilidade de apreciar e
aprovar tais proposições, no âmbito do Poder Legislativo.