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E SCO L A SE CU ND Á RI A CA RL O S A MA RA N T E

Rua da Restauração, 4710 - 428 BRAGA


Ano lectivo 2005 / 2006

RESUMO / SÍNTESE

Embora o satélite tenha sido o primeiro objecto planetário a ser explorado por
naves espaciais e o único corpo a ser visitado por astronautas, os cientistas ainda têm
muitas questões não respondidas acerca da sua história, composição e estrutura interna.
Em anos recentes, os investigadores têm solicitado a exploração renovada da Lua: a
Agência Espacial europeia (ESA) e o Japão planeiam colocar sondas em órbita lunar, e
a NASA admite a possibilidade de pousar uma nave não tripulada na face oculta da Lua.
Ao estudá-la, essas missões podem também iluminar a história de todos os rochosos
planetas no sistema solar interior: Mercúrio, Vénus, Marte e especialmente a Terra.
Como a superfície da Lua tem permanecido relativamente imutável nos últimos 3 mil
milhões de anos, o satélite pode guardar a chave do conhecimento de como os planetas
interiores se formaram e evoluíram.
Quando os astrónomos observaram pela primeira vez a Lua através de
telescópios, há 400 anos, descobriram que a sua superfície é constituída por dois tipos
principais de solo: zonas altas acidentadas, cheias de crateras, e zonas baixas escuras,
com poucas crateras. Galileu Galilei, o inventor do telescópio, chamou às zonas baixas
maria — marés em latim devido à sua aparência lisa e escura. Uma das maiores
surpresas da era espacial surgiu em 1959, quando a nave soviética Luna 3 fotografou a
face oculta da Lua, a qual nunca tinha sido vista, por estar sempre virada para o lado
oposto à Terra. As fotografias mostraram que nela faltam quase completamente as zonas
escuras que são dominantes no lado visível. Embora os cientistas tenham agora algumas
teorias que poderiam explicar a dicotomia do solo, o enigma permanece.
A análise das amostras de rochas e solo lunares, trazidas para a Terra pelos
astronautas da Apolo e pelas sondas lunares não tripuladas, permitiu aos investigadores
uma imagem da evolução da Lua. A observação sugere que a Lua foi criada há cerca de
4, 5 mil milhões de anos, quando um corpo de tamanho comparável a Marte embateu na
Terra primitiva. A colisão esguichou rocha vaporizada em órbita à volta da Terra, e
esses pequenos corpos coalesceram rapidamente, formando a Lua. Eles acumularam-se
tão rapidamente que o calor gerado nesse processo derreteu a porção exterior da Lua
nascente e formou um oceano global de rocha líquida ou magma.
Esta fase inicial seguida por uma violenta saraivada, na superfície da Lua, de
cometas, asteróides e meteoros. Alguns dos objectos maiores abriram enormes bacias de
mais de 2000 km de diâmetro. A maioria das crateras e bacias, pelo menos na face
visível, foi preenchida por lava basáltica rica em ferro, no decurso dos 300 a 400
milhões de anos seguintes, formando as áreas escuras vistas hoje. O facto de a Lua ter
sofrido fenómenos de impacte, vulcanismo e tectorismo pode torná-la um modelo para a
compreensão destes processos. Em particular, como companheira da Terra, constitui um
lugar ideal para o estudo de acontecimentos extraplanetários que tenham ocorrido nesta
parte do sistema solar durante a sua história inicial. Quase todos os traços dos asteróides
e cometas que atingiram a Terra há biliões de anos foram apagados da geologicamente
activa superfície do planeta. Em contrapartida, este registo está preservado na Lua, onde
pode ser recuperado e lido. (…) Já lemos parte da história da Lua, mas muito ainda está
obscuro. A exploração futura irá muito provavelmente mostrar que a história do nosso
vizinho mais próximo é mais complicada e interessante do que imaginávamos.

Paul D. Spudis, “Mistérios ainda não decifrados da Lua”


in revista Scientific American, nº 20, Janeiro de 2004 (texto adaptado)

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