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Eça de Queirós, Os Maias:

contextualização histórico-
literária
1. Em que século viveu Eça de
Queirós?

Eça de Queirós viveu no século XIX e


pertenceu à designada Geração de 70.
2. Quais foram os momentos mais
marcantes do percurso dos jovens
que integraram a Geração de 70?
Os jovens que integraram a Geração de
70 e que tinham como objetivo difundir em
Portugal os novos ideais que circulavam na
Europa viveram a Questão Coimbrã,
juntaram-se no Cenáculo e organizaram as
Conferências do Casino Lisbonense.
3. Que aspetos distinguem o realismo
do naturalismo?
Estes dois movimentos literários escolheram
como género privilegiado o romance. O realismo
caracteriza-se pela observação pormenorizada do
real e aborda a vida urbana, as diferenças sociais,
os vícios sociais. O naturalismo aprofunda o
estudo realista, analisa o percurso biográfico da
personagem, a influência da educação e da
hereditariedade e investiga as causas do
adultério, do alcoolismo, da opressão social.
A representação de espaços
sociais e a crítica de costumes;
espaços e seu valor simbólico e
emotivo; a descrição do real
e o papel das sensações
1. De que modo se articula no
romance o espaço físico e o espaço
social?
O espaço físico em Os Maias é principalmente
o espaço urbano de Lisboa, com ocasionais
referências aos então arredores: Benfica, Olivais e
Sintra. No entanto, há episódios passados em
ambiente rural: Santa Olávia e outros em Coimbra.
São feitas referências elogiosas a Paris e Londres.
Verifica-se o predomínio dos espaços interiores:
casas, quartos, espaços de convívio, consultório e
laboratório de Carlos.
1. De que modo se articula no
romance o espaço físico e o espaço
social?
(cont.)
Podemos, contudo, considerar que
predomina, neste romance, o espaço social ao
serviço da crónica de costumes, onde circulam
personagens-tipo. Assim, o espaço social da alta
burguesia lisboeta, o da diplomacia, da política,
dos banqueiros, dos jornalistas é analisado
ironicamente.
2. Por que razão o romance realista
privilegia os espaços sociais?

O romance realista privilegia os espaços


sociais para melhor analisar e retratar o real.
3. Que espaços sociais conheces a
partir da leitura de Os Maias?

São vários os espaços sociais que


conhecemos a partir da leitura da obra. O
espaço mais importante é Lisboa que por
sua vez é sinédoque de Portugal, no
entanto, há outros espaços que são
descritos e analisados: os jantares, as
corridas, os saraus, o espaço público.
4. Há na obra espaços com valor
simbólico e emotivo?

É possível encontrar na obra vários


espaços com valor simbólico e emotivo: o
Ramalhete e o seu jardim, a Toca, a Avenida.
Representações do sentimento e
da paixão: diversificação da
intriga amorosa (Pedro da Maia,
Carlos da Maia e Ega)
1. Por que razão poderemos dizer
que a intriga amorosa na obra é
diversificada?
N’Os Maias, encontramos vários pares amorosos que
apresentam diferentes representações do sentimento e da
paixão. Pedro da Maia ama Maria Monforte, mas esta
mantém uma relação adúltera com o napolitano. Ega tem
também uma relação de adultério com Raquel Cohen à
semelhança da que Carlos mantém com a condessa
Gouvarinho. Por sua vez, Carlos ama Maria Eduarda, no
entanto, a sua relação será incestuosa.
Características trágicas dos
protagonistas (Afonso da Maia,
Carlos da Maia e Maria Eduarda)
1. Quais são as personagens trágicas
da obra?

Afonso, Carlos e Maria Eduarda são as


personagens trágicas da obra. Cumpre-se,
assim, o requisito da tragédia clássica de que
as personagens devem ser nobres e em
número reduzido.
2. Que elementos da tragédia clássica
encontramos na obra?

Na obra encontramos vários elementos


trágicos: o desafio de Pedro e de Carlos, o
sofrimento, os presságios, a tensão
crescente até ao clímax, o reconhecimento,
a catástrofe.
Linguagem, estilo e estrutura: o
romance: pluralidade de ações,
complexidade do tempo, do espaço
e dos protagonistas, extensão; visão
global da obra e estruturação:
título e subtítulo.
1. Como se distingue um romance de
um conto?

O conto é uma narrativa breve com forte


concentração temporal e espacial que se lê de um
fôlego, enquanto o romance apresenta uma
pluralidade de ações que se cruzam, num tempo
alargado e num espaço descrito
pormenorizadamente. O romance possibilita o
acompanhamento do percurso biográfico das
personagens e o conto localiza-as num flash
momentâneo.
2. Em que medida é que o título − Os
Maias − e o subtítulo – “Episódios da vida
romântica” − nos permitem perspetivar a
estrutura global da obra?
O título e o subtítulo do romance
apontam para níveis diferentes da obra.
Enquanto o título perspetiva a história de uma
família, o subtítulo estabelece uma visão mais
alargada da sociedade portuguesa do Portugal
da Regeneração.
3. De que modo se estrutura a ação
do romance?
O romance encerra duas intrigas: a principal
e a secundária. A principal é protagonizada por
Carlos e Maria Eduarda, uma história de amores
trágicos e incestuosos. A ação secundária, que
condiciona a ação central, tem como
personagens principais Pedro da Maia, que se
suicida, e Maria Monforte, que foge com um
amante, levando uma filha e deixando um filho
aos cuidados do marido traído.
4. A ação do romance é narrada
linearmente?
A ação do romance não é narrada linearmente. A
ação começa em 1875, mas, de imediato, se faz uma
analepse até ao ano de 1820. Em ritmo rápido (em cerca
de 85 páginas), são percorridos 55 anos, através de uma
criteriosa seleção de pequenas cenas e episódios
significativos e da supressão de outros, através de elipses e
resumos. No capítulo IV, retoma-se a ação central e o
percurso de Carlos em Lisboa até ao penúltimo capítulo da
obra.
4. A ação do romance é narrada
linearmente?
(cont.)
O ritmo narrativo torna-se lento (dois anos em
cerca de 590 páginas) com inúmeras descrições e
cenas dialogadas e com duas breves analepses:
aquando da confissão de Maria Eduarda a Carlos
sobre o seu passado e aquando da leitura da carta
de Maria Monforte. No último capítulo,
encontramos Carlos e Ega em Lisboa, 10 anos
passados.
5. Que episódios da obra integram a
crónica social da Lisboa do final do
século XIX?
São vários os episódios da obra que
integram a crónica social, abordando aspetos
políticos, culturais e sociais da Lisboa do final
do século XIX: o episódio do Hotel Central, o
episódio da Corrida de Cavalos, o episódio do
Sarau do Teatro da Trindade e o episódio do
Passeio Final.
6. Que tipos sociais conheceste nesta
obra?

São vários os tipos sociais que surgem


retratados na obra: Alencar, o poeta
ultrarromântico; Gouvarinho, o político
incompetente; Jacob Cohen, o banqueiro;
Rufino, o deputado retrógrado; Palma
Cavalão, o jornalista corrupto; Raquel Cohen,
a mulher adúltera,…
Recursos expressivos: a
comparação, a ironia, a metáfora,
a personificação, a sinestesia e o
uso expressivo do adjetivo e do
advérbio; reprodução do
discurso no discurso
1. Qual é o recurso expressivo
presente em “cabelos
magnificamente negros”?
Nesta expressão, está presente o uso
expressivo do advérbio.
2. Qual é o recurso expressivo
presente em “O venerável gato gostava
de lamber com o seu vagar estúpido”?

Nesta expressão, está presente o uso


expressivo do adjetivo.
3. Qual é o recurso expressivo
presente em “luz macia”?

Nesta expressão, está presente a


sinestesia.
4. Qual é o recurso expressivo presente
em “o morgadinho, o Eusebiozinho, uma
maravilha muito falada naqueles sítios”?

Nesta expressão, está presente a ironia.


5. Qual é o recurso expressivo
presente em “sim, coitado,
coitadinho, coitadíssimo!”?

Nesta expressão, está presente a


gradação.
6. Qual é o recurso expressivo presente em “o
conchego quente e um pouco sombrio dos
estofos escarlates e pretos era alegrado pelas
cores cantantes de velhas faianças holandesas”?

Nesta expressão, está presente a


sinestesia.
7. Qual é o recurso expressivo presente
em “E à distância, sem cessar, o estalar
alegre de foguetes morria no ar quente”?

Nesta expressão, está presente a


metáfora.
8. Qual é o recurso expressivo presente em “Em
1858 Monsenhor Buccarini, Núncio de S. Santidade,
visitara-o com ideia de instalar lá a Nunciatura,
seduzido pela gravidade clerical do edifício e pela
paz dormente do bairro”?

Nesta expressão, utilizam-se os adjetivos


expressivamente.
9. Qual é o recurso expressivo presente em “mas
nunca ele aprovara que Afonso se desfizesse de
Benfica – só pela razão daqueles muros terem
visto tantos desgostos domésticos.”?

Nesta expressão, está presente a


personificação.
10. Qual é o recurso expressivo presente na
expressão sublinhada: “passou-lhe para os braços
uma deliciosa cadelinha escocesa, de pelos
esguedelhados, finos como seda e cor de prata”?

Nesta expressão, está presente a comparação.


11. Qual é a forma de relato de discurso utilizada na
frase: “Dâmaso…conhecera a rapariga, a que dera
as facadas, quando ela era amante do visconde da
Ermidinha… Se era bonita? Muito bonita. Umas
mãos de duquesa… E como aquilo cantava o fado!”?

Nesta frase utiliza-se o discurso indireto livre.

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