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EMPRESAS LISTADAS NA B3
RESUMO
O estudo teve como objetivo verificar a influência da habilidade gerencial no desempenho das
empresas listadas na B3. Para tal, realizou-se pesquisa descritiva, documental e quantitativa,
com dados coletados no banco de dados Economática, Notas Explicativas e Relatórios da
Administração disponibilizados no sítio da B3. A amostra selecionada totalizou 2.028
observações para o período de 2010 a 2018. Para mensurar o desempenho, foi utilizado o
indicador “Retorno Sobre os Ativos Totais (ROA)”, que consiste na razão entre o lucro líquido
e o ativo total, de forma similar os estudos de Husna e Satria (2019) e Terpstra e Verbeeten
(2014). Para a habilidade gerencial foram utilizados os estudos similares de Andreou, Ehrlich,
e Louca (2013) e Thompson (2003), a partir do cálculo da eficiência total da empresa por meio
da Análise Envoltória de Dados (DEA). Para a análise dos dados, foi utilizada a regressão linear
com uso do software SPSS®. Os resultados demonstraram que a habilidade gerencial está
positivamente relacionada com o desempenho, desse modo, empresas com gestores de maior
habilidade estão associadas a um maior desempenho.
Palavras-chave: Habilidade Gerencial. Desempenho. Companhias abertas.
ABSTRACT
The study aimed to verify the influence of managerial ability on the performance of firms listed
on B3. To this end, descriptive, documentary and quantitative research was carried out, with
data collected in the Economática database, Explanatory Notes and Management Reports
available on the B3 website. The selected sample totaled 2,028 observations for the period from
2010 to 2018. To measure performance, the profitability ratio "Return on Assets (ROA)" was
used, which consists of the ratio between net income and total assets, in a similar way to the
studies by Husna and Satria (2019) and Terpstra and Verbeeten (2014). For managerial ability,
similar studies by Andreou, Ehrlich, and Louca (2013), Thompson (2003) were used, based on
the calculation of the firms's total efficiency through Data Envelopment Analysis (DEA). For
data analysis, linear regression was employed using SPSS® software. The results showed that
managerial ability is positively related to performance, thus, companies with more skillful
managers are associated with higher performance.
Keywords: Managerial ability. Performance. Public companies.
1
Acadêmica da 8ª fase do curso de Ciências Contábeis pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc.
E-mail: brunaguess@outlook.com
2
Acadêmica da 8ª fase do curso de Ciências Contábeis pela Universidade do Oeste de Santa Catarina – Unoesc.
E-mail: isabela.zarpelonn@gmail.com
3
Mestre em Ciências Contábeis e Administração pela Universidade Comunitária da Região de Chapecó
(Unochapecó). Especialista em Convergência às Normas Internacionais (IFRS) e Bacharel em Ciências Contábeis
pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc). E-mail: andre.einsweiller@unoesc.edu.br
1 INTRODUÇÃO
A teoria do alto escalão pressupõe que o desempenho das empresas é parcialmente
influenciado pelas diferentes características dos gestores, ou seja, pela habilidade gerencial.
Sendo que os gestores têm diferentes estilos de gestão, e estes, exercem influência na tomada
de decisões nas empresas (BERTRAND; SCHOAR, 2003; HAMBRICK, 2007).
A habilidade gerencial é uma dimensão importante do capital humano das empresas,
que visa garantir o melhor uso de seus recursos limitados em meio ao ambiente desafiador em
que se encontram, para garantir o crescimento contínuo e sustentável das empresas (INAM
BHUTTA et al., 2021). Além disso, a habilidade gerencial é um dos fatores, mesmo que
intangíveis, que podem influenciar para que as empresas tenham um melhor desempenho,
especialmente em períodos de crise (ANDREOU; EHRLICH; LOUCA, 2013).
Ademais, os gerentes com maior habilidade gerencial não apenas tomam a iniciativa de
fazer ajustes dentro das empresas em relação aos ambientes em mudança, mas também tomam
medidas capazes de aumentar seus recursos para sobreviver no longo prazo. Desse modo, a
habilidade gerencial está indiscutivelmente entre os principais recursos humanos que afetam o
valor da empresa (THOMPSON, 2003).
Por outro lado, gestores habilidosos contam com seu conhecimento acadêmico e
profissional, além de sua experiência, para atingir um desempenho que garanta à empresa uma
atuação satisfatória de seu valor de mercado e, consequentemente, o retorno do investimento
aos acionistas (RAVANSHAD ET AL., 2020; INAM BHUTTA ET AL., 2021).
Todavia, os recursos escassos, como financeiros, técnicos e infraestrutura, nos cenários
de países emergentes aumentam a importância de recursos humanos qualificados. Aliás, as
empresas podem aumentar sua produtividade por meio da utilização cuidadosa de recursos
humanos qualificados para obter vantagens competitivas e sucesso sustentável no mercado
(RAVANSHAD, 2021). Por consequência, Tran e Vo (2020) confirmam que o capital humano
desempenha um papel importante no alcance do desempenho sustentável, principalmente em
países em desenvolvimento.
Nesse contexto, Andreou, Ehrlich e Louca (2013) sugerem que habilidade gerencial tem
relação positiva com o desempenho das empresas, na medida que os gestores de maior
habilidade gerencial investem mais durante períodos de crise e são mais rentáveis. Ademais,
Inam Bhutta et al. (2021) destacam que gestores mais habilidosos aumentam o valor das
empresas, fornecendo recursos intangíveis que contribuem para seu melhor desempenho.
Diante do exposto, tem-se o seguinte problema de pesquisa: qual a influência da habilidade
gerencial no desempenho das empresas listadas na B3? Para responder ao problema de
pesquisa o estudo tem o objetivo de analisar a influência da habilidade gerencial no desempenho
das empresas listadas na B3.
A pesquisa justifica-se ainda por investigar um período de tempo distinto dos estudos
abordados anteriormente, de um período de 9 (nove) anos, de 2010 a 2018. Em relação ao
período inicial da análise, é importante destacar que foi determinado por ser o ano subsequente
ao de adoção das normas internacionais de contabilidade (IFRS) e conter dados completos e
verídicos.
O estudo tem sua relevância justificada por ainda não existirem na literatura nacional
estudos que investiguem a relação entre habilidade gerencial e desempenho em empresas
listadas na B3. Além disso, o estudo se diferencia dos anteriores pois preenche o hiato voltado
ao assunto no cenário acadêmico brasileiro, através de uma análise que utiliza dados atualizados
e abrangentes das companhias abertas listadas na B3, visto que o assunto tem sido investigado
em nível internacional, cujos resultados não podem ser extrapolados ao mercado brasileiro, por
utilizarem amostras de populações (empresas) específicas de seus próprios países, com
diferentes contextos econômicos.
O estudo justifica-se também, pois os estudos internacionais de Andreou, Ehrlich e
Louca (2013), Ravanshad et al., (2020), Inam Bhutta et al., (2021) e Ting et al., (2021)
analisaram a relação entre a habilidade gerencial e o desempenho. Entretanto, destaca-se ainda
que todos os estudos supracitados encontraram relação positiva entre a habilidade gerencial e o
desempenho das companhias em suas amostras e considerando as demais hipóteses de cada
estudo, manifesta-se a necessidade de investigar se tal fenômeno se repete no cenário brasileiro.
Sendo assim, a pesquisa contribui com a literatura nacional, apresentando evidências
empíricas encontradas no cenário brasileiro. O tema em questão merece destaque,
considerando-se a necessidade de se verificar a relação entre os dois assuntos estudados no
contexto do mercado de capitais brasileiro, visto que os estudos internacionais que relacionaram
os dois assuntos investigaram circunstância específicas aos seus próprios países, que não se
aplicam ao Brasil.
A habilidade gerencial tem seu potencial de melhora no desempenho das empresas
comprovado por estudos anteriores, desta forma, o presente estudo contribui como
recomendação da implementação de políticas nas empresas brasileiras que propiciem a melhora
da habilidade gerencial dos gestores, além de sugerir aos acionistas que levem em consideração
o nível de habilidade gerencial presente nas empresas quando buscarem novas oportunidades
de investimento.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção, apresenta-se o referencial teórico que dá sustentação ao presente artigo. O
primeiro tópico aborda a habilidade gerencial. Posteriormente, o artigo versará sobre o
desempenho. Por fim, apresenta-se os estudos correlatos sobre o tema apresentado.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para atingir o objetivo realizou-se pesquisa descritiva, documental e quantitativa, com
dados referentes ao período de 2010 a 2018 no banco de dados da Economatica, Notas
explicativas e Relatórios da administração. A população do estudo compreendeu as companhias
abertas listadas na B3, sendo que foram excluídas, em cada ano, aquelas que exerciam atividade
financeira e aquelas que não possuíam informações suficientes para o cálculo de todas as
variáveis do estudo. Deste modo, a amostra selecionada totalizou 199 companhias em 2010,
203 em 2011, 220 em 2012, 225 em 2013, 229 em 2014, 231 em 2015, 235 em 2016, 239 em
2017 e 247 em 2018.
Destas, foram encontradas 2.028 observações. Para operacionalização do estudo,
apresentam-se na Tabela 1 as variáveis, os autores e as fontes de coleta dos dados:
Cálculo da eficiência
total da empresa por
meio da Análise
envoltória de dados
(DEA)
Inputs:
Ativos imobilizados;
Arrendamento
operacional;
Despesas com
pesquisa e
desenvolvimento;
Goodwill;
Vendas líquidas
2ª Etapa:
Utiliza-se os resíduos
da regressão
como proxy para
capacidade dos
gestores:
Eficiência_Totalit =
β0 + β1Tamanhoit +
β2Particip_Mercadoit +
β3Caixa_Disponit +
β4Idade_Ciait +
β5Complexidade_Oper
acionit +
β6Operações_Exteriorit
+ εit
Logaritmo natural
Tamanho
Ativo Total da Santana et al (2015) Economática®
(TAM)
Empresa i no ano t.
(Passivo Circulante +
Endividamento Passivo Não Gompers, Ishii e Metrick
Variáveis de Economática®
(END) Circulante) / (2003)
controle Ativo Total
Observa-se pelo valor médio e pelo desvio padrão, que o desempenho (ROA) e o
tamanho (Tam) apresentam um alto índice de dispersão. Em relação ao endividamento (Endiv)
nota-se que o índice de dispersão comparando a média com o desvio padrão é relativamente
baixo. Na habilidade gerencial (Habilidade_Gestor) obteve-se um mínimo de -3,5090 e um
máximo de 2,1220. A Tabela 3 apresenta a frequência das variáveis de controle com dummy:
Com relação as variáveis de controle com dummy visualiza-se que 97,70% das empresas
estão listadas em níveis diferenciados de governança corporativa. Em seguida, buscou-se
verificar a relação entre as variáveis, por meio do coeficiente de correlação de Pearson, com o
propósito de identificar possíveis problemas de multicolinearidade nos dados. A presença de
multicolinearidade não significa problemas do modelo, porém sua presença elevada pode gerar
aumento no erro padrão (GUAJARATI, 2006). A Tabela 4 apresenta os resultados da correlação
de Pearson entre as variáveis.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo desse estudo foi analisar a influência da habilidade gerencial no desempenho
das empresas listada na B3, no período entre 2010 e 2018. Para tal, foi realizada uma pesquisa
descritiva, conduzida por meio de análise documental e quantitativa em empresas que possuíam
dados disponíveis para o período analisado no banco de dados Economática, Notas Explicativas
e Relatórios da Administração disponibilizados no sítio da B3. Deste modo, a amostra
selecionada totalizou 199 companhias em 2010, 203 em 2011, 220 em 2012, 225 em 2013, 229
em 2014, 231 em 2015, 235 em 2016, 239 em 2017 e 247 em 2018, totalizando 2028
observações.
No que diz respeito à habilidade gerencial, constatou-se que ela influencia o
desempenho das empresas da B3, de forma a aumentá-lo. Dessa forma, o resultado converge
com os estudos de Andreou, Ehrlich e Louca (2013), Ravanshad et al., (2020) e Inam Bhutta et
al., (2021), que concluíram que empresas com gestores mais hábeis tem melhor desempenho,
de modo que o modelo de regressão que representa a hipótese H¹ - Há uma relação positiva
entre a habilidade gerencial e o desempenho econômico-financeiro, não foi rejeitada.
Com relação ao endividamento, o presente estudo concluiu que há uma relação negativa
com o desempenho, de forma a diminuí-lo. O resultado converge com o estudo de Ting et al.
(2021), Strebulaev e Yang (2013) e Devos, Dhillin e Jagannatha e Krishnamurthy (2012), que
demonstram que empresas com menores índices de endividamento apresentam maior
desempenho.
Por fim, o estudo evidenciou que gestores com maior habilidade gerencial tendem a ter
um melhor desempenho, e por isso, possuem um menor endividamento e uma melhor
organização e distribuição de recursos internos, contribuindo para a eficiência geral da
companhia.
Diante do exposto, é possível constatar que o estudo contribuiu para o melhor
entendimento da habilidade gerencial no desempenho das empresas no contexto do mercado de
capitais brasileiro, além disso enriquece a literatura dessa área, visto a importância do assunto
para empresas que buscam entender o papel dos gestores no desempenho da companhia, e para
investidores que buscam novas maneiras de identificar oportunidades de investimento.
Como limitação da pesquisa, verificou-se que nem todas as empresas listadas na B3, e
componentes da amostra, disponibilizaram todas as informações necessárias ao estudo em todos
os anos do período estudado. Ademais, recomenda-se para pesquisa futuras, a inclusão de um
maior número de empresas na amostra, além de empregar estudos comparativos aos similares
feitos em mercados de capital de diferentes países.
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