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INFLUÊNCIA DA HABILIDADE GERENCIAL NA AGRESSIVIDADE

TRIBUTÁRIA DE EMPRESAS BRASILEIRAS

Thaisa Caroline Graupner. Mestranda. Universidade Regional de Blumenau.


tgraupner@furb.br.
Alini da Silva. Doutora. Universidade Federal do Rio de Janeiro.
alini.silva@facc.ufrj.br.
Marcia Zanievicz da Silva. Doutora. Universidade Regional de Blumenau.
mzsilva@furb.br.

RESUMO
Este estudo analisa a influência da habilidade gerencial na agressividade tributária de empresas
brasileiras. Realizou-se pesquisa descritiva, documental e quantitativa, os dados foram
coletados da base de dados Refinitiv Eikon® e no site da B3, no período de 2017 a 2021, em
que a amostra final foi composta por 91 empresas, representando respectivamente, 455
observações. Os dados foram analisados a partir de análises descritivas, correlações e regressão
linear múltipla robusta. Os resultados do estudo indicam que a habilidade gerencial influencia
a agressividade tributária, ao analisar a métrica BTD, foi possível observar que a habilidade
gerencial influencia positivamente a agressividade nas organizações. Assim, pode-se
argumentar que os gestores mais habilidosos podem aumentar as práticas de elisão fiscal das
organizações. Os gerentes têm um papel importante e estratégico na tomada de decisões da
organização, dentre eles, as decisões sobre as práticas fiscais. Entretanto, ao observar os
resultados da regressão que utiliza a variável TRAV como métrica de agressividade, os
resultados são opostos, a habilidade gerencial diminui a agressividade tributária. Uma possível
explicação para habilidade diminuir a agressividade é que gestores podem escolher por decisões
menos agressivas devido ao impacto negativo que isso poderia causar em sua reputação caso
fossem descobertos. Gestores habilidosos que estão inseridos em grandes empresas sabem que
elas sofrerão grandes consequências se forem agressivas em relação aos impostos, com
pagamento de altas multas, perda de confiança dos investidores e até falência. Assim, quando
as empresas estão enfrentando incertezas ambientais, estes gestores podem tomar decisões
menos agressivas em relação aos impostos, escolhendo outras estratégias para diminuírem os
custos da organização. Assim, os resultados contribuem com a literatura sobre habilidade
gerencial e agressividade e apresenta oportunidades de pesquisas futuras aos pesquisadores.
Palavras-chave: Habilidade Gerencial; Agressividade Tributária; Empresas Brasileiras.

1 INTRODUÇÃO
A agressividade tributária tem se tornado uma característica cada vez mais presente no
cenário corporativo e tem recebido uma atenção considerável tanto da comunidade acadêmica
quanto dos formuladores de políticas. Pode ser definida como o esforço dos agentes para
minimizar a carga tributária da organização, seja por meio de planejamento tributário, prática
denominada como elisão fiscal, ou por meio de práticas abusivas que violam as regras fiscais,
classificadas como evasão fiscal (Armstrong et al., 2012; Alm et al., 2014; Khan et al., 2017).
Pode-se perceber um fluxo crescente de pesquisadores examinando determinantes da
agressividade fiscal (Armstrong et al., 2012; McGuire et al., 2014; Francis et al., 2014; Allen
et al., 2016; Francis et al., 2022).
Chi et al. (2017) apontam que a maioria dos estudos sobre agressividade tributária se
concentra apenas nas características de nível empresarial ou nos mecanismos de governança
corporativa e ignora amplamente características individuais de gestores, que podem impactar a
agressividade tributária nas empresas. Resultado considerado surpreendente, dado que as
decisões corporativas são tomadas por indivíduos e os ‘estilos’ dos gestores possuem um papel
significativo na tomada de decisões estratégicas e operacionais das organizações (Bertrand &
Schoar, 2003).
Para Dyreng et al. (2010), características e habilidades dos gestores são importantes
determinantes da agressividade tributária das empresas. Estudos anteriores mostraram que a
habilidade gerencial tem um impacto significativo em várias decisões corporativas, incluindo
investimentos e decisões contábeis (Rose & Shepard, 1997; Bertrand & Schoar, 2003;
Demerjian et al., 2013; Francis et al., 2019). Assim, investigar a influência das habilidades
gerenciais dos gestores pode fornecer evidências importantes para avançar na literatura sobre
agressividade tributária.
A habilidade gerencial pode ser definida como a capacidade de gerentes, CEO ou da
equipe da alta administração de compreender as economias da empresa e tomar decisões
econômicas prudentes e oportunas, que lhes permitam transformar de forma eficiente os
recursos corporativos em receitas (Demerjian et al. 2012; Hasan, 2017). Assim, a utilização
eficiente dos recursos da empresa representa boas decisões de investimento de capital e mão de
obra, atividades geradoras de receita e/ou iniciativas de redução de custos (Choi et al., 2015).
Gerentes com habilidade gerencial tendem a gerar mais benefícios econômicos para a
organização por meio das operações tradicionais, além de estratégias fiscais agressivas,
explorando assim, todas as oportunidades de elisão fiscal. No entanto, este argumento ignora
vários fatores importantes que podem levar a um comportamento oposto ao previsto da
realização de práticas fiscais agressivas, por exemplo, os custos reputacionais, políticos e
econômicos envolvidos, que podem ser considerados fatores importantes nas decisões dos
gestores dentro das organizações. Evidências indicam que os gestores sofrem perda de
reputação como resultado de atividades tributárias agressivas, assim, a literatura sugere que
preocupações com a reputação limitam empresas e gestores de se envolver em atividades de
elisão fiscal agressivas (Desai & Dharmapala, 2006; Hanlon & Slemrod, 2009; Chen et al.,
2012; Graham et al., 2014; Austin & Wilson, 2017).
Principalmente após o desenvolvimento da medida de habilidade gerencial por
Demerjian et al. (2012), pesquisas sobre características gerenciais ganharam maior atenção dos
pesquisadores, entretanto, os resultados encontrados até o momento não esgotaram a amplitude
do assunto abordado, principalmente em relação a agressividade tributária, foco desta pesquisa.
Portanto, torna-se relevante compreender como gestores com habilidade gerencial se
comportam em relação ao planejamento tributário das organizações, considerando que estes
incentivos fiscais podem apresentar impactos significativos para a organização. Diante do
exposto formulou-se a seguinte questão de pesquisa: qual a influência da habilidade
gerencial na agressividade tributária de empresas brasileiras? Assim, o objetivo deste
artigo é analisar a relação entre habilidade gerencial e a agressividade tributária de empresas
brasileiras.
A literatura (Park et al., 2016; Huang et al., 2017; Huang & Sun, 2017; Lee & Yoon,
2020) argumenta que gerentes com maior habilidade estão associados a menos atividades
agressivas de elisão fiscal porque podem converter recursos em benefícios econômicos com
mais eficiência por meio de operações tradicionais e, portanto, têm menos incentivo para se
envolver em atividades tributárias agressivas. Ainda, afirmam que gerentes com habilidades
têm reputações mais altas e, portanto, mais oportunidades nos mercados de trabalho gerenciais,
estando menos propensos a se envolver em atividades agressivas de elisão fiscal, devido ao
impacto negativo sobre sua reputação e possibilidades de crescimento na carreira, caso forem
descobertos (Doukas & Zhang, 2020; Demerjian et al., 2020; Haider et al., 2021).
Mas existe uma vertente de pesquisadores (Dyreng et al., 2010; Wu et al., 2012;
Armstrong et al., 2015; Koester et al., 2017; Tang et al., 2017; Saragih & Hendrawan, 2021),
que afirmam existir uma associação positiva entre a habilidade gerencial e a agressividade
tributária. No Brasil, pesquisas que envolveram as duas variáveis ainda podem ser consideras
incipientes. Assim, esta pesquisa busca suprir a lacuna de pesquisa existente no contexto
nacional, ao analisar a relação entre habilidade gerencial e a agressividade tributária de
empresas brasileiras. Ainda como diferencial, o estudo utiliza a métrica de habilidade gerencial
desenvolvida por Demerjian et al. (2012) pouco reconhecida no contexto nacional, mas muito
utilizada nas pesquisas internacionais.
O artigo justifica-se, pois contribui com a crescente pesquisa sobre a influência das
características de gestores, particularmente a habilidade gerencial sobre decisões empresariais.
A habilidade gerencial tem sido um tópico importante e de extensa pesquisa na literatura
gerencial e estudos mais recentes vem introduzindo este tópico em pesquisas da área financeira,
demonstrando que a habilidade gerencial é um fator importante que afeta, por exemplo, o
desempenho da empresa e as decisões contábeis corporativas, incluindo a qualidade dos lucros
e as previsões de lucros gerenciais (Baik et al., 2011; Demerjian et al., 2012; Francis, et al.,
2019). Neste sentido, esta pesquisa insere um novo tópico ao debate da influência da habilidade
gerencial em decisões tributárias corporativas (agressividade tributária), contribuindo assim,
com a literatura. Ademais, os resultados do estudo ainda têm importantes implicações práticas
para políticas públicas regulatórias e informações relevantes para usuários da informação.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Habilidade Gerencial


A teoria do alto escalão pressupõe que os resultados das empresas são parcialmente
influenciados pelas diferentes características dos gestores, e pela capacidade gerencial
(Hambrick & Mason, 1984; Hambrick, 2007). Bertrand e Schoar (2003) argumentam que os
gestores têm estilos diferentes de gestão, e esses estilos influenciam muitas decisões
corporativas. Para alcançar um desempenho mais alto, os gerentes precisam muitas vezes,
implementar estratégias arriscadas e a habilidade dos gestores de controlar estas estratégias
determina o nível de riscos que ele assume (Simamora, 2021).
A habilidade gerencial é definida como um conjunto de habilidades, conhecimentos e
experiências que o gestor possui (Kor, 2003) e têm um impacto significativo na tomada de
decisão de maneira assertiva, implementação de estratégias e melhoria do desempenho das
organizações (Demerjian et al., 2012). Neste sentido, a habilidade gerencial pode ser
considerada um dos fatores mais importantes dentro da organização. A capacidade gerencial
deriva principalmente da experiência e do domínio que o gestor possui sobre os mercados que
a organização está inserida, sobre as tecnologias mais importantes e as estratégias que as
empresas deveriam adotar (Kor, 2003). À medida que os gerentes acumulam experiência e
domínio, eles apresentam uma melhor gestão dos recursos da organização (Coff, 1999).
Para Demerjian et al. (2012) e Huang e Sun (2017), medir a habilidade gerencial é uma
tarefa desafiadora, porque gerenciar com eficiência os recursos das organizações não é uma
operação diretamente observável. Entretanto, Demerjian et al. (2012) criaram e validaram uma
medida quantitativa para a habilidade gerencial ao capturar a eficiência com que os gerentes
podem converter recursos da empresa em vendas, demonstrando que esta proxy tem um poder
explicativo superior a outras, como remuneração dos diretores, reação do mercado aos anúncios
de rotatividade de diretores e desempenho da empresa. Essa medida é construída sob a intuição
de que gestores mais habilidosos podem gerar mais receita de vendas para um dado conjunto
de insumos (Demerjian et al., 2012).
Mesmo após a criação da medida, a literatura nacional acerca da habilidade gerencial é
considerada incipiente. Moura et al. (2019) em sua pesquisa no contexto brasileiro envolvendo
habilidade gerencial e perdas do valor recuperável do goodwill, indicam que a habilidade
gerencial dos gestores varia conforme o setor de atuação. Conforme o autor, gestores de
empresas do setor de ‘consumo não cíclico’ apresentaram maiores indicadores de habilidade
gerencial, seguidos pelos gestores das empresas dos setores de ‘saúde’ e ‘consumo cíclico’.
Na literatura internacional, a habilidade gerencial tem despertado um maior interesse de
pesquisadores. Baik et al. (2020) identificaram que gerentes que apresentam maior habilidade
são menos propensos a se envolver em suavização de resultados. Haider et al. (2021)
encontraram relação positiva entre habilidade gerencial e conservadorismo contábil, sugerindo
que gestores mais capazes estão preocupados com perdas de reputação devido à falha em
produzir lucros de alta qualidade. Doukas e Zhang (2020) e Demerjian et al. (2020) mostraram
que, como os gerentes com maior habilidade gerencial obtêm mais recompensas ao longo da
vida devido à sua reputação, é mais provável que evitem comportamentos prejudiciais à sua
reputação.
Francis et al. (2013) e Koester et al. (2017), identificaram que gestores mais habilidosos se
envolvem em menos atividades de evasão fiscal (ilegal) do que gestores considerados menos
habilidosos. Assim, pode-se considerar que os gerentes com maior habilidade gerencial têm
uma melhor compreensão dos negócios de sua organização (Coff, 1997; Demerjian et al., 2012)
e embora os estudos já tenham examinado como a habilidade gerencial influencia os relatórios
financeiros das organizações sob diversas perspectivas, a influência da habilidade gerencial no
nível de agressividade tributária ainda apresenta resultados conflitantes.

2.2 Agressividade Tributária


Para aumentar os lucros e a riqueza dos acionistas, a redução da carga tributária pode
ser considerada economicamente necessária (Huseynov & Klamm, 2012). A estratégia da
empresa de reduzir ou evitar impostos beneficia os acionistas, mas pode ir contra os interesses
públicos (Sikka, 2010). Alguns estudos mostram que as práticas de elisão fiscal são
consideradas alternativas para economizar impostos que reduzem custos e melhoram o bem-
estar dos acionistas (Hanlon & Heitzman, 2010; Robinson et al., 2010). Com base no
comportamento e decisões tributárias corporativas tomadas pelos gestores, pode-se indicar o
nível de agressividade tributária das organizações (Huseynov & Klamm, 2012).
Na literatura, a agressividade fiscal é definida como a execução de atividades que visam
a redução dos impostos a pagar, mediante planejamento tributário (Martinez & Ramalho, 2017).
Nesse contexto, existem duas formas para a redução dos gastos tributários: (i) por meio de
técnicas de elisão fiscal (forma legal); e (ii) pela evasão (forma ilegal) (Martinez & Ramalho,
2017). Assim, a agressividade fiscal está relacionada às decisões gerenciais que visam a redução
de pagamentos de impostos por meio do planejamento tributário legal. Segundo Martinez
(2017), os gerentes executam atividades tributárias, conforme o perfil de agressividade das
organizações, por essa razão, faz-se necessário entender os condicionantes da agressividade
fiscal das organizações.
O planejamento tributário é uma atividade de tomada de decisão gerencial, portanto, a
análise das diferenças no planejamento com base na habilidade gerencial é um assunto
importante a ser analisado (Lee & Yoon, 2020). Os gerentes têm um papel crítico na
determinação do nível de elisão fiscal, assim a habilidade gerencial é um dos fatores que
determina as estratégias tributárias das organizações (Park et al., 2016).
De acordo com a visão tradicional, a elisão fiscal aumenta o valor da empresa ao reduzir
os recursos que são transferidos da organização para as autoridades fiscais. Portanto, pela visão
tradicional, a habilidade gerencial é a capacidade de aumentar o valor da organização utilizando
recursos limitados de forma eficiente em todas as operações (Demerjian et al., 2012). Gerentes
com um nível mais alto de habilidade devem ter mais conhecimento sobre o negócio e uma
melhor compreensão do ambiente em que a empresa está inserida. Assim, gestores com alto
nível de habilidade utilizarão a elisão fiscal para aumentar o valor da empresa, reduzindo assim
os gastos tributários e aumentando o lucro líquido e a liquidez de caixa da organização.
Com base em estudos anteriores, a habilidade gerencial tem um papel crítico no
direcionamento da elisão fiscal corporativa, pois pode determinar se a empresa está menos ou
mais envolvida em práticas de agressividade tributária (Dyreng et al., 2010; Armstrong et al.,
2015; Koester et al., 2017). Autores argumentam que um gerente com capacidade tem mais
informações sobre o ambiente de negócios da empresa, assim, pode maximizar os lucros da
organização por meio da utilização eficiente dos recursos limitados da empresa (Baik et al.,
2013; Demerjian et al., 2013; Park, 2013) sem a utilização de atividades fiscais agressivas.
Assim, se os custos fiscais e os custos não fiscais da elisão fiscal são maiores do que os
benefícios da elisão fiscal, gestores com maior habilidade gerencial irão injetar recursos em
outras atividades de gestão, como marketing, investimento e atividades financeiras, a fim de
maximizar o desempenho global da empresa sem a utilização de estratégias agressivas.
Como visto, estudos anteriores ainda apresentam divergências em seus resultados, Park
et al. (2016), Huang et al. (2017), Huang e Sun (2017) e Lee e Yoon (2020), por exemplo,
encontraram uma associação negativa entre habilidade gerencial e elisão fiscal, argumentando
que gerentes com maior habilidade estão associados a menores porcentagens de atividades
agressivas, porque podem converter recursos em benefícios econômicos com mais eficiência
por meio de operações tradicionais e, portanto, têm menos incentivo para se envolver em
atividades agressivas de elisão fiscal. Ainda evidenciam que os gerentes estarão menos
propensos a se envolver em atividades agressivas de elisão fiscal, devido ao impacto negativo
que isso poderia causar em sua reputação.
Já pesquisadores como Dyreng et al. (2010), Wu et al. (2012), Armstrong et al. (2015),
Koester et al. (2017), Tang et al. (2017) e Saragih e Hendrawan (2021), afirmam que a
habilidade gerencial está positivamente associada à elisão fiscal, determinando assim, o nível
em que a organização se envolve em práticas de elisão fiscal, pois gerentes mais habilidosos
têm uma compreensão melhor e mais profunda do negócio, do ambiente e das oportunidades
que sua empresa tem e tais condições permitem que os gestores conduzam estratégias de elisão
fiscal mais eficazes (Koester et al., 2017). Portanto, os gestores mais capazes conseguem
aumentar o valor da empresa utilizando recursos limitados de forma eficiente em todas as
operações da organização, inclusive com planejamentos tributários mais agressivos (Demerjian
et al., 2012).
A associação entre agressividade tributária e capacidade gerencial ainda não é clara na
literatura. Assim, a fim de analisar a relação entre habilidade gerencial e a agressividade
tributária de empresas, formula-se a hipótese de pesquisa H1. Esta demonstra relação
significativa, porém sem delimitação de sinal, visto a inconsistência de resultados dos estudos
anteriores, sendo que este estudo pode trazer novas evidências e corroborar com os demais,
apresentado o sinal encontrado de relação dos fenômenos no contexto de empresas brasileiras.

H1: A habilidade gerencial influencia a agressividade tributária.


3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Ao considerar o objetivo do estudo de analisar a influência da habilidade gerencial na
agressividade tributária de empresas brasileiras, o estudo adotou uma abordagem descritiva
quanto aos objetivos, quanto aos procedimentos, a pesquisa é caracterizada como documental
e quantitativa quanto a abordagem do problema. A abordagem quantitativa tem como finalidade
mensurar os dados levantados por meio da coleta de informações, análise de dados numéricos
e aplicação de testes estatísticos (Hair et al., 2009). A abordagem descritiva, segundo Hair et
al. (2009) é uma técnica utilizada para examinar as características de eventos ou atividades de
pesquisa, de forma estruturada. A pesquisa documental, segundo Martins e Theóphilo (2007),
refere-se à fonte de dados e informações auxiliares de documentos diversos.
A amostra compreende empresas de capital aberto listadas na B3 ativas em 2022,
excluindo-se as empresas do setor financeiro, bem como as que não possuíam informações
necessárias, referente ao período de 2017 a 2021. Sendo assim, a amostra final é composta por
91 empresas ativas na base de dados da Refinitiv Eikon® no ano de 2022, respectivamente,
apresentando 455 observações empresa-ano, com dados balanceados, como demonstrado na
Tabela 1.

Tabela 1 – Formação da amostra


Descrição Amostra
Quantidade de empresas listadas na B3 481
Exclusão de instituições financeiras e sociedades seguradoras (78)
Exclusão de empresas sem dados em algum ano do período analisado (312)
Quantidade de empresas na amostra 91
Quantidade de observações empresa-ano (91 empresas x 5 anos) 455
Fonte: Elaborada pelos autores.

A tabela 2 a seguir apresenta a composição dos setores da economia da amostra utilizada


no estudo.

Tabela 2 – Composição dos Setores da Economia


Descrição dos Setores da Economia Quantidade
Assistência Médica 9
Consumo Cíclico 20
Consumo não Cíclico 11
Energia 2
Imobiliária 6
Indústrias 18
Materiais Básicos 14
Serviços Acadêmicos e Educacionais 3
Serviços de Utilidade Pública 4
Tecnologia 4
Fonte: Elaborada pelos autores.

Para análise, inicialmente os dados coletados foram tabulados em planilhas eletrônicas


com utilização do software Excel©, a fim de organizá-los para os cálculos propostos,
posteriormente foi realizada a estatística descritiva, correlação, e por fim, os dados foram
operacionalizados por meio de regressão linear múltipla, pelo software STATA.
A tabela 3 apresenta a descrição das variáveis do estudo.
Tabela 3 – Descrição das Variáveis
Variável / Definição Operacionalização Coleta Autores
Variáveis Dependentes
Hanlon e
(𝐿𝐴𝐼𝑅𝑖𝑡 − [𝐷𝑒𝑠𝑝𝑡𝑟𝑖𝑏𝑖𝑡 ]/0,34) Heitzman (2010);
BTD Book-tax differences B3
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜𝑖𝑡 Ramalho e
Martinez (2014)

Alíquota efetiva sobre 𝐼𝑚𝑝_𝑑𝑖𝑠𝑡𝑖𝑡 Martinez e Motta


TRAV B3
o valor agregado 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟_𝑎𝑑𝑖𝑐_𝑎_𝑑𝑖𝑠𝑡𝑖𝑡 (2020)

Variável Independente
εit = resíduo da equação 2 (proxy para Refinitiv Demerjian et al.
HG Habilidade Gerencial
habilidade gerencial) Eikon® (2012)
Variáveis de Controle
Chen et al. (2010);
Ramalho e
Refinitiv
TAM Tamanho 𝐿𝑛(𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙𝑖𝑡 ) Martinez (2014);
Eikon®
Martinez et al.
(2014)
Chen et al. (2010);
Wu et al. (2012);
Retorno sobre os 𝐿𝐴𝐼𝑅𝑖𝑡 Refinitiv Ramalho e
ROA
ativos 𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙𝑖,𝑡−1 Eikon® Martinez (2014);
Martinez et al.
(2014);
Martinez et al.
Firma de Auditoria Dummy igual a 1 se a firma de auditoria é Refinitiv
BIG4 (2014); Marzuki e
Big Four Big Four e 0 caso contrário Eikon®
Syukur (2021)

𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 Refinitiv Brigham e


END Endividamento
𝐴𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 Eikon® Houston (2001)

Notas: LAIR: Lucro antes do imposto de renda. Desp_trib = despesa total combinada (imposto de renda +
contribuição social sobre o lucro líquido). Des_trib_corr = despesa corrente combinada. Imp_dist = distribuição a
título de impostos, taxas e contribuições; Valor_adic_tot_a_dist = valor adicionado total a distribuir. DFP:
Demonstrações Financeiras Padronizadas disponíveis no website da B3; DRE: Demonstração do Resultado do
Exercício; BP: Balanço Patrimonial; DVA: Demonstração do Valor Adicionado. Fonte: Elaborada pelos autores.

Como se vê na Tabela 3, a agressividade tributária foi mensurada por duas variáveis:


book-tax difference (BTD) e alíquota efetiva sobre o valor agregado (TRAV – tax rate on added
value). A BTD consiste na diferença entre o lucro contábil e o lucro tributável, escalada pelo
ativo total. Como usualmente acontece em pesquisas envolvendo tributação, não se tem acesso
à declaração de renda das empresas, motivo pelo qual o lucro tributável deve ser estimado a
partir da despesa com imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido reportado.
No caso, o lucro tributável foi estimado mediante a divisão da despesa total com tributos sobre
a renda pela alíquota estatutária de 34%.
A TRAV, por sua vez, é uma mensuração da agressividade tributária com base na
Demonstração do Valor Adicionado (DVA), consistindo na divisão do montante distribuído a
título de impostos pelo valor adicionado total a distribuir (Martinez & Motta, 2020). Trata-se
de uma medida não disponível na literatura internacional, uma vez que a obrigatoriedade da
DVA é específica ao contexto brasileiro. De certo modo, a TRAV captura a carga tributária a
que a empresa está sujeita, sendo similar, em alguns aspectos, às medidas derivadas da ETR.
A TRAV tem algumas peculiaridades que se deve destacar. Uma delas é o fato de essa
métrica, diferentemente da BTD, capturar não apenas os tributos sobre o lucro, mas também
outros tributos federais (tributos sobre o faturamento, contribuição previdenciária, entre
outros), além de tributos estaduais e municipais. Outra peculiaridade é o fato de que a empresa
deve informar na DVA, como distribuições a título de impostos, apenas os valores devidos ou
já recolhidos. Ressalte-se que a interpretação da BTD difere da interpretação da TRAV: quanto
maior a BTD, maior é a agressividade tributária, ao passo que, quanto maior a TRAV, menor é
a agressividade.
Para a regressão utilizando a TRAV, foram excluídas as observações com valores
inconsistentes da proxy, ou seja, observações em que o valor adicionado total a distribuir era
zero, o que impossibilita o cálculo da TRAV. Além, das variáveis BTD e TRAV para capturar
a agressividade tributária, há a variável ETR, que consiste na razão entre a despesa corrente
com tributos sobre o lucro e o lucro antes do imposto de renda (LAIR), entretanto, não foram
apresentados os resultados quanto a esta variável, pois reduzia consideravelmente as
observações.
A variável independente utilizada neste trabalho é a habilidade gerencial. Segundo
Demerjian et al. (2012), para mensuração da habilidade gerencial são necessárias duas etapas.
Em primeiro lugar, uma análise envoltória de dados (DEA) para medir a eficiência das empresas
em relação à sua contraparte no mesmo subsetor. O DEA usa uma única saída (Output) e sete
entradas (Input) conforme equação (1) a seguir:

𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠
𝑚𝑎𝑥𝑣 𝜃 =
𝑣1 𝐶𝑃𝑉 + 𝑣2 𝐷𝑉𝐴 + 𝑣3 𝐼𝑀𝑂 + 𝑣4 𝐿𝐸𝑂 + 𝑣5 𝑃&𝐷 + 𝑣6 𝐴𝐺𝐼 + 𝑣7𝑂𝐴𝐼𝑁

Equação 1

Em que:
Output:
Vendas
Input:
CPV: Custos dos produtos vendidos;
DVA: Despesas de vendas e administrativas;
IMO: Imobilizado;
LEO: Leasing operacional;
P&D: Despesas com pesquisa e desenvolvimento;
AGI: Ágio adquirido;
OAIN: Outros ativos intangíveis.

Ao encontrar a eficiência das empresas, o segundo passo necessário é identificar o


resíduo com base na equação (2) a seguir:

𝐸𝐸𝑖𝑡 = 𝛼0 + 𝛼1 𝐿𝑁(𝐴𝑇)𝑖𝑡 + 𝛼2 𝑃𝑀𝑖𝑡 + 𝛼3 𝐹𝐶𝐿𝑖𝑡 + 𝛼4 𝐿𝑁(𝐼𝐷)𝑖𝑡 + 𝛼5 𝐶𝑆𝑁𝑖𝑡 + 𝛼6 𝐼𝑉𝐶𝑖𝑡


+ ∑ 𝑒𝑓𝑒𝑖𝑡𝑜_𝑓𝑖𝑥𝑜_𝑠𝑒𝑡𝑜𝑟𝑡 + 𝜀𝑖𝑡
Equação 2
Em que:
EEit = eficiência da empresa i no período t;
LN(AT)it = logaritmo natural do ativo total da empresa i no período t;
PMit = participação de mercado da empresa i no período t;
FCLit = fluxo de caixa livre da empresa i no período t;
LN(ID)it = logaritmo natural da idade da empresa;
CSNit = indicador de concentração do segmento de negócios da empresa i no período t;
IVCit = indicador de ajuste de variação cambial da empresa i no período t;
εit = resíduo da equação (proxy para habilidade gerencial).
Os ativos totais são o valor contábil dos ativos. A participação de mercado é a
porcentagem das vendas das empresas em relação às vendas totais de cada subsetor. O fluxo de
caixa livre é o fluxo de caixa da operação menos as despesas de capital, onde se atribui uma
variável dummy 1 se o fluxo de caixa livre for positivo e 0 caso contrário. Idade é o número de
anos em que as empresas estão listadas na Bolsa de Valores B3. Concentração por segmento de
negócios é o valor médio da concentração por segmento. O indicador de moeda estrangeira é
uma variável dummy onde pontua 1 se a empresa reportar um valor diferente de zero para ajuste
em moeda estrangeira e 0 caso contrário.
Por fim, o estudo adotou como variáveis de controle o tamanho, retorno sobre os ativos,
Big Four e endividamento. Empresas com maior ROA têm maiores incentivos para empreender
atividades de planejamento tributário agressivo (Chen et al., 2010). E empresas com maior ativo
total (maior TAM) tendem a evitar a elisão fiscal devido aos custos sociais, políticos e
econômicos envolvidos, assim o tamanho afeta negativamente a agressividade tributária
(Zimmerman, 1983). A variável dummy BIG4 indica se a empresa foi auditada por uma das
quatro maiores empresas de auditoria do mundo (Deloitte, Ernst & Young, KPMG e
PricewaterhouseCoopers), o que sugere um maior monitoramento externo, o qual, limitaria a
agressividade tributária. Ainda, pode-se pressupor que quanto maior a agressividade das
organizações, maior é a tendência de elas recorrerem a recursos de terceiros para financiarem
suas atividades (Martinez & Martins, 2016). Assim, espera-se uma relação positiva entre o
endividamento e a agressividade tributária.
Devido à existência de outliers, que poderiam distorcer os resultados da pesquisa, as
variáveis BTD, TRAV, Tamanho, ROA e Endividamento foram winsorizadas a 1%. Assim, foi
operacionalizado os modelos da regressão linear OLS, com controle de ano e setor, conforme
equações a seguir:

𝐵𝑇𝐷 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐻𝐺 + 𝛽2 𝑇𝐴𝑀 + 𝛽3 𝑅𝑂𝐴 + 𝛽4 𝐵𝐼𝐺4 + 𝛽5 𝐸𝑁𝐷 + 𝜀


Equação 3

𝑇𝑅𝐴𝑉 = 𝛽0 + 𝛽1 𝐻𝐺 + 𝛽2 𝑇𝐴𝑀 + 𝛽3 𝑅𝑂𝐴 + 𝛽4 𝐵𝐼𝐺4 + 𝛽5 𝐸𝑁𝐷 + 𝜀


Equação 4

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Essa seção é destinada à apresentação e análise dos resultados. Primeiramente, são
apresentadas as estatísticas descritivas das variáveis da pesquisa. Após, apresenta-se a matriz
de correlação e os resultados das regressões, com o intuito de atender ao objetivo proposto na
pesquisa. A Tabela 4 apresenta a estatística descritiva das variáveis dependentes (BTD e
TRAV), variável independente de interesse (HG) e das variáveis de controle analisadas no
estudo.
Tabela 4 - Estatística descritiva das variáveis da pesquisa
Variáveis Média σ Mínimo Máximo
BTD 0,089 0,165 -0,400 1,049
TRAV 0,224 0,626 -10,894 1,314
HG 4.40e-10 0,149 -0,421 0,345
TAM 15,568 1,753 9,625 20,710
ROA 0,052 0,099 -0,376 0,573
BIG4 0,821 0,382 0 1
END 0,633 0,322 0,0917 3,323
Legenda: σ: desvio padrão. BTD: book-tax differences. TRAV: tax rate on added value. HG: habilidade gerencial.
TAM: tamanho. ROA: retorno sobre o ativo. BIG4: Big Four. END: Endividamento. Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme demonstrado na Tabela 4, percebe-se que a habilidade gerencial possui um


desvio padrão de 0,149, abaixo da média. A BTD apresentou média positiva de 0,089 e a TRAV
apresentou média positiva de 0,224 e as variáveis de controle TAM, ROA e END médias
positivas de 15,568, 0,052 e 0,633 respectivamente.
Em seguida, as Tabelas 5 e 6 apresentam a matriz de correlação de Pearson no triângulo
inferior e a matriz de correlação de Spearman no triângulo superior, para as amostras vinculadas
à BTD e à TRAV, respectivamente.

Tabela 5 - Correlações de Pearson e Spearman para a amostra vinculada à variável BTD


Var. BTD HG TAM ROA BIG4 END
BTD 1,00 0,362* -0,091 0,938* 0,044 -0,292*
HG 0,341* 1,00 -0,007 0,314* -0,219* 0,017
TAM -0,070 -0,002 1,00 -0,084 0,125* 0,336*
ROA 0,935* 0,316* -0,026 1,00 0,046 -0,390*
BIG4 0,090 -0,206* 0,149* 0,093* 1,00 -0,016
END -0,251* 0,081 0,055 -0,371* -0,151* 1,00
Níveis de significância: * p<0,05. BTD: book-tax differences. HG: habilidade gerencial. TAM: tamanho. ROA:
retorno sobre o ativo. BIG4: Big Four. END: Endividamento. Fonte: Dados da pesquisa.

A matriz de correlação dos dados indica que a variável BTD possui correlação positiva
e significativa com a habilidade gerencial e o ROA correlação negativa e significativa com
endividamento no triangulo inferior e superior. Ainda, pode-se observar uma correlação
positiva e significativa entre habilidade gerencial e ROA e negativa e significativa com Big
Four no triangulo inferior e superior. Entretanto, são correlações fracas e significativas apenas
a 5%.

Tabela 6 - Correlação de Pearson e Spearman para a variável TRAV


Var. TRAV HG TAM ROA BIG4 END
TRAV 1,00 0,095* -0,047 0,102* -0,050 -0,059
HG 0,113* 1,00 -0,007 0,341* -0,219* 0,017
TAM -0,026 -0,002 1,00 -0,084 0,125* 0,336*
ROA 0,056 0,315* -0,026 1,00 0,046 -0,390*
BIG4 -0,052 -0,206* 0,149* 0,093* 1,00 -0,016
END 0,062 0,081 0,055 -0,371* -0,151* 1,00
Níveis de significância: * p<0,05. TRAV: tax rate on added value. HG: habilidade gerencial. TAM: tamanho.
ROA: retorno sobre o ativo. BIG4: Big Four. END: Endividamento. Fonte: Dados da pesquisa.

Os dados da matriz de correlação da tabela 6 indicam que a variável TRAV, ao contrário


da tabela anterior, possui correlação positiva e significativa apenas com a varável de habilidade
gerencial no triangulo inferior, e no superior apresenta uma correlação positiva e significativa
com a habilidade gerencial e o ROA. Ainda pode-se observar uma correlação positiva e
significativa entre habilidade gerencial e ROA e negativa e significativa com Big Four no
triangulo inferior e superior em consonância com a tabela 5. Entretanto, são correlações fracas
e significativas apenas a 5%.
As matrizes de correlação apontam para uma correlação entre a habilidade gerencial e
a agressividade tributária, em consonância com H1. Destaca-se, contudo, que as matrizes de
correlação apresentam apenas resultados preliminares, os quais não podem ser tomados como
definitivos para se estabelecer a associação entre as variáveis. De modo geral, os dados das
Tabelas 5 e 6 demonstram que não há correlação elevada entre as variáveis independentes
analisadas, o que permite descartar possíveis problemas de multicolinearidade nos modelos de
regressão a seguir.
A Tabela 7 apresenta os resultados da regressão para a amostra vinculada à variável
BTD. Ressalte-se que foram realizados testes para se verificar a autocorrelação dos resíduos e
de multicolinearidade entre as variáveis, os quais não apontaram problemas, conforme valores
do teste Durbin-Watson e dos VIF. Para a estimação dos coeficientes, foi utilizada a regressão
robusta com efeitos fixos de tempo e setor, haja vista que o Teste de White indicou a
heterocedasticidade dos dados.

Tabela 7 - Resultado da regressão utilizando a BTD como proxy para a agressividade tributária
Variáveis Variável dependente: BTD
Coeficiente Estatística t. VIF
Constante 0,005 0.866
Habilidade Gerencial (HG) 0,040 0,043** 1,27
Tamanho -0,005 0,027** 1,34
ROA – Retorno sobre o ativo 1,593 0,000*** 1,55
Big Four 0,012 0,144 1,30
Endividamento 0,057 0,000*** 1,28
Significância do modelo 0,000***
R2 89,47
DW 2,051
N 455
Legenda: BTD: Book-Tax Differences. Níveis de significância: ** p<0,05; *** p<0,01.
Fonte: Dados da pesquisa.

Os resultados apontam que o modelo com base na BTD possui adequada significância
global (p-valor = 0,000) e um bom poder explicativo, haja vista o R2 de 89,47%. A estatística
de Durbin-Watson foi um pouco superior a 2, indicando que os resíduos não estão
autocorrelacionados.
A Tabela 7 indica um valor positivo e significativo para a variável HG (0,040),
sugerindo que a habilidade gerencial está positivamente associada à agressividade tributária, o
que confirma a H1, comprovando que a habilidade gerencial influencia a agressividade
tributária de empresas brasileiras, neste caso, aumentando a agressividade. O coeficiente da
variável ROA apresenta valor positivo e significativo (1,593), indicando que quanto maior o
retorno sobre o ativo maior a agressividade tributária. A tabela 7 ainda apresenta coeficiente
positivo e significativo (0,057) para a variável endividamento, indicando que quanto maior a
agressividade das organizações, maior é a tendência de elas recorrerem a recursos de terceiros
para financiarem suas atividades. Já a variável tamanho, apresenta coeficiente negativo e
significativo (-0.005), indicando que o tamanho da empresa está associado a uma menor
agressividade tributária.
O sinal positivo e significativo entre BTD e HG implica que a habilidade gerencial tem
um papel importante na determinação das práticas de elisão fiscal. Portanto, quanto maior a
capacidade, maior será a elisão fiscal. A pesquisa realizada por Lee & Yoon (2020) fornece
evidências de que os gestores exercem influência crucial e afetam o planejamento tributário das
organizações, estando fortemente relacionados às práticas de elisão fiscal. Este resultado do
estudo também corrobora com diversas pesquisas anteriores que afirmam que a habilidade
gerencial está positivamente associada à elisão fiscal, determinando o nível em que a
organização se envolve em práticas de elisão fiscal (Dyreng et al., 2010; Wu et al., 2012;
Armstrong et al., 2015; Koester et al., 2017; Tang et al., 2017; Saragih & Hendrawan, 2021).
Gerentes mais capazes estão associados a uma maior elisão fiscal porque eles têm uma
compreensão profunda do negócio, do ambiente e das oportunidades que sua empresa tem. Tais
condições permitem que os gestores conduzam estratégias de elisão fiscal mais eficazes
(Koester et al., 2017). Portanto, os resultados do estudo se alinham a visão tradicional sobre a
elisão fiscal e a habilidade gerencial, onde gestores mais capazes conseguem aumentar o valor
da empresa utilizando recursos limitados de forma eficiente em todas as operações da
organização, inclusive com planejamentos tributários mais agressivos (Demerjian et al., 2012).
De acordo com a teoria da agência, os acionistas desejam mais lucro, portanto, estão dispostos
a pagar mais aos gestores para agir de acordo com seus objetivos. Assim, o lucro que os
acionistas desejam pode ser obtido evitando impostos, por exemplo, quanto menos encargos
tributários forem pagos, mais participação nos lucros os acionistas terão.
Ainda podemos observar que o tamanho da empresa apresenta resultado negativo e
significativo, demonstrando que quanto maior a empresa menor é a agressividade tributária,
resultado similar ao apresentado por pesquisadores como Zimmerman (1983), que afirmam que
empresas com maior ativo total (maior TAM) tendem a evitar a elisão fiscal devido aos custos
sociais, políticos e econômicos envolvidos, assim o tamanho afeta negativamente a
agressividade tributária. Ainda, pode-se afirmar, que empresas maiores apresentam elementos
mais complexos, incluindo estruturas e hierarquias, bem como uma força de trabalho gerencial
maior (Brockman et al., 2016) e quanto maior o tamanho da empresa, mais consistente será a
habilidade gerencial que o gestor possui, bem como a remuneração que lhe é dada (Gabaix &
Landier, 2008) o que diminuiria a agressividade tributária da organização.
Além disso, a partir de estudos anteriores, verifica-se que quanto melhor o desempenho
da empresa, neste estudo representado pelo ROA, maior a probabilidade de ela estar envolvida
em planejamentos tributários agressivos (Saragih & Hendrawan, 2021). Ao observar a variável
ROA, pode-se perceber um resultado positivo e significativo, corroborando com resultados já
encontrado, como o de Chen et al. (2010) e Saragih e Hendrawan (2021), onde empresas com
maior ROA têm maiores incentivos para realizar atividades de planejamento tributário
agressivo. E pode-se afirmar, que para a amostra do estudo, quanto maior a agressividade, maior
é a tendência das empresas de recorrerem a recursos de terceiros para financiarem suas
atividades, corroborando com o estudo de Martinez e Martins (2016) ao afirmar que empresas
mais endividadas são mais agressivas.
Após efetuar a análise por meio da BTD, buscou-se realizar a regressão considerando
outra métrica de agressividade tributária, a TRAV. Ressalte-se que, em relação a essa regressão,
a interpretação dos sinais dos coeficientes deve ser feita de maneira invertida, uma vez que a
variável mensura a agressividade tributária de maneira inversa, ou seja, quanto maior a TRAV,
menor a agressividade tributária.
A Tabela 8 apresenta os resultados da regressão para a amostra vinculada à variável
TRAV. Ressalte-se que foram realizados testes para se verificar a autocorrelação dos resíduos
e de multicolinearidade entre as variáveis, os quais não apontaram problemas, conforme valores
do teste Durbin-Watson e dos VIF. Para a estimação dos coeficientes, foi utilizada a regressão
robusta com efeitos fixos de tempo e setor, haja vista que o Teste de White indicou a
heterocedasticidade dos dados.

Tabela 8 - Resultado da regressão utilizando a TRAV como proxy para a agressividade tributária
Variáveis Variável dependente: TRAV
Coeficiente Estatística t. VIF
Constante 0,302 0.001
Habilidade Gerencial (HG) 0,135 0,017** 1,27
Tamanho -0,016 0,007*** 1,34
ROA – Retorno sobre o ativo 0,087 0,554 1,55
Big Four 0,039 0,098 1,30
Endividamento 0,035 0,228 1,28
Significância do modelo 0,000***
R2 21,95
DW 2,186
N 455
Legenda: TRAV: tax rate on added value. Níveis de significância: ** p<0,05; *** p<0,01.
Fonte: Dados da pesquisa.

Os resultados apontam que o modelo com base no TRAV também possui adequada
significância global (p-valor = 0,000), com R2 de 21,95%. A Tabela 8 indica um valor positivo
e significativo para a variável de habilidade gerencial, indicando que ela está associada a uma
menor agressividade tributária, tendo em vista que quanto maior a TRAV, menor a
agressividade, confirmando então a H1, visto que existe uma influência da habilidade gerencial
na agressividade tributárias das empresas, mas neste caso, reduzindo a agressividade. O
coeficiente da variável tamanho foi negativo e significativo (-0,016), indicando que o tamanho
diminui a TRAV, o que significa que aumenta a agressividade tributária.
Assim, diferentemente do previsto, o tamanho da empresa aumenta as práticas de
agressividade tributária das empresas, mesmo com custos sociais, políticos e econômicos
envolvidos. Ressalta se que os resultados para a variável TRAV foram diferentes da variável
BTD, uma possível explicação para este resultado pode estar associada ao fato é que a variável
TRAV é uma métrica brasileira, que mensura a agressividade tributária com base na
Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
Após analisar as duas variáveis que determinam a agressividade tributária das
organizações, observou-se que a variável BTD apresentou resultado positivo e significativo
com a variável de habilidade gerencial, implicando que gestores mais habilidosos tem um papel
importante na determinação das práticas de elisão fiscal. Portanto, quanto maior a capacidade,
maior será a elisão fiscal. No entanto, este resultado não está de acordo com as pesquisas
realizada por Park et al. (2016), Huang et al. (2017), Huang e Sun (2017) e Lee e Yoon (2020),
que encontraram a associação negativa entre habilidade gerencial e elisão fiscal. Pois um
gerente de alta habilidade tem mais informações sobre o ambiente de negócios da empresa,
assim podem maximizar a produção por meio da utilização eficiente dos recursos limitados da
empresa (Baik et al., 2013; Demerjian et al., 2013; Park, 2013) sem estratégias agressivas que
possuem custos reputacionais.
Assim, em termos de contribuições, ao observar a variável BTD, reconhecida e utilizada
internacionalmente, o estudo reforça os achados anteriores, que também utilizaram métricas
semelhantes, indicando que a habilidade gerencial pode aumentar comportamentos fiscais
agressivos nas organizações (Dyreng et al., 2010; Wu et al., 2012; Armstrong et al., 2015;
Koester et al., 2017; Tang et al., 2017; Saragih & Hendrawan, 2021).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo propôs analisar a influência da habilidade gerencial na agressividade
tributária de empresas brasileiras e procura oferecer uma contribuição para a literatura sobre os
determinantes da agressividade fiscal e habilidade gerencial. De acordo com a literatura sobre
teoria da agência, os acionistas desejam mais lucro, assim, estão dispostos a pagar mais aos
gestores para agir de acordo com seus objetivos. O lucro pretendido pode ser obtido evitando
impostos, quanto menos encargos tributários forem pagos, mais participação nos lucros será
obtida pelos acionistas. A existência de capacidade gerencial tem efeito sobre a sobrevivência
da empresa.
Gestores com maior habilidade são capazes de obter e tomar decisões mais relevantes
para a empresa com as informações que são fornecidas. Os resultados do estudo, utilizando a
variável BTD para mensurar a agressividade tributária, mostram que a habilidade gerencial
influencia positivamente a agressividade das organizações. Assim, pode-se argumentar que os
gestores mais habilidosos podem aumentar as práticas de elisão fiscal das organizações,
confirmando a Hipótese H1, de que a habilidade gerencial influencia a agressividade tributária.
Os gerentes têm um papel importante e estratégico na tomada de decisões da organização,
dentre eles, as decisões sobre as práticas fiscais. E nesta amostra, pode-se perceber que diferente
de muitos pesquisadores, a habilidade gerencial aumenta a agressividade tributária das
organizações, da mesma forma que o ROA está positivamente e significantemente associado a
agressividade tributária. Assim, empresas com um melhor desempenho estão envolvidas em
planejamentos tributários mais agressivos.
Outro resultado encontrado pelo estudo é que empresas mais endividadas são mais
agressivas. Ainda, os resultados do estudo demonstram que o tamanho da empresa tem uma
influência negativa e significativa sobre a agressividade tributária. Quanto maior o tamanho da
empresa, menos a empresa se envolve em elisão fiscal. Assim, pode-se argumentar que os
custos sociais, políticos e econômicos envolvidos nas práticas tributárias agressivas
influenciam as decisões das organizações, e quanto maior a empresa, maior seus custos, o que
pode influenciar a tomada de decisão em relação aos impostos. Autores ainda argumentam que
quanto maior o tamanho da empresa, maior será a habilidade que o gestor possui, bem como a
remuneração que lhe é dada (Gabaix & Landier, 2008).
Entretanto, ao observar os resultados da regressão que utiliza a variável TRAV como
métrica de agressividade, os resultados são opostos, a habilidade gerencial diminui a
agressividade tributária e o tamanho aumenta a agressividade. Um possível motivo para
habilidade diminuir a agressividade é que gestor podem escolher por decisões menos agressivas
devido ao impacto negativo que isso poderia causar em sua reputação caso fossem descobertos.
Gestores habilidosos que estão inseridos em grandes empresas sabem que elas sofrerão grandes
consequências se forem agressivas em relação aos impostos, com pagamento de altas multas,
perda de confiança dos investidores e até falência. Assim, quando as empresas estão
enfrentando incertezas ambientais, estes gestores tomarão decisões menos agressivas em
relação aos impostos, escolhendo outras estratégias para diminuírem os custos da organização.
Nesta pesquisa, indica-se como resultado final o observado pela variável BTD, visto a
abrangência internacional, o que pode corroborar com os estudos anteriores, que também
utilizaram métrica semelhante. Destaca-se então, que quanto maior a habilidade gerencial do
gestor maior seria o nível de agressividade tributária adotada pela empresa, por ser considerada
como técnica auxiliar para alavancar os negócios das empresas, melhorar o desempenho, sem,
entretanto, infringir leis, uma vez que a agressividade tributária é uma técnica de elisão fiscal.
Assim, o estudo ao demonstrar associação significativa entre os fenômenos e sinal positivo,
pela apresentação de evidências de empresas brasileiras, e que apresentam alta carga tributária,
contribui com a literatura nacional e internacional, corroborando com os estudos desta linha,
que indicam que gestores com habilidade gerencial adotam maiores níveis de técnicas para
agressividade tributária. Infere-se que em cenário de alta carga tributária, as empresas possuem
gestores habilidosos para adotar técnicas de elisão fiscal, como a agressividade tributária.
Apesar do rigor científico e dos cuidados metodológicos, a pesquisa apresenta
limitações. Em primeiro lugar, uma das destas limitações refere-se à métrica utilizada para
mensurar a habilidade gerencial, utilizou-se a metodologia desenvolvida por Demerjian et al.
(2012) já validado e adotado por outros estudos posteriores, entretanto, existem outras métricas
apontadas na literatura que poderiam ser utilizadas em pesquisas futuras. Outra limitação da
pesquisa se refere as métricas BTD e TRAV, utilizadas para mensurar a agressividade tributária,
visto que apresentaram resultados diferentes, estudos futuros podem replicar a pesquisa com
estas variáveis e acrescentar novas, como a ETR, para confirmar e comparar os resultados deste
estudo. Ainda pode-se destacar como limitação a utilização de dados no período da pandemia,
que podem ter influenciado os resultados pela variação que as empresas sofrerem neste período.
Recomenda-se, ainda, ampliar o número de empresas pesquisadas e utilizar outros
períodos de tempo, a fim de identificar tendências acerca da agressividade tributária das
organizações, bem como da habilidade gerencial. Ademais, seria interessante investigar a
influência da habilidade gerencial em outras variáveis como desempenho empresarial, ciclo de
vida, assimetria de custos, impacto dos contextos institucionais e afins.

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