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XIV Congresso de Administração e Contabilidade

23, 24 e 25 de outubro/2023 – on-line

ESG E AGRESSIVIDADE TRIBUTÁRIA EM EMPRESAS DA B3 SOB A ÓTICA DA


TEORIA DA LEGITIMIDADE

Caio Arruda Souza Henriques - Mestrando


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
e-mail: caio.henriques@ufpe.br

Mauricio Assuero Lima de Freitas – Doutor


Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
e-mail: mauricio.lfreitas@ufpe.br

RESUMO
Este trabalho explorou a relação entre práticas sustentáveis e a gestão tributária das empresas não
financeiras listadas na B3, para tanto, teve por objetivo analisar a influência dos escores ESG global,
Environmental, Social e Governance sobre a agressividade tributária daquelas entidades. Assim, a
pesquisa compreendeu o período de 2012 a 2021 e considerou uma amostra que contemplou 509
observações, sendo 101 empresas não financeiras listadas na B3. A análise foi empreendida com a
utilização de dois modelos econométricos, um com o book-tax-difference (BTD) como variável
dependente e outro com a effective-tax-rate (ETR) como variável dependente, com 4 diferentes
regressões para cada um deles, cada uma delas utilizando-se de um dos 4 escores ESG, cuja técnica
aplicada foi a de dados em painel. Os resultados não indicaram relação dos escores ESG global e
Environmental em nenhuma das 8 regressões, rejeitando-se assim as duas Hipóteses propostas. Todavia
houve relação negativa do escore Governance com a agressividade tributária, tanto para o modelo com
o BTD como também para o modelo com a ETR. Já o escore Social apresentou relação positiva com a
ETR. Uma constatação adicional é o fato de que, assim como já observado em outros estudos, a
tributação efetiva média observada para o período estudado teria sido em torno de 25,90%, exibindo um
nível inferior à nominal, cuja alíquota é de 76,18%.

Palavras-chave: ESG, Book-tax-difference, Effective-tax-rate.


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1 Introdução
As declarações de missão das empresas mudaram ao longo dos anos. Se antes houve um debate
sobre a maximização do lucro de curto prazo, hoje o foco mudou para uma versão mais sustentável e
dirigida para o longo prazo. Há interesse de gerentes e diretores considerarem simultaneamente questões
de sustentabilidade pertinentes enquanto se esforçam para construir negócios de sucesso. Nesse
contexto, alguns investidores podem incorporar aspectos ambientais, sociais e de governança
corporativa (ESG - Environmental, Social and Governance), além de considerações de risco e retorno
ao avaliar as empresas investidas. A inclusão de informações não financeiras, além do desempenho
financeiro corporativo, amplia o escopo da análise de investimentos e tomada de decisão (Johnson et
al., 2019).
Os dados ESG têm como finalidade a divulgação por parte de emissores de títulos de
informações de gestão ambiental, social e de governança de forma abrangente, oportuna e precisa para
que o mercado tenha um julgamento racional do valor do investimento a fim de salvaguardar os direitos
e interesses dos acionistas ou credores (Zhao et al., 2018). O papel das informações ESG nos negócios
já passou por muitas mudanças, sendo discutido na literatura acadêmica há mais de 35 anos. Mais
recentemente, incentivadas ativamente pelas expectativas do público e pela pressão regulatória, essa
área assumiu uma função central na gestão dos negócios (Zuraida et al., 2014).
Em uma perspectiva da governança corporativa, o desempenho com ESG está em duas
abordagens básicas: em primeiro lugar, a consciência das vantagens do reporte voluntário adicional em
relação às exigências de algumas normas específicas do código de governança corporativa e até mesmo
além dos requisitos mínimos, o que pode gerar valor agregado para as empresas e cobrir de certa forma
os custos de implementação dos conceitos de desenvolvimento sustentável, não alterando assim a
eficiência geral do negócio; em segundo lugar, uma abordagem integrada do desenvolvimento
sustentável pode gerar uma eficiência geral maior do que a soma das eficiências individuais trazidas
pela abordagem separada das três dimensões do desenvolvimento sustentável (Oncioiu, et al., 2020).
Ainda, a literatura sobre práticas de ESG adota diferentes perspectivas teóricas. Neste estudo,
será adotada a ótica da teoria da legitimidade fundamentar a escolha das empresas pelas práticas ESG
e a relação destas práticas com a agressividade tributária. Isso se deve ao fato que de acordo com a
referida teoria, as empresas só podem sobreviver se a sociedade acreditar que a entidade está operando
de acordo com as expectativas almejadas. Desta maneira, as práticas de ESG são usadas como
ferramentas para que a empresa possa transmitir uma imagem socialmente consciente e se engajar em
comportamento aceitável em termos de expectativas dos stakeholders (Baldini et al., 2018).
Por outro lado, trabalhos acadêmicos veem evidenciando que as grandes empresas estão cada
vez mais interessadas em ter uma postura mais agressiva em sua gestão tributária, desenvolvendo
práticas agressivas ao interpretar zonas duvidosas da legislação tributária com fins de reduzir seus custos
com tributos (Hanlon & Heitzman, 2010). Esse comportamento corporativo mais agressivo no
planejamento tributário, ou gestão tributária, é denominado tax aggressiveness (TAG) (Lanis &
Richardson, 2012b). Vale ressaltar que TAG não é o mesmo que evasão fiscal. Mesmo assim, as práticas
de TAG são contrárias à essência da legislação, embora frequentem o ambiente legal (Martinez, 2017).
Já a evasão fiscal é considerada uma conduta, sem dúvida, ilegal (Fisher, 2014).
Nota-se, então, que a gestão tributária de uma entidade pode estar em um continuum entre o
perfeitamente legal e o totalmente ilegal. Por sua vez, o tax agressiveness vai estar inserido em uma
zona cinzenta entre aqueles dois, convivendo com partes da legislação e das normas tributárias que ainda
são alvo de dúvidas jurídicas, embora suponha-se que essas práticas tributárias agressivas frequentem
mais a fronteira entre a zona cinzenta e o totalmente ilegal (Hanlon & Heitzman, 2010).
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O planejamento tributário tem, então, o objetivo de elevar a riqueza a ser distribuída aos
acionistas e elevar a geração de valor da empresa (Scholes et al., 1992). Assim, do ponto de vista dos
acionistas, o planejamento tributário aumenta a criação de valor corporativo, minimizando as despesas
com tributos (Hanlon & Slemrod, 2009). Todavia, apesar das vantagens financeiras que o planejamento
tributário pode promover, é necessário que a administração avalie se o bônus da prática excede o ônus
dos custos explícitos e dos implícitos existentes (Hanlon & Heitzman, 2010).
Pode-se definir custos explícitos como os relacionados a todos as despesas necessárias para a
gestão tributária, as quais incluem mão de obra qualificada, sistemas de informação, coordenação
estratégica entre os centros de negócios, gastos com auditoria, entre outras. Já os custos implícitos não
necessariamente demandam saída de caixa, a exemplo dos ligados à reputação corporativa, que está
relacionada à maneira como a sociedade enxerga a atuação da entidade (Cruz & Lima, 2010). Essas
práticas podem, dessa maneira, gerar custos relevantes para a sociedade devido ao não pagamento dos
tributos devidos pela entidade. Esse é o principal motivo para considerar as iniciativas corporativas de
TAG socialmente irresponsáveis (Erle, 2008).
Por sua vez, as iniciativas ESG geralmente são motivadas por um propósito de aumentar o perfil
das considerações éticas nos negócios. Na maioria dos casos, essas iniciativas são impulsionadas pela
responsabilidade social corporativa (RSC), um conceito de gestão que integra preocupações sociais e
ambientais nas operações de negócios e interações com as partes interessadas (Yoon et al., 2021). Desta
forma, seria possível supor que a adoção de práticas sustentáveis poderia servir de contenção à gestão
tributária agressiva e os riscos e custos associados a uma gestão tributária mais temerária. Dito isso, esta
pesquisa procurou estudar a relação entre as práticas ESG e o nível de agressividade tributária.
Com base nas ideias já apresentadas nos parágrafos anteriores, algumas pesquisas investigaram
empiricamente se o compromisso corporativo com a RSC está alinhado com práticas tributárias menos
agressivas (Hanlon; Heitzman, 2010; Lanis & Richardson, 2012b). Esta relação pode até parecer uma
dicotomia, afinal o planejamento tributário e também as práticas ESG buscam criar valor corporativo e
um maior retorno aos acionistas (Hanlon & Slemrod, 2009). Assim, pode haver a dúvida: Por quê o
compromisso com práticas sustentáveis implicará em uma menor agressividade tributária? Isto é
possível visto que um potencial dano à reputação da empresa é um fator importante na decisão de
implementar estratégias de planejamento tributário (Graham et al., 2014), ou seja, embora o
planejamento tributário possa criar valor para a empresa por meio da redução dos custos tributários, uma
maior agressividade na gestão tributária pode ser mal-vista pela sociedade.
Além disso, as práticas ESG visam a sustentabilidade da empresa, ou seja, enxergam os retornos
a longo prazo que a entidade pode produzir, enquanto a gestão tributária agressiva procura criar valor
se utilizando de práticas nem sempre morais em sua essência (Hanlon & Heitzman, 2010). Ainda mais,
algumas lacunas interessantes de pesquisa sobre a relação CSR-TAG (ESG-TAG) permanecem não
resolvidas, resultando em uma compreensão limitada de como as corporações acomodam suas práticas
TAG dentro de sua abordagem RSC. Isso é abordado por pesquisas anteriores, que apontam que a
ligação entre o TAG corporativo e o desempenho de RSC não foi feita claramente. Da mesma forma,
Hasseldine e Morris (2013) argumentam que mais pesquisas são necessárias para fornecer uma melhor
compreensão da relação entre o compromisso corporativo com a RSC e o engajamento do TAG.
Ademais, este trabalho pode indicar elementos para uma melhora da relação das empresas com
o contexto ao qual elas estão inseridas, incluindo um ambiente mais estável. Já para o fisco, este trabalho
pode fornecer informações para ocorrência de aprimoramentos nos mecanismos de controle e
fiscalização, visto que as práticas ESG podem ser utilizadas como um meio para ofuscar agressividade
tributária por parte de algumas gestões (greenwashing). O trabalho justifica-se em razão da temática
envolver empresas listadas na B3, que são alvos de forte regulamentação e fiscalização, e também por
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sua colaboração para ampliação do conhecimento acadêmico acerca das escolhas das companhias
listadas na B3 no que diz respeito a práticas de sustentabilidade e a gerenciamento tributário, além de
que pode servir para confirmar pressupostos teóricos da literatura. Ademais, a pesquisa também
contribui para a temática da pesquisa no âmbito nacional.
Frente ao conteúdo apresentado, este trabalho procura entender as nuances das variáveis ESG e
apresentar suas particularidades em relação aos índices de agressividade tributária (ETR e BTD). Além
disso, busca também ampliar o campo de pesquisas tributárias estudando os possíveis impactos de
práticas ESG no planejamento tributário das empresas listadas na B3, contribuindo para tanto para a
temática do planejamento tributário como para a de práticas ESG da pesquisa no âmbito nacional. Desta
forma, o trabalho busca responder a seguinte questão: Qual a influência da prática de ESG na
agressividade tributária de empresas abertas no Brasil?
Assim, tendo como suporte os estudos já realizados acerca da relação de variáveis de
sustentabilidade empresarial com o planejamento tributário ou com a agressividade tributária, o presente
estudo investiga, sob um caráter exploratório e à luz da teoria da legitimidade, se a agressividade
tributária, representada pela taxa efetiva de imposto (ETR) e pela book-ta-difference (BTD), poderia ser
explicada pelos índices relacionados às práticas ESG – Ambiental (Environmental), Social (Social) e
Governança Corporativa (Governance).
2 Revisão de Literatura
2.1 Teoria da Legitimidade
A legitimidade é definida como uma percepção generalizada ou suposição de que as ações de
qualquer entidade são desejáveis ou adequadas dentro de algum contexto socialmente construído de
normas, valores e crenças, tal contexto é algo maior e mais compartilhado do que a mera autopercepção
(Suchman, 1995). Dito isto, nota-se que a teoria da legitimidade enfatiza a importância da aceitação
social para garantir a sobrevivência de uma empresa (Singh et al., 1986), ou seja, de acordo com a teoria
da legitimidade, as empresas só podem sobreviver se a sociedade acreditar que a entidade está operando
em acordo com as expectativas vigentes.
A teoria da legitimidade, então, é construída sobre uma visão sociopolítica e sugere que as
empresas enfrentam pressão social e política para preservar sua legitimidade cumprindo seu contrato
social (Rezaee, 2016). De fato, as organizações buscam legitimidade por muitas razões, a exemplo da
pressão pública e da atenção negativa da mídia frente a escândalos relacionados à governança
corporativa, ao meio-ambiente ou questões sociais, incluindo questões tributárias (Walden & Schwartz
1997; Hahn & Kuhnen 2013).
A teoria da legitimidade pode sugerir, então, que o planejamento tributário agressivo é uma
violação do contrato social (ou seja, empresas que pagam menos impostos não estão pagando sua “parte
justa”), levando à previsão de que as empresas com uma gestão tributária mais agressiva divulgarão
mais informações contábeis em um esforço para reter ou recuperar sua legitimidade (Hardeck e Kirn,
2016; Hardeck et al., 2020). Desta forma, a busca por legitimidade pode incentivar as empresas a tentar
ofuscar práticas empresariais duvidosas por meio de bons índices ambientais ou outras atividades
socialmente corretas (Yu et al., 2020). Por exemplo, há estudos sobre se as práticas de responsabilidade
social e corporativa possuem relação com práticas tributárias agressivas (Hanlon; Heitzman, 2010; Lanis
& Richardson, 2012b; Mao, 2019).
Por outro lado, boas práticas ESG e uma maior prudência no manejo dos tributos também
podem ser justificadas por este desejo da firma de se mostrar legítima. Afinal, a legitimidade
proporciona um público mais propenso a fornecer recursos para as entidades que pareçam desejáveis,
adequadas ou apropriadas. Ao mesmo tempo, a legitimidade afeta também como as pessoas entendem
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a entidade (credibilidade). Assim, o público percebe a organização legítima não apenas como mais
valiosa, mas também como mais significativa, previsível e confiável (Suchman, 1995).
Suchman (1995) explica, ainda, que se uma organização simplesmente deseja que um
determinado público a deixe em paz, o patamar de legitimação pode ser bastante baixo e a exigência
pode ser apenas que a atividade organizacional “faça sentido”. Desta forma, para a legitimidade por
apoio passivo, a organização precisa apenas comportar-se com alguma categoria não problemática de
atividade social como, por exemplo, fazer negócios. Por outro lado, se uma organização busca
intervenção prolongada do público, expondo sua imagem em maior quantidade, especialmente se
envolver concorrentes, as exigências de legitimidade podem ser realmente rigorosas, ou seja, ela não
precisa apenas “fazer sentido”, mas “ter valor”.
É importante, então, estudar não apenas a extensão e a qualidade atuais da divulgação para
determinar as melhores práticas, mas também os fatores que são influenciados pelas práticas de
responsabilidade social. Visto que, o não cumprimento das expectativas da sociedade pode resultar
na imposição de sanções na forma de restrições às operações, recursos e demanda da empresa
por seus produtos. Os pesquisadores sociais e ambientais, em particular, tendem a utilizar a
teoria da legitimidade para explicar por que a administração corporativa empreende certas
ações, como disponibilizar informações sociais e ambientais como parte de sua estratégia de
negócios (Lokuwaduge & Heenetigala, 2016).
Nota-se que pesquisas na área vêm empregando a teoria da legitimidade para explicar como as
características no nível da empresa influenciam os níveis de divulgação ESG, além do mais, a teoria da
legitimidade é importante para explicar as motivações por trás da divulgação social corporativa (Adams
et al. 1998). Este artigo, portanto, procura explorar alguns dos fatores relacionados às práticas tributárias
e os impactos causados pelas práticas ESG na gestão tributária da entidade sob a ótica da teoria da
legitimidade.
2.2 Estudos anteriores
Pesquisas anteriores sugerem que a tendência das empresas de evitar impostos, melhor
representada pela BTD, é motivada por uma ampla variedade de fatores (Yoon et al., 2021). Os aumentos
na compensação de incentivos fiscais tendem a reduzir o nível de proteção fiscal, levando à conclusão
de que as atividades de elisão fiscal são cada vez mais centrais para a tomada de decisões financeiras
corporativas (Desai & Dharmapala, 2006).
Na prática, uma ampla variedade de partes interessadas, como empresas de consultoria de gestão
e investidores, adota as pontuações ESG como um índice importante para entender o desempenho geral
de RSC de uma empresa (Yoon et al., 2021). Como já mencionado, supõe-se que um maior engajamento
em práticas de RSC implica em uma menor tendência de agressividade fiscal. RSC é a crença sobre o
curso ideal das ações empresariais. Por exemplo, empresas com atividades de RSC excessivamente
irresponsáveis têm uma maior probabilidade de se envolver em atividades de proteção fiscal e maiores
diferenças fiscais permanentes/discricionárias (Hoi et al., 2013).
Pesquisas envolvendo empresas internacionais reforçam o argumento sobre uma relação
negativa entre sustentabilidade corporativa e planejamento tributário. Por exemplo, González et al.
(2019) constataram que o desempenho das empresas nas áreas social e ambiental está negativamente
relacionado com a elisão fiscal, o que pode significar que as empresas com desempenho socialmente
responsável apresentam uma menor tendência a práticas que reduzam os tributos corporativos.
Yoon et al. (2021) encontraram uma relação negativa entre os escores ESG e a agressividade
tributária, além de uma relação mais significativa entre a escore social do ESG e a tendência de evitar
impostos. Os autores usaram o book-tax-difference (BTD) como a variável proxy para a tendência de
evitar impostos. Especificamente, a soma das pontuações ESG demonstrou ter uma relação
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significativamente negativa com o BTD em toda a análise da amostra e o poder explicativo do escore
social na redução da tendência de evasão fiscal foi o mais substancial, independentemente das escolhas
amostrais.
Ortas e Álvarez (2020) estudaram a relação entre a TAG das empresas e o desempenho RSC
por meios dos escores Environment, Social e Governance. A pesquisa examinou 2.696 empresas
distribuídas em 30 países e sete setores no período de 2002 a 2014. Os resultados também indicaram
haver uma relação negativa do desempenho da RSC nos níveis de TAG das empresas.
Por outro lado, Mao (2019) identificou que as empresas que apresentam bons escores de RSC
são mais agressivas em seu planejamento tributário, engajando-se em atividades de RSC como uma
estratégia de gerenciamento de risco tributário, isto é, os gerentes utilizam a boa reputação causada pelos
bons escores relacionados à RSC para omitir práticas tributárias agressivas. O autor utilizou um modelo
Probit e análise de regressão com cerca de 20.000 empresas chinesas listadas de 2009 a 2016, estudando
o impacto das práticas de CSR na gestão tributária.
Lanis e Richardson (2012a) encontraram resultado semelhante ao de Mao (2019), no trabalho
desses autores foi evidenciado uma relação positiva e consistente entre os níveis de divulgação de RSC
e a agressividade fiscal, o que indica que a quanto mais agressiva é a gestão tributária de uma empresa,
maior é usa divulgação relacionada à RSC. Vale salientar que os autores exploraram o impacto das
variáveis de TAG nas práticas de RSC das firmas australianas entre 2001 e 2006, sendo 40 empresas:
20 empresas agressivas com impostos e 20 empresas não agressivas com impostos.
Curiosamente, esses mesmos autores encontraram um resultado diferente ao utilizar outra base
de dados e outro modelo econométrico ao investigarem a associação entre RSC e agressividade tributária
corporativa (Lanis & Richardson, 2012b). Com base em uma amostra de 408 empresas australianas de
capital aberto para o ano financeiro de 2008/2009, os resultados de regressão indicaram que quanto
maior o nível de divulgação de RSC de uma empresa, menor é o nível de agressividade fiscal. Descobriu-
se, desta maneira, que uma associação negativa e estatisticamente significativa entre divulgação de RSC
e agressividade fiscal ocorre em várias especificações de modelos de regressão diferentes, portanto,
empresas mais socialmente responsáveis provavelmente têm uma natureza menos agressiva em termos
fiscais.
Diante das pesquisas apresentadas, nota-se que os resultados podem variar a depender do
contexto estudado, podendo indicar que outros fatores podem explicar a relação entre boas práticas de
sustentabilidade e o nível de agressividade tributária. Porém, conforme apresentado no tópico sobre
legitimidade (Singh et al., 1986; Suchman, 1995; Rezaee, 2016) e espelhando-se nos resultados das
pesquisas de Lenis e Richardson (2012b), Ortas e Álvarez (2020), Yoon et al. (2021), espera-se neste
trabalho que empresas com melhores escores ESG tenham práticas de gestão tributária menos
agressivas, inspiradas nos princípios da governança corporativa relacionados com a ética e a
transparência, visando maximizar os resultados para as partes interessadas e se consolidar como uma
entidade legítima perante a sociedade. Neste contexto, são estabelecidas as seguintes hipóteses da
pesquisa:
H1: Há relação negativa da prática de ESG no book-tax-difference (BTD) de empresas
abertas no Brasil.
Um valor menor de BTD implica em menor probabilidade de elisão fiscal, pois significa que o
lucro tributável de uma empresa é maior que seu lucro líquido em determinado exercício fiscal. Se uma
empresa deseja evitar impostos, ela reduz o lucro tributável tanto quanto possível, o que acaba induzindo
um valor BTD positivo (Yoon et al., 2021).
Book-tax-difference indica a distância entre a base de cálculo tributária do que a empresa pagou
de tributos sobre a renda e a alíquota nominal do que se espera que ela pague, assim, quanto maior essa
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distância, maior será a agressividade tributária da entidade. Dito isto, ao ter bons escores ESG, entende-
se que a empresa terá uma menor distância entre o que pagou de tributos e o que deveria ser pago, por
isto espera-se uma relação negativa entre as variáveis que representam a sustentabilidade (ESG) e a
variável que representa a agressividade fiscal (BTD).
H2: Há relação positiva da prática de ESG no effective tax rate (ETR) de empresas abertas
no Brasil.
Effective tax rate indica a alíquota do tributo que foi, de fato, pago pela firma para o governo,
enquanto a alíquota nominal seria o valor que deveria ser pago. Desta maneira, supõe-se que quanto
maior for o escore ESG da firma, maior será o tributo pago de fato para o governo.
3. Metodologia
O presente estudo investiga se as práticas ESG podem influenciar atitudes mais ou menos
agressivas em relação ao planejamento tributário das empresas de capital aberto brasileiras, a saber,
representado pela taxa efetiva de imposto sobre a renda (ETR) e pelo book-tax-difference (BTD). Este
trabalho utilizou, para isso, uma análise quantitativa contendo dados secundários. A pesquisa
quantitativa busca analisar os dados de forma estruturada, o que permite identificar uma possível
influência das variáveis estudadas.
Ademais, considerando a literatura envolvendo o impacto de práticas relacionadas à
sustentabilidade empresarial no planejamento tributário das empresas, bem como pressupostos da teoria
da legitimidade, apresentados e brevemente discutidos no referencial teórico, buscou-se conhecer a
relação das práticas ESG com a ETR e o BTD nas empresas brasileiras abertas.
3.1 Dados da Pesquisa
Desta forma, para analisar o efeito da sustentabilidade corporativa no planejamento tributário
das empresas abertas brasileiras, o estudo coletou as informações da base de dados Refinitiv Eikon®,
nos períodos que compreendem os anos de 2012 a 2021. Escolheu-se o exercício de 2012 pois foi neste
ano que a Brasil, Bolsa, Balcão (B3) passou a recomendar às empresas listadas que incluíssem, em seus
relatórios anuais, o “Relate ou Explique para Relatório de Sustentabilidade ou Integrado”.
A população compreendeu as empresas listadas na B3, excluindo-se as empresas classificadas
como do setor financeiro, conforme classificação setorial da Refinitiv Eikon®, devido as suas
particularidades em relação às práticas contábeis e à legislação tributária. Ademais, a amostra inicial
era composta por 4820 observações, sendo 482 empresas. Assim, foram excluídas 770 observações
devido às observações empresas-ano serem de empresas classificadas como do setor financeiro, as quais
precisam ser excluídas da amostra devido as suas particularidades relativas às normas contábeis e à
legislação tributária. Também foram excluídas 3317 observações pela ausência de informações no
período de estudo, a exemplo da falta de valores dos índices ESG, do Ativo Total ou do Imposto de
Renda (IR). Estas exclusões foram realizadas com o objetivo de não enviesar os resultados da pesquisa.
Foram também excluídas as observações com LAIR menor que zero, Lucro líquido menor que
zero ou IR menor que zero, pois a ETR de empresas com LAIR menor que zeronão representa uma
despesa fiscal efetiva, mas um eventual espelho de situações de postergação ou antecipação de tributos
de outros períodos, permitidas pelo sistema tributário. Desta forma, não podem ser comparadas com
ETR’s de exercícios em que a empresa auferiu lucro e apurou tributos. Assim, foram retiradas 224
observações da amostra que possuíam o LAIR negativo, o Lucro Líquido Negativo ou, então, o IR
negativo. Esta situação pode decorrer de ressarcimentos de créditos tributários, gerando tributação
líquida negativa. Mais uma vez, isto não representa uma carga tributária efetiva de tributos sobre o lucro,
mas o recálculo de tributos pagos e a geração de valores a restituir ou compensar (Zimmerman, 1983).
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Tabela 1: Quantidade de Observações excluídas


Motivo da Exclusão da Observação Número de observações excluídas
Empresa-ano do setor financeiro 770
Empresa-ano com falta de dados 3317
LAIR, Lucro Líquido ou IR menor que zero 224
Total de exclusões 4311
Fonte: Elaborado pelos autores

Após as exclusões, a amostra final resultou em 509 observações, sendo 101 empresas, para o
período de 2012 a 2021, apresentando-se de forma desbalanceada, pois há dados faltantes referentes a
algumas das variáveis explicativas. A tabela a seguir apresenta a quantidade para cada ano:
Tabela 2: Número de observações por ano na amostra final
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
38 43 48 41 42 51 52 52 67 75
Fonte: Elaborada pelos autores

3.2 Variáveis e Modelos Econométricos


A escolha das variáveis é baseada em fatores considerados por Salamon e Siegfried
(1977), Jensen e Meckling (1978), Zimmerman (1983), Gupta e Newberry (1997), Pohlmann e Iudícibus
(2010), Santos et al. (2013), Mao (2019), Fonseca (2020), Yoon et al. (2021).
A relação dos escores ESG com o book-tax-difference esperada é negativa (Mao,
2019; Ortas & Álvarez, 2020; Yoon et al., 2021), pois a relação estudada, de fato, é entre os escores
ESG e a agressividade tributária. Desta forma, quanto maior o BTD, maior será a agressividade
tributária, por isto se espera uma relação negativa entre o ESG e o BTD.
Supõe-se, ainda, que os escores ESG tenham relação positiva com a ETR, pois quanto
maior o ETR, menor a agressividade fiscal. Assim, espera-se que bons escores ESG influenciem para
que as empresas tenham despesas tributárias mais próximas à alíquota presente na legislação tributária.
Esta relação negativa entre os escores de ESG e a agressividade tributária – representada pelo BTD e
pela ETR – é explicada pela Teoria da Legitimidade, a qual presume que empresas com boas práticas
ESG tenham boas condutas (Suchman, 1995), incluindo a gestão tributária.
Em relação às variáveis de controle, a relação do tamanho da firma com as variáveis
dependentes pode ter relação positiva ou negativa. Explicadas, respectivamente, pela hipótese do Custo
Político (Zimmerman, 1983) e pela hipótese do Poder Político (Stigler, 1971; Salamon & Siegfried,
1977). Quanto à variável endividamento, a literatura supõe que as despesas com os juros reduzam a ETR
sobre o lucro por um lado (Santos et al., 2013; Pohlmann & Iudícibus, 2010) e aumentem a BTD por
outro lado (Yoon et al. 2021).
Quanto a variável lucratividade, espera-se que ela possua relação direta com a ETR,
pois quanto maior o lucro de uma firma, mais imposto sobre lucro deverá pagar. Por seu turno, as menos
lucrativas tendem a ter níveis menores de lucratividade ou até prejuízo, por isso são impactadas por
alíquotas menores ou sequer pagam imposto (Gupta & Newberry, 1997; Stickney & Mcgee, 1982). De
outra forma, a relação esperada da lucratividade com a BTD é negativa, visto que a agressividade
tributária aumenta à medida que a BTD aumenta.
Por fim, o Tabela 3 descreve cada variável utilizada na pesquisa e os estudos que
fundamentam a definição e a relação esperada entre prática de ESG e agressividade tributária:
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Tabela 3: Variáveis para análise da prática de ESG na agressividade tributária


Relação
Tipo Variáveis Siglas Definições Referências
Esperada
Diferença entre
Book Tax Não se Fonseca (2020); Yoon
BTD lucro líquido e
Dependentes

Difference aplica et al. (2021)


lucro tributável
Imposto Zimmerman (1983)
Taxa Efetiva
Corrente Não se Salamon e Siegfried
da Tributação ETR
dividido pelo aplica (1977); Gupta e
sobre o Lucro
LAIR Newberry (1997)
Escore geral das
dimensões
Fonseca (2020); Yoon
ESG ESG ambiental, (+) ou (-)
et al. (2021)
social e
Independente

governança
Dimensão Escore do pilar Fonseca (2020);
Score_Environmental (+) ou (-)
Ambiental ambiental Yoon, et al. (2021)
Dimensão Escore no pilar Fonseca (2020);
Score_Social (+) ou (-)
Social social Yoon, et al. (2021)
Dimensão
Escore do pilar Fonseca (2020);
Governança Score_Governance (+) ou (-)
de governança Yoon, et al. (2021)
Corporativa
Zimmerman (1983);
Salamon e Siegfried
(1977); Jensen e
Tamanho da LOG Natural do
TAM (+) ou (-) Meckling (1978); Mao
Firma Ativo Total
(2019) Yoon et al.
(2021)
Valor dos Pohlmann e Iudícibus
Endividament Financiamentos (2010); Santos et al.
ENDV (+) ou (-)
o da Firma dividido pelo (2013); Mao (2019);
Controle

Ativo Total Yoon et al. (2021)


Gupta e Newberry
Imobilizado
(1997); Stickney e
Intensividade Líquido
INTCAP (+) ou (-) Mcgee, 1982; Mao
de Capital dividido pelo
(2019); Yoon et al.
Ativo Total
(2021)
Gupta e Newberry
(1997); Stickney e
LAIR dividido
Lucratividade LUC (+) ou (-) Mcgee (1982);Mao
pelo Ativo Total
(2019); Yoon et
al.(2021)
Fonte: Elaboração própria (2022).

Para estimação dos modelos econométricos, a técnica empregada no estudo foi a de dados em
painel. Para a escolha dos modelos mais adequados, foram utilizados os testes Hausman, Chow e LM
Breusch-Pagan. Ainda, foram realizados os testes de pressupostos básicos da análise de regressão, os
quais indicaram: ausência de multicolinearidade (Teste VIF), problemas de autocorrelação (Teste de
Woodridge). Ademais, o Teste LM Breusch-Pagan indicou heterocedasticidade para os modelos (a),
assim como para o modelo (b) que utilizou os escores Environmental e Social, embora o teste para o
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modelo (b) com o escore ESG global e Governance, tenha indicado ausência de heterocedasticidade.
Desta forma, para correção dos problemas com heterocedasticidade e de autocorrelação, utilizou-se a
regressão em painel de Efeitos Fixos – Driscoll-Kraay. Assim, apresenta-se, nas equações abaixo, os
modelos que serão estimados, cujos resultados obtidos são analisados na seção seguinte.
𝐵𝑇𝐷𝑖𝑡 = 𝛼 + 𝛽1 𝑅𝑆𝐶𝑖𝑡 + 𝛽𝑛 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 + 𝜀𝑖𝑡 (a)

𝐸𝑇𝑅𝑖𝑡 = 𝛼 + 𝛽1 𝑅𝑆𝐶𝑖𝑡 + 𝛽𝑛 Controle + 𝜀𝑖𝑡 (b)

Em ambos os modelos, a variável ESG foi substituída pelas variáveis independentes da Tabela
3 (ESG, Environmental, Social e Governance), com a finalidade de investigar os efeitos na visão global,
assim como cada um dos três pilares, aumentando a capacidade de análise. Essa substituição resultou
em 8 regressões, sendo 4 para cada o modelo (a) e outras 4 para o modelo (b).
4 Análise dos resultados
4.1 Análise descritiva dos resultados
A Tabela 4 apresenta as estatísticas descritivas das variáveis presentes neste trabalho,
apresentando a média, mediana, desvio padrão e valores mínimos e máximos de cada uma das variáveis
da amostra de empresas listadas não financeiras no Brasil, Bolsa e Balcão (B3) para o período entre
2012 e 2021. Dito isso, é possível observar que tanto o ETR quanto o BTD apresentam-se que com
média positiva, visto que foram retirados da amostra as observações que apresentaram LAIR, Lucro
Líquido ou IR menor que zero.
O BTD positivo implica que, em média, a amostra da pesquisa apresenta lucro contábil superior
ao lucro tributário. Já a ETR apresentou uma alíquota com 25,90%, o que representa 76,18% da alíquota
nominal de IR e CSLL, que por sua vez possuem uma alíquota nominal total de 34% sobre o lucro
tributável.
Com relação a pontuação geral das dimensões ambiental, social e governança – ESG – a
pontuação média é de 51,0825, tem o desvio padrão (27,4538) mais representativo entre todas as
variáveis de estudo. Isso se deve ao fato que muitas empresas têm investido em ESG no anseio de obter
legitimidade social (Lokuwaduge & Heenetigala, 2016). Ao observar as pontuações por dimensões o
ESG social é o mais representativo, sendo as atividades realizadas pelas empresas para preservar os
direitos humanos, reduzir a desigualdade racial e de gênero, proporcionar boas condições de trabalho
(saúde e segurança), manter boas relações com as comunidades locais, apoiar a caridade, cumprir com
a responsabilidade social corporativa (Kluza et al., 2021).
A segunda dimensão mais representativa é a do ESG governança, cuja pontuação média é de
58,55, e que em uma perspectiva da teoria da legitimidade, a extensão dos relatórios ESG é altamente
influenciada pela requisitos regulatórios ou de conformidade, ou seja, com cumprimento de requisitos
de governança. Já em relação à dimensão ambiental, apesar de ser enfatizada com a menor pontuação
média (46,8254), é interessante destacar o equilíbrio das demandas de diversas partes interessadas, como
reguladores, funcionários, clientes, comunidades afetadas, com os defensores do meio ambiente e o
público em geral, bem como proteger o meio ambiente enquanto faz lucros para o bem de seus acionistas
e, portanto, abordar o desempenho de atividades relacionadas ao meio ambiente tornou-se um requisito
central da estratégia de negócios (Lokuwaduge & Heenetigala, 2016).
No que se refere as variáveis de controle, no período observado de 2012 a 2021, o log do ativo
total apresentou a maior média (23,5766), cuja mediana (23,4617) e desvio padrão (1,1572) é a mais
representativa entre as variáveis de controle, pela capacidade da empresa de transformar ativos em lucro.
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Tabela 4: Estatística descritiva da prática ESG e agressividade tributária (2012 a 2021)

Variáveis Média Mediana Desvio Padrão Mínimo Máximo

BTD 0,0275 0,0200 0,0448 -0,2962 0,2893


ETR 0,2590 0,2533 0,1544 0,0040 0,9928
ESG 51,0825 53,5200 21,0391 1,1000 89,8800
Environmental 46,8254 52,4100 26,7682 0,0000 94,3000
Social 54,6415 58,5500 24,1342 0,5900 96,8600
Governance 50,5752 52,5700 21,6509 0,8300 92,0700
TAM 23,5766 23,4617 1,1572 19,8203 27,6036
ENDV 0,6051 0,5958 0,2120 0,0953 2,8111
INTCAP 0,2232 0,1865 0,2081 0,0002 0,7865
LUC 0,0846 0,0702 0,0657 0,0033 0,5364

Fonte: dados da pesquisa.

4.2 Análise Econométrica


A Tabela 5 evidencia as regressões em painel da BTD, RSC (ESG, Environmental, Social e
Governance) Tamanho, Endividamento, Intensividades de Capital e Lucratividade de empresas não
financeiras listadas na Brasil, Bolsa e Balcão (B3) para o período entre 2012 e 2021. Isso posto, aplicou-
se o teste Variance Inflaction Factor (VIF), resultando na inexistência de problemas de
multicolinearidade, com isso não houve necessidade de exclusão de nenhuma das variáveis de nenhum
dos 4 modelos econométricos.
O modelo foi estimado por meio da técnica de dados em painel, com efeitos fixos, conforme a
indicação dos testes de Chow, LM Breusch-Pagan e de Hausman. Quanto ao modelo, após os testes
econométricos, optou-se pelos de efeitos fixos, Em seguida, pelos testes de Woodridge e Wald detectou-
se autocorrelação e hetetocedasticidade nos modelos de efeitos fixos, e com isso se utilizou a regressão
em painel de Efeitos Fixos – Driscoll-Kraay.
Levando em consideração apenas o escore ESG, deve-se rejeitar a Hipótese 1 (H1), pois não é
encontrada relação estatisticamente significante com a variável BTD, assim como não foi encontrada
para outros dois escores de sustentabilidade, o Environmental e o Social. Pode-se inferir que não é
possível apontar relação entre as práticas sustentáveis de meio-ambiente e sociais ou, ainda, o escore
global de ESG e a agressividade tributária. Este resultado vai de encontro com o proposto pela teoria da
legitimidade.
A regressão apresentada na Tabela 3 encontrou relação estatisticamente significante e positiva
entre o escore Governance e a BTD, ao nível de 1%. Este resultado indica que este escore tem relação
positiva com a agressividade tributária das empresas. Portanto, pode-se supor que as empresas com boas
práticas de governança corporativa podem estar buscando reduzir o capital dispendido com o pagamento
de tributos.
No tocante aos resultados acerca da relação das variáveis de controle com o BTD, deve-se
destacar que todos os modelos da Tabela 3 apresentaram relação positiva e estatisticamente significante
com as variáveis Tamanho da firma e Lucratividade com a variável de agressividade tributária. Desta
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forma, estas empresas podem estar se utilizando de seu poder político para influenciar na criação das
legislações e normas tributárias. Deve-se considerar também que empresas de maior porte e mais
lucrativas possuem mais recursos para investir em equipes de especialistas em gestão tributária para
reduzir de forma legal os encargos tributários da empresa.

Tabela 5: Prática ESG e Book-Tax-Difference (2012 a 2021)


Regressão em painel de Efeitos Fixos – Driscoll-Kraay.

BTD [Modelo 1] [Modelo 2] [Modelo 3] [Modelo 4]

0,0002 0,0000 0,0000 0,0002


ESG (0,157) (0,536) (0,849) (0,005)***
0,0253 0,0270 0,0276 0,0254
TAM (0,000)*** (0,000)*** (0,000)*** (0,000)***
0,0012 0,0005 -0,0005 0,0006
ENDIV (0,966) (0,986) (0,988) (0,984)
-0,0222 -0,0228 -0,0219 -0,0195
INTCAP (0,487) (0,479) (0,480) (0,529)
0,2469 0,2486 0,2488 0,2460
LUC (0,001)*** (0,001)*** (0,001)*** (0,001)***
-0,5976 -0,6288 -0,6419 -0,5991
Constante (0,000) (0,000) (0,000) (0,000)
Prob > F 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
R² (Within) 0,2399 0,2372 0,2368 0,2421
Teste VIF 1,17 1,20 1,16 1,09
Lagrangian multiplier test for
0,0000 0,0000 0,0000
random effects 0,0000
Breusch-Pagan / Cook-
0,0884 0,0306 0,0286
Weisberg test 0,6453
Teste de Hausman 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Teste de Chow 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Teste de Woodridge 0,0359 0,0369 0,0430 0,0427
Fonte: dados da pesquisa.
Nota: [Modelo 1] Escore geral ESG e BTD; [Modelo 2] Escore Environmental e BTD; [Modelo 3] Escore Social e BTD;
[Modelo 4] Escore Governance e BTD; *** Estatisticamente significante a 1%; ** Estatisticamente significante a 5%, *
Estatisticamente significante a 10%

Já a Tabela 6 evidencia as regressões em painel da ETR, RSC (ESG, Environmental, Social e


Governance) tamanho, endividamento, intensividades de capital e lucratividade de empresas listadas
não financeiras na Brasil, Bolsa e Balcão (B3) para o período entre 2012 e 2021. Isso posto, aplicou-se
o teste Variance Inflaction Factor (VIF) para cada variável, resultando na inexistência de problemas de
multicolinearidade, com isso não houve necessidade de exclusão de nenhuma delas.
Assim como o modelo da Tabela 5, o modelo da Tabela 6 foi estimado por meio da técnica de
dados em painel, com efeitos fixos, conforme a indicação dos testes de Chow, LM Breusch-Pagan e de
Hausman. Após os testes econométricos, optou-se pelos de efeitos fixos, Em seguida, após os testes de
Woodridge e Wald detectou-se autocorrelação e heterocedasticidade nos modelos de efeitos fixos, e
com isso utilizou-se a regressão em painel de Efeitos Fixos – Driscoll-Kraay. Dentre as variáveis
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analisadas apenas os escores Social e Governance apresentaram coeficientes estatisticamente


significativos, ao nível de 5% e 10%, respectivamente.

Tabela 6: Prática ESG e Effective Tax Rate (2012 a 2021)


Regressão em painel de Efeitos Fixos – Driscoll-Kraay.

ETR [Modelo 1] [Modelo 2] [Modelo 3] [Modelo 4]

0,0002 -0,0001 0,0011 -0,0007


ESG (0,713) (0,796) (0,018)** (0,092)*
-0,0751 -0,0704 -0,0847 -0,0638
TAM (0,003)*** (0,003)*** (0,001)*** (0,003)***
0,0955 0,0911 0,1039 0,0892
ENDIV (0,235) (0,253) (0,192) (0,250)
-0,0488 -0,0469 -0,0471 -0,0564
INTCAP (0,390) (0,0429) (0,364) (0,0341)
-0,02239 -0,2206 -0,2338 -0,2117
LUC (0,126) (0,131) (0,104) (0,133)
1,9894 1,8985 2,1652 1,7773
Constante (0,001) (0,001) (0,000) (0,001)
Prob > F 0,017 0,0069 0,0027 0,0069
R² (Within) 0,0348 0,0347 0,0423 0,0377
Teste VIF 1,17 1,20 1,16 1,09
Lagrangian multiplier test for
0,0000 0,0000 0,0000
random effects 0,0000
Breusch-Pagan / Cook-
0,0000 0,0000 0,0000
Weisberg test 0,0000
Teste de Hausman 0,0002 0,0002 0,0001 0,0010
Teste de Chow 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000
Teste de Woodridge 0,0025 0,0025 0,0029 0,0028
Fonte: dados da pesquisa.
Nota: [Modelo 1] Escore geral ESG e ETR; [Modelo 2] Escore Environmental e ETR; [Modelo 3] Escore Social e ETR;
[Modelo 4] Escore Governance e ETR; *** Estatisticamente significante a 1%; ** Estatisticamente significante a 5%, *
Estatisticamente significante a 10%

Em relação ao escores Social, o resultado observado indica que há uma associação positiva entre
este escore e a ETR, constatação que é aderente ao esperado sob a ótica da teoria da legitimidade, sendo
possível, desse modo, que as empresas não financeiras brasileiras podem estar sendo menos agressivas
do ponto de vista tributário quando apresentam bons escores do pilar Social. Este resultado está de
acordo com os resultados das pesquisas de González et al. (2019), Yoon et al. (2021), Ortas e Álvarez
(2020).
Houve também relação estatisticamente significante entre o escore Govenance e a ETR, porém
a relação indicada foi negativa. Isto sinaliza que é possível que quanto melhor o escore Govenance,
maior a agressividade tributária da entidade. Este resultado pode contradizer o impacto esperado pela
teoria da legitimidade, pois supunha-se para esta análise que ao apresentar bons escores relacionados à
governança corporativa, menos agressiva seria a gestão tributária da entidade. Uma possível explicação
é a existência de incentivos fiscais presentes na legislação brasileira. Sabe-se que a Constituição
brasileira prevê a concessão de incentivos fiscais com vistas a finalidades como o incentivo à cultura,
ao esporte e à inovação tecnológica, além de permitir certos direcionamentos da atividade econômica
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por parte dos gestores do poder executivo. Desta forma, boas práticas de governança podem ter como
consequência o acesso à benefícios fiscais, implicando no surgimento de uma fonte alternativa de
financiamento às operações da entidade (Rezende et al., 2019)
No tocante aos outros escores estudados – ESG e Environmental – ambos não apresentaram
relação estatisticamente significante com a ETR, indicando que, ao menos para essa amostra, esses
escores não impactam a formação do tributo sobre a renda pago pelas entidades estudadas. Desta forma,
deve-se rejeitar a Hipótese 2 (H2), devido à variável ESG global não ter apresentado relação
estatisticamente significante com a ETR. Contudo, é necessário salientar que esses resultados devem ser
vistos com certa prudência, visto as limitações de tamanho da amostra utilizada.
Sobre a relação entre a variável de controle Tamanho e a ETR, o resultado observado indica que
há uma associação negativa entre essa característica e a ETR para todos os 4 modelos, constatação que
é aderente à hipótese do Poder Político ou da Regulação Econômica (Stigler, 1971; Salamon &
Siegfried, 1977). A hipótese do poder político (ou da regulação econômica), por sua vez, pressupõe que
grandes empresas ou setores se beneficiariam do processo político, em razão de sua influência, por meio
de lobby, sejam estes representantes políticos ou servidores públicos. Desse modo, os sistemas legais e
normas tributárias seriam positivados de forma a mitigar as despesas tributárias para algumas empresas
ou detereminados setores (Stigler, 1971; Salamon & Siegfried, 1977).
Desse modo, empresas não financeiras listadas na Brasil, Bolsa e Balcão (B3), durante o período
entre 2012 e 2021, podem estar se beneficiando do processo político tal qual postulado por Stigler (1971)
e Salamon e Siegfried (1977). Resultados similares foram obtidos por Kim e Limpaphayom (1998),
Derashid e Zhang (2003) e Adhikari et al. (2006), o que pode sugerir que grandes firmas de países em
desenvolvimento podem estar usando seu poder econômico para obter benesses fiscais. Estes resultados
reforçam o resultado da relação da regressão do modelo (a) entre a variável BTD e Tamanho, o qual
indica que deve haver influência política das grandes firmas.
5 Considerações finais
O objetivo desta pesquisa foi analisar, sob um caráter exploratório, se a boas práticas de
sustentabilidade – medidas pelos índices ESG global e também pelos seus pilares individuais,
a saber, Environmental, Social e Governance, influenciam a agressividade tributárias das
empresas não financeiras listadas na Brasil, Bolsa e Balcão (B3). A amostra final foi composta
por 509 observações, sendo 101 empresas, para o período entre 2012 e 2021.
Os resultados indicaram que há relação positiva entre o escore Governance e a BTD, o
que contraria a teoria da legitimidade, a qual propunha que as empresas buscam se afirmar como
entidades éticas e com boas práticas de sustentabilidade frente a sociedade. Todavia, é possível
que o resultado apresentado possa ser explicado por uma eficiente gestão tributária das
empresas com boas práticas de governança corporativa. Vale salientar que inovações
financeiras, integração dos mercados de capitais e um código tributário corporativo cada vez
mais complicado podem fornecer oportunidades para as empresas capitalizarem as diferenças
nas taxas de impostos, preferências fiscais e status tributário de maneiras cada vez mais
elaboradas (Desai & Darmaphala, 2006). Não foi encontrado relação significante entre os outros
escores ESG (ESG global, Environmental e Social) e a BTD. Devido a este resultado, a
Hipótese 1 (H1) foi rejeitada.
Já o modelo (b) indicou relação positiva entre o escore Social e a ETR, o que é esperado
sob a ótica da teoria da legitimidade, sendo possível, desse modo, que as empresas não
financeiras brasileiras sejam menos agressivas do ponto de vista tributário quando apresentam
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bons escores do pilar Social. Por sua vez, assim como no modelo (a), a regressão indicou relação
negativa entre o escore Governance e a ETR, o que indica que é possível que quanto melhor
for a governança corporativa da empresa, mais a gestão tributária será agressiva, repetindo,
assim, o resultado do modelo (a). Ainda assim, não houve relação para os escores ESG global
e Environmental com a variável dependente ETR, desta maneira rejeita-se também a Hipótese
2 (H2).
Outra constatação encontrada foi que os resultados de ambos os modelos indicaram uma
relação positiva entre a variável de controle Tamanho e a agressividade fiscal, além da regressão
do modelo (b) ter apresentado relação positiva entre Lucratividade e agressividade fiscal para
todos os escores ESG, o que seria condizente com a hipótese do Poder Político, o que é
reforçada pela constatação de uma tributação efetiva média de 25,90%, inferior à nominal,
equivalendo a 76,18% desta. Contudo, é possível que tal resultado possa ser explicado pela
eficiência da gestão tributária experimentada pelas empresas, assim como pelas benesses fiscais
presentes na legislação tributária brasileira e nas políticas econômicas do governo. Vale
salientar, ainda, o Endividamento e a Intensividade de Capital não exibiram qualquer relação
estatisticamente significante com a ETR ou com a BTD em nenhuma das 8 regressões.
Devido ao seu caráter exploratório, o presente estudo levanta questões que merecem ser
enfrentadas, de modo a contribuir com a compreensão dos efeitos das práticas de
sustentabilidade e de sua relação com a gestão tributárias das empresas. Há inúmeras limitações,
em especial no âmbito metodológico, sobretudo no que se refere à pequena amostra analisada
e à disponibilidade dos dados pertinentes aos escores ESG e à tributação, pois, por exemplo, as
medidas de agressividade fiscal – BTD e ETR – foram construídas com base nos dados das
demonstrações financeiras disponibilizadas pela base de dados Refinitiv Eikon® pois os dados
das declarações fiscais são privados e indisponíveis. Ressalte-se que a literatura questiona a
precisão das medidas de agressividade fiscal baseadas em demonstrações financeiras (Plesko,
2003; Lanis & Richardson, 2012b) portanto, os resultados devem ser interpretados com cautela.
Naturalmente, devido às suas limitações, os resultados deste trabalho não devem ser
generalizados, todavia esses mesmos resultados apontam inúmeras oportunidades de estudos
que poderão avançar nessa linha de pesquisa.

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