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RESUMO
Este estudo objetivou investigar se a eficiência em planejamento tributário influencia o risco das
companhias brasileiras de capital aberto, considerando o efeito moderador da governança corporativa,
no período entre 2011 a 2015. Para a avaliação destes relacionamentos foram necessários dois testes
empíricos, no qual o primeiro avaliou se o planejamento tributário eficiente influencia negativamente
o risco das companhias brasileiras de capital aberto listadas nos melhores níveis de governança
corporativa e, o segundo, se o planejamento tributário eficiente, estruturado por meio das melhores
práticas de governança corporativa da BM&FBovespa, não exerce influência sobre o risco de
mercado das firmas. A operacionalização dessa pesquisa demandou a utilização duas proxies para
mensuração do risco das empresas, objetivando maior robustez as evidências reportadas, além das
variáveis necessárias para identificação dos níveis de planejamento tributário e, o efeito moderador
da governança corporativa, identificado por meio dos níveis de governança da BM&FBovespa. Os
principais resultados reportados sugerem que o planejamento tributário eficiente, executado na
presença das melhores práticas de governança corporativa BM&FBovespa, não exerce efeito sobre o
risco de mercado das companhias brasileiras listadas em algum nível de governança da
BM&FBovespa, confirmando a segunda hipótese e, rejeitando integralmente a primeira hipótese de
uma relação negativa. Por fim, os resultados evidenciados instigam a continuidade de investigação
dessas relações para o ambiente brasileiro, considerando a carência de estudos no Brasil que utilizem
metodologias adequadas para este procedimento de pesquisa, assim como a necessidade de melhor
compreender os efeitos do planejamento tributário eficiente sobre o risco, considerando outras
variáveis que possibilitem melhor capturar o efeito da governança corporativa para o ambiente
brasileiro.
1
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, onde empresas enfrentam uma crescente carga tributária e um cenário de
instabilidade e insegurança, os desafios para manter estratégias de crescimento são constantes.
Empresas encontram barreiras tanto internas como externas, decorrentes da elevada complexidade da
economia e competitividade do mercado. Nesse sentido, existem diversas discussões sobre a realidade
fiscal brasileira e a necessidade de reduzir os custos tributários (LANA e LISOTE, 2015).
O planejamento tributário apresenta-se como ferramenta de gestão estratégica, utilizada para
reduzir a carga tributária e maximizar os lucros, podendo inclusive prevenir riscos futuros, que
possam afetar o desempenho financeiro da empresa. Entretanto, a utilização do gerenciamento
tributário deve ser vista, por administradores, não apenas como método para a racionalização dos
tributos, mas também como estratégia para aumentar a transparência da organização diante dos seus
sócios, clientes, fornecedores e ao mercado de uma forma geral (CASTRO e FLACH, 2013).
Nesse contexto, autores como Hanlon e Heintzen (2010); Vello e Martinez (2014); Armstrong
et al. (2015), sugerem que ao inserir mecanismos de governança corporativa ao planejamento
tributário, empresas conseguem reduzir eficientemente despesas tributárias através de uma gestão
responsável, ética e transparente. Para os autores, o planejamento tributário elaborado com base nas
melhores práticas de governança corporativa contribui para a maximização do desempenho
financeiro, proporcionando aumento do valor de mercado da firma e redução do risco associado à
tomada de decisões.
Vello e Martinez (2014) desenvolveram um estudo utilizando uma proxy de planejamento
tributário eficiente, inspirado no trabalho de Scholes e Wolfson (1992), no qual estes citam que o
planejamento tributário pode ser considerado eficiente à medida que se torna amplo, incluindo todos
os custos necessários à sua execução. Para Scholes e Wolfson (1992), a eficiência do gerenciamento
tributário é reconhecida a partir do momento em que o processo relaciona todas as partes, todos os
tributos e todos os custos que possam influenciar as decisões que visam minimizar o ônus tributário
da empresa. Além disso, o trabalho de Vello e Martinez (2014) investigou a relação entre a eficiência
do planejamento tributário sobre o risco das firmas, considerando efeito da governança corporativa,
em uma amostra da pesquisa Melhores & Maiores da editora Abril.
Diante do exposto, o presente trabalho apresenta o seguinte problema de pesquisa: Qual o
efeito do planejamento tributário eficiente, na presença das melhores práticas de governança
corporativa, sobre o risco de mercado das companhias brasileiras de capital aberto?
Considerando o questionamento proposto, o objetivo central desta pesquisa é avaliar o efeito
do planejamento tributário eficiente sobre o risco de mercado das companhias brasileiras no período
de 2011 a 2015. A literatura sugere para firmas que realizam planejamento, em conjunto com as
melhores práticas de governança corporativa, um menor risco para seus investidores, apresentando
uma relação negativa ou sem influência, entre o planejamento tributário e o risco de mercado das
companhias. A eficiência do planejamento tributário implica, desde que na presença de boas práticas
governança corporativa, numa sensibilidade negativa entre risco e planejamento tributário (VELLO
e MARTINEZ, 2011; VELLO e MARTINEZ, 2014).
Com isso, de forma mais específica objetiva-se:
I. Identificar as principais proxies para relacionar os constructos planejamento tributário
eficiente e o risco de mercado das companhias.
II. Avaliar a relação entre planejamento tributário eficiente e o risco de mercado das companhias
brasileiras, considerando o efeito da governança corporativa.
2
É importante destacar que esta pesquisa foi inspirada no trabalho de Vello e Martinez (2014),
sendo que os autores evidenciaram que firmas ineficientes em planejamento tributário teriam,
consequentemente, uma carga maior carga tributária em comparação as demais firmas. Além disso,
a pesquisa evidenciou que o planejamento tributário eficiente, estruturado por meio das melhores
práticas de governança corporativa, permite que empresas se tornem mais competitivas e, de certa
forma, com menor grau de risco. Por outro lado, os resultados empíricos reportados por Cazzari et al.
(2015), sugerem que o beta não pode ser influenciado pela governança corporativa, uma vez que este
índice capta somente o risco não diversificável, também conhecido como risco de mercado, e a
governança está associada ao risco diversificável.
O trabalho de Vello e Martinez (2014) investigou 86 empresas brasileiras listadas na
BM&FBovespa e que fizeram parte da pesquisa da editora Abril denominada Melhores & Maiores.
A pesquisa dos autores avaliou o efeito do planejamento tributário eficiente considerando apenas as
firmas que integraram a pesquisa Melhores & Maiores, apresentando uma análise enviesada pelo
tamanho das companhias segundo a editora Abril, avaliando somente o efeito da relação sobre as
maiores companhias brasileiras.
Cabe destacar que nesta pesquisa foram avaliadas todas as companhias brasileiras listadas nos
melhores níveis de governança corporativa da BM&FBovespa, evitando-se uma análise enviesada
pelo tamanho das firmas segundo a metodologia da pesquisa Melhores & Maiores, diferenciando-se
do estudo desenvolvido por Vello e Martinez (2014). O objetivo de utilizar somente firmas listadas
em algum nível de governança, justifica-se pela necessidade de avaliar apenas o efeito do
planejamento tributário eficiente na presença de boas práticas de governança corporativa. Dessa
forma, entende-se que esta pesquisa possa contribuir para um melhor entendimento da relação entre
planejamento tributário eficiente e o risco das companhias. Além disso, entende-se que estas
justificativas permiram a execução da pesquisa e contribuem para um melhor entendimento de uma
lacuna ainda não investigada na literatura.
Por fim, esta pesquisa está estruturada em cinco partes, incluindo esta introdução, que
contempla a contextualização do tema, o problema de pesquisa, os objetivos, a justificativa, a
delimitação do tema e a estrutura do trabalho. Na sequência é apresentado a sustentação teórica do
estudo, incluindo Planejamento Tributário, Governança Corporativa, Risco de Mercado e as hipóteses
desta pesquisa. Na terceira é destinada aos procedimentos metodológicos e a estratégia empírica
utilizada para testar as hipóteses do estudo. A quarta parte é destinada aos resultados empíricos do
estudo e, finalmente, a última seção apresenta as considerações finais e as recomendações para futuros
estudos.
5
somente pela redução da carga tributária, mas também pela adoção das práticas de governança
corporativa, tendo em vista que estes mecanismos propiciam uma gestão mais transparente.
Nesse sentido, as discussões teóricas permitem formular a seguinte hipótese sobre
planejamento tributário e risco de mercado para esta pesquisa:
Hipótese (H1): O planejamento tributário eficiente influencia negativamente o risco de
mercado das companhias brasileiras listadas nos melhores níveis de governança corporativa.
Por outro lado, o estudo dos autores Cazzari et al. (2016) demonstram que o beta, utilizado
para medir o risco sistemático das empresas, não pode estar associado a governança corporativa, visto
que este procedimento está diretamente relacionado ao risco idiossincrático. Todavia, os resultados
deste estudo apontaram uma relação negativa entre as variáveis, ou seja, quanto maior o índice de
governança corporativa menor o beta, que permite concluir a existência de relação entre as duas
variáveis. Porém, ao realizar o teste Qui-quadrado de independência entre variáveis, os autores não
encontraram resultados estatísticos que pudessem comprovar essa relação, aproximando o estudo
com a teoria do modelo CAPM.
Assim, a partir da pesquisa elaborada por Cazzari et al. (2016) espera-se que o planejamento
tributário, na presença de boas práticas de governança corporativa, não exerça influência sobre o risco
de mercado das empresas. Dessa forma, formula-se a segunda hipótese para esta pesquisa:
Hipótese (H2): O planejamento tributário eficiente não influencia o risco de mercado das
companhias brasileiras listadas nos melhores níveis de governança corporativa.
em que:
𝐶𝑇𝑆𝑘𝑡 = Carga tributária do setor K e ano t;
𝐼𝐷𝑖𝑘𝑡 = Impostos, taxas e contribuições distribuídos da empresa i do setor k e ano t;
𝐸𝑃𝑖𝑘𝑡 = Resultado auferido por equivalência patrimonial da empresa i do setor k e ano t;
𝑉𝐴𝑇𝐷𝑖𝑘𝑡 = Valor adicionado total a distribuir da empresa i do setor k e ano t; e
𝑁𝑘𝑡 = Quantidade de empresas por setor e ano.
Na sequência, para a mensuração do planejamento tributário proposto nesta pesquisa, foi
necessário identificar o Marginal Tax Rate (MTR), por meio do cálculo proposto na equação (2),
𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 = 𝐼𝐷𝑖𝑘𝑡 / (𝑉𝐴𝑇𝐷𝑖𝑘𝑡 - 𝐸𝑃𝑖𝑘𝑡 ) (2)
onde:
𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 = Marginal taxes rate da empresa i, setor k e ano t;
𝐼𝐷𝑖𝑘𝑡 = Impostos, taxas e contribuições distribuídos da empresa i, setor k e ano t;
𝐸𝑃𝑖𝑘𝑡 = Resultado auferido por equivalência patrimonial da empresa i, setor k e ano t; e
𝑉𝐴𝑇𝐷𝑖𝑘𝑡 = Valor adicionado total a distribuir da empresa i, setor k e ano t.
Com os dados obtidos na equação (2) foi possível identificar MTR padronizado que influi o
efeito da carga tributária setorial. Dessa forma, os dados obtidos por meio da equação (2) foram
comparados com os resultados reportados da carga tributária setorial da equação (1), sendo
identificada uma métrica para o MTR padronizado conforme proposto na equação (3),
𝑆𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 = (𝐶𝑇𝑆𝑘𝑡 - 𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 ) / 𝜎𝑘𝑡 (3)
em que:
𝑆𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 = Variável MTR padronizada da empresa i, setor k e ano t;
𝐶𝑇𝑆𝑘𝑡 = Carga tributária do setor k e ano t;
𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 = Marginal taxes rate da empresa i, setor k e ano t; e
𝜎𝑘𝑡 = Desvio padrão da MTR no setor k e ano t.
Assim, considerando que a pesquisa propõe analisar os efeitos da adoção de práticas de
governança corporativa sobre os relacionamentos investigados, Vello e Martinez (2014) incluíram o
efeito da governança corporativa por meio dos níveis de governança da BM&FBOVESPA. Seguindo
7
a proposta dos autores, a equação (4) inclui o efeito da governança sobre o planejamento tributário
eficiente,
1, 𝑆𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 > 0
𝐼𝑃𝑇𝐸𝑖𝑘𝑡 = 𝑆𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 * 𝐼𝐺𝐶𝑖𝑘𝑡 , Sendo IGC ,e (4)
𝐹𝐺𝐶𝑚 , 𝑆𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 < 0
em que:
𝐼𝑃𝑇𝐸𝑖𝑘𝑡 = Índice de planejamento tributário eficiente da empresa i, setor k e ano t;
𝑆𝑀𝑇𝑅𝑖𝑘𝑡 = Variável MTR padronizada da empresa i, setor k e ano t;
𝐼𝐺𝐶𝑖𝑘𝑡 = Índice de governança corporativa da empresa i, setor k e ano t;
𝐹𝐺𝐶𝑚 = Fator de atenuação pela evidenciação de menor nível de governança corporativa.
Por fim, além da variável de planejamento tributário, foi utilizado como proxy de risco das
firmas, para mensuração da variável dependente, o valor do beta e da volatilidade disponíveis na base
de dados da Economática®. Como variáveis de controle, as proxies propostas como fatores
determinantes no risco de mercado das firmas no modelo Vello e Martinez (2014) são: Rentabilidade
(RENT), Alavancagem Financeira (ALAF), Endividamento (ENDV), Liquidez Financeira (LIQD),
Dividendos Pagos (DIVY), Logaritmo do Ativo Total (LNAT) e Estrutura de Capital (ESTC). Assim,
considerando a proposta central do estudo e objetivando prover evidências dos relacionamentos
investigados nas hipóteses H1 e H2, foi proposto o seguinte modelo para operacionalização dos testes
econométricos:
RISCOi (t+0,25) = αi + β1 * IPTEit + β2 * ALAFit + β3 * RENTit + β4 * ENDVit + β5 *
LIQDit + β6 * DIVYit + β7 * LNATit + β8 * ESTCit + ςit
em que:
𝑅𝐼𝑆𝐶𝑂𝑖(𝑡+0,25) = Risco de mercado da empresa i no ano t+0,25;
𝐼𝑃𝑇𝐸𝑖𝑡 = Índice de Planejamento tributário eficiente da empresa i no último dia do ano t;
𝐴𝐿𝐴𝐹𝑖𝑡 = Alavancagem financeira da empresa i no último dia do ano t;
𝑅𝐸𝑁𝑇𝑖𝑡 = Rentabilidade da empresa i no último dia do ano t;
𝐸𝑁𝐷𝑉𝑖𝑡 = Endividamento da empresa i no último dia do ano t;
𝐿𝐼𝑄𝐷𝑖𝑡 = Liquidez financeira da empresa i no útimo dia do ano t;
𝐷𝐼𝑉𝑌𝑖𝑡 = Dividendos pagos pela empresa i no último dia do ano t;
𝐿𝑁𝐴𝑇𝑖𝑡 = Logaritmo do tamanho da empresa i no último dia do ano t;
𝐸𝑆𝑇𝐶𝑖𝑡 = Estrutura de capital da empresa i no último dia do ano t;
𝛼𝑖 = Constante de efeito fixo do modelo para cada empresa i;
𝜍𝑖𝑡 = Erro do modelo;
𝛽𝑖 = Coeficiente de regressão da variável n.
1
A matriz de correlação das variáveis encontra-se no Apêndice A1.
2
A matriz de correlação das variáveis com a correção do problema de multicoliniaridade encontra-se no Apêndice A2.
3 Os resultados do Teste de Hausmann encontram-se no Apêndice A3.
4 Os resultados do Teste de Breusch and Pagan encontram-se no Apêndice A4.
5 As estimações completas para os dois modelos utilizados nesta pesquisa encontram-se no Apêndice A5.
10
determinada estimação é capaz de influenciar o termo de erro de qualquer outra observação
(GUJARATI, 2012; WOOLDRIDGE, 2013; BALTAGI, 2005).
Assim, foram realizados os testes de heterocedasticidade e autocorrelação para as duas
equações proposta neste estudo. O primeiro teste com a variável volatilidade, utilizada como proxy
de risco, com utilização do modelo de efeitos aleatórios (Random-effects) e, o segundo teste, para a
proxy beta, com estimação de dados pelo modelo de efeitos fixos (Fixed-effects). 6 Os resultados
reportados apontam a presença de heterocedasticidade e autocorrelação positiva para os dois modelos
econométricos propostos. Por fim, para o teste das hipóteses testadas neste estudo, todos os modelos
foram estimados com erros robustos clusterizados ao nível da firma (BALTAGI, 2005).7
6 Os testes de heterocedasticidade e autocorrelação para as duas equações deste estudo encontram-se no Apêndice A6.
7
A comparação das estimações com erros robustos clasterizados ao nível da firma (comando robust do Stata v. 12.0) e sem este procedimento
(ajuste problemas de heterocedasticidade e autocorrelação), para os dois modelos propostos nesta pesquisa (efeitos aleatórios - 1º modelo;
efeitos fixos - 2º modelo), encontram-se no Apêndice A7.
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não exerce influência sobre o risco de mercado das empresas brasileiras de capital aberto, listadas em
algum nível de governança corporativa da BM&FBovespa, rejeitando a hipótese H1.
Além disso, os resultados reportados nos dois modelos apresentados na Tabela 2, demonstram
que as firmas brasileiras listadas em algum nível de governança corporativa, não apresentam
sensibilidade do risco ao planejamento tributário eficiente, confirmando integralmente a hipótese H2.
No ambiente brasileiro, o efeito da governança corporativa, avaliada pelos níveis da BM&FBovespa,
conforme proposto na estratégia empírica de Vello e Martinez (2014), não exerce influência sobre os
relacionamentos investigados, contrastando os resultados encontrados pelos autores em sua pesquisa.
Cabe destacar que o estudo de Vello e Martinez (2014) apresenta uma amostra enviesada pelo
tamanho, sendo que as evidências apresentam resultados enviesados segundo a metodologia utilizada
pela pesquisa da editora Abril.
Outros fatores que merecem destaque, e que podem contribuir para explicar as divergências
dos resultados desta pesquisa, em relação ao estudo Vello e Martinez (2014), são o tamanho da
amostra e os potenciais problemas inerentes a utilização de dados em painel, como problemas de
heterocedasticidade e autocorrelação. Nesta pesquisa, foram realizados testes para identificação de
problemas de muticoliniaridade, heterocedasticidade e autocorrelação, sendo que os resultados
reportados para as estimações desta pesquisa, reconheceram e trataram os vieses associados a estes
problemas. Por outro lado, na pesquisa de Vello e Martinez (2014), estes testes não foram realizados,
sendo que o procedimento de estimação dos modelos, não considerou os potenciais problemas
inerentes a este tipo de amostra, ou melhor, os modelos não foram estimados com erros robustos
clusterizados ao nível da firma, o que pode afetar diretamente a significância dos resultados das
variáveis propostas nos modelos. Além disso, nesta pesquisa foi excluída a variável alavancagem
financeira (ALAF), por apresentar problema de multicoliniaridade, o que não foi realizado na
pesquisa de Vello e Martinez (2014) e, possivelmente apresentaria o mesmo problema identificado
nesta pesquisa, caso o teste fosse realizado no estudo de Vello e Martinez (2014), considerando as
características de mensuração destas proxies e os potencias problemas promovidos pela utilização
das variáveis propostas no modelo de Vello e Martinez (2014).
Um outro potencial problema, que também pode contribuir em esclarecer as divergências
desta pesquisa, com os resultados encontrados por Vello e Martinez (2014), é o tamanho da amostra
utilizada pelos autores. No estudo dos autores, considerando a utilização apenas das maiores das
maiores empresas brasileiras e os critérios de restrição amostral propostos no estudo, a pesquisa
analisou uma amostra de 62 empresas em cinco anos, sendo uma amostra pequena, o que pode afetar
diretamente os resultados da pesquisa, além da possibilidade de outros efeitos que exerceram
influência sobre o risco e que não foram capturados pelo modelo, considerando os vieses das
estimações propostas na pesquisa. Por outro lado, os resultados desta pesquisa mantêm
correspondência com as evidências do estudo de Cazzari et al. (2016) e confirmaram o efeito
moderador da governança corporativa.
Por fim, nesta pesquisa foram analisadas todas as empresas brasileiras de capital aberto,
presentes em algum nível de governança corporativa da BM&FBovespa. Com isso, as evidências
reportam resultados do efeito moderador da governança corporativa, considerando as melhores
práticas de governança utilizadas pelo mercado brasileiro. Assim, as evidências sugerem que o
planejamento tributário, na presença das melhores práticas de governança da BM&FBovespa, não
exerce efeito sobre o risco de mercado das companhias brasileiras.
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15
APÊNDICES
Apêndice A1: Matriz de Correlação das Variáveis Beta, Volatilidade, Índice de Planejamento
Tributário Eficiente, Alavancagem Financeira, Rentabilidade, Endividamento, Liquidez
Financeira, Dividendos Pagos, Tamanho do Ativo e Estrutura de Capital (período 2011 – 2015)
1ª Equação (variável DEPENDENTE de ris co VOLATILIDADE)
Colunas 1 VOLAT IPTE ALAF RENT ENDV LIQD DIVY LNAT ESTC
VOLAT 1
IPTE 0,0924** 1
ALAF 0,0941** 0,1051** 1
RENT -0,2318*** -0,0669 -0,6178*** 1
ENDV 0,0965** 0,1025** 0,9974*** -0,6258*** 1
LIQD -0,1633*** -0,0595 -0,2228*** -0,0129 -0,2221*** 1
DIVY 0,1776*** 0,0166 0,0484 -0,0751* 0,0575 0,0386 1
LNAT -0,1968*** -0,0163 0,1004** 0,0535 0,0828* -0,2066*** -0,1547*** 1
ESTC 0,4172*** 0,0547 0,3215*** 0,0647 0,3243*** -0,6444*** 0,0726* 0,1126*** 1
2ª Equação (variável DEPENDENTE de ris co BETA)
Colunas 1 BETA IPTE ALAF RENT ENDV LIQD DIVY LNAT ESTC
BETA 1
IPTE -0,0428 1
ALAF -0,0141 0,1051** 1
RENT -0,0361 -0,0669 -0,6178*** 1
ENDV -0,0199 0,1025** 0,9974*** -0,6258*** 1
LIQD 0,0631 -0,0595 -0,2228*** -0,0129 -0,2221*** 1
DIVY 0,1783*** 0,0166 0,0484 -0,0751* 0,0575 0,0386 1
LNAT -0,0277 -0,0163 0,1004** 0,0535 0,0828* -0,2066*** -0,1547*** 1
ESTC 0,1440*** 0,0547 0,3215*** 0,0647 0,3243*** -0,6444*** 0,0726* 0,1126*** 1
Nota: ***, ** e *, indicam significância estatística ao nível de 1%, 5% e 10%, respectivamente .
Fonte: Elaborado pelo autor
Apêndice A2: Matriz de Correlação das Variáveis Beta, Volatilidade, Índice de Planejamento
Tributário Eficiente, Rentabilidade, Endividamento, Liquidez Financeira, Dividendos Pagos,
Tamanho do Ativo e Estrutura de Capital com Correção dos Problemas de Multicoliniaridade
(período 2011 – 2015)
1ª Equação (variável DEPENDENTE de ris co VOLATILIDADE)
Colunas 1 VOLAT IPTE RENT ENDV LIQD DIVY LNAT ESTC
VOLAT 1
IPTE 0,0924** 1
RENT -0,2318*** -0,0669 1
ENDV 0,0965** 0,1025** -0,6258*** 1
LIQD -0,1633*** -0,0595 -0,0129 -0,2221*** 1
DIVY 0,1776*** 0,0166 -0,0751* 0,0575 0,0386 1
LNAT -0,1968*** -0,0163 0,0535 0,0828* -0,2066*** -0,1547*** 1
ESTC 0,4172*** 0,0547 0,0647 0,3243*** -0,6444*** 0,0726* 0,1126*** 1
2ª Equação (variável DEPENDENTE de ris co BETA)
Colunas 1 BETA IPTE RENT ENDV LIQD DIVY LNAT ESTC
BETA 1
IPTE -0,0428 1
RENT -0,0361 -0,0669 1
ENDV -0,0199 0,1025** -0,6258*** 1
LIQD 0,0631 -0,0595 -0,0129 -0,2221*** 1
DIVY 0,1783*** 0,0166 -0,0751* 0,0575 0,0386 1
LNAT -0,0277 -0,0163 0,0535 0,0828* -0,2066*** -0,1547*** 1
ESTC 0,1440*** 0,0547 0,0647 0,3243*** -0,6444*** 0,0726* 0,1126*** 1
Nota: ***, ** e *, indicam significância estatística ao nível de 1%, 5% e 10%, respectivamente .
Fonte: Elaborado pelo autor
16
Apêndice A3: Resultado do Teste de Hausman – Efeitos Fixos “Fixed-effects” X Efeitos
Aleatórios “Random-effects” (período 2011 – 2015)
1ª equação (Variável DEPENDENTE de ris co Volatilidade)
Variáveis Coef b (FE) Coef B (RE) Difference (b-B) s qrt (diag (V_b-V_B)) S.E.
IPTE 2,586707 2,237158 0,3495482
RENT -13,27937 -14,45644 1,177069
ENDV -1,156888 -1,463243 0,3063554
LIQD -1,372898 -0,1075166 -1,265382
DIVY -0,054203 0,3773489 -0,4315519
LNAT -10,82328 -9,728514 -1,094771
ESTC 63,57382 60,81939 2,75444
N, obs ervations 5.302
Periods Included 5
Sample 2011-2015
b = cons is ten under H0 and Ha; obtained from xtreg
B = incons is ten under Ha; efficient under H0; obtained from xtreg
Tes t: H0: difference in coefficients not s ys tematic
chi2(7) = (b-B) ' [(V_b-V_B) ^ (-1)] (b-B) = -185,68 Prob>chi2= 0.9998
Res ultado dos Tes tes de Hausman FE x RE Random-effects
2ª equação (Variável DEPENDENTE de ris co Beta)
Variáveis Coef b (FE) Coef B (RE) Difference (b-B) s qrt (diag (V_b-V_B)) S.E.
IPTE -0,0073644 -0,0098476 0,0024832 0,0096993
RENT -0,0300152 0,055 0,0249847 0,010505
ENDV -0,0034112 -0,0074031 0,0039919 0,0020989
LIQD 0,0002305 0,0422743 -0,0420438 0,0154615
DIVY 0,0196719 0,0334432 -0,137713 0,0021062
LNAT 0,0830124 0,0261101 0,0569022 0,0821221
ESTC 0,0258684 0,348109 -0,3222405 0,1046554
N, obs ervations 5.302
Periods Included 5
Sample 2011-2015
b = cons is ten under H0 and Ha; obtained from xtreg
B = incons is ten under Ha; efficient under H0; obtained from xtreg
Tes t: H0: difference in coefficients not s ys tematic
chi2(7) = (b-B) ' [(V_b-V_B) ^ (-1)] (b-B) = 253,09 Prob>chi2= 0.0000
Res ultado dos Tes tes de Hausman FE x RE Fixed-effects
Apêndice A4: Resultado do Teste de Breusch and Pagan - Efeitos Aleatórios “Random-effects”
X Sem Efeito “Pooled” (período 2011 – 2015)
2ª Equação (Variável DEPENDENTE de ris co VOLATATILIDADE)
Colunas 1 Var s d = s qrt (Var)
VOLAT 515,3851 22,7021
e 152,1834 12,33627
u 163,0252 12,76813
Tes t: Var(u) = 0
Chibar 2 (01) = 141,91
Prob>chibar2 = 0,0000
Fonte: Elaborado pelo autor
Apêndice A5: Resultado do Teste de Hausman – Fixed-effects, Random-effects e Pooled (período
2011 – 2015)
RISCO Volatilidade Beta
Variáveis Explicativas Coef z Coef t
I PTE 1,55731* 1,82 -0,00736 -0,34
RENT -14,7004*** -8,60 -0,03001 0,74
ENDV -1,37122*** -4,14 -0,00341 -0,45
LI QD 0,25743 0,28 0,00023 0,01
DI VY 0,47933 0,68 0,01967 1,26
LNAT -7,90021*** -3,66 0,08301 0,85
ESTC 71,48445*** 11,83 0,02586 0,15
N, obs erva ti ons 5.302 5.302
Peri ods I ncl uded 5 5
Sa mpl e 2011-2015 2011-2015
Es ti ma çã o Random-effects Fixed-effects
Fonte: Elaborado pelo autor
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Apêndice A6: Resultado Resumo de Testes para Problemas de Heterocedasticidade e
Autocorrelação estimado pela (período 2011 – 2015)
1ª Equação (Variável DEPENDENTE de risco VOLATILIDADE)
xttest3 Modifield Wald test for groupwise heteroskedasticity in fixed effect regression model
Prob> chi 2 0,000 H0: sigma (i) ^ 2 = sigma ^ 2 for all i
xtregar lbi RE GLS regression with AR (1) disturbances
modified Bhargava et al. Durbin-Watson 1,2343088 dpl 1,9319 dpu 1,9497
Baltagi -wu lbi 1,8539332
Resultado Teste de Autocorrelação Presença de Autocorrelação Positiva
2ª Equação (Variável DEPENDENTE de risco BETA)
xttest3 Modifield Wald test for groupwise heteroskedasticity in fixed effect regression model
Prob>chi 2 0,000 H0: sigma (i) ^ 2 = sigma ^ 2 for all i
xtregar lbi FE (Within) regression with AR(1) disturbances
modified Bhargava et al. Durbin-Watson 0,83714874 dpl 1,9319 dpu 1,9497
Baltagi -wu lbi 1,40382
Resultado Teste de Autocorrelação Presença de Autocorrelação Positiva
Fonte: Elaborado pelo autor
Apêndice A7: Resultado do Teste para Problemas de Heterocedasticidade e Autocorrelação
(período 2011 – 2015)
RISCO Volatilidade Beta
Variáveis Explicativas Coef z Coef t
IPTE 1,55731* 1,82 -0,00736 -0,34
RENT -14,7004*** -8,60 -0,03001 0,74
ENDV -1,37122*** -4,14 -0,00341 -0,45
LIQD 0,25743 0,28 0,00023 0,01
DIVY 0,47933 0,68 0,01967 1,26
LNAT -7,90021*** -3,66 0,08301 0,85
ESTC 71,48445*** 11,83 0,02586 0,15
N, observations 5.302 5.302
Periods Included 5 5
Sample 2011-2015 2011-2015
Estimação Random-effects Fixed-effects
Com erros robustos clusterizados ao nível da firma
RISCO Volatilidade Beta
Variáveis Explicativas Coef z Coef t
IPTE 1,55731 1,32 -0,00736 -0,29
RENT -14,7004*** -4,44 -0,03001 0,64
ENDV -1,37122** -2,26 -0,00341 0,43
LIQD 0,25743 0,18 0,00023 0,01
DIVY 0,47933 0,83 0,01967 0,99
LNAT -7,90021** -2,53 0,08301 0,65
ESTC 71,48445*** 6,63 0,02586 0,09
N, observations 5.302 5.302
Periods Included 5 5
Sample 2011-2015 2011-2015
Estimação Random-effects Fixed-effects
Observação comando robust Stata v. 12.0
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