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1. Fundamentos e requisitos
No ambiente hospitalar a energia sob forma de eletricidade é fonte de vida. São vários os
equipamentos que têm esta finalidade: centrais de ar comprimido e oxigênio medicinal,
aparelhos de suporte ventilatório, lâmpadas cirúrgicas, bombas para infusão de drogas e
medicamentos, centrais de geração de energia auxiliar e outros.
Entretanto, o mau uso e a manutenção deficiente nos sistemas elétricos podem trazer
conseqüências desastrosas para os funcionários, visitantes e pacientes, até mesmo à própria
instituição hospitalar. Neste sentido, a compreensão dos assuntos referentes ao bom uso da
eletricidade é necessária aos profissionais do ambiente hospitalar. Por esses motivos, é
justificável um programa de reciclagem e treinamento para uso de eletricidade .
Uma vez que os profissionais que mais fazem uso da eletricidade em seu dia a dia são os
eletricistas e eletromecânicos, descrevemos aqui uma série de orientações para um primeiro
reconhecimento dos riscos elétricos no ambiente hospitalar.
o fio terra como parte dos circuitos elétricos e nos cabos de alimentação de
equipamentos e instrumentos;
o piso isolante para operação de circuitos que operam em alta tensão (13.800
volts);
o luvas isolantes compatíveis com os valores de tensão de trabalho;
o luva de couro sobre a luva de borracha, para evitar microfuros na luva isolante,
prolongando sua vida útil;
Quanto ao sistema de geração de energia auxiliar, deve ser verificado a existência de:
Muitos dispositivos eletromecânicos podem ser utilizados nestes ambientes para aumentar a
segurança contra riscos elétricos e de explosão. Assim, são asseguradas a integridade do
funcionário e a qualidade dos produtos oferecidos aos pacientes.
Na parada respiratória ocorre contração violenta dos músculos peitorais, fazendo com que a
atividade dos pulmões seja bloqueada. Consequentemente, ocorre perda da função vital da
respiração. Trata-se de uma situação de emergência.
As queimaduras ocorrem devido à liberação de energia térmica pelo corpo humano, quando da
passagem de corrente elétrica pelo mesmo (efeito Joule). São críticas nos pontos de entrada e
saída da corrente elétrica do corpo humano, devido à maior resistência dessa corrente
provocada pela pele. Manifestam-se como queimaduras profundas e de cura mais difícil, e
dependendo da intensidade, podem ocasionar a morte.
A fibrilação ventricular ocorre quando uma corrente elétrica de fonte externa passa pelo
miocárdio (coração). Os impulsos periódicos que em situação normal regulam as contrações e
expansões do coração são alterados pela ação da corrente elétrica. O coração vibra
desordenadamente, perde o compasso e sua função de bombear o sangue através do corpo
humano. O indivíduo é levado a óbito por falta de oxigenação cerebral.
A importância do percurso se deve ao fato de que a resistência que o corpo humano faz à
passagem da corrente depende do caminho que esta percorre. Além de determinar a
intensidade da corrente, o percurso sugere a gravidade do choque em função dos órgãos que
são percorridos por ela. Por exemplo, o percurso braço-braço sugere que a corrente elétrica
passa diretamente sobre o músculo cardíaco, aumentando muito a probabilidade de fibrilação
ventricular.
O mesmo pode ocorrer em salas cirúrgicas ou sob qualquer forma de monitoração cardíaca, de
caráter invasivo ou não. Para diferenciar os riscos a que pacientes e funcionários estão sujeitos
com relação ao choque elétrico, algumas definições são dadas a seguir:
3.3.1 Macro-choque
3.3.2 Micro-choque
É a resposta fisiológica indesejada à passagem de corrente elétrica através da superfície do
coração, a qual produz estímulos desnecessários e indesejados, contrações musculares ou
lesão dos tecidos (23). De outro modo, é classificado como devido aos contatos elétricos
provocados dentro do organismo, através de catéteres ou eletrodos aplicados no coração ou
próximo dele.
3.4.1 Introdução
A compreensão do choque elétrico é importante para todos aqueles que trabalham com ou
próximos de equipamentos elétricos. Pacientes e funcionários que lidam diretamente com
equipamentos do hospital são especialmente susceptíveis ao choque elétrico, pois são
obrigados a manter contato com a carcaça (chassis) do mesmo. Assim, medidas de controle
devem ser tomadas para minimizar todos os riscos de acidente por choque elétrico no
ambiente hospitalar. Algumas destas medidas são citadas a seguir.
3.4.2 Aterramento
Todos os recintos para fins médicos devem possuir um condutor de aterramento para proteção
(identificado pela cor verde ou verde-amarela), conectado de forma permanente nas tomadas,
sendo que a tensão de contato convencional é limitada a 25 V em corrente alternada. Esse
condutor deve ser comum a todas as partes condutivas expostas.
Cada recinto para fins médicos ou conjunto de salas médicas deve possuir sua própria barra de
distribuição do condutor de proteção, localizada no quadro de distribuição de energia. A
impedância entre tal barramento e cada terminal de terra nas tomadas, não deve ultrapassar
0,2 ohm. A área de secção transversal dos condutores de proteção é determinada pela tabela
abaixo. Em certas condições pode ser necessário dispor o condutor de proteção separado dos
condutores de fase, a fim de evitar problemas de medição ao se registrar biopotencias (92).
16 < S < 35
16
S > 35
S/2
É um dispositivo que interrompe a corrente elétrica de um determinado circuito antes que seus
efeitos danosos aos seres humanos ou a equipamentos possam ocorrer. Os interruptores de
corrente de fuga recomendados para ambientes hospitalares devem ter seu tempo de
desligamento da ordem de 200 milisegundos ou menos.
3.5.1 Escopo
Antes da compra de qualquer equipamento, uma revisão sobre a requisição de compra será
feita pelo setor de Engenharia Clínica. Na falta deste setor de engenharia, o setor de
manutenção deve fazer esta revisão, desde que capacitado para este fim.
Todo equipamento recebido pela primeira vez no hospital deverá ser enviado ao setor de
Engenharia Clínica (33) (ou manutenção de equipamento médico), para que sejam
inspecionados quanto à compatibilidade com as normas referentes ao mesmo (no Apêndice H,
apresentamos as normas referentes a equipamentos médicos). Deve ser verificado se atende
às especificações técnicas do pedido de compra antes da liberação para o usuário. Neste
sentido, o uso de equipamentos para a análise do desempenho de equipamentos médicos faz-
se indispensável.
Todo equipamento eletro-eletrônico a ser utilizado em áreas críticas (ocupadas por pacientes)
deverá ser inspecionado periodicamente pelo setor de engenharia clínica (ou manutenção de
equipamento médico). Entre outros ensaios, deverá ser realizada a medição de corrente de
fuga. As inspeções deverão ser efetuadas de acordo com o especificado pelo fabricante, antes
do uso inicial, após reparos ou modificações, e no mínimo, anualmente (23, 33, 94), ou
semestralmente (áreas de cuidados gerais como o paciente (33,94). Estes testes deverão
obedecer os requisitos e recomendações das Normas IEC 601 E e VDE 751.
Um programa de uso de etiquetas nos equipamentos deve ser implantado. Estas deverão
indicar entre outras coisas, a data da inspeção, a identificação do técnico responsável e a data
da próxima inspeção.
As modificações na instalação deverão ser feitas em acordo com as indicações dos serviços de
Engenharia Clínica, os quais utilizarão as normas técnicas aplicáveis para o melhor
desempenho e segurança do equipamento. Sempre que possível, adaptadores especiais
deverão ser omitidos, evitando complicações para o paciente. Caso seja necessário usar
adaptadores para o pino terra, pois os mesmos nunca deverão ser eliminados, ao contrário,
deverão ser testados pelo Serviço de Engenharia Clínica, visando a verificação da continuidade
dos condutores, e resistência do aterramento.
Todas as tomadas das áreas críticas deverão ser polarizadas com sistema de 3 fios (terceiro fio
para aterramento). A construção desses sistemas deverá seguir rigorosamente as normas de
segurança. Entre elas citamos:
Cuidados especiais devem ser tomadas com relação ao sistema de aterramento. Para tanto,
consulte as normas citadas acima, o apêndice H, ou as referências (92, 193). As normas
técnicas pertinentes à área hospitalar podem ser encontradas na ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) e no IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) em São Paulo- Capital.
As tomadas deverão ser inspecionadas periodicamente para verificar polaridade (devem ser
padronizadas em todo o hospital), integridade do condutor terra, tensão de contato e a
segurança global. As tomadas defeituosas deverão ser substituídas imediatamente.
Os analisadores de Segurança Elétrica deverão ser utilizados para facilitar o trabalho, bem
como minimizar os erros, e dentre os testes, deverão ser realizados os que seguem (26, 95):
o tensão de linha;
o resistência de aterramento;
o integridade do fio terra;
o fuga de corrente;
o interações entre equipamentos;
o resistência entre os fios terra e fase;
o testes de tomadas;
o testes de pisos antiestáticos;
o testes de sistemas isolados;
o testes de superfícies condutoras.
3.5.8 Treinamento
Os funcionários que mantêm contato rotineiro com eletricidade em áreas de cuidados com os
pacientes, deverão ser instruídos acerca dos riscos elétricos presentes. Isto deve ser feito
durante o período de integração do novo funcionário ao ambiente de trabalho e periodicamente
(reciclagem). Pessoal de cuidados intensivos deverá receber instruções especiais em
segurança elétrica, inclusive sobre primeiros socorros.