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RESENHA

William Steigenberger de Souza1

MOO, Douglas. Exegese, Hermenêutica e Teologia do Novo Testamento.


Eusébio, CE: Editora peregrino, 2018. 316 p.

A editora Peregrino nos presentou com uma excelente obra de teologia


exegética. Douglas Moo já é conhecido no cenário nacional com seus
comentários de Tiago e Colossenses e Filemom, sua Introdução ao Novo
Testamento e artigo no Dicionário Teológico do Novo Testamento. Ele é
professor de estudos no Novo Testamento no Wheaton College. Moo é
audacioso exegeticamente, buscando lidar com o texto mesmo diante de
situações espinhosas teologicamente. Portanto, diante de sua experiência
neotestamentária, Moo lida com a exegese, a hermenêutica e a teologia de uma
forma sincera e profícua.

O livro é prefaciado pelo Dr. Valberth Veras, Deão Acadêmico do Sibima.


Dr. Valberth é doutor em Sociologia pela Federal do Ceará, Mestre em
Missiologia pelo CEM (centro evangélico de missões), e bacharel em teologia
pelo Seminário Batista do Cariri. Sua área de concentração no Sibima é o
Islamismo recentemente. Assim, Dr. Valberth dialoga com a exegese, mas tem
outras aplicações e focos.

Após a introdução, o livro é estruturado em três áreas: Exegese,


Hermenêutica e Teologia. Na parte de Exegese e Hermenêutica, o livro possuí
três capítulos cada. Já na parte de Teologia, ele possui apenas dois.

No primeiro capítulo da área de Exegese, o autor usa o debate


contemporâneo sobre o papel das no ministério cristão para dialogar sobre
significado e significância em 1Tm 2.11-15 (p. 13). Moo começa falando sobre o
significado do texto de 1Tm 2.11-15, ou seja, o que o texto comunica para o
público original. Ele mostra qual o foco do capítulo 2 de 1Tm, lida com aspectos
gramáticas e semânticos, apresenta algumas posições divergentes sobre o

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Mestrando no Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper com ênfase em Estudos Bíblicos
Hermenêuticos.
papel da mulher, chegando à conclusão de que o aprendizado das mulheres em
silêncio, sua submissão e o fato de não querer exercer autoridade na igreja são
tipos de boas obras (p. 34).

Ao lidar com a significância de 1Tm 2.11-15, o autor busca lidar com a


extensão da aplicação do significa no contexto contemporâneo (p. 34). Após
definir seu objetivo, Moo rebate circunstâncias bíblicas contrárias ao ensino de
1Tm 2.11-15, circunstâncias históricas sobre o papel importante das mulheres e
a ideia de que 1Tm 2.11-15 era para um contexto específico do 1º século. Ele
conclui que a mulher é chamada para se envolver em todas as esferas da
sociedade, mas não deve ensinar e nem exercer autoridade na sobre os homens,
pois isso viola a estrutura das relações entre os sexos (p. 52).

No segundo capítulo, o autor é desafiado a um diálogo com Philip Payne


acerca da interpretação de 1Tm 2.11-15. Payne começa considerando alguns
pontos exegéticos, através da semântica e explicação de algumas palavras.
Depois, ele apresenta o ministério feminino no NT, focalizando no caso Febe em
Rm 16.2 (p. 74-78). Por fim, Payne apresenta o Background de 1Tm como tendo
problemas específicos que levaram Paulo a escrever essas proibições acerca
das mulheres (p. 87). Contudo, Moo rebate os argumentos de Payne, mantendo
sua posição anterior.

No terceiro capítulo, o autor trata de um texto difícil. Ele fala da relação


entre Israel e Paulo em Rm 7.7-12. Moo vai argumentar que o foco do texto de
Rm 7.7-12 é a lei mosaica. Além disso, ele mostra que a sequência narrativa tem
a ver com a experiência redentiva de Israel através da lei. Por fim, ele mostra
que o estilo de escrita em primeira pessoa implica em alguma referência
autobiográfica (p. 106). Assim, Moo conclui que em Rm 7.7-12 é uma
interpretação teológica do encontro de Israel com a lei sinaítica. (p. 126).

Na sequência, começa a parte de Hermenêutica. O primeiro capítulo fala


sobre falácias gramaticas. O objetivo do autor é compreender a bíblia a partir do
entendimento de como as palavras funcionam, pois as palavras foram inspiradas
(p. 128). Moo nos alerta sobre a falácia literal, a falácia artificial, a falácia da
negligência e a falácia das expectativas descuidadas.
No segundo capítulo da parte de Hermenêutica, o autor trata da
hermenêutica universalista de Paulo em Romanos. Ele focaliza na justificativa
paulina no AT no que tange à inclusão dos gentios no povo da nova aliança de
Deus dentro da carta de Romanos (p. 135). Moo começa observando os usos de
Paulo das citações do AT em Romanos, mostrando que os gentios são membros
da Nova Aliança, que a condenação de Israel nivela o campo entre gentios e
judeus e o verdadeiro Israel. Depois, ele destaca a apropriação de textos do AT
em vários textos de Romanos. Na sequência, ele fala sobre a história da
salvação, inclusão dos gentios e os axiomas hermenêuticos de Paulo. Por fim,
ele apresenta as abordagens para entender a hermenêutica universalista de
Paulo como: a abordagem textual (p. 177), a abordagem literária (p. 178), a
abordagem exegético-teológico (p. 180), a abordagem da autoria dual (p. 180),
a abordagem da exegese (p. 181) judaica (p. 182), a abordagem tipológica (p.
183) e a abordagem intertextual (p. 185).

No terceiro capítulo, o autor lida com o problema do Sensus Plenior, ou


seja, como entender as citações e alusões do AT no NT. Moo começa
apresentando algumas perspectivas históricas que extremistas. Ele apresenta a
rejeição do AT, alegorização, a reforma protestante, a exegese histórico
científica e as reações ao racionalismo. Após isso, ele considera algumas
questões problemáticas e define o problema. Em seguida, oferece algumas
soluções proposta: os métodos exegéticos judaicos, tipologia, a eliminação do
problema por meio da exegese teológica, o sensus plenior e a abordagem
canônica. Moo conclui que a o contexto canônico é o ponto de partida para a
abordagem do NT. Mas, existem situações que a tipologia, o sensus plenior
podem ajudar.

Na terceira parte, o autor trata de problemas teológicos. No primeiro


capítulo, ele fala sobre Rm 2 e como esse texto não dá base para a salvação
pelas obras a parte da fé em Cristo. Moo começa expondo sua razões acerca da
rejeição que Paulo ensinava salvação pelas obras em Rm 2. Depois, ele
apresenta duas interpretações sobre Rm 2, a abordagem da interpretação cristã
e a abordagem da interpretação hipotética, escolhendo a interpretação hipotética
(p. 276).
No segundo capítulo da área de Teologia, último do livro, o autor fala
sobre criação e nova criação. O objetivo de Moo é lidar com as interpretações
da frase “nova criação” em Paulo. Primeiro, ele começa com aspectos lexicais
básicos, mostrando expressões que dizem respeito a nova criação como algo
físico. Depois, ele lida com dois textos bíblicos, Gl 6.17 e 2Co 5.17. Depois,
surpreendentemente, ele trata de um assunto polêmico acerca da cosmologia e
da Nova criação. A conclusão do autor é que o presente estado da nova criação
deve nos capacitar para sermos mordomos fiéis e abnegados da criação (p. 313).

Conforme disse inicialmente, a Editora Peregrino nos introduz a assuntos


espinhosos teológica e exegeticamente com esse livro. Mas, aprofunda-nos em
debates a assuntos difíceis e que são tratados seria e sinceramente.

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