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+TEMA

HAMARTIOLOGIA; SOTEROLOGIA; MORTE; SUICÍDIO

TÍTULO

O SUICÍDIO E A TEOLOGIA: as implicações espirituais da prática do suicídio

INTRODUÇÃO

O tema que desejo tratar é um dos mais controversos dentro da esfera da religião e
também muito pouco falado nas igrejas.

Nos deparamos com posições e convicções diversas e conflitantes, de modo que é


impossível desejar chegar a um consenso.

Este tipo de tema precisa ser tratado exclusivamente dentro da esfera que a Bíblia nos
permite se mover. Não queremos ficar aquém nem ir além da verdade bíblica revelada.
Isso significa que não terei resposta para todas as suas perguntas.

Deuteronômio 29.29 “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém
as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos
todas as palavras desta lei”.

I) QUATRO POSIÇÕES TEOLÓGICAS SOBRE A QUESTÃO DO


SUICÍDIO

a. Todo aquele que comete suicídio, sob qualquer circunstância, vai para o
inferno

Esta é a posição Católica Tradicional, que até o período da Reforma Protestante foi
universalmente aceita pelo mundo dito cristão.
A partir da Reforma a Bíblia passou a ser estudada e a compreensão da sua verdade
levou a um entendimento diferente do que o catolicismo ensinava.

b. Um cristão nunca chega a cometer suicídio, porque Deus impediria.

Esta posição teológica nega completamente que um salvo em Cristo possa cometer o
pecado do suicídio. Por inferência trata todo aquele que comete suicídio, mesmo aqueles
que professam ser salvos, como perdidos. Ou seja, se cometeu suicídio é porque não era
um salvo.

Não há nenhuma passagem bíblica que defenda este posicionamento, apesar de sus
defensores sustentarem que na Bíblia não há nenhuma narrativa de um salvo que tenha
cometido suicídio, o que é verdade, porém este é um argumento que se baseia no
silêncio das Escrituras e não em declarações bíblicas.
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c. Um cristão pode cometer suicídio, mas perderá sua salvação.

Esta posição toma textos bíblicos para alicerça-la

1 Coríntios 3.17 “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o
templo de Deus, que sois vós, é santo”.

Os que assim creem argumentam que o templo de Deus é a vida do crente e o coração
do salvo é a morada do Espírito Santo. Assim, quem mata um cristão está a destruir o
templo de Deus e seu juízo é certo, será condenado por Deus. Neste pensamento a
mesma condenação é atribuída ao suicida, pois está agredindo e destruindo o templo de
Deus.

Desta forma o suicídio é ligado, em todos os casos, a absoluta perdição.

Um dos argumentos usados é que esse pecado cometido no último momento da vida não
proveu oportunidade para o arrependimento, e isso acaba por roubar do crente a
salvação.

d. Um cristão pode vir a cometer suicídio, sem que necessariamente perca sua
salvação.

Esta posição trata basicamente de duas primícias básicas:

1. A salvação obtida por Cristo e concedida ao que crê jamais pode ser cancelada
ou perdida. Nenhum pecado pode tira-la do crente.
2. O poder do pecado continua a agir no crente. A Bíblia relata que até mesmo
homens maduros espiritualmente, como Moisés e Elias, chegaram a desejar a
morte. Se isto aconteceu com eles porque não pode acontecer com crentes na
época atual?

II) A VISÃO BÍBLICA SOBRE O SUICÍDIO

a. A Bíblia trata o suicídio como um ato pecaminoso

Êxodo 20.13 “Não matarás”.


Tanto o ato de tirar a vida de outrem como o ato de tirar a própria vida são atos
pecaminosos.

b. A Bíblia vê no suicídio um ato egoísta e contrário a lei do amor

Filipenses 2.4 “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual
para o que é dos outros”.
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c. A Bíblia jamais incentiva a prática do suicídio

O caso do apóstolo Paulo e do carcereiro

Atos 16.27,28 “E, acordando o carcereiro, e vendo abertas as portas da prisão, tirou a
espada, e quis matar-se, cuidando que os presos já tinham fugido. Mas Paulo clamou
com grande voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, que todos aqui estamos”.

d. A Bíblia não atribui qualquer honra ou dignidade ao ato do suicídio

Algumas culturas atribuem ao suicídio uma aura de honra e dignidade, mas isto não está
presente na Palavra de Deus ao tratar de casos de suicídio.

O caso de Sansão
Ele morreu como prisioneiro em meio aos escárnios de seus inimigos, sua morte foi pôs
fim a seus tormentos e ao escárnio de homens ímpios.
Juízes 16.30 “E disse Sansão: Morra eu com os filisteus. E inclinou-se com força, e a
casa caiu sobre os príncipes e sobre todo o povo que nela havia; e foram mais os
mortos que matou na sua morte do que os que matara em sua vida”.

Hebreus 11.32 “E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de


Baraque, e de Sansão...”

O caso do Rei Saul


1 Samuel 31.5 “...então Saul tomou a espada, e se lançou sobre ela”.
O orgulhoso rei tirou sua própria vida para não ser usado como troféu por seus inimigos

O caso de Aitofel
2 Samuel 17.23 “Vendo, pois, Aitofel que se não tinha seguido seu conselho,
albardou o jumento, e levantou-se, e foi para sua casa e para a sua cidade, e deu
ordem a sua casa, e se enforcou e morreu...”
Este homem era pai de um dos homens poderoso de Davi, Eliã, e procurou dar maus
conselhos a Absalão para que o poder de Davi fosse completamente destruído. Quando
Absalão deu ouvidos a Husai e seu plano não foi seguido ele tirou sua própria vida.

O caso de Judas Escariotes


Mateus 27.5 “E ele, atirando para o templo as moedas de prata, retirou-se e foi
enforcar-se”.
O remorso por ter traído um homem inocente levou Judas a prática do suicídio.

III) COMO A DOUTRINA DA SEGURANÇA DA SALVAÇÃO TRATA


COM A QUESTÃO DA PRÁTICA DO SUICÍDIO
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A questão que tratamos aqui não é se um salvo pode vir a praticar o suicídio, mas sim se
a prática do suicídio tem o poder de anular a salvação em Cristo concedida ao que crê.

a. Nenhum pecado tem o poder de anular a salvação concedida pelo sangue de


Cristo

Romanos 4.25 “O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa
justificação”.

 Romanos 8.1 “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus”.

Sendo assim, o sangue de Cristo tem poder para perdoar o pecado do suicídio?

Absolutamente sim!

b. Não há ninguém nem coisa alguma que possa arrancar um salvo da


segurança em Jesus Cristo

Romanos 8.38,39 “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos,
nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura,
nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de
Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”.

Note que o apóstolo Paulo acrescentou a sua lista a “morte”. Nem mesmo ela pode
levar um salvo a perdição.

c. Nem mesmo um pecado não confessado pode roubar do crente a sua


salvação

1 João 1.9 “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados, e nos purificar de toda injustiça”.

Há algum momento em nossa existência neste mundo em que não tenhamos pecados a
confessar? Isso é absolutamente impossível, nossa condição de pecadores nos leva a
pecarmos mesmo quando não estamos conscientes disto.

A falta de confissão de pecados impede a comunhão do filho de Deus com seu Pai, mas
não afeta sua condição de salvo. Pode resultar na disciplina corretiva de Deus mas
jamais será motivo de perder a salvação concedida nos méritos de Cristo.

d. A salvação é concedida e garantida unicamente pela graça de Deus


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Efésios 2.8 “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é
dom de Deus”.
Romanos 5.20 “...mas, onde abundou o pecado, superabundou a graça”.

CONCLUSÃO

Como tratar deste assunto sem estimulá-lo?

Mesmo que em nossa cidade ocorram casos de suicídio, a mídia em geral não os
reporta, a justificativa é que a propagação de notícias sobre a prática do suicídio pode
estimular pessoas propensas a cometer este ato a fazê-lo, ao se identificarem com
aqueles que cometem suicídio.

Recentemente nos EUA uma série de tv que abordava a questão do suicídio foi apontada
como possível responsável pelo aumento na busca de informações na internet sobre
como tirar a própria vida.

Não podemos ignorar que membros de igrejas e até mesmo pastores, alguns conhecidos,
tem apelado ato suicida como forma de resolver questões em sua vida.

O objetivo ao abordar este assunto é:

1º, reconhecer que a Palavra de Deus tem a solução para qualquer problema em nossa
vida.

2º, encorajar aqueles que sofrem a buscar ajuda na Palavra de Deus e na igreja através
de seus múltiplos ministérios.

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