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EcoDebate
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socioambientais
Notícia by Redação - 3
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APOIO
Na entrevista a seguir, concedida, por e-mail, Riccardo Petrella italiano radicado na Bélgica,
analisa o problema da água no mundo. Antes de refletir sobre a “crise da água”, ele enfatiza
que “a rarefação da água, da qual atualmente todo o mundo não pára de falar, não é uma
rarefação
O Portalda quantidade
EcoDebate de água
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hoje é a mesma de 200 milhões de anos atrás“. A rarefação é antes uma rarefação da de cookies
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qualidade de água para usos humanos em condições técnicas, econômicas e sócio/políticas
‘abordáveis’ e aceitáveis”, disse.
Além da questão da qualidade da água, Petrella refletiu sobre problemas como a privatização
da água, saneamento básico e Copenhague. “O direito à água para todos se confirma não ser
uma prioridade principal das classes dirigentes mundiais. Sua prioridade é saber quem vai
ganhar, no decurso dos próximos 15 anos, a batalha para a conquista e a supremacia do
mercado de um bilhão de novos carros ‘verdes’, bem como aquela das novas moradias
‘verdes’”, afirmou. APOIO
Riccardo Petrella nasceu na Itália, mas hoje vive na Bélgica. É economista e cientista político,
e já esteve diversas vezes no Brasil, inclusive, a convite do Instituto Humanitas Unisinos –
IHU, duas vezes na Unisinos.
IHU On-Line – Como avalia, de maneira mais geral, a qualidade da água no mundo?
Riccardo Petrella – No que se refere à água doce acessível e utilizável para usos humanos, a
qualidade da água continua a se deteriorar. Isso ocorre mesmo depois dos dirigentes do
mundo inteiro tomarem consciência, pelo fim dos anos 1960 e começo dos anos 1970, da
amplitude e da gravidade dos problemas da água. Na verdade, a rarefação da água, da qual
atualmente todo o mundo não pára de falar, não é uma rarefação da quantidade de água em si
(a quantidade da água doce sobre a terra não muda. Ela é a mesma que aquela de 200
DESMATAMENTO NA
milhões de anos atrás, como ela será a mesma daqui a 100 milhões de anos ou mais). A AMAZÔNIA, COM
rarefação é antes uma rarefação da qualidade de água para usos humanos em condições APRESENTAÇÃO DE HENRIQUE
CORTEZ
técnicas, econômicas e sócio/políticas ‘abordáveis’ e aceitáveis.
As razões do agravamento do estado qualitativo da água são múltiplas e variadas. As
principais Desmatament…
Desmatament …
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notadamente transnacionais.
IHU On-Line – Qual é sua opinião sobre a privatização da água, considerando que ela
deveria ser um bem público universal?
Riccardo Petrella – Eu sou contrário à privatização da água por duas razões principais:
primeiro, porque ela se traduz pela mercantilização da água e, por conseguinte, pela
mercantilização da vida. Assim, todo mundo reconhece que a água é sinônimo de vida, ou
seja, “fonte” de vida. Ora, privatizar os serviços de água significa tratar a água como
mercadoria, mesmo que determinados poderes públicos tentem dizer que se trata de uma
mercadoria diferente das outras. A segunda razão que mostra que sou contrário é porque a
privatização também implica na privatização do poder político, das decisões em matéria de CATEGORIAS
salvaguarda da água, de seus usos e do direito à água. A água é um bem essencial e
insubstituível à vida, e não se pode, por isso, confiar o poder de decisão a seu respeito a Artigo (9.580)
indivíduos privados. Editorial (115)
Notícia (30.814)
É escandaloso pensar que a água possa ser fonte de lucro, e que os objetivos de rentabilidade
financeira ditem as escolhas e as prioridades da gestão dela. Além disso, sendo a gestão da Podcast (260)
água necessariamente organizada sobre bases de monopólio natural, é inimaginável que o Videocast (47)
acesso à água possa gerar lucros.
No quadro da privatização, o acesso à água é subordinado ao poder de compra dos indivíduos NUVEM DE TAGS
e das organizações. Os seres humanos deixam de ser cidadãos para se tornarem
Agricultura/Ciências Agrárias
consumidores e clientes de água. Ora, o acesso à água é e deve ser considerado e
concretizado enquanto direito humano, a saber, um direito universal, indivisível e (1062)
agrotóxicos (857)
alimentação (501)
Amazônia (1970)
imprescritível. A sociedade, e as autoridades públicas em particular traem sua função e
aquecimento global
abandonam suas responsabilidades
O Portal EcoDebate procedendo
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Belo Monte (583)
Biodiversidade
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Opor-se à privatização não significa ignorar a existência dos custos que comporta pôr a água à
(545)
clima (624)
CO2 (1063)
disposição para os usos humanos vitais e a questão de sua cobertura e financiamento. Os
custos, que são importantes, devem ser assumidos pela coletividade através dos processos conservação (1433)
fiscais gerais e específicos. O financiamento dos investimentos referentes a todo serviço contaminação (732)
Convenção do Clima (542)
crise ambiental (716)
Código Florestal-
público relativo à satisfação de um direito humano é de responsabilidade comum dos membros
floresta zero (797)
desenvolvimento
da comunidade, do nível local aos níveis nacional e internacional. Confiar tal financiamento ao
sustentável (778)
consumidor para o pagamento de um preço é esvaziar de sentido o direito humano à vida e
mudar a própria natureza da água. desmatamento (1736)
economia (1013)
No que se refere à água mineral engarrafada, convém denunciar a mistificação mundial
Educação/Interdisciplinar (671)
energia
operada no decurso dos últimos 30 anos. Por definição, a água mineral natural não é uma
água potável, pois ela não pode ser tratada, mas deve ser engarrafada tal como ela sai da (1595)
energia nuclear (516)
entrevista
fonte, sob pena de perder suas características. Somente se pode reduzir ou acrescentar (1207)
Henrique Cortez
anidrido carbônico. Uma água potável é a que sofreu um tratamento que corresponde aos (1304)
hidrelétricas (1083)
critérios (nacionais ou internacionais) de potabilidade. Por esta razão, as águas minerais
indígenas (999)
legislação
naturais engarrafadas podem ser objeto unicamente de um uso temporário, descontínuo e
ambiental (1083)
licenciamento
específico, por sua relação a certas características em sais minerais que atribuem a essas
águas propriedades para-terapêuticas. ambiental (805)
lixo (759)
modelo
de desenvolvimento (1584)
Ora, uma vasta campanha publicitária conduzida nestas últimas décadas conseguiu fazer a
opinião pública crer que a água mineral natural é melhor que a água da torneira, que é preciso MP (1574)
mudanças
beber água mineral para garantir melhor saúde, que as águas minerais engarrafadas são mais
puras do que a água potável etc. Isso é estritamente falso. O sucesso das águas minerais
climáticas (2917)
naturais é devido principalmente à publicidade e a uma estratégia voluntarista de marketing da pesquisa (909)
Planejamento Urbano e
parte das companhias multinacionais das bebidas gasosas doces, que chegou a transformar poluição (998)
política (555)
Regional (528)
O que é inaceitável, em particular, é que a mortalidade citada não é devida ao fato das
crianças e mulheres habitarem em regiões onde a água esteja faltando. Isso também existe,
mas a causa principal é representada pelo fato dessas pessoas serem pobres. O
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empobrecimento atual de amplas fatias das populações da África, da Ásia e da América Latina
está na origem das desigualdades no acesso à água e, por conseguinte, à saúde e à vida.
É importante destacar que uma responsabilidade direta desse estado de coisas cabe também
às classes dirigentes dos países dessas regiões, pois elas não utilizam nem os recursos
financeiros limitados de que dispõem, nem os recursos naturais dos quais seus países são
frequentemente muito ricos. Assim, os investimentos nas infraestruturas e serviços referentes
ao tratamento das águas usadas e sua reciclagem são, de longe, inferiores àqueles
destinados a manter ou reforçar seus poderes e seus privilégios no contexto de uma
subordinação da economia do país aos interesses dos fortes poderes das empresas
multinacionais e dosusa
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IHU On-Line – Em sua opinião, quem deveria cuidar da gestão do setor hídrico?
IHU On-Line – Como o senhor interpreta o fato de Copenhague não ter debatido a
questão da água?
Riccardo Petrella – A recusa de incluir a problemática da água nas negociações sobre o
desenvolvimento e ousa
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Janeiro, em 1992do(a)
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Rio de Janeiro e aprovada em 1994, data deste período. Depois, não se conseguiu mais
convencer os Estados fortes da ONU (EUA, China, França, UK, Alemanha, Canadá, Brasil,
Egito, Japão, Rússia etc) de considerarem a água como parte integrante das negociações
sobre o clima. Portanto, todos os trabalhos do Grupo intergovernamental de Estudo sobre o
Clima (GIEC) puseram sistematicamente em evidência os elos fundamentais entre a mudança
climática e a água, simultaneamente no que se refere às causas e efeitos da mudança
climática.
A razão principal dessa recusa, a meu ver, é dupla. Primeiro, o direito à água para todos se
confirma não ser uma prioridade principal das classes dirigentes mundiais. Sua prioridade é
saber quem vai ganhar no decurso dos próximos 15 anos a batalha para a conquista e a
supremacia do mercado de um bilhão de novos carros ‘verdes’, bem como aquela das novas
moradias ‘verdes’ (de energia passiva e ativa).
IHU On-Line – O senhor acredita que a água em penúria poderá vir a ser uma das
principais causas de guerra no século 21?
Riccardo Petrella – Se os grupos sociais dominantes continuarem a aplicar os princípios
políticos e aEcoDebate
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tecnologias semelhantes atuais,
para otimizar as “guerras”
a experiência da água
do(a) usuário(a), se
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tornarão frequentes e cada vez mais “mortíferas”. Não poderia ser de outra maneira na base
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da aplicação dos princípios de soberania nacional absoluta sobre os recursos hídricos e da
segurança nacional no aprovisionamento de água, garantia da segurança alimentar, energética
e econômica em geral do país.
IHU On-Line – Como vai o trabalho do Contrato Mundial da Água? Quais são os
principais avanços e objetivos a serem obtidos?
Creio, também, que o Contrato Mundial da Água participou ativamente da luta contra a
privatização e a mercantilização, evitando, em certos países, que elas se afirmem, e,
contribuindo, em outros, para que a pressão em favor da re-publicização da água produza
resultados concretos. É de assinalar, enfim, seu papel desempenhado no desenvolvimento de
“faculdades da água” na Itália, na França, no Brasil, na Argentina etc., e, mais recentemente,
no nascimento de novas formas de diálogo inter-religioso e de grandes tradições morais em
favor de uma mobilização conjunta pelo direito da água para todos e da água como bem
comum e patrimônio da humanidade e de todas as espécies vivas.
[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do
Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
Crise Hídrica De São Paulo Passa Pelo Agronegócio, Desperdício E Privatização Da Água
A Privatização Da Água
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