Em 2019, o roteirista e diretor Rian Johnson entregou “Entre Facas e

Segredos”, um mistério surpreendente e com sucesso de crítica e público. Três

anos depois, agora graças Netflix, o cineasta apresenta a sequência deste
“universo”, com muito humor ácido e um espírito no melhor estilo Agatha
Christie.

Na trama, o Benoit Blanc (Daniel Craig) encontra um grupo de amigos

reunidos para o encontro anual realizado por Miles Bron (Edward Norton), um
bilionário da tecnologia. Compõem a lista de convidados pessoas influentes,
como a ex-sócia de Miles, a governadora de um estado dos Estados Unidos,
um cientista, uma ex-modelo e sua assistente, além de um influenciador e sua
namorada. Após um assassinato acontecer no local, todos se tornam suspeitos,
e começam a ter seus segredos e possíveis motivações revelados.

Nos últimos anos, muitas produções se inspiraram no estilo Agatha Christie,

como o filme “Assassinato no Expresso do Oriente” e até mesmo a série “The
White Lotus”. Porém, nenhuma produção criou uma narrativa tão envolvente
como “Entre Facas e Segredos”. Por esse motivo, as expectativas estavam nas
alturas. Talvez até por isso exista a sensação para algumas pessoas de que o
filme seja ruim.

No geral, o roteiro escolhe seguir por um caminho seguro e previsível, sem

grandes reviravoltas. Isso fica evidente ao longo da história onde cada
personagem tem motivos para ser o assassino, mas nunca tem sua jornada de
fato aprofundada. Mesmo assim, ainda há inúmeras circunstâncias onde nada
parece ser o correto. Através de flashbacks, várias revelações surpreendentes
vão mudando o rumo do filme, alterando as motivações e reações das
personagens e modificando o ponto de vista e as certezas que o espectador
acreditava ter.

Com um elenco recheado de estrelas (onde todos atuam muito bem), a Netflix
acerta com o entretenimento perfeito para a temporada de festas de final de
ano. Para quem amou o primeiro filme, “Glass Onion: Um Mistério Knives
Out” pode até ser frustrante por não manter o mesmo nível do anterior.
Porém, com um humor certeiro, Rian Johnson entrega um filme maior, mais
ousado e que nem mesmo a previsibilidade estraga a diversão.

Nota: 8/10