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A fera em minha casa

Eu estava dormindo, deitado em minha cama, em um sono profundo, pois era por volta
das três horas da manhã, quando fui acordado pelo primeiro rugido. Chamo-o assim,
pois não existem palavras que descrevam o atormentador som que acordou-me. Ele
era terrível e estrondoso, e só poderia ser emitido por uma fera selvagem. Não parecia
fazer sentido, eu morava com meus pais em uma cidade urbana, mas com o
aquecimento global, nada impedia as bestas da floresta de decidirem reinvindicar as
cidades. Não ponderei muito sobre minhas teorias, pois novamente escutei o temível
rugido da fera. Meus pais já eram idosos, então era meu dever proteger nosso lar.

Analisei meu quarto, buscando por algum objeto de auto defesa, e achei somente uma
garrafa de água que tinha esquecido de jogar no lixo.

"Não é muito, mas vai servir", pensei. Empunhei minha espada improvisada e
lentamente abri a porta do meu quarto, rezando para que a besta não me notasse, e
que eu tivesse ao menos o elemento surpresa ao meu favor. Quando fecho a porta
escuto novamente o rugido, ainda mais voraz e furioso, sem dúvidas a fera me
desafiava para um duelo.

Andei lentamente pelo corredor de casa, em direção a sala, de onde vinham os


perturbadores barulhos, com um misto de medo do terrível que havia tomado minha
casa, e curiosidade de como ela seria. Minha respiração era baixa e pesada, e meus
passos lentos e vacilantes. Um silêncio sepulcral tomava conta da casa, e só era
possível ouvir as fortes batidas de meu temerário coração, que aceleravam mais a
cada passo que eu dava em direção a sala, agora covil da besta.

Quando finalmente chego, me deparo com uma visão pavorosa, que só poderia
imaginar em meus mais profundos pesadelos. Diante dessa cena, tudo que pude fazer
foi gritar:

-PAI, PELO AMOR DE DEUS, VAI DORMIR NA CAMA.

O que imaginei ser uma fera, e agora descubro que era meu pai em sono profundo, se
levanta assustado e diz:

-Ô meu filho, o que que aconteceu?

-Aconteceu que o senhor dormiu de mal jeito no sofá de novo, e me acordou com seus
roncos- Respondo, um tanto quanto irritado.

-Ai meu filho, mil perdões- Diz meu pai, com um semblante que demonstrava culpa.

Após um suspiro eu digo:


-Tudo bem pai, agora vai dormir que amanhã a gente tem que acordar cedo.

Nos despedimos e eu voltei a dormir, rindo de toda a situação.

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