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2305CGU

Controladoria-Geral da União
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)
Diretoria de Auditoria de Políticas Sociais e de Segurança Pública

Relatório de Avaliação nº
201902305
Programa Criança Feliz no Estado de Goiás
Ministério da Cidadania
Exercício 2019

30 de abril de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

Relatório de Avaliação do Programa Criança Feliz no Estado de Goiás


Órgão: Ministério da Cidadania
Unidade Examinada: Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento Humano
(SNPDH)
Município/UF: Brasília/Distrito Federal
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação da Execução de Programa de Governo


A metodologia de avaliação da execução de programas de governo (AEPG)
pretende dar cumprimento ao artigo 74 da Constituição Federal de 1988.
Caracteriza-se por ter como diretriz principal a obtenção de diagnósticos
acerca da eficácia, eficiência e economicidade, assim como, quando
possível, da efetividade das políticas públicas.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO A crescente exposição do tema Primeira Infância,
REALIZADO etapa do desenvolvimento humano marcada por
importantes aquisições físicas, cognitivas,
PELA CGU? emocionais e sociais, além de o Programa estar
Trata-se de Relatório de relacionado ao tema Desenvolvimento Infantil,
Avaliação da Execução do inserido no Plano Tático 2018-2019 da CGU.
Programa Criança Feliz,
realizada em Municípios
QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS
do Estado de Goiás, a fim PELA CGU? QUAIS AS
de verificar o RECOMENDAÇÕES QUE DEVERÃO SER
cumprimento de seus
objetivos.
ADOTADAS?
A avaliação, realizada por meio de aplicação de
A ação de controle teve
questionários semiestruturados em entrevistas com
precipuamente como
atores envolvidos na execução do Programa,
propósito aferir a
permitiu observar que os Municípios estão realizando
percepção dos atores
as visitas e desenvolvendo as atividades previstas
sobre a contribuição do
com os beneficiários. Os participantes (equipes
Programa para o
técnicas e beneficiários) relataram visível melhora no
desenvolvimento integral
desenvolvimento das crianças atendidas, a promoção
de crianças e a melhoria
de um convívio familiar mais harmônico e maior
do acesso às demais
segurança e apoio emocional às gestantes.
políticas públicas de que
necessitam. No entanto, foram identificadas oportunidades de
melhoria relacionadas à estruturação dos municípios
para a execução do Programa, ao planejamento das
atividades, à capacitação permanente dos agentes, à
intersetorialidade ainda incipiente e ao
monitoramento da execução e resultados do
Programa.
Dessa forma, foram elaboradas recomendações no
sentido de que a Unidade melhore a divulgação do
Programa; promova ações frequentes de capacitação
permanente; elabore materiais de apoio destinados
às equipes; aprimore o Sistema Prontuário SUAS para
gestão dos dados; estabeleça estratégias de
articulação com os demais ministérios envolvidos
para desenvolvimento de ações em seus âmbitos;
elabore indicadores qualitativos para monitoramento
do Programa; e apresente plano de ação para
atendimento das recomendações inseridas no
Relatório da SAGI/MDS.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BPC Benefício de Prestação Continuada
CadÚnico Cadastro Único
CadSUAS Cadastro Nacional do Sistema Único de Assistência Social
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CIT Comissão Intergestores Tripartite
CNM Confederação Nacional de Municípios
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social
CDC Cuidados para o Desenvolvimento da Criança
EAAB Estratégia Amamenta Brasil
Unicef Fundo das Nações Unidas para a Infância
FNAS Fundo Nacional de Assistência Social
OPAS Organização Pan-Americana da Saúde
PBF Programa Bolsa Família
PCF Programa Criança Feliz
PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola
SAGI Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação
SNPDH Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento Humano
SCFV Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
Paefi Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos
Paif Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
SUAS Sistema Único de Assistência Social
SAM Subchefia de Avaliação e Monitoramento
SUMÁRIO
QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO PELA CGU? 3

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 4

SUMÁRIO 5

INTRODUÇÃO 6

RESULTADOS DOS EXAMES 10

1. O Município está devidamente estruturado para a implementação do Programa Criança Feliz?


10

2. As equipes estão fornecendo apoio aos beneficiários e promovendo atividades da forma que o
Programa estabelece? 19

3. O Município tem promovido a intersetorialidade preconizada na implementação do Programa?


28

4. O Município estabeleceu mecanismos de acompanhamento e avaliação do Programa? 33

5. O gestor federal tem acompanhado o Programa Criança Feliz, atuando na promoção do caráter
intersetorial e estabelecendo formas de monitoramento e avaliação? 43

CONCLUSÃO 48
INTRODUÇÃO
Trata-se da apresentação dos resultados da avaliação da execução do Programa
Criança Feliz (PCF) em municípios do Estado de Goiás. Essa análise foi motivada pelo crescente
ganho de expressão do tema da primeira infância, que tem sido inserido na agenda pública
após a compreensão da importância dessa etapa do desenvolvimento humano, marcada por
aquisições físicas, cognitivas, emocionais e sociais significativas. Destaca-se a aprovação no
Brasil do Marco Legal da Primeira Infância em 2016, Lei que estabelece princípios e diretrizes
para a formulação e a implementação de políticas públicas para a primeira infância em
atenção à especificidade e à relevância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento infantil
e no desenvolvimento do ser humano. Outrossim, o Desenvolvimento Infantil é um dos temas
que a CGU inseriu em seu Plano Tático 2018-2019.
Com vistas a avaliar a execução do Programa Criança Feliz no Estado de Goiás, foram
elaboradas as seguintes questões de auditoria:
1. O Município está devidamente estruturado para a implementação do Programa
Criança Feliz?
2. As equipes estão fornecendo apoio aos beneficiários e promovendo atividades da
forma que o Programa estabelece?
3. O Município tem promovido a intersetorialidade preconizada na implementação do
Programa?
4. O Município estabeleceu mecanismos de acompanhamento e avaliação do Programa?
5. O gestor federal tem acompanhado o Programa Criança Feliz, atuando na promoção
do caráter intersetorial e estabelecendo formas de monitoramento e avaliação?
De início, a equipe de auditoria realizou um levantamento amplo de informações
acerca do funcionamento do Programa, incluindo o acompanhamento “in loco” de sua
execução. A partir dessas informações, foram elaborados questionários a serem aplicados
com os diversos atores envolvidos no Programa: o gestor local, responsável pela Política no
Município; o supervisor do Programa, responsável pela capacitação dos visitadores,
planejamento das visitas e articulação das políticas setoriais; os visitadores, responsáveis pela
realização e registro das visitas; e os beneficiários, que são o público-alvo da Política. Dessa
forma, o trabalho objetivou a coleta de informações sobre o desenvolvimento do Programa
no município pela visão de cada ator.
Posteriormente, os entes a serem visitados foram selecionados aleatoriamente no
conjunto de municípios mais próximos de Goiânia, sede da Controladoria Regional da União
no Estado de Goiás, que já tivessem iniciado as visitas aos beneficiários. As coletas de dados
foram realizadas no período de 3 a 14 de dezembro de 2018, envolvendo um total de nove
municípios no estado de Goiás, quais sejam: Abadia de Goiás, Abadiânia, Anicuns, Cocalzinho
de Goiás, Corumbá de Goiás, Itaberaí, Jaraguá, Morrinhos e Petrolina de Goiás.
Foram entrevistados todos os gestores locais e supervisores de cada Município
visitado, além de 24 visitadores, 32 famílias com crianças beneficiárias e onze gestantes
beneficiárias. Os servidores da CGU realizaram ainda dezesseis visitas (11 com a família das
crianças beneficiárias e 5 com gestantes) desacompanhados da equipe do Criança Feliz,
objetivando coletar suas próprias impressões dos efeitos do Programa para as famílias, sem

6
que estas estivessem sob influência da opinião dos visitadores. Trata-se em grande parte,
portanto, de uma avaliação subjetiva do Programa, com base na percepção daqueles que o
vivenciam, sem envolver uma avaliação da aplicação dos recursos federais transferidos pelo
Criança Feliz. Dessa feita, com base nessas entrevistas, conduzidas por questionários
padronizados, as questões de auditoria foram respondidas e as análises sobre a execução da
Política Pública foram feitas.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Programa Criança Feliz foi instituído por meio do Decreto nº 8.869, de 5 de outubro
de 2016, com a finalidade de promover o desenvolvimento integral das crianças da primeira
infância, considerando sua família e seu contexto de vida. Coordenado pelo Ministério da
Cidadania, possui caráter intersetorial, articulando ações das políticas da Assistência Social,
Saúde, Educação, Cultura, Direitos Humanos e Direitos das Crianças e dos Adolescentes, entre
outras.
O Programa consiste essencialmente na realização de visitas domiciliares periódicas e
de ações complementares de apoio. Tem como público-alvo gestantes, crianças de até seis
anos e suas famílias, em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social. Por meio das
visitas (aconselhamento dos pais, informações sobre desenvolvimento infantil e sobre
recursos da comunidade, suporte emocional, modelos educativos e lúdicos), deverá ocorrer o
estímulo para o desenvolvimento saudável dos filhos na primeira infância, de maneira
contínua e permanente, da gestação aos 6 anos de idade. A ação envolve ainda a realização
de estudos e pesquisas sobre o assunto.
O Ministério da Cidadania aporta recursos ao Programa por meio da Ação
Orçamentária 217M – Desenvolvimento Integral na Primeira Infância. A Lei Orçamentária
Anual (LOA) de 2018 previa o atendimento de 666.666 crianças com um total de recursos
atualizado no montante de R$281 milhões. Destaca-se que esses recursos repassados
correspondem integralmente aos recursos do Programa Criança Feliz. Os demais Ministérios
envolvidos na Política ainda não aportaram recursos de forma direta.
Essa Ação está vinculada ao Objetivo 0370 – “Manter, ampliar e qualificar os serviços
e programas de Proteção Social Básica e Especial ofertados às famílias e indivíduos em
situação de vulnerabilidade e risco social e pessoal.”, do Programa Temático 2037 –
Consolidação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), do Plano Plurianual 2016-2019.
São objetivos do Programa:
• Promover o desenvolvimento humano a partir do apoio e do acompanhamento do
desenvolvimento infantil integral na primeira infância;
• Apoiar a gestante e a família na preparação para o nascimento e nos cuidados
perinatais;
• Colaborar no exercício da parentalidade, fortalecendo os vínculos e o papel das
famílias para o desempenho da função de cuidado, proteção e educação de crianças
na faixa etária de até seis anos de idade;
• Mediar o acesso da gestante, das crianças na primeira infância e das suas famílias às
políticas e serviços públicos de que necessitem; e
• Integrar, ampliar e fortalecer ações de políticas públicas voltadas para as gestantes,
crianças na primeira infância e suas famílias.
Os recursos do financiamento federal das ações do Programa aos Estados, Municípios
e Distrito Federal são repassados diretamente do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS)
aos fundos de assistência social dos referidos entes. Devem ser usados em suas principais
ações: realização de visitas domiciliares periódicas e de ações complementares de apoio; a

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capacitação e formação continuada de profissionais; o desenvolvimento de conteúdo e
material de apoio para o atendimento intersetorial às gestantes, crianças e suas famílias;
apoio aos Estados, DF e Municípios na mobilização, articulação intersetorial e implementação
do Programa; e promoção de estudos e pesquisas acerca do desenvolvimento infantil integral.
Além do Decreto que o instituiu, o Programa Criança Feliz é regido pela Portaria
Interministerial nº 1, de 4 de abril de 2018, que estabelece as diretrizes da intersetorialidade
prevista para o Programa, e por resoluções da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e do
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS):
▪ Resolução CIT nº 4, de 21 de outubro de 2016 – Pactua as ações do Programa Criança
Feliz no Sistema Único de Assistência Social (SUAS);
▪ Resolução CIT nº 5, de 21 de outubro de 2016 – Pactua os critérios de partilha para
financiamento federal das ações do Programa Criança Feliz no Sistema Único de
Assistência Social, para os exercícios de 2016 e 2017;
▪ Resolução CNAS nº 19, de 24 de novembro de 2016 – Institui o Programa Primeira
Infância no Sistema Único de Assistência Social (SUAS); e posterior alteração, por
meio da Resolução nº 6, de 19 de fevereiro de 2019;
▪ Resolução CNAS nº 20, de 24 de novembro de 2016 – Aprova os critérios de partilha
para o financiamento federal do Programa Primeira Infância no Sistema Único de
Assistência Social – SUAS, para os exercícios de 2016 e 2017; e posteriores alterações,
por meio das Resoluções nº 8, de 12 de abril de 2018, e nº 6, de 19 de fevereiro de
2019;
▪ Resolução nº 6, de 19 de fevereiro de 2019 – Aprova a inclusão no público do
Programa Primeira Infância no SUAS as famílias com gestantes e crianças na primeira
infância em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, inseridos no Cadastro
Único para Programas Sociais do Governo Federal – Cadúnico e no Benefício de
Prestação Continuada – BPC, altera as Resoluções nº 19, de 24 de novembro de 2016;
nº 20, de 24 de novembro de 2016 e nº 7, de 22 de maio de 2017, e dá outras
providências.

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RESULTADOS DOS EXAMES
A partir dos exames realizados, obteve-se um conjunto de constatações acerca da
execução do PCF em municípios de Goiás.
A seguir, são apresentados os registros dos resultados para cada uma das questões e
subquestões estratégicas objetos de avaliação.

1. O Município está devidamente estruturado para a implementação


do Programa Criança Feliz?
O objetivo neste item foi verificar se o Município havia planejado a implantação do
Programa e se estruturado para tanto antes de dar início às visitas. De início, essa estruturação
envolve a elaboração de um plano de ação, baseado em um diagnóstico situacional da
primeira infância no Município, e a constituição de um comitê gestor intersetorial, para
realizar a articulação com os demais setores envolvidos na Política.
Todos os estados e municípios, incluindo o Distrito Federal, que tenham CRAS com
registro no CadSUAS e pelo menos 140 indivíduos do público prioritário do Programa, entre
famílias com gestantes e crianças na primeira infância, em situação de vulnerabilidade e risco
pessoal e social, inseridos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal
(Cadúnico) ou no Benefício de Prestação Continuada (BPC), são elegíveis para aderir ao Criança
Feliz.
Com o objetivo de avaliar a estrutura criada pelo gestor local para dar início à
implantação do Programa Criança Feliz, foram desenvolvidas questões voltadas ao gestor local
em cada Município, para coleta de informações. Assim, os seguintes aspectos foram
abordados:
1.1 O Município elaborou plano de ação para implantação do Programa e estabeleceu sua
meta de atendimento?
1.2 Foi criado o Comitê Gestor Municipal, com a participação de representantes de todos os
setores envolvidos na Política nacional (assistência social, educação, saúde, cultura e
direitos humanos)?
1.3 Foram formadas as equipes técnicas responsáveis pela execução do Programa?
1.4 De acordo com o Gestor Municipal, os recursos recebidos são suficientes para financiar o
Programa?

1.1 O Município elaborou plano de ação para implantação do Programa e


estabeleceu sua meta de atendimento?
Todos os Estados e Municípios elegíveis interessados em aderir ao Programa devem
fazê-lo por meio do Termo de Aceite e Compromisso disponibilizado pelo Ministério da
Cidadania em seu sítio na internet. Esse Termo, que deve ser assinado pelo interessado e
aprovado pelo Conselho de Assistência Social do ente, já traz a meta física aceita, com base

10
na meta ofertada pelo Ministério de acordo com o porte do Município, definido pelo número
de indivíduos do público prioritário por CRAS.
O Termo de Aceite assinado deverá compor o plano de implementação do Programa,
que contará ainda com o diagnóstico situacional da primeira infância e das políticas já
implementadas pelo ente, a população alvo e as regiões e municípios para implementação e
seus territórios prioritários, para que, com esse conhecimento sobre as necessidades do
Município e as ações já desenvolvidas para o público em questão, possa se tornar mais efetiva
sua implementação.
São beneficiários do Programa as gestantes e as crianças na primeira infância (até 72
meses de vida) em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, inseridos no CadÚnico
ou no BPC. Dentro desse conjunto, são priorizadas as gestantes e as crianças de até 36 meses
pertencentes a famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família; as crianças de até 72 meses
e suas famílias que sejam beneficiárias do Benefício de Prestação Continuada e as crianças de
até 72 meses afastadas do convívio familiar mediante a aplicação de medida protetiva e,
portanto, em acolhimento institucional ou incluídas em programa de acolhimento familiar em
razão de ameaça ou violação a seus direitos.
Com o diagnóstico situacional do Município feito, diante das demandas locais e do
perfil das famílias estabelecido pelo Programa, é possível organizar uma lista por territórios
ou microterritórios com maior vulnerabilidade social, contando com o apoio do trabalho da
vigilância socioassistencial. A partir daí, podem ser selecionados os casos mais sensíveis, os
quais devem ser incluídos preferencialmente na lista de beneficiários do Programa.
Assim, foram solicitadas informações aos Municípios para verificar a realização de
levantamento de necessidades e planejamento anterior à implementação do Programa. Dos
Municípios visitados, 56% realizaram o diagnóstico situacional da primeira infância e
mapearam territórios prioritários para atendimento pelo Programa. No entanto, 78% dos
Municípios apresentaram plano de ação municipal, indicando que alguns entes elaboraram o
plano de ação sem possuírem diagnóstico situacional e mapeamento prévios. Esses municípios
alegaram que, embora o diagnóstico e o mapeamento não existam formalmente, eles foram
realizados em reuniões com os setores envolvidos, possibilitando a elaboração do plano de
ação. Houve ainda Município que relatou não ter sido orientado sobre a necessidade de
elaborar diagnóstico situacional e nem da realização de levantamento dos territórios
prioritários.

11
Gráfico 1. Levantamento de necessidades no Município.

Planejamento anterior à implementação do Programa


7

5 5
4 4

O Município realizou o diagnóstico Foram mapeados os territórios Foi elaborado um plano de ação
situacional da primeira infância? prioritários para atendimento pelo municipal a partir do diagnóstico
Programa? situacional e do mapeamento de casos
de maior necessidade?

Sim Não

Fonte: Elaboração própria.

Todos utilizaram os dados do Cadastro Único do Governo Federal para realizar o


levantamento do público alvo e informaram que foram selecionadas as famílias que
necessitariam de atendimento prioritário. A maioria dos Municípios (89%) informou que o
gestor nacional encaminhou relação contendo os beneficiários a serem atendidos pelo
Programa de acordo com a meta aceita pelo ente municipal e, quanto às novas adesões, 67%
dos Municípios têm buscado as famílias que se encontram no grupo de prioridades,
selecionadas em uma lista de espera. No entanto, 44% dos entes ainda não atingiram a meta
e, desses, 75% não possuem lista de espera (ainda não conseguiram atender os beneficiários
inicialmente estabelecidos). O motivo mais frequentemente relatado pelos gestores para esse
não atingimento foi a falta de interesse de muitas famílias do público-alvo em participar do
Programa, seguido pela dificuldade de acesso às casas de alguns moradores e na contratação
de mais visitadores. Por outro lado, alguns gestores relataram haver uma boa receptividade
pelos beneficiários, que poucas famílias são resistentes e que há interesse inclusive de famílias
que não fazem parte do público-alvo.
As principais formas de abordagem e busca de novos beneficiários tem sido a busca
ativa de famílias identificadas nas listas do BPC e do PBF, o encaminhamento ao CRAS pelas
unidades e serviços das demais políticas públicas existentes no território e a demanda
espontânea das famílias em função da divulgação do Programa. Essa informação, fornecida
pelo gestor local do PCF, foi corroborada pelas famílias beneficiárias, que informaram que
tiveram conhecimento do Programa por meio da visita da equipe em casa ou por meio do
CRAS.

12
Gráfico 2. Estabelecimento da meta de atendimento do Município.

Seleção dos beneficiários do Programa


9

5
4

Foram utilizados os dados do Foram selecionadas as famílias que A meta de atendimento


CadÚnico para levantamento do necessitariam de atendimento estabelecida está sendo atingida?
público alvo? prioritário?

Sim Não

Fonte: Elaboração própria.

Assim, o que se verificou foi que os Municípios informaram a realização de


levantamento de suas necessidades e do potencial público do Programa, embora o Ministério
da Cidadania tenha encaminhado a relação dos beneficiários a serem atendidos. Apesar de
muitos terem informado em resposta ao questionário que a meta está sendo atingida, os
documentos apresentados com a relação dos beneficiários demonstravam um número de
registros menor que a meta, o que pode em parte ser justificado pela dinamicidade do
Programa, já que há sempre famílias deixando o público-alvo e a adesão de novas famílias
pode não ocorrer tão rapidamente.
No entanto, ainda se faz necessária uma maior atenção do gestor estadual e do gestor
nacional àqueles entes municipais que não estão atingindo a meta, de forma a verificar a
motivação e auxiliá-los para maior abrangência do Programa. Com base nos relatos dos
gestores entrevistados, percebe-se a importância de estimular ações de conscientização da
população sobre a importância do cuidado com a criança nos seus primeiros anos de vida e os
benefícios que as atividades desenvolvidas pelas equipes técnicas do Criança Feliz podem
trazer.

1.2 Foi criado o Comitê Gestor Municipal, com a participação de


representantes de todos os setores envolvidos na Política nacional (assistência
social, educação, saúde, cultura e direitos humanos)?
Para assegurar o caráter intersetorial preconizado pelo Programa, além do Termo de
Adesão e do Plano de Ação, os Municípios/Estados interessados em aderir devem instalar
comitê gestor em nível estadual/municipal, que será responsável pela articulação e
conjugação de esforços de diferentes políticas setoriais.
Em âmbito nacional, o Comitê Gestor é composto por representantes dos ministérios
responsáveis pelas políticas de saúde, assistência social, educação, cultura e direitos

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humanos. Nos estados e municípios e no Distrito Federal, a composição dessa instância fica a
cargo dos gestores locais, sendo recomendado, porém, a presença de representantes das
áreas de educação, saúde e assistência social, pelo menos.
Dos Municípios visitados, 78% constituíram Comitê Gestor Municipal, com a
participação de, no mínimo, setores da assistência social, educação e saúde. No entanto, o
que se pode verificar na análise conjunta de outras questões é que muitos Comitês existem
apenas no papel, sem exercer influência na execução do Programa. Quando atuam, o fazem
pontualmente, em casos específicos. Ou seja, os Municípios não estão utilizando o Comitê
como uma ferramenta para discussão do Programa, de forma a promover o desenvolvimento
de ações em conjunto entre os diferentes setores, voltadas à primeira infância.
Gráfico 3. Existência do Comitê Gestor Municipal.

Comitê nos Municípios


7

Foi constituído o Comitê Gestor Municipal?

Sim Não

Fonte: Elaboração própria.

1.3 Foram formadas as equipes técnicas responsáveis pela execução do


Programa?
Para execução do Programa no Município, este deve contar com a instância executiva
local, que será responsável pela implementação do Programa, e a equipe técnica, composta
pelo supervisor, a quem compete as atividades de capacitação, planejamento e registro de
visitas, além da articulação dos serviços e das políticas setoriais no território, e pelos
visitadores, responsáveis pela realização e registro das visitas domiciliares.
Para compor essa equipe técnica, poderão ser contratados servidores temporários ou
advindos do quadro técnico municipal (após ampla divulgação e definição objetiva dos
critérios técnicos do processo seletivo) ou poderá ser feito o pagamento de estagiários de
nível superior que atuem na implementação do Programa, devendo ser observadas as
condições estabelecidas na Lei do Estágio. Outra situação possível é o estabelecimento de
parceria com entidades ou organizações de assistência social, que deverão possuir equipes
próprias, as quais poderão ser pagas com o recurso federal do Programa.
Os supervisores devem possuir nível superior, preferencialmente em psicologia,
assistência social, pedagogia e terapia ocupacional; e os visitadores, nível médio ou superior.
A equipe deve ser composta por um visitador a cada trinta indivíduos e um supervisor para

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até quinze visitadores, considerando como referência profissionais dedicados quarenta horas
exclusivamente ao Programa (o quantitativo deverá observar essa proporcionalidade no caso
de profissionais com carga horária diferente). Destaca-se que é vedada a acumulação das
funções de supervisor e visitador.
Quanto à composição da equipe do Programa nos Municípios visitados, 78% realizaram
a contratação de profissionais exclusivamente para atuação no Criança Feliz. Os demais
contrataram estagiários de nível superior ou deslocaram profissionais pertencentes ao quadro
técnico da Prefeitura para atuação no Programa.
Gráfico 4. Composição das equipes do PCF.

Para composição da equipe do Programa, o Município utilizou


contratos temporários ou foram servidores pertencentes ao
quadro técnico permanente da Prefeitura?

Foram contratados profissionais exclusivamente para


7
atuação no Criança Feliz.

As equipes são formadas por estagiários de nível


1
superior, que atuam na implementação do Programa.

As equipes técnicas são formadas por servidores do


Município e por profissionais contratados, todos com 1
dedicação exclusiva.

Fonte: Elaboração própria.

Todos os supervisores das equipes técnicas do Programa nos Municípios visitados são
profissionais com nível superior e, destes, 56% possuem formação em psicologia, assistência
social, pedagogia ou terapia ocupacional. A maioria dos visitadores possui apenas nível médio
(56%), conforme exigência do Programa, 11% das equipes são formadas somente por
profissionais com ensino superior completo e 33% das equipes, por profissionais de nível
médio e superior. Apenas em um Município a proporção de visitadores para o número de
famílias atendidas não está seguindo as orientações estabelecidas nos normativos do
Programa, tendo o Município informado que por ter passado por um período de indefinição
política (eleição sub júdice), o PCF não pode ser estruturado como deveria, mas que com a
resolução dessa situação, o Programa será devidamente construído.
Verificou-se, portanto, que as equipes técnicas do Programa foram devidamente
formadas, conforme as orientações do Programa, possibilitando o atendimento adequado aos
beneficiários.

1.4 De acordo com o Gestor Municipal, os recursos recebidos são suficientes


para financiar o Programa?

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O Programa prevê um período de estruturação, que estabelece etapas consecutivas
para sua instituição, envolvendo diferentes valores de repasse de recursos. Assim, a Portaria
nº 2.496, de 17 de setembro de 2018, estabelece que os recursos serão repassados aos
Municípios e DF de acordo com as seguintes etapas consecutivas:
I) Implantação - período em que o ente encaminha o Plano de Ação para aprovação do
conselho de assistência social, contrata sua equipe de referência, recebe capacitação pela
Coordenação Estadual ou Nacional do PCF, realiza capacitação para seus visitadores e cria a
infraestrutura necessária para iniciar as visitas domiciliares;
II) Execução – Fase I - período de cadastramento da equipe de supervisores e visitadores do
Programa nos sistemas, inserção do público e início das visitas domiciliares;
III) Execução – Fase II - período em que os Municípios e o Distrito Federal estão realizando as
visitas domiciliares.
Por meio da Resolução CNAS nº 20/2016, foram aprovados os critérios para
financiamento do Programa, sem exigir a obrigatoriedade de contrapartida dos entes. Todas
as etapas de financiamento observarão o valor de R$75,00 por mês, por beneficiário do
Programa, de acordo com a meta pactuada. Cada etapa observará uma forma diferente de
cálculo, estabelecida no anexo da Portaria MDS nº 2.496/2018.
Os recursos do financiamento federal do Programa estão classificados como de
custeio, podendo ser utilizados no pagamento dos servidores que comporão as equipes, no
deslocamento das equipes técnicas, na locação de equipamentos e materiais necessários, na
locação de imóveis para instalação da equipe, na conservação e adaptação de imóveis
próprios da Administração disponibilizados para o Programa, no pagamento de despesas
administrativas relativas aos equipamentos públicos (CRAS) utilizados pelos profissionais e
usuários do Programa, na contratação de serviços de pessoas jurídicas que se fizerem
necessários (confecção de material, realização de eventos), além da aquisição de bens e
materiais necessários às atividades desenvolvidas.
O principal gasto realizado com recursos do PCF, informado por 89% dos Municípios
visitados foi em bens e materiais de consumo para o desenvolvimento das atividades e
produção de materiais, seguido por gastos com deslocamento das equipes técnicas e com a
contratação de serviços de pessoa jurídica para confecção de material informativo e realização
de eventos (44% cada).

16
Gráfico 5. Aplicação dos recursos do Criança Feliz.

Quais os gastos estão sendo realizados com os recursos recebidos


pelo Programa?

Pagamento de pessoal. 3

Contratação de serviços de pessoa jurídica para


4
confecção de material informativo e realização de…

Locação de equipamentos e materiais utilizados nas


2
atividades do Programa (computadores, impressoras,…

Gastos com bens e materiais de consumo para


8
desenvolvimento das atividades e produção de…

Gastos com deslocamento das equipes técnicas (locação


4
de veículo, manutenção, combustível, diárias,…

Fonte: Elaboração própria.

Apenas 33% dos Municípios informaram que utilizam os recursos recebidos para
pagamento de pessoal, indicando a utilização de outras fontes de recursos para cobrir essas
despesas. Isso foi confirmado na questão sobre a suficiência dos recursos federais transferidos
pelo Programa, onde 67% dos entes municipais informaram que há necessidade de
complementação municipal, embora nenhum tenha conseguido precisar o valor desse aporte.
Destaca-se que dos três Municípios que informaram que o recurso federal é suficiente para
execução do Programa, nenhum está atingindo a meta de atendimento. Um relatou não estar
conseguindo atingir a meta porque tem poucos visitadores; outro informou que não atende
famílias da zona rural e, por isso, o recurso é suficiente (e a meta não está sendo atingida) e,
o último, é o ente já citado, que se encontra desestruturado por problemas políticos.
A Confederação Nacional de Municípios (CNM) apresentou em 2017 os resultados de
estudo técnico realizado no primeiro semestre sobre o processo de implementação e
execução do Programa Criança Feliz, elaborado a partir de pesquisa feita junto aos Municípios
que já haviam aderido ao Programa. Um dos alertas feitos pelo CNM foi quanto ao
compartilhamento de estrutura do CRAS, com a equipe do PCF utilizando equipamentos que
servem ao atendimento de outros serviços da assistência social, como o Serviço de Proteção
e Atendimento Integral à Família (Paif), o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
(SCFV) e Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (Paefi), e a
possível consequência disso, afetando a qualidade desses importantes serviços à população.
No entanto, questionados sobre o espaço físico e a estrutura disponível para execução do PCF,
89% dos gestores locais dos municípios visitados informaram que utilizam estrutura já
existente, mas que não estava comprometida com outras ações. Somente um Município
informou que utiliza o veículo do Programa Bolsa Família para realizar as visitas do PCF, mas
não relatou que isso dificulta o funcionamento dos dois programas.
De acordo com informações da Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento
Humano (SNPDH), o valor do repasse por atendimento já foi alterado três vezes até chegar
aos atuais R$75,00. Ressalta-se que a Instrução Operacional nº 1 da Secretaria Nacional de
Assistência Social, de 5 de maio de 2017, traz orientação para que os Estados, Municípios e

17
Distrito Federal façam a previsão orçamentária para a realização das despesas do Programa
Primeira Infância no SUAS, incorporando o recurso do financiamento federal e, se for o caso,
os originários de fonte própria, mas sem tornar esse aporte obrigatório. De acordo com a
SNPDH, a insuficiência dos recursos foi apresentada como justificativa de alguns Municípios
que não aderiram ao Programa.
Verifica-se, portanto, que a falta de informações sobre os custos para implementação
e execução do Programa impossibilita aos municípios fazer uma previsão dos gastos que terão
e da suficiência dos recursos federais para tanto, ou da necessidade de complementação com
recursos municipais, o que pode prejudicar o bom desempenho do Programa no futuro e
afetar a permanência desses entes no PCF.
Importante salientar também que os recursos repassados por meio da Ação 217M –
Programa Primeira Infância no SUAS correspondem integralmente aos recursos do Programa
Criança Feliz. Os demais Ministérios que compõem o Comitê Gestor do Programa ainda não
aportaram recursos de forma direta na ideia de que, como muitas ações que promovem o
desenvolvimento infantil já são realizadas na área de saúde, de educação e de assistência
social, o que se espera é uma maior integração dessas ações com a implementação do PCF,
possibilitando que se atinja maior eficácia nos gastos públicos voltados à primeira infância.
Em manifestação quanto aos fatos apresentados preliminarmente neste Relatório, o
gestor federal apresentou dados (Tabela 1) que demonstram que cinco dos nove Municípios
fiscalizados possuem baixa execução de recursos do PCF, com um saldo de alto valor em caixa,
indicando, de acordo com o gestor, que o recurso repassado é suficiente para a execução do
Programa. No entanto, os demais Municípios, quatro no total, apresentam boa execução,
deixando pouco valor em caixa.
Tabela 1. Saldo do Programa Criança Feliz nos Municípios fiscalizados.
UF Município Total geral Saldo Saldo Saldo Saldo Percentual do saldo
repassado Criança Criança Criança Criança Feliz em 30/04/2019 em
até abril de Feliz em Feliz em Feliz em em relação ao total
2019 30/06/2018 31/01/2019 31/03/2019 30/04/2019
GO Abadia de Goiás 150.399,00 5.358,00 43,07 820,59 3.596,21 2,39%
GO Abadiânia 91.631,00 49.418,60 10.913,04 1.651,69 403,53 0,44%
GO Anicuns 265.792,00 21.375,90 8.927,22 15.401,07 13.283,44 5,00%
GO Cocalzinho de Goiás 106.260,00 36.272,43 35.719,06 32.427,09 37.180,93 34,99%
GO Corumbá de Goiás 121.324,00 43.304,86 42.676,72 39.725,06 40.498,30 33,38%
GO Itaberaí 208.256,00 47.552,49 51.949,06 47.785,74 50.011,05 24,01%
GO Jaraguá 220.248,00 40.908,06 4.301,61 5.484,62 11.273,74 5,12%
GO Morrinhos 254.336,00 70.980,61 91.814,90 98.179,04 113.235,19 44,52%
GO Petrolina de Goiás 127.193,00 25.730,32 38.748,68 45.835,07 49.144,77 38,64%
Fonte: Planilha encaminhada em anexo ao Ofício nº 121/2019/MC/SEDS/SNPDH, de 14 de junho de 2019.

Assim, entende-se que esses diferentes cenários reforçam a necessidade de se realizar


um levantamento dos custos necessários para execução do Programa, de forma que cada
Município possa estimar quais serão seus gastos, evitando tanto o acúmulo de saldo em caixa,
como a insuficiência de recursos.

18
Importante destacar ainda que a existência de recurso parado na conta do Município
por si só não é taxativa para se concluir pela suficiência dos recursos repassados para execução
do Programa, já que alguns dos gestores municipais visitados relataram dificuldade na
execução da verba, pelo desconhecimento de quais gastos efetivamente podem ser realizados
com os recursos recebidos. Assim, com receio de utilizar indevidamente os recursos
repassados e serem penalizados posteriormente, os gestores acabam utilizando recursos
municipais, principalmente no pagamento de pessoal, deixando a verba federal parada em
conta. Tal fato reforça a necessidade de um acompanhamento próximo das coordenações
federal e estaduais junto aos Municípios, orientando-os e sanando as dúvidas que surgem.

2. As equipes estão fornecendo apoio aos beneficiários e


promovendo atividades da forma que o Programa estabelece?
O principal componente do Programa Criança Feliz é a realização das visitas
domiciliares periódicas aos indivíduos que compõem seu público alvo. As visitas visam ao
aprimoramento das competências das famílias para quebrar a transmissão intergeracional da
pobreza, reduzir a violência e o abandono escolar e melhorar a escolaridade infantil, gerando
impactos positivos para as famílias e, consequentemente, para a criança e seu
desenvolvimento.
Para tanto, os visitadores, que são os profissionais responsáveis pela realização das
visitas, devem receber o conhecimento necessário para o desenvolvimento das atividades
previstas. A capacitação e a educação permanente são consideradas estruturantes para a
implementação e qualificação da atenção às famílias com gestantes e crianças na primeira
infância. A SNPDH do Ministério da Cidadania definirá a metodologia e o conteúdo das
capacitações e estratégias de educação permanente, podendo os Estados, Distrito Federal e
Municípios que aderirem ao Programa realizar capacitações adicionais que incorporem
elementos e demandas relevantes para o território, que contemplem inclusive aspectos
intersetoriais, desde que respeitada a metodologia implementada pela Secretaria.
A SNPDH é, portanto, responsável por capacitar os multiplicadores nas metodologias
e no conteúdo definidos no âmbito do Programa, que repassarão o conhecimento recebido às
equipes. Após a formação das equipes e capacitação de seus componentes, que deve ocorrer
antes das visitas terem início, os visitadores, juntamente com o supervisor, precisam planejar
cada visita de acordo com o perfil das famílias beneficiárias. Somente depois de finalizado o
processo de capacitação e planejamento que se deve dar início às visitas domiciliares
propriamente ditas. Essas visitas trazem consigo a possibilidade de apoiar a família na
preparação para o nascimento da criança; valorizar seu potencial no cuidado e proteção;
fortalecer vínculos afetivos e comunitários; enriquecer o repertório de atividades lúdicas e de
interação entre os membros da família e a criança; assim como facilitar o acesso a serviços e
direitos.
Assim, neste item procurou-se verificar se as equipes técnicas que realizam as visitas
estão bem preparadas ao abordarmos os seguintes aspectos:
2.1 Os profissionais das equipes técnicas foram capacitados para atuarem no Programa?
2.2 Foi realizado o planejamento das visitas na frequência estabelecida nos normativos do
Programa?

19
2.3 Os visitadores estão conduzindo as visitas e realizando atividades de acordo com os
princípios do Programa?

2.1 Os profissionais das equipes técnicas foram capacitados para atuarem no


Programa?
O processo de formação das equipes de coordenação e multiplicadores estaduais é
realizado de forma descentralizada, sob a condução da SNPDH. Os multiplicadores,
profissionais de nível superior com experiência na área de desenvolvimento infantil, saúde,
educação ou assistência social, devidamente certificado pela SNPDH, são responsáveis pelas
atividades de capacitação e educação permanente dos supervisores, profissionais locais de
nível superior que atuarão na implementação e supervisão do Programa no Município. Esses,
por sua vez, são responsáveis pela capacitação dos visitadores, aqueles que realizarão as
visitas de fato.
Em suas capacitações, o Criança Feliz segue diretrizes do “Cuidados para o
Desenvolvimento da Criança – Método CDC”, metodologia elaborada e cedida ao Brasil pelo
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS), e do “Guia para Visita Domiciliar”, elaborado pelo MDS, com base no Método CDC.
Esses materiais fundamentam-se em uma metodologia de estimulação por brincadeiras e
atividades comunicativas com os cuidadores, objetivando o desenvolvimento de suas crianças
na primeira infância e o fortalecimento dos vínculos familiares e da capacidade de cuidados.
Já a educação permanente, que também faz parte da estratégia do Programa, se
constitui em um ciclo de capacitação contínua, onde os profissionais se capacitam a partir da
identificação de demandas pelos supervisores e visitadores. A proposta é de realização de
capacitação por temas levantados, oficinas presenciais para supervisores, desenvolvimento
das temáticas com os visitadores nos planejamentos previstos e a inclusão e/ou reflexão do
tema nas visitas domiciliares. Tanto a União quanto os estados são responsáveis por realizar
ações de educação permanente sobre o Programa, envolvendo oficinas de alinhamento,
teleconferências, encontros, seminários intersetoriais, dentre outros.
Destaca-se que as capacitações iniciais de multiplicadores, supervisores e visitadores
devem ser realizadas antes de iniciadas as visitas e que é recomendada a não acumulação das
funções de multiplicador, supervisor e visitador, sendo vedada a acumulação das funções de
supervisor e visitador.
Quanto à capacitação, nos Municípios visitados, todos os supervisores informaram
terem sido capacitados pelos multiplicadores nos estados e apenas uma visitadora de um
Município informou não ter recebido capacitação diretamente do supervisor, mas sim de uma
empresa terceirizada. Os visitadores relataram ainda que a capacitação recebida envolveu as
diretrizes do Guia para Visita Domiciliar e o Método CDC – Cuidados para o Desenvolvimento
da Criança, embora, entre os supervisores, um tenha relatado que sua capacitação não
envolveu o Método CDC.
Quanto à realização de atividades de educação permanente, 67% dos Municípios
informaram que os gestores estadual e nacional não realizaram atividades de treinamento e
capacitação ao longo do exercício de 2018. Ressalta-se que 78% dos supervisores dos
Municípios visitados relataram que demandaram do gestor estadual capacitações específicas
para as necessidades identificadas e que algumas dessas estavam previstas para o exercício

20
de 2018, mas não haviam sido disponibilizadas até dezembro daquele ano. Nas entrevistas, os
visitadores também reforçaram que sentem necessidade de mais capacitação, destacando
assuntos importantes como elaboração de plano de visita, desenvolvimento de brincadeiras,
métodos de abordagens, entre outros.
Gráfico 6. Capacitação da equipe técnica, segundo os supervisores do PCF.

Realização de capacitação com a equipe técnica


9 9
8

A capacitação seguiu as Os supervisores foram Todos os visitadores Além da capacitação inicial,


diretrizes do Manual do capacitados pelos receberam capacitação são promovidas pelo
Guia para Visita Domiciliar multiplicadores nos diretamente dos gestor estadual ou pelo
e o Método CDC – estados? supervisores? gestor nacional atividades
Cuidados para o de educação permanente?
Desenvolvimento da
Criança?

Sim Não

Fonte: Elaboração própria.

Assim, verificou-se que a capacitação inicial foi realizada com todos que constituem as
equipes técnicas dos Municípios visitados, com exceção de um supervisor, que informou não
ter recebido a capacitação no Método CDC. No entanto, a capacitação inicial por si só não é
capaz de suprir as necessidades de aprendizado nem dos visitadores, que todos os dias se
deparam com situações diferentes com as quais nem sempre estão aptos a lidar, nem dos
supervisores, que precisam apoiar e orientar os visitadores em todos os casos. Apesar de o
Programa reforçar a importância da capacitação contínua de todos os atores envolvidos para
melhor execução das ações e obtenção de resultados mais efetivos, a oferta de cursos e
oficinas de atualização é baixa. Cursos a distância e disponibilização de materiais online, por
exemplo, são estratégias de menor custo que podem ser adotadas pela coordenação nacional,
para promoção desse aperfeiçoamento.

2.2 Foi realizado o planejamento das visitas na frequência estabelecida nos


normativos do Programa?
Depois de formadas as equipes, os visitadores, juntamente com o supervisor, devem
planejar as visitas de acordo com os diagnósticos socioterritoriais, considerando as
necessidades e potencialidades das famílias e o enfrentamento de vulnerabilidades, bem
como o apoio em sua função protetiva. As visitas devem ser referenciadas ao CRAS, que
deverá articular a oferta de visitas do Programa Criança Feliz com a dos demais serviços
socioassistenciais e com as demais políticas públicas setoriais, com vistas à atenção à
integralidade das demandas das famílias.

21
Após o levantamento dos beneficiários a serem atendidos pelo Programa, a família
deve ser convidada a receber as visitas domiciliares e ser informada acerca dos objetivos e das
ações que serão desenvolvidas no ambiente familiar. Além disso, deve ser esclarecido que a
adesão às visitas domiciliares é voluntária, sendo possível, inclusive, desligar-se a qualquer
momento, sem prejuízo para o recebimento dos benefícios (PBF e BPC).
A frequência e a data/horário da realização das visitas também deve ser acordada com
a família, sendo a periodicidade mínima estabelecida pelo Programa de:
+ uma visita domiciliar por mês para gestantes e suas famílias beneficiárias do
Programa Bolsa Família (PBF);
+ quatro visitas por mês para crianças de 0 a 36 meses e suas famílias beneficiárias
do PBF e do Benefício de Prestação Continuada (BPC);
+ duas visitas por mês para crianças de 37 a 72 meses e suas famílias beneficiárias do
BPC.
Nas primeiras visitas, o visitador deve fazer a caracterização da família, da criança ou
da gestante, além do diagnóstico inicial do desenvolvimento infantil da criança beneficiária.
Com essas informações, o visitador deve planejar previamente as visitas, voltado às
especificidades de cada família e à promoção dos ganhos de desenvolvimento infantil. Ao
longo da execução do Programa, deverão ser realizados encontros entre o visitador e o
supervisor para que, em conjunto, sejam avaliados os últimos atendimentos, providenciados
os encaminhamentos necessários e planejadas as próximas visitas.
Dos supervisores entrevistados, 89% informaram que não fazem um planejamento
anual do Programa, com a programação das visitas a serem realizadas ao longo do ano. O que
é feito por todos os Municípios visitados é o planejamento semanal, com no mínimo o
estabelecimento do cronograma de visitas da semana.
Com relação à frequência das visitas realizadas pela equipe do PCF às crianças e
gestantes beneficiárias, 78% dos supervisores dos Municípios visitados informaram que estão
realizando as visitas na frequência estabelecida em seus normativos. Dois Municípios
relataram que as famílias com crianças beneficiárias acima de dois anos não estão recebendo
visitas semanais, mas quinzenais, em desacordo com o que consta nos normativos do
Programa. De acordo com os supervisores desses Municípios, isso foi feito em razão de
orientação recebida do gestor estadual durante a capacitação.
Gráfico 7. Planejamento e execução das visitas, segundo os supervisores.

22
Desenvolvimento das visitas técnicas
9
8
7

2
1
0

Foi estabelecido cronograma As visitas são previamente As crianças e gestantes


contendo a programação das visitas planejadas, com a elaboração de um pertencentes às famílias
a serem realizadas ao longo do ano, roteiro das atividades a serem beneficiárias estão recebendo
considerando a periodicidade das desenvolvidas nas especificidades visitas da equipe do PCF na
visitas conforme o público de cada família beneficiada? frequência estabelecida em seus
atendido? normativos?

Sim Não

Fonte: Elaboração própria.

Essa questão também foi abordada nas entrevistas realizadas pela equipe com as
famílias e gestantes beneficiárias. Das 23 crianças que tiveram suas idades registradas, 78%
estão recebendo visitas na frequência correta (o mesmo percentual visto com os
supervisores). Dos 22% que recebem em periodicidade diferente, 13% são crianças do BPC
que estão recebendo visitas em uma frequência maior e, 22%, realmente estão recebendo a
menos (quinzenal ou mensal em vez de semanal). Entre as gestantes, 55% estão recebendo
visitas mensais, conforme orientação, e 45% em uma frequência maior que a normatizada:
quinzenais ou semanais.
Gráfico 8. Frequência das visitas, conforme perfil das famílias beneficiárias do PCF.

Frequência das visitas técnicas por perfil do beneficiário


16

6
4
2 2 2
1 1
0

Gestantes Crianças de 0 a 36 meses (PBF e Crianças de 37 a 72 meses (BPC)


BPC)

1 visita / mês 2 visitas / mês 4 visitas / mês

Fonte: Elaboração própria.

Apenas em um Município foi possível fazer correlação entre uma maior frequência nas
visitas às gestantes e uma menor às crianças. Embora não se possa afirmar que a dedicação
maior às gestantes prejudica a atenção dada às crianças beneficiárias, por deixar de atender
um público para atender o outro, é importante o alerta. Conforme estudos em que se baseiam
o Programa, as crianças necessitam de um acompanhamento mais próximo por apresentarem

23
possibilidade de evoluções e ganhos de aprendizado mais rápidos a cada dia. Assim, com o
tempo, essa distribuição incorreta das visitas pode prejudicar o desenvolvimento das crianças
atendidas, se não for acompanhada por um investimento na equipe técnica do Programa, de
forma que essa consiga atender todos os beneficiários, conforme a meta estabelecida, na
frequência mínima definida nos normativos.
Destaca-se ainda que as famílias foram questionadas a verificar se elas entendem no
que consiste o Programa Criança Feliz e conhecem seu funcionamento. Das famílias
entrevistadas, 91% afirmaram que receberam informação sobre a não obrigatoriedade da
adesão ao PCF para manutenção do Bolsa Família ou do BPC e que o desligamento do
Programa pode ser feito a qualquer momento. Quanto ao conhecimento dos objetivos do
Programa, 79% informaram que compreendem o que o Programa busca proporcionar a seus
beneficiários e 16% tiveram conhecimento, mas não compreenderam totalmente.
Percebe-se, portanto, a necessidade de uma divulgação maior dos objetivos e
benefícios do Programa, pois se entre as famílias que participam há confusão, entre aquelas
que não aderiram o quadro de desconhecimento deve ser mais grave. Importante ressaltar
que alguns gestores municipais apresentaram a falta de interesse das famílias como
justificativa da dificuldade de atingir a meta de atendimento. Um dos motivos desse
desinteresse pode ser a não compreensão completa do Programa e dos benefícios que a
interação direcionada com as crianças e gestantes por ele proporcionada pode trazer. Reforça-
se, portanto, a necessidade de maior divulgação do Programa, com o repasse de informações
claras e precisas sobre o método do Criança Feliz.
Verificou-se, ainda, a falta de planejamento da execução do Programa a longo prazo,
e não apenas semanal. Esse planejamento mais abrangente ajudaria, por exemplo, a
identificar a necessidade de visitas mais frequentes para algum beneficiário do Programa.
Além disso, um planejamento anual, ou no mínimo um planejamento mensal, possibilita
programar atividades diferentes para cada visita, com estímulos diversos, acompanhando a
evolução do desenvolvimento das crianças e da gestação e evitando a perda de interesse pelas
famílias, que pode ocorrer devido à repetição das atividades. Mesmo o planejamento semanal
não tem ocorrido a contento, conforme verificado em campo. Não há uma discussão
aprofundada dentro da equipe de visitadores e supervisores sobre os casos acompanhados,
visando articular de forma mais efetiva o atendimento das necessidades verificadas e estudar
melhorias na abordagem durante as visitas com cada família, buscando o aperfeiçoamento da
atenção.

2.3 Os visitadores estão conduzindo as visitas e realizando atividades de


acordo com os princípios do Programa?
As visitas domiciliares compreendem uma ação planejada e sistemática, com
metodologia específica, conforme orientações técnicas, para atenção e apoio à família.
Envolvem o apoio às famílias em seus esforços com os cuidados para o desenvolvimento
integral da criança; o estímulo ao fortalecimento de vínculos, orientando a família sobre
atividades e cuidados que fortaleçam o vínculo entre a criança e seu cuidador(a), desde a
gestação; e o estímulo ao desenvolvimento infantil, orientando a família sobre brincadeiras e
atividades comunicativas que estimulam o crescimento e o desenvolvimento integral da
criança.

24
Essas visitas devem ser conduzidas de forma a valorizar o protagonismo e a autonomia
da família na proteção e no cuidado com a criança, com os visitadores utilizando a acolhida, a
observação, a realização de perguntas orientadoras e a escuta sobre as práticas de cuidado
que as famílias já desenvolvem. Ao invés da realização de atividades diretamente com a
criança, privilegia a orientação e o encorajamento da família/cuidador(es) responsável(eis)
para que esses desenvolvam as atividades e ampliem a capacidade de interagir e de lidar com
as necessidades das crianças. Assim, fortalece vínculos e a capacidade protetiva das famílias.
O Guia para Visita Domiciliar do Programa Criança Feliz traz orientações e sugestões
de atividades para todos os públicos abrangidos pelo Programa: crianças e gestantes
beneficiárias do PBF, crianças beneficiárias do BPC e crianças afastadas do convívio familiar.
O Programa preconiza que a metodologia estabelecida seja rigorosamente seguida pelos
capacitadores e visitadores, tendo em vista que avaliações precisas já demonstraram a eficácia
das estratégias apresentadas no Manual, contribuindo para o desenvolvimento das crianças.
Assim, procurou-se conhecer como as visitas estão de fato ocorrendo nos Municípios.
Em 89% dos Municípios visitados, a equipe técnica do PCF informou que realiza as atividades
conforme as habilidades já desenvolvidas pelas crianças de cada idade, promovendo os
estímulos recomendados para aquela fase. Desses, 11% relataram que às vezes interagem
com as crianças conforme materiais disponíveis em suas casas, a demanda da própria criança
e a vontade dos pais. Esses números foram corroborados nas visitas acompanhadas pelas
equipes da CGU que afirmaram que, aparentemente, a equipe do PCF realizou as atividades
conforme as habilidades já desenvolvidas pelas crianças de cada idade, promovendo os
estímulos recomendados para aquela fase. Em apenas um Município, o que se encontra em
situação política instável, os visitadores informaram que a equipe somente interage com as
crianças utilizando os materiais disponíveis, seguindo a demanda das mesmas, sem vincular à
brincadeira a atividades de estímulo ao desenvolvimento infantil.
Gráfico 9. Atividades desenvolvidas pelas equipes do PCF durante as visitas conforme
visitadores e percepção da equipe CGU.

Conteúdo das visitas técnicas desenvolvidas


9
7

1 1
0 0

Visitadores: A equipe está desenvolvendo atividades Equipe CGU: A equipe do Programa pareceu estar
específicas para a idade de cada criança beneficiária, desenvolvendo atividades específicas para a idade de
conforme orientações estabelecidas pelo Programa? cada criança beneficiária?

Sim, a equipe realiza as atividades conforme as habilidades já desenvolvidas pelas crianças de cada
idade, promovendo os estímulos recomendados para aquela fase
Não, a equipe busca interagir com as crianças conforme os materiais disponíveis, a demanda da
própria criança e a vontade dos pais
A equipe se utiliza das duas formas

Fonte: Elaboração própria.

25
Ao serem questionadas sobre a utilização dos materiais (guias) fornecidos pelo
Ministério como orientação para o desenvolvimento das atividades com as crianças, 89% dos
Municípios responderam que sim, utilizam os guias como base para o planejamento das
visitas, sendo que desses, 44% informaram que aliam a isso sua própria experiência, além de
conhecimentos adquiridos em pesquisas realizadas em outras fontes (internet, experiências
de outras pessoas). Apenas a equipe técnica do Município em situação política instável relatou
que se utiliza somente da experiência de seus componentes e de pesquisas feitas em outras
fontes para desenvolvimento das atividades.
Tanto os supervisores, quanto os visitadores informaram que os pais e/ou cuidadores
são sempre convidados a participar das atividades, interagindo com a criança durante a visita.
Nas entrevistas com as famílias beneficiárias, 91% das famílias corroborou com essa
informação, relatando que os visitadores ensinam a brincadeira aos pais e/ou cuidadores e
explicam porque aquela atividade é importante para o desenvolvimento da criança,
envolvendo-os e deixando que eles brinquem com a criança. No entanto, três famílias (9%)
relataram conduta diferente: uma informou que o visitador ensina a brincadeira, mas não
explica sua importância para o desenvolvimento da criança; outra família informou que o
visitador explica o objetivo da atividade, mas ele mesmo a pratica com a criança, sem envolver
o cuidador; e uma terceira família relatou que o visitador não explica a atividade e a
desenvolve diretamente com a criança, enquanto o cuidador apenas observa. Destaca-se que
a equipe da CGU relatou que em todas as visitas que eles acompanharam como observadores,
os visitadores do PCF convidavam os pais e/ou cuidadores a participar das atividades,
deixando-os interagir com as crianças durante a visita.
Gráfico 10. Compreensão das famílias beneficiárias sobre orientações recebidas dos
visitadores.

Os visitadores do Programa te orientam sobre os cuidados que


o(a) senhor(a) deve ter com a criança e explicam as brincadeiras
que auxiliam no seu desenvolvimento?

Sim, o visitador ensina a brincadeira e explica sua


importância para o desenvolvimento, deixando que 29
eu brinque com a criança.
Sim, o visitador ensina a brincadeira e eu brinco com
a criança, mas ele não explica s importância daquela 1
atividade para o desenvolvimento.
Não, o próprio visitador que realiza a brincadeira com
a criança, embora explique a importância daquela 1
atividade para seu desenvolvimento.

Não, o próprio visitador que realiza a brincadeira com


1
a criança, enquanto eu apenas observo.

0 5 10 15 20 25 30 35

Fonte: Elaboração própria.

Questionados sobre terem sido orientados e estimulados a brincar com a criança em


outros horários além do momento da visita, 85% das famílias responderam positivamente,
informando que os visitadores explicam a importância do brincar e ensinam várias atividades.

26
Para outras famílias ocorre diferente: 6% informaram que foram orientados sobre a
importância do brincar, mas não sobre a necessidade de desenvolver atividades em outros
momentos além daquele da visita e 9% relataram que não receberam esse tipo de orientação
e nada também foi dito sobre realizar atividades semelhantes em outros dias além daquele
da visita.
Gráfico 11. Compreensão e aplicação das informações recebidas dos visitadores pelas famílias
beneficiárias.

Os visitadores informam da importância do brincar para o


desenvolvimento da criança e ensinam outras atividades para serem
realizadas com elas além do dia da visita?

Sim, os visitadores explicam sobre a importância do


brincar para o desenvolvimento das crianças, ensinam
27
várias atividades e pedem que sejam realizadas nos
outros dias, fora o dia da visita.

Sim, os visitadores explicam sobre a importância do


brincar para o desenvolvimento das crianças, mas não
2
falam em realizar as atividades em outros dias, além do
dia da visita.

Não, os visitadores não explicam sobre a importância do


brincar para o desenvolvimento das crianças e não falam
em realizar as atividades em outros dias, além do dia da 3
visita. As atividades são desenvolvidas apenas no dia da
visita.

0 5 10 15 20 25 30

Fonte: Elaboração própria.

Com relação às gestantes beneficiárias, a equipe técnica informou que as visitas


consistem no fornecimento de apoio, em que os visitadores conversam com as gestantes,
tiram suas dúvidas e procuram ajudar em seus anseios, ouvindo-as, verificando se está tudo
bem na gestação e se elas estão realizando o pré-natal. As gestantes beneficiárias
entrevistadas pela equipe da CGU descreveram as visitas de forma semelhante: 82% relataram
que a visita da equipe do PCF consiste em uma conversa sobre as mudanças que a gestação
traz, os medos e anseios comuns às gestantes e envolve atividades com toda a família,
motivando o diálogo dos pais com o bebê, a interação com ele mesmo dentro da barriga e
explicando as mudanças que estão acontecendo com a criança a cada mês. Para 73% das
famílias entrevistadas, a visita também envolve uma conversa sobre a importância de toda a
família se planejar para a chegada do bebê, sobre a mudança de rotina e o apoio que todos
precisam fornecer nos primeiros meses e, para 64% das gestantes, os visitadores também
questionam sobre a realização do acompanhamento pelo pré-natal e se há facilidade no
acesso à rede de serviços e aos medicamentos necessários.
Gráfico 12. Assuntos abordados nas visitas segundo as gestantes beneficiárias.

27
Como são as visitas?

A equipe conversa sobre as mudanças que a gestação


9
traz, sobre nossos medos e anseios.

A equipe desenvolve atividades com toda a família,


motivando-nos a conversar com o bebê, e explica as 9
mudanças que estão acontecendo com a criança.

A equipe verifica se está sendo feito o


acompanhamento pelo pré-natal e se há facilidade no 7
acesso à rede de serviços de que necessito.

A equipe conversa sobre a importância da família se


planejar para a chegada do bebê, a mudança de rotina 8
e o apoio que todos precisam fornecer.

Durante a visita, a equipe apenas conversa sobre como


eu passei desde a última visita, deixando que eu fale 0
mais.

Fonte: Elaboração própria.

Verificou-se, portanto, que os visitadores estão utilizando o guia, desenvolvendo com


as crianças atividades próprias para a idade e envolvendo a família naquele momento. No
entanto, é importante reforçar a necessidade de os pais terem outros momentos semelhantes
com as crianças, em outros horários fora a visita, incorporando esse hábito ao cotidiano das
famílias. As visitas com as gestantes também têm seguido as orientações do Programa, de
forma a fornecer apoio num momento em que as mães podem se encontrar inseguras e
fragilizadas. Muitas gestantes relataram nas entrevistas que as visitas do Programa trazem
conforto em um período que para algumas é marcado pela solidão e isolamento.

3. O Município tem promovido a intersetorialidade preconizada na


implementação do Programa?
O Comitê Gestor é uma instância de planejamento, tomada de decisão e
acompanhamento do Programa prevista em seu modelo de governança para cada esfera
federativa, assegurando seu caráter intersetorial, com a conjugação de esforços das
diferentes políticas públicas. No âmbito federal, o Comitê Gestor do Programa Criança Feliz
foi instituído pelo Decreto nº 8.869/2016, com suas atribuições estabelecidas pela Portaria
Interministerial nº 1, de 4 de abril de 2018. Uma das competências trazidas pelo seu
Regimento Interno é a promoção da articulação das ações setoriais com vistas ao atendimento
integral e integrado do público-alvo do Programa.
Assim, os Comitês Intersetoriais do Criança Feliz a serem formados nos estados e
municípios devem atuar na promoção do desenvolvimento humano de forma articulada, a
partir do apoio e acompanhamento do desenvolvimento integral na primeira infância, por
meio da integração de ações, mediando o acesso da gestante, das crianças na primeira
infância e de suas famílias a políticas e serviços públicos de que necessitem; favorecendo a
qualidade e a eficiência das políticas públicas, otimizando recursos e evitando sobreposição
de ações.

28
Neste item, portanto, buscou-se conhecer como os Comitês instaurados nos
Municípios estão atuando na promoção do desenvolvimento das crianças na primeira infância,
abordando os seguintes aspectos:
3.1 O Comitê Gestor Municipal tem se reunido, promovendo discussões voltadas ao
desenvolvimento infantil, com base nos objetivos do Programa Criança Feliz?
3.2 Os supervisores têm promovido a articulação da atuação dos demais setores envolvidos
no Programa Criança Feliz (assistência social, educação, saúde, cultura e direitos humanos)?

3.1 O Comitê Gestor Municipal tem se reunido, promovendo discussões


voltadas ao desenvolvimento infantil, com base nos objetivos do Programa
Criança Feliz?
O Comitê tem importante participação na execução do Programa, não devendo ser
convocado apenas quando surgirem casos pontuais, que necessitam de atendimento de
outros setores, mas com certa frequência, objetivando a discussão de estratégias para o
fortalecimento da intersetorialidade nos territórios entre as políticas públicas setoriais, em
especial as da Assistência Social, da Saúde e da Educação, além do Sistema de Justiça e de
Garantia de Direitos. É importante, de início, realizar um levantamento dos recursos
existentes na rede de atendimento municipal e buscar a sensibilização e ampliação de
conhecimentos acerca das demandas e especificidades da primeira infância e de suas famílias
e, a partir daí, construir estratégias em rede para potencializar a perspectiva da
complementariedade e da integração entre serviços e programas no território, com vistas ao
desenvolvimento integral das crianças na primeira infância e ao apoio a gestantes e suas
famílias, incluídas ações de mobilização, capacitação e educação permanente.
Destaca-se que o Comitê também possui competências mais operacionais, como
discutir a composição da equipe técnica do Programa (visitadores e supervisores), definir as
famílias que serão incluídas nas visitas domiciliares, estabelecer os fluxos de articulação entre
as redes locais para suporte a essas visitas e determinar como se dará o atendimento às
demandas identificadas pelos visitadores e supervisores.
Considerando apenas aqueles Municípios que possuem Comitê constituído (sete dos
nove Municípios visitados), 57% informou que as reuniões do Comitê ocorrem
semestralmente ou por demanda e, 43%, que o Comitê ainda não se reuniu. Desses
Municípios que possuem Comitê, 86% informaram que os diferentes setores que o constituem
prestam auxílio apenas nos casos específicos levados pela equipe técnica do Criança Feliz para
discussão e devidos encaminhamentos, sem promoverem ações e outras atividades voltadas
ao público alvo do Criança Feliz.
Gráfico 13. Informações gestor municipal, desconsiderados os Municípios que não
constituíram Comitê Gestor do Programa Criança Feliz.

29
O Comitê tem atuado na promoção de ações em suas pastas,
voltadas ao objetivo do Programa?

Não, os diferentes setores que constituem o Comitê


prestam auxílio apenas nos casos específicos levados
pela equipe técnica do Criança Feliz para discussão e 6
devidos encaminhamentos, mas não desenvolvem
atividades para o público geral.

Não há atuação na forma de Comitê. 1

Sim, os diferentes setores que constituem o Comitê


estão desenvolvendo atividades voltadas ao público
0
alvo do Criança Feliz, incluindo seus beneficiários
nessas atividades.

Fonte: Elaboração própria.

Apesar dessa atuação mais pontual do Comitê, todos os Municípios visitados


demonstraram que o Programa Criança Feliz possibilitou uma maior interação das diferentes
áreas envolvidas, permitindo que as famílias atendidas recebessem uma atenção mais
abrangente de suas necessidades, antes não verificada. Ou seja, mesmo que em alguns casos
a interação seja mínima, houve uma evolução. No entanto, é necessária uma maior
institucionalização dessa atuação conjunta, pois muitos entes municipais relataram que as
demandas são feitas e resolvidas informalmente, facilitada pelo fato de os gestores envolvidos
terem um convívio já estabelecido, sem mediação do Comitê.
Verificou-se, portanto, que embora a função precípua do Comitê seja facilitar a
aproximação dos demais setores envolvidos no Criança Feliz, promovendo a discussão de
estratégias para o fortalecimento da intersetorialidade dentro do Programa, para que haja um
atendimento abrangente das famílias beneficiárias, há um desconhecimento dos gestores
municipais sobre a importância do Comitê e sua atuação, o que enfraquece o caráter
intersetorial do Programa. Assim, faz-se necessário um trabalho dos gestores nacional e
estaduais junto aos gestores municipais, de forma a conscientizá-los da importância dessa
instância para o Programa, e uma atuação dos demais Ministérios envolvidos, para que seus
órgãos nos municípios também se conscientizem da fundamentalidade de sua atuação e,
assim, passem a promover ações voltadas à primeira infância.

3.2 Os supervisores têm promovido a articulação da atuação dos demais


setores envolvidos no Programa Criança Feliz (assistência social, educação,
saúde, cultura e direitos humanos)?
A equipe técnica possui importante papel na articulação da atuação dos demais
setores envolvidos no Programa. O visitador será aquele a ter o primeiro contato com a criança
e/ou com a gestante e suas famílias, devendo estar atento às demais necessidades que esses
beneficiários possam apresentar. Ao identificá-las, o visitador deve levar o caso para discussão

30
junto ao supervisor, que promoverá a devida articulação com os setores detentores dos
serviços e das políticas demandadas.
Assim, não compete somente ao Comitê a articulação intersetorial do Criança Feliz. A
equipe técnica do Programa, composta pelo supervisor e pelos visitadores, é responsável pela
identificação e encaminhamento dos casos. No entanto, é fundamental que essa intervenção
encontre apoio das demais políticas, recebendo os encaminhamentos e proporcionando a
atenção necessária. Além disso, a atuação dos demais setores envolvidos no Programa deve
ir além de casos específicos encaminhados pela equipe do PCF; as outras áreas também devem
promover atividades voltadas aos beneficiários do Programa dentro dos seus temas,
objetivando ampliar o conhecimento das famílias sobre cuidados necessários com a primeira
infância e a importância dessa fase.
Foi questionado, portanto, à equipe técnica dos Municípios visitados, se os
supervisores têm conseguido provocar a atuação dos demais setores quando identificada a
necessidade de alguma família. Todos os entes relataram que para a totalidade dos casos
identificados, a equipe técnica do Programa Criança Feliz entrou em contato com o setor que
poderia oferecer ajuda à família necessitada. Em 22% dos entes municipais, as providências
necessárias foram adotadas e a situação foi efetivamente revertida. Nos outros 78%, a
articulação foi feita e o auxílio foi solicitado, mas sua solução nem sempre foi efetiva, embora
tenha sido em sua maioria.
Quanto à atuação dos demais setores envolvidos com o Programa (saúde, educação,
cultura e direitos humanos) para além do auxílio em casos específicos, conforme informações
dos supervisores entrevistados nos Municípios visitados, em apenas 22% deles tem havido a
participação dessas áreas com a realização de ações complementares, como palestras,
seminários, encontros, atividades com a comunidade, informando sobre sua realização e
reservando vagas preferenciais às famílias beneficiárias do PCF. O restante, 78%, atuam
apenas quando demandados pela equipe do PCF.
Também foi questionado se o acesso aos demais serviços pelas famílias beneficiárias
para as quais foi identificada a necessidade de atendimento tornou-se mais fácil após adesão
ao Programa. Em 67% dos Municípios, a equipe técnica informou que os casos identificados
que demandam intervenção de outras áreas são atendidos com celeridade, prioritariamente,
e 33% informou que esses casos vão para as listas de espera de atendimento do setor
demandado, não recebendo atendimento prioritário em relação àqueles que já aguardavam
anteriormente.

31
Gráfico 14. Atuação dos demais setores envolvidos no PCF nos casos encaminhados pela
equipe técnica do Programa.

Os demais setores envolvidos tem intermediado o acesso


prioritário das famílias beneficiárias nos casos em que a equipe
do PCF identificou a necessidade?

Sim, os casos identificados pela equipe técnica do PCF


que demandam intervenção de outras áreas são 6
atendidos com celeridade, prioritariamente.

Não, os casos identificados pela equipe técnica do PCF


que demandam intervenção de outras áreas vão para
3
as listas de espera de atendimento do setor
demandado, não recebendo atendimento prioritário.

Ainda não foram identificados casos que necessitem


de atenção das demais pastas que participam do 0
Programa.

Fonte: Elaboração própria.

Já na percepção das famílias beneficiárias entrevistadas, 69% relataram que os


visitadores verificam as necessidades e providenciam o atendimento. Desses, 63% disseram
que, com isso, o acesso ficou mais fácil e rápido, enquanto 6% responderam que apesar do
auxílio dos visitadores, o acesso não tem ocorrido de forma mais célere que antes. No entanto,
19% informaram que continuam acessando os outros serviços de que necessitam da mesma
forma, diretamente com os prestadores, e 12% ainda não necessitaram de atendimento em
outras áreas após o início do Programa. Entre as gestantes beneficiárias, a situação foi
diferente: 37% relataram que os visitadores verificam as necessidades e providenciam o
atendimento de forma mais célere que antes, no entanto, 27% informaram que continua
acessando os outros serviços da mesma maneira, direto com os prestadores. Destaca-se que
36% informaram que ainda não precisaram de atendimento após o início do Programa.

32
Gráfico 15. Percepção das famílias e gestantes beneficiárias quanto à melhora no atendimento
em outros setores.

O acesso a outras políticas ou serviços públicos de que necessite


(atendimento médico, creche, suporte da assistência social) ficou
mais fácil e rápido após a participação no Programa?

Sim, os visitadores verificam as necessidades e


providenciam o atendimento com maior rapidez que 4
20
antes.
Parcialmente. Os visitadores verificam as necessidades
e providenciam o atendimento, mas esse não ocorre 0
2
de forma mais rápida que antes.
Não, continuamos acessando os outros serviços de
que necessitamos da mesma forma, diretamente com 3
6
os prestadores.

Não se aplica. Ainda não precisamos de atendimento 4


em outras áreas após o início do Programa. 4

Gestantes beneficiárias Crianças beneficiárias

Fonte: Elaboração própria.

Verificou-se, portanto, que a equipe técnica do PCF tem conseguido prestar seu papel
na articulação com os demais setores envolvidos na Política, promovendo o contato entre o
beneficiário e o prestador. No entanto, os outros setores não estão fazendo a sua parte, já
que a maioria dos beneficiários do PCF, entre crianças e gestantes, não está de fato recebendo
um atendimento mais célere e eficaz. Ressalta-se que como o público alvo do Criança Feliz são
crianças e gestantes do Bolsa Família e do BPC, entende-se que já se trata de um grupo de
maior risco e de maior necessidade, que provavelmente já suscitariam um atendimento
prioritário. Além disso, as demais áreas estão atuando apenas quando demandadas, para
casos concretos, previamente identificados pelo PCF.

4. O Município estabeleceu mecanismos de acompanhamento e


avaliação do Programa?
Conforme o Decreto de instituição do Criança Feliz, nº 8.869/2016, o Programa contará
com sistemática de monitoramento e avaliação. Ao estabelecer as competências de cada ente,
União, Estados, DF e Municípios, por meio da Resolução nº 19, de 24 de novembro de 2016,
o MDS determinou que caberá à União disponibilizar orientações técnicas e metodológicas
para monitoramento do Programa, além de sistemas de informação para registro e
acompanhamento de suas ações. A mesma Resolução estabelece que compete aos Estados,
DF e Municípios monitorar o desenvolvimento das ações do Programa em âmbito
estadual/local e prestar informações à União.
Importante destacar que o monitoramento e a avaliação de uma política pública
possibilitam que seja realizado um processo contínuo de análise e verificação da adequação
dos recursos e das atividades implementadas em relação aos resultados que se pretende
atingir. Esse acompanhamento permite que as inadequações sejam tempestivamente

33
identificadas e os ajustes necessários sejam rapidamente realizados, evitando o desperdício
de recursos em ações que não se mostraram suficientes e apropriadas para o atingimento das
metas estabelecidas, num processo de aperfeiçoamento da política. Desse modo, o
monitoramento e a avaliação de Programas são fases importantes de serem executadas desde
o início da implementação de uma política.
Assim, neste item buscou-se verificar como tem se dado o monitoramento do
Programa Criança Feliz pelos Municípios, utilizando-se das seguintes questões:
4.1 O Município insere, mantém atualizados e monitora os dados do Programa no Prontuário
Eletrônico do SUAS?
4.2 O Município está verificando se o Programa tem proporcionado benefícios às famílias e
contribuído para o desenvolvimento das crianças beneficiárias?
4.3 O MDS e/ou a coordenação estadual do Programa apoiam, acompanham e solicitam
informações sobre o andamento do Criança Feliz no Município?

4.1 O Município insere, mantém atualizados e monitora os dados do Programa


no Prontuário Eletrônico do SUAS?
Os Municípios são responsáveis por monitorar o desenvolvimento das ações do
Programa em âmbito local e prestar informações à União e ao estado a fim de possibilitar o
seu monitoramento, de acordo com a Resolução CNAS nº 19/2016. Para tanto, conforme
Portaria nº 2.496, de 17 de setembro de 2018, os Municípios e o Distrito Federal devem
registrar suas visitas domiciliares no Prontuário Eletrônico do SUAS, sistema oficial do
Ministério da Cidadania para registro, acompanhamento e monitoramento, até o último dia
do mês seguinte ao mês em que foram realizadas as visitas. Esse registro deve conter a
identificação do visitador, a data da visita realizada, a data do registro da visita e a
identificação do beneficiário acompanhado. Após o prazo mencionado, com exceção dos
casos de recém-nascidos, os registros realizados não serão mais considerados para fins de
pagamento do Programa.
A responsabilidade pelas informações referentes às visitas domiciliares é
compartilhada entre os supervisores e os visitadores. Os encaminhamentos realizados para
atendimento por outros setores envolvidos no Programa (educação, saúde, direitos humanos)
também devem ser registrados no Sistema. Destaca-se que, conforme Portaria MDS nº
956/2018, os visitadores e supervisores devem estar devidamente cadastrados no CadSUAS
previamente à realização da primeira visita domiciliar.
Segundo informações da SNPDH, o Sistema do Prontuário Eletrônico possui uma aba
que permite que, a partir dos dados inseridos, seja produzido um relatório de
acompanhamento. Cada ente possui acesso apenas aos seus dados, o que o possibilita
monitorar inclusões e desligamentos, quantidade de visitas por período determinado,
percentual de indivíduos ativos contemplados pelo BPC ou pelo Bolsa Família, listagem de
visitas (detalhamento) e listagem de equipes (responsáveis pelas visitas, pela supervisão,
número de atendidos, etc.). O Sistema Prontuário Eletrônico ainda possui uma opção para
monitoramento com demonstração gráfica da evolução dos resultados, podendo ser
aplicados vários tipos de filtro.

34
Os supervisores dos Municípios visitados informaram que foram inseridos no Sistema
Prontuário Eletrônico SUAS todos os dados referentes às famílias beneficiárias e aos
profissionais que constituem as equipes de visitação. Desses supervisores, 67% relataram que
a exclusão das famílias que já não são mais beneficiárias do Programa e o registro de novas
famílias incluídas ocorrem tempestivamente no Sistema, e que os dados sobre as visitas
realizadas são inseridos semanalmente (33% insere apenas no final do mês). No entanto,
destaca-se que muitos gestores e supervisores reclamaram de frequentes problemas no
acesso ao Prontuário Eletrônico SUAS, que dificultam os registros e a atualização tempestiva
dos dados, além do fato de o Sistema envolver apenas a inserção de dados, sem oferecer
suporte à gestão.
Apesar de um Município ter informado que insere no Sistema um resumo das
atividades desenvolvidas em cada visita e a evolução verificada, os demais Municípios
afirmaram que o Sistema não possui campo para esse tipo de informação, sendo possível
apenas inserir dados do beneficiário, do visitador e o dia em que a visita foi realizada. Isso foi
confirmado pelas extrações do Sistema disponibilizadas pelos Municípios a esta CGU.
Sobre o monitoramento da execução do Programa em âmbito local, na compilação das
informações fornecidas em entrevistas com os gestores e com os supervisores dos Municípios
visitados, verificou-se que apenas 22% dos gestores locais do PCF extraem mensalmente o
relatório do Sistema e analisam junto à equipe técnica as informações sobre quantidade de
visitas realizadas, inserção correta dos dados e atingimento da meta. Já 11% dos Municípios
informaram que o gestor local solicita mensalmente a extração do relatório do Sistema apenas
para verificação do atingimento da meta, ficando o acompanhamento do Programa mesmo
sob responsabilidade dos supervisores. Na maior parte dos casos, 67%, o acompanhamento
periódico fica totalmente à cargo dos supervisores do Programa. No entanto, esses
informaram que apenas conferem os dados quando da sua inserção, sendo a extração do
relatório feita somente quando há solicitação dos gestores (local, estadual e/ou nacional), ou
seja, não ocorre regularmente, todo mês.
Gráfico 16. Monitoramento municipal dos dados do PCF no Sistema Protocolo SUAS.

O Município tem monitorado a execução do Programa, extraindo com


frequência relatórios do Sistema Prontuário Eletrônico do SUAS, identificando
situações de visitas não realizadas, atendimentos não concluídos e demais
informações?

Sim, mensalmente um relatório do Sistema é extraído e, a


partir dele, verifica-se junto à equipe técnica a quantidade
2
de visitas realizadas, a inserção correta dos dados e o
atingimento da meta.

Sim, mensalmente um relatório do Sistema é extraído


apenas para verificar se a meta de atendimento foi
1
atingida. O acompanhamento mais aprofundado da
execução do Programa é realizado pelo supervisor.

Não. O acompanhamento da execução do Programa fica à


6
cargo da equipe técnica, especificamente do supervisor

35
Fonte: Elaboração própria.

Verificou-se, portanto, que o Sistema comporta apenas dados simples, como o registro
dos visitadores, dos beneficiários e a data de realização de cada visita. No entanto, nem esses
dados estão sendo efetivamente acompanhados pelos gestores municipais, que não analisam
numa frequência adequada se a meta está sendo atingida, se há muitas desistências, o motivo
dessas desistências, se não há muitas vagas que não estão sendo prontamente
disponibilizadas para aqueles beneficiários que aguardam uma oportunidade, ou seja, o
monitoramento no âmbito local é insuficiente.

4.2 O Município está verificando se o Programa tem proporcionado benefícios


às famílias e contribuído para o desenvolvimento das crianças beneficiárias?
Os profissionais que realizam as visitas domiciliares são responsáveis pelos registros
das ações desenvolvidas e situações observadas no domicílio das famílias, em instrumental
específico. Eles devem inicialmente realizar a caracterização da família, da gestante e/ou da
criança por meio de formulários físicos próprios, realizar o diagnóstico inicial do
desenvolvimento infantil, também por meio de formulário, e preencher o plano de visitas,
com apoio do supervisor. É por meio do plano de visitas que se dá o planejamento dos
trabalhos a serem desenvolvidos junto às famílias e o registro dos principais pontos
observados durante a visita. Existe ainda um formulário de avaliação do desenvolvimento da
criança a ser aplicado ao final de cada faixa etária que possibilita, por meio do registro de
ações e atitudes que a criança vai adquirindo e que são características de cada dimensão de
seu desenvolvimento, o acompanhamento de sua evolução no Programa.
O supervisor deverá, com base nos registros das situações verificadas, discutir cada
caso na supervisão com o visitador e, se identificada alguma necessidade específica, realizar
os devidos encaminhamentos para atendimento por outros setores envolvidos no Programa
(educação, saúde, direitos humanos), que também devem ser registrados.
O Município, ao exercer seu papel no monitoramento da Política por meio do
acompanhamento realizado pela equipe técnica e pelo gestor municipal dos resultados do
Programa, verificando o atendimento às famílias mais necessitadas, a evolução das crianças e
das gestantes atendidas e a maior efetividade no suporte às necessidades básicas
apresentadas por essas famílias (saúde, educação, assistência social, cultura e direitos
humanos), possibilita que sejam realizados ajustes necessários visando o aperfeiçoamento do
Criança Feliz.
As fichas do plano de visita, que devem ser preenchidas pelo visitador com apoio do
supervisor, trazem campos para inserção de várias informações, como o objetivo de cada
visita, o desenvolvimento do momento inicial da visita, que envolve o acolhimento e a
retomada da visita anterior, o desenvolvimento da atividade do dia e a avaliação da visita,
com os progressos atingidos e as dificuldades identificadas, além de outras informações que
entenderem pertinentes.
Questionados sobre a existência de registros físicos da visita, 78% dos supervisores
informaram que utilizam formulários específicos para cada visita, em que são registrados de
forma resumida as atividades desenvolvidas e os aprendizados verificados por cada
criança/gestante acompanhada, informação corroborada por 42% dos visitadores. Destaca-se
que a maioria dos visitadores (46%) e 11% dos supervisores relataram que há o

36
preenchimento de registros físicos de forma detalhada. No entanto, o que se pode verificar
pela amostra de fichas disponibilizadas pelos Municípios fiscalizados à equipe da CGU é um
preenchimento falho, generalista e com poucas informações, sem contemplar uma descrição
detalhada das atividades desenvolvidas e, principalmente, da evolução da criança a cada
visita. Somente em um Município os supervisores e visitadores informaram que não utilizam
formulários específicos, anotando apenas se a visita foi realizada ou não. Segundo os
visitadores, não foi disponibilizado formulário próprio para esse registro. Destaca-se que esse
é o Município que relatou problemas políticos.
Gráfico 17. Preenchimento dos planos de visita pelas equipes técnicas do PCF.

As equipes fazem registros físicos das atividades desenvolvidas a


cada visita, para cada família acompanhada, documentando os
avanços verificados entre uma visita e outra?

Sim, são utilizados formulários específicos para cada


visita, em que são registrados de forma detalhada as 1
atividades desenvolvidas e os aprendizados verificados 11
por cada criança/gestante acompanhada.

Sim, são utilizados formulários específicos para cada


visita, em que são registrados de forma resumida as 7
atividades desenvolvidas e os aprendizados verificados 10
por cada criança/gestante acompanhada.

Não, não são utilizados formulários específicos para o 1


registro das visitas, sendo apenas anotado se a visita
foi realizada ou não. 3

Supervisores PCF Visitadores PCF

Fonte: Elaboração própria.

Sobre a realização de acompanhamento pela equipe técnica quando há o


encaminhamento de famílias beneficiárias para atendimento por outros setores por meio de
intervenção da equipe junto às demais pastas, todos os municípios informaram que
continuam acompanhando os casos, intermediando o contato com as famílias beneficiárias e
cobrando a atuação dos responsáveis, tendo alguns membros das equipes relatado que esse
acompanhamento é feito pelos supervisores e, outros, pelos visitadores.
Questionados sobre seu sentimento quanto à efetiva contribuição do Programa para
o desenvolvimento das crianças e das gestantes assistidas, tanto os gestores locais quanto os
supervisores e os visitadores relataram que, mesmo considerando o curto período de
execução do Programa, já é possível verificar a evolução no desenvolvimento das famílias
atendidas. Quanto à possibilidade de as atividades promovidas pelo Programa Criança Feliz
serem desenvolvidas por outro programa/ação já existente, todos os gestores municipais
entrevistados afirmaram que o atendimento oferecido pelo Programa não se encaixaria em
nenhuma ação já desenvolvida no âmbito do CRAS, que não possui ações voltadas à primeira
infância e nem atividades que promovam uma interação da forma que o PCF oferece. Entre
os supervisores, apenas um (11%) disse que entende que o atendimento oferecido pelo

37
Criança Feliz poderia ser ofertado por outras ações desenvolvidas no âmbito do SUAS com
gestantes, crianças na primeira infância e suas famílias.
Também foram feitos questionamentos aos beneficiários do Programa entrevistados,
objetivando traçar um cenário das mudanças provocadas com a adesão ao Programa. Entre
as famílias entrevistadas, todas afirmaram gostar de receber a visita do PCF e a maioria relatou
mudanças positivas com o Programa. Questionados sobre as mudanças proporcionadas com
relação à sua conscientização da importância do brincar para o desenvolvimento das crianças,
61% dos cuidadores informaram que após o início das visitas, passaram a brincar com a criança
e desenvolver as atividades aprendidas em outros momentos além da visita; 32% também
relataram que praticam as atividades em outros horários, mas já tinham momentos
semelhantes com a criança; e 7% informaram que só desenvolvem as atividades aprendidas
durante a visita, mas antes não haviam momentos similares. Do total, 80% dos pais e/ou
cuidadores relataram que se sentem mais próximos da criança e que a compreendem mais
após o início das visitas. Destaca-se que alguns visitadores relataram dificuldades em fazer os
pais compreenderem a importância de brincarem com seus filhos.
Gráfico 18. Mudanças promovidas pelo Programa junto aos cuidadores entrevistados.

O(A) senhor(a) tem brincado e desenvolvido as atividades


aprendidas com a equipe do Programa em outros momentos fora
o horário da visita? Isso mudou após o Programa?

Sim, eu pratico as atividades aprendidas fora dos


19
horários da visita e eu não fazia isso antes.

Sim, eu pratico as atividades aprendidas fora dos


horários da visita, mas eu já tinha momentos 10
semelhantes com a criança antes.

Não, só desenvolvo as atividades com a criança no


momento da visita e antes eu não o fazia em momento 2
algum.

Não, só desenvolvo as atividades com a criança no


momento da visita. Eu interagia mais com a criança 0
antes, mas diminuí, já que o CPF o faz por mim.

Fonte: Elaboração própria.


* Uma família não foi contabilizada pois só havia iniciado o Programa há pouco tempo, tendo recebido apenas
uma visita.

Sobre as impressões das famílias com relação às possíveis mudanças proporcionadas


pelo Programa no desenvolvimento da criança, 87% relataram que notaram a criança mais
esperta e interessada nas brincadeiras; 3% disseram que notaram a criança mais esperta, mas
apenas durante as visitas e para 10% não foi possível notar nenhuma diferença. Destaca-se
que algumas famílias entrevistadas haviam aderido há pouco tempo ao Programa.
Gráfico 19. Percepção dos cuidadores quanto às mudanças promovidas pelo Programa no
desenvolvimento das crianças.

38
O(A) senhor(a) percebeu alguma diferença no desenvolvimento
da criança após o início das visitas do Programa Criança Feliz? A
criança parece estar mais esperta e curiosa?

Sim, a criança está mais esperta e tem mostrado mais


27
interesse nas brincadeiras.

Parcialmente, a criança parece mais esperta, mas


apenas durante as visitas. Depois, volta a agir como 1
antes.

Não, não foi possível notar nenhuma diferença na


3
criança.

Fonte: Elaboração própria.


* Uma família não foi contabilizada pois só havia iniciado o Programa há pouco tempo, tendo recebido apenas
uma visita.

Das crianças beneficiárias cujas famílias foram entrevistadas, 16% apresentavam


alguma deficiência (entre problemas de audição, fala, déficit de atenção, nutricional e outros),
e em 80% dessas famílias, foi o visitador do Criança Feliz que auxiliou na descoberta da
deficiência e na busca pelo acompanhamento médico necessário, conforme relato dos
pais/cuidadores.
Gráfico 20. Casos em que o visitador auxiliou na identificação de alguma deficiência da criança
beneficiária.

O visitador auxiliou na descoberta de alguma deficiência (de


audição, na fala, déficit de atenção, nutricional) que o(a)
senhor(a) não havia percebido?

Sim, e pelo Programa já consegui acompanhamento


4
médico.

Sim, mas ainda não foi possível realizar consulta com o


1
médico.

Não se aplica. A criança é saudável ou já havia sido


27
detectada a deficiência.

Fonte: Elaboração própria.

Com relação às gestantes beneficiárias entrevistadas, 82% relataram que aprenderam


muito com os visitadores e que se sentem mais seguras após a adesão ao Programa. As demais
entrevistadas, 18%, afirmaram que se sentem mais preparadas que antes, mas que a equipe
apenas confirmou o que elas já sabiam. No geral, a equipe da CGU relatou que as gestantes
demonstraram satisfação em ter as visitadoras por perto, afirmando que essas eram uma

39
companhia e um apoio em um período delicado da vida delas, pois ficavam muito tempo
sozinhas dentro de casa.
Gráfico 21. Percepção das gestantes beneficiárias sobre as visitas do PCF.

O que mudou após sua adesão ao Programa? Qual foi a melhora


vivenciada?

Após a adesão ao Programa, eu me sinto mais segura e


preparada para o nascimento do meu filho. A equipe
9
me ensinou muita coisa e tem sido fundamental no
processo da gestação.

Após a adesão ao Programa, eu me sinto mais


preparada para o nascimento do meu filho, mas a 2
equipe só veio confirmar o que eu já sabia.

Não vejo necessidade das visitas nessa fase, antes do


nascimento da criança. Eu já sabia das coisas que eles
0
vieram ensinar. Acho que posso precisar de ajuda
depois, quando a criança tiver nascido.

Fonte: Elaboração própria.

Verificou-se que tanto a equipe técnica do PCF quanto seus beneficiários veem o
Programa de forma positiva, corroborando com suas premissas e com os resultados
esperados. No entanto, o acompanhamento da evolução dos beneficiários atendidos
mostrou-se falho, pois embora haja instrumentos próprios do Programa que possibilitam que
cada visita seja planejada e que as atividades desenvolvidas sejam registradas, permitindo a
criação do histórico da criança e/ou gestante acompanhadas, esses não são devidamente
utilizados. Destaca-se que com relação aos demais formulários do Programa, de
caracterização da criança/gestante, da família e do território, verificou-se um preenchimento
mais detalhado pelas equipes dos Municípios visitados.

4.3 O MDS e/ou a coordenação estadual do Programa apoiam, acompanham e


solicitam informações sobre o andamento do Criança Feliz no Município?
Conforme o Decreto nº 8.869/2016, as ações do Programa Criança Feliz serão
executadas de forma descentralizada e integrada, por meio da conjugação de esforços entre
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, observada a intersetorialidade, as
especificidades das políticas públicas setoriais, a participação da sociedade civil e o controle
social.
Visando fornecer estrutura e apoio necessários aos estados e municípios que aderirem
ao Programa, a Resolução CNAS nº 19/2016, que instituiu o Programa Primeira Infância no
SUAS, estabeleceu para a União a responsabilidade por prestar apoio técnico a estados,
municípios e Distrito Federal, fornecendo orientações técnicas e metodológicas para a gestão,
implementação, desenvolvimento de ações e de monitoramento do Programa; apoiando
técnica e financeiramente a estruturação das equipes de referência do CRAS e de sua
infraestrutura para consecução dos objetivos do Programa; e disponibilizando informações

40
sobre o público das visitas domiciliares, com base no PBF, BPC e no Cadastro Único para
Programa Sociais do Governo Federal e outras fontes oficiais de informação. Aos estados
também compete prestar apoio técnico aos seus municípios e apoiá-los técnica e
financeiramente na adequação de sua infraestrutura para consecução dos objetivos do
Programa e na estruturação das equipes de referência do CRAS.
Destaca-se ainda que a União, por meio da SNDPH, é responsável por definir as
metodologias e o conteúdo a serem utilizados na capacitação e na educação permanente dos
profissionais que atuam no Programa; realizar seminários periódicos de capacitação,
monitoramento e acompanhamento com coordenadores estaduais e supervisores do
Programa; e planejar, monitorar e avaliar o desenvolvimento das ações financiadas do
Programa.
Nas visitas realizadas pela equipe da CGU, os gestores locais e os supervisores de 89%
dos Municípios informaram que o gestor nacional e/ou a coordenação estadual forneceram
antes da adesão todas as informações necessárias à implementação do Programa,
disponibilizando orientações sobre no que o Programa consistia, seus objetivos, a estrutura
necessária para sua execução e a forma de adesão. Para 11%, o gestor nacional não
disponibilizou essas informações previamente, mas apenas após a adesão do Município, já ao
longo da execução do Programa.
Gráfico 22. Conhecimento prévio à implementação dos objetivos e da forma de execução do
PCF.

O gestor nacional e/ou a coordenação estadual forneceram antes


da adesão todas as informações necessárias à implementação do
Programa?

Sim, foram disponibilizadas orientações sobre no que


consistia o Programa, seus objetivos, a estrutura 8
necessária e a forma de adesão.

Não, o gestor nacional não disponibilizou informações


suficientes para a compreensão do Programa, o que só
1
ocorreu após a adesão pelo Município, ao longo de sua
execução.

Fonte: Elaboração própria.

Com relação à atuação do gestor nacional no acompanhamento da execução do PCF e


no suporte continuado ao Município, 56% dos entes municipais informaram que a maioria das
dúvidas é tratada com o gestor estadual, sendo o gestor nacional acionado apenas quando
não é possível sua solução pelo Estado. Apenas 11% informaram que possuem contato direto
com a coordenação nacional do Programa, que acompanha sua execução e oferece todo o
suporte necessário a sua implementação. Os demais, 33%, relataram que ainda não houve
necessidade de contato com o gestor nacional.
Gráfico 23. Contato dos gestores municipais com a coordenação nacional.

41
O gestor nacional do Programa Criança Feliz tem acompanhado
sua execução no Município e oferecido suporte quando
demandado pelo Município?

Sim, o Município tem contato direto com a


coordenação nacional do Programa, acompanhando
1
sua execução e oferecendo todo o suporte necessário
a sua implementação.

A maioria das dúvidas é tratada com o gestor estadual


e, apenas quando esse não é capaz de solucioná-las, o 5
gestor nacional é acionado, auxiliando o Município.

Ainda não houve necessidade de contato com o gestor


3
nacional.

Fonte: Elaboração própria.

Quanto à atuação da coordenação estadual junto aos Municípios, todos os gestores


municipais entrevistados relataram que o Estado acompanha a execução do Programa e
oferece todo o suporte necessário para sua implementação, sendo a comunicação entre os
dois entes fácil e rápida. Já na entrevista com os supervisores, 22% relataram que, apesar de
a comunicação com a coordenação estadual ser fácil e rápida, o Estado não acompanha a
execução do Programa no Município, auxiliando apenas na resposta às dúvidas que
eventualmente surgem. Os demais confirmaram a informação dos gestores de que o Estado
acompanha de perto a execução do PCF. Conforme relato das equipes técnicas nos municípios,
a principal forma de comunicação é por meio de aplicativo de mensagens.
Gráfico 24. Contato dos gestores municipais com a coordenação estadual.

A coordenação estadual do Criança Feliz tem acompanhado a


execução do Programa no Município, oferecendo o apoio
necessário na resolução de eventuais dúvidas e dificuldades que
possam surgir?
9
7

2
0

Sim, a comunicação com a coordenação estadual é Parcialmente, a comunicação com a coordenação


fácil e rápida. A coordenação estadual acompanha a estadual é fácil e rápida, mas esta não acompanha a
execução do Programa e oferece todo o suporte execução do Programa no Município, auxiliando
necessário a sua implementação. apenas no surgimento de dúvidas.

Gestores do PCF Supervisores do PCF

Fonte: Elaboração própria.

42
Verificou-se, portanto, que o contato mais frequente do Município é com o gestor
estadual, que tem auxiliado prontamente na resolução de dúvidas dos executores. No
entanto, esse acompanhamento parece se resumir à disponibilidade na solução de dúvidas
por mensagem de aplicativo de celular. Um acompanhamento efetivo deveria envolver uma
frequente busca do gestor estadual pelos resultados do Programa, questionando ao Município
quais as necessidades que as equipes enfrentam em campo, as dificuldades em auxiliar as
famílias beneficiárias, os entraves encontrados, procurando orientar e auxiliar na superação
das situações mais complexas. Envolve ainda um acompanhamento próximo da execução do
Programa em termos de alcance do público-alvo, visitas realizadas e efetividade da
intervenção, objetivando verificar se o Programa está de fato cumprindo com seus objetivos.
Com relação ao acompanhamento por parte do gestor federal, verificou-se que a
maioria dos Municípios não possui contato próximo com a coordenação nesse âmbito. O
gestor nacional acompanha o Programa pelos dados inseridos pelas equipes técnicas no
Sistema Protocolo SUAS, verificando o número de beneficiários e de atendimentos realizados,
sem envolver, portanto, questões mais específicas das visitas, que refletem aspectos
qualitativos da execução da Política. Destaca-se que a SNDPH informou que, em média, são
realizados dez encontros anuais com os coordenadores estaduais, além de participação em
eventos relativos ao PCF e da comunicação diária através de e-mails e WhatsApp.

5. O gestor federal tem acompanhado o Programa Criança Feliz,


atuando na promoção do caráter intersetorial e estabelecendo
formas de monitoramento e avaliação?
A intersetorialidade ocupa lugar central na operacionalização e efetivação do
Programa Criança Feliz, e deve ser promovida por meio de um trabalho que forneça às famílias
participantes do Programa um atendimento qualificado, considerando as demandas que vão
além da estimulação do desenvolvimento infantil, permitindo a convergência de esforços das
diferentes políticas. Nessa direção, a intersetorialidade pode potencializar a proteção de
crianças e famílias e contribuir para a redução da ocorrência de vulnerabilidades e riscos
sociais a que estão expostos.
A efetivação dessa intersetorialidade depende das instâncias locais de gestão do
Programa e do desenvolvimento de uma agenda articulada em âmbito local. No entanto, é
fundamental que ela seja apoiada pelo alinhamento entre as políticas, abrangendo o
planejamento, o desenvolvimento e o monitoramento das ações. Assim, a Resolução CNAS nº
19/2016 estabeleceu à União a responsabilidade por promover a articulação intersetorial com
as diversas políticas públicas, em especial de educação, saúde, direitos humanos, cultura,
dentre outras; com os Sistema de Justiça e Garantia de Direitos, conselhos de política setoriais
e de direitos.
Outros aspectos de importante atuação em nível federal são o monitoramento e a
avaliação do Programa, fundamental para a qualidade das decisões que serão tomadas ao
longo da execução da Política. É importante estabelecer uma rotina de acompanhamento e
aferição de resultados para, a partir dessas informações, promover o aperfeiçoamento da
política, aprimorando o desempenho governamental. Já a avaliação possibilita verificar a
eficácia da Política no alcance dos objetivos e das metas esperadas.

43
Conforme Decreto nº 8.869/2016, que instituiu o Criança Feliz, o Programa contará
com uma sistemática de monitoramento e avaliação, em observância ao disposto na Lei nº
13.257/2016 – Marco Legal da Primeira Infância. Esta Lei, em seu art. 11, estabelece que “as
políticas públicas terão, necessariamente, componentes de monitoramento e coleta
sistemática de dados, avaliação periódica dos elementos que constituem a oferta dos serviços
à criança e divulgação dos seus resultados”. A Resolução CNAS nº 19/2016 reforça essa
competência da União no planejamento, monitoramento e avaliação do desenvolvimento das
ações do Programa.
Assim, neste item buscou-se verificar como tem se dado a atuação do gestor federal
do Programa Criança Feliz, especificamente no que concerne à promoção do seu caráter
intersetorial e ao seu monitoramento e avaliação da Política, utilizando-se das seguintes
questões:
5.1 Os membros do Comitê Gestor Interministerial têm atuado conjugando esforços na
promoção de ações em suas pastas, voltadas aos objetivos do Programa Criança Feliz?
5.2 O MDS está monitorando os resultados do Programa? Foi realizada avaliação para verificar
se o Programa tem atendido os objetivos a que se propõe?

5.1 Os membros do Comitê Gestor Interministerial têm atuado conjugando


esforços na promoção de ações em suas pastas, voltadas aos objetivos do
Programa Criança Feliz?
Por meio do Decreto de criação do Programa Criança Feliz, nº 8.869/2016, foi instituído
o Comitê Gestor do Programa, com a atribuição de planejar e articular os componentes do
PCF. O Comitê é composto pelos Ministérios da Saúde; Educação; Mulher, Família e Direitos
Humanos; e Cidadania, sendo este último responsável pela sua coordenação. Seu regimento
foi aprovado pela Portaria nº 958, de 22 de março de 2018, que traz suas normas de
funcionamento.
As competências estabelecidas para o Comitê envolvem o planejamento e a
articulação dos componentes do Programa, como já dito, além do acompanhamento de sua
execução e a promoção da articulação das ações setoriais com vistas ao atendimento integral
e integrado de seu público-alvo. De acordo com a SNPDH, o Comitê Gestor se reúne
mensalmente para reflexão e planejamento de estratégias conjuntas que visem o
desenvolvimento integral da primeira infância. Cabe ao Ministério da Cidadania, como
coordenador do Comitê, a convocação das reuniões e a definição da pauta a ser discutida.
Apesar de o Programa ter sido instituído em 2016, apenas em 4 de abril de 2018, foi
publicada a Portaria Interministerial nº 1, que estabelece as diretrizes, objetivos e
competências para a promoção da intersetorialidade no âmbito do Programa Criança Feliz,
trazendo um total de sessenta ações a serem desenvolvidas por todas as áreas envolvidas no
Programa. Nos dias 3 e 4 de julho de 2018, conforme informações da SNPDH, foi realizada
oficina de trabalho sobre intersetorialidade, objetivando refletir acerca da concretude das
ações estabelecidas na Portaria.
Embora a Portaria tenha apresentado um conjunto de propostas setoriais a serem
realizadas de forma articulada, a atuação interministerial ainda está em processo contínuo de
construção. A falta de aporte de recursos em nível federal pelos outros Ministérios, a

44
rotatividade entre os profissionais em nível municipal envolvidos com o Programa e a falta de
diálogos e fluxos sistemáticos de encaminhamento estabelecidos entre o Comitê Gestor
Interministerial e os comitês estaduais e municipais estão entre os fatores que dificultam a
implementação e a concretização das ações previstas na Portaria Ministerial, de acordo com
a SNPDH.
O regimento interno do Comitê possibilita a seu Pleno a instituição de Grupos Técnicos
para auxiliar na execução de suas competências. Assim, conforme informações da SNPDH, foi
constituído um grupo técnico de trabalho do Comitê que conta com a Casa Civil da Presidência
da República, por meio da Subchefia de Avaliação e Monitoramento (SAM), onde são
discutidas estratégias de ação integral entre os Ministérios e os Entes Federados, bem como
as metodologias para grupos específicos (crianças do BPC e afastadas do convívio familiar).
Em outubro de 2018, a SNPDH informou que para a próxima reunião do Comitê, estava
previsto que cada área definiria três ações prioritárias para serem executadas até o final de
2018, conforme seu plano de ação, suas prioridades e suas metas. Assim, ao ser novamente
questionado em dezembro de 2018, foi informado o andamento dessas ações. Todos os
Ministérios apresentaram as atividades que foram iniciadas, dentre aquelas da Portaria
Interministerial nº 1/2018, descrevendo a evolução verificada.
O antigo Ministério da Cultura promoveu ações visando fortalecer as políticas de
cultura para a infância, com a atualização do cadastro de instituições que trabalham com essa
temática, buscando formar uma rede para divulgação do Criança Feliz; e ações visando
potencializar e valorizar a cultura local, desenvolvendo cartilha com jogos e brincadeiras das
culturas populares na primeira infância.
O Ministério da Educação está com duas ações em andamento: a disponibilização de
recursos por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), priorizando escolas de
educação infantil, objetivando ampliar a oferta de vagas; e o fomento às escolas na elaboração
de conteúdo conceitual e metodológico para promoção de ações complementares com foco
no desenvolvimento integral da primeira infância. Além disso, iniciou a formação de gestores
estaduais e municipais envolvidos no acompanhamento e monitoramento do acesso à escola
pelos beneficiários do BPC como uma ação recorrente, que continuará em 2019.
Já o antigo Ministério dos Direitos Humanos reativou a Comissão Intersetorial de
Convivência Familiar e Comunitária, com o objetivo de articular ações intersetoriais,
interinstitucionais e interfederativas para aperfeiçoar e fortalecer a política nacional para
primeira infância; elaborou a Resolução Conjunta nº 1, que traz diretrizes para o atendimento
de crianças e adolescentes com deficiência no Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e
do Adolescente; e desenvolveu fôlder informativo sobre a Lei nº 13.010 (contra castigos
físicos) para os visitadores do PCF, que está em fase de distribuição para os estados.
O Ministério da Saúde iniciou a capacitação dos profissionais da educação e da
assistência social para uso da Caderneta da Criança; está ampliando a abrangência da
Estratégia Amamenta Brasil (EAAB) para todos os municípios que aderiram ao PCF; e
promovendo a disponibilização de recursos a todos os estados, objetivando apoiar as
secretarias estaduais e municipais de saúde na ampliação e qualificação das ações da atenção
básica na assistência ao pré-natal e ao puerpério e no acompanhamento do crescimento e do
desenvolvimento infantil, especialmente junto aos beneficiários do Cadastro Único, PBF e
BPC.

45
Por fim, o antigo Ministério do Desenvolvimento Social apresentou duas ações
promovidas: uma recorrente, que é a capacitação de multiplicadores e supervisores em todo
o Brasil para possibilitar a expansão das visitas domiciliares pelo PCF, e uma já finalizada, que
é a contratação de consultoria para elaborar proposta metodológica para executar a educação
permanente da equipe técnica do PCF a nível nacional, abordando todas as especificidades do
Programa. Esta última vem atender a necessidade de fortalecimento da educação permanente
das equipes técnicas do Criança feliz, assunto já abordado neste Relatório.
Assim, verifica-se que o Comitê Interministerial começou a atuar no Programa Criança
Feliz, buscando concretizar as ações propostas objetivando o desenvolvimento integral das
crianças na primeira infância, mas muito ainda há de ser feito. É necessário, além de
desenvolver as demais ações previstas na Portaria Interministerial nº 1/2018, certificar-se de
que o trabalho iniciado em âmbito federal vai se desdobrar, passando pelos estados e
municípios, de forma a proporcionar, de fato, as melhorias pretendidas na vida dos
beneficiários finais (gestantes e crianças de 0 a 6 anos).

5.2 O Ministério da Cidadania está monitorando os resultados do Programa?


Foi realizada avaliação para verificar se o Programa tem atendido os objetivos
a que se propõe?
Os gestores municipais executores do Programa Criança Feliz alimentam três sistemas
distintos com informações sobre o Programa: o Sistema de Aceite do PCF, o Sistema do
CadSUAS e o Sistema do Prontuário Eletrônico. O primeiro Sistema é onde o Município realiza
o aceite ao PCF, aderindo ao Programa. Já no segundo Sistema, o Município insere as
informações referentes aos profissionais que constituirão as equipes responsáveis pela
realização das visitas domiciliares do Programa. E, por meio do terceiro Sistema, o Sistema
Prontuário Eletrônico do SUAS, as equipes são designadas e as visitas, registradas.
De acordo com informações da SNPDH, no âmbito federal existe um painel para
monitoramento gerencial que traz informações extraídas dos diferentes sistemas,
possibilitando a caracterização da evolução do PCF pelo número de crianças e gestantes
cadastradas e visitadas, de visitadores e supervisores cadastrados ativos e desligados, de
beneficiários por vaga aceita, de municípios que aderiram e iniciaram as visitas, de
desligamentos de beneficiários, entre outros dados. Assim, as informações utilizadas referem-
se a informações sobre adesão, visitas e equipes. Com base nesses dados, são elaborados
relatórios informativos semanalmente, que são encaminhados aos coordenadores estaduais
do Programa, aos membros do Comitê Gestor, bem como aos parceiros não governamentais
e outros envolvidos na execução e acompanhamento do PCF.
Além de monitorar os dados inseridos no Sistema, a SNPDH informou que realiza o
acompanhamento das ações do PCF por meio de visitas técnicas aos Municípios, junto das
equipes estaduais, para monitoramento das práticas locais, que envolvem a observação dos
processos municipais de implementação do Programa, além do acompanhamento de reuniões
de equipe e de uma visita domiciliar. A coordenação nacional realiza também o
acompanhamento junto aos coordenadores estaduais, por meio de contato telefônico e
encontros periódicos. No entanto, a SNPDH ainda não realizou visita fiscalizatória.
Assim, os principais resultados da avaliação quantitativa e qualitativa do Programa
estão consubstanciados em dados de adesão, visitas realizadas e equipes técnicas constituídas

46
(supervisores e visitadores). Segundo a SNPDH, a equipe do Criança Feliz está trabalhando na
elaboração de novos indicadores. Destaca-se que não é feito o acompanhamento dos
desligamentos do Programa por Municípios e Estados, embora tenha sido informado que os
principais motivos de desistência são a dificuldade para contratação de equipe e a
insuficiência do recurso no custeio das despesas.
Foi divulgado em 27 de abril de 2019 uma avaliação qualitativa conduzida pela
Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI) do Ministério da Cidadania para
verificar a implementação do Programa. Essa avaliação foi realizada no segundo semestre de
2018. em quinze municípios distribuídos em cinco estados de quatro diferentes regiões do
Brasil, com o objetivo de apresentar algumas evidências e reflexões acerca das
potencialidades e fragilidades do Criança Feliz, resultados alcançados e sugestões para
aprimoramento.
Com constatações semelhantes às verificadas no presente Relatório, a SAGI traz uma
percepção positiva dos atores quanto aos benefícios do PCF, embora tenha apontado algumas
fragilidades, como uma intersetorialidade incipiente, capacitação insuficiente, dificuldades de
contratação dos visitadores, falhas no planejamento das visitas, escassez de materiais de
apoio, entre outras. Com base nos achados identificados, o Relatório apresenta
recomendações tanto à coordenação nacional, à cargo do Ministério da Cidadania, quanto à
gestão estadual e à municipal.
Além dessa, está em andamento uma avaliação de impacto coordenada pela
Universidade Federal de Pelotas, que envolverá a coleta de dados em 2018, 2019 e 2020, com
grupo de intervenção e grupo controle. Serão coletados dados em trinta municípios de seis
estados, abrangendo quatro regiões do país (menos a região sul). Essa avaliação fornecerá
importantes dados para verificação da efetividade do Programa na promoção de um
adequado desenvolvimento infantil às crianças atendidas.
Verificou-se então que o acompanhamento atualmente realizado pela SNPDH envolve
principalmente aspectos quantitativos, de números de visitas realizadas e beneficiários
atendidos. Embora haja uma avaliação de impacto prevista, que trará resultados sobre os reais
benefícios trazidos por essas visitas aos beneficiários do Programa, essa ainda levará tempo
para ser finalizada. Entende-se, portanto, que há a necessidade de se desenvolver indicadores
qualitativos, que possibilitem acompanhar a evolução apresentada pelas crianças e gestantes
atendidas, a partir das informações registradas pelas equipes técnicas em casa visita. Isso
permitiria identificar fragilidades na capacitação, necessidade de se trabalhar determinados
aspectos de maior incidência em certos municípios, ou seja, de realizar intervenções pontuais
durante o processo de acompanhamento de determinada criança, objetivando tornar aquela
visita mais efetiva na promoção do desenvolvimento dos beneficiários do Programa.

47
RECOMENDAÇÕES
1 – Incluir nas capacitações orientação sobre a necessidade de o Município realizar
mapeamento territorial para conhecimento do público-alvo do Programa e priorização dos
casos de maior necessidade.
Questão nº 1

2 - Levantar os custos necessários ao funcionamento e manutenção do Programa, após o início


das visitas, envolvendo gastos realizados com itens como pagamento dos visitadores,
deslocamento das equipes, aquisição de bens e materiais de consumo, locação de
equipamentos e imóveis, entre outros, com a finalidade de subsidiar os municípios.
Questão nº 1

3 - Disponibilizar materiais adicionais de apoio às equipes para o planejamento das atividades


a serem realizadas nas visitas, além daqueles utilizados como base na capacitação inicial, de
forma que as equipes técnicas do Programa possam ter fontes atuais e diversificadas para
auxiliá-las na definição do método de abordagem, no desenvolvimento de brincadeiras e na
confecção de materiais didáticos/brinquedos; procurando ainda envolver os demais
ministérios participantes, abarcando conhecimentos de todas as áreas.
Questão nº 2

4 - Promover, em conjunto com as coordenações estaduais e os demais ministérios envolvidos


no Programa, mais ações de capacitação permanente, utilizando-se de encontros presenciais
e educação a distância, incluindo nessas capacitações: orientações para que a equipe planeje
previamente as visitas, conforme o diagnóstico socioterritorial da família, suas necessidades
e potencialidades, individualizando a ação de forma que sejam desenvolvidas atividades
voltadas às necessidades de cada criança; orientações sobre o preenchimento das fichas de
acompanhamento dos beneficiários, de forma a descrever detalhadamente as atividades
desenvolvidas em cada visita e a evolução observada; além de outros temas reportados pelos
supervisores e visitadores nos municípios como assuntos de maior defasagem, estabelecendo,
assim, um ciclo de capacitação contínuo.
Questão nº 2

5 – Inserir no Sistema Prontuário Eletrônico do SUAS campo para que o gestor municipal
informe sobre a existência de Comitê Gestor e sua respectiva atuação e, a partir dessa
informação, monitorar os casos de inexistência, buscando conscientizar os gestores
municipais sobre a importância da utilização do Comitê como ferramenta de discussão, de
forma a promover o desenvolvimento de ações em conjunto entre os diferentes setores,
podendo utilizar-se para tanto de materiais didáticos orientativos (cartilha, manual, entre
outros).
Questão nº 3

48
6 - Promover capacitações junto aos coordenadores estaduais e supervisores nos municípios
objetivando orientá-los sobre como motivar os demais setores envolvidos na Política a
participar, buscando seu comprometimento no atendimento aos casos encaminhados pela
equipe técnica e estimulando-os a desenvolver atividades voltadas ao público alvo do
Programa Criança Feliz.
Questão nº 3

7 - Otimizar o Sistema Prontuário Eletrônico SUAS de forma a evitar falhas e travamentos


recorrentes, disponibilizando ainda ferramenta que permita ao município obter informações
gerenciais sobre os dados inseridos. Aprimorar o Sistema de forma que esse passe a
contemplar a inserção de informações sobre o cumprimento da meta e a motivação, no caso
de descumprimento, além de informações qualitativas sobre as visitas realizadas e a evolução
dos beneficiários, possibilitando o registro do histórico das crianças atendidas.
Questão nº 4

8 - Disponibilizar aos gestores estaduais acesso no Sistema Prontuário Eletrônico do SUAS às


informações municipais sobre quantitativo de visitadores, visitas, inclusões e desligamentos,
constituição das equipes e demais informações necessárias para obtenção de um panorama
da execução municipal do Programa, de forma a possibilitar que a coordenação estadual
acompanhe de perto a execução nos municípios, verificando o atingimento da meta e as
dificuldades que os municípios estejam encontrando.
Questão nº 4

9 - Estabelecer estratégia de articulação com os demais ministérios envolvidos no Programa,


de forma a acompanhar os avanços de suas ações voltadas aos beneficiários do Criança Feliz,
provocando a participação desses setores com a disponibilização de recursos e sugerindo
formas de atuação baseadas nas informações fornecidas pelos municípios sobre as
necessidades verificadas na atuação das equipes junto aos beneficiários.
Questão nº 5

10 - Desenvolver indicadores qualitativos para o Programa Criança Feliz que possibilitem


acompanhar a evolução apresentada pelas crianças e gestantes atendidas, a partir das
informações registradas pelas equipes técnicas em casa visita.
Questão nº 5

49
CONCLUSÃO
Pela análise da execução do Programa Criança Feliz nos Municípios visitados do Estado
de Goiás, verificou-se que, de modo geral, o Programa tem contribuído com o
desenvolvimento das crianças na primeira infância e o fornecimento de apoio às gestantes na
preparação para o nascimento, colaborando no exercício da parentalidade e no
fortalecimento dos vínculos familiares.
De acordo com os dados verificados, os Municípios possuem a estrutura mínima
necessária para a implementação do Programa, com disponibilidade de recursos para seu
funcionamento e com equipes técnicas compostas conforme os normativos, realizando visitas
na periodicidade recomendada. No entanto, foram identificadas algumas falhas em sua
estruturação, como a falta de diagnóstico situacional da primeira infância e de mapeamento
dos territórios prioritários, itens apresentados como pré-requisitos à adesão, e a necessidade
de realizar levantamento do custeio estimado para a execução do programa nos entes
subnacionais.
As equipes técnicas do Programa têm orientado os pais/cuidadores em suas visitas,
esclarecendo sobre a importância do cuidado com as crianças em seus primeiros anos de vida,
envolvendo-os na realização de atividades educativas junto às crianças e prestando o apoio
necessário às famílias beneficiárias. Porém, embora as equipes tenham sido capacitadas antes
do início das visitas, ficou clara a necessidade de ações de educação permanente, para
aprofundamento e atualização de conhecimento. O planejamento também se mostrou
insuficiente, já que, na maioria dos municípios visitados, ocorre apenas semanalmente,
restringindo-se às visitas a serem realizadas naquele período. Não há um planejamento anual
envolvendo atividades a longo prazo.
Os dados coletados permitiram ainda verificar que a intersetorialidade, um dos
componentes fundamentais do Programa Criança Feliz, não vem ocorrendo a contento. O
Comitê, apesar de instituído, não atua efetivamente e a interação das áreas envolvidas no
Programa ocorre apenas em casos pontuais, encaminhados pelos visitadores e supervisores
às áreas competentes para providências necessárias. Os demais setores envolvidos no
Programa não estão promovendo ações individuais para o público beneficiário e nem sempre
estão ofertando um atendimento prioritário. Esse cenário é reflexo da situação identificada
no âmbito federal, em que os Ministérios que constituem o Comitê Gestor Intersetorial,
embora já tenham iniciado a efetivação de algumas ações propostas, ainda precisam
amadurecer em conjunto esse caráter intersetorial das ações do Programa.
Com relação ao monitoramento do Programa, verificou-se que, no âmbito municipal,
os supervisores das equipes técnicas do Programa acompanham sua execução por meio da
inserção dos dados de atendimento no Sistema Prontuário Eletrônico. Não obstante, este
monitoramento se limita à inserção de dados quantitativos no Sistema, sem envolver um
acompanhamento qualitativo, com informações sobre a evolução das crianças assistidas e os
benefícios por elas alcançados. A coordenação estadual também acompanha a execução do
Programa no Município, atendo-se mais à solução de dúvidas e problemas que surgem. No
âmbito federal, a coordenação nacional tem acompanhado, via Sistema, os resultados
quantitativos dos Municípios, extraindo relatórios semanais para monitoramento.
Estão previstas duas avaliações do Programa em âmbito nacional, uma a ser realizada
pela Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento Humano, do Ministério da

50
Cidadania, e outra a longo prazo, coordenada pela Universidade de Pelotas. Ainda assim,
verificou-se a necessidade de se desenvolver indicadores qualitativos, que possibilitem
acompanhar a evolução apresentada pelas crianças e gestantes atendidas, a partir das
informações registradas pelas equipes técnicas em cada visita. Quanto à intersetorialidade,
verificou-se que o Comitê Gestor Interministerial foi constituído e que as competências para
a promoção a intersetorialidade no âmbito do Programa foram estabelecidas. Porém, ainda
falta concretizar as atuações propostas, tornando-as mais imediatas, visando a execução mais
eficiente do Programa.
Embora tenham sido identificadas falhas na estruturação, na capacitação e no
monitoramento do Programa, além de uma intersetorialidade pouco desenvolvida, os
benefícios que o Programa traz aos participantes e o contentamento daqueles que recebem
as visitas é consenso entre todos os atores. Por meio das visitas domiciliares, o Criança Feliz
está promovendo um convívio mais harmônico entre os pais e seus filhos, uma melhora no
desenvolvimento das crianças atendidas e maior segurança e apoio emocional às gestantes.
Assim, considerando-se a já estabelecida criticidade dos primeiros anos de vida no
desenvolvimento das crianças e, consequentemente, dos adultos que constituirão, e a
possibilidade de atuação que o Programa Criança Feliz trouxe, entende-se como urgente e
necessário o aprimoramento do Programa, de forma a trabalhar as fragilidades identificadas
já nos primeiros anos de sua execução, objetivando proporcionar significativas mudanças no
desenvolvimento infantil das crianças brasileiras mais vulneráveis.

51
ANEXOS

I – Manifestação da Unidade Examinada


Após apresentação dos resultados da avaliação, a Secretaria Nacional de
Promoção do Desenvolvimento Humano, da Secretaria Especial de
Desenvolvimento Social do Ministério da Cidadania, por meio do Ofício nº
121/2019/MC/SEDS/SNPDH, de 14 de junho de 2019, se manifestou da seguinte
forma:
“1. Em atenção às recomendações constantes do Relatório Preliminar de Avaliação de
Programa de Governo referente ao Programa Criança Feliz, datado de 4 de junho de 2019,
encaminho conforme Anexo I e II a este Ofício, a manifestação desta Secretaria com relação
ao assunto.
2. Quanto ao item 1.4 do Relatório, que trata dos recursos recebidos à conta do Programa,
encaminho planilha (4287442) contendo análise referente aos saldos em conta corrente dos
municípios do estado de Goiás que foram visitados.
1. Incluir nas capacitações orientação sobre a necessidade de o Município realizar
mapeamento territorial para conhecimento do público-alvo do Programa e priorização dos
casos de maior necessidade.
Resposta: O mapeamento territorial para conhecimento do público-alvo, já é abordado na
capacitação presencial de 40 horas do módulo Guia para Visita Domiciliar ofertada às equipes
de referência do Programa nos diversos níveis de atuação e será reforçado em material
pedagógico especifico sobre planejamento das ações no território.
Na modalidade EaD – haverá um introdutório à capacitação presencial Guia para Visita
Domiciliar - GVD, que entre outras informações, conterá as orientações para a realização do
mapeamento territorial que apresente os indicadores e instrumentos necessários à
constituição do mapeamento territorial para conhecimento do público-alvo do Programa e
priorização dos casos de maior necessidade, como subsídios para a implantação do PCF.
2. Levantar os custos necessários ao funcionamento e manutenção do Programa, após o
início das visitas, envolvendo gastos realizados com itens como pagamento dos visitadores,
deslocamento das equipes, aquisição de bens e materiais de consumo, locação de
equipamentos e imóveis, entre outros, com a finalidade de subsidiar os municípios.
Resposta: Diante das diversas solicitações por parte dos municípios, realizamos desde o
lançamento do Programa em 2016 um aumento substancial de 50% do valor de referência
repassado por indivíduo, passando de R$ 50,00 para R$ 75,00. Neste mesmo período a inflação
acumulada foi de 4,2% o que representa um aumento real de 45%., segundo o Índice de Preços
ao Consumidor Amplo/IPCA.
Contudo, diante da recomendação realizaremos no próximo semestre um levantamento
amostral em municípios de todos os tipos (pequeno Porte I, Pequeno Porte II, médio, grande e
metrópole), dos custos envolvidos na execução do Programa, inclusive nas diferentes regiões

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do país. Para isso realizaremos o cálculo dos custos fixos e variáveis do Programa, levando em
consideração os custos diretos e como critério para o cálculo dos custos indiretos a criação e
identificação dos centros de custos relacionados a execução do Programa, através de
entrevistas aos gestores e identificação dos gastos junto as secretarias municipais e as
movimentações contábeis e bancárias.
3 - Disponibilizar materiais adicionais de apoio às equipes para o planejamento das
atividades a serem realizadas nas visitas, além daqueles utilizados como base na
capacitação inicial, de forma que as equipes técnicas do Programa possam ter fontes atuais
e diversificadas para auxiliá-las na definição do método de abordagem, no desenvolvimento
de brincadeiras e na confecção de materiais didáticos/brinquedos; procurando ainda
envolver os demais ministérios participantes, abarcando conhecimentos de todas as áreas.
Resposta: A SNPDH e a Secretaria de Diversidade Cultural (Secretaria Especial de Cultura)
elaboraram a cartilha denominada Jogos e Brincadeiras das Culturas Populares na Primeira
Infância, tendo como objetivo o apoio à qualificação dos profissionais que atuam no Programa
Criança Feliz, de modo que possam levar às famílias atendidas a compreensão do papel
fundamental da linguagem lúdica dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento infantil.
Contudo, diante da recomendação, elaboraremos junto ao Grupo Técnico Interministerial do
Programa Criança Feliz oficinas presenciais sobre planejamento das visitas e desenvolvimento
das atividades a serem realizadas nos domicílios. Outras ações que estão sendo formuladas
para os processos de capacitações e disseminação de informações são tutoriais norteadores e
curso on-line sobre métodos de abordagem para os visitadores nos domicílios.
Atualmente estão sendo feitos levantamentos dos materiais já produzidos por outros
Ministérios para serem incluídos no Plano de educação permanente do PCF.
4 - Promover, em conjunto com as coordenações estaduais e os demais ministérios
envolvidos no Programa, mais ações de capacitação permanente, utilizando-se de encontros
presenciais e educação a distância, incluindo nessas capacitações: orientações para que a
equipe planeje previamente as visitas, conforme o diagnóstico socioterritorial da família,
suas necessidades e potencialidades, individualizando a ação de forma que sejam
desenvolvidas atividades voltadas às necessidades de cada criança; orientações sobre o
preenchimento das fichas de acompanhamento dos beneficiários, de forma a descrever
detalhadamente as atividades desenvolvidas em cada visita e a evolução observada; além
de outros temas reportados pelos supervisores e visitadores nos municípios como assuntos
de maior defasagem, estabelecendo, assim, um ciclo de capacitação contínuo.
Resposta: O Plano de Educação Permanente do Programa Criança Feliz - PCF, foi elaborado
considerando os eixos temáticos, abordados por metodologia híbrida (presencial e a distância)
de ensino. O conteúdo traz temas como planejamento, aspectos históricos da Primeira Infância
no Brasil, metodologia da visita domiciliar do PCF, especificidades e funções dos agentes do
Programa Criança Feliz, diagnóstico territorial, abordagens parentais, as diversidades das
famílias no contexto brasileiro, trabalho intersetorial, desenvolvimento infantil e ludicidade.
Serão promovidas oficinas temáticas presenciais que vão ao encontro do que foi abordado nas
aulas EaD. O Plano de Educação Permanente deixou previsto espaços para a inclusão das
especificidades temáticas identificadas nos municípios.
Para subsidiar a qualificação dos profissionais atuantes no PCF, o Plano de Educação
Permanente comportará inventário do que existe e elaboração de Cadernos Temáticos
formulados por Grupo Técnico Interministerial, tendo como público-alvo os multiplicadores,

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supervisores e visitadores domiciliares do Programa. Exemplos de possíveis temas: violência
doméstica, aleitamento materno e alimentação complementar, depressão materna, uso de
drogas lícitas e ilícitas na família, gravidez na adolescência, síndromes infantis, diversidade
religiosa, processos de separação familiar, deficiências nutricionais, doença ou óbito na
família, entre outros.
5 – Inserir no Sistema Prontuário Eletrônico do SUAS campo para que o gestor municipal
informe sobre a existência de Comitê Gestor e sua respectiva atuação e, a partir dessa
informação, monitorar os casos de inexistência, buscando conscientizar os gestores
municipais sobre a importância da utilização do Comitê como ferramenta de discussão, de
forma a promover o desenvolvimento de ações em conjunto entre os diferentes setores,
podendo utilizar-se para tanto de materiais didáticos orientativos (cartilha, manual, entre
outros).
Resposta: A SNPDH, em conjunto a Subsecretaria de Tecnologia da Informação – STI –, está
desenvolvendo um Sistema de Informações onde irá conjugar todas as novas funcionalidades
de acesso para os municípios, estado e união, no que tange à gestão estratégica e operacional
do Programa Criança Feliz. Já foram levantadas as necessidades e as prioridades de
desenvolvimento, com base nas necessidades dos municípios, no processo de execução das
ações do Programa. À proporção que os municípios iniciaram as ações do Programa, detectou-
se a necessidade de consolidar em único sistema informações tais como:
• Histórico sobre os profissionais capacitados (multiplicadores, supervisores e visitadores) por
município e por estado;
• Informação acerca da formação acadêmica desses profissionais (multiplicadores,
supervisores e visitadores)
• Instituição e composição de Comitês Gestores nos municípios e estados;
• Dados e relatórios específicos sobre as visitas domiciliares, com a inserção de dados
qualitativos recomendados para aplicação da metodologia do Programa Criança Feliz base na
meta pactuada, possibilitando ao município gerenciar essas ações, de modo a identificar o
quantitativo de indivíduos inseridos no Prontuário Eletrônico do SUAS, desses, quantos foram
desligados, quantos não estão recebendo visitas, dentre outras informações pertinentes. Hoje
o Prontuário possibilita acesso apenas aos dados dos indivíduos, integrantes da meta que têm
registro de visitas.
• Valor dos repasses mensais para acesso pelos municípios, com identificação do total de
indivíduos visitados, total acompanhados dentro da periodicidade do programa, equipe
registrada e considerada no cálculo do repasse.
Atualmente, está em fase de levantamento de requisitos. O início do desenvolvimento está
previsto para a segunda quinzena do mês de junho do corrente exercício. Estima-se que o
sistema completo estará disponível até dezembro/2019.
Consta na proposta:
1) Módulo de Autenticação e Cadastramento: cadastro com dados e informações de
profissionais, composição e edições de equipes.
2) Módulo Administrativo: informações acerca de formação, cadastro de turmas, certificação.

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3) Módulo de Gestão e Orçamento: cadastro de Comitês Gestor, vinculações, registro de ações;
plano de ação; cálculo de repasse, projeção; painel de pagamento.
4) Módulo de Pré-Visita: informações de território, da família, dos beneficiários, planejamento
de visita.
5) Módulo de Visitação: agendamento de visitas, registros de visitas realizadas.
6) Módulo de Elegibilidade: cálculo e relação de municípios que se habilitam ao aceite e
ampliação de metas.
7) Módulo de Relatórios.
Ademais, serão desenvolvidos materiais instrucionais para sensibilizar os municípios sobre a
imprescindibilidade de criar o Comitê Gestor para a execução do programa.
6 - Promover capacitações junto aos coordenadores estaduais e supervisores nos municípios
objetivando orientá-los sobre como motivar os demais setores envolvidos na Política a
participar, buscando seu comprometimento no atendimento aos casos encaminhados pela
equipe técnica e estimulando-os a desenvolver atividades voltadas ao público alvo do
Programa Criança Feliz.
Resposta: O Programa Criança Feliz tem como um dos seus pilares de execução, além das
visitas domiciliares, a articulação intersetorial, que é materializada por meio da criação dos
Comitês Gestores que existem nas três esferas de governo. Para dar subsídio e fortalecer suas
atuações, bem como oferecer diretrizes de atuação, foi publicada, em 04 de abril de 2018, a
Portaria Interministerial nº 01, que apresenta objetivos e competências para garantir a
promoção da intersetorialidade no âmbito do Programa Criança Feliz no âmbito federal. Para
os municípios, foram desenvolvidos materiais complementares com o objetivo de orientá-los
sobre a importância da execução do Programa de forma intersetorial. Estes materiais foram
elaborados de forma coletiva entre a Secretaria Nacional de Promoção do Desenvolvimento
Humano – SNPDH e Secretaria Nacional de Assistência Social – SNAS, ambas do Ministério da
Cidadania, e direcionados a todos os profissionais que atuam na execução das atividades do
Programa, tais como: “A intersetorialidade na visita domiciliar” (2017), “Território: Interação
PCF e SUAS CRAS/PAIF” (2017), “SUAS e Programa Criança Feliz – Atuação Integrada” (2018).
Também foi elaborado material pelo Ministério da Saúde, com colaborações do Ministério da
Educação e dos extintos Ministério da Cultura e Ministério do Desenvolvimento Social
(atualmente Ministério da Cidadania), guia para orientar ações intersetoriais na primeira
infância (Ministério da Saúde). Foram pensados para instruir, de forma direta, com linguagem
simples e desburocratizada, os trabalhadores que desenvolvem, no dia a dia, as ações em
todos municípios. Além disso, esses materiais apresentam fluxos claros e simplificados para a
resolução de problemas e encaminhamento de demandas intersetoriais. Contudo, diante das
recomendações, serão formulados novos tutoriais norteadores, bem como curso on-line sobre
a efetividade da intersetorialidade destinada aos Comitês Gestores Estaduais e Municipais do
PCF e para os outros atores envolvidos nas políticas de cada um dos setores (assistência social,
saúde, educação, cultura e direitos humanos).
7 - Otimizar o Sistema Prontuário Eletrônico SUAS de forma a evitar falhas e travamentos
recorrentes, disponibilizando ainda ferramenta que permita ao município obter informações
gerenciais sobre os dados inseridos. Aprimorar o Sistema de forma que esse passe a
contemplar a inserção de informações sobre o cumprimento da meta e a motivação, no caso

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de descumprimento, além de informações qualitativas sobre as visitas realizadas e a
evolução dos beneficiários, possibilitando o registro do histórico das crianças atendidas.
Resposta: A Subsecretaria de Tecnologia da Informação do Ministério da Cidadania tem sido
acionada pela SNPDH com intuito de qualificar a oferta de seus sistemas de informação,
especificamente, os que incidem no registro de visitas do Programa Criança Feliz.
Dessa maneira, inicialmente foi realizada uma força-tarefa para identificar e atuar diante das
inconsistências de funcionalidade apresentadas por alguns dos sistemas. A curto prazo já
foram implementadas algumas soluções, como destacamento do Prontuário Eletrônico do
SUAS de outros sistemas, intervenções pontuais no Sistema de Autenticação e Autorização –
SAA – e no Cadastro de Profissionais do SUAS – CadSUAS. A médio e longo prazo já foram
iniciados os demais processos para evitar tais problemas, como aquisição de novos servidores,
entre outros.
Em paralelo, quanto às informações qualitativas do PCF, o DAPI já identificou a demanda de
informações que julga necessário para desenvolver soluções para gestão do Programa Criança
Feliz, considerando as necessidades das diferentes esferas de execução (União, estados,
municípios e Distrito Federal). Nesse sentido, foram levantadas demandas de desenvolvimento
e melhoria de sistemas, painéis e mecanismos de acesso. As informações englobam dados de
gestão local, estadual, comitês gestores, visitas (incluindo formas de consolidação de dados
inseridos pelos municípios em formulários impressos – em meios não digitais). Além disso, tem
sido agregadas as demandas que incidem no acompanhamento do desenvolvimento infantil.
O detalhamento da proposta de desenvolvimento em sistema está disposto na Questão 3,
Recomendação 5.
8 - Disponibilizar aos gestores estaduais acesso no Sistema Prontuário Eletrônico do SUAS
às informações municipais sobre quantitativo de visitadores, visitas, inclusões e
desligamentos, constituição das equipes e demais informações necessárias para obtenção
de um panorama da execução municipal do Programa, de forma a possibilitar que a
coordenação estadual acompanhe de perto a execução nos municípios, verificando o
atingimento da meta e as dificuldades que os municípios estejam encontrando.
Resposta: Para que a coordenação estadual acompanhe a execução do PCF dos municípios,
faz-se necessária a disponibilidade de acesso a duas modalidades de informação: 1 – dados de
pagamento (dados concluídos e consolidados); 2 – dados da base transacional
(acompanhamento de visitas em tempo real).
Para o Item (1), foi criado um Painel de Pagamento, com acesso a todos os estados e Distrito
Federal, onde os dados utilizados para repasse são consolidados e apontados mensalmente.
São dados agregados por estado e município, com detalhamento de equipe, público visitado,
valor do repasse, mês a mês. Vale frisar que as Coordenações Estaduais já têm acesso ao
referido Painel, desde dezembro de 2018.
Para o Item (2), está sendo avaliada entre a SNPDH e a SNAS, desde a segunda quinzena de
maio de 2019, a viabilidade de dar acesso no modo de consulta a dados de pessoas visitadas
– visto que os municípios já tem acesso a informação nesses moldes (nesse contexto, tem-se
detalhado o aporte de informações que vem sendo construído para acesso e suprimento das
demandas dos municípios – ver Questão 3, Recomendação 5).
A SNPDH já identificou a demanda de informações que julga necessário para desenvolver
soluções de informação para gestão do Programa Criança Feliz, considerando as necessidades

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das diferentes esferas de execução (União, estados, municípios e Distrito Federal). Nesse
sentido, foram levantadas as necessidades de desenvolvimento e melhoria de sistemas, painéis
e mecanismos de acesso. As informações englobam dados de gestão local, estadual, comitês
gestores, visitas (incluindo formas de consolidação de dados inseridos pelos municípios em
formulários impressos – em meios não digitais). Além disso, tem sido agregada as demandas
que incidem no acompanhamento do desenvolvimento infantil. O detalhamento da proposta
de desenvolvimento em sistema está disposto na Questão 3 Recomendação 5.
Dessa forma, além da disponibilização de dados no Painel de Monitoramento e do sistema em
desenvolvimento, foi pactuado com os Coordenadores Estaduais em março/2019 o envio pela
SNPDH para cada Coordenação Estadual de Relatório Situacional Financeiro Trimestral, com
os dados sobre a execução e as principais ações a serem desenvolvidas pelos municípios
(referente à gestão, realização das visitas e execução financeira), de modo a auxiliá-los na
identificação de avanços e dificuldades do Programa em nível local.
9 - Estabelecer estratégia de articulação com os demais ministérios envolvidos no Programa,
de forma a acompanhar os avanços de suas ações voltadas aos beneficiários do Criança
Feliz, provocando a participação desses setores com a disponibilização de recursos e
sugerindo formas de atuação baseadas nas informações fornecidas pelos municípios sobre
as necessidades verificadas na atuação das equipes junto aos beneficiários.
Resposta: A partir do levantamento de demandas inerentes às demais áreas de atuação
(identificadas por meio de ações do Comitê Gestor), foram elencadas efetivas que podem ser
desenvolvidas, tais como: quantidade de gestantes sem acompanhamento pré-natal,
gestantes menores de 14 anos de idade, crianças de 0 a 6 anos afastadas do convívio familiar,
violência domésticas entre outras vulnerabilidades que comprometem os vínculos na primeira
infância bem como, o desenvolvimento infantil.
Neste sentido, a portaria interministerial nº 01/2019 que rege diretrizes, objetivos e
competências para a promoção da intersetorialidade é uma estratégica de compromisso dos
demais ministérios em relação as ações voltadas aos beneficiários do Programa. Destaca-se,
portanto, a necessidade de efetivar tais compromissos relacionados com as demandas
levantadas por cada pasta. Os mecanismos para consolidação destes compromissos estão
sendo discutidos nas reuniões do Comitê Gestor Ministerial. Entretanto, baseados nas
diretrizes da Portaria nº 01/2019, o Comitê Gestor tem medido esforços para sugerir formas
de atuação intersetorial, tais como:
I. Elaboração de orientações técnicas aos profissionais do Programa Criança Feliz quanto ao
atendimento de crianças em serviços de acolhimento;
II. Plano de ação de 2019 baseadas nas ações pautadas na Portaria Interministerial nº 01, de
04 de abril de 2018;
III. Indicação de técnicos de referência de cada ministério para compor a equipe de formação
do Programa e serem multiplicadores da educação permanente nas diferentes áreas que
envolvem a primeira infância;
IV. Consolidação de estratégias intersetoriais desde a formação dos comitês gestores
estaduais bem como a intervenção de ações das diferentes políticas nos territórios.
10 - Desenvolver indicadores qualitativos para o Programa Criança Feliz que possibilitem
acompanhar a evolução apresentada pelas crianças e gestantes atendidas, a partir das
informações registradas pelas equipes técnicas em casa visita.

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Resposta: Com o objetivo de construir uma agenda de qualificação do monitoramento e da
avaliação do Programa Criança Feliz, temos desenvolvido diversas estratégicas que tem
subsidiado o desenvolvimento de indicadores como:
1. Pesquisa de avaliação de impacto do Programa em parceria com a Universidade Federal de
Pelotas: que servirá na incorporação de indicadores da qualidade e de pontos a serem
avaliados na execução do Programa (em processo de coleta da linha de base).
2. Manual de Gestão do Programa Criança Feliz, em parceria com a Fundação Bernard Van
Leer e o INSPER, para a construção de uma rotina de monitoramento do Programa. Junto a
estas instituições realizamos a construção de um manual de gestão e um mapa estratégico do
Programa, com a indicação de métricas que devem ser avaliadas e acompanhadas para o
alcance do objetivo do PCF. Diante disso, alguns destes indicadores se relacionam com o
acompanhamento qualitativo do Programa, como: Percentual de crianças com os marcos do
desenvolvimento adequados e o Percentual de famílias acompanhadas para o Programa que
tiveram seus encaminhamentos a outras redes de políticas públicas respondidos. Manual de
Gestão – Mapa Estratégico do Programa – Indicadores a serem monitorados (ANEXO II)
3. Está em fase de teste um protótipo de painel onde consta relatório consolidado com os
dados que já são inseridos no Prontuário Eletrônico. Após a fase de testes, serão incorporados
como melhoria disponível para acesso aos estados e municípios. Constam dados referentes à
gestante e crianças, como faixa etária, sexo, índices de acompanhamento, faixas de
desenvolvimento, permanência no Programa, desligamentos com os respectivos motivos.
4. Ainda vale mencionar, que, está em processo de desenvolvimento proposta de sistema onde
constarão inserção de dados e, consequentemente, relatórios que subsidiarão a gestão e
qualificação do Programa, em suas diferentes esferas. O detalhamento da proposta de
desenvolvimento em sistema está disposto na Questão 3, Recomendação 5.”

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I – Análise da Manifestação
Em manifestação encaminhada a esta CGU após Reunião de Busca Conjunta de
Soluções, o gestor informou as ações que já estão sendo desenvolvidas no âmbito do
Programa e que vão ao encontro das recomendações expedidas por esta Controladoria, além
das providências que serão adotadas para adequação aos demais aspectos não abrangidos.
Dessa forma, relatou que serão reforçadas as ações de capacitação, envolvendo aspectos
sensíveis apontados no presente Relatório, como a importância da realização do mapeamento
territorial e a imprescindibilidade da criação de Comitê Gestor para adequada execução do
Programa. Segundo a Secretaria, o Plano de Educação Permanente do Programa Criança Feliz
inclui diversos temas que envolvem ações presenciais e a distância e, adicionalmente, passará
a comportar cadernos temáticos formulados por Grupo Técnico Interministerial, voltados aos
multiplicadores, supervisores e visitadores do Programa.
Reforçou ainda que foram disponibilizados aos coordenadores e supervisores do
Programa materiais complementares com o objetivo de orientá-los sobre a importância da
execução do Programa de forma intersetorial, bem como sobre como proceder para resolução
de problemas e encaminhamento de demandas intersetoriais, com materiais destinados aos
Comitês Gestores Estaduais e Municipais do PCF e abordagem voltada aos demais atores
envolvidos nas políticas de cada um dos setores (assistência social, saúde, educação, cultura
e direitos humanos).
Quanto às falhas identificadas no Sistema Prontuário Eletrônico do SUAS, a SNPDH
relatou que já havia identificado inconsistências de funcionalidades do Sistema e algumas
soluções já foram implementadas. Adicionalmente, foram levantadas as necessidades e
prioridades de desenvolvimento de novas funcionalidades de acesso com base nas demandas
das diferentes esferas de execução do Programa, concluindo-se pela necessidade de se
consolidar em um único sistema informações diversas, envolvendo dados quantitativos já
inseridos e dados qualitativos, além de relatórios específicos sobre as visitas domiciliares
realizadas, entre outras informações que incidem no acompanhamento do desenvolvimento
infantil. A previsão de finalização e disponibilização desse novo sistema é dezembro de 2019.
Com relação à atuação dos demais setores envolvidos no Programa, a SNPDH reforçou
que tem sido discutido no âmbito do Comitê Gestor Interministerial mecanismos para
consolidação das ações previstas na Portaria Ministerial nº 1/2018, dentre os quais
encontram-se em discussão a indicação de técnicos de referência de cada ministério para
compor a equipe de formação do Programa, atuando como multiplicadores.
Quanto aos recursos federais repassados pelo Programa, a SNPDH informou que
devido às solicitações dos municípios, o valor do repasse sofreu um aumento real, descontada
a inflação, de 45% do valor de referência repassado por indivíduo desde o lançamento do
Programa, em 2016. Ainda assim, será realizado no segundo semestre de 2019 um
levantamento amostral em municípios de todos os portes para verificação dos custos
envolvidos na execução do Programa.
Por fim, no que se refere ao monitoramento e avaliação do Programa, a Secretaria
reforçou que vem adotando estratégias para subsidiar o desenvolvimento de indicadores
qualitativos para o Programa, dentre as quais o desenvolvimento de manual de gestão e de
mapa estratégico do Programa para a construção de uma rotina de monitoramento, com a
indicação de métricas que devem ser avaliadas e acompanhadas para o alcance do objetivo
do PCF, destacando a existência de indicadores que se referem a aspectos qualitativos.
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