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No dia seguinte, a Maria e a Milu estavam ansiosas por contar à professora e aos

colegas da turma, o que fizeram na casa da avó. Mas nesse dia todos os meninos
tinham o dedo no ar para falar e todos eles para contar que nos vários jardins das suas
casas estavam a desaparecer flores. Malmequeres, estrelícias, amores-perfeitos,
orquídeas, hortênsias,…
- Pode ser algum animal como a raposa ou pássaros, ou até humanos. - Disse a
professora.
A Maria e a Milu até perderam a vontade de falar dos seus canteiros, porque o
desaparecimento das flores não lhes saiu da cabeça.

Preocupados, os três amigos, assim que saíram da escola foram a casa da avó defender
o seu jardim. Pouco depois, viram um homem barbudo com dois sacos dentro de um
carrinho de mão a entrar no jardim da avó. Expulsaram-no do jardim e o homem
acabou por fugir, deixando para trás o que levava. Num dos sacos, os três amigos
encontraram cinco plantas arrancadas e a avó Mimosa encontrou um pequeno pedaço
de barba preta na terra. Era uma barba postiça! Um dos amigos chamou ao homem
“jardinudo”, porque era um jardineiro barbudo.
O Quincas encontrou também um papel no outro saco. Nele estava escrito “Traz dez
plantas” e estava assinado pelo Piorio.
A avó contou aos três amigos que o Piorio vivia no palacete no alto do monte e queria
ocupar a montanha e controlar a vila. Mas para que quereria ele as flores? Por que as
mandava roubar?
A avó contou-lhes que as flores têm muito valor e que o avô durante muitos anos
plantou girassóis no campo junto do rio. E eles ficaram a ouvir histórias antigas até a
mãe chegar.

No dia seguinte, a avó fazia anos. Mas quem recebeu um presente, foram a Maria, a
Milu e o Quincas. A avó deu-lhes um saco cheio de sementes de girassol e um caderno
com uma etiqueta que dizia: como cuidar de girassóis. Os três amigos iam fazer uma
plantação de girassóis no jardim!
As meninas limparam as ervas, cavaram a terra, abriram um buraco e cobriram as
sementes com terra. Quando os girassóis crescerem, vamos ter uma verdadeira casa
de girassóis e podemos vir passar aqui a noite em pijama – disseram as meninas.

No dia seguinte voltaram à escola. E não é que a trepadeira da roseira-de-santa-


teresinha tinha desaparecido!? E ela cheirava tão bem! Os meninos estavam muito
tristes. O Piorio queria deixar as pessoas da vila tristes. Sem flores, os dias seriam
certamente mais infelizes! As flores servem para mostrar sentimentos quando se está
apaixonado, quando alguém faz anos, quando nasce um bebé ou para agradecer a
alguém… Sem flores, como é que as pessoas iam fazer isso? Teriam de as comprar ao
Piorio, porque ele estava a roubá-las todas!
A professora e os meninos tomaram uma decisão! Iam passar a ponte do rio e
enfrentar o Piorio.

Não foi difícil chegar à Terra do Piorio. Mas como iam encontrar as flores?
Um dos meninos disse que teriam de seguir as borboletas e as abelhas, porque elas
procuram o pólen das flores para se alimentar. E assim fizeram. E encontraram a
trepadeira da roseira-de-santa-teresinha! Tocaram à campainha e exigiram que a
planta da escola lhes fosse devolvida. O Piorio disse-lhes que não tinham como provar
que aquela era a trepadeira da escola. E ainda por cima disse-lhes que ia queixar-se no
tribunal por estarem a cheirar a sua roseira.

Os dias passaram. E as flores continuaram a desaparecer. Os três amigos continuaram


com o projeto da casa dos girassóis e iam conseguindo proteger o seu jardim. Os
girassóis estavam cada vez maiores e as crianças já imaginavam a casa com uma mesa
e cadeiras e um tapete na entrada a dizer: “Bem-vindos”.
E o dia da inauguração finalmente chegou. Os amigos da escola vieram todos e houve
bolo. A professora fez uma atividade de pintura.
As meninas decidiram oferecer um vaso com o maior girassol à escola e oferecer
outros girassóis às pessoas da vila.

E assim aconteceu. Os três amigos levaram o maior girassol para a escola e ofereceram
outros girassóis às pessoas que andavam muito tristes desde o roubo das flores. A
alegria começou a nascer outra vez, entre as pessoas.
Infelizmente, os “jardinudos” do Piorio contaram-lhe o que estava a acontecer. O
Piorio disse que as pessoas não podiam deixar de ter medo e tinham de continuar
tristes e desanimadas. Mandou então continuar a roubar flores, sobretudo o girassol
grande que estava na escola.
E o grande girassol, nessa noite, foi roubado. Olhando do recreio, os meninos viram
uma flor amarela muito alta ao lado do palacete do Piorio. Só podia ser o girassol da
escola!
As pessoas da vila começaram a ficar de novo muito tristes. Entretanto chegou à escola
uma carta do tribunal. As crianças da escola foram acusadas de cheirar uma trepadeira
do Piorio, sem autorização. E ele pede uma compensação de cem euros. Por outro
lado, o Piorio também recebeu uma carta. Terá de se apresentar a tribunal, acusado de
roubar o grande girassol da escola. Os dois julgamentos serão no mesmo dia.

O Piorio contratou o advogado mais caro do país para o defender. Já as crianças


escolheram o Quincas, para as defender em tribunal.
Nos dois casos, as crianças provaram ter razão. Mas o advogado e o Quincas chegaram
a um acordo. Para ver quem sabe cultivar melhor girassóis, serão formadas duas
equipas, uma constituída pela professora e as suas vinte e cinco crianças; e a outra,
pelos jardinudos. Quem conseguir os mais belos girassóis, será o vencedor.
Se as crianças vencerem, o Piorio terá de devolver todas as flores, a ponte, o rio e a
montanha ao povo da vila. Se o Piorio vencer, arrancará todas a flores dos jardins da
vila.
As crianças venceram e o povo da vila voltou a ter a ponte, o rio e a montanha. Na vila,
a alegria voltou e os girassóis passaram a ser a atração principal da Festa da Flor.

O girassol voltou para a escola no Dia do Pijama. A Maria e a Milu vestiram um pijama
com folhas e com uma grande gola de pétalas amarelas à volta do pescoço, feito pela
avó. Para casa, cada menino levou um vaso com duas sementes de girassol.
Sementes, água, muito sol e muito amor! Esse é o segredo para plantar girassóis. Um
conselho do avô.

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