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2
SUMÁRIO
Lista de abreviaturas
Lista de tabelas
1
INTRODUÇÃO..........................................................................................................10
1.1 Epidemiologia da Infecção pelo HIV...................................................................10
1.2 Hepatites Virais e Infecção pelo HIV...................................................................11
1.3 Lesão Hepática Induzida por Drogas....................................................................13
1.3.1 Epidemiologia...................................................................................................13
1.3.2 Definição...........................................................................................................14
1.3.3 Fatores de risco para hepatotoxicidade relacionada à TARV...........................17
1.3.4 Impacto negativo do aumento de transaminases no tratamento dos pacientes
com aids.............................................................................................................18
1.3.5 Drogas envolvidas.............................................................................................19
1.3.6 Prevenção e manejo da LHID............................................................................21
1.3.6.1 Prevenção e manejo da lesão hepática induzida pela TARV..........................22
1.3.6.2 Prevenção e manejo da lesão hepática relacionada ao tratamento da TB.......25
2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................28
3 OBJETIVOS..........................................................................................................30
3.1 Objetivo Geral.......................................................................................................30
3.2 Objetivos Específicos............................................................................................30
4 MÉTODOS............................................................................................................31
4.1 Desenho do Estudo e Casuística...........................................................................31
4.2 Coleta de Informações..........................................................................................31
4.2.1 Definição de complicação hepática...................................................................32
4.2.1.1 Alterações laboratoriais...................................................................................32
4.2.1.2 Alterações clínicas..........................................................................................35
4.2.1.3 Alterações de exames de imagem...................................................................35
4.2.1.4 EDA...............................................................................................................35
4.2.2 Infecção crônica por VHB e VHC.....................................................................36
4.2.3 Definição de droga hepatotóxica.......................................................................36
4.2.4 Avaliação de associação entre a presença de complicações hepáticas e algumas
variáveis.............................................................................................................36
4.4 Análise Estatística.................................................................................................38
4.4.1 Análise descritiva..............................................................................................38
4.4.2 Análise univariada.............................................................................................38
4.4.3 Análise multivariada..........................................................................................38
4.4.4 Organização do banco de dados e softwares utilizados.....................................40
4.5 Aspectos Éticos.....................................................................................................40
5 RESULTADOS......................................................................................................42
5.1 Análise Descritiva.................................................................................................42
5.1.1 Variáveis sociodemográficas e comportamentais..............................................42
5.1.2 Comorbidades....................................................................................................44
5.1.3 Exames de imagem e EDA................................................................................46
5.1.4 Uso de droga hepatotóxica.................................................................................47
5.1.5 Variáveis relacionadas ao HIV..........................................................................48
5.1.6 Alteração clínica associada à hepatopatia durante a internação........................51
3
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIGLAS
TB Tuberculose
TC Tomografia computadorizada
TG Triglicérides
UDIV Usuários de drogas injetáveis
UNAIDS Joint United Nations Programme on HIV/AIDS
USG Ultrassonografia
VHB Vírus da hepatite B
VHC Vírus da hepatite C
9
RESUMO
A avaliação da doença hepática em pacientes com infecção pelo HIV,
especialmente a interpretação e manejo das elevações das transaminases
hepáticas, é complexa e pluricausal. Objetivo: Estimar a prevalência de lesão
hepática grave durante a internação de pacientes com diagnóstico de infecção pelo
HIV, avaliando sua possível associação com determinadas variáveis
sociodemográficas, clínicas e laboratoriais. Metodologia: Análise retrospectiva de
dados de pacientes infectados pelo HIV e internados de agosto/2010 a agosto/2011
em uma enfermaria de doenças infecciosas de hospital terciário. Definiu-se lesão
hepática pela presença de elevação de ALT e/ou AST acima do limite superior da
normalidade (LSN): grau 1 (1,25-2,5xLSN), grau 2 (2,6-5xLSN), grau 3 (5,1-
10xLSN) e grau 4 (>10xLSN). Definiu-se hepatotoxicidade grave na presença de
aumentos de ALT ou AST nos graus 3 ou 4. Calculou-se a prevalência de lesão
hepática grave (IC95%) e sua associação com variáveis sociodemográficas,
associadas à infecção pelo HIV, associadas às hepatites virais, antecedente de uso de
álcool, antecedente de uso de drogas hepatotóxicas e emprego delas na internação.
Na análise multivariada, empregou-se o modelo de regressão de Cox com variância
robusta (p<0,05). Resultados: Dos 149 pacientes internados no período, 33
desenvolveram alteração hepática grave (prevalência de 22,1% com IC95%:15,8-
29,7). Em análise univariada, estiveram associados à presença de lesão hepática
grave, CD4 <100 céls/mm3 (p=0,046), níveis de ALT (p=0,008) e AST (p=0,011)
alterados no baseline e diagnóstico de micobacteriose durante a internação
(p<0,001). Em análise multivariada, permaneceram associados à presença de lesão
hepática grave, diagnóstico final de micobacteriose (p=0,004) e níveis alterados de
ALT no baseline (p=0,028). Conclusão: 1- Houve alta prevalência (22,1%) de lesão
hepática grave entre os pacientes avaliados; 2- Constatou-se risco 93% maior de
desenvolver lesão hepática grave nos indivíduos com ALT alterada no baseline. 4-
Diagnóstico de micobacteriose esteve independentemente associada ao risco de
ocorrência de lesão grave.
10
1 INTRODUÇÃO
milhões em 2005 para estimados 1,7 milhões em 2011, dado o acesso aos
Segundo ainda a UNAIDS, cerca de um terço das pessoas que vivem com HIV
nas Américas Central e do Sul moram no Brasil, sendo sua maior parte formada por
grupos urbanos de homens que fazem sexo com homens (HSH); nessas Américas,
estima-se que pelo menos dois milhões de pessoas sejam usuárias de drogas
injetáveis (UDIV), sendo que pouco mais de um quarto deve viver com HIV;
número de casos novos ao longo dos últimos 12 anos (Ministério da Saúde, 2011).
(Crum et al., 2006; Ministério da Saúde, 2007; Pacheco et al., 2009; Rezende et al.,
2010).
óbitos de pacientes com aids tratados de 1996 a 2004, sendo que as doenças
(VHB) ou vírus da hepatite C (VHC) aumentou de 50% em 1996 para 80% em 2004.
avaliou pacientes, cuja notificação de aids foi realizada entre 1997 e 2004 e com
progressão para óbito após dezembro de 2005, encontrando 97,4% de pacientes com
trabalho, observou-se 61,3% de doenças não relacionadas ao HIV (Melo et al., 2008).
população geral. No Brasil, estima-se que essa coinfecção esteja entre 9,2% e 54,7%,
2010). Entretanto, na última década, o VHC tem emergido como doença sexualmente
transmissível (DST) entre HSHs infectados por HIV (Lambers et al., 2011; Montoya-
12
Ferrer et al., 2011; Taylor et al., 2011), sendo que alguns casos de hepatite C aguda
seus riscos sexuais para a aquisição do vírus (Montoya-Ferrer et al., 2011). Essa
transmissão sexual é provavelmente mediada por vários fatores, dentre eles, técnicas
A presença do HIV acelera a evolução natural das infecções por VHB e VHC,
e Soriano, 2008).
monoinfectados pelo HIV, especialmente aqueles com baixo CD4 no nadir (Thio et
al., 2002).
Soto et al. (1997) mostraram que, dentro dos 10 - 15 anos iniciais da infecção
por VHC, desenvolvem cirrose 12 - 15% dos indivíduos coinfectados com HIV e 2 -
Além disso, aids pode ser determinante para os altos níveis de viremia de VHC
(Soto et al., 1997). Isso porque esse baixo controle do VHC pelo hospedeiro deve ser
13
o resultado do impacto do HIV na resposta imune celular mediada (van de Laar et al.,
2010).
1.3.1 Epidemiologia
de casos não notificados (Larrey, 2000; Larrey, 2002). Estima-se que apenas 10%
usada, reação hepática idiossincrática ocorre de 1 por 1.000 a 1 por 100.000 pessoas,
sendo o dano hepático consistente para cada droga e para cada classe de droga
em Paris, constatou-se que 10% dos pacientes internados com hepatite aguda tiveram
14
1.3.2 Definição
uniforme de LHID (Pol et al., 2004; Bell e Chalasani, 2009; Núñez, 2010). Para os
(Hayashi, 2009).
2,5 x LSN), grau 2 (2,6 a 5 x LSN), grau 3 (5,1 a 10 x LSN) e grau 4 (>10 x LSN).
seguinte forma: grau 1 (1,25 a 2,5 x baseline), grau 2 (2,6 a 3,5 x baseline), grau 3
(3,6 a 5 x baseline ) e grau 4 (>5 x baseline) (Sulkowski et al., 2000; Pol et al., 2004;
Hepatotoxicidade grave é definida por aumento dos níveis de ALT ou AST até
Tal qual já avaliado por Núñez et al. em 2001, elevações isoladas de gama
Com base nas alterações nos níveis de ALT e FA, o Council for International
colestase (Benichou, 1990). Esses critérios foram revisados em 2005 pelo grupo
Drug Hepatotoxicity Steering Committee, que faz parte do Food and Drug
(Navarro, 2005).
resolução rápida das enzimas hepáticas ou a lesão pode agravar-se por semanas até
hepáticos e sua apresentação pode mimetizar obstrução biliar, bem como evoluir de
forma indolente com icterícia e prurido (Verma e Kaplowitz, 2009). A colestase pura
2002).
Lesão mista: ALT > 3 x LSN e FA > 2 x LSN e (ALT/LSN) > 2 e < 5
(FA/LSN)
por drogas, geralmente não cursa com manifestações clínicas específicas e pode
mimetizar quadro de hepatite viral aguda (Larrey, 2002). Essa lesão pode estar
mortalidade (Verma e Kaplowitz, 2009). Drogas que causam dano colestático podem
menos três meses antes da alteração das transaminases, melhora bioquímica após
reexposição à droga, a qual deve ser evitada, excluindo as outras causas de lesão
são encontrados de forma infrequente para diagnóstico fidedigno de que uma LHID
está em curso (Larrey, 2000; Pol et al., 2004). Costumeiramente, a histologia apenas
2009).
Ainda assim, a maioria dos pacientes HIV positivos não segue os perfis
semiológico e cronológico descritos, tendo em vista que usualmente são tratados com
aumento do risco de hepatotoxicidade grave à TARV, com risco relativo de 2,1 vezes
durante a TARV varie de 2,5 a 5 vezes (Núñez et al., 2001; Wit et al., 2002;
VHB/HIV, o risco parece ser mais elevado, com 9,2 vezes mais chance de ocorrer
baseline (Wit et al., 2002; Servoss et al., 2006), assim como AST >35U/L e carga
hospedeiro, como sexo feminino, etnia não-negra, elevado índice de massa corpórea,
de HIV (Núñez et al., 2001; Wit et al., 2002; Servoss et al., 2006; Kovari et al.,
2010).
por drogas pode ser devastador e incluir eventos agudos de hepatite sintomática e
Existem inúmeras causas de lesão hepática em pacientes com HIV, tais como
biliar, sepse, nutrição parenteral total, uso de diferentes medicamentos, tais como as
complexa e pluricausal (Dieterich et al., 2004; Pol et al., 2004; Powderly, 2004).
LHID (Bell e Chalasani, 2009). Nesses pacientes, é provável que coexistam vários
desse vírus é um deles, pois pode sensibilizar os pacientes à LHID (Ganey et al.,
2004).
20
2003).
antirretrovirais, prescritos para indivíduos com infecção por HIV está apresentada na
importantes (Sulkowski et al., 2002; Wit et al., 2002; Kovari et al., 2010). Entretanto,
(Dieterich et al., 2004; Pol et al., 2004; Powderly, 2004; Sulkowski, 2004).
pacientes com HIV é relativamente alta (Ganey et al., 2004; Núñez, 2010). Somado a
isso, os novos antirretrovirais que tem sido licenciados possuem dados limitados em
Kaplowitz, 2009).
unidade transplante hepático, caso sinais precoces de falência hepática surjam, como
2010).
também deve ser realizado, bem como a dosagem de enzimas hepáticas, caso ocorra
as demais que compõem a TARV devem ser descontinuadas, sendo um novo regime
hepática tem sido menos relatados, tendo em vista o atual emprego de ITRN com
2010).
atazanavir ou darunavir, esses últmos com booster de ritonavir, tem uma boa
ALT/AST em 4 semanas
Repetir ALT/AST a
cada 4 semanas até
resolução
Sintomas?
NÃO SIM
HAART
NÃO
GRAU 3 GRAU 4
esboçada na Figura 4.
2009). Salienta-se que as drogas devam ser iniciadas com intervalos de três dias entre
Indivíduos com infecção pelo HIV também devem ter suas enzimas hepáticas
Indicação
de RIPE
AST/ALT antes de
ALT/AST normais ou até 3 x LSN iniciar o ALT/AST > 5 x LSN
tratamento*
ALT/AST ou
bilirrubinas > * Pacientes de alto risco: etilismo,
3 x LSN uso de drogas hepatotóxicas ou
ilícitas, hepatopatia prévia,
imunodepressão, nefropatia,
Perfil hepático semanal até gestação, infecção por HIV,
normalização mulheres não-brancas
Reintrodução droga a droga . ALT/AST 4 a 12 semanas após
ou esquema alternativo início do tratamento
2 JUSTIFICATIVA
complexa e pluricausal.
3 OBJETIVOS
moléstias infecciosas.
4 MÉTODOS
2011.
A coleta das informações foi realizada por meio da análise dos prontuários
quando ocorreram.
1. AST e ALT
subsequentes:
diagnóstico de lesão hepática, quando os níveis de ALT e/ou AST se elevam acima
33
do LSN. O sistema de graduação foi: grau 1 (1,25 a 2,5 x LSN), grau 2 (2,6 a 5 x
graduadas da seguinte forma: grau 1 (1,25 a 2,5 x baseline), grau 2 (2,6 a 3,5 x
No nosso serviço, os limites de AST são 37 U/L para homens e 31 U/L para
2. Gama-GT
para homens e 36 U/L mulheres) seguiram a graduação que se segue: grau 1 (1,25 a
2,5 x LSN), grau 2 (2,6 a 5 x LSN), grau 3 (5,1 a 10 x LSN) e grau 4 (>10 x LSN).
3. FA
grau 2 (2,6 a 5 x LSN), grau 3 (5,1 a 10 x LSN) e grau 4 (>10 x LSN) (ACTG,
1996). FA é normal, no nosso serviço, até 129 U/L para homens e 104 U/L para
mulheres.
34
4. Bilirrubinas
LSN), grau 2 (1,6 a 2,5 x LSN), grau 3 (2,6 a 5,0 x LSN), grau 4 (>5,0 x LSN),
5. Plaquetas
As alterações nos níveis de plaquetas dos pacientes não foram analisadas, pelo
fato de coexistirem vários fatores de confusão, como alteração plaquetária por sepse
6. INR
expostas em grau 1 (1,1 a 1,5 x LSN), grau 2 (1,6 a 2,0 x LSN), grau 3 (2,1 a 3,0 x
Com base nas alterações nos níveis de ALT e FA, foram utilizados os critérios
Lesão hepática grave foi definida pelo aumento dos níveis de ALT e/ou AST
porta.
4.2.1.4 EDA
Infecção crônica por VHB foi definida pela presença do antígeno de superfície
HBsAg e infecção crônica por VHC, por anticorpos anti-VHC e/ou detecção
algumas variáveis
1. Variáveis demográficas
Categoria de exposição ao HIV, carga viral de HIV alta (maior do que 100.000
pelo paciente. Também foi avaliada a associação da presença de lesão hepática grave
infecções.
4. Dislipidemia
5. Outras variáveis
sendo, nesses casos, inapropriado o seu uso (Davies et al., 1998; Barros e Hirakata,
análise múltipla.
robusta. Esse modelo tem sido sugerido como boa alternativa na obtenção de
estimativas das RPs ajustadas para variáveis de confusão. Porém a regressão de Cox
é comumente utilizada para analisar o tempo até um evento, isto é, para desenhos
longitudinais.
ponto da razão de prevalência, pois não há seguimento real dos participantes nesse
Além disso, o uso da regressão de Cox sem qualquer ajuste para análise de
confiança, o qual pode ser maior do que deveria. Nessas situações, o método de
variáveis. Finalmente, estimaram-se as RPs para cada uma dessas variáveis e seus
5 RESULTADOS
de procedência.
categoria de exposição ao HIV estão delineados na Tabela 3. Dos 100 pacientes com
cuja exposição foi parenteral, 13 relataram ser UDIV e dois mencionaram transfusão
sanguínea.
43
Variáveis no %
Idade < 42 70 47
≥ 42 79 53
Média (desvio padrão) 42,1 (12,3)
Mediana (mínimo-máximo) 42 (16 - 71)
Fatores comportamentais no %
5.1.2 Comorbidades
Comorbidades no %
para VHC em que foi investigada a presença do vírus por PCR, três (18,7%) tiveram
Classificação da dislipidemia no %
38,3% (57) dos 73 pacientes que realizaram TC e/ou RM. A Tabela 7 representa as
realizados.
47
146 pacientes, constatando-se que esse diagnóstico foi realizado durante a internação
de 34 (23,3%) deles.
A média de tempo de infecção por HIV conhecida foi de 77,1 meses (desvio
padrão 83,9 meses) e a mediana foi 48 meses (mínimo de 0 mês e máximo de 288
meses).
pacientes com histórico de doença oportunista (n=65) e entre todos os pacientes com
dos 142 pacientes, cuja informação sobre TARV na internação era disponível, 26,8%
(38) passaram a receber TARV durante a internação e 15,5% (22) continuaram sem a
informação sobre o tempo de uso de 75 (91,5%) deles. A média do tempo de uso foi
49
de 86,8 meses (desvio padrão de 69,3 meses) e a mediana, 84 meses (mínimo de 0,1
principais grupos, bem como a carga viral de HIV dos pacientes no momento da
internação.
Dentre os 145 pacientes com valor de carga viral de HIV conhecido durante a
internação, 34 (23,5%) tinham carga viral indetectável e sete (4,8%) possuíam mais
Variáveis no %
Tabela 10 – Avaliação da carga viral de HIV e dos linfócitos T CD4 + dos pacientes
internados na enfermaria de moléstias infecciosas de agosto de 2010 a
agosto de 2011
Variáveis no %
Variáveis no %
Conclusão
Variáveis no %
Variáveis no %
conclusão
Variáveis no %
FA 5,1 a 10 x 3 2,1
> 10 x 5 3,5
durante a internação.
15,8 – 29,7).
em 12 (42,8%) pacientes.
pacientes evoluíram a óbito, três (2%) foram transferidos para outro instituto, um
lesão hepática grave, testou-se a relação entre essa resposta e todas as variáveis
obtidas no estudo.
57
(p=0,434; Tabela 14). Da mesma forma, em relação aos pacientes com e sem doença
Ainda que sem significância estatística, os dados sugerem que haja maior
Sexo 0,088
Feminino 48 (85,7) 8 (14,3) 1
Masculino 68 (73,1) 25 (26,9) 1,88 (0,91 - 3,89)
Raça 0,936
Branca 80 (77,7) 23 (22,3) 1
Não branca 36 (78,3) 10 (21,7) 0,97 (0,50 - 1,88)
No que diz respeito às hepatites virais, não houve associação entre ocorrência
de lesão hepática grave e infecção crônica por VHC (p=0,193; Tabela 16).
É relevante ressaltar que dois (66,7%) dos três pacientes com AgHBs reagente
pequeno número de eventos positivos dessa variável, optou-se por não analisar o seu
Com relação à dislipidemia, os pacientes com e sem lesão hepática grave não
Anti-VHC/PCR 0,193
VHC (n=139)
Negativo 88 (80,0) 22 (20,0) 1
Positivo 20 (69,0) 9 (31,0) 1,55 (0,80 -
3,01)
19).
Verificou-se que 28,6% dos pacientes com CD4 inferior 100 células/mm 3
tiveram lesão hepática grave, enquanto 14,1% dos indivíduos com CD4 superior a
dados sugerem que indivíduos com carga viral alta tenham maior prevalência de
para lesão hepática grave, procedeu-se à análise com a regressão múltipla de Cox
Variável Valor de p
indivíduo com diagnóstico de HIV com níveis alterados de ALT no baseline foi 93%
micobacteriose, o risco de ocorrência de lesão hepática grave foi 130% maior do que
6 DISCUSSÃO
pacientes infectados pelo HIV. Contudo, que seja de nosso conhecimento, nosso
lesão hepática grave nessa população, tendo em vista que quase um quarto da
2006; Wit et al., 2002), observamos, após análise multivariada, que pacientes com
hepática grave.
doença (Price e Thio, 2010), ao mesmo tempo em que são tratados com rifampicina,
71
não esteve isoladamente associado à presença de lesão hepática grave, como seria de
diagnóstico de infecção pelo HIV foi realizado durante a internação em 23,3% (34)
dos pacientes incluídos, sendo que a carga viral do HIV era superior a 100.000
linfócitos T CD4 ≤ 100 células/mm3 e carga viral alta para HIV. Esses achados
sugerem que pacientes com infecção pelo HIV em sua fase mais avançada possam
semelhante foi observado por Sterling et al. (2008), que destacou risco 57% maior de
aumento de ALT em indivíduos com CD4 < 200 células/mL, quando comparados
com pacientes com CD4 > 200 células/mL e por Nagu et al. (2012), que observou
prevalência 71% maior de elevação de ALT em pacientes com CD4 < 50 células/mL
Nesse contexto é plausível imaginar que a doença avançada pelo HIV, através
Sherman, 2008; Mata-Marín et al., 2009) contribuindo com isso, para elevação das
ocorrência da lesão hepática grave nesses pacientes, visto que a introdução dessa
imunossupressão.
atendimento a esses pacientes. É possível que, por esse aspecto, estejamos atendendo
aos pacientes mais graves, o que seria responsável pelas características da população
internada.
doença hepática crônica (Kovari et al., 2010), além de ser associado à mortalidade
Dessa forma, supomos que o desfecho observado em nosso estudo, com alta
internação apresentavam-se com níveis alterados de ALT e AST por causas diversas.
tuberculose , assim como pelo reconhecimento dos fatores de risco associados a esse
desfecho. Com isso, poderíamos contribuir para uma sobrevida maior dos indivíduos
74
infectados pelo HIV (Pol et al., 2004), bem como minorar o impacto dessas
7 CONCLUSÃO
avaliados. Não houve significância estatística entre as variáveis idade, raça, categoria
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