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Verificação da Segurança de Estruturas de Alvenaria Não

Armada de Acordo com os Eurocódigos 6 e 8

Duarte de Andrade Guerra Fazenda Branco

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Civil

Orientador

Professor António Manuel Candeias de Sousa Gago

Júri

Presidente: Professor António Manuel Figueiredo Pinto da Costa


Orientador: Professor António Manuel Candeias de Sousa Gago
Vogal: Professor Luís Manuel Coelho Guerreiro

Outubro 2019
ii
Declaração

Declaro que o presente documento é um trabalho original da minha autoria e que cumpre todos os
requisitos do Código de Conduta e Boas Práticas da Universidade de Lisboa.

iii
Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer ao meu orientador, o Professor António Manuel Candeias de Sousa
Gago, pela vontade manifestada em me acompanhar neste trabalho e pelos conhecimentos que me
transmitiu. Quero também agradecer à minha família e aos meus amigos pelo apoio e motivação que
me deram ao longo desta dissertação.

iv
Resumo

As estruturas de alvenaria são potencialmente muito interessantes uma vez que estas soluções
permitem não só conferir resistência estrutural mas, simultaneamente, providenciar a subdivisão do
espaço, o isolamento térmico e acústico, bem como a protecção contra o fogo e as intempéries. Estes
factores permitem, comparativamente com outros sistemas estruturais, que as estruturas de alvenaria
sejam mais baratas e permitam uma maior velocidade de construção.

No entanto, com o surgimento de estruturas de betão armado e de aço (e a evolução dos respectivos
códigos estruturais), estruturas que se consideram com um melhor comportamento sísmico, a
estruturas de alvenaria passaram a ter um papel secundário na construção nova.

Apenas na segunda metade do século XX, com a constante evolução dos códigos construtivos e dos
programas de cálculo automático e com a realização de ensaios experimentais mais evoluídos, as
estruturas de alvenaria passaram a apresentar um melhor comportamento sísmico, permitindo a
utilização de coeficientes de comportamento superiores, viabilizando assim a sua construção em zonas
de maior sismicidade.

Estudos desenvolvidos aquando do desenvolvimento da norma italiana, verificaram que os resultados


obtidos com os coeficientes de comportamento preconizados no Eurocódigo 8 não correspondiam à
realidade. Neste sentido, foram realizados estudos que levaram a valores mais elevados, que
contemplam o fenómeno de redistribuição interna de tensões que ocorre (overstrenght ratio – OSR)

Assim, o objectivo desta dissertação é estudar a viabilidade da utilização dos coeficientes de


comportamento propostos no Eurocódigo 8 e na norma italiana NTC, tendo em conta as verificações
de segurança propostas no Eurocódigo 8.

Palavras-Chave: alvenaria não armada, Coeficiente de comportamento, acção sísmica

v
Abstract

Masonry structures are potentially very interesting as these solutions allow not only structural strength
but also to provide space subdivision, thermal and acoustic insulation as well as fire and weather
protection. These factors allow, compared to other structural systems, that masonry structures are
cheaper and allow a higher construction speed.

However, with the emergence of reinforced concrete and steel structures (and evolution of the design
codes), which are considered to have a better seismic behavior, masonry structures have taken a
secondary role in new construction.

Only in the second half of the XX century, with the constant evolution of building codes, automatic
calculation programs and experimental testing, masonry structures tend to present better seismic
behavior, allowing the use of higher coefficients of behavior, enabling its construction in areas of greater
seismicity.

Studies carried out during the development of the Italian standard showed that the results obtained with
the behavior coefficients recommended in Eurocode 8 did not correspond to reality. In this sense,
studies were conducted that led to different (higher) values, which contemplate the phenomenon of
internal stress redistribution that occurs (overstrength ratio – OSR).

Thus, the aim of this dissertation is to study the feasibility of using the behavior coefficients proposed in
Eurocode 8 and the Italian NTC standard, taking into account the safety checks proposed in Eurocode
8.

Keywords: Unreinforced masonry, behavior coefficient, seismic action

vi
DECLARAÇÃO .................................................................................................................................................. III

AGRADECIMENTOS ......................................................................................................................................... IV

RESUMO........................................................................................................................................................... V

ABSTRACT ....................................................................................................................................................... VI

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................... XI

LISTA DE QUADROS ....................................................................................................................................... XIV

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 1

1.1. ENQUADRAMENTO ............................................................................................................................................ 1


1.2. OBJECTIVO ....................................................................................................................................................... 1
1.3. METODOLOGIA E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................................................... 1

2. A CONSTRUÇÃO EM ALVENARIA ESTRUTURAL ............................................................................................. 3

2.1. HISTÓRIA DA ALVENARIA ESTRUTURAL................................................................................................................... 3


2.2. CONSTRUÇÕES ANTIGAS EM ALVENARIA ................................................................................................................ 8
2.2.1. Construção em alvenaria antiga ........................................................................................................... 8
2.2.1.1. Construção em Altura ...................................................................................................................................... 8
2.2.1.2. Construção na horizontal ............................................................................................................................... 10
2.2.1.3. Espaço envolvente ......................................................................................................................................... 10
2.2.1.4. Desenvolvimento de estruturas em edifícios ................................................................................................. 11
2.3. ESTRUTURAS CONTEMPORÂNEAS EM ALVENARIA ................................................................................................... 12
2.3.1. Paredes de alvenaria ........................................................................................................................... 13
2.3.2. Colunas ................................................................................................................................................ 15
2.4. TIPOS DE ALVENARIA ........................................................................................................................................ 15
2.4.1. Alvenaria não armada ......................................................................................................................... 15
2.4.2. Alvenaria armada ................................................................................................................................ 16
2.4.3. Alvenaria confinada ............................................................................................................................ 16
2.4.4. Alvenaria pré-esforçada ...................................................................................................................... 17
2.5. REGULAMENTOS PARA ESTRUTURAS DE ALVENARIA ................................................................................................ 18
2.5.1. Eurocódigo 6 – Projecto de estruturas de alvenaria ........................................................................... 18
2.5.2. Eurocódigo 8 – Projecto de estruturas para resistência aos sismos .................................................... 19
2.5.3. Norma Italiana – NTC .......................................................................................................................... 19

3. CARACTERIZAÇÃO DA ACÇÃO SÍSMICA DE ACORDO COM O EUROCÓDIGO 8 ............................................. 20

3.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 20
3.2. ACÇÃO SÍSMICA .............................................................................................................................................. 20
3.2.1 Zonas Sísmicas...................................................................................................................................... 20
3.2.2 Tipos de Terreno ................................................................................................................................... 21

vii
3.2.3 Classe de Importância .......................................................................................................................... 21
3.2.4 Representação da Acção Sísmica ......................................................................................................... 21
3.3. COEFICIENTE DE COMPORTAMENTO .................................................................................................................... 23

4. PROPRIEDADES DA ALVENARIA .................................................................................................................. 25

4.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 25
4.2. MATERIAIS ..................................................................................................................................................... 25
4.2.1. Unidades de alvenaria ......................................................................................................................... 26
4.2.2. Argamassa .......................................................................................................................................... 27
4.2.3. Betão de Enchimento .......................................................................................................................... 28
4.2.4. Armaduras ........................................................................................................................................... 29
4.3. PROPRIEDADES MECÂNICAS DA ALVENARIA ........................................................................................................... 29
4.3.1. Resistência característica à compressão ............................................................................................. 30
4.3.2. Resistência característica ao corte ...................................................................................................... 31
4.3.3. Resistência característica à flexão ...................................................................................................... 32
4.3.4. Resistência característica à tracção .................................................................................................... 33
4.4. PROPRIEDADES DE DEFORMAÇÃO DA ALVENARIA ................................................................................................... 33
4.4.1. Relação tensões-extensões ................................................................................................................. 33
4.4.2. Módulo de elasticidade ....................................................................................................................... 34
4.4.3. Módulo de distorção ........................................................................................................................... 34
4.4.4. Fluência, expansão/retracção por humidade e dilatação térmica ...................................................... 34

5. COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DE EDIFÍCIOS DE ALVENARIA ................................................................. 35

5.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 35
5.2. COMPORTAMENTO SÍSMICO DE EDIFÍCIOS............................................................................................................. 35
5.2.1. Factores relevantes no comportamento sísmico de edifícios de alvenaria ......................................... 36
5.2.1.1. Uniformidade em altura ................................................................................................................................. 37
5.2.1.2. Uniformidade e compacidade em planta ....................................................................................................... 38
5.2.1.3. Comportamento de caixa ............................................................................................................................... 39
5.2.1.4. Aberturas ....................................................................................................................................................... 41
5.2.1.5. Fundações ...................................................................................................................................................... 41
5.3. MECANISMOS DE COLAPSO DAS PAREDES DE ALVENARIA ........................................................................................ 42
5.4. REQUISITOS DO EUROCÓDIGO 8 PARA ESTRUTURAS DE ALVENARIA ............................................................................ 43
5.4.1. Alvenaria não armada ......................................................................................................................... 43

6. ANÁLISE ESTRUTURAL E ESTADO LIMITE .................................................................................................... 44

6.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 44
6.2. ANÁLISE ESTRUTURAL – EUROCÓDIGO 6 .............................................................................................................. 44
6.2.1. Imperfeições ........................................................................................................................................ 44
6.2.2. Efeitos de segunda ordem ................................................................................................................... 45

viii
6.2.3. Análise de elementos estruturais ........................................................................................................ 45
6.2.3.1. Paredes de alvenaria não armada solicitadas a um carregamento vertical ................................................... 45
6.2.3.2. Paredes de alvenaria não armada solicitadas ao esforço transverso ............................................................. 48
6.2.3.2. Paredes de alvenaria solicitadas por um carregamento lateral ..................................................................... 49
6.3 ESTADO LIMITE ÚLTIMO – EUROCÓDIGO 6 ............................................................................................................ 49
6.3.1. Alvenaria não armada – generalidades .............................................................................................. 49
6.3.2. Verificação das paredes de alvenaria não armada solicitadas por cargas verticais ........................... 50
6.3.2.1. Coeficiente de redução da esbelteza e da excentricidade ............................................................................. 50
6.3.3. Verificação das paredes de alvenaria não armada solicitadas por cargas concentradas ................... 52
6.3.4. Verificação das paredes de alvenaria não armada solicitadas a cargas verticais e ao esforço
transverso...................................................................................................................................................... 52
6.3.4.1. Verificação ao esforço de corte ...................................................................................................................... 52
6.3.4.2. Verificação ao momento flector no plano ...................................................................................................... 53
6.3.5. Verificação das paredes de alvenaria não armada solicitadas a carregamento lateral ..................... 54
6.4. ESTADO LIMITE DE SERVIÇO – EUROCÓDIGO 6 ...................................................................................................... 54
6.4.1 Paredes de alvenaria não armada ....................................................................................................... 54
6.5. VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA – NORMA ITALIANA ................................................................................................. 55
6.5.1. Derrubamento e esmagamento .......................................................................................................... 55
6.5.2. Escorregamento .................................................................................................................................. 55
6.5.3. Fendilhação diagonal .......................................................................................................................... 56

7. ESTUDO SOBRE O COEFICIENTE DE COMPORTAMENTO ............................................................................. 57

7.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................. 57
7.2. MODELAÇÃO DOS EDIFÍCIOS EM SAP2000 .......................................................................................................... 58
7.2.1. Propriedades mecânicas dos materiais ............................................................................................... 58
7.2.2. Paredes ................................................................................................................................................ 59
7.2.3. Vigas .................................................................................................................................................... 60
7.2.4. Lajes .................................................................................................................................................... 60
7.2.5. Cargas e massas aplicadas .................................................................................................................. 60
7.2.6. Determinação dos coeficientes de comportamento de acordo com o Eurocódigo 8 e a norma italiana
...................................................................................................................................................................... 61
7.2.7. Definição dos espectros de resposta ................................................................................................... 61
7.2.8. Validação do modelo ........................................................................................................................... 62
7.2.8.1. Análise modal e modos de vibração ............................................................................................................... 62
7.2.8.2. Cálculo das frequências fundamentais pelo método de Rayleigh .................................................................. 62
7.2.8.3. Verificação das cargas verticais ...................................................................................................................... 63
7.2.8.4. Cálculo das forças de corte basal na base de acordo com o Eurocódigo 8 .................................................... 63
7.3. ANÁLISE DE ACORDO COM AS REGRAS PARA EDIFÍCIOS SIMPLES DE ALVENARIA SIMPLES .................................................. 63
7.3.1. Regras para edifícios simples de alvenaria ......................................................................................... 63

ix
7.4. ANÁLISE ESTRUTURAL DE ACORDO COM O EUROCÓDIGO 6 E EUROCÓDIGO 8 .............................................................. 65
7.4.1. Metodologia de análise ....................................................................................................................... 65
7.4.2. Apresentação de resultados ................................................................................................................ 68
7.4.2.1. Verificação ao estado limite de serviço, limitação de danos .......................................................................... 68
7.4.2.2. Edifício de um piso ......................................................................................................................................... 68
7.4.2.3. Edifício de dois pisos ...................................................................................................................................... 69
7.4.2.4. Edifício de três pisos ....................................................................................................................................... 71
7.4.2.5. Edifício de quatro pisos .................................................................................................................................. 73
7.4.3. Análise dos resultados ......................................................................................................................... 75

8. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ........................................................................................ 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................................................... 77

ANEXOS............................................................................................................................................................ 1

ANEXO 1 – TIPOS DE TERRENO.................................................................................................................................... 1


ANEXO 2 – MODELOS SAP2000 ................................................................................................................................ 2
ANEXO 3 – ESPECTROS DE RESPOSTA ........................................................................................................................... 3
ANEXO 4 – MODOS DE VIBRAÇÃO DOS EDIFÍCIOS ........................................................................................................... 6
ANEXO 5 – LIMITAÇÃO DE DANOS ............................................................................................................................... 8
ANEXO 6 – VERIFICAÇÕES DE SEGURANÇA AO ESTADO LIMITE ÚLTIMO ................................................................................ 9

x
Lista de Figuras

FIGURA 1 - A) PIRÂMIDES DE GIZÉ B) COLISEU DE ROMA [1] C) GRANDE MURALHA DA CHINA [2] D) TAJ MAHAL [3] ..................... 3
FIGURA 2 – CIDADE DE JERICÓ [4]................................................................................................................................... 4
FIGURA 3 – A) RECONSTITUIÇÃO DE KHIROTIKIA (ALDEIA NEOLÍTICA NO CHIPRE) B) RECONSTITUIÇÃO DAS CASAS EM TERRAÇO DE
ÇATAL HÜYÜK [5] ................................................................................................................................................ 4
FIGURA 4 – TORRE DE BABEL, BABILÓNIA [6] .................................................................................................................... 5
FIGURA 5 – EDDYSTONE LIGHTHOUSE [7] ......................................................................................................................... 6
FIGURA 6 –EDIFÍCIO MONADNOCK, CHICAGO, EUA ........................................................................................................... 7
FIGURA 7 –TIPOS DE PIRÂMIDES A) MASTABA B) ZIGURATE C) GRANDE PIRÂMIDE DE GIZÉ [8] .................................................... 9
FIGURA 8 – TRAJAN’S COLUMN [34] ............................................................................................................................... 9
FIGURA 9 – ARCO DA RUA AUGUSTA [9] ........................................................................................................................ 10
FIGURA 10 – PANTEÃO DE ROMA A)IMAGEM [10] B) ESQUEMA REPRESENTATIVO [8] ............................................................ 11
FIGURA 11 – EXEMPLOS DE PAREDES SIMPLES DE ALVENARIA.............................................................................................. 13
FIGURA 12 – EXEMPLOS DE PAREDES DUPLAS DE ALVENARIA [11] ....................................................................................... 13
FIGURA 13 – SECÇÃO TRANSVERSAL DE UMA PAREDE DE DOIS PANOS [5].............................................................................. 14
FIGURA 14 – SECÇÃO TRANSVERSAL DE UMA PAREDE COM JUNTAS DESCONTÍNUAS [5] ........................................................... 14
FIGURA 15 – PAREDE DE FACE À VISTA [11] .................................................................................................................... 14
FIGURA 16 – SECÇÕES RESULTANTES DE UMA CONFIGURAÇÃO DE PAREDES DE DIAFRAGMA [11] ............................................... 14
FIGURA 17 – EXEMPLOS DE SECÇÕES DE COLUNAS [8]....................................................................................................... 15
FIGURA 18 – IGREJA DE ST. GENEVIEVE A) FACHADA PRINCIPAL B) ESQUEMA REPRESENTATIVO [13].......................................... 16
FIGURA 19 – ETAPAS DA CONSTRUÇÃO DE UMA PAREDE DE ALVENARIA CONFINADA [14] ........................................................ 17
FIGURA 20 - ZONAS SÍSMICAS EM PORTUGAL CONTINENTAL [16] ........................................................................................ 20
FIGURA 21 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE ALGUNS TIPOS DE UNIDADES DE ALVENARIA. A) TIJOLO MACIÇO B) E C) TIJOLOS
PERFURADOS E D) TIJOLO VAZADO [5] .................................................................................................................... 26

FIGURA 22 – EXEMPLOS DE UTILIZAÇÃO DE ARMADURAS A) ALVENARIA ARMADA B) ALVENARIA PRÉ-ESFORÇADA .......................... 29


FIGURA 23 – MODO DE PROPAGAÇÃO DE UMA FENDA DEVIDO A ESFORÇOS DE TRACÇÃO [11] .................................................. 30
FIGURA 24 – PAREDE DE ALVENARIA SUJEITA A CARREGAMENTO LATERAL. A) FORA DO SEU PLANO B) NO SEU PLANO .................... 31
FIGURA 25 – A) ROTURA PARALELA ÀS JUNTAS DE ASSENTAMENTO B) ROTURA PERPENDICULAR ÀS JUNTAS DE ASSENTAMENTO [11]
...................................................................................................................................................................... 32
FIGURA 26 – RELAÇÃO TENSÕES-EXTENSÕES DA ALVENARIA EM COMPRESSÃO ....................................................................... 33
FIGURA 27 – DIFERENTES TIPOS DE IRREGULARIDADES EM ALTURA [18] ................................................................................ 37
FIGURA 28 – A) PAREDES VERTICAIS DESCONTÍNUAS B) PAREDES VERTICAIS CONTÍNUAS [21]................................................... 37
FIGURA 29 – DISTRIBUIÇÃO DE PAREDES ESTRUTURAIS NO PLANO. A) ADEQUADA [21] B) NÃO ADEQUADA (DESEQUILÍBRIO NA
DISTRIBUIÇÃO) [21] C) NÃO ADEQUADA (ASSIMÉTRICA) ............................................................................................ 38

FIGURA 30 – RELAÇÕES GEOMÉTRICAS ADEQUADAS PARA EDIFÍCIOS DE ALVENARIA [5] [21] .................................................... 39
FIGURA 31 – DISTRIBUIÇÃO DAS FORÇAS LATERAIS A) DIAFRAGMA FLEXÍVEL B) DIAFRAGMA RÍGIDO [14] ..................................... 40

xi
FIGURA 32 – A) DIAFRAGMA FLEXÍVEL SEM VIGA DE CONTORNO B) DIAFRAGMA FLEXÍVEL COM VIGA DE CONTORNO C) DIAFRAGMA
RÍGIDO COM VIGA DE CONTORNO C) FORÇAS GERADAS EM CASO DE CARREGAMENTO LATERAL ........................................... 40

FIGURA 33 – MÁ LIGAÇÃO ENTRE ELEMENTOS VERTICAIS [18]............................................................................................ 40


FIGURA 34 – LOCALIZAÇÃO DAS ABERTURAS A) CORRECTA B) INCORRECTA [8] ....................................................................... 41
FIGURA 35 – MODOS DE COLAPSO DE PAREDES DE ALVENARIA. A) COLAPSO FORA DO PLANO B) COLAPSO NO PLANO [22] ............. 42
FIGURA 36 – MODOS DE COLAPSO NO PLANO A) DERRUBAMENTO E ESMAGAMENTO B) DESLIZAMENTO C) FENDILHAÇÃO DIAGONAL
...................................................................................................................................................................... 42
FIGURA 37 – EXEMPLOS DE ROTURA NO PLANO – CIDADE DO MÉXICO, 19 SETEMBRO 2017 ................................................... 43
FIGURA 38 – TIRANTES DE OU CINTAS DE BETÃO ARMADO [19] .......................................................................................... 43
FIGURA 39 – COMPRIMENTO MÍNIMO DE UMA PAREDE DE CONTRAVENTAMENTO COM ABERTURAS........................................... 46
FIGURA 40 – ESQUEMA DAS DEFINIÇÕES UTILIZADAS NO QUADRO 9 .................................................................................... 47
FIGURA 41 – LARGURAS DOS TRAVAMENTOS QUE PODEM SER CONSIDERADOS NAS PAREDES DE CONTRAVENTAMENTO ................. 48
FIGURA 42 – MOMENTOS RESULTANTES DO CÁLCULO DAS EXCENTRICIDADES ........................................................................ 50
FIGURA 43 – PAREDES SOLICITADAS A CARGAS CONCENTRADAS .......................................................................................... 52
FIGURA 44 – ESQUEMA DE CÁLCULO DO COMPRIMENTO COMPRIMIDO ................................................................................ 53
FIGURA 45 – ESQUEMA DE FORÇAS NO NEMBO DEVIDOS A FLEXÃO COMPOSTA NO SEU PLANO .................................................. 55
FIGURA 46 – ESQUEMA DE FORÇAS NA BASE DO NEMBO DEVIDOS AO DESLIZAMENTO POR CORTE [27] ....................................... 56
FIGURA 47 – INTERFACE ENTRE OS NEMBOS E OS LINTÉIS QUANDO SUJEITOS À ACÇÃO SÍSMICA [27] .......................................... 56
FIGURA 48 – ZONAS ONDE, DE ACORDO COM O EUROCÓDIGO 8 É PERMITIDA A CONSTRUÇÃO EM ALVENARIA ............................. 57
FIGURA 49 – CARACTERÍSTICAS GEOMÉTRICAS DOS EDIFÍCIOS ESTUDADOS ............................................................................ 58
FIGURA 50 – ZONAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO, DE ACORDO COM AS REGRAS DE EDIFÍCIOS SIMPLES DO
EUROCÓDIGO 8 ................................................................................................................................................. 65
FIGURA 51 – ZONAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO, DE ACORDO COM AS REGRAS DE EDIFÍCIOS SIMPLES DO ANEXO
NACIONAL ........................................................................................................................................................ 65
FIGURA 52 – CORTES E ALINHAMENTOS ANALISADOS NAS VERIFICAÇÕES DE SEGURANÇA AO ESTADO LIMITE ÚLTIMO. A) PAREDE Y = 0
B) PAREDE Y = 5/7,5 C) PAREDE X = 0 D) PAREDE X = 6 E) ALINHAMENTOS EDIFÍCIO COM 4 PAREDES EM X F)
ALINHAMENTOS EDIFÍCIO COM 3 PAREDES EM X ....................................................................................................... 67

FIGURA 53 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE UM PISO (4 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 68

FIGURA 54 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE UM PISO (3 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 69

FIGURA 55 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE DOIS PISOS (4 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 70

FIGURA 56 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE DOIS PISOS (3 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 71

FIGURA 57 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE TRÊS PISOS (4 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 72

xii
FIGURA 58 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE TRÊS PISOS (3 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 73

FIGURA 59 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (4 PAREDES EM X) DE ACORDO COM
A VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES ................................................................................................ 74

FIGURA 60 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (3 PAREDES EM X) DE ACORDO COM
A VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS ................................................................................... 74

FIGURA 61 – MODELOS DE SAP2000 A) MODELO TRÊS PISOS, 4 PAREDES EM X B) MODELO QUATRO PISOS, 4 PAREDES EM X C)
MODELO DOIS PISOS, 3 PAREDES EM X D) MODELO QUATRO PISOS, 3 PAREDES EM X .......................................................... 2

FIGURA 62 – ESPECTROS DE RESPOSTA DOS SISMOS TIPO 1, SOLO A (Q = 1,5) ...................................................................... 3


FIGURA 63 – ESPECTROS DE RESPOSTA DOS SISMOS TIPO 1, SOLO B (Q = 1,5) ...................................................................... 3
FIGURA 64 – ESPECTROS DE RESPOSTA DOS SISMOS TIPO 2, SOLO A (Q = 1,5) ...................................................................... 3
FIGURA 65 – ESPECTROS DE RESPOSTA DOS SISMOS TIPO 2, SOLO B (Q = 1,5) ...................................................................... 4
FIGURA 66 – ESPECTROS DE RESPOSTA DOS SISMOS TIPO 1, SOLO A (Q = 2,975) .................................................................. 4
FIGURA 67 – ESPECTROS DE RESPOSTA DOS SISMOS TIPO 1, SOLO B (Q = 2,975) .................................................................. 4
FIGURA 68 – ESPECTROS DE RESPOSTA DOS SISMOS TIPO 2, SOLO A (Q = 2,975) .................................................................. 5
FIGURA 69 – ESPECTROS DE RESPOSTA DOS SISMOS TIPO 2, SOLO B (Q = 2,975) .................................................................. 5

xiii
Lista de Quadros

QUADRO 1 – CLASSES DE IMPORTÂNCIA PARA OS EDIFÍCIOS ................................................................................................ 21


QUADRO 2 – COEFICIENTES DE IMPORTÂNCIA Γ1 ............................................................................................................. 21
QUADRO 3 – ACELERAÇÃO MÁXIMA DE REFERÊNCIA AGRMS2 NAS VÁRIAS ZONAS SÍSMICAS ..................................................... 22
QUADRO 4 – VALORES DOS PARÂMETROS DEFINIDORES DO ESPECTRO DE RESPOSTA ELÁSTICO PARA A ACÇÃO SÍSMICA. A) TIPO 1 B)
TIPO 2.............................................................................................................................................................. 22

QUADRO 5 – CLASSES DE REFERÊNCIA DA RESISTÊNCIA DAS UNIDADES PARA ALVENARIA........................................................... 27


QUADRO 6 – CLASSES DE REFERÊNCIA DA RESISTÊNCIA DA ARGAMASSA ................................................................................ 28
QUADRO 7 – RESISTÊNCIAS CARACTERÍSTICAS DO BETÃO DE ENCHIMENTO ............................................................................ 29
QUADRO 8 – VALORES COMPRESSIVOS DA ALVENARIA ...................................................................................................... 33
QUADRO 9 – COEFICIENTE DE RIGIDEZ,ΡT, PARA AS PAREDES CONTRAVENTADAS POR PILARES ................................................... 47
QUADRO 10 – REQUISITOS GEOMÉTRICOS EM PAREDES RESISTENTES ................................................................................... 48
QUADRO 11 – VALORES CARACTERÍSTICOS E DE DIMENSIONAMENTO DA ALVENARIA ............................................................... 59
QUADRO 12 – CARACTERÍSTICAS DA MODELAÇÃO DA LAJE ................................................................................................. 61
QUADRO 13 – VALORES DAS FREQUÊNCIAS OBTIDOS PELO MÉTODO DE RAYLEIGH E PELO SAP2000.......................................... 62
QUADRO 14 – SOMATÓRIO DAS CARGAS VERTICAIS ESTIMADAS E CALCULADAS NO SAP2000 (EDIFÍCIO COM 4 PAREDES EM X) ...... 63
QUADRO 15 – NÚMERO PERMITIDO RECOMENDADO DE PISOS ACIMA DO TERRENO E ÁREA MÍNIMA DE PAREDES DE
CONTRAVENTAMENTO DE “EDIFÍCIOS SIMPLES DE PAREDES DE ALVENARIA” [16] ............................................................. 64

QUADRO 16 – ÁREA MÍNIMA DE PAREDES DE RESISTENTES EM CADA DIRECÇÃO DE EDIFÍCIOS SIMPLES EXPRESSA EM PERCENTAGEM DA
ÁREA DOS PISOS [16] .......................................................................................................................................... 64

QUADRO 17 – VALORES DO COEFICIENTE DE REDUÇÃO...................................................................................................... 67


QUADRO 18 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE UM PISO (4 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 68

QUADRO 19 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE UM PISO (3 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 69

QUADRO 20 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE DOIS PISOS (4 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 70

QUADRO 21 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE DOIS PISOS (3 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 71

QUADRO 22 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE TRÊS PISO (4 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 72

QUADRO 23 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE TRÊS PISO (3 PAREDES EM X) DE ACORDO COM A
VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES .................................................................................................. 72

QUADRO 24 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (4 PAREDES EM X) DE ACORDO
COM A VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES......................................................................................... 73

QUADRO 25 – ZONAS SÍSMICAS ONDE É ADMISSÍVEL A CONSTRUÇÃO DO EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (3 PAREDES EM X) DE ACORDO
COM A VERIFICAÇÃO DE SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITES......................................................................................... 74

xiv
QUADRO 26 – PERÍODOS E FREQUÊNCIAS DO EDIFÍCIO DE UM PISO COM 4 PAREDES EM X .......................................................... 6
QUADRO 27 – PERÍODOS E FREQUÊNCIAS DO EDIFÍCIO DE UM PISO COM 3 PAREDES EM X .......................................................... 6
QUADRO 28 – PERÍODOS E FREQUÊNCIAS DO EDIFÍCIO DE DOIS PISOS COM 4 PAREDES EM X ....................................................... 6
QUADRO 29 – PERÍODOS E FREQUÊNCIAS DO EDIFÍCIO DE DOIS PISOS COM 3 PAREDES EM X ....................................................... 6
QUADRO 30 – PERÍODOS E FREQUÊNCIAS DO EDIFÍCIO DE TRÊS PISOS COM 4 PAREDES EM X ....................................................... 7
QUADRO 31 – PERÍODOS E FREQUÊNCIAS DO EDIFÍCIO DE TRÊS PISOS COM 3 PAREDES EM X ....................................................... 7
QUADRO 32 – PERÍODOS E FREQUÊNCIAS DO EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS COM 4 PAREDES EM X .................................................. 7
QUADRO 33 – PERÍODOS E FREQUÊNCIAS DO EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS COM 3 PAREDES EM X .................................................. 7
QUADRO 34 – SISMO 1.1 EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS ( 3 PAREDES EM X)............................................................................... 8
QUADRO 35 – SISMO 2.3 EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (3 PAREDES EM X) ............................................................................... 8
QUADRO 36 – VERIFICAÇÕES DESSEGURANÇA PARA O EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (4 PAREDES EM X), FUNDADO EM SOLO B, QUANDO
SUJEITO A UM SISMO 1.4 NA DIRECÇÃO X .................................................................................................................. 9

QUADRO 37 – VERIFICAÇÕES DESSEGURANÇA PARA O EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (4 PAREDES EM X), FUNDADO EM SOLO B, QUANDO
SUJEITO A UM SISMO 1.4 NA DIRECÇÃO X (CONTINUAÇÃO) ......................................................................................... 10

QUADRO 38– VERIFICAÇÕES DESSEGURANÇA PARA O EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (4 PAREDES EM X), FUNDADO EM SOLO B, QUANDO
SUJEITO A UM SISMO 1.4 NA DIRECÇÃO X (CONTINUAÇÃO) ......................................................................................... 10

QUADRO 39– VERIFICAÇÕES DESSEGURANÇA PARA O EDIFÍCIO DE QUATRO PISOS (4 PAREDES EM X), FUNDADO EM SOLO B, QUANDO
SUJEITO A UM SISMO 1.4 NA DIRECÇÃO X (CONTINUAÇÃO) ......................................................................................... 10

xv
xvi
1. Introdução

1.1. Enquadramento

Por todo o mundo existem construções de alvenaria não armada que resistiram a inúmeros sismos que
poderiam ter provocado o seu colapso, mostrando que estas, apesar de não serem consideradas
estruturas com elevada resistência sísmica, quando bem dimensionadas e construídas podem ter um
bom comportamento sísmico.

Com a crescente evolução de diferentes tipos de construção, como de betão armado ou de aço, que
possuem uma capacidade resistente ao sismo superior, as estruturas de alvenaria simples foram
ficando esquecidas, sendo cada vez menos usual a sua utilização em países de elevada sismicidade,
devido à complexidade dos regulamentos e técnicas construtivas.

Estudos recentes, analisando a resposta não linear da alvenaria, mostram que os coeficientes de
comportamento presentes no Eurocódigo 8 são bastante penalizadores, não permitindo a sua
construção em variadíssimas zonas onde, caso as construções de alvenaria tivessem um coeficiente
de comportamento adequado, a sua construção seria viável.

No entanto, com a constante evolução dos códigos construtivos, dos programas de cálculo automático
e com a realização de ensaios experimentais cada vez mais evoluídos, as estruturas de alvenaria
tendem a apresentar um melhor comportamento sísmico, permitindo assim a utilização de coeficientes
de comportamento superiores, viabilizando a sua construção em zonas de maior sismicidade.

1.2. Objectivo

O facto de a alvenaria ser considerada um material frágil e com uma resistência à tracção muito
reduzida, fez com que os coeficientes de comportamento sugeridos no Eurocódigo 8 fossem muito
penalizadores comparativamente com outras técnicas construtivas. Aquando do desenvolvimento da
norma italiana, foi verificado que os resultados obtidos com os coeficientes de comportamento
preconizados no Eurocódigo 8 não correspondiam à realidade. Neste sentido, foram realizados estudos
que levaram a diferentes valores (mais elevados), que contemplam o fenómeno de redistribuição
interna de tensões que ocorre (overstrenght ratio – OSR).

Assim, o objectivo desta dissertação é estudar a viabilidade da utilização dos coeficientes de


comportamento propostos no Eurocódigo 8 e na norma italiana NTC, tendo em conta as verificações
de segurança propostas no Eurocódigo 6 e 8.

1.3. Metodologia e estrutura da dissertação

A primeira fase desta dissertação baseou-se numa pesquisa bibliográfica com o objectivo de adquirir
mais conhecimento sobre o tema, em particular a sua história, as soluções existentes, os códigos
estruturais. A pesquisa revelou-se bastante importante na construção do modelo de cálculo e na
respectiva análise.

1
Após terminada a fase inicial definiram-se as configurações dos edifícios a estudar e a metodologia
utilizada no estudo.

A composição da dissertação foi o culminar de todo este trabalho, estando a presente dissertação
encontra-se organizada em oito capítulos e anexos.

No presente capítulo 1 apresenta-se o tema da dissertação, quais os seus objectivos e a sua


organização.

No capítulo 2 é feito um breve enquadramento histórico das estruturas de alvenaria, descrevendo os


tipos de soluções de alvenaria. Apresenta ainda as linhas gerais dos regulamentos mais importantes
para o dimensionamento de estruturas de alvenaria na Europa;

No capítulo 3 são abordadas as acções a que um edifício poderá estar sujeito durante o seu tempo de
vida útil, imprescindíveis para o seu correcto dimensionamento. É dada especial atenção à acção
sísmica uma vez que em território nacional é, na grande maioria dos casos, a mais condicionante.

No capítulo 5 são apresentadas as características dos materiais utilizados na construção de


elementos em alvenaria estrutural, procurando-se definir as propriedades mecânicas e de
deformação da alvenaria. Este capítulo tem por base as indicações preconizadas no Eurocódigo 6.

No capítulo 5. Comportamento estrutural de edifícios de alvenaria estudam-se quais as condicionantes


na construção de edifícios de alvenaria não armada, quer externas quer internas, descrevendo-se o
comportamento que caracteriza este tipo de estruturas (quando sujeitas a diferentes tipos de
carregamentos) e os cuidados necessários a ter aquando do seu dimensionamento.

No capítulo 66. Análise estrutural e estado limite são apresentados os métodos utilizados no
Eurocódigo 6 e na norma italiana para a realização das verificações de segurança ao estado, desde
os modelos utilizados para a realização da análise estrutural ao cálculo dos esforços resistentes.

No capítulo 7 é realizado um caso de estudo sobre a viabilidade de uma estrutura propositadamente


idealizada para esta dissertação. Neste capítulo são efectuadas verificações de segurança ao estado
limite último e ao estado limite de serviço quando os edifícios são sujeitos a acções sísmicas de
diferentes intensidades.

No capítulo 8. Conclusões são apresentadas as principais conclusões desta dissertação e sugerem-se


desenvolvimentos futuros.

2
2. A Construção em Alvenaria Estrutural

2.1. História da Alvenaria Estrutural

Os primeiros exemplares de construção em alvenaria datam da longínqua antiguidade, há cerca de


10000 anos. A alvenaria é, sem dúvida, a técnica construtiva mais antiga, podendo ser encontrados um
pouco por todo o mundo incríveis vestígios desta técnica escolhida por engenheiros e arquitectos
devido à sua beleza, durabilidade e versatilidade. As pirâmides do Egipto, o Coliseu de Roma, a grande
muralha da China ou o Taj Mahal, são algumas das mais significantes construções em alvenaria
espalhadas pelo mundo (ver Figura 1).

Figura 1 - a) Pirâmides de Gizé b) Coliseu de Roma [1] c) Grande muralha da China [2] d) Taj Mahal [3]
E, se a história da civilização é a história da construção/arquitectura, a história da
construção/arquitectura é a história das alvenarias.

Desde sempre o homem sentiu necessidade de se proteger sendo que os seus primeiros abrigos foram
as grutas e apenas mais tarde começou a construir utilizando materiais fornecidos pela natureza.

Com a sedentarização o homem começou a construir locais de residência habitual e, entre 9000 e 7000
a.C., o desenvolvimento social e económico permitiu a construção de vilas e de cidades. Jericó (Figura
2), cidade fortificada considerada a mais antiga do mundo e uma das mais importantes da época,
constitui, com as suas sólidas muralhas cilíndricas, um exemplo por excelência de uma manifestação
arquitectónica impressionante.

3
Figura 2 – Cidade de Jericó [4]
A construção em alvenaria desde sempre utilizou diversos materiais, sendo maioritariamente
empregues aqueles que estavam disponíveis junto dos locais de construção. Junto das margens dos
rios utilizavam-se os depósitos aluviais para a construção dos tijolos de barro (na cultura mesopotâmica
pode verificar-se a utilização nos edifícios antigos). Nas zonas de montanha ou rochosas utilizava-se a
pedra (no Egipto foram construídos enormes edifícios de pedra ao longo das margens do rio Nilo). No
ártico utilizam-se blocos de gelo para a construção dos igloos.

As primeiras habitações permanentes em alvenaria de pedra foram encontradas no lago Hullen, em


Israel, e datam de 9000 a 8000 a.C. Os primeiros edifícios tinham forma redonda em planta, cujas
coberturas eram tectos em cúpula (Khiroitikia, Chipre, é disso um exemplo com as suas casas em forma
de colmeia, paredes em alvenaria de pedra e telhados de adobe em forma de cúpula, Figura 3) [5].De
facto, a pedra foi o primeiro, e provavelmente o mais importante material utilizado na construção em
alvenaria. Desde as civilizações pré-históricas e da antiguidade foi utilizada em habitações, templos,
fortificações, estradas e pontes. A argamassa, quando existia, era terra compactada entre dois blocos
de pedra.

Figura 3 – a) Reconstituição de Khirotikia (aldeia neolítica no Chipre) b) Reconstituição das casas em terraço de
Çatal Hüyük [5]
À medida que as ferramentas evoluíram, a pedra começou a ser aparelhada, empilhada, usada em
simultâneo com pedras menores e acamada em argila. A evolução das técnicas de corte permitiu fazer
unidades com forma poligonal ou quadrada, de modo a obter juntas finas, que melhoravam a
durabilidade. Actualmente, devido ao seu elevado custo e dificuldade de utilização, a grande maioria
do trabalho feito em pedra nos edifícios não é estrutural, sendo apenas utilizada como material de
revestimento.

A transição para a forma de construção rectangular deu-se por volta de 7700 a 7600 a.C., permitindo a
construção de espaços mais amplos (em Çatal-Hüyük, Anatólia, que remonta a 6500 a.C., as casas de
tijolo formam um bloco compacto onde a circulação se fazia através das coberturas em terraço,Figura

4
3 – b)) [5]. As casas eram então caracterizadas pelo reboco das paredes, feitas com blocos alongados
de barro, secos ao sol [5].

O tijolo de argila (ou cerâmica) é o produto de construção mais antigo inventado e construído pelo
homem, há mais de 10 000 anos. Nos vales dos rios Nilo, Tigre e Eufrates, a abundância em argila
(matéria prima) e o clima quente e seco (necessário para secar o tijolo) levaram ao desenvolvimento
dos tijolos cerâmicos, tendo estes sido utilizados na Babilónia, Egipto, Espanha, América do Sul e terras
indígenas dos Estados Unidos da América. A sua simplicidade, resistência e durabilidade deram-lhe
um lugar dominante na história da construção, em paralelo com a pedra.

Os primeiros tijolos eram feitos à mão, secos ao sol e reforçados com diversos materiais (palha e areia
eram utilizadas para prevenir a retracção e fendilhação). Posteriormente eram deitados sobre
argamassa de lama, colocados em paredes na horizontal, diagonal ou combinação de ambos. Eram
tão resistentes que foram utilizados durante um longo período. Os primeiros tijolos cozidos surgiram
apenas por volta de 4000 a.C., o que permitiu a sua utilização na construção de grandes obras, pois
tinham uma maior resistência e durabilidade. Exemplo disso é a cidade da Babilónia (1900-600 a.C.)
(ver Figura 4), situada nas margens do rio Eufrates e onde foi, provavelmente, construído o primeiro
arranha-céus, uma vez que se estima que a torre de Babel tivesse 90 m de altura, crê-se que esta fosse
um zigurate composto por sete terraços sobrepostos em escada e coroados com um templo.

Figura 4 – Torre de Babel, Babilónia [6]


Mais tarde na Grécia, entre outros materiais, usaram-se também tijolos cerâmicos. No entanto, só com
os romanos é que a sua utilização se estendeu a toda a Europa ocidental.

Na Europa, pelo menos desde os tempos romanos até há uns séculos atrás, o fabrico dos tijolos era
um processo que podia demorar até 5 anos. Os materiais argilosos utilizados na produção das unidades
eram misturados com água para criar uma pasta homogénea que depois era colocada nos moldes. As
unidades só eram colocadas no forno depois de envelhecerem à sombra, de preferência durante dois
anos.

A revolução industrial trouxe a mecanização na produção dos materiais de construção. A primeira


máquina para fabrico de unidades de argila foi patenteada em 1619. Contudo, apenas em meados do
século XIX, os fabricantes de tijolos desenvolveram métodos mecânicos para preparar e moldar os
tijolos. O ponto de viragem no fabrico de unidades deu-se em 1858 com a introdução do forno de
Hoffmann, que permitiu fazer do processo de fabrico um processo contínuo. Actualmente é possível
completar o processo em menos de uma semana.

5
Referiu-se anteriormente que a argamassa, quando existia, era terra compactada entre dois blocos de
pedra. As argamassas antigas, que podiam ser de argila, betume, misturas de palha e barro, foram
primeiramente utilizadas para preencher fendas e criar uma camada uniforme para assentar as
unidades.

Depois dos egípcios utilizarem gesso calcinado, os gregos e os romanos adicionaram calcário e água
e, juntando ao tijolo areia e pedra esmagada, produziram os primeiros tipos de betão. Os romanos
descobriram que as argamassas de calcário não endureciam debaixo de água, mas que adicionando
cinzas vulcânicas se obtinha o que ficou conhecido como cimento pozolânico. O Coliseu de Roma
(Figura 1 b)) é exemplo de uma estrutura ligada com argamassa de cimento pozolânico que resistiu
bem ao longo dos tempos.

Os cimentos e as argamassas não registaram grande evolução até ao século XVIII, quando John
Smeaton, na construção do Eddystone Lighthouse (Figura 5), em Inglaterra, juntou pozolanas com
calcário contendo uma elevada percentagem de matéria argilosa, produzindo uma argamassa durável
que endurecia debaixo de água. Foi ainda em Inglaterra, no século XIX, que Joseph Aspdin patenteou
e fabricou o cimento de Portland. A combinação deste cimento com areia, calcário e água produziu
uma argamassa bastante mais resistente que também endurecia debaixo de água.

Figura 5 – Eddystone Lighthouse [7]


As primeiras unidades de betão forma feitas em meados de 1800, quando se desenvolveram cimentos
de melhor qualidade. Por volta de 1866 desenvolveram-se moldes de madeira que permitiram produzir
tijolos furados. Os blocos de betão modernos são fabricados fazendo vibrar, agregando num molde sob
pressão, a mistura de cimento Portland e a areia.

Como já referido, com a revolução industrial a produção de tijolos registou um desenvolvimento, sendo
que, em meados do século XIX, a grande parte dos edifícios era construída em alvenaria de tijolo
cerâmico. Eram edifícios cujas paredes apresentavam uma maior espessura na base resultante do
dimensionamento das suas paredes se basear em regras empíricas, bem como da ausência de paredes
de contraventamento, exemplo claro desta realidade é o edifício Monadnock (Figura 6), em Chicago,
nos Estados Unidos da América, que com 16 pisos tem paredes que atingem os 1,82m de espessura.

6
Figura 6 –Edifício Monadnock, Chicago, EUA
Ainda no século XIX despontaram novas técnicas de construção que vieram destronar a construção
em alvenaria. Inicialmente com recurso a elementos como vigas e pilares de ferro fundido que
permitiam a construção de paredes com uma espessura menor na base e, posteriormente, já no século
XX, com a utilização do betão armado (material de construção que, sendo relativamente económico,
alia a resistência, a durabilidade e a facilidade de manuseamento), a alvenaria enquanto solução
estrutural entrou em desuso nos países com maior sismicidade.

Em resumo, a alvenaria e o betão eram vistos como soluções pouco atractivas, contudo, ao serem
associados ao aço, o betão armado conquistou um lugar de destaque, ao contrário da alvenaria
armada.

Esta realidade foi reforçada pela constatação, em grande parte motivada pelos danos causados por
três sismos de grande intensidade (S. Francisco em 1906, Messina em 1908 e Tóquio em 1923), de
que, comparativamente com a construção em betão armado, a construção em alvenaria demostrava
um comportamento inferior em situações de sismo.

Contudo, é um facto que, ao longo do tempo, diversas construções em alvenaria têm resistido às
acções sísmicas. O que se explica pela regularidade da forma e construção das estruturas
(homogéneas e contínuas, sendo capazes de dirigir adequadamente os esforços induzidos pelos
sismos), bem como pela correcta utilização de materiais de construção (capazes de fornecer uma
resistência adequada às acções horizontais). Porém, a experiência tem confirmado que a alvenaria não
armada tem um fraco comportamento quando sujeita à acção sísmica, pelo que apenas deve ser
utilizada em edifícios de pequeno porte. Já a alvenaria confinada e a alvenaria armada têm
demonstrado, em situações semelhantes, um excelente comportamento. A construção de edifícios
baseada em paredes de contraventamento em que paredes e lajes resistem como um todo às acções
horizontais possibilitou, em zonas pouco sísmicas e recorrendo à alvenaria simples, a existência de
edifícios com elevado número de pisos e paredes com espessura moderada.

Assim, em meados do século XX, as estruturas de alvenaria voltam a ser tidas em linha de conta,
encaradas de uma perspectiva mais actualizada, com novas formas de dimensionamento. Iniciam-se
estudos na tentativa de atingir uma melhor compreensão do seu funcionamento estrutural, aplicando-
se às alvenarias os princípios de dimensionamento utilizados noutros sistemas estruturais.

7
Em Portugal o decréscimo da utilização da alvenaria estrutural foi mais acentuado do que noutros
países. Actualmente as estruturas reticuladas de betão armado são as mais utilizadas, preenchidas
com paredes de alvenaria não resistente. Todavia, as construções antigas ainda existentes em território
nacional contribuem para que o número de edifícios em alvenaria seja bastante elevado e, suportada
pelo Eurocódigo 6 e pelo Eurocódigo 8 que vieram colmatar a falta de regulamentos e de normas
disponíveis, é expectável que a construção em alvenaria estrutural em Portugal registe um acréscimo.

2.2. Construções Antigas em Alvenaria

É vulgar considerar edifícios de alvenaria antiga aqueles que são construídos com tecnologias
tradicionais, com regras de cálculo baseadas na experiência, na prática de edificar e na observação do
comportamento estrutural ao longo do tempo de vida das construções, ou seja, utilizando regras
puramente empíricas.

2.2.1. Construção em alvenaria antiga

Quando se constrói, existem dois problemas: como alcançar altura e espaços amplos, isto é, como
construir na vertical e na horizontal. Utilizando a alvenaria, a primeira é conseguida através de pilares,
torres e paredes e a segunda através de lintéis, vigas e arcos. Algumas formas estruturais, como
abóbadas ou cúpulas, permitem construir em simultaneamente na vertical e horizontal. Sendo lícito
considerar que o arco e a cúpula em alvenaria foram provavelmente as evoluções mais importantes da
arquitectura.

2.2.1.1. Construção em Altura

2.2.1.1.1. Pirâmides
A forma estrutural das pirâmides, que têm o desenvolvimento lógico de uma pilha de pedra, foi
amplamente utilizada. As primeiras pirâmides brutas, “Mastabas” (Figura 7 a)), que foram construídas
pelos egípcios em 3 000 a.C., eram túmulos de tijolo de barro. Outro tipo de pirâmide encontrado na
mesopotâmia foi o “Zigurate” (Figura 7 b)), uma montanha artificial de argila e tijolo, com alturas até
aos 53 𝑚, com uma escadaria que levava a um templo no topo. A construção em pirâmide chegou ao
seu auge por volta de 2580 a.C. quando os egípcios usaram pedra coberta com argamassa para
construir a Grande Pirâmide de Gizé (Figura 7 c)), uma estrutura com 147 𝑚 de altura que, apesar de
ter uma altura baixa relativamente ao máximo teórico, permaneceu como a estrutura mais alta do
mundo até ao séc. 𝑋𝐼𝑋 [8].

8
Figura 7 –tipos de pirâmides a) Mastaba b) Zigurate c) Grande pirâmide de Gizé [8]

2.2.1.1.2. Paredes
Paredes com faces verticais têm muito menos material do que as pirâmides, mesmo que nos tempos
antigos fossem invariavelmente paredes sólidas e maciças. Este tipo de parede era utilizado, entre
outros, para contenção de terras, fortificação de comunidades, fachadas de edifícios. Eram construídas
com pedra, tijolos secos ao sol, tijolos cozidos no forno, com várias técnicas construtivas e diferentes
qualidades. As paredes antigas evoluíram desde entulho até à alvenaria de cantaria, onde a pedra era
cortada e exigia finas, ou mesmo inexistentes, camadas de argamassa. Uma técnica de construção
intermédia consistia em dois panos externos finos com uma camada interior preenchida com pedra
(não cortada) com argamassa, tendo os romanos utilizado este tipo de parede preenchidas no interior
com um tipo de betão.

Um tipo de parede anterior consistia na colocação de tijolos de barro deitados em argamassa de “lama”
ou betume. Era utilizado um manto de junco em algumas juntas para fortalecer a parede e controlar a
retracção.

A estabilidade deste tipo de paredes pode ser entendida pelo conceito da linha de pressões, lugar
geométrico dos pontos de aplicação das resultantes das tensões actuantes nas suas diferentes secções
transversais.

2.2.1.1.3. Pilares e torres


Uma secção transversal sujeita a flexão é mais eficiente quando os materiais
estão concentrados nas extremidades [8]. Este propósito foi utilizado na
construção de torres, onde as paredes do perímetro delimitam um espaço
central. Como por exemplo um dos Pilares da Victória, Trajan’s Column (Figura
8), erguidos em Roma, 113 d.C.. Também neste caso a estabilidade da
estrutura pode ser analisada de acordo com a linha de pressões [8].

Figura 8 – Trajan’s
Column [34]

9
2.2.1.2. Construção na horizontal

2.2.1.2.1. Vigas e lintéis


Os homens primitivos colocavam uma pedra horizontal a ligar outras duas na vertical. Neste sistema
pilar-lintel, a pedra horizontal (lintel) flecte, produzindo forças e compressão na parte superior e forças
de tracção na parte inferior. Como a resistência à tracção da pedra é baixa e tem tendência a fendilhar,
o lintel tem de ter uma secção transversal elevada sobre uma pequena distância. Pilar-lintel é uma
forma fundamental de construção em alvenaria utilizada em todo o mundo, desde Stonehenge à
clássica arquitectura grega do Pártenon em Atenas. Os lintéis são também utilizados para servir de
suporte à alvenaria sobre aberturas em paredes [8].

2.2.1.2.2. Arcos
O arco de alvenaria é um dos elementos estruturais mais antigos, tendo nascido há 6 000 anos na
Mesopotâmia, mas foi com os Etruscos e posteriormente com os Romanos (primeiro milénio a.C.) que
esta tecnologia se desenvolveu. O arco, uma vez que tem um comportamento à compressão
(característica mais importante de elementos de alvenaria), permite que esta técnica construtiva vença
grandes vãos. Um exemplo deste elemento estrutural é o arco da Rua Augusta em Lisboa (Figura 9).

Figura 9 – Arco da Rua Augusta [9]

2.2.1.3. Espaço envolvente

Os elementos estruturais supracitados não fecham um espaço. Nas pirâmides, por exemplo, o quarto
do rei ocupava apenas 1/4000 do volume, conseguido pela repetição do método construtivo pilar-lintel.
Elementos estruturais que possibilitam a construção na vertical e na horizontal em simultâneo,
permitindo assim fechar espaços, podem ser conseguidos pela translação ou rotação de um arco,
formando uma abóbada ou cúpula, respectivamente. Com arcos, abóbadas e cúpulas conseguiram-se
extraordinárias realizações arquitectónicas em alvenaria.

2.2.1.3.1. Abóbadas
A abóbada é um elemento construtivo em forma de arco que pode ser pensado como a forma criada
pela translação de um arco sobre o seu eixo vertical. Os Romanos utilizavam muito este método, onde
utilizavam uma combinação de tijolo e betão, por exemplo a basílica de Constantina com um vão de 25
metros.

10
2.2.1.3.2. Cúpulas
Outro elemento estrutural que delimita o espaço é a cúpula, sendo um dos maiores exemplos o Panteão
de Roma (Figura 10). Esta pode ser pensada como a forma criada pela rotação de um arco sobre o
seu eixo vertical. As verdadeiras cúpulas consistem em filas horizontais de unidades de alvenaria com
mais ou menos juntas radiais.

Figura 10 – Panteão de Roma a)imagem [10] b) esquema representativo [8]

2.2.1.4. Desenvolvimento de estruturas em edifícios

Grande parte dos edifícios construídos antigamente, eram-no tendo em conta que as unidades de
alvenaria resistiam quer ao seu peso próprio, quer às restantes cargas permanentes e sobrecargas. A
utilização de alvenaria não estrutural em edifícios é um conceito recente, sendo utilizada pelo aspecto
estético e qualidade duradoura, não servindo de suporte.

À medida que as técnicas foram evoluindo passaram a utilizar-se apenas alvenaria e madeira para as
estruturas de suporte. A dificuldade em construir na horizontal com alvenaria era um constrangimento
para os construtores primórdios, pelo que quase sempre utilizavam madeira para estes elementos.
Consequentemente, as paredes de alvenaria tinham lintéis de madeira nas aberturas. Os pisos
intermédios também eram de madeira e os telhados eram emoldurados por madeira e revestidos a
terra, relva ou palha, etc.

2.2.1.4.1. Pilar e Lintel


Muitos edifícios antigos eram totalmente feitos de madeira, recorrendo a colunas e pilares para construir
na vertical e vigas e lintéis para os elementos horizontais. Nenhuma destas construções existe hoje em
dia pois as construções em madeira têm um curto período de vida. Por este motivo os edifícios culturais,
que se pretendiam mais duradouros eram construídos utilizando pilares e lintéis de pedra. Nestes
edifícios, colunas pouco espaçadas entre si, suportavam os lintéis de pedra, que por sua vez
suportavam lintéis mais esbeltos ou lajes de pedras para formar um telhado plano.

2.2.1.4.2. Abóbadas e cúpulas


O desenvolvimento do arco substituiu a utilização de pedra pesada e vulneráveis lintéis de madeira em
paredes de pedra ou de alvenaria em aberturas. De forma semelhante, abóbadas e cúpulas permitiram
a construção de grandes aberturas resistentes ao fogo, ainda que a madeira continuasse fosse utilizada
para suportar as telhas [8].

Grande engenho foi por vezes utilizado na combinação de abóbadas por forma a criar edifícios
agradáveis. O culminar deste desenvolvimento foi a abóbada em cruz ou em aresta. Cúpulas

11
hemisféricas foram colocadas em cima de paredes cilíndricas, poligonais ou quadradas, sendo que nos
últimos casos, as paredes eram suficientemente espessas para conter a base da cúpula ou, sendo
mais finas e utilizavam-se lintéis ou arcos nos cantos [8].

2.2.1.4.3. Edifícios de um piso


Os edifícios de um piso de alvenaria evoluíram a partir dos edifícios domésticos simples, bem como
dos construídos pelos romanos nos primeiros quatro séculos d.C.. Na altura, o tipo de habitação mais
pequeno, consistia numa única divisão formada por paredes de alvenaria que suportavam um loft de
madeira e o telhado coberto com telhas. O peso das paredes e do telhado era relativamente baixo, pelo
que a principal função estrutural das paredes de alvenaria era resistir aos sismos e ao vento. Isto foi
conseguido pela introdução de paredes finas que eram apoiadas nas paredes exteriores para melhorar
a estabilidade aos carregamentos laterias [8].

2.2.1.4.4. Edifícios com vários pisos


Uma versão dos edifícios anteriores com vários pisos (cinco ou mais andares) também foi construída
pelos romanos durante o primeiro século d.C.. Estas habitações eram geralmente de planta rectangular,
subdividida em quartos, em passagens e em escadas por meio de paredes de tijolos de betão com 1 𝑚
de espessura [8]. A compartimentação em planta conferia uma boa resistência às forças laterais. Como
estes edifícios tinham um tipo de construção semelhante ao utilizado nos dias de hoje, estes edifícios,
surpreendentemente exibem uma aparência moderna [8].

2.2.1.4.5. Performance dos edifícios existentes


Muitos dos edifícios construídos há vários séculos atrás, baseados na intuição, julgamento e
experiência, ainda se encontram de pé. São estruturas basicamente não reforçadas cuja estabilidade
depende da sua massa. Os métodos de análise actuais podem levar a considerar que muitas dessas
construções não são seguras. Mas simples análises podem limitar a nossa capacidade para entender
o comportamento desses edifícios e a sua resposta aos diversos carregamentos. A fendilhação de
estruturas de alvenaria não armada, num ou outro local, não implica que a estrutura não se encontre
segura [8].

2.3. Estruturas contemporâneas em alvenaria

Conseguir estabilidade lateral recorrendo apenas à gravidade obriga a espessuras elevadas, pelo que
os elementos resistentes se tornam economicamente pouco viáveis. Era este o caso de muitos edifícios
antigos que, para evitar esforços de tracção provocados pela excentricidade dos carregamentos
verticais e horizontais, eram dimensionados utilizando o peso dos pisos e paredes espessas. Assim,
projectistas e construtores estudaram alternativas para tentar reduzir a espessura dos elementos, sem
prejuízo da estabilidade destes. Materiais de fabrico, métodos de análise e técnicas de construção mais
eficazes permitiram o desenvolvimento das estruturas de alvenaria, estando actualmente disponíveis
unidades de alta resistência (com diferentes formas e texturas) e argamassas com elevada qualidade,
e outros tipos de soluções. Foi o desenvolvimento da alvenaria armada e, posteriormente, da alvenaria
confinada que possibilitou o aumento da construção em alvenaria em zonas sísmicas.

12
Paredes, colunas e vigas são três elementos considerados na construção em alvenaria. Sendo que as
vigas não serão abordadas nesta dissertação uma vez que a maioria é construída em betão armado.

As paredes podem ser de diversos tipos como por exemplo, simples, duplas, de dois panos, com juntas
descontínuas, de face à vista ou paredes diafragma. As colunas são em geral de secção rectangular,
mas podem existir colunas com vários tipos de secções.

2.3.1. Paredes de alvenaria

As paredes podem ser de diversos tipos: simples, duplas, de dois panos, com juntas descontínuas,
face à vista, ou paredes diafragma.

Paredes simples (Figura 11): são constituídas exclusivamente por um pano de unidades de alvenaria
(tijolos sólidos, celulares ou furados), com uma junta horizontal ao longo da espessura da parede. Este
tipo de paredes resistentes, geralmente utilizado no interior dos edifícios, servem de apoio às vigas
onde se apoiam os pavimentos [11].

Figura 11 – Exemplos de paredes simples de alvenaria


Paredes dupla (Figura 12): são formadas por dois panos de alvenaria simples (afastados entre si pelo
menos 50 𝑚𝑚, podendo esse espaço ser preenchido por um isolante) ligados entre si por ligadores
metálicos com o intuito de aumentar a resistência do conjunto, reduzindo assim as deformações devido
aos carregamentos. Este tipo de paredes é empregue em paredes exteriores, tanto para resistir ao
carregamento vertical (geralmente suportado apenas pelo pano interior) como ao carregamento lateral
(suportado pelos dois panos) e para prover resistência contra a chuva e contra o fogo, bem como
funcionar como isolamento térmico e acústico [11].

Figura 12 – Exemplos de paredes duplas de alvenaria [11]


Paredes de dois panos (Figura 13): são constituídas, ao longo da sua espessura, por mais do que uma
unidade ligadas por argamassa podendo ser reforçada por ligadores metálicos.

13
Figura 13 – Secção transversal de uma parede de dois panos [5]
Paredes com juntas descontinuas (Figura 14): a argamassa onde as unidades de alvenaria assentam
é posta em duas faixas, ao longo das arestas exteriores das juntas de assentamento.

Figura 14 – Secção transversal de uma parede com juntas descontínuas [5]


Paredes de face à vista (Figura 15): são formadas pela ligação entre si de tijolos com duas tipologias
diferentes, obtendo-se assim uma parede com melhores características. Uma vez que a resistência
global destas paredes é determinada com base nas unidades de menor resistência, é conveniente
utilizar materiais como características semelhantes. Geralmente são utilizadas por razões
arquitectónicas quando se quer que um tipo de unidade esteja visível [12].

Figura 15 – Parede de face à vista [11]


Paredes diafragmas (Figura 16): são caracterizadas por terem um grande vazio no seu interior
formando uma espécie de parede oca. São paredes de alvenaria simples ligadas entre si, obtendo-se
uma resposta conjunta às acções de compressão e flexão [8] e caracterizam-se por terem um grande
vazio no seu interior formando uma espécie de parede oca. São utilizadas quando se pretende construir
uma estrutura que envolva um pilar, podendo ter variadíssimas formas. A forma deste elemento resulta
num elemento em que os seus elementos trabalham como se de uma secção, onde as paredes
paralelas trabalham como banzo, que resistem a esforços de flexão e a paredes transversais que se
comportam como almas, resistindo aos esforços de corte [11].

Figura 16 – Secções resultantes de uma configuração de paredes de diafragma [11]

14
2.3.2. Colunas

Em alvenaria, as colunas (Figura 17) são elementos estruturais verticais isolados que transmitem os
esforços de compressão do edifício para as fundações. Regra geral uma coluna tem normalmente uma
secção transversal rectangular. Idealmente os esforços aplicados na coluna têm de ser aplicados de
forma concêntrica, por forma a minimizar os esforços de flexão. O aumento da resistência à
compressão de uma coluna pode ser obtido através do aumento da resistência à compressão das
unidades (tipo de unidade usada), do aumento da resistência à compressão da argamassa ou através
do preenchimento das células das unidades de alvenaria [8].

Figura 17 – Exemplos de secções de colunas [8]

2.4. Tipos de alvenaria

Em alvenaria estrutural não se utilizam vigas ou pilares, sendo as paredes e que compõem a estrutura
do edifício e distribuem uniformemente às fundações as cargas verticais e horizontais. Face ao aumento
da valorização do espaço, isto é, a redução da espessura das paredes e o incremento da distância
entre elementos verticais, bem como à importância das estruturas apresentarem um bom
comportamento quando solicitadas a acções horizontais, surgiu a necessidade de desenvolver novas
soluções de alvenaria estrutural.

Actualmente existem vários tipos de sistemas de construção em alvenaria, tradicionais e projectados,


que são utilizados em diferentes países. Devido às características da alvenaria o comportamento
sísmico destes sistemas de construção é diferente. Por exemplo, a alvenaria não armada representa
um material estrutural frágil, enquanto que a alvenaria armada, confinada ou pré-esforçada
representam sistemas estruturais com resistência e ductilidade aprimoradas.

2.4.1. Alvenaria não armada

Apesar de não ser considerada resistente aos sismos pelos Eurocódigos 6 e 8, seguindo algumas
regras de concepção é possível construir edifícios de alvenaria simples resistentes aos sismos.

É o tipo de alvenaria mais fácil de erguer uma vez que não tem reforço, a não ser a inclusão de juntas
leves para controlar a retracção. Estes elementos de alvenaria dependem, portanto, da capacidade
resistente da alvenaria para suportar os carregamentos. Uma vez que dependem das unidades de
alvenaria para resistir aos esforços, os elementos de alvenaria não armada apresentam uma elevada
resistência a esforços de compressão, mas resistência reduzida a esforços de tracção. Assim, estes
elementos de alvenaria devem ser dimensionados de forma a terem tensões inferiores à tensão de
rotura à tracção, caso contrário a secção fendilha.

15
2.4.2. Alvenaria armada

Apesar da alvenaria antiga ser essencialmente simples, eram usados laços de metal parra conectar
unidades entre si. A igreja de St. Genevieve (Paris, 1770) (Figura 18) foi um exemplo inicial do uso de
barras de ferro forjado embebidas em alvenaria de pedra como armadura [8]. No entanto, a alvenaria
armada tal como hoje é conhecida não era utilizada em edifícios até há cerca de um século atrás, em
parte devido à falta de códigos práticos satisfatórios como os agora existentes. A partir desse momento
passou a ser essencialmente utilizada em zonas sísmica activas como Japão, Estados Unidos ou Índia.

Figura 18 – Igreja de St. Genevieve a) Fachada principal b) esquema representativo [13]


A alvenaria armada é um sistema de construção onde a armadura é embutida na argamassa ou
colocada em alvéolos que preenchidos com betão de enchimento (Figura 22).

A armadura é essencialmente incorporada para resistir a esforços de tracção e de corte e para dotar
os elementos de adequada ductilidade (deformabilidade) melhorando a capacidade de dissipação de
energia das estruturas. O que tem como consequência um melhor comportamento sísmico. Para
alcançar esta melhoria é necessário que o reforço esteja integrado na alvenaria por forma a obter-se
um comportamento monolítico quando sujeito às forças sísmicas e gravíticas. Em certos casos
estruturas de alvenaria armada têm vantagens sobre estruturas de betão, uma vez que eliminam a
necessidade de cofragens e produzem paredes expostas de atraente aparência.

2.4.3. Alvenaria confinada

Nos últimos 100 anos surgiram estruturas de alvenaria confinada (Figura 19) como alternativa à
alvenaria armada e ao betão armado, sendo que alvenaria confinada tem características de ambos. A
alvenaria confinada é uma composição de panos de parede de alvenaria que se encontram delimitados
em todos os seus quatro lados por dois elementos verticais (colunas de ligação que se assemelham a
pilares de betão armado, excepto que tendem a ter dimensões menores), e por dois elementos
horizontais (vigas de ligação que não se destinam a funcionar como vigas convencionais, pois as
paredes de alvenaria confinada suportam as cargas). Estes elementos de confinamento são betonados
após a construção das paredes de alvenaria que por sua servem de cofragem, visando melhorar o
comportamento da alvenaria, sobretudo às acções horizontais.

Os painéis de alvenaria, em conjunto com as colunas de ligação, transmitem as cargas gravíticas das
lajes até à fundação. As paredes confinadas pelos elementos de betão armado não devem ter aberturas
significativas de modo a garantir uma performance satisfatória em caso de sismo. Os elementos
confinantes são eficazes na melhoria da estabilidade e da integridade das paredes de alvenaria quando

16
estas são sujeitas a forças sísmicas no próprio plano e fora dele. Estes elementos confinantes impedem
uma resposta frágil por parte das paredes de alvenaria e protegem-nas de uma completa desintegração
[14].

Testes experimentais e casos reais após a ocorrência de sismos, mostraram que o confinamento das
paredes de alvenaria resultou na melhoria da ligação entre paredes estruturais, na estabilidade de
paredes esbeltas e na resistência e ductilidade dos painéis de alvenaria, bem como na redução do risco
de desintegração dos painéis de alvenaria danificados pelo sismo.

Figura 19 – Etapas da construção de uma parede de alvenaria confinada [14]

2.4.4. Alvenaria pré-esforçada

A utilização de barras de aço de alta resistência para pré-esforçar alvenaria é, no entanto, uma inovação
recente. Neste tipo de alvenaria as barras de aço são inseridas em localizações apropriadas, no centro
dos elementos de alvenaria, por forma a que a distribuição das tensões seja uniforme ao longo da
secção transversal, evitando esforços de tracção, e depois apertadas contra placas finais de forma a
comprimir os elemento (Figura 22 b)). Estes elementos são tipicamente dimensionados para que não
existam tracções (livre de fendilhação) sob cargas de serviço. Esta técnica foi particularmente utilizada
em estruturas baixas como escolas ou bibliotecas, onde as cargas laterais devido ao vento, produzem
momentos de flexão excessivos para a alvenaria tradicional.

17
2.5. Regulamentos para estruturas de alvenaria

Existe uma atitude negativa generalizada em relação à construção de novos de edifícios utilizando
alvenaria estrutural, uma vez que grande parte dos colapsos e mortes em sismos recentes foram devido
a performances inadequadas de edifícios de alvenaria não armada (geralmente não dimensionados,
de baixa qualidade ou habitações antigas). Isto explica o porquê da maioria da literatura científica e
técnica sobre o comportamento sísmico dos edifícios de alvenaria não armada e o porquê da alvenaria
não ser considerada como uma solução estrutural viável [15].

No entanto, é essencial referir que a grande maioria, se não a totalidade dos edifícios de alvenaria não
armada que colapsaram, não cumpriam a maioria dos requisitos que qualquer edifício novo tem de
satisfazer, de acordo com os códigos actuais bem como controlo da construção [15].

A construção em alvenaria não armada está longe de ser marginal em muitos países europeus,
continuando a ser uma solução bastante competitiva.

Nos últimos anos desenvolveram-se um pouco por todo o mundo várias regulamentações destinadas
a permitir o projecto estrutural de uma forma harmonizada em cada região. Na União Europeia têm-se
desenvolvido os Eurocódigos que abordam o dimensionamento estrutural de vários tipos de estruturas
tais como de betão armado, de aço, mistas (aço-betão), de madeira, de alvenaria ou de alumínio. Estes
Eurocódigos abordam aspectos relativos aos conceitos gerais de segurança, à definição das acções e
ao dimensionamento e pormenorização de estruturas nos vários materiais. Em cada país, cada parte
do Eurocódigo é acompanhada por um anexo nacional necessário à sua aplicação que contém os
Parâmetros de Determinação Nacional.

Em particular, para as estruturas de alvenaria, os Eurocódigos de interesse são os Eurocódigo 6 –


Projecto de estruturas de alvenaria e o Eurocódigo 8 – Projecto de estruturas para resistência aos
sismos. De salientar que, para além destes dois Eurocódigos directamente ligados às estruturas de
alvenaria, também os Eurocódigo 0 e 1, Bases para o projecto de estruturas e acções devem ser tidos
em consideração por serem transversais a todos os tipos de estrutura.

Também em Itália foram desenvolvidos códigos nacionais (Norma Italiana – NTC), onde constam os
seus próprios métodos.

2.5.1. Eurocódigo 6 – Projecto de estruturas de alvenaria

Em relação ao campo de aplicação do Eurocódigo 6 este regulamento “aplica-se ao projecto de edifícios


e de outras obras de engenharia civil, ou a partes de obras, de alvenaria não armada, armada, pré-
esforçada ou cintada”, “trata unicamente dos requisitos de resistência, de utilização e de durabilidade
das estruturas” e “não são considerados outros requisitos como, por exemplo, os relativos aos
isolamentos térmico ou acústico”.

O Eurocódigo 6 aplica-se ao projecto dos elementos de alvenaria que constituem parte integrante do
sistema estrutural da construção e a certos elementos que, apesar de não integrarem a estrutura
principal, suportam certas acções ou que apresentam esbeltezas ou complexidades assinaláveis.

18
A norma em questão apresenta os requisitos de resistência, de serviço e de durabilidade das estruturas,
enquanto que os restantes (tal como isolamento térmico ou acústico), não são considerados. É ainda
importante referir que este regulamento “não inclui as exigências especiais do projecto em zonas
sísmicas” e que “as disposições relativas a esses requisitos são definidas no Eurocódigo 8, que é
coerente com o Eurocódigo 6 e que o complementa”.

2.5.2. Eurocódigo 8 – Projecto de estruturas para resistência aos sismos

É de salientar, uma vez que Portugal se encontra numa zona de elevada sismicidade, que todas as
regras de dimensionamento propostas pelo Eurocódigo 6 têm de estar em consonância com o
preconizado no Eurocódigo 8.

A parte mais importante para a realização desta dissertação é a Parte 1: Regras gerais, acções
sísmicas e regras para edifícios, em particular os capítulos 3 (Condições de terreno e acção sísmica),
4 (Projecto de edifícios) e 9 (Regras específicas para edifícios de alvenaria).

2.5.3. Norma Italiana – NTC

Em 2003, um novo código sísmico surgiu em Itália, tendo sido concebido com o intuito de fazer a
transição entre o anterior código nacional italiano e a adopção do Eurocódigo 8. Este novo código, com
base na experiência adquirida e em testes realizados sugere coeficientes de comportamento diferentes
para alvenaria, possibilitando assim a sua construção em zonas com maior sismicidade.

19
3. Caracterização da acção sísmica de acordo com o Eurocódigo 8

3.1. Introdução

No estudo de qualquer edifício, considera-se que este se encontra sujeito a três tipos de acções de
natureza diferente: cargas permanentes, sobrecargas e acção sísmica, sendo que estas acções se
combinam entre si. A definição das acções, bem como as combinações das mesmas, assenta nos
pressupostos definidos nos Eurocódigo 0, Eurocódigo 1 e Eurocódigo 8.

3.2. Acção Sísmica

A acção sísmica utilizada para análise e dimensionamento de obras de Engenharia Civil situadas em
regiões sísmicas define-se tendo em conta os objectivos principais preconizados pelo Eurocódigo 8:

• Protecção das vidas humanas;


• Limitação dos danos;
• Manutenção da operacionalidade de estruturas importantes para a Protecção Civil.

A directriz indicada pelo Eurocódigo 8 para atingir os objectivos supra-referidos assenta nos requisitos:

• Requisito de não ocorrência de colapso – associado ao Estado Limite Último, tem como
objectivo prevenir colapsos locais ou mesmo o colapso global da estrutura sujeita à acção
sísmica de cálculo
• Requisito de limitação de danos – associado ao Estado Limite de Utilização, requer que a
estrutura resista sem ocorrência de danos e de limitações de utilização, a uma acção sísmica

O Eurocódigo 8 designa dois tipos de acção sísmica, com diferentes epicentros, magnitudes,
frequências, distâncias focais e durações: acção do tipo 1 e acção do tipo 2 (que se subdividem em
zonas sísmicas), bem como sete tipos de terreno: Tipo 𝐴, 𝐵, 𝐶, 𝐷, 𝐸, 𝑆1 e 𝑆2 .

3.2.1 Zonas Sísmicas

Para os dois tipos de acção sísmica são definidas zonas com o respectivo valor de aceleração máxima
de referência 𝑎𝑔 𝑅. Como se pode observar na Figura 20, em Portugal Continental é preciso considerar
a acção do tipo 1 e 2.

Figura 20 - Zonas sísmicas em Portugal continental [16]

20
3.2.2 Tipos de Terreno

Dado que o tipo de terreno onde está fundada uma estrutura, influência o cálculo da resistência sísmica
da mesma, o Eurocódigo 8 define diferentes tipos de terreno 𝐴, 𝐵, 𝐶, 𝐷, 𝐸, 𝑆1 , 𝑆2 , sendo a sua
classificação obtida pelo Quadro 3.1 – Tipos de terreno do Eurocódigo 8 reproduzida no Anexo 1 tendo
em conta os seguintes parâmetros: perfil estratigráfico; velocidade média das ondas de corte; número
de pancadas obtidas num ensaio SPT (𝑁𝑆𝑃𝑇 ); resistência não drenada do solo (𝐶𝑢 ).

Como preconizado no Eurocódigo 8, o tipo de terreno deve ser classificado de acordo com o valor da
velocidade média das ondas de corte, 𝑣𝑠,30 , se disponível. Caso contrário, deverá ser utilizado o 𝑁𝑆𝑃𝑇 ,
como se pode verificar no Anexo 1 – Tipos de terreno.

3.2.3 Classe de Importância

O Eurocódigo 8 preconiza que existem quatro classes de importância para edifícios, consoante as
consequências após a ocorrência de um sismo. Sendo essas consequências medidas em termos de
afectação de vidas humanas, em termos socioeconómicos e em termos de importância desses edifícios
para a segurança pública e para a protecção civil.

As classes de importância, segundo o Eurocódigo 8, apresentam-se no Quadro 1. Sendo que, em


Portugal, em função da classe de importância de cada edifício, se adoptam os coeficientes de
importância que figuram no Quadro 2.

Quadro 1 – Classes de importância para os edifícios

Classe de
Edifícios
Importância
Edifícios de importância menor para a segurança pública, como por exemplo
𝐼
edifícios agrícolas, etc.
𝐼𝐼 Edifícios correntes, não pertencentes às outras categorias
Edifícios cuja resistência sísmica é importante tendo em vista as consequências
𝐼𝐼𝐼 associadas ao colapso, como escolas, salas de reunião, instituições culturais,
etc.
Edifícios cuja integridade em caso de sismo é de importância vital para a
𝐼𝑉 protecção civil, como por exemplo hospitais, quartéis de bombeiros, centrais
eléctricas, etc.
Quadro 2 – Coeficientes de importância 𝛾1
Acção sísmica Tipo 1
Classe de Importância Acção sísmica Tipo 1
Continente Açores
𝐼 0,65 0,75 0,85
𝐼𝐼 1,00 1,00 1,00
𝐼𝐼𝐼 1,45 1,25 1,15
𝐼𝑉 1,95 1,50 1,35

Uma vez que esta dissertação se baseia no estudo de um edifício corrente, (classe de importância II
de acordo com o Quadro 2), é-lhe conferido um coeficiente de importância unitário.

3.2.4 Representação da Acção Sísmica

De acordo com Eurocódigo 8, a acção dos movimentos sísmicos nos edifícios é representado por um
espectro de resposta elástica da aceleração à superfície do terreno.

21
Segundo o Eurocódigo 8, em território nacional, a acção sísmica pode ser representada, tanto para a
acção sísmica do tipo 1 como para a do tipo 2, por um espectro de resposta de forma semelhante para
os dois tipos.

Segundo o Eurocódigo 8, o valor do coeficiente de correcção do amortecimento 𝜂, pode ser


determinado através da expressão (1):

10
η=√ ≥ 0,55 1
5+ξ
Para determinar o valor de cálculo da aceleração à superfície 𝑎𝑔 , utiliza-se o valor do coeficiente de
importância ϒ1 definido no Quadro 3 e os valores de 𝑎𝑔𝑅 definidos pelo do Anexo Nacional do
Eurocódigo 8:

Quadro 3 – Aceleração máxima de referência 𝑎𝑔𝑅 (𝑚⁄𝑠 2 ) nas várias zonas sísmicas

𝐴𝑐çã𝑜 𝑠í𝑠𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑇𝑖𝑝𝑜 1 𝐴𝑐çã𝑜 𝑠í𝑠𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑇𝑖𝑝𝑜 2


𝑍𝑜𝑛𝑎 𝑆í𝑠𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑎𝑔𝑅 (𝑚⁄𝑠 2 ) 𝑍𝑜𝑛𝑎 𝑆í𝑠𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑎𝑔𝑅 (𝑚⁄𝑠 2 )
1.1 2,5 2.1 2,5
1.2 2,0 2.2 2,0
1.3 1,5 2.3 1,7
1.4 1,0 2.4 1,1
1.5 0,6 2.5 0,8
1.6 0,35 – –

O valor do coeficiente de solo, 𝑆, é calculado tendo em conta as expressões (2), (3) ou (4), de acordo
com o valor de 𝑎𝑔 :

para 𝑎𝑔 ≤ 1 𝑚⁄𝑠 2 𝑆 = 𝑆𝑚𝑎𝑥 2


𝑆𝑚𝑎𝑥 − 1
para 1 𝑚⁄𝑠 2 ≤ 𝑎𝑔 ≤ 4 𝑚⁄𝑠 2 𝑆 = 𝑆𝑚𝑎𝑥 − (𝑎𝑔 − 1) 3
3
para 𝑎𝑔 ≥ 4 𝑚⁄𝑠 2 𝑆=1 4
Em que 𝑎𝑔 é o valor de cálculo da aceleração à superfície de um terreno do tipo A (em 𝑚⁄𝑠 2 ) e 𝑆𝑚𝑎𝑥 o
parâmetro cujo valor é indicado nos Eurocódigo e no Anexo Nacional do Eurocódigo 8.

Os valores dos parâmetros definidores do espectro de resposta elástico para a acção sísmica do tipo
1 e do tipo 2, encontram-se estipulados no Quadro 4 a) e b), respectivamente:

Quadro 4 – Valores dos parâmetros definidores do espectro de resposta elástico para a acção sísmica. a) Tipo 1
b) tipo 2
𝑇𝑖𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑒𝑛𝑜 𝑆 𝑇𝐵 (𝑠) 𝑇𝐶 (𝑠) 𝑇𝐷 (𝑠) 𝑇𝑖𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑟𝑟𝑒𝑛𝑜 𝑆 𝑇𝐵 (𝑠) 𝑇𝐶 (𝑠) 𝑇𝐷 (𝑠)
𝐴 1,0 0,15 0,4 2,0 𝐴 1,0 0,05 0,25 1,2
𝐵 1,2 0,15 0,5 2,0 𝐵 1,35 0,05 0,25 1,2
𝐶 1,15 0,20 0,6 2,0 𝐶 1,5 0,10 0,25 1,2
𝐷 1,35 0,20 0,8 2,0 𝐷 1,8 0,10 0,30 1,2
𝐸 1,4 0,15 0,5 2,0 𝐸 1,6 0,05 0,25 1,2
a) b)

22
3.3. Coeficiente de Comportamento

As acções sísmicas são acções acidentais que dependem da sismicidade de cada zona e que
raramente ocorrem durante o período de vida da estrutura. Contudo, devido ao poder destrutivo dos
sismos e à impossibilidade de prever a sua ocorrência, a estabilidade e a segurança dos edifícios
localizados em zonas sísmicas devem ser verificadas para a eventualidade de estes virem a estar
sujeitos a acções sísmicas [17].

Uma vez que as acções sísmicas podem ter elevada intensidade, tornam o dimensionamento das
estruturas em regime linear pouco viável quer a nível económico quer a nível prático. Assim, o
dimensionamento é feito retirando partido do comportamento não linear dos materiais com capacidade
de dissipar a energia que o sismo transmite à estrutura. Desta forma, é possível dimensionar as
estruturas para esforços inferiores aos elásticos.

A recente evolução dos programas de cálculo estrutural tornou viável a realização de análises não
lineares. Contudo, o comportamento não linear das estruturas em geral continua a ser considerado de
forma implícita na prática corrente de projecto, através da divisão dos esforços das análises elásticas
pelo coeficiente de comportamento. Este coeficiente depende essencialmente da ductilidade e
capacidade de dissipação de energia e da admissibilidade de explorar essa ductilidade [18].

A possibilidade de tirar partido do comportamento não linear dos materiais e consequentemente do


sistema estrutural, deriva do facto de a acção sísmica corresponder a deslocamentos impostos às
estruturas e não a forças aplicadas.

Para edifícios de alvenaria, o Eurocódigo 8 sugere valores do coeficiente de comportamento entre 1,5
e 2,5, recomendando, no entanto, o valor inferior para alvenaria não armada e valores superiores dentro
do intervalo para alvenaria armada e confinada.

Durante o desenvolvimento da norma italiana NTC, os estudos levados a cabo para edifícios de
alvenaria não armada mostraram que era recomendável utilizar valores superiores aos do Eurocódigo
8 para o coeficiente de comportamento.

Também para edifícios de alvenaria, estes valores do coeficiente de comportamento têm em conta o
conceito de “overstrengh ratio” (OSR). Para alvenaria o OSR é uma consequência do facto da análise
elástica linear prever o colapso de um elemento estrutural para um nível de esforço de corte devido ao
sismo, muito menor do que a resistência última que o sistema estrutural proporciona. A consideração
deste conceito permitiu conciliar os resultados da análise linear com os resultados da análise não linear,
sendo esta última muito mais concordante com a realidade [15].

Para edifícios de alvenaria não armada o OSR pode atingir valores muito elevados uma vez que em
muitos casos a distribuição de tensões no estado limite último difere substancialmente da distribuição
de tensões resultante da análise elástica linear. Isto verifica-se devido à redistribuição gradual de forças
que ocorre à medida que cada unidade de alvenaria atinge a sua capacidade resistente.

Assim, a norma italiana propõe para valores do coeficiente de comportamento, 𝑞 (5) (6):

23
Edifícios regulares em altura, no
caso de alvenaria de pedra e/ou 𝑞 = 2,0 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 5
tijolo cheio
Edifícios regulares em altura, no
caso de alvenaria em blocos
𝑞 = 1,75 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 6
artificiais com percentagem de
vazios > 15%

Onde 𝑞 é o coeficiente de comportamento, 𝛼𝑢 90% do multiplicador da acção sísmica horizontal para o


qual, mantendo as restantes acções constantes, a estrutura atinge a sua resistência máxima e 𝛼1 o
multiplicador da acção sísmica horizontal para o qual, mantendo as restantes acções constantes, o
primeiro painel da estrutura atinge a sua resistência última.

No caso de um edifício não regular em altura, o valor do coeficiente de comportamento, 𝑞, deve ser
reduzido em 25%.

Para estruturas de alvenaria armada a norma italiana sugere valores de para o coeficiente de
comportamento de 2,0 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 a 2,5 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 .

Para os valores de 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 , a norma italiana sugere os seguintes valores (equações 7,8,9,10 ou 11):

Construção em alvenaria não armada 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 = 1,7 7

Construção em alvenaria armada 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 = 1,5


8
Construção em alvenaria armada de
acordo com os princípios de capacity 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 = 1,3 9
design
Construção em alvenaria confinada 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 = 1,6 10
Construção em alvenaria confinada de
acordo com os princípios de capacity 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 = 1,3 11
design

24
4. Propriedades da alvenaria

4.1. Introdução

Na primeira metade do século XX os edifícios de vários pisos eram maioritariamente construídos em


betão armado, sendo que uma das grandes razões para que tal se verificasse era o facto de, até cerca
de 1950, as paredes de alvenaria serem dimensionadas única e exclusivamente, de acordo com regras
empíricas, o que fazia com que as paredes tivessem uma espessura excessiva, resultando num
desperdício de material e de espaço útil.

Após 1950, o panorama começou a mudar em vários países com a inclusão de códigos estruturais, o
que tornou possível o cálculo das resistências das paredes, permitindo assim um dimensionamento de
espessuras mais aceitáveis.

Mais recentemente, diversos estudos e a experiência prática levaram a uma melhoria dos referidos
códigos estruturais, tendo estes actualmente um nível semelhante aos de betão e de aço.

A construção em alvenaria permite que o mesmo material seja utilizado não só para conferir resistência
estrutural mas, simultaneamente, para providenciar a subdivisão do espaço, o isolamento térmico e
acústico, bem como a protecção contra o fogo e as intempéries. Estes factores permitem,
comparativamente com outros sistemas estruturais, que as estruturas de alvenaria sejam mais baratas
e permitam uma maior velocidade de construção.

Ou seja, como material a alvenaria é relativamente barata, produz acabamentos “atraentes” e de


qualidade e, desde que correctamente dimensionada e aplicada, tem uma durabilidade excelente, como
se pode comprovar com os inúmeros edifícios históricos e obras de arte existentes.

Portanto, como mencionado, a alvenaria estrutural pode ser uma boa solução em muitas situações. No
entanto, a qualidade e a durabilidade da construção em alvenaria estão intrinsecamente ligadas à
qualidade dos materiais utilizados (tal como todas as outras soluções estruturais) e à qualidade da
mão-de-obra.

Contudo, embora a alvenaria apresente uma grande capacidade de resistência a forças de


compressão, tem uma capacidade de resistência relativamente baixa a forças de tracção. No entanto,
a facilidade de combinar a alvenaria com outros materiais, permite a sua utilização em locais com
elevada sismicidade, onde podem surgir esforços de tracção ou de flexão.

4.2. Materiais

A alvenaria é tipicamente formada por uma associação de unidades de alvenaria (unidades) dispostas
segundo um padrão específico (elementos resistentes) e ligadas entre si num conjunto por meio de
argamassa apropriada (ligante) e de armaduras ou de elementos de confinamento (reforço). Embora
cada um destes componentes de uma parede de alvenaria tenha as suas características mecânicas
específicas, é esperado que todas elas actuem em conjunto formando um elemento vertical coeso
capaz de resistir a acções permanentes e temporárias.

25
Devido às características específicas de cada material constituinte da alvenaria, em especial as
unidades de alvenaria, não é fácil prever as características mecânicas de um tipo específico de
construção em alvenaria, conhecendo apenas as características individuais de cada material. É
portanto, de elevada importância que para cada tipo de alvenaria sejam realizados testes experimentais
para relacionar as características dos materiais constituintes com as características da alvenaria.

Por causa da sua complexidade, a alvenaria e os seus constituintes devem cumprir requisitos
específicos de normas e de códigos, em especial quando são aplicados em elementos estruturais, onde
a resistência dos elementos e da estrutura a cargas gravíticas e sísmicas é verificada por cálculo.

4.2.1. Unidades de alvenaria

Para além da capacidade de carga resistente, as unidades de alvenaria também devem considerar os
seguintes aspectos: adequado isolamento térmico e acústico, durabilidade e economia da construção.

De acordo com o Eurocódigo 6, as unidades de alvenaria estão classificadas consoante vários


parâmetros, sendo que o tipo de material da unidade é o primeiro a ser contemplado:

• Unidades cerâmicas de acordo com a EN 771-1


• Unidades sílico-calcárias de acordo com a EN 771-2
• Unidades de betão (de agregados correntes ou leves) de acordo com a EN 771-3
• Unidades de betão celular autoclavado de acordo com a EN 771-4
• Unidades de pedra artificial de acordo com a EN 771-5
• Unidades aparelhadas de pedra natural de acordo com a EN 771-6

Devendo as unidades em todos os casos acima referidos pertencer à categorias I ou à categoria II,
definidas na EN 771-1 a 6.

Outro parâmetro que é avaliado na classificação das unidades é a sua geometria, o tipo de alvéolos,
que podem ser verticais (furação na direcção perpendicular ao plano de assentamento) ou horizontais
(furação na direcção paralela ao plano de assentamento), podendo ainda ser unidades maciças,
maciças com uma depressão ou celulares. Na Figura 21 apresentam-se genericamente os tipos de
unidades

Figura 21 - Representação esquemática de alguns tipos de unidades de alvenaria. a) tijolo maciço b) e c) tijolos
perfurados e d) tijolo vazado [5]
Em função das características geométricas dos alvéolos, o Eurocódigo 6 define cinco grupos de
unidades:

• Grupo 1S – Unidades maciças ou com volume total de alvéolos menor do que 5%


• Grupo 1 – Unidades com um volume total de alvéolos menor do que 25%

26
• Grupo 2 – Unidades com reduzida percentagem de alvéolos verticais
• Grupo 3 – Unidades com elevada percentagem de alvéolos verticais
• Grupo 4 – Unidades com alvéolos horizontais

Uma vez que Portugal se encontra numa zona de elevada sismicidade, é de salientar que todas as
regras de dimensionamento propostas pelo Eurocódigo 6 têm de estar em consonância com o
preconizado no Eurocódigo 8. Este último refere que as unidades utilizadas devem possuir robustez
suficiente para evitar roturas locais frágeis e, no Anexo Nacional, refere que em zonas que não sejam
consideradas de baixa sismicidade, isto é, zonas com aceleração no local, 𝑎𝑔 𝑆, maiores do que 0,10 𝑘𝑔,
deverão ser respeitadas as seguintes condições:

• Não são admissíveis unidades do Grupo 3


• Unidades cerâmicas do Grupo 4 devem cumprir cumulativamente:
o Furação ≤ 60%
o Espessura dos septos ≥ 5 𝑚𝑚
o Espessura das paredes ≥ 8 𝑚𝑚
o Espessura combinada ≥ 16 %.

Um outro parâmetro a ter em linha de conta é à resistência à compressão das unidades, propriedade
mais importante da alvenaria. A resistência à compressão das unidades a adoptar no projecto deve ser
a resistência média normalizada à compressão, 𝑓𝑏 (𝑁⁄𝑚𝑚2 ), na direcção perpendicular às faces de
assentamento. Embora o Eurocódigo 6 não preveja a classificação das unidades em termos da sua
resistência, o Anexo Nacional indica classes de resistência das unidades reproduzidas no Quadro 5.

Quadro 5 – Classes de referência da resistência das unidades para alvenaria


Designações 𝑈3 𝑈4 𝑈5 𝑈7 𝑈10 𝑈15 𝑈20
𝑓𝑏 (𝑁⁄𝑚𝑚2 ) 3 4 5 7 10 15 20

Note-se que também para a resistência à compressão das unidades, o Eurocódigo 8 preconiza, no
Anexo Nacional, as seguintes regras:

• Em geral:
o 𝐹𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 5 𝑁 ⁄𝑚𝑚2
o 𝐹𝑏ℎ,𝑚𝑖𝑛 = 2 𝑁⁄𝑚𝑚2
• Nas zonas sísmicas 3 a 6 do sismo Tipo 1 e nas zonas 4 e 5 do sismo Tipo 2:
o 𝐹𝑏,𝑚𝑖𝑛 = 1,6 𝑁⁄𝑚𝑚2
o 𝐹𝑏ℎ,𝑚𝑖𝑛 = 1,6 𝑁⁄𝑚𝑚2

4.2.2. Argamassa

Numa estrutura de alvenaria a argamassa é uma mistura inorgânica de cal e/ou cimento que tem como
principal função ligar os vários elementos da alvenaria por forma a obter um elemento monolítico
(contribuindo para a resistência aos esforços laterais). No entanto, a argamassa desempenha outras
funções tais como distribuir uniformemente as cargas actuantes na parede por toda a área resistente

27
das unidades, compensar pequenas imperfeições e variações dos blocos, selar a parede (garantindo a
estanqueidade à penetração da água e outros agentes corrosivos), absorver as deformações naturais
(como as de retracção por secagem ou de origem térmica) e melhorar as característica térmicas e
acústicas da parede.

Por forma a cumprir as funções supracitadas, a argamassa tem de garantir algumas propriedades:
trabalhabilidade (consistência e plasticidade adequadas ao processo de execução), elevada
capacidade de retenção de água (caso perca água muito depressa, não é possível um ajuste adequado
das unidades da fila seguinte e pode faltar água para garantir uma adequada ligação da argamassa
às unidades), aderência (permite à parede resistir aos esforços de fendilhação e de tracção), resistência
mecânica (em particular a resistência à compressão que deve ser adquirida rapidamente, permitindo o
assentamento de várias fiadas no mesmo dia) e capacidade de absorver deformações (associada ao
módulo de elasticidade, permite que a argamassa se deforme sem apresentar fissuras prejudiciais).

No que respeita aos seus constituintes, as argamassas são classificadas como argamassa corrente,
argamassa para juntas pouco espessas ou argamassa leve.

As argamassas devem ainda classificadas de acordo com a sua resistência à compressão, 𝑓𝑚 , expressa
pela letra 𝑀 seguida do valor da resistência à compressão em 𝑁⁄𝑚𝑚2 . O Eurocódigo prevê a
classificação da argamassa em termos da sua resistência à compressão, mas não especifica as classes
a considerar ou valores de referência. No entanto, o Anexo Nacional preconiza duas classes de
resistência no Quadro 6 abaixo.

Quadro 6 – Classes de referência da resistência da argamassa


Designações 𝑀5 𝑀10
𝑓𝑚 (𝑁⁄𝑚𝑚2 ) 5 10

No que diz respeito ao Eurocódigo 8, este apenas estipula que “É requerida uma resistência mínima,
𝑓𝑚,𝑚𝑖𝑛 , para a argamassa que, em geral, excede o mínimo especificado na EN 1996.”, sendo os valores
recomendados 𝑓𝑚,𝑚𝑖𝑛 = 5 𝑁 ⁄𝑚𝑚2 no caso de alvenaria simples ou confinada e 𝑓𝑚,𝑚𝑖𝑛 = 10 𝑁⁄𝑚𝑚2 no
caso de alvenaria armada.

4.2.3. Betão de Enchimento

O Betão de enchimento é uma mistura de betão de adequada consistência e tamanho dos agregados,
utilizada para preencher os orifícios onde as barras de aço de reforço são colocadas na alvenaria
armada.

De acordo com o Eurocódigo 6, o betão de enchimento é especificado pela sua resistência


característica à compressão, 𝑓𝑐𝑘 , em 𝑁⁄𝑚𝑚2 , que não deve ser inferior a 20 𝑁⁄𝑚𝑚2 .

O betão de enchimento deverá ter uma trabalhabilidade que, quando o betão é colocado de acordo
com a EN 1996-2, garanta o total enchimento dos vazios. Para a maioria dos casos serão satisfatórias
as classes de abaixamento 𝑆3 a 𝑆5, de acordo com a EN 206. No entanto para alvéolos cuja dimensão

28
é inferior a 85 𝑚𝑚, devem ser utilizadas as classes de abaixamento 𝑆5 ou 𝑆6. Relativamente às classes
de fluidez, devem ser usadas as classes 𝐹4 a 𝐹6, de acordo com a EN 206.

No que diz respeito ao tamanho dos agregados, o Eurocódigo refere que estes não devem exceder os
20 𝑚𝑚. No entanto, em casos em que o betão é utilizado em vazios cuja menor dimensão é inferior a
100 𝑚𝑚 ou quando o recobrimento das armaduras é inferior a 25 𝑚𝑚, estes não deverão exceder os
10 𝑚𝑚.

Os valores característicos da resistência à compressão, 𝑓𝑐𝑘 , e ao corte, 𝑓𝑐𝑣𝑘 , devem ser determinados
a partir de testes experimentais. No entanto, quando não estão disponíveis dados suficientes, podem
ser adoptados os valores do Quadro 7 do Eurocódigo 6.

Quadro 7 – Resistências características do betão de enchimento


Classe de resistência do betão 𝐶20 𝐶25 𝑜𝑢 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟
𝑓𝑐𝑘 (𝑁⁄𝑚𝑚2 ) 20 25
𝑓𝑐𝑣𝑘 (𝑁⁄𝑚𝑚2 ) 0,39 0,45

4.2.4. Armaduras

Relativamente às armaduras a utilizar nas estruturas de alvenaria, podem ser utilizadas as mesmas
que se utilizam nas estruturas de betão armado. Para além das armaduras para alvenaria armada ou
pré-esforçada, existem ainda as armaduras para juntas de assentamento (treliça formada por dois
varões longitudinais separados entre si por um vão em forma sinusóide, electrosoldado em todos os
pontos) (Figura 22 a)) que têm o objectivo de melhorar o desempenho estrutural das alvenarias quando
submetidas a esforço de corte e de tracção, de combater a fendilhação e de proporcionar uma maior
produtividade e racionalização da alvenaria, aumentando em cerca de 35% a resistência à compressão
comparativamente com a armadura tradicional.

Note-se que no que diz respeito aos vários tipos de armaduras supracitadas, o Eurocódigo 6 remete o
seu dimensionamento para as respectivas normas.

Figura 22 – Exemplos de utilização de armaduras a) alvenaria armada b) alvenaria pré-esforçada

4.3. Propriedades mecânicas da alvenaria

A alvenaria é um material compósito, não homogéneo e não isotrópico que existe em muitas formas,
compreendendo unidades de formas, tamanhos e características mecânicas diferentes. Os parâmetros
mais significativos quando considerados em projectos estruturais referem-se às resistências e
propriedades elásticas das unidades, como por exemplo resistência à compressão, à flexão e à
fendilhação, os módulos de elasticidade, de distorção, ou ainda os coeficientes de atrito, de fluência,

29
de humidade e de expansão térmica. A resistência à tracção é normalmente ignorada nos projectos
estruturais [11].

A mão-de-obra envolvida na construção de alvenaria é mais variável do que a normalmente encontrada


quando se usa outro tipo de material estrutural, devendo considerar-se essa variável na fase de projecto
[11].

É de referir que a alvenaria é um material anisotrópico, sendo a resistência dependente da direcção da


solicitação [19].

4.3.1. Resistência característica à compressão

A resistência característica à compressão da alvenaria (Figura 23) depende de inúmeros factores, tais
como a resistência da unidade, os valores relativos da unidade de alvenaria e a resistência da
argamassa, a proporção da altura e menor dimensão horizontal das unidades, a orientação das
unidades em relação à direcção da carga aplicada ou a espessura das juntas de assentamento.

O modo de colapso da alvenaria à compressão consiste geralmente na propagação de uma fenda pelas
unidades de alvenaria e pela argamassa, na direcção da carga aplicada. Esta fenda é causada pelas
tensões de tracção secundárias que resultam da deformação restringida da argamassa nas juntas da
alvenaria [11].

Figura 23 – Modo de propagação de uma fenda devido a esforços de tracção [11]


As tracções que provocam a fenda desenvolvem-se na interface unidades-argamassa e resultam da
deformação restringida da argamassa (mais deformável do que as unidades) nas juntas de
assentamento da alvenaria. A resistência da alvenaria é influenciada pelas resistências das unidades
e da argamassa, podendo-se concluir (observar) o seguinte: a resistência à compressão da alvenaria
enquanto material compósito é sempre inferior (na maioria dos casos substancialmente inferior) à
resistência à compressão das unidades podendo no entanto exceder de forma elevada a resistência
ao esmagamento da argamassa que origina esforços de tracção secundários que provocam a rotura
das unidades (fissuração paralela ao eixo do carregamento).

Tendo em conta os aspectos supracitados, o Eurocódigo 6 estipula relações empíricas para o cálculo
da resistência à compressão característica da alvenaria (12) (direcção perpendicular às juntas de
assentamento):

𝛽
fk = K fbα  𝑓𝑚
12

30
Em que fk é a resistência característica à compressão da alvenaria em 𝑁⁄𝑚𝑚2 , K uma constante em
função do tipo de unidades (de acordo com a Tabela 3 do Eurocódigo 6 – Valores de 𝐾 a utilizar com
argamassa corrente, argamassa para juntas pouco espessas e argamassa leve), 𝑓𝑏 a resistência média
normalizada à compressão das unidades de alvenaria (na direcção do efeito da acção aplicada, em
𝑁⁄𝑚𝑚2 ), 𝑓𝑚 a resistência à compressão da argamassa em 𝑁⁄𝑚𝑚2 e 𝛼 e 𝛽 constantes dependentes
do tipo de alvenaria.

Como se verifica, o cálculo da resistência à compressão da alvenaria depende quer dos seus
constituintes, quer do tipo de alvenaria que se pretende projectar. Assim, o Eurocódigo 6 define as
seguintes hipóteses:

• Alvenaria com argamassa corrente ou leve, excluindo a alvenaria de pedra natural (13)

fk = K fb0,7  fm
0,3
13
• Alvenaria de pedra natural com argamassa corrente, (14)

fk = K fb0,7  fm
0,15
14
• Alvenaria com camadas finas de argamassa (entre 0,5 𝑚𝑚 e 3 𝑚𝑚)
o Unidades de tijolo cerâmico do grupo 1 ou 4, sílico-calcários, agregados e betão celular
autoclavado (15)

fk = K fb0,85
15
o Unidades de tijolo cerâmico pertencentes aos grupos 2 e 3 (16)

fk = K fb0,7
16
2 2
De notar que o valor de 𝑓𝑏 não pode ser superior a 75 𝑁⁄𝑚𝑚 ou 50 𝑁⁄𝑚𝑚 , no caso de argamassa
corrente ou de argamassa fina, respectivamente. No que diz respeito ao valor de 𝑓𝑚 não poderá ser
considerado um valor superior a 20 𝑁⁄𝑚𝑚2 nem superior ao dobro de 𝑓𝑏 , para argamassa corrente,
enquanto que no caso de argamassa leve não pode ser superior a 10 𝑁⁄𝑚𝑚2 .

4.3.2. Resistência característica ao corte

A resistência ao corte da alvenaria torna-se importante quando estamos perante paredes sujeitas a
forças laterais e formas estruturais, tais como diafragmas ou paredes esbeltas em que existe a
possibilidade de colapso devido a forças verticais. O colapso devido a esforços de corte é mais comum
devido a forças horizontais (Figura 24).

Figura 24 – Parede de alvenaria sujeita a carregamento lateral. a) fora do seu plano b) no seu plano

31
O Eurocódigo 6, a partir de ensaios anteriormente realizados, considera que a relação entre os
parâmetros tensão normal e tensão de corte, segue uma relação Mohr-Coulomb, isto é, a resistência
ao corte depende do nível de compressão ao qual a parede de alvenaria se encontra sujeita,
aumentando de forma proporcional a esta.

Tendo em conta a relação Mohr-Coulomb obtida experimentalmente, o Eurocódigo 6 preconiza que a


resistência característica ao corte da alvenaria com juntas transversais preenchidas com argamassa
corrente ou leve ou com camadas finas de argamassa (espessura entre 0,5 𝑚𝑚 e 3 𝑚𝑚) pode ser
obtida através da seguinte expressão (17):

fvk = 𝑓𝑣𝑘0 + μ𝑓 σ𝑑
17
Onde fvk é a resistência característica ao corte da alvenaria, 𝑓𝑣𝑘0 a resistência ao corte característica
da alvenaria sem tensões de compressão aplicadas (de acordo com a Tabela 4 do Eurocódigo 6 –
Valores da resistência inicial ao corte da alvenaria, 𝑓𝑣𝑘0 ), μ𝑓 o coeficiente de atrito e σ𝑑 o valor de cálculo
da tensão de compressão perpendicular ao corte no elemento ao nível considerado.

Contudo, este valor não pode ser superior a 0,065𝑓𝑏 .


Para alvenaria com juntas verticais não preenchidas, mas em que as faces contíguas das unidades se
encontram firmemente encostadas, o Eurocódigo 6 estipula que a parcela referente à coesão deve ser
reduzida a metade, sendo a expressão proposta a seguinte (18):

fvk = 0,5𝑓𝑣𝑘0 + μ𝑓 σ𝑑
18
De referir que este valor não pode exceder 0,045𝑓𝑏 .

4.3.3. Resistência característica à flexão

No que diz respeito à resistência característica à flexão fora do plano (Figura 25), a natureza não
isotrópica da alvenaria resulta em dois modos de rotura à flexão: rotura paralela às juntas de
assentamento,𝑓𝑥𝑘1 , e rotura perpendicular às juntas de assentamento, 𝑓𝑥𝑘2 , sendo a resistência do
segundo modo cerca de três vezes superior à primeiro.

Figura 25 – a) Rotura paralela às juntas de assentamento b) Rotura perpendicular às juntas de assentamento


[11]
Na direcção de rotura paralela às juntas de assentamento, 𝑓𝑥𝑘1 , se a adesão entre as unidades e a
argamassa for boa, a resistência à flexão será limitada pela resistência à tracção de flexão das
unidades, enquanto que, se for má, será limitada pela resistência da interface unidade-argamassa nas
juntas de assentamento. Estas duas situações de rotura têm de ser consideradas nas verificações de
segurança.

32
Para ambas as roturas, os valores das resistências características à flexão devem ser determinados a
partir de ensaios de alvenaria. No entanto o Eurocódigo 6 fornece valores de 𝑓𝑥𝑘1 e 𝑓𝑥𝑘2 que serão
utilizados caso o Anexo Nacional seja omisso.

4.3.4. Resistência característica à tracção

A resistência à tracção da alvenaria é, em geral, baixa e variável, particularmente na direcção


perpendicular às juntas de assentamento. No Eurocódigo 6 esta propriedade é considerada nula no
dimensionamento ao estado limite último, mas é essencial que exista alguma adesão entre as unidades
e a argamassa.

4.4. Propriedades de deformação da alvenaria

4.4.1. Relação tensões-extensões

A relação tensão-deformação da alvenaria comprimida é uma relação não linear que, para efeitos de
dimensionamento, pode aproximar-se como linear, parabólica, parabólica-rectangular ou como
rectangular (Figura 26).

Figura 26 – Relação tensões-extensões da alvenaria em compressão


A extensão de compressão máxima, 𝜀𝑚1 , a extensão de compressão limite, 𝜀𝑚𝑢 e o fator 𝜂𝑓 que define
a força equivalente encontram-se no Quadro 8.

O diagrama rectangular de tensões pressupõe uma tensão uniformemente distribuída sobre a zona
comprimida equivalente que, excluindo paredes solicitadas principalmente a cargas verticais, pode ser
considerada 0,8 vezes a área da zona real comprimida com uma resistência equivalente 𝜂𝑓 𝑓𝑑 .

Quadro 8 – Valores compressivos da alvenaria


Unidades Unidades do Grupo 1 de agregado leve, unidades do Grupo 2, 3 e 4
Propriedade
Grupo 1 e unidades que não se enquadrem na coluna 1
𝜀𝑚1 0,002 0,00175
𝜀𝑚𝑢 0,0035 0,002
𝜂𝑓 1,0 0,85

Uma vez que a tensão em serviço da alvenaria é normalmente bastante baixa quando comparada com
o valor último, o uso da análise elástica linear para determinar a deformação estrutural é aceitável.

33
No entanto, a utilização de análise linear pode, em alguns casos, não ser a mais adequada, quer do
ponto de vista da eficiência estrutural quer do ponto de vista económico.

4.4.2. Módulo de elasticidade

Como referido anteriormente, a alvenaria é um material compósito anisotrópico, pelo que valor do
módulo de elasticidade é variável, dependendo de vários parâmetros tais como os materiais utilizados
e da direcção e tipo de carregamento [19]. O valor do modo de elasticidade secante a curto prazo deve
ser obtido a partir de ensaios. No entanto, caso não esteja disponível um valor determinado a partir
destes, o valor do módulo de elasticidade secante da alvenaria para acções de curta duração pode ser
considerado igual a 𝐾𝐸 𝑓𝑘 . Sendo o valor de 𝐾𝐸 determinado no Anexo Nacional igual a 1000.

O valor a longo prazo do módulo de elasticidade é baseado no valor anterior, tendo em consideração
os efeitos de fluência, de acordo com a expressão (19):

𝐸
𝐸𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑜 =
1 + ϕ∞ 19

em que E é o módulo de Elasticidade secante a curto prazo e ϕ∞ o coeficiente de fluência a tempo


infinito.

4.4.3. Módulo de distorção

O módulo de distorção pode ser considerado igual a 0,4 do módulo de elasticidade secante a curto
prazo, calculado com recurso à expressão (20):

G = 0,4E
20
onde, G é o módulo de distorção.

4.4.4. Fluência, expansão/retracção por humidade e dilatação térmica

O projecto estrutural está principalmente direccionado para a comparação da resistência e efeitos das
cargas aplicadas, mas também tem de ser dada atenção à deformação que resulta de vários factores,
tais como mudanças de temperatura, fluência e, no caso da alvenaria, variações no teor de humidade.
[20]

Estes factores podem também originar fendilhação ou aberturas nas juntas e podem exigir a construção
de juntas de movimento. Os efeitos da fluência têm especial importância quando se pretende construir
uma parede de alvenaria pré-esforçada. Neste caso, a perda de tensão dos cabos ou barras de pré-
esforço elimina os efeitos benéficos do pré-esforço.

O Eurocódigo 6 determina que os valores dos coeficientes de fluência, expansão/retracção provocada


pela humidade ou retracção/dilatação térmica devem ser determinados através de ensaios. No entanto,
o referido Eurocódigo 6 fornece intervalos de valores destes coeficientes para quando não existe uma
amostra representativa.

34
5. Comportamento estrutural de edifícios de alvenaria

5.1. Introdução

A resistência sísmica de uma estrutura depende da capacidade dos seus elementos resistirem às forças
de inércia, impostas pelo sismo (acção dinâmica), directamente para a fundação do sistema sem
danificar o edifício [18]

Ao longo da história a ocorrência de sismos em diferentes partes do mundo permitiu aprender múltiplas
lições sobre a influência do layout estrutural no comportamento sísmico de edifícios de alvenaria. As
observações dos danos estruturais causados pelos sismos e a sua análise, mostram que, para além
da qualidade dos materiais, a configuração do edifício também é de importância relevante. Edifícios
com regularidade estrutural, com paredes devidamente conectadas ao nível dos pisos, tiveram boas
performances mesmo não sendo dimensionados para resistir às acções sísmicas. O comportamento
sísmico adequado destes edifícios provou que é possível melhorar o comportamento sísmico dos
edifícios de alvenaria tendo em consideração simples princípios de condições externas, arquitectónicos
e estruturais e atendendo simultaneamente aos requisitos de qualidade dos materiais e da construção.

Nos casos em que a estrutura é simples e regular, as cargas sísmicas e gravíticas são transmitidas de
forma simples e eficaz de elemento em elemento até às fundações. Sob condições sísmicas, a energia
sísmica induzida dissipar-se-á uniformemente por toda a estrutura. Se os elementos estruturais não
forem distribuídos uniformemente em planta e em altura do sistema estrutural, poderão ocorrer
concentrações de tensões nas zonas de não uniformidade, resultando em grandes danos e eventual
colapso da estrutura.

O movimento do solo é um fenómeno tridimensional. Uma vez que não se sabe qual será a principal
direcção do movimento do solo durante um evento sísmico, os elementos resistentes de cada estrutura
numa zona sísmica devem ser projectados para resistir às forças sísmicas nas duas direcções
principais do edifício. A construção de paredes estruturais insuficientes nas duas direcções principais
do edifício pode levar a danos severos ou mesmo ao colapso, sendo que uma distribuição simétrica em
planta dos elementos verticais resistentes evitará efeitos de torção que geralmente causam
comportamentos inesperados à estrutura quando submetida a forças sísmicas. Por esta razão, as
dimensões dos avanços e recuos dos edifícios devem ser limitadas [18].

No caso de estruturas de alvenaria, uma boa conexão entre paredes e um comportamento de corpo
rígido das lajes são factores de elevada importância.

Por último, mas não menos importante, os sistemas de fundações devem ser adequados para transmitir
as forças de corte basal para o solo.

5.2. Comportamento sísmico de edifícios

Tal como todos os tipos de estruturas de edifícios, também os edifícios de alvenaria podem ser
construídos para resistir a sismos.

35
O principal efeito da vibração do solo durante o sismo consiste na imposição de movimentos rápidos
em ambos os sentidos da direcção horizontal na base da estrutura. Também os movimentos verticais
estão presentes, no entanto produzem efeitos mais fracos. A esses movimentos estão associadas
determinadas acelerações que o solo transmite à base da estrutura e que posteriormente vão resultar
num conjunto de forças horizontais ao nível dos pisos, denominadas por forças de inércia. Assim, a
capacidade de uma estrutura resistir a um sismo, está fortemente associada à sua capacidade de
resistir às forças horizontais geradas na massa da própria estrutura [18].

É importante salientar que as consequências dos sismos não dependem apenas do fenómeno sísmico
em si, mas também e muito fortemente das precauções tomadas para evitar essas mesmas
consequências [18].

5.2.1. Factores relevantes no comportamento sísmico de edifícios de alvenaria

Os factores referem-se à estrutura resistente do edifício, que geralmente é condicionada pelo projecto
de arquitectura, sendo que a cooperação entre a engenharia e arquitectura é particularmente
importante, uma vez que assume grande relevância na definição de soluções racionais e
arquitectonicamente viáveis. As escolhas do engenheiro começam pelo material e pelo sistema
estrutural, sendo certo que, desde a fase de concepção do edifício, é necessário conhecer as vantagens
e limitações impostas pelas técnicas construtivas e soluções estruturais que se pretendem adoptar, de
modo a poder-se retirar o melhor das características de cada material. O sistema estrutural deve
essencialmente ser condicionado pela resistência às cargas horizontais em qualquer direcção, que
tanto podem provocar movimentos de translação como de rotação dos pisos, e ter um comportamento
dúctil.

A construção em alvenaria estrutural é um método construtivo mais apropriado para edifícios cuja planta
apresenta divisões com pequenas ou médias áreas, planta essa que se repete nos pisos ao longo da
altura do edifício, permitindo amplas possibilidades para a disposição das paredes estruturais.

Em geral, do ponto de vista estrutural o arranjo de paredes escolhido não é critico, desde que sejam
tidos em consideração alguns cuidados básicos característicos desta solução estrutural tais como: uma
boa ligação entre elementos; evitar arranjos muito assimétricos uma vez que estes vão aumentar os
efeitos de torção quando sujeitos a forças laterais (podendo provocar distribuições de esforços
indesejáveis); a continuidade desde a base ao topo das paredes estruturais; um equilíbrio entre as
paredes orientadas nas duas direcções principais do edifício de modo a dotar a estrutura de uma
adequada resistência às acções horizontais (que deverão estar suficientemente comprimidas para
permitir mobilizar níveis de resistência ao corte significativos); as configurações em planta e altura não
devem apresentar grandes assimetrias nem irregularidades; devem adoptar-se pavimentos rígidos
ligados às paredes por forma a mobilizar as acções horizontais de acordo com as suas rigidezes (sendo
recomendável vãos com dimensões semelhantes); a existência de aberturas nas paredes deve ser
controlada quer em número (deve ser reduzido) quer em regularidade (deve ser constante) [19] [17].

36
5.2.1.1. Uniformidade em altura

A uniformidade em altura é uma das características mais importantes que condicionam a resposta
sísmica dos edifícios. O cumprimento deste princípio implica a continuidade da estrutura e, caso
existam variações, devem ser graduais. Ou seja, deve existir ao longo da altura uma uniformidade dos
elementos estruturais, rigidezes e massas.

5.2.1.1.1. Variações significativas da área dos pisos


A distribuição de massa pelos pisos deve ser o mais uniforme possível pelo que alterações nas áreas
dos pisos devem ser evitadas. No entanto, a consequência mais grave está relacionada com o facto
dos elementos verticais não se prolongarem até ao topo devido à supressão da sua zona de
implantação. A Figura 27 mostra diferentes casos em que as áreas de implantação dos pisos não são
constantes em altura, estando organizadas do caso mais grave para o menos [18].

Figura 27 – diferentes tipos de irregularidades em altura [18]

5.2.1.1.2. Descontinuidades dos elementos verticais


A descontinuidade de elementos verticais é uma das irregularidades com consequências
potencialmente mais gravosas pois interrompe o caminho natural das cargas para as fundações. As
paredes resistentes devem ser contínuas desde a base ao topo. As forças sísmicas num edifício vão
acumulando de cima para baixo, ou seja, a zona mais esforçada do edifício é a sua base. Assim, torna-
se evidente que a redução da sua rigidez ou resistência de cima para baixo é prejudicial ao seu
comportamento. Devem ser evitadas concentrações de massas nos pisos superiores. A Figura 28
apresenta casos de irregularidade e regularidade estrutural em altura.

Figura 28 – a) Paredes verticais descontínuas b) Paredes Verticais contínuas [21]


Outros tipos de irregularidades em altura são as descontinuidades de elementos verticais ao nível do
rés-do-chão dos edifícios, muitas vezes devido à arquitectura ou alterações posteriores [18].

5.2.1.1.3. Alterações significativas da secção transversal dos elementos verticais


É usual variar a secção das paredes em altura uma vez que as paredes dos pisos inferiores têm
esforços maiores, podendo assim reduzir as secções dos pisos superiores, aumentando a área útil.
Embora menos graves do que as irregularidades anteriormente mencionadas, a redução da secção
deve ser gradual para não originar reduções bruscas de rigidez.

37
5.2.1.2. Uniformidade e compacidade em planta

5.2.1.2.1 Localização e simetria dos elementos verticais


É recomendada a construção de paredes em duas direcções ortogonais em planta (devendo ter uma
área em planta e rigidez semelhante em ambas as direcções, Figura 29), pois estas resistem às cargas
laterais paralelas ao seu plano, localizadas preferencialmente o mais afastadas possível do centro de
rigidez do edifício. Este é um aspecto fundamental para um bom comportamento sísmico, uma vez que
uma planta onde as paredes estruturais se encontram uniformemente distribuídas em duas direcções
ortogonais, isto é, o mais simétrica possível, minimiza a tendência para a rotação dos pisos no seu
plano (efeitos de torção).

Figura 29 – Distribuição de paredes estruturais no plano. a) Adequada [21] b) Não adequada (desequilíbrio na
distribuição) [21] c) Não adequada (assimétrica)
Em ambos os casos a massa distribui-se de forma simétrica, no entanto, relativamente à distribuição
das rigidezes dos elementos verticais, a configuração b) apresenta uma grande assimetria em relação
à menor dimensão. Este desfasamento entre o centro de massa e o centro de rigidez vai criar no piso
uma tendência para rodar, originando uma distribuição de esforços indesejável (sendo o centro de
rigidez definido como o ponto em que aplicada uma força à estrutura, esta reage apenas através de
translação nessa direcção e rotação nula, reciprocamente a aplicação de um momento, no eixo vertical,
sobre este ponto produz apenas rotação da estrutura e translação nula).

Conclui-se assim que se se quiserem minimizar os efeitos de torção durante um sismo é conveniente
que a força de inércia, F, esteja alinhada com a resultante das forças de restituição elástica, ou seja,
que o centro de rigidez esteja alinhado com o centro de massa.

5.2.1.2.2 Relações geométricas


As formas simples e compactas (quadradas ou rectangulares) são as que têm uma melhor performance
quando sujeitas a acções sísmicas. No que diz respeito às dimensões em planta, não existem
indicações precisas. Um critério de controlo consiste na verificação das relações entre a dimensão
mínima e máxima em planta e entre a dimensão mínima em planta e a altura do edifício, como se pode
verificar na Figura 30 [5].

Para evitar efeitos de torção resultantes de diferentes comportamentos do solo ao longo de edifícios
longos ou defeitos de torção em edifícios resultantes de plantas com forma composta (por exemplo T,
L ou U), é desejável dividir a estrutura em várias partes, como se pode observar na Figura 30 [21].

38
Figura 30 – Relações geométricas adequadas para edifícios de alvenaria [5] [21]

5.2.1.3. Comportamento de caixa

5.2.1.3.1. Pavimentos indeformáveis


O bom comportamento das estruturas de alvenaria quando sujeitas a acções sísmicas está
intrinsecamente ligado ao comportamento dos pavimentos. Os pavimentos são elementos horizontais
do sistema resistente de forças laterais que actuam como diafragma. A sua principal função é transferir
as forças induzidas pelos sismos aos elementos verticais resistentes (paredes). A forma como as forças
laterais são distribuídas pelos elementos verticais depende da rigidez relativa entre o diafragma e os
elementos verticais. Para fins de projecto, os diafragmas são geralmente tratados como flexíveis (Figura
31 a)) ou rígidos (Figura 31 b)). Por exemplo, pavimentos de madeira, vigotas pré-esforçadas,
abobadilhas cerâmicas são consideradas diafragmas flexíveis, enquanto que lajes de betão armado
são consideradas diafragmas rígidos, isto é, elementos quase sem deformabilidade no próprio plano,
ou seja, os pavimentos portam-se como corpos rígidos.

Em edifícios com diafragmas flexíveis, a distribuição das forças de corte pelas paredes de
contraventamento é independente da rigidez relativa. Assim, as forças de inércia horizontais a serem
absorvidas pelos elementos verticais não são proporcionais às suas rigidezes mas sim às áreas de
influência, o que originará um mau comportamento em caso de sismo (elementos com rigidez reduzida
poderão absorver esforços maiores, por vezes superiores aos seus limites, o que levará ao colapso
das estruturas).

Em edifícios com diafragmas rígidos, a compatibilização de deslocamentos horizontais entre elementos


verticais resulta na absorção de forças horizontais proporcionais às rigidezes dos elementos, ou seja,
um elemento com maior rigidez irá absorver maiores esforços. Este tipo de comportamento é
extremamente favorável na resistência às forças de inércia horizontais, pois permite tirar partido da
rigidez e resistência dos elementos com grande rigidez [14].

39
Figura 31 – Distribuição das forças laterais a) diafragma flexível b) diafragma rígido [14]

5.2.1.3.2. Ligação entre elementos


A boa ligação entre elementos estruturais é um dos princípios básicos de construção anti-sísmica. Uma
ligação adequada entre os pavimentos e as paredes promovem um comportamento tipo caixa (Figura
32) em que as paredes de alvenaria são mobilizadas na sua direcção mais favorável (na direcção do
seu plano). Para atingir essa adequada ligação entre as paredes e os pavimentos é muitas vezes
utilizada uma viga de contorno ao longo das paredes para uma correcta ligação aos pavimentos e para
absorção das tensões de tracção que se possam desenvolver pela acção dos pavimentos.

Figura 32 – a) Diafragma flexível sem viga de contorno b) Diafragma flexível com viga de contorno c) Diafragma
rígido com viga de contorno c) forças geradas em caso de carregamento lateral
Refira-se ainda que uma boa ligação entre paredes ortogonais dá origem a elementos tridimensionais
com maior rigidez e resistência do que no caso das mesmas paredes de forma isolada (ver Figura 33).
Como se pode verificar na imagem seguinte, as paredes com má ligação entre si tendem a rodar
facilmente em torno da base, levando ao colapso.

Figura 33 – Má ligação entre elementos verticais [18]

40
5.2.1.4. Aberturas

Em paredes de contravento em alvenaria, o tamanho e a posição das aberturas (ver Figura 34), como
portas ou janelas, têm um forte efeito na resistência ao esforço de corte. Quando sujeitas a forças
sísmicas, aparecem nas zonas das aberturas concentrações de esforços que podem resultar em
fendilhação da alvenaria e, consequentemente, levar a uma deterioração da resistência da alvenaria a
carregamentos laterais no plano.

Para melhorar o comportamento das paredes de alvenaria em caso de sismo, no que respeita à
localização e tamanho das aberturas, devem ser tidas em conta as seguintes recomendações: devem
estar situadas nas paredes sujeitas a menores esforços de verticais; devem estar localizadas fora das
áreas de influencia de cargas concentradas; em cada piso, devem estar situadas no mesmo
alinhamento vertical; devem encontrar-se localizadas simetricamente no plano do edifício; o topo das
aberturas em cada piso deve encontrar-se ao mesmo nível e não devem interromper as vigas de
contorno em betão armado [21].

Figura 34 – Localização das aberturas a) correcta b) incorrecta [8]

5.2.1.5. Fundações

Sabe-se empiricamente que o funcionamento das fundações melhora se estas estiverem interligadas
umas com as outras. Este facto pode ser atribuído a uma melhor uniformização da acção sísmica na
base da estrutura e à capacidade de redistribuição de esforços entre os diversos elementos.

Uma solução que por vezes se adopta nas fundações de edifícios em solos com fraca capacidade de
carga é o ensoleiramento geral, que consiste numa laje de espessura considerável em toda a área de
implantação do edifício.

As estruturas de alvenaria são caracteristicamente rígidas na direcção vertical e têm uma tolerância
limitada a movimentos diferenciais das fundações, sendo muitas vezes utilizada a solução
anteriormente descrita do ensoleiramento geral. Excepcionalmente é possível a utilização de sapatas,
que podem ser ligadas por vigas de fundação.

41
5.3. Mecanismos de Colapso das Paredes de Alvenaria

O mecanismo de colapso de uma estrutura corresponde à sua configuração deformada e aos danos
no momento do colapso, podendo este ser total ou parcial, ficando impedido, em qualquer caso, o seu
normal funcionamento. Na avaliação de segurança de estruturas de alvenaria, há que contabilizar os
fenómenos de instabilidade e colapso no plano das paredes e na direcção perpendicular ao seu plano.

Como já se viu anteriormente, quando se consegue mobilizar um comportamento de caixa, na


ocorrência de um sismo, as paredes que se encontram na direcção do sismo apresentam uma maior
rigidez (e resistência ao corte), pelo que são essas a absorver a maior parte das forças de inércia que
se geram durante o sismo (é solicitado o comportamento das paredes no plano – Figura 35 a)). As
paredes que funcionam fora do plano, absorvem uma pequena percentagem das forças horizontais,
exigindo sobretudo uma capacidade de deformação para suportar os deslocamentos (Figura 35 b))
impostos pela acção sísmica.

Figura 35 – Modos de colapso de paredes de alvenaria. a) colapso fora do plano b) colapso no plano [22]
Os painéis de alvenaria, quando solicitados no seu plano, têm três modos possíveis de colapso,
condicionando a resistência das paredes de alvenaria: 1) derrubamento e esmagamento (devido a
esforços de flexão), 2) deslizamento e 3) fendilhação diagonal (devidos a esforços de corte) (ver figura
Figura 36).

Figura 36 – Modos de colapso no plano a) Derrubamento e esmagamento b) Deslizamento c) Fendilhação


diagonal
No caso de derrubamento e esmagamento, o painel actua como um bloco rígido que, ao rodar em torno
de um dos cantos inferiores do mesmo, leva ao surgimento de fendas horizontais na face à tracção. Se
a tensão vertical for elevada, irá originar o esmagamento desse canto inferior que, como consequência
das fissuras registadas, se desintegra. Em situações de deslizamento, o painel desliza ao longo de uma
junta horizontal que, regra geral, se localiza numa numa das extremidades do painel. No caso de
fendilhação diagonal, fissuras diagonais começam por surgir no centro do painel, indo alastrando até
ao limite do mesmo. Essas fissuras, que podem propagar-se através das juntas da argamassa ou ao
longo das unidades de alvenaria, tomam uma direcção perpendicular à direcção principal das forças de
tracção. Na Figura 37 podem-se ver tipos de rotura no plano, ocorridos no sismo que abalou a Cidade
do México a 19 de Setembro de 2019.

42
Figura 37 – exemplos de rotura no plano – Cidade do México, 19 Setembro 2017
As paredes atingem o colapso pelo modo rotura de menor valor resistente e a sua ocorrência depende
da geometria da parede, das características mecânicas dos constituintes da alvenaria (unidades,
argamassa e interfaces), das condições do contorno e do nível de compressão [23]. É possível que
num painel ocorra uma combinação de diferentes modos de rotura.

5.4. Requisitos do Eurocódigo 8 para estruturas de alvenaria

Tendo em consideração os aspectos mencionados anteriormente, o Eurocódigo 8 preconiza várias


regras para que os edifícios de alvenaria tenham um melhor comportamento sísmico. O referido código
estipula que num edifício com estrutura de alvenaria deverão existir paredes de contraventamento em
pelo menos duas direcções ortogonais e que cumpram certos requisitos geométricos, nomeadamente,
valores mínimos e máximos de espessura e de altura, bem como esbelteza dos elementos.

A ligação entre os pavimentos e as paredes deve ser realizada por tirantes de aço ou por cintas de
betão armado. Nos edifícios de alvenaria poderá ser utilizado qualquer tipo de pavimento, desde que
sejam satisfeitos os requisitos gerais relativos à continuidade e à efectiva função de diafragma rígido.

5.4.1. Alvenaria não armada

No caso de se estar perante estruturas de alvenaria não armada, o Eurocódigo 8 aponta para outras
exigências para além das anteriores: em cada piso, deverão ser colocados tirantes ou cintas de betão
armado no plano da parede (com afastamento vertical não superior a 4𝑚) que deverão formar
elementos contínuos fisicamente interligados (devendo conter uma armadura longitudinal com secção
transversal não inferior a 200 𝑚𝑚2 ), ver Figura 38.

Figura 38 – Tirantes de ou cintas de betão armado [19]

43
6. Análise estrutural e estado limite

6.1. Introdução

Com a constante evolução das técnicas construtivas, também os regulamentos têm sofrido
actualizações. Assim, a nova versão do Eurocódigo 6 para além das verificações de segurança dos
elementos de alvenaria simples e armada, inclui agora também a verificação de segurança de
elementos de alvenaria confinada, sendo que em relação à alvenaria pré-esforçada, apenas apresenta
princípios gerais a aplicar no seu dimensionamento. Esta nova versão tem ainda outros objectivos, tais
como harmonizar o Eurocódigo 6 com os restantes Eurocódigos, em particular o 2, o 3 e o 8 e reduzir
o número de anexos nacionais.

Para cada verificação ao estado limite deve ser desenvolvido um modelo de cálculo da estrutura que
seja uma descrição adequada desta, dos materiais, do comportamento da estrutura ou da parte em
questão e das acções. Esses modelos de cálculo, utilizados para realizar as verificações, podem ser
baseados em elementos independentes da estrutura, desde que a disposição geral da estrutura e a
interacção e conexão desses elementos permitam garantir a estabilidade e robustez adequadas
durante a construção e utilização. A resposta da estrutura deve ser calculada utilizando a teoria não
linear (admitindo uma relação específica entre tensões e extensões) ou a teoria linear (admitindo uma
relação linear entre tensões e extensões com uma inclinação igual ao módulo de elasticidade secante
para acções de curta duração), sendo que todos os elementos estruturais devem ser verificados em
relação ao estado limite último e ao estado limite de utilização.

Neste capítulo serão abordados os aspectos relativos às análises estruturais de elementos de alvenaria
não armada e as respectivas verificações de segurança aos estados limites últimos apresentados no
Eurocódigo 6.

6.2. Análise Estrutural – Eurocódigo 6

6.2.1. Imperfeições

Com o objectivo de harmonizar este ponto com os Eurocódigos 2 e 3, foi proposto mudar a equação
de cálculo das imperfeições iniciais previstas na anterior versão do Eurocódigo 6, sendo que estas
devem ser tidas em consideração no projecto estrutural.

Os efeitos desfavoráveis de possíveis imperfeições globais devem ser permitidos, assumindo que a
estrutura esteja inclinada num ângulo θ1 dado por [24] (21):

θ1 = θ0 αℎ α𝑚
21
Em que θ0 é o valor básico da inclinação igual a 1⁄200, αℎ o factor de redução relativo ao comprimento
ou altura (2/5 ≤ αℎ ≤ 1), α𝑚 o coeficiente de redução relativo ao número de elementos verticais, onde
αℎ = 2⁄ ( onde ℎ𝑡𝑜𝑡 é o comprimento ou altura em metros) e 𝛼𝑚 = √0,5(1 + 1⁄𝑚) (em que 𝑚 é
√ℎ𝑡𝑜𝑡
o número de elementos verticais carregados num piso que suportam uma significante parte do
carregamento vertical e que a sua inclinação contribui para o efeito considerado) [24].

44
De notar que esta alteração foi tida em conta para alinhar o Eurocódigo 6 com os Eurocódigos de betão
e de aço, sendo mais favorável para valores de m superiores a 1, uma vez que é menos provável que
todos os elementos verticais tenham a mesma inclinação desfavorável. [25]

6.2.2. Efeitos de segunda ordem

De acordo com o preconizado no Eurocódigo 6, as estruturas que incluem paredes de alvenaria


projectadas de acordo com a presente norma EN 1996-1-1 devem ter os seus elementos devidamente
contraventados de forma a evitar ou a limitar o deslocamento horizontal da estrutura ao que é permitido
pelos cálculos.

Caso os elementos verticais de contraventamento satisfaçam a expressão seguinte (22), não é


necessário ter em conta o deslocamento horizontal da estrutura.

𝑁𝐸𝑑 ≤ 0,6 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑛 ≥ 4


ℎ𝑡𝑜𝑡  √         { 22
∑𝐸 𝐼 ≤ 0,2 + 0,1𝑛 𝑝𝑎𝑟𝑎 1 ≤ 𝑛 ≤ 4
Onde 𝑁𝐸𝑑 é o valor de dimensionamento do carregamento vertical, ∑ 𝐸 𝐼 a soma dos factores de rigidez
de flexão de todos os elementos verticais de contraventamento do edifício na direcção considerada e
n o número de pisos.

Nos casos em que a distribuição das cargas horizontais aplicadas aos elementos de contraventamento
verticais difere significativamente em relação à rigidez destes, a equação 22 deve ser verificada
separadamente para cada elemento.

6.2.3. Análise de elementos estruturais

6.2.3.1. Paredes de alvenaria não armada solicitadas a um carregamento vertical

Na análise de paredes sujeitas principalmente a cargas verticais, devem considerar-se no projecto os


seguintes elementos: as cargas verticais aplicadas directamente à parede; os efeitos de segunda
ordem; as excentricidades calculadas a partir do conhecimento da disposição das paredes, da
interacção entre pavimentos e paredes de contraventamento; as excentricidades resultantes de
imperfeições na construção e diferenças nas propriedades do material de componentes individuais.

Por forma a ter em conta as imperfeiçoes de construção, deve ser admitida uma excentricidade inicial,
𝑒𝑖𝑛𝑖𝑡 , que poderá ser considerada igual a ℎ𝑒𝑓 ⁄450, em que ℎ𝑒𝑓 é a altura efectiva da parede.

6.2.3.1.1. Altura efectiva das paredes de alvenaria


A altura efectiva de uma parede resistente deve ter em consideração a rigidez relativa dos elementos
estruturais ligados e a qualidade das ligações à mesma, podendo estes ser pavimentos ou coberturas
ou paredes transversais.

As paredes podem ser consideradas como contraventadas num bordo vertical se: não se preveja
fissuração entre a parede e a sua parede de contraventamento ou a ligação entre a parede e a sua
parede de contraventamento é calculada para resistir aos esforços de tracção e compressão que nela
se desenvolvem.

45
As paredes de contraventamento deverão possuir um comprimento mínimo de 1⁄5 da sua altura livre
e uma espessura mínima não inferior a 0,3 vezes a espessura efectiva da parede contraventada. Caso
a parede de contraventamento tenha aberturas, o comprimento mínimo de parede entre aberturas, em
torno da parede a contraventar, deverá ser como indicado na Figura 39, e a parede de
contraventamento deverá estender-se por uma distância não inferior a 1⁄5 do pé direito do piso para
além de cada abertura.

Figura 39 – Comprimento mínimo de uma parede de contraventamento com aberturas


De acordo com o Eurocódigo 6, as paredes poderão ser contraventadas por outros elementos que não
sejam paredes de alvenaria, desde que aqueles tenham uma rigidez equivalente à da parede de
contraventamento de alvenaria, e que sejam ligados à parede a contraventar por ancoragens ou por
ligadores dimensionados para resistir aos esforços de tracção e de compressão que terão de equilibrar.

No caso em que as paredes têm aberturas com uma altura livre superior a 1⁄4 da altura livre da parede
ou uma largura livre superior a 1⁄4 do comprimento da parede ou uma área superior a 1⁄10 da área
total da parede, a parede deverá ser considerada, para efeitos do cálculo da altura efectiva, como tendo
um bordo livre ao nível da abertura.

Assim, a altura efectiva de uma parede deverá ser calculada a partir da expressão (23):

ℎ𝑒𝑓 = 𝜌𝑛 ℎ
23
Em que ℎ𝑒𝑓 , é a altura efectiva da parede, ℎ a altura livre da parede e 𝜌𝑛 o factor de redução, em que
n = 2, 3 ou 4, conforme as condições de travamento dos bordos ou da parede.

6.2.3.1.2 Espessura efectiva das paredes de alvenaria


De acordo com o Eurocódigo 6, a espessura efectiva, 𝑡𝑒𝑓 , de uma parede simples, de uma parede
composta, de uma parede de face à vista, de uma parede com juntas descontínuas e de uma parede
dupla com enchimento de betão, deverá ser considerada igual à espessura real da parede, 𝑡.

Em paredes onde estão introduzidos pilares, que reduzem a esbelteza e aumentam a capacidade
resistente da parede, a redução da esbelteza pode ser considerada através duma maior espessura
efectiva da parede. Assim, a espessura efectiva de uma parede que se encontra travada por pilares
pode ser obtida por (24):

46
𝑡𝑒𝑓 = 𝜌𝑡 𝑡
24
Onde 𝑡𝑒𝑓 é a espessura efectiva da parede, 𝜌𝑡 o coeficiente obtido a partir do Quadro 9 (de acordo com
as relações da Figura 40) , 𝑡 a espessura da parede.

Quadro 9 – Coeficiente de rigidez,𝜌𝑡 , para as paredes contraventadas por pilares


Relação entre o espaçamento dos pilares Relação entre a espessura do pilar e a espessura
(medido entre eixos) e a sua largura real da parede à qual está ligado
1 2 3
6 1,0 1,4 2,0
10 1,0 1,2 1,4
20 1,0 1,0 1,0
NOTA: É permitida a interpolação linear de valores entre os valores do quadro

Figura 40 – Esquema das definições utilizadas no Quadro 9


No caso de uma parede dupla em que os panos estejam ligados entre si por ligadores de parede, a
espessura efectiva da parede, 𝑡𝑒𝑓 , deverá ser determinada pela expressão (25):

3
𝑡𝑒𝑓 = √𝑘𝑡𝑒𝑓 𝑡13 + 𝑡23 25
Em que 𝑡1 e 𝑡2 são as espessuras reais dos panos ou as suas espessuras efectivas e 𝑘𝑡𝑒𝑓 é um factor
para ter em conta os valores relativos de  E dos panos 𝑡1 e 𝑡2 , sendo o valor de 𝑘𝑡𝑒𝑓 igual a 𝐸1 ⁄𝐸2 ( não
podendo ser superior a 2 salvo excepção do Anexo Nacional).

6.2.3.1.3 Esbelteza das paredes de alvenaria


Tal como preconizado no Eurocódigo 6, a esbelteza de uma parede de alvenaria, 𝜆, deve ser obtida
dividindo o valor da altura efectiva ℎ𝑒𝑓 , pelo valor da espessura efectiva 𝑡𝑒𝑓 .

A esbelteza de uma parede de alvenaria não armada, segundo o Eurocódigo 6, não deve ser superior
a 27. No entanto, como já foi referido anteriormente, pelo facto de Portugal estar localizado numa zona
sísmica o Anexo Nacional do Eurocódigo 8 impõe valores mais conservativos como se pode verificar
no Quadro 10.

47
Quadro 10 – Requisitos geométricos em paredes resistentes
Tipo de alvenaria 𝑡𝑒𝑓,𝑚𝑖𝑛 (𝑚𝑚) (ℎ𝑒𝑓 ⁄𝑡𝑒𝑓 )𝑚𝑎𝑥 (𝑙 ⁄ℎ)𝑚𝑖𝑛
Alvenaria simples, com unidades de pedra 350 9 0,5
natural
Alvenaria simples, com qualquer outro tipo de 240 12 0,4
unidades
Alvenaria simples, com qualquer outro tipo de 170 15 0,35
unidades, nos casos de baixa sismicidade
Alvenaria confinada 240 15 0,3
Alvenaria armada 240 15 𝑆𝑒𝑚 𝑟𝑒𝑠𝑡𝑟𝑖çã𝑜
Os símbolos utilizados têm o seguinte significado:
𝑡𝑒𝑓 espessura efectiva da parede (ver a EN 1996-1-1:2005);
ℎ𝑒𝑓 altura efectiva da parede (ver a EN 1996-1-1:2005);
ℎ maior altura livre das aberturas adjacentes á parede;
𝑙 comprimento da parede

6.2.3.2. Paredes de alvenaria não armada solicitadas ao esforço transverso

Na análise de paredes de alvenaria solicitadas ao esforço transverso, de acordo com o Eurocódigo 6,


deverá ser considerada como rigidez da parede a sua rigidez elástica, incluindo as paredes de
contraventamento (ver Figura 41).

Uma parede transversal ou parte de uma parede, pode ser considerada uma parede de contravamento,
caso a ligação entre as paredes seja capaz de resistir às correspondentes acções de corte e que o
contraventamento não sofra encurvadura. A estes requisitos acresce a necessidade da parede ter um
comprimento igual ou superior à espessura da parede de contraventamento acrescida do menor dos
seguintes valores: ℎ𝑡𝑜𝑡 ⁄5 (em que ℎ𝑡𝑜𝑡 é a altura total da parede de contraventamento); da metade da
distância entre paredes de contraventamento, 𝑙𝑠 , (quando estas estão conectadas pela parede
transversal); da distância à extremidade da parede; da metade da distância entre pisos; e oito vezes a
espessura da parede transversal, 𝑡.

Caso as paredes transversais tenham aberturas, estas poderão ser desprezadas se tiverem dimensões
inferiores a ℎ⁄4 ou 𝑙 ⁄4. Caso contrário deverão ser consideradas como delimitando a extremidade da
parede.

Figura 41 – Larguras dos travamentos que podem ser considerados nas paredes de contraventamento
Assim, no caso em que os pavimentos podem ser considerados diafragmas rígidos, as forças
horizontais poderão ser distribuídas pelas paredes de contraventamento de acordo com a rigidez
destas.

48
6.2.3.2. Paredes de alvenaria solicitadas por um carregamento lateral

De acordo com o Eurocódigo 6, na análise de paredes de alvenaria solicitadas por um carregamento


lateral, deverão tomar-se em consideração, no cálculo, os seguintes factores: o efeito das barreiras de
estanquidade e as condições de apoio e a continuidade à face dos apoios. Como referido no ponto
4.3.3. uma parede de alvenaria apresenta resistência à flexão e modos de colapso diferentes para a
direcção horizontal e para a vertical, ou seja, paralelo ou perpendicular às juntas de assentamento.
Salienta-se também o facto de no caso de existir uma junta de dilatação esta deve ser considerada
como um bordo através do qual não pode existir transmissão de momentos flectores ou esforços de
corte.

Segundo o preconizado no Eurocódigo 6, no caso de uma parede se encontrar apoiada ao longo de 3


ou 4 bordos, o momento flector actuante, 𝑀𝐸𝑑𝑖 , pode ser calculado por:

• No caso em que o plano de rotura é paralelo às juntas de assentamento, isto é, na direcção


𝑓𝑥𝑘1 (equação 26):

𝑀𝐸𝑑1 = 𝛼1 𝑊𝐸𝑑 𝑙 2
26
• No caso em que o plano de rotura é perpendicular às juntas de assentamento, isto é, na
direcção 𝑓𝑥𝑘2 (equação 27):

𝑀𝐸𝑑2 = 𝛼2 𝑊𝐸𝑑 𝑙 2
27
Em que 𝛼1 e 𝛼2 são os coeficientes do momento flector que têm em conta o grau de encastramento
dos bordos da parede e a relação entre altura e o comprimento das paredes (que podem ser obtidos
do Anexo E do Eurocódigo 6); 𝑙 o comprimento da parede e 𝑊𝐸𝑑 o valor de cálculo da carga lateral por
unidade de área.

6.3 Estado Limite Último – Eurocódigo 6

Os estados limites últimos estão relacionados com o colapso, ou qualquer outra forma ruína estrutural,
que determine a impossibilidade de utilização da estrutura. [26]

6.3.1. Alvenaria não armada – generalidades

Para a realização das verificações de segurança ao estado limite último, o Eurocódigo 6 preconiza uma
série de considerações a ter em conta no cálculo das resistências. Assim, é referido que no cálculo das
resistências das paredes de alvenaria deve ser tido em consideração a geometria da parede, o efeito
das excentricidades aplicadas e as propriedades dos materiais da alvenaria.

Devem ser realizadas verificações de segurança para todas as paredes de alvenaria quando estas são
consideradas no modelo estrutural, devendo ser verificados os seguintes estados limites últimos:
paredes solicitadas a carregamento vertical (verificação da resistência à carga vertical e à estabilidade
fora do plano); paredes solicitadas a cargas concentradas; paredes solicitadas ao esforço transverso
(corte e momento); paredes solicitadas por um carregamento lateral ou carregamento lateral

49
combinado com vertical; vigas e lintéis de alvenaria abaixo de janelas solicitadas a esforço transverso
e momentos.

6.3.2. Verificação das paredes de alvenaria não armada solicitadas por cargas verticais

No estado limite último, o valor de cálculo da carga vertical aplicada a uma parede de alvenaria, 𝑁𝐸𝑑 ,
deve ser inferior ou igual ao valor de cálculo da resistência às cargas verticais da parede (28), ou seja;

𝑁𝐸𝑑 ≤ 𝑁𝑅𝑑
28
De acordo com o preconizado no Eurocódigo 6, o valor de cálculo da resistência às cargas verticais
por unidade de comprimento, 𝑁𝑅𝑑 , é dado por (29):

𝑁𝑟𝑑 = Φ × 𝑡 × 𝑓𝑑
29
Onde Φ é o factor de redução da capacidade (Φ𝑖 no topo ou na base da parede ou Φ𝑖 a meio da
parede); 𝑡 a espessura da parede e 𝑓𝑑 o valor de cálculo da resistência à compressão da alvenaria
(caso a secção transversal da parede seja inferior a 0,1𝑚2 , o valor deve ser multiplicado pelo factor
(0,7 + 3𝐴) onde 𝐴 é a área bruta da secção transversal horizontal da parede em 𝑚2 ).

6.3.2.1. Coeficiente de redução da esbelteza e da excentricidade

Para verificações de segurança no topo ou base de uma parede, o valor do coeficiente de redução da
esbelteza e da excentricidade, Φ𝑖 , pode ser calculado com base na seguinte expressão (30):

2 × 𝑒𝑖
Φ𝑖 = 1 − 30
𝑡
Em que 𝑒𝑖 é a excentricidade no cimo ou na base da parede, calculada a partir da expressão (31):

𝑀𝑖𝑑
𝑒𝑖 =+ 𝑒ℎ𝑒 + 𝑒𝑖𝑛𝑖𝑡 ≥ 0,05𝑡 31
𝑁𝑖𝑑
Onde 𝑀𝑖𝑑 é o valor de cálculo do momento flector no cimo ou na base da parede resultante da
excentricidade da carga do pavimento no apoio (Figura 42); 𝑁𝑖𝑑 o valor de cálculo da carga vertical no
cimo ou na base da parede; 𝑒ℎ𝑒 a excentricidade, caso exista, no cimo ou na base da parede resultante
das cargas horizontais; 𝑒𝑖𝑛𝑖𝑡 a excentricidade inicial e 𝑡 a espessura da parede.

Figura 42 – Momentos resultantes do cálculo das excentricidades

50
Caso se pretenda realizar a verificação de segurança a meia-altura da parede, o coeficiente de
redução, Φ𝑚 , pode ser calculado de acordo dom o Anexo G, tendo em conta a excentricidade a meia-
altura dada por (32):

𝑀𝑚𝑑
𝑒𝑚 = + 𝑒ℎ𝑚 + 𝑒𝑖𝑛𝑖𝑡 ≥ 0,05𝑡 32
𝑁𝑚𝑑
Onde 𝑀𝑚𝑑 é o valor de cálculo do momento flector a meia-altura da parede resultante da excentricidade
da carga do pavimento no apoio (Figura 42); 𝑁𝑚𝑑 o valor de cálculo da carga vertical a meia-altura da
parede; 𝑒ℎ𝑚 a excentricidade, caso exista, a meia-altura da parede resultante das cargas horizontais;
𝑒𝑖𝑛𝑖𝑡 a excentricidade inicial e 𝑡 a espessura da parede.

Após o cálculo de 𝑒𝑚 , o Eurocódigo 6 remete o cálculo do valor do coeficiente para o Anexo G, alterado
na nova versão do Eurocódigo 6 pois a versão actual apresentava inconsistência mecânica.

Assim, tendo em conta a esbelteza da parede, para paredes de alvenaria não armada solicitadas a
cargas verticais, o Anexo G propõe que o cálculo do factor de redução, Φ𝑚 , poderá ser efectuado a
partir de (33):

𝜆2
𝐴1 − 𝑠𝑒 𝜆 < 1,14𝐴1
2,58𝐴1
Φ𝑚 = 33
𝐴13
0,65 2 𝑠𝑒 𝜆 ≥ 1,14𝐴1
{ 𝐴
Onde 𝐴1 e 𝜆, podem ser calculadas a partir de (34).

𝑒𝑚 ℎ𝑒𝑓 𝑓𝑘
𝐴1 = 1 − 2 𝑒 𝜆= √ 34
𝑡 𝑡𝑒𝑓 𝐸
Caso a parede esteja sujeita em simultâneo a cargas verticais e laterais, o valor do coeficiente de
redução pode ser calculado pela seguinte expressão (35):

1 − 𝐴1
Φ𝑀 = 35
1−𝜐
Com 𝐴1 e 𝜐 calculados a partir de (36)

2,58𝜐 + √(2,58𝜐)2 + 10,33𝜆2


5,17 𝑁𝐸𝑑
𝐴1 = 1⁄3 𝑒 𝜐= 36
2
𝜆 𝜐 𝐴 × 𝑓𝑑
( )
{ 0,65
Onde 𝐴 é o valor da área bruta da secção transversal da parede.

No caso de uma parede de alvenaria que contenha dois tipos de unidades de alvenaria com diferentes
capacidades de carga e quando a altura de um tipo de unidades de alvenaria no topo e/ou na base da
parede for menor do que ℎ⁄10, deve ser considerada a menor: da capacidade de carga do topo e/ou
base, 𝑁𝑅𝑑,𝑖 , determinada utilizando as propriedades da resistência da alvenaria mais fraca ou da
capacidade de carga a meia-altura, 𝑁𝑅𝑑,𝑚 , determinada utilizando as propriedades da resistência da
alvenaria das unidades entre o topo e a base.

51
6.3.3. Verificação das paredes de alvenaria não armada solicitadas por cargas concentradas

Tal como preconizado no Eurocódigo 6, para a situação em que a carga concentrada aplicada numa
parede de alvenaria tenha uma excentricidade inferior ou igual a 𝑡⁄4, isto é, uma distância ao centro da
parede inferior ou igual a 𝑡⁄4, a verificação da segurança ao estado limite último, ou seja, o valor da
carga vertical concentrada, 𝑁𝐸𝑑𝑐 , deve ser igual ou inferior ao valor de cálculo da resistência à carga
vertical concentrada da parede, 𝑁𝐸𝑑𝑐 , (37):

𝑁𝐸𝑑𝑐 ≤ 𝑁𝑅𝑑𝑐
37
Relativamente a paredes de alvenaria detalhadas e construídas de acordo com a secção 10
“Disposições construtivas” do Eurocódigo 6, e que não seja uma parede com juntas descontinuas, o
valor de cálculo da resistência à carga vertical concentrada da parede é dado por (38):

𝑎1 𝐴𝑏
𝑁𝑅𝑑𝑐 = 𝛽𝑐𝑜𝑛 × 𝐴𝑏 × 𝑓𝑑 𝑐𝑜𝑚 𝛽𝑐𝑜𝑛 = (1 + 0,3 ×
) (1,5 − 1,1 × ) 38
ℎ𝑐 𝐴𝑒𝑓
Onde 𝛽𝑐𝑜𝑛 é o coeficiente de majoração de cargas concentradas (1,0 ≤ 𝛽𝑐𝑜𝑛 ≤ 𝑚𝑖𝑛{1,25 +
𝛼1 ⁄2ℎ𝑐 ; 1,5}); 𝑎1 a distância entre a extremidade da parede e o bordo mais próximo da superfície
carregada (Figura 43); ℎ𝑐 a altura da parede até ao nível da carga; 𝐴𝑏 a área carregada; 𝐴𝑒𝑓 a área
efectiva de apoio, isto é, 𝑙𝑒𝑓𝑚 × 𝑡 ( em que 𝑙𝑒𝑓𝑚 é o comprimento efectivo do apoio determinado a meia-
altura da parede ou do pilar (Figura 43) e 𝑡 a espessura da parede, tendo em conta as juntas de
profundidade superior a 5 𝑚𝑚); 𝐴𝑏 ⁄𝐴𝑒𝑓 não deve ser considerado superior a 0,45.

Figura 43 – Paredes solicitadas a cargas concentradas


No caso de estarmos perante paredes de alvenaria construídas com unidades dos grupos 2, 3 ou 4, ou
caso a carga tenha uma excentricidade superior ao mencionado anteriormente, o coeficiente 𝛽𝑐𝑜𝑛 deve
ser considerado igual à unidade.

6.3.4. Verificação das paredes de alvenaria não armada solicitadas a cargas verticais e ao
esforço transverso

6.3.4.1. Verificação ao esforço de corte

Como já foi referido, a verificação ao estado limite último de uma parede solicitada ao esforço
transverso tem especial importância em paredes de contraventamento. De acordo com o Eurocódigo

52
6, esta verificação impõe que o valor do esforço de corte aplicado numa parede de alvenaria, 𝑉𝐸𝑑 , seja
inferior ao valor de dimensionamento do esforço de corte resistente da parede, 𝑉𝑅𝑑 , (39):

𝑉𝐸𝑑 ≤ 𝑉𝑅𝑑
39
Em que o valor de dimensionamento do esforço de corte resistente é dado pela seguinte equação (40):

𝑉𝑅𝑑 = 𝑓𝑣𝑑 × 𝑡 × 𝑙𝑐
40
Em que 𝑓𝑣𝑑 é o valor de cálculo da resistência ao corte da alvenaria; 𝑡 a espessura da parede que
resiste ao esforço transverso e 𝑙𝑐 o comprimento da parte comprimida da parede como se pode verificar
na Figura 44.

Figura 44 – Esquema de cálculo do comprimento comprimido


Em que o comprimento comprimido pode ser calculado a partir da expressão (41):

𝑙 𝑀𝐸𝑑
𝑙𝑐 = 3 ( − ) 41
2 𝑁𝐸𝑑
Em que 𝑙 é o comprimento total da parede; 𝑀𝐸𝑑 o momento aplicado e 𝑁𝐸𝑑 o esforço normal aplicado.

6.3.4.2. Verificação ao momento flector no plano

Quando uma parede de alvenaria não armada se encontra solicitada a flexão no próprio plano, deve
ser feita uma verificação de segurança adicional, devido do facto de o esforço normal apenas poder ser
absorvido pela parte da parede que se encontra comprimida, como se pode verificar na Figura 44.

Relativamente ao momento flector no plano, a verificação deve ter em consideração a possibilidade de


existir encurvadura lateral usando o factor de redução Φ.

A verificação pode ser realizada comprovando se o valor do momento flector de dimensionamento


aplicado à parede de alvenaria, 𝑀𝐸𝑑 , é inferior ou igual ao valor do momento flector resistente, 𝑀𝑅𝑑 ,
(42) calculado tendo em conta uma distribuição de tensões-extensões de acordo com 4.4.1., ou seja:

𝑀𝐸𝑑 ≤ 𝑀𝑅𝑑
42
Para uma secção transversal rectangular, o valor do momento flector resistente é dado por (43):

𝑁𝐸𝑑 × 𝑙 𝑁𝐸𝑑
𝑀𝑅𝑑 = (1 − )≥0 43
2 𝑡 × 𝑙 × 𝜂𝑓 × 𝑓𝑑
Em que 𝑁𝐸𝑑 é o valor de dimensionamento do esforço normal, 𝑓𝑑 o valor de cálculo da resistência à
compressão da alvenaria, 𝜂𝑓 o factor que define o diagrama rectangular de tensões equivalente (de

53
acordo com o Quadro 8); 𝑡 a espessura da parede e 𝑙 o comprimento total da parede, incluindo a parte
traccionada.

6.3.5. Verificação das paredes de alvenaria não armada solicitadas a carregamento lateral

O facto da alvenaria ter diferentes resistências à flexão consoante a direcção, obriga à verificação de
segurança para ambas as direcções, garantindo que o valor do momento flector actuante, 𝑀𝐸𝑑 , é inferior
ou igual ao momento flector resistente, 𝑀𝐸𝑑 , assim (44):

𝑀𝐸𝑑 ≤ 𝑀𝑅𝑑
44
No cálculo deverá ser tida em conta a relação entre as resistências da alvenaria nas duas direcções
ortogonais, 𝜇.

O valor do momento flector resistente pode ser calculado a partir da seguinte expressão preconizada
no Eurocódigo 6 (45):

𝑀𝑅𝑑 = 𝑓𝑥𝑑 × 𝑍
45
Onde 𝑓𝑥𝑑 , é o valor de cálculo da resistência à flexão correspondente ao plano de flexão e 𝑍 o módulo
de flexão da secção de uma unidade de altura ou comprimento da parede. No caso da parede estar
sujeita simultaneamente a carregamento lateral e vertical, o efeito favorável para a estabilidade da
parede devido à compressão a que se encontra sujeita pode ser tido em conta utilizando o a resistência
aparente à flexão, 𝑓𝑥𝑑1,𝑎𝑝𝑝 , dada pela expressão (46):

𝑓𝑥𝑑1,𝑎𝑝𝑝 = 𝑓𝑥𝑑1 + 𝜎𝑑
46
Em que 𝑓𝑥𝑑1 é o valor de cálculo da resistência à flexão da alvenaria com o plano de rotura paralelo às
juntas de assentamento e 𝜎𝑑 o valor de cálculo da tensão de compressão na parede, que não poderá
ser superior a 0,15 𝑁𝑅𝑑 ⁄𝐴.

6.4. Estado Limite de Serviço – Eurocódigo 6

São os estados limites que correspondem à impossibilidade do uso normal da estrutura, estando
relacionados com a durabilidade, aparência, conforto e boa utilização funcional das mesmas. [26]

6.4.1 Paredes de alvenaria não armada

Na verificação ao estado limite último de utilização, devem ser tidas em conta as diferentes
propriedades dos materiais de alvenaria por forma a evitar sobretensões ou danos nas zonas de
interligação.

O Eurocódigo 6 refere que em estruturas de alvenaria não armada, os elementos que tenham sido
verificados aos estados limites últimos não necessitam de verificação individual aos estados limites de
serviço de fendilhação e de deformação.

54
6.5. Verificação de Segurança – Norma Italiana

Como referido, a resistência das paredes de alvenaria, quando solicitadas por acções no seu plano,
encontra-se condicionada por mecanismos de colapso por derrubamento e esmagamento,
escorregamento e fendilhação diagonal. De seguida, apresentam-se as expressões para o cálculo dos
valores das resistências de cada um destes modos de rotura, propostos pela norma italiana.

6.5.1. Derrubamento e esmagamento

Para a quantificação da resistência ao derrubamento e esmagamento despreza-se a resistência à


tracção da alvenaria e o peso próprio do painel para que o esforço axial seja semelhante em ambas as
suas extremidades. Tendo em consideração o esquema da Figura 45, é possível calcular o valor
resistente do momento flector, 𝑀𝑅𝑑 (47), e o correspondente esforço de corte resistente, 𝑉𝑅𝑑 , tendo em
conta as dimensões da parede e o nível de tensão normal, 𝜎0 .

Figura 45 – Esquema de forças no nembo devidos a flexão composta no seu plano


𝜎0 × 𝐿2 × 𝑡 𝜎0
𝑀𝑅𝑑 = (1 − ) 47
2 𝑘 × 𝑓𝑑
Em que 𝜎0 é a tensão normal de compressão da secção, 𝐿 a largura da parede, 𝑡 a espessura da
parede, 𝑓𝑑 o valor de cálculo da resistência à compressão da alvenaria e 𝑘 o factor de assimilação da
distribuição de tensão normal a um rectângulo (igual a 0,85), que tem em consideração o facto do
diagrama de tensões normais não ser regular.

O correspondente esforço de corte resistente (48) é dado pela inclinação do diagrama de momentos,
pelo que basta efectuar o quociente entre o momento resistente, 𝑀𝑅𝑑 , e a distância à secção de
momento nulo:

𝜎0 × 𝐿2 × 𝑡 𝜎0
𝑉𝑅𝑑 = (1 − )
2 × 𝐻0 𝑘 × 𝑓𝑑 48

Onde 𝐻0 é a distância da secção de controlo à secção de momento nulo.

6.5.2. Escorregamento

A resistência ao corte resultante do mecanismo de escorregamento pode ser quantificada com base
em modelos de Mohr-Colomb, como preconizado no Eurocódigo 6 e no regulamento italiano. A partir
das relações da Figura 46, é possível deduzir a equação de cálculo do esforço de corte resistente deste
modo de colapso (equação 49).

55
Figura 46 – Esquema de forças na base do nembo devidos ao deslizamento por corte [27]
1,5 × 𝑓𝑣0 + 0,4 × 𝜎0
𝑉𝑅𝑑 = ×𝐿×𝑡
3 × 𝐻0 49
1+ × 𝑓𝑣0
𝜎0 × 𝐿
Onde 𝐻0 é a distância da secção de momento nulo à secção de controlo.

No caso de lintéis, entre janelas, com pequenas dimensões, o colapso ocorre geralmente por um
mecanismo de corte puro, sendo que a resistência ao corte apenas mobiliza a coesão do material,
quantificada através da seguinte expressão (50):

𝑉𝑅𝑑 = 𝐴 × 𝑓𝑣0
50
Onde 𝐴 é a área de interface entre os nembos e o lintel (Figura 47) e 𝑓𝑣0 a coesão do material.

Figura 47 – Interface entre os nembos e os lintéis quando sujeitos à acção sísmica [27]

6.5.3. Fendilhação diagonal

Por sua vez, a resistência ao corte resultante do mecanismo de fendilhação diagonal, pode ser
quantificada com base na formulação proposta por Turnsek e Sheppard (51). [28]

1,5 × 𝑓𝑣0 × 𝐿 × 𝑡 𝜎0
𝑉𝑅𝑑 = √(1 + ) 51
𝜉 𝜉 × 𝑓𝑣0

Em que 𝜉 é a relação entre a altura e a largura do nembo (1,0 ≤ 𝜉 = 𝐻 ⁄𝐿 ≤ 1,5), 𝜎0 é a tensão normal
de compressão da secção, 𝐿 a largura da parede, 𝑡 a espessura da parede,

56
7. Estudo sobre o coeficiente de comportamento

7.1. Introdução

Com a contínua evolução dos programas de cálculo, em paralelo com a realização de ensaios
experimentais cada vez mais evoluídos, o aumento do grau de precisão dos cálculos de esforços, de
resistências e das regras de dimensionamento, tornam cada vez mais viável a construção em alvenaria
não armada.

No que se refere às estruturas de alvenaria o Eurocódigo 8 apresenta várias condicionantes que tornam
a sua construção pouco viável. O Eurocódigo 8, dada a baixa resistência à tracção e à baixa ductilidade,
das estruturas de alvenaria, considera que a alvenaria simples oferece uma baixa capacidade de
dissipação (DLC) e que a sua utilização deve ser limitada, sendo que a espessura efectiva mínima das
paredes, 𝑡𝑒𝑓 , não deve ser inferior a um valor mínimo 𝑡𝑒𝑓,𝑚𝑖𝑛 .

Pelas razões supracitadas, o Eurocódigo 8 refere que a alvenaria simples, não pode ser utilizada se o
valor de 𝑎𝑔 𝑆 exceder o valor de 𝑎𝑔,𝑢𝑟𝑚 , determinado no anexo nacional. Assim o anexo nacional
português limita a utilização de alvenaria estrutural simples em zonas em que o valor de 𝑎𝑔 𝑆 excede o
valor de 0,20𝑔. Este limite preconizado no Eurocódigo 8 faz com que a construção em alvenaria não
armada não seja admissível nas zonas 1.1 e 1.2 em solos do tipo 𝐴 e nas zonas 1.1, 1.2, 2.3 e 2.4 em
solos do tipo 𝐵 (ver Figura 48). Os solos do tipo 𝐶, 𝐷 e 𝐸 não foram estudados por terem uma qualidade
inferior aos solos 𝐴 e 𝐵.

Figura 48 – Zonas onde, de acordo com o Eurocódigo 8 é permitida a construção em alvenaria

Também os coeficientes de comportamento recomendados no Eurocódigo 8 são bastante


penalizadores quando comparados com outros materiais. A Norme Tecniche per le Costruzioni
(NTC2018) propõe valores do coeficiente de comportamento superiores, tornando mais viável a
construção em alvenaria simples. Para os edifícios em estudo o valor do coeficiente de comportamento
recomendado é 2,975.

Assim, para determinar quais as zonas sísmicas onde seria viável a construção do edifício em causa,
foram consecutivamente aplicados sismos de menor intensidades às estruturas até que os esforços de
dimensionamento fossem inferiores aos esforços resistentes, ou seja, iniciava-se o método aplicando

57
o sismo 1.1 (em ambas as direcções), e caso este não verificasse a segurança aplicava-se o sismo 1.2
e assim sucessivamente.

Para se estudar a segurança e a viabilidade dos coeficientes de comportamento propostos no


Eurocódigo 8 e na NTC, foi idealizada uma planta modelo que posteriormente foi simulada com um,
dois, três e quatro pisos (de planta 12𝑚 por 15𝑚, com altura livre de 3𝑚) nas zonas sísmicas de
Portugal continental, em solos do tipo 𝐴 e 𝐵 (ver Figura 49). As simulações foram feitas recorrendo a
uma análise linear, utilizando o programa de cálculo automático SAP2000 (baseado no método dos
elementos finitos), como se podem ver alguns exemplos no Anexo 2 – Modelos SAP2000.
Posteriormente, foi retirada umas das paredes interiores na direcção 𝑥, por forma a estudar qual a sua
influência no que diz respeito à resistência a forças de corte.

Foi ainda tido em consideração o facto do eurocódigo possibilitar a realização de uma redistribuição do
esforço transverso. Quando um elemento tem um esforço transverso actuante superior ao resistente
em apenas 25%, existe a possibilidade de redistribuir os esforços para outro/os elementos caso caso
estes não tenham um aumento de esforços superior a 33%.

Figura 49 – Características geométricas dos edifícios estudados

7.2. Modelação dos edifícios em SAP2000

Para uma correcta definição do modelo estrutural, inicialmente procedeu-se a uma cuidada definição
das características dos materiais, paredes e vigas de contorno. Em seguida procedeu-se à definição
da estrutura, bem como das cargas e das massas aplicadas, e por fim dos coeficientes de
comportamento e espectros de resposta.

7.2.1. Propriedades mecânicas dos materiais

A primeira fase de concepção do modelo consistiu na definição dos materiais estruturais e respectivas
características mecânicas. Uma vez que Portugal se encontra numa zona de elevada sismicidade, os
materiais foram escolhidos em conformidade com o preconizado no Eurocódigo 6 e no Eurocódigo 8.
Para além das restrições anteriormente referidas, foi também tido em consideração o facto de em

58
Portugal não existir grande variedade de unidades de alvenaria estrutural, pelo que se optou por
unidades disponíveis no nosso país.

Assim, foram escolhidas unidades cerâmicas pertencentes ao Grupo 1, da classe 𝑈5, e argamassa da
classe 𝑀5, uma vez que esta deve ter resistência inferior ou igual à das unidades. No que diz respeito
ao betão e armaduras, foi escolhido betão 𝐶25/30 e aço 𝐴500, respectivamente. De acordo com o
preconizado no Eurocódigo 6, foram calculadas as resistências características da alvenaria bem como
os seus módulos de elasticidade e distorção.

Foi definido que a alvenaria seria executada com argamassa para juntas pouco espessas (entre 0,5𝑚𝑚
e 3 𝑚𝑚) e uma vez que as unidades de cerâmica escolhidas pertencem ao Grupo 1 a resistência
característica à compressão da alvenaria foi calculada de acordo com a expressão (13). Relativamente
à resistência característica ao corte da alvenaria, e de acordo com os pressupostos acima
mencionados, o valor de 𝑓𝑣𝑘0 é igual a 0,2 N⁄mm2 , tendo-se posteriormente utilizado a equação (17)
para o cálculo das resistências ao corte de alvenaria (de notar que, uma vez que este valor depende
do nível de compressão a que o painel está sujeito, o valor varia consoante o painel em análise). Os
valores obtidos para as resistências à compressão e ao corte foram afectados pelo coeficiente parcial,
𝛾𝑀 = 2,0, de acordo com o Eurocódigo 6. No Quadro 11 são apresentados os valores das resistências.

Quadro 11 – Valores característicos e de dimensionamento da alvenaria


Unidades de
Argamassa M5 Resistência à compressão
alvenarias U5

f𝑏 (𝑁⁄𝑚𝑚2 ) f𝑚 (𝑁⁄𝑚𝑚2 ) f𝑘 = K fb0,7  fm


0,3
(𝑁⁄𝑚𝑚2 ) 𝑓𝑑 = 𝑓𝑘 ⁄𝛾𝑚 (𝑁⁄𝑚𝑚2 )

5 5 2,75 1,375

Argamassa para juntas pouco espessas Resistência ao corte

K f𝑣𝑘 = 𝑓𝑣𝑘0 + μ𝑓 σ𝑑 (𝑁⁄𝑚𝑚2 ) 𝑓𝑣𝑑 = 𝑓𝑣𝑘 ⁄𝛾𝑚 (𝑁⁄𝑚𝑚2 )

0,55 0,2 + 0,4 × 𝜎𝑑 ≤ 0,0065𝑓𝑑 𝑓𝑣𝑘 ⁄2

Também os módulos de elasticidade e de distorção foram determinados de acordo com o preconizado


no Eurocódigo 6, tendo o módulo de elasticidade sido divido por dois (de acordo com preconizado no
Eurocódigo 8, para ter em consideração a fendilhação dos elementos estruturais). Relativamente ao
peso volúmico dos materiais, optou-se por simplificação do modelo, considerar nulo, tendo sido
aplicado no modelo como explicado em seguida.

7.2.2. Paredes

As paredes de alvenaria foram modeladas recorrendo a elementos Shell de 4 nós. A utilização destes
elementos teve como propósito simplificar o modelo bem como simular cada parede como uma peça
laminar solicitada no próprio plano com uma espessura suficientemente pequena em relação às

59
restantes dimensões, tornando possível a hipótese de desprezar as componentes do tensor das
tensões perpendiculares ao plano de elemento. [29]

Assim, de maneira a que as paredes apenas trabalhassem na direcção do seu plano, na definição das
características do elemento, aplicou-se o valor de 0,0001 para os set modifiers relativos às rigidezes
fora do plano 𝑚11 , 𝑚22 , 𝑚12 e 𝑣13 e 𝑣23 .

Inicialmente foi utilizada uma malha quadrada de dimensões 0,5 𝑚 × 0,5 𝑚. No entanto, devido às
propriedades da função utilizada para determinar os esforços, foi necessário recorrer a um refinamento
da malha, tendo sido utilizada uma malha final de dimensões 0,1 𝑚 × 0,1 𝑚.

7.2.3. Vigas

A modelação das vigas de contorno em betão armado, foi feita através de elementos barra, elementos
de dois nós que simulam o comportamento de viga-coluna, de acordo com as dimensões escolhidas.

Outro dos aspectos considerados que se deve ter em atenção para retratar o comportamento real da
estrutura foi a não consideração da rigidez de torção, isto porque, como é sabido, em estruturas de
betão armado a fendilhação é habitual e esse fenómeno reduz consideravelmente a rigidez à torção.

7.2.4. Lajes

Sendo o objectivo deste estudo determinar o comportamento do edifício quando sujeito a acções
sísmicas, a sua modelação foi feita com esse propósito. Devido à elevada rigidez conferida pela sua
grande área em planta, e como preconizado no Eurocódigo 8, as lajes de betão armado funcionam
como um corpo rígido, ou seja, no plano de cada laje, as rotações e deslocamentos são dependentes
entre si. Relativamente ao comportamento das lajes na direcção perpendicular, os deslocamentos não
podem ser desprezados. No entanto, para o tipo de análise em questão, a forma como as cargas estão
distribuídas na laje é pouco relevante, pelo que se considerou que o valor total da massa, em cada
piso, actua no seu centro de massa, isto porque em termos de análise sísmica o comportamento da
estrutura não tem alterações de relevo.

De maneira a retratar da melhor forma este comportamento no modelo, foram definidos, ao nível de
cada piso, constrains do tipo diafragma em todos os nós, simulando assim o comportamento de corpo
rígido e dispensando a representação dos elementos de laje.

7.2.5. Cargas e massas aplicadas

Uma vez que, como referido anteriormente, na definição das propriedades dos materiais o peso
volúmico foi considerado nulo, as massas foram adicionadas ao modelo. Por forma a simular o
comportamentos das lajes com esta representação, introduziram-se no centro de massa de cada piso
as características relevantes para o seu comportamento: a massa associada à combinação quase
permanente de acções nas duas direcções ortogonais (𝑥 e 𝑦) e o respectivo momento polar de inércia,
calculados de acordo com expressões (52) e (53), respectivamente (valores no Quadro 12):

(Gk + ψE × 𝑄𝑘 )
Mx = My = 52
g

60
(𝑎2 + 𝑏 2 )
𝐼𝑝 = M. 53
12
Sendo Mx e My a massa do piso nas duas direcções ortogonais, Gk as cargas permanentes, ψE o
coeficiente para a combinação quase permanente, Q k as sobrecargas, g a gravidade, 𝐼𝑝 o momento
polar de inércia e a e b as dimensões em planta da laje.

Quadro 12 – Características da modelação da laje

Massa das Lajes (𝑡𝑜𝑛) Momento polar de inércia (𝑡𝑜𝑛 𝑚2 )


139,5 4288,1

De forma análoga, a massa referente às vigas e às paredes foram aplicadas em cada nó das vigas de
contorno. Foi calculada a massa total das paredes e vigas por piso, e dividido pelo número de nós das
vigas. Para tentar simular o melhor possível a massa da parede foi colocada metade na viga de baixo
e metade na viga de cima (de notar que no piso inferior apenas se contabilizou metade da massa das
paredes, contudo para uma análise sísmica não é relevante uma vez que corresponde a uma
percentagem bastante reduzida da massa e que se encontra na base do edifício).

Relativamente às cargas verticais, visto que os pavimentos assentam directamente nas paredes de
alvenaria, optou-se por aplicar cargas distribuídas ao longo das vigas de contorno.

7.2.6. Determinação dos coeficientes de comportamento de acordo com o Eurocódigo 8 e a


norma italiana

De acordo com o Eurocódigo 8, o coeficiente de comportamento aconselhado para estruturas de


alvenaria simples é de 1,5 a 2,5 sendo que, no entanto, recomendam utilizar o valor de 1,5 enquanto
que os valores superiores são sugeridos para alvenaria confinada e armada.

Relativamente aos valores do coeficiente de comportamento sugeridos pela norma italiana, o valor do
coeficiente de comportamento sugerido para edifícios de alvenaria não armada é dado pela expressão
𝑞 = 1,75 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 , sendo que para edifícios de alvenaria não armada o valor de 𝛼𝑢 ⁄𝛼1 toma o valor de 1,7
pelo que o coeficiente de comportamento recomendado pela norma italiana é de 2,975.

7.2.7. Definição dos espectros de resposta

Tendo em consideração as localizações, os tipos de terreno, as velocidades das ondas de corte e a


classe de importância, em conjunto com uma análise do Eurocódigo 8 e do respectivo Anexo Nacional,
foram determinados os parâmetros necessários para a quantificação da acção sísmica.

Com a definição dos parâmetros anteriormente supracitados foi possível a determinação dos vários
espectros de resposta utilizados para a realização da análise sísmica dos edifícios, que podem ser
consultados no Anexo 3 – Espectros de Resposta.

61
7.2.8. Validação do modelo

7.2.8.1. Análise modal e modos de vibração

Para os edifícios em estudo, efectuaram-se análises modais por espectro de resposta, pelo que, de
acordo com o Eurocódigo 8, devem ter-se em conta as respostas dos modos de vibração que
contribuem de forma significativa para a resposta global de uma estrutura. Para aferir a contribuição
referida é necessário verificar uma das seguintes condições: a soma das massas totais efectivas tidas
em conta na análise modal tem de constituir mais de 90% da massa total da estrutura ou todos os
modos com massas modais efectivas superiores a 5% da massa total são tidos em conta.

No Anexo 4 – Modos de Vibração dos Edifícios são apresentados os modos de vibração relevantes dos
edifícios estudados, de acordo com o mencionado anteriormente.

7.2.8.2. Cálculo das frequências fundamentais pelo método de Rayleigh

O método de Rayleigh constitui um método aproximado para o cálculo das frequências fundamentais
através de uma análise estática. Assim a frequência fundamental de um modo de vibração é dada pela
expressão (54):

1 ∑ 𝐹𝑖 𝑑𝑖
𝑓= ×𝑝=√ 54
2𝜋 ∑ 𝐹𝑖 𝑑𝑖2
Onde 𝐹𝑖 é a força do piso 𝑖 e 𝑑𝑖 o deslocamento devido à força 𝐹𝑖 a actuar na direcção em relação à
qual se está a calcular 𝑓.

A execução do método traduz-se na aplicação de forças horizontais ao nível de cada piso, no seu
centro de massa, induzindo deslocamentos segundo a direcção da força. Esta força tem o valor igual
ao peso da carga associada à combinação sísmica de acções (𝐹 = 𝑀𝑝 × 𝑔). De seguida, e recorrendo
ao SAP2000, retiraram-se os deslocamentos associados a cada piso, para cada uma das direcções
horizontais.

Salienta-se que este não é um método rigoroso e requer que a configuração deformada da estrutura
seja arbitrada, tendo de satisfazer as condições cinemáticas de apoio e de continuidade apresentadas
pelo sistema estrutural. Deste modo, quanto mais próxima for a configuração idealizada em relação à
configuração real, mais preciso será o valor da frequência calculada.

Quadro 13 – Valores das frequências obtidos pelo método de Rayleigh e pelo SAP2000
Edifício de 3
Modo de Edifício de 1 piso Edifício de 2 pisos Edifício de 4 pisos
pisos
vibração
M. SAP M. SAP M. SAP M. SAP
Fundamental
Rayleigh 2000 Rayleigh 2000 Rayleigh 2000 Rayleigh 2000
𝑓𝑥 (𝐻𝑧) 12,984 13,143 7,350 7,575 5,083 5,121 3,736 3,758
𝑓𝑦 (𝐻𝑧) 12,778 13,008 7,238 7,509 5,060 5,109 3,743 3,787

Como se pode verificar pela comparação de resultados, podemos verificar que o método de Rayleigh
deu valores muito próximos aos calculados no SAP2000.

62
7.2.8.3. Verificação das cargas verticais

De forma a testar a validade do modelo de elementos finitos do programa SAP2000, comparou-se o


total de cargas verticais equilibradas pelo programa com aquele calculado para o peso próprio da
estrutura, para a combinação quase permanente de acções (Quadro 14).

Quadro 14 – Somatório das cargas verticais estimadas e calculadas no SAP2000 (edifício com 4 paredes em x)
Edifício de 1 Edifício de 2 Edifício de 3 Edifício de 4
Cargas
piso pisos pisos pisos
Paredes (kN) 482,5 977,2 1471,9 1960,5
Viga de contorno (kN) 60,7 121,4 182,1 242,7
Lages (kN) 1368,0 2736,0 4104,0 5472,0
Total (kN) 1911,2 3834,6 5757,9 7675,2
Total do Modelo (kN) 1918,7 3837,7 5756,0 7674,7
Erro (%) 0,4 0,1 0,1 0,0

7.2.8.4. Cálculo das forças de corte basal na base de acordo com o Eurocódigo 8

De acordo com o preconizado no Eurocódigo 8, a força sísmica na base, 𝐹𝑏 , deve ser determinada,
para cada direcção horizontal na qual o edifício é analisado, a partir da seguinte expressão (55):

𝐹𝑏 = 𝑆𝑑 (𝑇1 ) × 𝑚 × 𝜆
55
Em que 𝑆𝑑 (𝑇1 ) é a ordenada do espectro de cálculo para o período 𝑇1 , 𝑇1 o período de vibração
fundamental do edifício para o movimento lateral na direcção considerada, 𝑚 a massa total do edifício
(acima da fundação ou acima do nível superior de uma cave rígida) e 𝜆 o factor de correcção ( igual a
0,85 se 𝑇1 ≤ 2𝑇𝐶 e o edifício tiver mais de dois pisos ou 1,0 nos outros casos).

Verificou-se que as forças de corte basal calculadas com base no método analítico eram muito próximas
dos resultados fornecidos pelo SAP2000. Assim, foi possível validar os modelos com confiança

7.3. Análise de acordo com as regras para edifícios simples de alvenaria simples

De acordo com o preconizado no Eurocódigo 8, os edifícios de alvenaria pertencentes às classes de


importância 𝐼 ou 𝐼𝐼 e que obedecem às disposições presentes na referida norma, em particular a
“Materiais e tipos de assentamento”, a “Critérios de projecto e regras de construção” e a regras em
seguida descritas, podem ser classificados como “edifícios simples de alvenaria”. Caso os edifícios
cumpram estes requisitos não é obrigatória uma verificação explícita da segurança de acordo com a
presente norma.

7.3.1. Regras para edifícios simples de alvenaria

Relativamente à configuração em planta do edifício, este deverá respeitar as seguintes condições: a


planta deverá ser aproximadamente regular; a relação, em planta, entre o comprimento do lado menor
e o comprimento do lado maior não deverá ser inferior a um valor mínimo, 𝜆𝑚𝑖𝑛 = 0,25; a área das
saliências ou reentrâncias, em relação à forma rectangular, não deverá ser superior a uma percentagem
𝑝𝑚𝑎𝑥 = 15% da área total do pavimento acima do nível considerado. EC6

63
No que diz respeito às paredes de contraventamento, estas devem cumprir os seguintes requisitos: o
edifício deverá conter paredes de contraventamento, dispostas de modo quase simétrico em planta em
duas direcções ortogonais; deverão ser dispostas, pelo menos, duas paredes paralelas em cada uma
das duas direcções ortogonais, sendo o comprimento de cada parede superior a 30% do comprimento
do edifício; pelo menos 75% das cargas verticais deverão ser suportadas pelas paredes de
contraventamento; as paredes de contraventamento deverão ser contínuas desde o topo até à base do
edifício.

Nas zonas de baixa sismicidade, o comprimento da parede poderá ser constituído pelo comprimento
acumulado, segundo uma direcção, das paredes de contraventamento entre aberturas. Neste caso,
pelo menos uma parede de contraventamento em cada direcção deverá ter um comprimento, 𝑙, não
inferior ao correspondente a duas vezes o valor mínimo de 𝑙 ⁄ℎ de acordo com o Quadro 10.

Em cada direcção horizontal ortogonal, as diferenças entre dois pisos, da massa e da área das secções
transversais horizontais das paredes de contraventamento deverão ser limitadas a valores máximos
respectivamente de Δ𝑚,𝑚𝑎𝑥 e Δ𝐴,𝑚𝑎𝑥 iguais a 20%.

Para edifícios de alvenaria simples, as paredes numa direcção deverão ser ligadas às paredes na
direcção ortogonal, com um afastamento máximo de 7𝑚.

Uma vez que os edifícios verificam as condições acima supracitadas, o edifício pode ser construído
sem uma verificação explícita da segurança, nas zonas sísmicas de acordo com o Quadro 15.

Quadro 15 – Número permitido recomendado de pisos acima do terreno e área mínima de paredes de
contraventamento de “edifícios simples de paredes de alvenaria” [16]
Aceleração no local ≤ 0,07𝑔 ≤ 0,10𝑔 ≤ 0,15𝑔 ≤ 0,20𝑔
𝐴𝑔 . 𝑆 (𝑚⁄𝑠 2 ) (0,69) (0,98) (1,47) (1,96)
Número de 𝑆𝑜𝑚𝑎 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑐çõ𝑒𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 𝑑𝑒
Tipo de
pisos acima 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑣𝑒𝑛𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑐çã𝑜, 𝑒𝑚 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚
construção
do solo, 𝑛 𝑑𝑎 á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑖𝑠𝑜 𝑝𝐴,𝑚𝑖𝑛
1 2,0% 2,0% 3,5% 𝑛/𝑎
Alvenaria 2 2,0% 2,5% 5,0% 𝑛/𝑎
simples 3 3,0% 5,0% 𝑛/𝑎 𝑛/𝑎
4 5,0% 𝑛/𝑎 𝑛/𝑎 𝑛/𝑎
O anexo nacional refere que o número de pisos dos edifícios abrangidos pelo conceito de “edifícios
simples de alvenaria” não pode exceder um quando for utilizada alvenaria simples, ver Quadro 16.

Quadro 16 – Área mínima de paredes de resistentes em cada direcção de edifícios simples expressa em
percentagem da área dos pisos [16]
Aceleração no local
≤ 0,80 ≤ 1,10 ≤ 1,70 ≤ 2,50
𝐴𝑔 . 𝑆 (𝑚⁄𝑠 2 )
Número de 𝑆𝑜𝑚𝑎 𝑚í𝑛𝑖𝑚𝑎 𝑑𝑎𝑠 á𝑟𝑒𝑎𝑠 𝑑𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑐çõ𝑒𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑖𝑠 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 𝑑𝑒
Tipo de
pisos acima 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑣𝑒𝑛𝑡𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑐çã𝑜, 𝑒𝑚 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑚
construção
do solo, 𝑛 𝑑𝑎 á𝑟𝑒𝑎 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑖𝑠𝑜 𝑝𝐴,𝑚𝑖𝑛
Alvenaria
1 2,0% 𝑛/𝑎 𝑛/𝑎 𝑛/𝑎
simples
Assim, tendo em consideração o Quadro 15 e o Quadro 16, determinaram-se as zonas sísmicas onde
seria possível a construção dos edifícios em estudo, na Figura 50 e na Figura 51,respectivamente.

64
Figura 50 – Zonas onde é admissível a construção do edifício, de acordo com as regras de edifícios simples do
Eurocódigo 8

Figura 51 – Zonas onde é admissível a construção do edifício, de acordo com as regras de edifícios simples do
Anexo Nacional

7.4. Análise estrutural de acordo com o Eurocódigo 6 e Eurocódigo 8

Na verificação da segurança dos edifícios em relação ao colapso, o Eurocódigo 8 estipula que numa
situação de projecto sísmica o valor de cálculo da resistência de cada elemento deve ser avaliado de
acordo com o Eurocódigo 6.

7.4.1. Metodologia de análise

Para um correcto estudo dos edifícios modelados foi necessário ter em consideração certos aspectos
no que diz respeito quer à introdução das forças sísmicas, quer à maneira se combinaram as diversas
acções/cargas.

Uma vez que se trata de um edifício de alvenaria, no que diz respeito à verificação ao estado limite
último ao esforço de corte, esta encontra-se intrinsecamente relacionada com o nível de carregamento
vertical, isto é, esforço normal ao qual a parede se encontra sujeita, de acordo com a equação 17.
Assim, combinaram-se os efeitos das cargas verticais (Combinação quase permanente) com os dos

65
diferentes espectros de resposta sísmica. No entanto, este método revelou-se inviável uma vez que o
SAP2000, ao combinar a acção sísmica com as cargas verticais apresentava combinações de esforços
que poderiam não ocorrer em simultâneo, uma vez que os esforços obtidos eram valores máximos ou
mínimos dos diferentes esforços analisados em separado, (exemplo equação (56)) e não a combinação
de esforços real mais ou menos condicionante.

𝐸𝑠𝑓𝑜𝑟ç𝑜𝑠 = {𝑚á𝑥{𝑁𝐸𝑑 }, 𝑚á𝑥{𝑉𝐸𝑑 }, 𝑚á𝑥{𝑀𝐸𝑑 }}


56

Por forma a contornar esta situação, e após a determinação das forças de corte basal, a partir da
equação (57), distribuição das forças sísmicas horizontais, determinaram-se as forças sísmicas
actuantes em cada piso que posteriormente foram aplicadas ao modelo.

𝑠𝑖 × 𝑚𝑖
𝐹𝑖 = 𝐹𝑏 ×
∑ 𝑠𝑗 × 𝑚𝑗 57

Onde 𝐹𝑖 é a força horizontal actuante no piso 𝑖, 𝐹𝑏 a força de corte sísmica na base (obtida a partir da
análise modal), 𝑠𝑖 e 𝑠𝑗 os deslocamentos das massas 𝑚𝑖 e 𝑚𝑗 no modo de vibração fundamental e 𝑚𝑖
e 𝑚𝑗 as massas dos pisos.

Assim, para uma correcta análise dos esforços actuantes, analisaram-se, em separado as forças
verticais e as forças sísmicas e apenas depois de obtidos os resultados se sobrepuseram os efeitos,
equação (58).

𝐸𝑑 = {𝑁𝐶𝑄𝑃 + 𝑁𝑠𝑖𝑠𝑚𝑜 , 𝑉𝑠𝑖𝑠𝑚𝑜 , 𝑀𝑠𝑖𝑠𝑚𝑜 }


58

Em seguida, tendo em conta os valores dos esforços actuantes calcularam-se os valores dos esforços
resistentes das diversas paredes nas diversas secções verificadas, de acordo com a metodologia em
seguida descrita:

1) Cálculo da tensão normal

𝑁
𝜎𝑑 = 59
𝐴
2) Determinação do valor da resistência de cálculo ao corte da alvenaria, fvd , de acordo com a
expressão 17 e dividido pelo coeficiente de segurança parcial, 𝛾𝑀 = 2,0.

3) Determinação do comprimento comprimido da secção, 𝑙𝑐 , determinado a partir da equação 41.

4) Cálculo do esforço de corte resistente em cada secção, de acordo com a equação 40, com 𝑡 =
0,29 𝑚.

5) Verificação da segurança ao esforço de corte, de acordo com a expressão 39.

No Anexo 6 – Verificações de segurança ao estado limite último apresenta-se as verificações realizadas


para o edifício de quatro pisos com 4 paredes (sismo Tipo 1, Solo B – Direcção X)

66
Tal como já referido no ponto 7.1. Introdução, a verificação de segurança do edifício quando sujeito à
acção sísmica, realizada de acordo com um processo iterativo, baseou-se nos princípios da verificação
aos estados limites último e de serviço, sendo que, invariavelmente o estado limite último se verificou
mais condicionante. A verificação de segurança da estrutura ao estado limite último baseou-se na
verificação de segurança ao esforço transverso e momentos aplicados nas paredes que tinham
comportamento no plano, ou seja, o seu plano é paralelo à direcção da acção sísmica. Na Figura 52
são apresentadas as secções das paredes estruturais onde foram feitas as verificações de segurança
tendo em consideração os comportamento das estruturas de alvenaria (note-se que apenas se trata de
cortes representativos uma vez que todos foram realizados à mesma cota) e os alinhamentos
estudados.

Figura 52 – Cortes e alinhamentos analisados nas verificações de segurança ao estado limite último. a) parede
𝑦 = 0 b) parede 𝑦 = 5/7,5 c) parede 𝑥 = 0 d) parede 𝑥 = 6 e) alinhamentos edifício com 4 paredes em 𝑥 f)
alinhamentos edifício com 3 paredes em 𝑥
Relativamente ao estado limite de serviço, foram realizadas as verificações preconizadas no
Eurocódigo 8 “Limitação de danos”. Assim, e uma vez que invariavelmente a verificação aos estados
limites últimos se revelou mais condicionante, a limitação do deslocamento entre pisos apenas foi
realizada nos casos em o estado limite último era verificado. O Eurocódigo 8, para edifícios sem
elementos não estruturais define a expressão (60) para a referida verificação:

𝑑𝑟 × 𝜈 ≤ 0,010 × ℎ
60
Onde 𝑑𝑟 é o valor de cálculo do deslocamento relativo entre pisos, ℎ a altura entre pisos e 𝜈 o coeficiente
de redução que tem em conta o mais baixo período de retorno da acção sísmica associada ao requisito
de limitação de danos (definidos no respectivo Anexo Nacional, Quadro 17).

Quadro 17 – Valores do coeficiente de redução


Acção sísmica 𝜈
Tipo 1 0,40
Tipo 2 0,55

67
7.4.2. Apresentação de resultados

7.4.2.1. Verificação ao estado limite de serviço, limitação de danos

A cláusula da limitação de danos foi verificada para o edifício de 3 paredes em 𝑥 (fundado em solo do
tipo B), quando sujeito a uma acção do tipo 1.1 e 2.3. Assim, uma vez que se trata do caso mais
condicionante podemos concluir que todos os outros também estão de acordo com o preconizado no
Eurocódigo 8. No Anexo 5 – Limitação de danos apresentam-se os resultados para o caso acima
mencionado.

7.4.2.2. Edifício de um piso

Para se iniciar o estudo sobre a viabilidade da construção de edifícios de alvenaria começou por se
aplicar à estrutura as forças sísmicas correspondentes aos sismos 1.1 e 2.3 (Solo 𝐴 e 𝐵) ao edifício de
um piso (4 paredes na direcção 𝑥) e por determinar os esforços actuantes nas diversas secções (Figura
52), até que o esforço actuante fosse inferior ao esforço resistente. As zonas em que se verificou a
viabilidade de construção do edifício de um piso podem ser consultadas no Quadro 18.

Quadro 18 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de um piso (4 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites
Coeficiente de Edifício com 4 paredes em 𝑥 sem Edifício com 4 paredes em 𝑥 com
comportamento redistribuição de esforços redistribuição de esforços
Solo A
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.3 1.1 2.3 1.3 2.3 1.1 2.3
𝑞 = 2,975 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3
Solo B
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.4 1.2 2.4 1.4 2.4 1.1 2.3
𝑞 = 2,975 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3

Na Figura 53 encontra-se a representação gráfica das zonas sísmicas anteriormente apresentadas no


Quadro 18.

Figura 53 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de um piso (4 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites

68
Em seguida, e partindo do pressuposto que o edifício com apenas 3 paredes na direcção 𝑥 tinha uma
resistência global inferior aos esforços de corte na direcção 𝑥, as verificações tiveram início na zona
sísmica que o edifício com 4 paredes em 𝑥 verificava a segurança (com redistribuição de esforços).
Apesar de um incremento do esforço normal das paredes em 𝑥, e consequente aumento do esforço de
cálculo resistente das paredes, não seria de esperar que fosse suficiente para albergar os esforços
devido à perda de uma parede. Tal como seria de esperar, verificou-se que a supressão de uma das
paredes faria com que o edifício fosse mais susceptível ao colapso e, portanto, apenas poderia ser
construído numa zona mais restrita, tendo-se chegado às zonas sísmicas que podem ser consultadas
no quadro Quadro 19.

Quadro 19 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de um piso (3 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites

Coeficiente de Edifício com 3 paredes em 𝑥 sem Edifício com 3 paredes em 𝑥 com


comportamento redistribuição de esforços redistribuição de esforços
Solo A
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.4 1.1 2.3 1.4 2.4 1.1 2.3
𝑞 = 2,975 1.2 2.3 1.1 2.3 1.2 2.3 1.1 2.3
Solo B
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.5 2.5 1.2 2.4 1.5 2.5 1.1 2.3
𝑞 = 2,975 1.4 2.3 1.1 2.3 1.4 2.3 1.1 2.3

Na Figura 54 encontra-se a representação gráfica das zonas sísmicas apresentadas no Quadro 19.

Figura 54 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de um piso (3 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites

7.4.2.3. Edifício de dois pisos

Para a determinação das zonas onde seria admissível a construção do edifício com dois pisos, o
processo iterativo teve início na zona sísmica imediatamente anterior à zona a partir da qual o edifício
de dois piso verificou a segurança. No edifício de dois pisos, em comparação com o que seria esperado
e com o que se veio a confirmar com os restantes, verificou-se que este era menos condicionante do
que o edifício de um piso. Este acontecimento deve-se ao facto de a tensão normal duplicar (o que leva

69
a um aumento substancial do comprimento comprimido, reflectindo-se num incremento da resistência
ao esforço de corte), permitindo assim que cada parede mobilize uma maior força sísmica. É de
salientar que apesar de ter um melhor comportamento ao esforço de corte, este fenómeno apenas teve
resultados visíveis quando aplicado o coeficiente de comportamento sugerido no Eurocódigo 8 e sem
redistribuição de esforços, como se pode ver no Quadro 20.

Quadro 20 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de dois pisos (4 paredes em 𝑥) de
acordo com a verificação de segurança aos estados limites

Coeficiente de Edifício com 4 paredes em 𝑥 sem Edifício com 4 paredes em 𝑥 com


comportamento redistribuição de esforços redistribuição de esforços
Solo A
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.3 2.3 1.3 2.3 1.3 2.3 1.2 2.3
𝑞 = 2,975 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3
Solo B
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.4 1.4 2.4 1.4 2.4 1.4 2.4
𝑞 = 2,975 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3

Na Figura 55 encontra-se a representação gráfica das zonas sísmicas anteriormente no Quadro 20.

Figura 55 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de dois pisos (4 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites
Analogamente ao que foi realizado para o edifício de um piso, passou-se à verificação do edifício com
3 paredes em 𝑥, tendo-se concluído que é admissível a construção do edifício nas zonas sísmicas
apresentadas no Quadro 21.

70
Quadro 21 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de dois pisos (3 paredes em 𝑥) de
acordo com a verificação de segurança aos estados limites

Coeficiente de Edifício com 3 paredes em 𝑥 sem Edifício com 3 paredes em 𝑥 com


comportamento redistribuição de esforços redistribuição de esforços
Solo A
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.4 1.3 2.3 1.4 2.4 1.2 2.3
𝑞 = 2,975 1.2 2.3 1.1 2.3 1.2 2.3 1.1 2.3
Solo B
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.5 2.5 1.4 2.4 1.5 2.5 1.4 2.4
𝑞 = 2,975 1.4 2.3 1.1 2.3 1.4 2.3 1.1 2.3

Na Figura 56 encontra-se a representação gráfica das zonas sísmicas apresentadas no Quadro 21.

Figura 56 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de dois pisos (3 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites

7.4.2.4. Edifício de três pisos

Para se determinar quais as zonas sísmicas onde os edifícios de três pisos se poderiam construir, tal
como no caso do edifício de dois pisos, começaram-se as verificações nas zonas imediatamente
anteriores às que verificaram a segurança com redistribuição de esforços do edifício de dois pisos (para
evitar casos em que o aumento de esforço axial permitia a construção em zonas sísmicas mais
condicionantes).

No Quadro 22 apresentam-se as zonas sísmicas onde se verificou ser admissível construir o edifício
de 3 pisos com 4 paredes em 𝑥.

71
Quadro 22 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de três piso (4 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites
Coeficiente de Edifício com 4 paredes em 𝑥 sem Edifício com 4 paredes em 𝑥 com
comportamento redistribuição de esforços redistribuição de esforços
Solo A
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.4 1.4 2.4 1.3 2.4 1.3 2.4
𝑞 = 2,975 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3
Solo B
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.5 1.4 2.5 1.4 2.4 1.4 2.4
𝑞 = 2,975 1.3 2.3 1.2 2.3 1.2 2.3 1.2 2.3

Na Figura 57 encontra-se a representação gráfica das zonas sísmicas apresentadas no Quadro 22.

Figura 57 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de três pisos (4 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites
No Quadro 23 apresentam-se as zonas sísmicas onde é admissível construir o edifício de 3 pisos com
3 paredes em 𝑥.

Quadro 23 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de três piso (3 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites
Coeficiente de Edifício com 3 paredes em 𝑥 sem Edifício com 3 paredes em 𝑥 com
comportamento redistribuição de esforços redistribuição de esforços
Solo A
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.5 1.4 2.4 1.4 2.4 1.3 2.4
𝑞 = 2,975 1.2 2.3 1.1 2.3 1.2 2.3 1.1 2.3
Solo B
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.5 2.5 1.4 2.5 1.5 2.5 1.4 2.4
𝑞 = 2,975 1.4 2.4 1.2 2.3 1.2 2.3 1.2 2.3

72
Na Figura 58 encontra-se a representação gráfica das zonas sísmicas apresentadas no Quadro 23.

Figura 58 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de três pisos (3 paredes em 𝑥) de acordo
com a verificação de segurança aos estados limites

7.4.2.5. Edifício de quatro pisos

Por último, foram realizadas as verificações de segurança para o edifício de quatro pisos. No Quadro
24 apresentam-se as zonas sísmicas onde se verificou ser admissível construir o edifício de quatro
pisos com 4 paredes em 𝑥.

Quadro 24 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de quatro pisos (4 paredes em 𝑥) de
acordo com a verificação de segurança aos estados limites
Coeficiente de Edifício com 4 paredes em 𝑥 sem Edifício com 4 paredes em 𝑥 com
comportamento redistribuição de esforços redistribuição de esforços
Solo A
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.4 1.4 2.4 1.4 2.4 1.4 2.4
𝑞 = 2,975 1.2 2.3 1.2 2.3 1.1 2.3 1.1 2.3
Solo B
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.5 2.5 1.5 2.5 1.5 2.5 1.4 2.5
𝑞 = 2,975 1.4 2.3 1.4 2.3 1.3 2.3 1.2 2.3

Na Figura 59 encontra-se a representação gráfica das zonas sísmicas apresentadas no Quadro 24.

73
Figura 59 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de quatro pisos (4 paredes em 𝑥) de
acordo com a verificação de segurança aos estados limites
No Quadro 25 apresentam-se as zonas sísmicas onde se verificou ser admissível construir o edifício
de quatro pisos com 3 paredes em 𝑥.

Quadro 25 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de quatro pisos (3 paredes em 𝑥) de
acordo com a verificação de segurança aos estados limites
Coeficiente de Edifício com 3 paredes em 𝑥 sem Edifício com 3 paredes em 𝑥 com
comportamento redistribuição de esforços redistribuição de esforços
Solo A
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.4 2.4 1.4 2.4 1.4 2.4 1.4 2.4
𝑞 = 2,975 1.2 2.3 1.2 2.3 1.2 2.3 1.1 2.3
Solo B
Direcção X Direcção Y Direcção X Direcção Y
Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II Tipo I Tipo II
𝑞 = 1,5 1.5 2.5 1.5 2.5 1.5 2.5 1.4 2.5
𝑞 = 2,975 1.4 2.4 1.4 2.3 1.4 2.3 1.2 2.3

Na Figura 60 encontra-se a representação gráfica das zonas sísmicas apresentadas no Quadro 25.

Figura 60 – Zonas sísmicas onde é admissível a construção do edifício de quatro pisos (3 paredes em 𝑥) de
acordo com a verificação de segurança aos estados limites últimos

74
7.4.3. Análise dos resultados

Tendo em consideração que se está a tentar estudar a viabilidade de contruir edifícios de alvenaria não
armada, foram feitas escolhas (geometria do edifício, materiais de construção sempre de acordo com
o disponível em Portugal, tipo de juntas, qualidade da mão de obra, disposições estruturais adequadas)
no sentido de melhorar as suas resistências e o seu comportamento quando sujeitos a acções sísmicas.
É evidente que, caso tivessem sido tomadas outras opções, como por exemplo geometrias irregulares,
provavelmente os resultados obtidos teriam sido diferentes.

Dentro dos pressupostos considerados, chegámos aos resultados anteriormente apresentados, em


relação aos quais seria importante salientar os seguintes aspectos:

➢ Variação do número de pisos:


Como é possível verificar na representação gráfica, o aumento do número de pisos provoca
uma diminuição gradual das zonas sísmicas onde a construção é viável.
➢ Variação do número de paredes:
Como é possível verificar na representação gráfica, a diminuição do número de paredes em 𝑥
(de 4 para 3) provoca igualmente uma diminuição das zonas sísmicas onde a construção é
viável.
➢ Consideração da redistribuição do esforço de corte de acordo com o Eurocódigo 8:
Como é possível verificar na representação gráfica, a consideração da redistribuição do esforço
de corte provoca um aumento das zonas sísmicas onde a construção é viável.
➢ Consideração de diferentes coeficientes de comportamento, 𝑞 (1,5 – valor considerado no
Eurocódigo 8 versus 2,975 – valor recomendado na norma italiana, NTC)
Como é possível verificar na representação gráfica, a alteração do coeficiente de
comportamento para o valor de 2,975 provoca um aumento muito considerável das zonas
sísmicas onde é viável a construção. Isto deve-se ao facto de se estar perante um aumento de
praticamente 100%, que leva a uma redução de esforços na ordem dos 50%. Este efeito é o
mais evidente destes 4 factores analisados.

Como se pode verificar, ao analisar a viabilidade de construção dos edifícios estudados, é possível
verificar que as regras preconizadas no Eurocódigo 8 são bastante limitativas.

Quando se aplicam as forças sísmicas aos diferentes edifícios e se calculam os esforços actuantes nas
diferentes secções, é possível verificar que, caso as verificações de segurança ao estado limite último
sejam realizadas de acordo com o Eurocódigo 6, é verificada a segurança numa zona de Portugal
continental bastante mais extensa da que é permitida segundo o Eurocódigo 8. Este facto deve-se em
grande parte a dois factores, à limitação imposta da aceleração no local, 𝑎𝑔 𝑆, (menor do que 0,20 𝑘𝑔)
e aos reduzidos coeficientes de comportamento propostos que não têm em consideração o fenómeno
da redistribuição interna de tensões que ocorre (overstrenght ratio – OSR).

Assim, caso sejam feitas as verificações preconizadas no Eurocódigo 6 e desde que o edifício cumpra
as normas construtivas do Eurocódigo 8, é possível construir numa maior zona.

75
8. Conclusões e desenvolvimentos futuros

As estruturas de alvenaria são potencialmente muito interessantes, uma vez que estas soluções
permitem não só conferir resistência estrutural mas, simultaneamente, providenciar a subdivisão do
espaço, o isolamento térmico e acústico, bem como a protecção contra o fogo e as intempéries. Estes
factores permitem, comparativamente com outros sistemas estruturais, que as estruturas de alvenaria
sejam mais baratas e permitam uma maior velocidade de construção.

As limitações impostas pelo Eurocódigo 8 são muito restritivas para este tipo de estruturas, uma vez
que os valores considerados para os coeficientes de comportamento limitam muito as zonas onde é
viável a sua construção.

A utilização de coeficientes de comportamento que têm em consideração o conceito de overstrenght


ratio (OSR), isto é, que têm em consideração a redistribuição de tensões nas unidades de alvenaria
quando atingem a sua resistência última, permite aumentar substancialmente o campo de aplicação
desta solução estrutural. A título de exemplo, de acordo com a norma italiana NTC, o coeficiente de
comportamento deste tipo de estruturas pode ser cerca do dobro do sugerido no Eurocódigo 8.

Assim, desde que sejam adoptadas as disposições construtivas adequadas, será possível um aumento
da área onde esta solução construtiva pode ser implementada no território nacional.

Para desenvolvimentos futuros sugere-se o estudo mais aprofundado sobre os coeficientes de


comportamento, em particular com recurso a análises não lineares.

76
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78
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Criteri di Calcolo per la Progettazione degli Interventi – verifiche sismiche ed esempi per
l’applicazione delle direttive tecniche, 1998.

79
Anexos

Anexo 1 – Tipos de terreno

Parâmetros
Tipo de
Descrição do perfil estratigráfico 𝑁𝑆𝑃𝑇
Terreno 𝑣𝑠,30 (𝑚/𝑠 2 ) 𝐶𝑢 (𝑘𝑃𝑎)
(𝑝𝑎𝑛𝑐𝑎𝑑𝑎𝑠/30 𝑐𝑚)
Rocha ou outra formação geológica de
𝐴 tipo rochoso, que inclua, no máximo, 5 m > 800 – –
de material mais fraco à superfície
Depósitos de areia muito compacta, de
seixo (cascalho) ou de argila muito rija,
com uma espessura de, pelo menos,
𝐵 várias dezenas de metros, caracterizados 360 – 800 > 50 > 250
por um aumento gradual das
propriedades mecânicas com a
profundidade
Depósitos de areia compacta ou
medianamente compacta, de seixo
70 –
𝐶 (cascalho) ou de argila rija com uma 180 – 360 15 – 50
250
espessura entre várias dezenas e muitas
centenas de metros
Depósitos de solo não coesivos de
compacidade baixa a média (com ou sem
𝐷 alguns estratos de solos coesivos moles), < 180 < 15 < 70
ou de solos predominantemente coesivos
de consistência mole a dura
Perfil de solo com um estrato aluvionar
superficial com valores de 𝑣𝑠 do tipo C ou
𝐸 D e uma espessura entre cerca de 5𝑚 e
20𝑚, situado sobre um estrato mais rígido
com 𝑣𝑠 ≥ 800 𝑚⁄𝑠
Depósitos constituídos ou contendo um
estrato com pelo menos 10m de
< 100
𝑆1 espessura de argilas ou siltes moles com – 10 – 20
(𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜)
um elevado índice de plasticidade (𝑃𝐼 >
40) e u elevado teor de água
Depósitos de solos com potencial de
liquefacção, de argilas sensíveis ou
𝑆2
qualquer outro perfil de terreno não
incluído nos tipos 𝐴 – 𝐸 ou 𝑆1

1
Anexo 2 – Modelos SAP2000

Figura 61 – Modelos de SAP2000 a) modelo três pisos, 4 paredes em x b) modelo quatro pisos, 4 paredes em x
c) modelo dois pisos, 3 paredes em x d) modelo quatro pisos, 3 paredes em x

2
Anexo 3 – Espectros de Resposta

4,5
4,0
3,5
3,0 Sismo 1.1A
Sd (T) (m/s2)

2,5 Sismo 1.2A


2,0 Sismo 1.3A
1,5 Sismo 1.4A
1,0 Sismo 1.5A
0,5 Sismo 1.6A
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
T (s)

Figura 62 – Espectros de resposta dos sismos Tipo 1, Solo A (𝑞 = 1,5)

6,0

5,0

4,0 Sismo 1.1B


Sd (T) (m/s2)

Sismo 1.2B
3,0
Sismo 1.3B
2,0 Sismo 1.4B
Sismo 1.5B
1,0
Sismo 1.5 B
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
T (s)

Figura 63 – Espectros de resposta dos sismos Tipo 1, Solo B (𝑞 = 1,5)

3,0

2,5

2,0
Sd (T) (m/s2)

1,5 Sismo 2.3A


Sismo 2.4A
1,0
Sismo 2.6A
0,5

0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
T (s)

Figura 64 – Espectros de resposta dos sismos Tipo 2, Solo A (𝑞 = 1,5)

3
4,5
4,0
3,5
3,0
Sd (T) (m/s2)

2,5
Sismo 2.3B
2,0
Sismo 2.4B
1,5
1,0 Sismo 2.5B
0,5
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
T (s)

Figura 65 – Espectros de resposta dos sismos Tipo 2, Solo B (𝑞 = 1,5)

2,5

2,0

Sismo 1.1A
Sd (T) (m/s2)

1,5
Sismo 1.2A
Sismo 1.3A
1,0
Sismo 1.4A

0,5 Sismo 1.5A


Sismo 1.6A
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
T(s)

Figura 66 – Espectros de resposta dos sismos Tipo 1, Solo A (𝑞 = 2,975)

3,0

2,5

2,0 Sismo 1.1B


Sd (T) (m/s2)

Sismo 1.2B
1,5
Sismo 1.3B
1,0 Sismo 1.4B
Sismo 1.5B
0,5
Sismo 1.6B
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
T(s)

Figura 67 – Espectros de resposta dos sismos Tipo 1, Solo B (𝑞 = 2,975)

4
1,6

1,4

1,2

1,0
Sd (T) (m/s2)

0,8 Sismo 2.3A

0,6 Sismo 2.4A


Sismo 2.5A
0,4

0,2

0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
T(s)

Figura 68 – Espectros de resposta dos sismos Tipo 2, Solo A (𝑞 = 2,975)

2,5

2,0
Sd (T) (m/s2)

1,5
Sismo 2.3B
1,0 Sismo 2.4B
Sismo 2.5B
0,5

0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0
T(s)

Figura 69 – Espectros de resposta dos sismos Tipo 2, Solo B (𝑞 = 2,975)

5
Anexo 4 – Modos de Vibração dos Edifícios
Quadro 26 – Períodos e frequências do edifício de um piso com 4 paredes em 𝑥

Período Frequência Translações Rotações


Modo de vibração
𝑇[𝑠] 𝐹[𝐻𝑧] 𝑈𝑥 𝑈𝑦 ∑ 𝑈𝑥 ∑ 𝑈𝑦 𝑅𝑧 ∑ 𝑅𝑧
1 0,077 11,008 0,00 1,00 0,00 1,00 0,00 0,00
2 0,076 13,143 1,00 0,00 1,00 1,00 0,00 0,00
3 0,056 17,768 0,00 0,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Quadro 27 – Períodos e frequências do edifício de um piso com 3 paredes em 𝑥


Período Frequência Translações Rotações
Modo de vibração
𝑇[𝑠] 𝐹[𝐻𝑧] 𝑈𝑥 𝑈𝑦 ∑ 𝑈𝑥 ∑ 𝑈𝑦 𝑅𝑧 ∑ 𝑅𝑧
1 0,087 11,508 1,00 0,00 1,00 0,00 0,00 0,00
2 0,067 14,443 0,00 1,00 1,00 1,00 0,00 0,00
3 0,055 18,097 0,00 0,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Quadro 28 – Períodos e frequências do edifício de dois pisos com 4 paredes em 𝑥


Período Frequência Translações Rotações
Modo de vibração
𝑇[𝑠] 𝐹[𝐻𝑧] 𝑈𝑥 𝑈𝑦 ∑ 𝑈𝑥 ∑ 𝑈𝑦 𝑅𝑧 ∑ 𝑅𝑧
1 0,133 7,509 0,00 0,93 0,00 0,93 0,00 0,00
2 0,132 7,575 0,93 0,00 0,93 0,93 0,00 0,00
3 0,094 10,628 0,00 0,00 0,93 0,93 0,95 0,95
4 0,050 19,812 0,00 0,07 0,93 1,00 0,00 0,95
5 0,049 20,534 0,07 0,00 1,00 1,00 0,00 0,95
6 0,036 27,807 0,00 0,00 1,00 1,00 0,05 1,00

Quadro 29 – Períodos e frequências do edifício de dois pisos com 3 paredes em 𝑥


Período Frequência Translações Rotações
Modo de vibração
𝑇[𝑠] 𝐹[𝐻𝑧] 𝑈𝑥 𝑈𝑦 ∑ 𝑈𝑥 ∑ 𝑈𝑦 𝑅𝑧 ∑ 𝑅𝑧
1 0,149 6,702 0,93 0,00 0,93 0,00 0,00 0,00
2 0,131 7,616 0,00 0,093 0,93 0,93 0,00 0,00
3 0,095 10,483 0,00 0,00 0,93 0,93 0,95 0,95
4 0,055 18,236 0,07 0,00 1,00 0,093 0,00 0,95
5 0,050 20,161 0,00 0,07 1,00 1,00 0,00 0,95
6 0,03636 27,468 0,00 0,00 1,00 1,00 0,05 1,00

6
Quadro 30 – Períodos e frequências do edifício de três pisos com 4 paredes em 𝑥
Período Frequência Translações Rotações
Modo de vibração
𝑇[𝑠] 𝐹[𝐻𝑧] 𝑈𝑥 𝑈𝑦 ∑ 𝑈𝑥 ∑ 𝑈𝑦 𝑅𝑧 ∑ 𝑅𝑧
1 0,196 5,109 0,00 0,88 0,00 0,88 0,00 0,00
2 0,195 5,121 0,88 0,00 0,88 0,88 0,00 0,00
3 0,133 7,499 0,00 0,00 0,88 0,88 0,91 0,91
4 0,068 14,690 0,00 0,10 0,88 0,98 0,00 0,91
5 0,067 14,975 0,10 0,00 0,98 0,98 0,00 0,91
6 0,047 21,138 0,00 0,00 0,98 0,98 0,08 0,99

Quadro 31 – Períodos e frequências do edifício de três pisos com 3 paredes em x


Período Frequência Translações Rotações
Modo de vibração
𝑇[𝑠] 𝐹[𝐻𝑧] 𝑈𝑥 𝑈𝑦 ∑ 𝑈𝑥 ∑ 𝑈𝑦 𝑅𝑧 ∑ 𝑅𝑧
1 0,218 4,597 0,89 0,00 0,00 0,88 0,00 0,00
2 0,179 5,593 0,00 0,89 0,88 0,88 0,00 0,00
3 0,131 7,634 0,00 0,00 0,88 0,88 0,92 0,92
4 0,075 13,373 0,10 0,00 0,88 0,98 0,00 0,92
5 0,062 16,24 0,00 0,1 0,98 0,98 0,00 0,92
6 0,048 20,922 0,01 0,00 0,98 0,98 0,00 0,92
7 0,047 21,487 0,00 0,00 0,98 0,98 0,07 0,99

Quadro 32 – Períodos e frequências do edifício de quatro pisos com 4 paredes em 𝑥


Período Frequência Translações Rotações
Modo de vibração
𝑇[𝑠] 𝐹[𝐻𝑧] 𝑈𝑥 𝑈𝑦 ∑ 𝑈𝑥 ∑ 𝑈𝑦 𝑅𝑧 ∑ 𝑅𝑧
1 0,266 3,758 0,85 0,00 0,00 0,88 0,00 0,00
2 0,264 3,787 0,00 0,85 0,88 0,88 0,00 0,00
3 0,173 5,775 0,00 0,00 0,88 0,88 0,89 0,89
4 0,088 11,319 0,00 0,12 0,88 0,98 0,00 0,89
5 0,088 11,418 0,13 0,00 0,98 0,98 0,00 0,89
6 0,060 16,754 0,00 0,00 0,98 0,98 0,08 0,97

Quadro 33 – Períodos e frequências do edifício de quatro pisos com 3 paredes em 𝑥


Período Frequência Translações Rotações
Modo de vibração
𝑇[𝑠] 𝐹[𝐻𝑧] 𝑈𝑥 𝑈𝑦 ∑ 𝑈𝑥 ∑ 𝑈𝑦 𝑅𝑧 ∑ 𝑅𝑧
1 0,294 3,403 0,86 0,00 0,86 0,00 0,00 0,00
2 0,260 3,847 0,00 0,85 0,86 0,85 0,00 0,00
3 0,174 5,736 0,00 0,00 0,86 0,85 0,89 0,89
4 0,098 10,240 0,12 0,00 0,98 0,85 0,00 0,89
5 0,087 11,520 0,00 0,12 0,98 0,97 0,00 0,89
6 0,060 16,633 0,00 0,00 0,98 0,97 0,08 0,97

7
Anexo 5 – Limitação de danos
Quadro 34 – Sismo 1.1 Edifício de quatro pisos ( 3 paredes em 𝑥)
Direcção X – coeficiente de comportamento
Piso Δ𝑆𝐴𝑃 (𝑚) Δ𝑅𝑒𝑎𝑙 (𝑚) 𝛿 𝛿𝜐 0,01ℎ (𝑚) Verificação
Piso1 0,0046 0,0070 0,0070 0,0028 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 2 0,0095 0,0142 0,0072 0,0029 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 3 0,0136 0,0205 0,0063 0,0025 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 4 0,0166 0,0249 0,0045 0,0018 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Direcção Y – coeficiente de comportamento
Piso Δ𝑆𝐴𝑃 (𝑚) Δ𝑅𝑒𝑎𝑙 (𝑚) 𝛿 𝛿𝜐 0,01ℎ (𝑚) Verificação
Piso1 0,0034 0,0051 0,0051 0,0020 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 2 0,0072 0,0107 0,0056 0,0023 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 3 0,0104 0,0155 0,0048 0,0019 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 4 0,0126 0,0188 0,0033 0,0013 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎

Quadro 35 – Sismo 2.3 Edifício de quatro pisos (3 paredes em 𝑥)


Direcção X – coeficiente de comportamento
Piso Δ𝑆𝐴𝑃 (𝑚) Δ𝑅𝑒𝑎𝑙 (𝑚) 𝛿 𝛿𝜐 0,01ℎ (𝑚) Verificação
Piso1 0,0029 0,0043 0,0043 0,0024 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 2 0,0059 0,0088 0,0045 0,0025 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 3 0,0084 0,0127 0,0039 0,0021 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 4 0,0103 0,0157 0,0028 0,0015 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Direcção Y – coeficiente de comportamento
Piso Δ𝑆𝐴𝑃 (𝑚) Δ𝑅𝑒𝑎𝑙 (𝑚) 𝛿 𝛿𝜐 0,01ℎ (𝑚) Verificação
Piso1 0,0023 0,0034 0,0034 0,0019 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 2 0,0048 0,0072 0,0038 0,0021 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 3 0,0069 0,0104 0,0032 0,0018 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎
Piso 4 0,0084 0,0126 0,0022 0,0012 0,03 𝑉𝑒𝑟𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎

8
Quadro 36 – Verificações dessegurança para o edifício de quatro pisos (4 paredes em x), fundado em Solo B, quando sujeito a um sismo 1.4 na direcção x

Secção Med (kN/m) SISMO Med (kN/m) SISMO VEd (kN) SISMO VEd (kN) SISMO Ned (N) SISMO Ned (N) CQP Ned (N) CQP Ned (N) L (m) Lc (m) Ac (m2) σd fvd VRd (kN) Verificaçao MRd (kNm) Verificaçao Redistribuiçao
Parede Y = 0, Base 1267,8 1267,8 376,4 376,4 -9,2 -871,2 871,2 880,3 9,00 9,00 2,61 0,34 0,16 424,1 Verifica 2 724,3 Verifica Permite
Parede Y = 0, Bloco1 97,6 97,6 87,2 87,2 61,3 -201,9 201,9 140,6 2,25 1,29 0,37 0,37 0,16 60,9 Não Verifica 126,6 Verifica Permite
Parede Y = 0, Bloco2 422,7 422,7 203,4 203,4 0,1 -468,7 468,7 468,6 4,50 4,04 1,17 0,40 0,16 190,6 Não Verifica 703,8 Verifica Permite
Parede Y = 0, Bloco3 104,8 104,8 85,7 85,7 -70,6 -200,6 200,6 271,2 2,25 2,22 0,64 0,42 0,16 104,4 Verifica 187,7 Verifica Permite
Parede Y = 0, P1B 909,0 909,0 376,4 376,4 4,8 -850,4 850,4 845,7 12,00 12,00 3,48 0,24 0,15 517,1 Verifica 3 932,3 Verifica Permite
Parede Y = 0, P1B BL4 30,5 30,5 84,5 84,5 90,0 -200,8 200,8 110,7 3,00 3,00 0,87 0,13 0,13 109,1 Verifica 146,5 Verifica Permite
Parede Y = 0, P1B BL5 64,9 64,9 208,8 208,8 0,1 -449,9 449,9 449,9 6,00 6,00 1,74 0,26 0,15 264,0 Verifica 1 026,5 Verifica Permite
Parede Y = 0, P1B BL6 24,3 24,3 83,1 83,1 -85,4 -199,7 199,7 285,1 3,00 3,00 0,87 0,33 0,16 141,4 Verifica 297,9 Verifica Permite
Parede Y = 0, P1C -971,4 971,4 -386,6 386,6 2,6 691,8 691,8 689,3 12,00 12,00 3,48 0,20 0,14 485,9 Verifica 3 377,2 Verifica Permite
Parede Y = 0, P1C BL4 -12,6 12,6 -86,2 86,2 -84,1 161,3 161,3 245,4 3,00 3,00 0,87 0,28 0,16 136,1 Verifica 271,9 Verifica Permite
Parede Y = 0, P1C BL5 -109,5 109,5 -214,6 214,6 -0,1 370,4 370,4 370,6 6,00 6,00 1,74 0,21 0,14 248,1 Verifica 892,5 Verifica Permite
Parede Y = 0, P1C BL6 -16,2 16,2 -85,8 85,8 86,8 160,1 160,1 73,3 3,00 3,00 0,87 0,08 0,12 101,7 Verifica 101,4 Verifica Permite
Parede Y = 0, P2B 470,6 470,6 386,6 386,6 5,2 -639,1 639,1 633,9 12,00 12,00 3,48 0,18 0,14 474,8 Verifica 3 161,9 Verifica Permite
Parede Y = 0, P2B BL7 6,0 6,0 85,1 85,1 56,3 -151,3 151,3 95,1 3,00 3,00 0,87 0,11 0,12 106,0 Verifica 128,2 Verifica Permite
Parede Y = 0, P2B BL8 -19,0 19,0 216,8 216,8 0,2 -336,9 336,9 336,7 6,00 6,00 1,74 0,19 0,14 241,3 Verifica 829,1 Verifica Permite
Parede Y = 0, P2B BL9 -0,1 0,1 84,7 84,7 -51,2 -150,9 150,9 202,1 3,00 3,00 0,87 0,23 0,15 127,4 Verifica 238,0 Verifica Permite
Parede Y = 0, P2C -523,8 523,8 -292,4 292,4 1,2 479,3 479,3 478,1 12,00 12,00 3,48 0,14 0,13 443,6 Verifica 2 503,7 Verifica Permite
Parede Y = 0, P2C BL7 0,7 0,7 -65,4 65,4 -50,6 111,4 111,4 162,0 3,00 3,00 0,87 0,19 0,14 119,4 Verifica 201,1 Verifica Permite
Parede Y = 0, P2C BL8 -22,0 22,0 -161,6 161,6 -0,2 257,5 257,5 257,6 6,00 6,00 1,74 0,15 0,13 225,5 Verifica 666,9 Verifica Permite
Parede Y = 0, P2C BL9 -2,2 2,2 -65,5 65,5 52,0 110,4 110,4 58,4 3,00 3,00 0,87 0,07 0,11 98,7 Verifica 82,2 Verifica Permite
Parede Y = 0, P3B 181,7 181,7 208,7 208,7 1,7 -588,9 588,9 587,2 12,00 12,00 3,48 0,17 0,13 465,4 Verifica 2 972,8 Verifica Permite
Parede Y = 0, P3B BL10 -8,1 8,1 65,4 65,4 26,6 -97,1 97,1 70,6 3,00 3,00 0,87 0,08 0,12 101,1 Verifica 97,9 Verifica Permite
Parede Y = 0, P3B BL11 -52,5 52,5 161,6 161,6 0,1 -216,7 216,7 216,5 6,00 6,00 1,74 0,12 0,12 217,3 Verifica 574,8 Verifica Permite
Parede Y = 0, P3B BL12 -12,9 12,9 65,5 65,5 -22,5 -97,1 97,1 119,6 3,00 3,00 0,87 0,14 0,13 110,9 Verifica 156,6 Verifica Permite
Parede Y = 0, P3C -181,4 181,4 -149,3 149,3 0,0 250,4 250,4 250,4 12,00 12,00 3,48 0,07 0,11 398,1 Verifica 1 402,3 Verifica Permite
Parede Y = 0, P3C BL10 -0,2 0,2 -33,5 33,5 -22,6 57,0 57,0 79,6 3,00 3,00 0,87 0,09 0,12 102,9 Verifica 109,3 Verifica Permite
Parede Y = 0, P3C BL11 24,3 24,3 -81,8 81,8 -0,1 137,2 137,2 137,3 6,00 6,00 1,74 0,08 0,12 201,5 Verifica 381,8 Verifica Permite
Parede Y = 0, P3C BL12 -1,5 1,5 -34,0 34,0 22,7 56,2 56,2 33,5 3,00 3,00 0,87 0,04 0,11 93,7 Verifica 48,4 Verifica Permite
Parede Y = 0, P4B -10,8 10,8 149,3 149,3 1,4 -159,0 159,0 157,6 12,00 12,00 3,48 0,05 0,11 379,5 Verifica 906,2 Verifica Permite
Parede Y = 0, P4B BL13 -3,0 3,0 33,7 33,7 1,6 -39,7 39,7 38,1 3,00 3,00 0,87 0,04 0,11 94,6 Verifica 54,9 Verifica Permite
Anexo 6 – Verificações de segurança ao estado limite último

Parede Y = 0, P4B BL14 -10,7 10,7 81,3 81,3 0,0 -79,2 79,2 79,2 6,00 6,00 1,74 0,05 0,11 189,8 Verifica 227,5 Verifica Permite
Parede Y = 0, P4B BL15 -5,1 5,1 34,3 34,3 -0,2 -40,1 40,1 40,3 3,00 3,00 0,87 0,05 0,11 95,1 Verifica 57,9 Verifica Permite
Parede Y = 0, Piso1 62,5 62,5 10,2 10,2 -7,3 -505,1 505,1 512,4 9,00 9,00 2,61 0,20 0,14 363,5 Verifica 1 886,7 Verifica Permite
Parede Y = 0, Piso2 53,1 53,1 -94,1 94,1 -6,4 -639,1 639,1 645,4 9,00 9,00 2,61 0,25 0,15 390,1 Verifica 2 239,4 Verifica Permite
Parede Y = 0, Piso3 33,8 33,8 -143,2 143,2 -4,1 -588,9 588,9 593,1 9,00 9,00 2,61 0,23 0,15 379,6 Verifica 2 107,3 Verifica Permite

9
Quadro 37 – Verificações dessegurança para o edifício de quatro pisos (4 paredes em x), fundado em Solo B, quando sujeito a um sismo 1.4 na direcção x
(continuação)

Secção Med (kN/m) SISMO Med (kN/m) SISMO VEd (kN) SISMO VEd (kN) SISMO Ned (N) SISMO Ned (N) CQP Ned (N) CQP Ned (N) L (m) Lc (m) Ac (m2) σd fvd VRd (kN) Verificaçao MRd (kNm) Verificaçao Redistribuiçao
Parede Y = 0, Piso4 10,8 10,8 -149,3 149,3 -1,4 -159,0 159,0 160,4 12,00 12,00 3,48 0,05 0,11 380,1 Verifica 921,5 Verifica Permite
Parede Y = 5, Base 694,6 694,6 371,4 371,4 -16,8 -1148,0 1148,0 1 164,8 9,00 9,00 2,61 0,45 0,16 424,1 Verifica 3 075,6 Verifica Permite
Parede Y = 5, Bloco1 90,7 90,7 88,0 88,0 -2,4 -241,5 241,5 244,0 2,25 2,25 0,65 0,37 0,16 106,0 Verifica 179,4 Verifica Permite
Parede Y = 5, Bloco2 446,0 446,0 198,1 198,1 -0,5 -660,9 660,9 661,4 4,50 4,50 1,31 0,51 0,16 212,1 Verifica 789,8 Verifica Permite
Parede Y = 5, Bloco3 102,0 102,0 85,3 85,3 -13,9 -245,5 245,5 259,4 2,25 2,20 0,64 0,41 0,16 103,5 Verifica 184,4 Verifica Permite
Parede Y = 5, P1B 493,3 493,3 371,4 371,4 2,7 -1159,5 1159,5 1 156,8 12,00 12,00 3,48 0,33 0,16 565,5 Verifica 4 804,5 Verifica Permite
Parede Y = 5, P1B BL4 38,6 38,6 84,5 84,5 28,8 -250,6 250,6 221,8 3,00 3,00 0,87 0,25 0,15 131,4 Verifica 254,2 Verifica Permite
Parede Y = 5, P1B BL5 174,4 174,4 205,0 205,0 -0,3 -656,5 656,5 656,8 6,00 6,00 1,74 0,38 0,16 282,8 Verifica 1 281,7 Verifica Permite
Parede Y = 5, P1B BL6 33,9 33,9 81,9 81,9 -25,9 -252,3 252,3 278,2 3,00 3,00 0,87 0,32 0,16 141,4 Verifica 293,8 Verifica Permite
Parede Y = 5, P1C -573,0 573,0 -279,7 279,7 6,5 836,5 836,5 830,0 9,00 9,00 2,61 0,32 0,16 424,1 Verifica 2 635,2 Verifica Permite
Parede Y = 5, P1C BL4 -39,4 39,4 -63,3 63,3 -26,0 169,7 169,7 195,6 2,25 2,25 0,65 0,30 0,16 104,4 Verifica 159,0 Verifica Permite
Parede Y = 5, P1C BL5 -203,6 203,6 -154,0 154,0 0,2 492,2 492,2 491,9 4,50 4,50 1,31 0,38 0,16 212,1 Verifica 720,5 Verifica Permite
Parede Y = 5, P1C BL6 -46,1 46,1 -62,4 62,4 32,3 174,7 174,7 142,4 2,25 2,25 0,65 0,22 0,14 93,7 Verifica 127,8 Verifica Permite
Parede Y = 5, P2B 357,6 357,6 279,8 279,8 1,8 -867,3 867,3 865,4 12,00 12,00 3,48 0,25 0,15 521,1 Verifica 3 996,9 Verifica Permite
Parede Y = 5, P2B BL7 25,0 25,0 62,0 62,0 28,4 -188,3 188,3 160,0 3,00 3,00 0,87 0,18 0,14 119,0 Verifica 199,1 Verifica Permite
Parede Y = 5, P2B BL8 62,3 62,3 156,4 156,4 0,0 -490,3 490,3 490,4 6,00 6,00 1,74 0,28 0,16 272,1 Verifica 1 087,2 Verifica Permite
Parede Y = 5, P2B BL9 23,4 23,4 61,3 61,3 -26,5 -188,6 188,6 215,1 3,00 3,00 0,87 0,25 0,15 130,0 Verifica 248,8 Verifica Permite
Parede Y = 5, P2C -402,1 402,1 -208,6 208,6 3,6 546,1 546,1 542,5 9,00 9,00 2,61 0,21 0,14 369,5 Verifica 1 971,5 Verifica Permite
Parede Y = 5, P2C BL7 -24,9 24,9 -47,1 47,1 -24,4 107,0 107,0 131,4 2,25 2,25 0,65 0,20 0,14 91,5 Verifica 120,2 Verifica Permite
Parede Y = 5, P2C BL8 -91,9 91,9 -114,7 114,7 0,0 327,1 327,1 327,1 4,50 4,50 1,31 0,25 0,15 195,9 Verifica 565,2 Verifica Permite
Parede Y = 5, P2C BL9 -29,9 29,9 -46,8 46,8 28,0 112,0 112,0 84,1 2,25 2,25 0,65 0,13 0,13 82,1 Verifica 83,3 Verifica Permite
Parede Y = 5, P3B 181,7 181,7 208,7 208,7 1,7 -588,9 588,9 587,2 12,00 12,00 3,48 0,17 0,13 465,4 Verifica 2 972,8 Verifica Permite
Parede Y = 5, P3B BL10 2,8 2,8 46,8 46,8 19,3 -129,5 129,5 110,3 3,00 3,00 0,87 0,13 0,13 109,1 Verifica 146,0 Verifica Permite
Parede Y = 5, P3B BL11 -3,0 3,0 115,3 115,3 0,0 -330,4 330,4 330,4 6,00 6,00 1,74 0,19 0,14 240,1 Verifica 816,9 Verifica Permite
Parede Y = 5, P3B BL12 2,2 2,2 46,6 46,6 -17,6 -129,0 129,0 146,6 3,00 3,00 0,87 0,17 0,13 116,3 Verifica 185,6 Verifica Permite
Parede Y = 5, P3C -201,6 201,6 -109,6 109,6 0,9 269,4 269,4 268,5 9,00 9,00 2,61 0,10 0,12 314,7 Verifica 1 093,3 Verifica Permite
Parede Y = 5, P3C BL10 -10,4 10,4 -24,4 24,4 -15,8 48,0 48,0 63,8 2,25 2,25 0,65 0,10 0,12 78,0 Verifica 65,3 Verifica Permite
Parede Y = 5, P3C BL11 -20,0 20,0 -60,5 60,5 0,0 167,9 167,9 167,9 4,50 4,50 1,31 0,13 0,13 164,1 Verifica 332,8 Verifica Permite
Parede Y = 5, P3C BL12 -12,8 12,8 -24,7 24,7 16,7 53,5 53,5 36,8 2,25 2,25 0,65 0,06 0,11 72,6 Verifica 39,3 Verifica Permite
Parede Y = 5, P4B 4,5 4,5 109,7 109,7 -0,2 -323,9 323,9 324,1 12,00 12,00 3,48 0,09 0,12 412,8 Verifica 1 776,8 Verifica Permite
Parede Y = 5, P4B BL13 -4,0 4,0 24,6 24,6 2,5 -82,3 82,3 79,7 3,00 3,00 0,87 0,09 0,12 102,9 Verifica 109,4 Verifica Permite
Parede Y = 5, P4B BL14 -13,6 13,6 60,0 60,0 0,0 -162,2 162,2 162,2 6,00 6,00 1,74 0,09 0,12 206,4 Verifica 444,7 Verifica Permite
Parede Y = 5, P4B BL15 -3,7 3,7 25,0 25,0 -2,8 -79,4 79,4 82,1 3,00 3,00 0,87 0,09 0,12 103,4 Verifica 112,4 Verifica Permite
Parede Y = 5, Piso1 79,7 79,7 -91,7 91,7 -9,2 -1159,5 1159,5 1 168,7 9,00 9,00 2,61 0,45 0,16 424,1 Verifica 3 078,6 Verifica Permite
Parede Y = 5, Piso2 44,5 44,5 -71,2 71,2 -5,4 -867,3 867,3 872,7 9,00 9,00 2,61 0,33 0,16 424,1 Verifica 2 711,3 Verifica Permite
Parede Y = 5, Piso3 19,9 19,9 -99,1 99,1 -2,6 -588,9 588,9 591,5 9,00 9,00 2,61 0,23 0,15 379,3 Verifica 2 103,3 Verifica Permite
Parede Y = 5, Piso4 -4,5 4,5 -109,7 109,7 0,2 -323,9 323,9 323,6 12,00 12,00 3,48 0,09 0,12 412,7 Verifica 1 774,6 Verifica Permite

10
Quadro 38– Verificações dessegurança para o edifício de quatro pisos (4 paredes em x), fundado em Solo B, quando sujeito a um sismo 1.4 na direcção x
(continuação)

Secção Med (kN/m) SISMO Med (kN/m) SISMO VEd (kN) SISMO VEd (kN) SISMO Ned (N) SISMO Ned (N) CQP Ned (N) CQP Ned (N) L (m) Lc (m) Ac (m2) σd fvd VRd (kN) Verificaçao MRd (kNm) Verificaçao
Parede Y = 0, Base 760,7 760,7 225,8 225,8 -5,5 -871,2 871,2 876,7 9,00 9,00 2,61 0,34 0,16 424,1 Verifica 2 718,1 Verifica
Parede Y = 0, Bloco1 58,5 58,5 52,3 52,3 36,8 -201,9 201,9 165,1 2,25 2,25 0,65 0,25 0,15 98,3 Verifica 142,2 Verifica
Parede Y = 0, Bloco2 253,6 253,6 122,1 122,1 0,1 -468,7 468,7 468,6 4,50 4,50 1,31 0,36 0,16 212,1 Verifica 703,8 Verifica
Parede Y = 0, Bloco3 62,9 62,9 51,4 51,4 -42,3 -200,6 200,6 242,9 2,25 2,25 0,65 0,37 0,16 106,0 Verifica 179,1 Verifica
Parede Y = 0, P1B 545,4 545,4 225,8 225,8 2,9 -850,4 850,4 847,6 12,00 12,00 3,48 0,24 0,15 517,5 Verifica 3 938,6 Verifica
Parede Y = 0, P1B BL4 18,3 18,3 50,7 50,7 54,0 -200,8 200,8 146,8 3,00 3,00 0,87 0,17 0,13 116,4 Verifica 185,8 Verifica
Parede Y = 0, P1B BL5 38,9 38,9 125,3 125,3 0,1 -449,9 449,9 449,9 6,00 6,00 1,74 0,26 0,15 264,0 Verifica 1 026,5 Verifica
Parede Y = 0, P1B BL6 14,6 14,6 49,8 49,8 -51,2 -199,7 199,7 250,9 3,00 3,00 0,87 0,29 0,16 137,2 Verifica 275,9 Verifica
Parede Y = 0, P1C -582,8 582,8 -231,9 231,9 1,5 691,8 691,8 690,3 12,00 12,00 3,48 0,20 0,14 486,1 Verifica 3 381,1 Verifica
Parede Y = 0, P1C BL4 -7,5 7,5 -51,7 51,7 -50,5 161,3 161,3 211,7 3,00 3,00 0,87 0,24 0,15 129,3 Verifica 246,0 Verifica
Parede Y = 0, P1C BL5 -65,7 65,7 -128,8 128,8 -0,1 370,4 370,4 370,5 6,00 6,00 1,74 0,21 0,14 248,1 Verifica 892,4 Verifica
Parede Y = 0, P1C BL6 -9,7 9,7 -51,5 51,5 52,1 160,1 160,1 108,1 3,00 3,00 0,87 0,12 0,12 108,6 Verifica 143,4 Verifica
Parede Y = 0, P2B 282,4 282,4 231,9 231,9 3,1 -639,1 639,1 636,0 12,00 12,00 3,48 0,18 0,14 475,2 Verifica 3 170,1 Verifica
Parede Y = 0, P2B BL7 3,6 3,6 51,0 51,0 33,8 -151,3 151,3 117,6 3,00 3,00 0,87 0,14 0,13 110,5 Verifica 154,3 Verifica
Parede Y = 0, P2B BL8 -11,4 11,4 130,1 130,1 0,1 -336,9 336,9 336,8 6,00 6,00 1,74 0,19 0,14 241,4 Verifica 829,3 Verifica
Parede Y = 0, P2B BL9 0,0 0,0 50,8 50,8 -30,7 -150,9 150,9 181,6 3,00 3,00 0,87 0,21 0,14 123,3 Verifica 219,8 Verifica
Parede Y = 0, P2C -314,3 314,3 -175,5 175,5 0,7 479,3 479,3 478,6 12,00 12,00 3,48 0,14 0,13 443,7 Verifica 2 505,8 Verifica
Parede Y = 0, P2C BL7 0,4 0,4 -39,2 39,2 -30,4 111,4 111,4 141,8 3,00 3,00 0,87 0,16 0,13 115,4 Verifica 180,6 Verifica
Parede Y = 0, P2C BL8 -13,2 13,2 -97,0 97,0 -0,1 257,5 257,5 257,6 6,00 6,00 1,74 0,15 0,13 225,5 Verifica 666,8 Verifica
Parede Y = 0, P2C BL9 -1,3 1,3 -39,3 39,3 31,2 110,4 110,4 79,2 3,00 3,00 0,87 0,09 0,12 102,8 Verifica 108,8 Verifica
Parede Y = 0, P3B 109,0 109,0 125,2 125,2 1,0 -588,9 588,9 587,9 12,00 12,00 3,48 0,17 0,13 465,6 Verifica 2 975,6 Verifica
Parede Y = 0, P3B BL10 -4,8 4,8 39,2 39,2 15,9 -97,1 97,1 81,2 3,00 3,00 0,87 0,09 0,12 103,2 Verifica 111,3 Verifica
Parede Y = 0, P3B BL11 -31,5 31,5 96,9 96,9 0,1 -216,7 216,7 216,6 6,00 6,00 1,74 0,12 0,12 217,3 Verifica 574,9 Verifica
Parede Y = 0, P3B BL12 -7,7 7,7 39,3 39,3 -13,5 -97,1 97,1 110,6 3,00 3,00 0,87 0,13 0,13 109,1 Verifica 146,3 Verifica
Parede Y = 0, P3C -108,8 108,8 -89,6 89,6 0,0 250,4 250,4 250,4 12,00 12,00 3,48 0,07 0,11 398,1 Verifica 1 402,2 Verifica
Parede Y = 0, P3C BL10 -0,1 0,1 -20,1 20,1 -13,6 57,0 57,0 70,6 3,00 3,00 0,87 0,08 0,12 101,1 Verifica 97,9 Verifica
Parede Y = 0, P3C BL11 14,5 14,5 -49,1 49,1 -0,1 137,2 137,2 137,3 6,00 6,00 1,74 0,08 0,12 201,5 Verifica 381,7 Verifica
Parede Y = 0, P3C BL12 -0,9 0,9 -20,4 20,4 13,6 56,2 56,2 42,6 3,00 3,00 0,87 0,05 0,11 95,5 Verifica 61,0 Verifica
Parede Y = 0, P4B -6,5 6,5 89,6 89,6 0,8 -159,0 159,0 158,2 12,00 12,00 3,48 0,05 0,11 379,6 Verifica 909,3 Verifica
Parede Y = 0, P4B BL13 -1,8 1,8 20,2 20,2 0,9 -39,7 39,7 38,8 3,00 3,00 0,87 0,04 0,11 94,8 Verifica 55,8 Verifica
Parede Y = 0, P4B BL14 -6,4 6,4 48,8 48,8 0,0 -79,2 79,2 79,2 6,00 6,00 1,74 0,05 0,11 189,8 Verifica 227,5 Verifica
Parede Y = 0, P4B BL15 -3,0 3,0 20,6 20,6 -0,1 -40,1 40,1 40,3 3,00 3,00 0,87 0,05 0,11 95,1 Verifica 57,8 Verifica
Parede Y = 0, Piso1 37,5 37,5 6,1 6,1 -4,4 -505,1 505,1 509,5 9,00 9,00 2,61 0,20 0,14 362,9 Verifica 1 878,3 Verifica
Parede Y = 0, Piso2 31,9 31,9 -56,5 56,5 -3,8 -639,1 639,1 642,9 9,00 9,00 2,61 0,25 0,15 389,6 Verifica 2 233,2 Verifica
Parede Y = 0, Piso3 20,3 20,3 -85,9 85,9 -2,5 -588,9 588,9 591,4 9,00 9,00 2,61 0,23 0,15 379,3 Verifica 2 102,9 Verifica

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Quadro 39– Verificações dessegurança para o edifício de quatro pisos (4 paredes em x), fundado em Solo B, quando sujeito a um sismo 1.4 na direcção x
(continuação)

Secção Med (kN/m) SISMO Med (kN/m) SISMO VEd (kN) SISMO VEd (kN) SISMO Ned (N) SISMO Ned (N) CQP Ned (N) CQP Ned (N) L (m) Lc (m) Ac (m2) σd fvd VRd (kN) Verificaçao MRd (kNm) Verificaçao
Parede Y = 0, Piso4 6,5 6,5 -89,6 89,6 -0,8 -159,0 159,0 159,9 12,00 12,00 3,48 0,05 0,11 380,0 Verifica 918,4 Verifica
Parede Y = 5, Base 416,8 416,8 222,8 222,8 -10,1 -1148,0 1148,0 1158,1 9,00 9,00 2,61 0,44 0,16 424,1 Verifica 3 070,3 Verifica
Parede Y = 5, Bloco1 54,4 54,4 52,8 52,8 -1,5 -241,5 241,5 243,0 2,25 2,25 0,65 0,37 0,16 106,0 Verifica 179,1 Verifica
Parede Y = 5, Bloco2 267,6 267,6 118,9 118,9 -0,3 -660,9 660,9 661,2 4,50 4,50 1,31 0,51 0,16 212,1 Verifica 789,8 Verifica
Parede Y = 5, Bloco3 61,2 61,2 51,2 51,2 -8,3 -245,5 245,5 253,8 2,25 2,25 0,65 0,39 0,16 106,0 Verifica 182,7 Verifica
Parede Y = 5, P1B 296,0 296,0 222,8 222,8 1,6 -1159,5 1159,5 1157,9 12,00 12,00 3,48 0,33 0,16 565,5 Verifica 4 807,0 Verifica
Parede Y = 5, P1B BL4 23,2 23,2 50,7 50,7 17,3 -250,6 250,6 233,3 3,00 3,00 0,87 0,27 0,15 133,7 Verifica 263,1 Verifica
Parede Y = 5, P1B BL5 104,6 104,6 123,0 123,0 -0,2 -656,5 656,5 656,7 6,00 6,00 1,74 0,38 0,16 282,8 Verifica 1 281,6 Verifica
Parede Y = 5, P1B BL6 20,4 20,4 49,2 49,2 -15,5 -252,3 252,3 267,9 3,00 3,00 0,87 0,31 0,16 140,6 Verifica 287,2 Verifica
Parede Y = 5, P1C -343,8 343,8 -167,8 167,8 3,9 836,5 836,5 832,6 9,00 9,00 2,61 0,32 0,16 424,1 Verifica 2 640,0 Verifica
Parede Y = 5, P1C BL4 -23,7 23,7 -37,9 37,9 -15,6 169,7 169,7 185,2 2,25 2,25 0,65 0,28 0,16 102,3 Verifica 153,6 Verifica
Parede Y = 5, P1C BL5 -122,1 122,1 -92,4 92,4 0,1 492,2 492,2 492,0 4,50 4,50 1,31 0,38 0,16 212,1 Verifica 720,6 Verifica
Parede Y = 5, P1C BL6 -27,7 27,7 -37,4 37,4 19,4 174,7 174,7 155,3 2,25 2,25 0,65 0,24 0,15 96,3 Verifica 136,2 Verifica
Parede Y = 5, P2B 214,5 214,5 167,9 167,9 1,1 -867,3 867,3 866,1 12,00 12,00 3,48 0,25 0,15 521,2 Verifica 3 999,2 Verifica
Parede Y = 5, P2B BL7 15,0 15,0 37,2 37,2 17,0 -188,3 188,3 171,3 3,00 3,00 0,87 0,20 0,14 121,3 Verifica 210,1 Verifica
Parede Y = 5, P2B BL8 37,4 37,4 93,8 93,8 0,0 -490,3 490,3 490,4 6,00 6,00 1,74 0,28 0,16 272,1 Verifica 1 087,2 Verifica
Parede Y = 5, P2B BL9 14,0 14,0 36,8 36,8 -15,9 -188,6 188,6 204,5 3,00 3,00 0,87 0,24 0,15 127,9 Verifica 240,0 Verifica
Parede Y = 5, P2C -241,3 241,3 -125,1 125,1 2,2 546,1 546,1 544,0 9,00 9,00 2,61 0,21 0,14 369,8 Verifica 1 975,5 Verifica
Parede Y = 5, P2C BL7 -14,9 14,9 -28,3 28,3 -14,6 107,0 107,0 121,6 2,25 2,25 0,65 0,19 0,14 89,6 Verifica 113,2 Verifica
Parede Y = 5, P2C BL8 -55,2 55,2 -68,8 68,8 0,0 327,1 327,1 327,1 4,50 4,50 1,31 0,25 0,15 195,9 Verifica 565,2 Verifica
Parede Y = 5, P2C BL9 -18,0 18,0 -28,1 28,1 16,8 112,0 112,0 95,3 2,25 2,25 0,65 0,15 0,13 84,3 Verifica 92,7 Verifica
Parede Y = 5, P3B 109,0 109,0 125,2 125,2 1,0 -588,9 588,9 587,9 12,00 12,00 3,48 0,17 0,13 465,6 Verifica 2 975,6 Verifica
Parede Y = 5, P3B BL10 1,7 1,7 28,1 28,1 11,6 -129,5 129,5 118,0 3,00 3,00 0,87 0,14 0,13 110,6 Verifica 154,7 Verifica
Parede Y = 5, P3B BL11 -1,8 1,8 69,2 69,2 0,0 -330,4 330,4 330,4 6,00 6,00 1,74 0,19 0,14 240,1 Verifica 816,9 Verifica
Parede Y = 5, P3B BL12 1,3 1,3 28,0 28,0 -10,6 -129,0 129,0 139,5 3,00 3,00 0,87 0,16 0,13 114,9 Verifica 178,2 Verifica
Parede Y = 5, P3C -121,0 121,0 -65,8 65,8 0,5 269,4 269,4 268,9 9,00 9,00 2,61 0,10 0,12 314,8 Verifica 1 094,6 Verifica
Parede Y = 5, P3C BL10 -6,3 6,3 -14,6 14,6 -9,5 48,0 48,0 57,5 2,25 2,25 0,65 0,09 0,12 76,7 Verifica 59,4 Verifica
Parede Y = 5, P3C BL11 -12,0 12,0 -36,3 36,3 0,0 167,9 167,9 167,9 4,50 4,50 1,31 0,13 0,13 164,1 Verifica 332,8 Verifica
Parede Y = 5, P3C BL12 -7,7 7,7 -14,8 14,8 10,0 53,5 53,5 43,5 2,25 2,25 0,65 0,07 0,11 74,0 Verifica 45,9 Verifica
Parede Y = 5, P4B 2,7 2,7 65,8 65,8 -0,1 -323,9 323,9 324,0 12,00 12,00 3,48 0,09 0,12 412,8 Verifica 1 776,3 Verifica
Parede Y = 5, P4B BL13 -2,4 2,4 14,8 14,8 1,5 -82,3 82,3 80,7 3,00 3,00 0,87 0,09 0,12 103,1 Verifica 110,7 Verifica
Parede Y = 5, P4B BL14 -8,2 8,2 36,0 36,0 0,0 -162,2 162,2 162,2 6,00 6,00 1,74 0,09 0,12 206,4 Verifica 444,7 Verifica
Parede Y = 5, P4B BL15 -2,2 2,2 15,0 15,0 -1,7 -79,4 79,4 81,0 3,00 3,00 0,87 0,09 0,12 103,2 Verifica 111,1 Verifica
Parede Y = 5, Piso1 47,8 47,8 -55,1 55,1 -5,5 -1159,5 1159,5 1165,0 9,00 9,00 2,61 0,45 0,16 424,1 Verifica 3 075,8 Verifica
Parede Y = 5, Piso2 26,7 26,7 -42,7 42,7 -3,3 -867,3 867,3 870,5 9,00 9,00 2,61 0,33 0,16 424,1 Verifica 2 707,5 Verifica
Parede Y = 5, Piso3 12,0 12,0 -59,4 59,4 -1,6 -588,9 588,9 590,5 9,00 9,00 2,61 0,23 0,15 379,1 Verifica 2 100,5 Verifica
Parede Y = 5, Piso4 -2,7 2,7 -65,8 65,8 0,1 -323,9 323,9 323,7 12,00 12,00 3,48 0,09 0,12 412,7 Verifica 1 775,0 Verifica

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