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INTRODUÇÃO

As metrópoles são símbolos de riqueza, modernidade e acesso a serviços e tecnologia de


ponta. No entanto, também representam uma segregação socioespacial caracterizada por uma
divisão centro x periferia (áreas mais desenvolvidas e áreas carentes de determinados serviços
e infraestrutura, como subúrbios ou subúrbios e favelas). O período entre as décadas de 1930
e 1980 foi marcado por intensas mudanças na formação social brasileira, quando nossa
economia passou da exportação agrária para a industrial urbana. Podemos dizer que a
expansão da cidade e o surgimento da região metropolitana no Brasil evidenciaram a
segregação socioespacial devido à dupla urbanização (que separa os ricos dos pobres), típica
de um desenvolvimento desigual e excludente.

Essa segregação social e espacial recria novas formas de viver e sobreviver nas cidades. Esse
processo de segregação está intimamente relacionado ao “direito à cidade” e ao poder público
como articulador do espaço urbano. Os subúrbios e favelas, enfim a periferia pobre, não têm
direito à cidade, não só pelo preço da terra e pela especulação imobiliária que impedem o
acesso à cidade formal, mas também pela sua movimentação (tráfego) e finalmente, pela
cultura do medo que estigmatizava os lugares habitados pelas camadas menos abastadas e os
ligava à violência urbana e ao tráfico de drogas. Essa situação de extrema desigualdade social
dificulta cada vez mais a construção de uma sociedade mais justa que garanta a igualdade de
acesso à cidade e o pleno exercício da cidadania para toda a sociedade.

As classes mais abastadas se segregavam em seus condomínios de luxo, formando verdadeiros


enclaves murados com o propósito expresso de separar os ricos dos pobres e de sua pobreza,
ao mesmo tempo em que tentavam se defender e se proteger da degradação social e da
violência.

Há também a segregação ambiental, que é reflexo da promiscuidade entre o poder público e o


privado, que permite a ocupação de moradias em áreas de proteção ambiental se for voltada
apenas para especulação e lucro.

Por fim, as metrópoles brasileiras refletem uma separação física e simbólica que dificulta a
sociabilidade comum, em que a intensa fragmentação das identidades altera o caráter do
espaço público e desaparece a possibilidade de uma esfera pública igualitária, o que contraria
os valores e ideias de uma sociedade mais justa e democrática.

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