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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA

MATERIAIS DE
ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Mário Oliveira
2010/2011
Materiais de Engenharia 2

MATERIAIS
METÁLICOS
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Produção Industrial de ligas-ferrosas:

Matérias-primas da indústria siderúrgica:

Principais matérias-primas:
 Ferro – elemento abundante na crosta terrestre, sob a forma de
óxidos (óxidos de ferro) sendo esses óxidos associados a outros
óxidos, formando a sua ganga.

 Minério de ferro – matéria-prima de partida.


o Hemadite (Fe2O3) – mais usados para a obtenção de aço e
ferros fundidos, bastante ricos em ferro;
o Magnetite (Fe3O4) – bastante rico em ferro;
o Limenite (2Fe3O2-3H2O) – óxido de ferro hidratado.

 Coque – obtido a partir da destilação de carbono mineral, com


determinadas características de resistência à compressão. Tem
diferentes funções:
o Função de combustível – combustível sólido;
– fusão do coque com o oxigénio.
o Função de agente redutor;
o Fornecedor de carbono, presente nas ligas ferrosas.

 Calcário (CaCO3) – função de fundente. Vai ser responsável por


facilitar a fusão do minério (reduz a temperatura de fusão).

Função de fundente, conduzindo à formação da escória - contém


os produtos de fusão dos óxidos constituintes no coque, cinzas.

Outras matérias-primas:
 Sucatas de matérias ferrosas – componentes que deixaram de ser
utilizados, recicláveis e refundidos.
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 Oxigénio – para produzir aço a partir do minério.


 Ferro-ligas – ligas á base de ferro, mas resultantes da combinação
do ferro com outros elementos.

O alto-forno: obtenção de ferro gusa. Elaboração do aço e ferro


fundido. Vazamento do aço e seu processamento.

Onde existem altos-fornos, o que se pretende produzir é aço, mas


também produzir ferro fundido.
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Obtenção de aço a partir de ferro gusa num convertedor a oxigénio

Processo de vazamento contínuo do aço


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Sistema de ligas Ferro-Carbono:

Estruturas cristalinas e pontos de transformação do ferro:

(*) Em condições de equilíbrio (arrefecimento muito lento) correspondem


à transição da estrutura CCC para CFC e novamente CCC

 Ae3, Ae4 – temperaturas de transformação alotrópica do ferro em


condições de equilíbrio;

 Ar4, Ar3 - temperaturas de transformação alotrópica do ferro em


arrefecimento;

 Ac3, Ac4 - temperaturas de transformação alotrópica do ferro em


aquecimento.
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Propriedades do ferro:
 Algumas propriedades de Fe:
o Densidade: ρ=7,87 kg/dm3 – relativamente denso;

o Dureza: Baixa dureza – 45 a 55 HB

o Tensão de cedência: σc=100 -170 MPa

o Resistência à tracção: σr=180 -290 MPa

o Alongamento após roptura: A%=40 – 50%

o Módulo de Elasticidade: E=210 GPa - tem a ver com a energia


de ligação dos átomos e não com a estrutura.

Solubilidade do carbono no ferro:


Solubilidade máxima do carbono em ferro no estado sólido:

 Em Fe δ: = 0,1% em peso – dimensão dos átomos de carbono são


maiores que os espaços onde eles são colocados, não havendo
grande solubilidade na estrutura CCC.

 Em Fe γ: = 2% em peso – solubilidade razoável. Tipo intersticial.


Estrutura CFC dispõe de espaços mais volumosos, podendo-se
introduzir mais átomos de carbono.

 Em Fe α: = 0,02% em peso – (praticamente insolúvel à temperatura


ambiente). Solubilidade máxima.
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A solubilidade do carbono no ferro é muito limitada, porque os átomos de


carbono vão ocupar os espaços intersticiais nas estruturas do ferro, mas
os átomos de carbono tem um diâmetro superior aos espaços intersticiais.
Os espaços intersticiais são maiores no Feγ porque apresenta uma
estrutura CFC, sendo mais fácil uma solubilidade neste caso do que no Feδ
e Feα.

Influência do carbono nas temperaturas de transformação do


ferro:
 O carbono faz baixar a temperatura de fusão/solidificação do ferro;

 O carbono é um elemento estabilizador (gama de temperaturas


mais alargadas do Fe γ (elemento gamagéneo), elevando a
temperatura A4 e baixando a temperatura A3.
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Diagrama de equilíbrio metaestável e equilíbrio estável Fe-C:


Durante a solidificação e arrefecimento se existir a formação de
Fe3C (cementite) está-se perante o diagrama de equilíbrio metaestável,
pois o Fe3C pode ainda, caso haja condições para tal, transformar-se em Fe
e C. Se não existir a formação de Fe3C durante a solidificação e
arrefecimento está-se perante o diagrama de equilíbrio estável, sendo
difícil de acontecer pois é necessário um arrefecimento bastante lento.

No diagrama metaestável verifica-se um composto Fe3C (cementite)


e no estável é caracterizado pela ausência de composto Fe3C surgindo sob
a forma de carbono grafite.

Pode-se passar do diagrama metaestável para o estável se a


velocidade de arrefecimento for diminuindo. Para se passar do diagrama
estável para o diagrama metaestável só com novo aquecimento.
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Diagrama de equilíbrio metaestável Fe-C (ou Fe-Fe3C):

Metaestável (_) – mais simples de obter. Sujeito a alterações nos


constituintes do sistema. Quase estável, pois o composto Fe3C não é
completamente estável. Permite-nos visualizar a estrutura dos aços, ferros
fundidos brancos e ferros fundidos cinzentos.
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 Composição dos pontos assinalados no diagrama:


o P – 0,18% em peso;
o Q – 0,10% em peso;
o R – 0,50% em peso;
o E – 4,3 % em peso;
o F – 2,11% em peso;
o E’ – 0,77% em peso;
o F’ – 0,02% em peso.

 Fases sólidas presentes no diagrama:


o δ – Ferrite δ: Solução sólida intersticial de carbono em Ferro
δ;
o γ – Austenite;
o α – Ferrite α ou Ferrite: Solução sólida intersticial de carbono
em Ferro α. O que varia é a estrutura dessas soluções base e
suas solubilidades;
o Fe3C – Cementite: composto intersticial de ferro e carbono.

 Transformações invariantes presentes no diagrama:


o 1495º C - Transformação peritéctica:

Liq (0,5% C) + Ferrite γ (0,1% C) ↔ Austenite (γ) (0,18% C)

o 1148º C – Transformação eutéctica:

Liq (4,3% C) ↔ Austenite (γ) (2,11% C) + Cementite (Fe3C) (6,67% C)


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o 727º C – Transformação eutectóide:

Austenite (γ) (0,77% C) ↔ Ferrite γ (0,02% C) + Cementite (Fe3C) (6,67% C)

Diagrama de equilíbrio estável Fe-C:


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 Composição dos pontos assinalados no diagrama:


o P, Q,R – mesma composições que no diagrama metaestável;
o E1 – 4,26 % em peso;
o F1 – 2,08% em peso;
o E1’ – 0,68% em peso;
o F1’ – 0,02% em peso.

 Fases sólidas presentes no diagrama:


o δ – Ferrite δ;
o γ – Austenite;
o α – Ferrite;
o Cg – Carbono Grafite.

 Transformações invariantes presentes no diagrama:


o 1495º C - Transformação peritéctica:

Liq (0,5% C) + Ferrite γ (0,1% C) ↔ Austenite (γ) (0,18% C)

o 1148º C – Transformação eutéctica:

Liq (4,26% C) ↔ Austenite (γ) (0,8% C) +Carbono Grafite(Cg) (100% C)

o 727º C – Transformação eutectóide:

Austenite (γ)(0,68% C) ↔ Ferrite γ (0,02% C) + Carbono Grafite (Cg) (100% C)


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Classificações das ligas ferro carbono em relação aos diagramas


de equilíbrio: aços e ferros fundidos:
Diagrama metaestável Fe-C:

 1 - Aço Hipoeutectóide
 2 - Aço Hipereutectóide
 3 - Ferro Fundido Branco Hipoeutéctico
 4 - Ferro Fundido Branco Hipereutéctico
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Diaagrama estável Fe-C:

 1 - Ferro Fundido Cinzento Hipoeutéctico


 2 - Ferro Fundido Cinzento Hipereutéctico

Qualquer ferro fundido cinzento vai solidificar de acordo com o diagrama


estável Fe-C, mas depois disso, durante o arrefecimento que se segue,
verifica-se uma transição para o diagrama metaestável, não deixando de
ser um ferro fundido cinzento. O contrário não é possível
(metaestável→estável).

O ferro fundido cinzento é um ferro fundido que solidifica de acordo com


o diagrama estável Fe-C, ainda que usualmente, durante o arrefecimento
que se segue haja uma transição para o diagrama metaestável Fe-C.
Formam-se lamelas de carbono-grafite, dando à superfície uma cor mais
acinzentada, devido ao carbono ser um elemento livre. O carbono além
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de estar na forma livre, pode-se combinar com o ferro, formando Fe3C,


não deixando de ser um ferro fundido cinzento.

Factores que favorecem o equilíbrio estável ou o equilíbrio


metaestável Fe-C:
Factores que influenciam o equilíbrio estável Fe-C:

 Mais teor de elementos grafitizantes (Si) – elementos que provocam


a formação de grafite, impedindo a formação de Fe3C;

 Menor teor de elementos antigrafitizantes (Ar, Cr) – dificultam a


formação da grafite, estabilizando o composto Fe3C;

 Mais baixa velocidade de arrefecimento – se não arrefecerem


lentamente, não se consegue obter um ferro fundido cinzento;

 Mais elevado teor em carbono – leva a que seja mais provável um


equilíbrio estável.

→ Estas condições favorecem a obtenção de um ferro fundido cinzento

Factores que influenciam o equilíbrio metaestável Fe-C:

 Os factores que favorecem o equilíbrio metaestável Fe-C, são os


inversos dos anteriores.

→ Estas condições favorecem a obtenção de um ferro fundido branco


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Estruturas de equilíbrio das ligas Ferro-Carbono:


Solidificação e arrefecimento de acordo com o diagrama metaestável Fe-C:

Liga X – Aço hipoeutéctico

T1 + ΔT: Estrutura apenas formada por alguns grãos de austenite (γ)

Microestrutura:
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T1: Inicio da transformação de Feγ em Feα, com consequente


transformação da austenite (γ) em ferrite (α) – consequência da acção
estrutural do ferro. Transformação inicia-se na temperatura T1 até à
temperatura eutectóide.

T1→727º C: Progressão na transformação da C em ferrite (α).

727ºC + ΔT:

Fases: Ferrite (α)

Austenite (γ)

Composição: α=0,02% C

γ =0,77% C

Quantidade relativa das fases:

Microestrutura:
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727º C: Transformação eutectóide com formação de perlite (α + Fe3C), a


partir da austenite.

727ºC – ΔT:

Fases: Ferrite (α)

Cementite (Fe3C)

Composição: α=0,02% C

Fe3C=6,67% C

Quantidade relativa das fases:

Microestrutura:
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Quantidade relativa dos microconstituintes:

Liga Y – Aço hipereutéctico

T1’+ΔT: Estrutura constituída apenas por grãos de austenite (γ)

Microestrutura:

T1’: Início da precipitação de cementite secundária (Fe3Csec) ou


proeutectóide (Fe3Cproeu) a partir da austenite (γ) – variação da
solubilidade do carbono na fase γ.

T1’→727ºC + ΔT: Progressão na precipitação de cementite secundária


(Fe3Csec) a partir da austenite.

727ºC + ΔT:

Fases: Austenite (γ)

Cementite (Fe3C)
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Composição: γ=0,77% C

Fe3C=6,67% C

Quantidade relativa das fases:

Microestrutura:

727º C: Transformação eutectóide, com formação de perlite (α )a


partir de austenite (α).

727ºC + ΔT:

Fases: Ferrite (γ)

Cementite (Fe3C)
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Composição: γ=0,02% C

Fe3C=6,67% C

Quantidade relativa das fases:

Microestrutura:

Quantidades relativas dos microconstituintes:


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Liga X’ – Ferro fundido branco hipoeutéctico

T1’’: Inicio da solidificação do ferro fundido com formação de núcleos de


grãos de austenite primária (γprim).

T1’’→1148ºC : Progressão do processo de solidificação do ferro fundido


com crescimento de grão da austenite primária (γprim).

1148ºC + ΔT:

Fases: Líquido

Austenite (γ)

Composição: %Liq=4,3% C

%γ=2,11%C

Quantidade relativa das fases:

À escala microscópica:
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1148º C: Transformação eutéctica, com formação de ledeburite (α+ Fe3C)


a partir do líquido.

1148º C – ΔT:

Fases: Austenite (γ)

Cementite (Fe3C)

Composição: %γ=2,11% C

%Fe3C=6,67% C

Quantidade relativa das fases:

Microestrutura:
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Quantidade relativa dos microconstituintes:

1148ºC - ΔT→727ºC + ΔT: Precipitação de cementite secundária (Fe3Csec) a


partir da austenite (γ).
Nota: a quantidade de ledeburite não se altera, o que se altera é a composição de
fases γ e Fe3C.

727ºC + ΔT:

Fases: Austenite (γ)

Cementite (Fe3C)

Composição: %γ=0,77% C

%Fe3C=6,67% C

Quantidade relativa das fases:


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Microestrutura:

Quantidade relativa dos microconstituintes:

No diagrama, liga com 2,11%C – constituída por 100% γ

A 727ºC:

727º C: Transformação eutectóide com formação de perlite (α + Fe3C) a


partir da austenite (γ).
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727ºC-ΔT:

Fases: Ferrite (γ)

Cementite (Fe3C)

Composição: γ=0,02% C

Fe3C=6,67% C

Quantidade relativa das fases:

Microestrutura:
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Quantidade relativa dos microconstituintes:


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Liga Y’ – Ferro fundido branco hipereutéctico

1148º C +ΔT: À escala microscópica:

Quantidade relativa das fases:

1148º C- ΔT: Microestrutura:


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Quantidade relativa dos microconstituintes:

727ºC + ΔT: Microestrutura idêntica à de 1148ºC –ΔT

727ºC – ΔT: Microestrutura:

Quantidade relativa de microconstituintes:


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Solidificação e arrefecimento de acordo com o diagrama estável Fe-C:

Liga X1 – Ferro fundido cinzento hipoeutéctico

1154 ºC + ΔT: À escala macroscópica


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Quantidade relativa de microconstituintes:

1154 ºC - ΔT: Microestrutura

Quantidade relativa das fases/microconstituintes:

1154ºC-ΔT→738ºC + ΔT: Precipitação de carbono grafite secundário


(Cgsec) a partir da austenite (γ)
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738ºC + ΔT: Microestrutura

Quantidade relativa das fases/microconstituintes:

Determinação da quantidade de Cg secundário:

738ºC - ΔT: Microestrutura


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Quantidade relativa das fases/microconstituintes:

Liga Y1 – Ferro fundido cinzento hipereutéctico

738ºC - ΔT: Microestrutura

Quantidade relativa das fases/microconstituintes:


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Solidificação de acordo com o diagrama de equilíbrio estável Fe-C, com


transição para o diagrama metaestável durante o arrefecimento:

Liga X1’ – Ferro fundido cinzento hipoeutéctico

1154ºC-ΔT: Microestrutura
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Quantidade relativa das fases/microconstituintes:

Ttr: Microestrutura

Quantidade relativa das fases/microconstituintes:


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727ºC + ΔT: Microestrutura

Quantidade relativa das fases/microconstituintes:

727ºC - ΔT: Microestrutura


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Quantidade relativa das fases/microconstituintes:

Estruturas dos ferros fundidos cinzentos para diferentes condições de


transição entre o diagrama estável e o diagrama metaestável:
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Designando por Ctr o teor em carbono da austenite no momento da


transição:

 Se CE’ < Ctr < CF1

Estrutura de ferro fundido: Grafite + Cementite proeutectóide+ Perlite

Ferro fundido cinzento de matriz perlítica

 Se Ctr = CE’

Estrutura de ferro fundido: Grafite + Perlite

Ferro fundido cinzento de matriz perlítica

 Se CE1’ < Ctr < CE’

Estrutura de ferro fundido: Grafite + Ferrite proeutectóide + Perlite

Ferro fundido cinzento de matriz ferrírico-perlítica

 Não havendo transição até ter lugar a transformação eutectóide de


acordo com o diagrama estável:

Estrutura de ferro fundido: Grafite + Ferrite

Ferro fundido cinzento de matriz ferrítica – não resulta de um processo deste


tipo, resulta de um tratamento
térmico, que é feito à priori.
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Influência dos elementos de elaboração na estrutura dos ferros fundidos:

Um ferro fundido contém sempre quantidades significativas de elementos de


elaboração, que influenciam os diagramas de equilíbrio Fe-C.

Carbono equivalente:

Em ferros fundidos com mais elevado teor em fósforo (acima 0,15%) é


frequente a formação de um constituinte (que o diagrama não prevê)
eutéctico ternário: Fe+Fe3C+Fe3P (fosforeto de ferro) designado por
eutéctico fosforoso ou Steadite → eutéctico duro e frágil, fragilizando o ferro
fundido com aumento de dureza local, tornando-o mais difícil de maquinar.
Temperatura de fusão relativamente reduzida (um pouco acima dos 900 ºC),
com isso Fe, Fe3C e Fe3P tendem a fundir, perdendo o ferro fundido
resistência.

Classificação dos Aços:

Classificação dos aços de acordo com critérios previstos na


norma NPEN 10020:
Classificação quanto à composição química:

Aços não ligados

Aços Aços inoxidáveis (%Cr≥10,5%, %C =Máx.1,2%)

Aços ligados

Outros aços ligados


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Valores limite dos teores de elementos de liga para distinção entre aços
ligados e não-ligados:

 Mn: 1,65% em peso


→ Embora não esteja prevista nas
 Si: 0,60% em peso
normas, é usual considerarem-se:
 Cu, Pb: 0,40% em peso - Aços fortemente ligados: pelo menos
um dos elementos de liga em
 Al, Co, Cr, Ni, W: 0,30% em peso
quantidade >5%.
 V: 0,10% em peso - Aços fracamente ligados: nenhum
dos elementos de liga em quantidade
 Mo: 0,08% em peso
>5%.
 Nb: 0,06% em peso

 Ti, Zr: 0,05% em peso

Classificação quanto à qualidade:

Aços não ligados de qualidade

Aços não ligados


Não se destinam a tratamento
Aços não ligados de especiais
térmico. Critérios de classificação
mais alargados.

Aços ligados de qualidade Critérios de classificação mais


apertados.

Aços ligados
Aços ligados de especiais
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Classificação dos aços de acordo com outros critérios:

 Quanto ao teor em carbono:


o Aço de baixo teor em carbono %C<0,3%
o Aço de médio teor em carbono 0,3%<%C<0,7%
o Aço de alto teor em carbono %C>0,7%

 Quanto às características mecânicas em função do teor em carbono


(aços não ligados):
o Aços extra macios %C<0,15%
o Aços macios 0,15% <%C<0,25%
o Aços semiduros 0,25%<%C<0,4%
o Aços duros 0,4%<%C<0,7%
o Aços extraduros %C>0,7%
 Quanto à resistência mecânica:
o Aços de baixa resistência σ0,2<600MPa
o Aços de alta resistência 600MPa< σ0,2<1100MPa
o Aços de muito alta resistência 1100MPa< σ0,2<1800MPa
o Aços de ultra resistência σ0,2>1800MPa

 Quanto à utilização:
o Aços de construção

o Aços inoxidáveis
 Aços inoxidáveis ferríticos:
%Cr=11 a 30%; %C≤0,20%
 Aços inoxidáveis martensiticos:
%Cr=10,5 a 18%; %C=0,1 a 1,2%
 Aços inoxidáveis austeníticos:
Materiais de Engenharia 43

%Cr=16 a 26%; %Ni=6 a 22%; %C≤0,15%

o Aços de ferramentas
 Aços de ferramentas para trabalhar a quente
 Aços de ferramentas para trabalhar a frio
 Aços rápidos ou de corte rápido

Aços não ligados:


Temperaturas de transformação nos aços não ligados:

Temperaturas críticas em condições de equilíbrio:

 Aços hipoeutectóides: Ae1; Ae3


 Aços hipereutectóides: Ae1; Aecm

Para arrefecimento em condições de não equilíbrio:

 Aços hipoeutectóides: Ar3; Ar1 Desviam-se mais das temperaturas de equilíbrio


 Aços hipereutectóides: Arcm; Ar1 do que no aquecimento. À medida que
aumentamos as velocidades de arrefecimento
afastamo-nos mais das temperaturas de
equilíbrio.
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Para aquecimento em condições de não equilíbrio:

 Aços hipoeutectóides: Ac1; Ac3


 Aços hipereutectóides: Ac1; Accm

Processos da transformação da austenite:

Transformação da austenite com difusão. Influência da velocidade de


arrefecimento:

Transformação austenite→ferrite (γ → α)

Com aumento da velocidade de arrefecimento:

 Diminuição da temperatura Ar3


 Diminuição do tamanho do grão da ferrite
 Alteração da morfologia da ferrite

Grãos poligonais regulares:

Ferrite Equiaxial → Grãos Poligonais Irregulares → Grãos Aciculares


(ferrite de Widmenstätten)

Transformação austenite→cementite (γ → Fe3C)

Com aumento da velocidade de arrefecimento:

 Diminuição da temperatura Arcm


 Alterações semelhantes às descritas para a transformação γ→α
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Transformação austenite→perlites (γ → α+Fe3C)

Com aumento da velocidade de arrefecimento:

 Diminuição da temperatura Ar1


 Diminuição da dimensão das colónias de perlite
 Diminuição da distância interlamelar da perlite, perlite mais fina
Materiais de Engenharia 46

Análise global da influência da velocidade de arrefecimento na estrutura


de um aço:

Liga X - Aço hipoeutectóide:

Com aumento da velocidade de arrefecimento (Veq<Vr<Vr’<…)

 Obtenção de estruturas sucessivamente mais finas, com diminuição


do tamanho do grão de ferrite, da dimensão das colónias de perlite
e da dimensão interlamelar da perlite;
 Alteração da morfologia da ferrite, conforme descrito;
 Aumento da quantidade relativa da perlite e diminuição da
quantidade de ferrite.

Transformação da austenite sem difusão. Transformação martensítica:

Martensite – solução sobresaturada de carbono em ferro α com uma


estrutura tetragonal de corpo centrado resultante da transformação de
austenite sem difusão.
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Estrutura cristalina da martensite:

Com aumento de teor em carbono → c/a ↑ (aumento da tetragonalidade)

Para %C<0,25%, c/a~1 → martensite de baixo carbono ou cúbica

Temperaturas de transformação da martensite:

Ms: inicio da transformação da matensite (“Martensite starting”)

Mf: temperatura de final da transformação da martensite (“Martensite


finishing”)

%C↑: Ms, Mf↓

Tipos de martensite:

 %C < 0,6%: Martensite em ripas ou martensite maciça


 %C < 1%: Martensite em placas ou martensite acicular
 0,6%< %C <1%: Martensite mista
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Transformação da austenite por processos intermediários –


transformação bainítica:

Bainite – agregado não lamelar de ferrite e cementite ou carbonetos de


transição (carbonetos ε) resultante da transformação de austenite por
mecanismos de tipo intermediário (entre uma transformação sem difusão
e uma transformação com difusão, ainda que a reduzida distância). Vai-se
formar uma gama de temperaturas onde os processos de transformação
já estão muito inibidos.

A estrutura não se consegue obter por arrefecimento contínuo. Paramos o


arrefecimento antes de ocorrer a transformação martensitica. Para se
obter exige estágio a determinada temperatura (temperatura de
transformação bainítica).

Tipos de bainite:

- Bainite superior ou arborecente:


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- Bainite inferior ou acicular:

Propriedades mecânicas dos microconstituintes dos aços não ligados:

 Ferrite: quantidade de carbono diminuta


o σR: 280 MPa
o Dureza: 80 HB
o A: 50%

 Cementite:
o σR: Difícil de avaliar dada a grande fragilidade. Resistência à
tracção reduzida por excessiva fragilidade.
o Dureza: 700 HB
o A: ~0%
Materiais de Engenharia 50

 Perlite:
o σR: Depende das lamelas:
-distâncias superiores: mais macias, menos duras
-distâncias inferiores: mais duras
o Dureza: 600-800 HB – distâncias intermoleculares de valor
médio
o A: 10-15%

 Austenite:
o σR: 800-1050 MPa
o Dureza: 300 HB
o A: 20-23%

 Martensite:
o σR: 1700-2500 MPa
o Dureza: 650 HB (60 HRC)
o A: 0,5-2,5%

 Bainite:
o σR: 1200-2000 MPa
o Dureza: 400-600 HB
o A: 2-5%

Determinação das propriedades de um aço a partir das propriedades dos


seus microconstituintes:

Aços hipoeutectóides:

Ex.º: σR(Aço)=?

Sabendo que:

σR(Ferrite)=280 MPa

σR(Perlite)=800 MPa
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Aços não ligados:


Objectivos da adição de elementos de liga:

 Melhoramento das propriedades mecânicas do aço:

Melhoramento de σR:

- Aumento da temperabilidade – facilidade de como o aço pode ser


temperado. Em componentes de maiores dimensões vamos ter
durezas e resistências à tracção mais elevadas, mesmo em zonas
interiores.
Materiais de Engenharia 52

 Conseguir propriedades específicas não atingíveis com aços não


ligados:

o Melhorar resistência à corrosão;


o Melhorar resistência térmica;
o Melhorar resistência ao desgaste;
o Melhorar constituintes magnéticos.

Distribuição dos elementos de liga num aço:

 Principais formas de distribuição:

o Dissolvidos na ferrite;
o Formando carbonetos
-Carbonetos mistos com a cementite (cementites ligadas)
Ex.º: (Fe,Mn)3C; (Fe,Mo)3C

 Classificação dos elementos de liga quanto à sua distribuição:

o Elementos não carborígenos: não têm afinidade para o


carbono, dissolvendo-se na ferrite;

o Elementos carborígenos: têm afinidade para o carbono,


formando carbonetos, além de se dissolverem na ferrite.

 Influência dos elementos de liga no diagrama Fe-C:

o Influência na extensão do domínio austenítico:

 Elemento alfagéneo: baixam a temperatura A4 e


elevam a temperatura A3, alargando o domínio
ferrítico e restringindo o domínio austenítico. Daí
elementos estabilizadores da ferrite.
Materiais de Engenharia 53

 Elemento gamagéneo: elevam a temperatura A4 e


baixam a temperatura A3, alargando o domínio
austenítico e restringindo o domínio ferrítico. Daí
elementos estabilizadores da austenite.

o Influência na temperatura e composição do ponto


eutectóide:

 Os elementos alfagéneos tendem a elevar a


temperatura A1;

 Os elementos gamagéneos tendem a fazer baixar a


temperatura A1;

 De uma forma geral, os elementos de liga tendem a


fazer baixar o teor em carbono do ponto eutectóide.

o Influência dos elementos de liga nos microconstituintes dos


aços:

 Elementos gamagéneos: originam ferrites de grão mais


fino (maiores valores de dureza). Temperaturas mais
baixas.

 Elementos alfagéneos: originam ferrites de grãos mais


grosseiros, ou seja, ferrites menos duras (maiores
tamanhos dos grãos). Temperaturas mais altas.
Materiais de Engenharia 54

 Ferrite: Elementos de liga que se dissolvem bem na ferrite,


distorcendo a rede da ferrite, aumentando a dureza por efeito de
solução sólida. Isto pode sobrepor-se tanto nos elementos
gamagéneos como nos alfagéneos.

 Cementite: Elementos que tendem a dissolver-se na cementite.


 Não carborígenos: não alteram quase nada as propriedades
dos aços;
 Carborígenos: substituição da cementite por outros
elementos (carbonetos), podendo alterar as propriedades do
aço.

 Perlite:(estrutura lamelar de duas fases): É necessária a


movimentação dos átomos de carbono. Antes de haver
transformação da austenite na ferrite. A presença de elementos de
liga apresentará dificuldade na movimentação dos átomos de
carbono?
→A movimentação do carbono torna-se mais difícil, pois as
dimensões entre os constituintes diminuem. As lamelas são
mais finas, se os elementos de liga dificultam o movimento dos
átomos de carbono, logo a presença de elementos de liga torna
a perlite mais dura.

 Bainite: Razões idênticas à da ferrite. A presença desses elementos


pode fazer com que o carbono fique retido na ferrite da bainite,
aumentando a dureza.
Materiais de Engenharia 55

Tratamento térmico dos aços:


Procedimento em que o aço é submetido a um ou mais ciclos térmicos,
tendo em vista alterar as suas propriedades quase sempre através da
alteração das suas estruturas. Poderá envolver modificações de
composições químicas do aço ou poderão envolver a deformação do aço,
chamado processo termomecânico.

Ciclo térmico típico de um tratamento térmico:

Classes de tratamentos térmicos:

 Principais classes de tratamentos térmicos:

o Tratamentos térmicos à massa: vão afectar toda a massa da


peça.
 Recozimento
 Têmpera
 Revenido
Materiais de Engenharia 56

o Tratamento de superfície ou tratamento de endurecimento


superficial:
 Têmpera superficial
 Tratamentos termoquímicos (alteração da composição
química:
 Cementação
 Nitruração
 Carbonitruração

Diagramas de transformação da austenite:

Transformação isotérmica da austenite; Diagrama TI ou TTT:

Diagrama TI de um aço não ligado eutectóide

 Nas zonas das curvas de transformação envolve sempre difusão;


Materiais de Engenharia 57

 As linhas são em “C” devido às temperaturas de transformação, e


devido aos processos de difusão. A temperaturas mais baixas a
movimentação atómica é mais difícil ficando os processos de
difusão fortemente inibidos, sendo a difusão mais difícil. A
temperaturas mais elevadas a difusão que é necessária para a
transformação da austenite não é comprometida, devido a uma
mais elevada mobilidade atómica;
 Não devemos utilizar estes diagramas para analisar o arrefecimento
contínuo (a transformação da austenite pára).

Transformação da austenite em arrefecimento contínuo; Diagrama TC ou


TAC:

Diagrama TAC de um aço não ligado eutectóide


Materiais de Engenharia 58

Caracterização de uma lei de arrefecimento T=f(t):

 Velocidade instantânea de arrefecimento a 700 ºC

 Velocidade média de arrefecimento entre 700ºC e 300 ºC

Influência dos elementos de liga nos diagramas TI e TAC:

 A presença de elementos de liga tende a atrasar a transformação da


austenite, deslocando as curvas de transformação para tempos
mais longos, ou seja, para a direita;
Materiais de Engenharia 59

 É mais fácil obter uma estrutura martensítica, porque não


necessitamos de meios de arrefecimento tão rápidos, tornando o
aço mais facilmente temperável;
 Com velocidades de arrefecimento internas mais altas, mesmo em
zonas interiores da peça, é mais fácil a obtenção de uma estrutura
martensítica;
 Efeito de separação dos domínios bainítico e perlítico dos
diagramas. O Crómio (Cr) e o Molibdénio (Mo) tendem a separar
esses dois domínios;
 Tendem a fazer baixar a temperatura Ms, embora de uma forma
muito menos acentuada que o carbono.

Influência das condições de austenitização nos diagramas TI e TAC:

 Temperaturas de austenitização e tempos de austenitização mais


altos dão origem a austenites de grãos mais grosseiros, atrasando a
transformação da austenite, ou seja, levando as curvas para a
direita;
 A transformação da austenite por processos de difusão, tende a
ocorrer nas fronteiras dos grãos;
 A área da fronteira nos grãos mais finos está em maior quantidade,
logo há mais locais onde a transformação da austenite se pode
verificar.
Materiais de Engenharia 60

Recozimento:

Conjunto de tratamentos que visam obter no aço condições próximas de


equilíbrio a que corresponde uma estrutura de ferrite e carbonetos (na
generalidade: ferrite e cementite, no caso dos aços ligados: ferrite,
cementite e outros tipos de carbonetos.

Servem para:

 Corrigir superfícies irregulares de solidificação;


 Obter uma estrutura mais regular e fina;
 Aliviar tensões internas produzidas por operações térmicas ou
motoras.

Ciclo térmico típico de um recozimento:


Materiais de Engenharia 61

Tipos de recozimento:

 Quanto à temperatura de tratamento:


o Recozimento em austenitização total
o Recozimento em austenitização parcial
o Recozimento sem austenitização ou subcríticos (não atinge a
temperatura A1)

 Quanto aos objectivos específicos:


o Recozimento de homogeneização ou difusão
o Recozimento completo ou recozimento
o Recozimento de normalização
o Recozimento de regeneração de grão ou de afinação
estrutural
o Recozimento isotérmico
o Recozimento de globulação ou de amaciamento
o Recozimentos subcríticos:
 Recozimento de recristalização
 Recozimento de restauração ou recuperação
 Recozimento de alívio de tensões ou de distensão
Materiais de Engenharia 62

Recozimento de homogeneização ou difusão

Feito com o objectivo de corrigir estruturas brutas de solidificação,


tornando-as mais regulares, ficando as estruturas mais uniformes,
uniformizando a composição química do aço em toda a peça. A
homogeneização é feita a temperaturas que facilitam o processo de
difusão. Aplica-se a lingotes de aço ou produtos obtidos por vazamento ou
fundições do aço, em que as estruturas iniciais são brutas.

Recozimento completo ou recozimento:

Tratamento de recozimento típico. Tem como objectivo conseguir no aço


uma estrutura semelhante à que se obtém de acordo com o diagrama de
equilíbrio e restituir ao aço características que foram alteradas por
processos térmicos ou mecânicos a que o aço foi sujeito.
Materiais de Engenharia 63

 Aços hipoeutectóides:

→ 10 a 15 min para cada 10mm.

 Aços hipereutectóides:

Aquecimento até Ac1 + 50ºC

Faz-se austenitização parcial:

 Nos aços hipereutectóides, para temos austenitização total


precisamos de temperaturas mais altas que nos aços
hipoeutectóides. Evitar em crescimento exagerado do grão
austenítico;

 Evitar a formação de uma rede contínua de cementite secundária.


Se aquecermos até Ac1 + 50ºC uma eventual rede tende a
fragmentar-se. Como essa rede não se desenvolve evita-se uma
rede contínua.
Materiais de Engenharia 64

Recozimento de normalização:

Pretende-se obter uma estrutura mais regular, mais fina no aço


nomeadamente de grão ferrítico mais fino e perlítico com menor distância
interlamelar. As características mecânicas melhoram (aumento de dureza
e resistência mecânica, sem se perder ductilidade, logo melhorando a sua
tenacidade), melhorando a sua estrutura martensítica. Precede muitas
vezes a têmpera.

 Aços hipoeutectóides:

 Aços hipereutectóides:

Aquecimento até Accm + 30 a 50ºC

O tempo de estágio na normalização é mais curto, logo não há tanta


tendência em aumentar o grão da austenite. Com arrefecimento ao ar não
há precipitação contínua de cementite nas fronteiras.
Materiais de Engenharia 65

Recozimento de regeneração de grão ou de afinação estrutural:

Idêntica ao recozimento de normalização. Tem como objectivo conseguir


no aço uma estrutura mais fina na sequência das operações que
conduziram a um crescimento significativo do grão.

Operações que podem conduzir ao crescimento do grão:

 Soldadura
 Forjamento
 Vazamento
 Tratamento de homogeneização ou difusão
 Tratamento de cementação

 Aços hipoeutectóides:

 Aços hipereutectóides:

Aquecimento um pouco acima de Ac1


Materiais de Engenharia 66

Recozimento isotérmico:

Tem a mesma finalidade do recozimento completo, mas com ciclo térmico


diferente.

 Aços hipoeutectóides:

 Aços hipereutectóides:

Aquecimento até Ac1 + 50 ºC

Vantagens relativamente ao recozimento comum:

 É possível efectuar em menos tempo;


 Ao transformarmos isotermicamente a austenite temos um
controlo do grão, conseguindo uma estrutura mais uniforme.
Materiais de Engenharia 67

Recozimento de globulação ou amaciamento:

Pretende-se obter no aço uma dureza mínima e condições favoráveis à


deformação plástica a frio mediando uma estrutura de carbonetos
globulizados com uma matriz ferrítica, conferindo valores de dureza e
condições de deformação plástica a frio.

Em aços com teores de carbono acima de 0,5 % temo como objectico


melhorar a maquinabilidade do aço.

a)
Materiais de Engenharia 68

b)

c)
Materiais de Engenharia 69

Recozimento Subcríticos

Recozimento de recristalização:

Para os metais consegue-se definir uma temperatura de recristalização. Se


aquecermos os metais acima dessa temperatura formam-se novos grãos.
Essa temperatura tende a ser tanto mais baixa quanto maior for o grau de
deformação a frio.

Recozimento feito por estágio do aço a uma temperatura superior à


temperatura de recristalização, tende em vista desenvolver ao aço
capacidade de deformação plástica a frio depois de ter sido sujeita a essa
deformação.

Feito a temperaturas entre 600 e 700 ºC.

Recozimento de recuperação ou restauração:

Feito com objectivos idênticos à recristalização, mas só se pretende


recuperar parcialmente propriedades que se alteram por processos de
deformação dos aços. Efectuado abaixo da temperatura de recristalização.
Sendo assim não vai haver alteração estrutural.

Temperaturas na ordem dos 500 a 600 ºC.

Recozimento de alívio de tensões ou de distensão:

Tem como objectivo diminuir ou eliminar tensões a que o aço tenha sido
sujeito, como por exemplo a conformação mecânica a frio, a soldadura
(zona onde está o cordão de soldadura, devido à fusão), processos de
maquinagem mais intensos.

Temperaturas na ordem dos 550 a 600 ºC.


Materiais de Engenharia 70

Têmpera:

Tratamento que visa conferir ao aço uma elevada dureza e uma elevada
resistência mediante a obtenção de uma estrutura martensítica, ou pelo
bainítica.

Na têmpera convencional, pretende-se encontrar uma estrutura com


máxima dureza, sendo essa uma estrutura martensítica. Para se conseguir
esse tipo de estrutura é necessário assegurar que o aço seja arrefecido a
uma velocidade superior à velocidade crítica de têmpera.

 Velocidade crítica de têmpera:

Velocidade mínima a que devemos arrefecer o aço desde a


temperatura de austenitização, de forma a evitar estruturas de
equilíbrio como a ferrite e a perlíte (que fazem baixar os valores de
dureza do aço).

Factores que influenciam a velocidade crítica de têmpera (Vc):

 Teor em carbono do aço (%C ↑ → Vc ↓) – desloca as curvas de


transformação para tempos mais longos;

 Presença de elementos de liga, excepto Co (Presença de elementos


de liga → Vc ↓);

 Tamanho do grão da austenite (Tamanho de grão → Vc ↓);

 Homogeneidade da austenite (Homogeneidade ↑ → Vc ↓).


Materiais de Engenharia 71

 Meios de têmpera – factores influentes na velocidade de


arrefecimento:

 Nos meios de têmpera líquidos, é comum a formação de uma


camada de vapor;

 A presença de sal contribui para a estabilização da camada de


vapor;

 Banhos de sais provocam uma velocidade de arrefecimento


bastante elevadas.

Factores que influenciam a velocidade crítica de têmpera (Vc):

 Temperatura e agitação do meio de têmpera (Temperatura ↑ → Vc


↓) (Com agitação → Vc ↓);

 Volume das peças (Volume ↑ → Vc ↓).


Materiais de Engenharia 72

Têmpera martensítica:

Ciclo térmico:

 Aços hipoeutectóides

10 min para cada 10 mm

 Aços hipereutectóides:
Materiais de Engenharia 73

Não há austenitização completa devido a:

 Pretende-se evitar o crescimento dos grãos de austenite, pois vai


conduzir a uma estrutura de maior fragilidade;

 Nos aços hipoeutectóides a uma austenitização parcial, embora não


evite a presença de constituintes de equilíbrio, esse constituinte vai
ser a cementite. Não há problema, pois a cementite tem elevada
dureza, semelhante à da martensite;

 Para evitar excesso de carbono na austenite.

Conceito de temperabilidade, dureza máxima de têmpera e


profundidade de têmpera:

Temperabilidade:

Característica que traduz a maior ou menor facilidade a que o aço pode


ser temperado.

Aptidão do aço para obter uma estrutura martensítica a partir de uma


estrutura inicialmente austenítica.
Materiais de Engenharia 74

Está dependente das curvas de transformação da austenite. A


temperabilidade é melhor, quanto maior for o desvio das curvas de
transformação, ou seja, quando os tempos são mais longos.

Os factores que influenciam a temperabilidade, são os mesmos que


influenciam a velocidade crítica de têmpera:

Velocidade crítica de têmpera ↓ → Temperabilidade ↑

Boa temperabilidade: Podemos utilizar meios de arrefecimento menos


severos.

Consegue-se estruturas de têmpera mais


profundas mesmo em peças de maior dimensão,
adquirindo durezas elevadas nos núcleos.

Dureza máxima:

Mais alto valor de dureza que é provável obter através e têmpera


martensítica de um aço.

Depende, essencialmente, do teor em carbono do aço.

Profundidade de têmpera:

Espessura da camada temperada. Espessura média, em profundidade,


desde a superfície da peça.

A camada temperada: estrutura com pelo menos 50% de martensite.

Penetração de têmpera:

Traduz a forma como a dureza, de uma peça temperada, varia desde a


superfície até ao seu interior. É uma característica directa da
temperabilidade,
Materiais de Engenharia 75

Há boa penetração de têmpera se a dureza que se obtém à superfície não


apresenta grandes diferenças relativamente à interior.

Dureza máxima e penetração de têmpera em aços ligados e não ligados.

Considerando a têmpera de um varão de igual dimensão de um aço ligado


e de um aço não ligado com o mesmo teor em carbono.

 Curvas de variação transversal de dureza


 Curvas de penetração de têmpera
 Curvas em U

Conclusão:

 Ambos os aços apresentam o mesmo valor de dureza;


 O aço ligado apresenta uma maior penetração de têmpera (tem
maior temperabilidade).
Materiais de Engenharia 76

Avaliação de temperabilidade – Ensaios de temperabilidade:

Ensaio de temperabilidade de Grossman:

Determinação de um valor de diâmetro crítico para medir a


temperabilidade do aço.

Diâmetro crítico: maior valor de diâmetro de um varão de aço


que é possível temperar num determinado meio de têmpera
sem que surjam no seu interior estruturas com menos de 50 %
de martensite.

Consiste em:

 Temperar num determinado meio de têmpera barras de diâmetros


constantes;
 Seccionar o varão e medir a variação transversal da dureza.

Diâmetro crítico ideal: o valor do diâmetro crítico determinado


para um meio de têmpera ideal (capaz de arrefecer um a peça
na sua superfície instantaneamente desde a temperatura de
tratamento à temperatura ambiente).
Materiais de Engenharia 77

Ensaio de temperabilidade de Jominy:

 Mede a penetração de têmpera por outra via. Usa-se um só


provete;
 O provete é sujeito a austenitização durante 30 min;
 Após a austenitização vai ser sujeito a tempera numa das suas
extremidades, onde incide um jacto de água fria;
 À medida que se afasta das zonas do jacto de água as velocidades
de arrefecimento diminuem;
 O provete é sujeito a ensaios de dureza, ao longo do seu
comprimento.
Materiais de Engenharia 78

Tensões residuais após têmpera martensítica:

A têmpera envolve um arrefecimento rápido, havendo tensões residuais


que aparecem.

A têmpera de uma barra de secção circular:


Materiais de Engenharia 79

Distribuição das tensões após arrefecimento da superfície:

→ Risco de fissuração à superfície

Distribuição das tensões após arrefecimento do núcleo:


Materiais de Engenharia 80

Martêmpera e austêmpera:

Martêmpera:

Transformação isotérmica de austenite em bainite, na zona de


temperaturas situada entre as zonas de formação de perlite e martensite.

Este tratamento térmico confere às peças uma maior resistência mecânica


e uma maior tenacidade do que os tratamentos habituais.

Consiste no arrefecimento e estágio das peças em banho de sais fundidos


à temperatura conveniente (superior a Ms) para assegurar a
transformação de maior quantidade possível da austenite em bainite. O
tempo do estágio é o suficiente para se completar a transformação
isotérmica da austenite em bainite. De seguida as peças são arrefecidas ao
ar.

Curvas de arrefecimento de um tratamento de martêmpera, sobrepostas no


diagrama TI de um aço não ligado eutectóide
Materiais de Engenharia 81

Austêmpera:

Consiste num tratamento térmico em que o arrefecimento é feito de


modo descontínuo, ou seja em estágios, sendo a interrupção produzida
num domínio e durante um tempo tal que a austenite permaneça no
estado metaestável e portanto sem transformação.

De seguida a peça é imersa em água ou óleo a uma temperatura pouco


superior a Ms, mantendo-se nessa temperatura durante um determinado
tempo de modo a homogeneizar a temperatura da peça e reduzir as
tensões internas devido ao arrefecimento rápido (conferindo ao aço uma
maior tenacidade), arrefecendo-se depois a partir desta temperatura de
modo a obter a estrutura martensítica.

Curvas de arrefecimento de um tratamento de austêmpera, sobrepostas no


diagrama TI de um aço não ligado eutectóide
Materiais de Engenharia 82

Revenido:

Efectuado a seguir à têmpera martensítica, com o objectivo de conseguir


durezas excessivas, diminuir a fragilidade resultante da têmpera e
diminuir/eliminar tensões residuais resultantes da têmpera.

Ciclo térmico típico de um revenido:

 Temperaturas de revenido mais elevadas geram estruturas menos


duras e mais dúcteis;
 Temperaturas de revenido mais baixas geram estruturas mais duras
e menos frágeis.

Queremos que a estrutura martensítica evolua um pouco no sentido do


equilíbrio.
Materiais de Engenharia 83

Alterações estruturais durante o revenido. Etapas do revenido:

Aços não ligados ou aços ligados sem elementos carborígenos:

 T < 200 ºC: Martensite → Martensite de baixo carbono


Carbonetos de transição (carbonetos ε)

 200 ºC < T < 300 ºC: Austenite residual → Ferrite


Carbonetos de transição (carbonetos ε)

 T > 300 ºC: Martensite de baixo carbono → Ferrite


Cementite
Carbonetos de transição → cementite

Aços ligados com elementos carborígenos:

 4ª etapa: 450 ºC < T < 600 ºC: Precipitação fina e interna de


elementos de liga (fenómeno de endurecimento secundário)
Materiais de Engenharia 84

Variação das propriedades mecânicas em função da temperatura de


revenido – curvas de revenido:

Aços não ligados ou aços ligados sem elementos carborígenos:

Aços ligados com elementos carborígenos – Endurecimento secundário:

Curvas de variação da dureza em função da temperatura de revenido (curvas de revendio)


para aços com 0,3% C e teores crescentes em Cr
Materiais de Engenharia 85

A dureza de têmpera diminui com o crescimento da temperatura em aços


não ligados sem elementos carborígenos.

Em aços com 0,8% C, nota-se um ligeiro aumento de dureza.

A excepção são os aços ligados com elementos carborígenos.

Em aços com 12% Cr, nota-se o fenómeno de endurecimento secundário.

Obtém-se valores de dureza, obtidos somente com têmpera, com boas


características de tenacidade e ductilidade do aço.

Tratamentos de endurecimento superficial

Têmpera superficial:

É um tratamento em que se procura obter uma estrutura martensítica


apenas na superfície da peça por forma a alcançar durezas elevadas nessa
superfície.

É necessário um sistema que nos permita fazer o aquecimento apenas à


superfície da peça até à temperatura de austenitização, para depois, num
meio de têmpera conseguirmos a dureza superficial.

Principais processos de têmpera superficial:

 Têmpera superficial por chama;


 Têmpera superficial por indução.

Aços usados em têmpera superficial:

 Aços não ligados ou de baixa liga com %C < 0,5

Meio de têmpera:

 Água
Materiais de Engenharia 86

Cementação:

É um tratamento de endurecimento superficial. Efectuado em duas


etapas:

1- Enriquecimento superficial da peça em carbono mediante o seu


aquecimento num ambiente gasoso rico no elemento carbono. O
aumento de carbono à superfície aparece devido a um processo de
difusão. Na zona interna tem composição inicial enquanto que a
zona externa é rica em carbono;
2- A peça será sujeita a arrefecimento num meio de têmpera,
usualmente em óleo, havendo transformação da camada superficial
rica em carbono, em martensite, mantendo-se a estrutura no seu
interior.

Conseguimos, assim, uma peça com dureza superficial elevada. O que


provoca endurecimento, não é o teor em carbono, mas sim o
arrefecimento, que vai originar uma estrutura martensítica.

Aços de cementação:

 Aços não ligados ou ligados com %C ≤ 0,2

Temperatura de tratamento:

 900 – 950ºC: temperaturas elevadas. Difusão do carbono é


favorável, mas demora o seu tempo.

Espessura da camada endurecida:

 0,3 a 2 mm

Dureza da camada endurecida:

 Até 900 HV
Materiais de Engenharia 87

Nitruração:

É um tratamento superficial. Consiste no enriquecimento superficial em


azoto mediante o seu aquecimento num ambiente, normalmente gasoso
rico nesse elemento.

O endurecimento resulta da combinação do azoto com elementos


presentes nos aços, de modo a formar nitretos, responsáveis por um
aumento de dureza. É usada apenas em aços que conseguem formar
nitretos. É efectuado a peças quase acabadas, ou seja, é um tratamento
de acabamento.

Aços de nitruração:

 Aços com 0,3 a 0,4% C, contendo elementos de liga que formam


nitretos, como Cr, V, Mo, Al

Temperatura de tratamento:

 500 a 550 ºC

Espessura da camada endurecida:

 0,2 a 0,8 mm

Dureza alcançada:

 Até 1200 HV

Carbonitruração:

Variante ao tratamento de cementação. Consiste no aquecimento da peça


a tratar num ambiente rico em carbono, mas que contém também azoto,
a que se segue um tratamento de têmpera, por transformação da camada
Materiais de Engenharia 88

superficial em martensite. A vantagem é que a presença do azoto faz


baixar a temperatura de tratamento (elemento gamagéneo) e facilita a
difusão do carbono, ou seja, torna o acabamento mais rápido.

Se o aço contém elementos de liga capazes de formar nitretos, poderá


levar a um aumento de dureza.

Aços de carbonitruração:

 Aços de cementação e aços de nitruração

Temperatura de tratamento:

 800 a 850 ºC

Espessura da camada endurecida:

 Até 1 mm

Dureza alcançada:

 Até 1000 HV
Materiais de Engenharia 89

Ferros Fundidos
Ferros fundidos brancos:

Solidificam de acordo com o diagrama metaestável Fe-C dando origem a


que o carbono que se encontra presente no ferro fundido está na forma
de cementite (Fe3C).

Estrutura:

Ferros fundidos brancos hipoeutécticos:

Perlite + Ledeburite Transformada + Cementite Secundária

Ferros fundidos brancos hipereutécticos:

Cementite Primária + Ledeburite Transformada

Ferros fundidos cinzentos ou de grafite lamelar:

Solidificam de acordo com o diagrama estável Fe-C, ainda que, durante o


arrefecimento possa haver transição para o diagrama metaestável Fe-C.
Grande parte do carbono presente no ferro fundido encontra-se livre
sobre a forma de lamelas de grafite.

Estrutura: Lamelas de grafite numa matriz ferrítica, perlítica ou ferrítico-


perlítica.

Ferros fundidos nodulares ou de grafite esfroidal:

Têm à partida composição de ferros fundidos cinzentos, mas são sujeitos à


adição de determinados elementos, antes do vazamento, que provocam
um aumento do crescimento esfroidal da grafite. O elemento
esfroidizante mais utilizado é o magnésio.
Materiais de Engenharia 90

Estrutura: Nódulos esfroidais de grafite numa matriz ferrítica, perlítica ou


ferrítico-perlítica.

Ferros fundidos maleáveis:

Obtidos por tratamento térmico de ferros fundidos brancos. Nesse


tratamento dos ferros fundidos brancos, para os tornarem maleáveis,
processo conhecido como maleabilização, o que se pretende é decompor
a cementite presente no ferro fundido branco de modo a formar grafite
em lugar da cementite (grafitização) ou então, retirar carbono ao ferro
fundido (carboração).

 Tratamento de maleabilização: 900 a 950 ºC – acima de Ac1

Estrutura mais comum: Nódulos irregulares de grafite numa matriz


ferrítica ou perlítica.
Materiais de Engenharia 91

MATERIAIS
NÃO
METÁLICOS
Materiais de Engenharia 92

Materiais Poliméricos
É uma macromolécula constituída pela repetição de pequenas e simples
unidades químicas (monómeros) ligadas covalentemente entre si de modo
a formar um sólido (poli = muitos, mero = partes).

 Metais: estruturas CCC, CFC, HC, etc. → Ligações metálicas


 Polímeros: Monómeros ligados → Ligações covalentes

Principais elementos químicos que fazem parte dos polímeros:

 Carbono (C)
Por isso se diz que são moléculas orgânicas
 Hidrogénio (H)

Matérias-primas para produzir polímeros:

 Petróleo
 Carvão

Os materiais poliméricos nunca são cristalinos. São amorfos ou semi-


cristalinos:

 Cristalino: repetição organizada da distribuição dos átomos


 Semi-cristalino: parte cristalina, mas outra parte não-cristalina
 Amorfo: totalmente desorganizado
Materiais de Engenharia 93

Materiais com estrutura cristalina:

 Materiais metálicos:
o Aços;
o Ferros-fundidos;
o Alumínio.
o …

Propriedades mecânicas:

 Menos resistentes que os metálicos – baixa Rm;


 Deformação maior que os metais;
 Resistência à temperatura mais baixa que os metais;
 Condutividade eléctrica baixa – alguns são isolantes;
 Condutibilidade térmica muito baixa – maus condutores térmicos.

Densidade:

 0,9 a 1,45 g/cm3 – densidade baixa


o ρaço = 7,8 g/cm3

Propriedades químicas:

 Resistência química elevada


o Oxigénio: aços atacados fortemente pelo oxigénio (ferrugem)
o Diluente: não ataca o aço – resistência aos solventes
orgânicos

Manutenção das dimensões:

 Mais facilmente deformados, torcidos, etc.


Materiais de Engenharia 94

Proteínas

Ácidos nucleicos (DNA)

Naturais Polisacarídeos

Látex

Polímeros

Termoplásticos

Sintéticos Termoendurecíveis

Elastómeros ou borrachas

Materiais poliméricos termoplásticos:


 Necessitam de calor para atingirem uma forma;
 Materiais recicláveis, uma vez que não perdem propriedades
quando novamente aquecidos, processados e arrefecidos;
 São amorfos ou semi-cristalinos;
 Depois de aquecidos e trabalhados, adquirem dureza e resistência
quando arrefecidos, mantendo a forma que lhe foi dada no
processamento;
 Apresentam uma estrutura molecular semi linear (as cadeias dos
monómeros, formam aproximadamente linhas contínuas).
Materiais de Engenharia 95

Materiais poliméricos termoendurecíveis:


 Materiais cujo endurecimento tem lugar na sequência de uma
reacção química irreversível (reacção de cura) de que resulta uma
rede molecular;
 Amorfos;
 Não são recicláveis;
 São mais rígidos, mais resistentes e mais frágeis que os
termoplásticos;
 Estrutura molecular recticuladora.

Propriedades dos Termoendurecíveis em relação aos Termoplásticos:

 Mais rígidos;
 Mais frágeis;
 Mais resistentes.
Materiais de Engenharia 96

Elastómeros ou borrachas:
 Não são recicláveis;
 Apresentam elevada deformação quando sujeitos a cargas baixas;
 Amorfos;
 Estruturas ligeiramente reticuladas;
 Maus condutores de corrente eléctrica;
 Muito flexíveis;
 Baixa Rm.

Polimerização:
Reacção a formar um polímero. Reacção química entre os monómeros a
formar o polímero.
Materiais de Engenharia 97

Reacção geral de polimerização ou reacção de polimerização em cadeia:

Tipos de polimerização:

Por adição: Na polimerização por adição, o monómero apresenta uma


ligação dupla que será quebrada com a adição de outras unidades
monoméricas que também têm sua dupla ligação rompida durante a
polimerização, permitindo assim a continuidade do processo. A quebra da
ligação dupla para iniciar a polimerização pode ocorrer por diversos
mecanismos e em diversos meios. Os mecanismos, os meios e o tipo de
monómero definem as características do polímero formado. O polietileno
e o poliestireno são exemplos de polimerização por adição.

Por condensação: Na polimerização por condensação, os monómeros são


bifuncionais e dão reacções de condensação com eliminação de moléculas
pequenas. Neste tipo de polimerização estão os vários poliésteres, as
poliamidas, entre outros.
Os dois tipos de polimerização podem ser ilustrados através de produtos
tecnológicos bem conhecidos, o adesivo a base de éster de cianoacrilato
(polimerização por adição) e o selante à base de silicona (polimerização
por condensação). Estes produtos podem ser encontrados sob diversos
nomes comerciais, por exemplo, superbonder e flexite, respectivamente.
A polimerização de ambos produtos ocorre durante a aplicação.
Materiais de Engenharia 98

Típica nos termoendurecíveis e elastómeros

Polietileno:

Peso molecular médio = 350000 g/mol → 0,004 mm

→ É o peso médio porque pode haver variações

Peso molecular: C – 12 g/mol

H – 1 g/mol

C2H4 → 2 × 12 + 4 × 1 =28 g/mol


Materiais de Engenharia 99

Grau de polimerização: número de monómeros que foram adicionados à


cadeia.

Homopolímeros/Copolímeros:
Homopolímeros: é um polímero que é constituído por monómeros da
mesma espécie. A polimerização de um único polímero como o PE
(polietileno) utiliza um único monómero (etileno) e une-os de modo a
formar um polietileno:

O polímero consiste, então, de unidades repetidas de:

E esta é uma ilustração breve da estrutura do polímero.

O polietileno é um exemplo de um homopolímero onde todos os meros


são os mesmos. Se a unidade repetida da estrutura de PE é chamada "A",
a estrutura do homopolímero é:
Materiais de Engenharia 100

Copolímeros: os monómeros, que constituem o polímero, não são todos


da mesma espécie. Os homopolímeros não são o único tipo de disposição
utilizado para fabricar os polímeros. Em certos casos são unidos dois
diferentes tipos de meros ("A" e "B") para formar um copolímero que
possui a seguinte estrutura linear:

Ou uma estrutura ramificada (um copolímero de enxertia) que possui a


seguinte estrutura:

Polímeros Amorfos, semi-cristalinos e cristalinos:

Polímeros Amorfos: As cadeias do polímero estão em estado


desorganizado, arranjadas em espirais randómicas e sem que haja um
ponto de derretimento fixo.

Polímeros Semi-Cristalinos: Em geral, os polímeros não são nem


totalmente amorfos, nem totalmente cristalinos, apresentando-se num
estado intermediário. Este estado intermediário é definido pelo grau de
cristalinidade do polímero.
Quando maior o grau de cristalinidade, maior é a organização das cadeias
de polímero.
O conhecimento do grau de cristalinidade de um polímero é importante,
pois facilita na selecção do material a ser usado em diferentes aplicações.

Polímero Cristalino: As cadeias do polímero estão em estado ordenado,


existindo uma forma definida.
Materiais de Engenharia 101

Possui um ponto de derretimento definido.

Factores que influenciam o Grau de Cristalinidade do Polímero:

 A natureza química da cadeia do polímero é o principal factor que


influencia na probabilidade de um polímero exibir uma estrutura
cristalina;
 Cadeias de baixo peso molecular favorecem uma maior
cristalinidade;
 Polímeros capazes de formar ligações intermoleculares distribuídas
ao longo da cadeia favorecem um maior grau de cristalinidade;
 Homopolímeros que possuam maiores condições para formar uma
estrutura mais cristalina do que copolímeros randómicos, isto
porque os copolímeros possuem uma distribuição não uniforme de
forças intermoleculares;
 Polímeros de monómeros contendo gripos laterais grandes ou
ramificações têm menor grau de cristalinidade, pois o maior
empacotamento das cadeias é inibido;
 Pressão e temperatura podem influenciar na cristalinidade;
 Após a moldagem do polímero, a cristalinidade dos polímeros ainda
pode ser modificada através do processo de annealing, no qual
através do aquecimento do polímero as cadeias podem-se
movimentar livremente formando estruturas cristalinas adicionais;
 Em suma, os polímeros não são totalmente amorfos, nem
totalmente cristalinos.

Temperatura de Transição Vítrea (Tg):


A Tg é a propriedade do material onde podemos obter a temperatura da
passagem do estado vítreo para um estado “maleável”, sem ocorrência de
uma mudança estrutural. A parte amorfa do material (parte onde as
cadeias moleculares estão desordenadas) é a responsável pela
caracterização da Temperatura de Transição Vítrea. Abaixo da Tg, o
material não tem energia interna suficiente para permitir deslocamento
Materiais de Engenharia 102

de uma cadeia com relação a outra por mudanças conformacionais.


Portanto, quanto mais cristalino for o material, menor será a
representatividade da Transição Vítrea.

Temperatura que se define para um material que traduz a transição dúctil-


frágil. Representa a transição dos materiais de dúctil para frágil.

Tg ↑ - comportamento dúctil

Tg ↓ - comportamento frágil

 Os metais não têm temperatura de transição vítrea;


 Amorfos:
o Há Tg;
o Não há Tf (temperatura de fusão): significa que o material
não tem um ponto específico de transição.
 Semi-cristalinos: Há Tf e Tg (Tf > Tg)

 Os plásticos amorfos são utilizados abaixo da Tg;


 Os plásticos semi-cristalinos são utilizados entre Tf e Tg.
Materiais de Engenharia 103

Mecanismos de deformação nos Materiais Termoplásticos:


Materiais Metálicos:

 Deformação elástica de ligações entre átomos;


 Essas ligações rompem.

Materiais Termoplásticos:

 Ocorre uma deformação elástica entre as ligações covalentes;


 Deformação elástica e plástica ou endireitamento das cadeias
principais;
 Deformação plástica por escorregamento das cadeias principais.

Factores que influenciam a Resistência Mecânica dos


Materiais Termoplásticos:
 Massa molecular média das cadeias poliméricas:

Massa molar ↑ → Cadeias ↑ → Rm ↑

 Cristalinidade dos Polímeros:

Cristalinidade ↑ → Rm ↑

 Existência de grupos atómicos pendentes:

Existência de grupos atómicos pendentes → Rm ↑


Materiais de Engenharia 104

 Existência de átomos fortemente polares na cadeia principal (têm a


possibilidade de criar ligações polares com cadeias que estão próximas):

Existência de elementos polares → Rm ↑

 Existência de átomos de Oxigénio e Azoto:

Existência de átomos de O e N → Rm ↑

 Existência de anéis de Fenileno (C6H5):

Existência de C6H5 → Rm ↑

Curvas σ/ε de Materiais Poliméricos:


σR (MPa) ε (%) E (GPa)
Metal 300 – 800 10 -30 150 – 300
Polímero 5 - 70 20 - 1000 1-5
Materiais de Engenharia 105

Estiramento:
Acontece devido às condições do ensaio e às características do material.

- Velocidade Lenta – as cadeias vão-se desenvolver muito lentamente

Exemplo - Materiais semi-cristalinos

- Ensaio realizado acima da temperatura de transição vítrea (Tg)


Materiais de Engenharia 106

Efeito da fluência nos polímeros:


Aplicar uma carga constante e ver o efeito da deformação.

Relaxação de tensão:
Aplicar uma deformação constante e verificar o efeito da tensão
resultante.

Propriedades e aplicações dos Materiais Poliméricos:


Materiais Termoplásticos:
 Facilmente moldáveis por acção de calor, na medida em que
amolecem ou fundem a temperaturas reduzidas;
 Depois de aquecidos e trabalhados, adquirem a dureza e resistência
quando arrefecidos, mantendo a forma que lhe for dada no
processamento;
 Materiais facilmente reciclados, uma vez que não perdem
propriedades quando novamente aquecidos, processados e
arrefecidos.
Materiais de Engenharia 107

Polietileno – [PE]:

 Formado pelo monómero etileno: C2H4 (monómero mais simples,


mais flexível de todos, tendo pouca resistência);
o PEAD – Mais linear
o PEBD – Linear mas com mais ramificações
 A distinção entre alta e baixa densidade tem a ver com a cadeia
estrutural;
 Não transmitem cheiro, nem sabor aos alimentos;
 Elevada cristalinidade → Baixa transparência;

 Tg:
o PEAD: -110 ºC
o PEBD: -90 ºC
 Tm:
o PEAD: 135 ºC
o PEBD: 115 ºC
 R m:
o PEAD: 20 -37 MPa
o PEBD: 6 -17 MPa

 Aplicações:
o Frascos de detergente, champô, óleo;
o Sacos de plástico;
o Caixa rolos de fotografia;
o Tampas (PEAD ou PEBD);
o Tampas de iogurte (PEBD);
o Revestimento de eléctrodos de cobre;
o Tubagens de gás (PEAD).
Materiais de Engenharia 108

Polipropileno – [PP]:

 Formado pelo monómero propileno: C2H3 – CH3;


 É o segundo mais flexível, mas é um pouco mais resistente que o
polietileno porque tem uma cadeia ou monómero diferente;
 Boa resistência química e à corrosão;
 Boa resistência à fadiga;
 Pode ser esterilizado;
 Melhores acabamentos;
 Elevada cristalinidade: 75%;
 Tg: -27 ºC;
 Tm: 176 ºC;
 Rm: 33 – 38 MPa;
 Aplicações:
o Tupparware;
o Carcaças de acessórios (caixas de computadores,
electrodomésticos);
o Frascos de champô;
o Peças de automóvel (pára-choques);
o Painéis junto das estradas.

Policloreto de Vinilo – [PVC]:

PVC Rígido [PVC – U]:

 Formado pelo monómero cloreto de vinilo: C2H3 – Cl;


 Tem uma elevada resistência química e pode ser misturado com
uma vasta gama de compostos que permite obter uma basta gama
de propriedades físicas e químicas;
 Bastante rígido no estado normal;
 Cloro – confere uma elevada resistência às condições atmosféricas;
 Baixa cristalinidade: 10%;
Materiais de Engenharia 109

 Tg: +85 ºC:


 Tm: ---
 Rm: 52 -62 MPa;
 Aplicações:
o Acessórios de canalização (tubagens);
o Coleiras;
o Molduras das janelas;
o Cadeiras;
o Estofos.

PVC Plastificado ou Plasticizado [PVC – P]:

 Adiciona-se um aditivo que o torna flexível;


 Tg: -40 ºC;
 Aplicações:
o Pavimentos;
o Imitações de pele;
o Capas impermeáveis;
o Mangueiras de rega.

Poliestireno – [PS]:

 Formado pelo monómero estireno: C2H3 – C6H5;


 Mais rígido → Relativamente frágil;
 Mais resistente mecanicamente que os anteriores;
 Material amorfo: 0 % de cristalinidade → Transparente;
 Baixa resistência a condições atmosféricas e agentes químicos;
 Fácil processamento e barato;
 Aplicações:
o Caixas de CD’s;
o Suporte de tinteiro;
o Colher ou garfo descartável;
o Canecas;
Materiais de Engenharia 110

o Colher de café (máquina DEM);


o Brinquedos;
o Peças de electrodomésticos.

Acrilonitrilo – Butadieno – Estireno – [ABS]:

Acrilonitrilo:

 Resistência química no material;


 Resistência ao calor.

Butadieno:

 Capacidade de resistência ao impacto (tenacidade);


 Adaptação a altas e baixas temperaturas.

Estireno:

 Confere rigidez;
 Fácil processamento.

 Material rígido com boa resistência ao choque;


 Amorfo: 0 % de cristalinidade → Transparente;
 Tg: +100 ºC;
 Tm: ---
 Aplicações:
o Capacetes de protecção na construção;
o Carcaças de electrodomésticos (comando de TV);
o Pára-choques → em gamas superiores;
o Capas de telemóvel.
Materiais de Engenharia 111

Polimetacrilato de Metileno – [PMMA]:

 Formado pelo monómero metacrilato de metilo: CH3 – CH2;


 Grau de fragilidade considerável;
 Baixa resistência ao impacto;
 Resistente a condições atmosféricas;
 Boa resistência superficial;
 Amorfo: 0 % de cristalinidade → Transparente;
 Tg: +100 ºC;
 Tm: ---
o Para substituir o vidro;
o Fins decorativos;
o Caixas de computadores.

Politetrafluoretileno – [PTFE] (Téflon – nome comercial):

 Formado pelo monómero C2F4;


 Boa resistência à temperatura;
 Baixo coeficiente de atrito;
 Dos mais densos (2 a 2,5 g/cm3);
 Baixa resistência mecânica;
 Inerte quimicamente em muitos meios;
 Elevada cristalinidade: 75 %
 Mais caro;
 Aplicações:
o Chumaceiras;
o Vedantes para canalização de gás, ar;
o Revestimento nas frigideiras anti-aderentes;
o Tubagens e válvulas químicas;
o Vedantes e anéis.
Materiais de Engenharia 112

Poliamida – [PA] – “Nylon”:

 São os polímeros de Resistência Mecânica por excelência;


 Coeficiente de atrito relativamente baixo (não tanto como o PTFE);
 São hidroscópicos: dão-se mal em ambientes húmidos;
 Fortemente maquináveis;
 Resistência à maquinagem e abrasão elevada;
 Elevada resistência ao impacto e rigidez;
 Cristalinidade substancial: 65 %;
 Tg: ---
 Tm: 265 ºC;
 Aplicações:
o Rodas e rodízios de um porta paletes;
o Chumaceiras não lubrificadas;
o Ventoinhas de radiadores (aquecem muito e precisam de
grande resistência ao impacto);
o Engrenagens;
o Peças anti-atrito;
o Peças submetidas a temperaturas elevadas;
o Peças que contactam com solventes.

Policarbonato – [PC]:

 Boa resistência ao impacto;


 Não são resistentes a solventes;
 Boa resistência eléctrica;
 Estabilidade dimensional;
 Elevada temperatura de flexão pelo calor;
 Amorfo: 0 % de cristalinidade → Trasnparente;
 Tg: +149 ºC;
 Tm: ---
Materiais de Engenharia 113

 Aplicações:
o Escudos policiais;
o Mobiliário urbano (paragem de autocarros);
o Portas das máquinas CNC;
o Tectos panorâmicos dos automóveis;
o Ópticas dianteiras dos automóveis;
o Tampas de telemóveis;
o Óculos de protecção;
o Hélices de barcos;
o Dispositivos de instalações eléctricas e interruptores.

Poliacetais ou Polioximetilo – [POM]:

 Propriedades próximas da Poliamidas (PA);


 Não são sensíveis à humidade;
 Alguma sensibilidade ao entalhe;
 Boa resistência química;
 Estabilidade dimensional;
 Elevada rigidez;
 Elevada dureza;
 Boa resistência mecânica;
 Baixo coeficiente de atrito;
 Elevada cristalinidade: 85 %;
 Tg: -75 ºC;
 Tm: 175 ºC;
 Aplicações:
o Engrenagens de equipamento electrónico;
o Chumaceiras auto-lubrificantes;
o Peças submetidas a temperaturas elevadas e tendo que
resistir a carbonetos e solventes.
Materiais de Engenharia 114

Politereftalato de Etileno – [PET]:

 Resistência mecânica elevada;


 Funciona como barreira à água, cheiros, fungos;
 Boa resistência química;
 Boa resistência ao calor;
 Reforçados tendo como materiais enchimentos de fibra de vidro, ou
mica para melhorar quanto a propriedades de rigidez;
 Tg: +69 ºC;
 Tm: 80 ºC:
 Aplicações:
o Garrafas de água;
o Tecidos;
o Aparelhos domésticos.

Politereftalato de Butadieno – [PBT]:

 Resistência dieléctrica (resistência à condutibilidade eléctrica →


Isolante): 23 – 28 kV/mm;
 Baixa absorção de água;
 Facilmente obtido por moldagem de injecção;
 Resistente ao calor e quimicamente;
 Fácil vazamento em secções finais;
 Aplicações:
o Quadros eléctricos;
o Interruptores;
o Bomba eléctrica;
o Bobines.
Materiais de Engenharia 115

Materiais Termoendurecíveis:
 Ao contrário dos Termoplásticos, os Termoendurecíveis, uma vez
processados não podem ser novamente processados/reutilizados →
Não são recicláveis;
 É impossível voltar a reformar após o processamento;
 São materiais cujo endurecimento tem lugar na sequência de uma
reacção química irreversível (reacção de cura) de que resulta uma
rede molecular;
 A reacção de cura pode ter lugar à temperatura ambiente, mas mais
frequentemente é levada a cabo por elevação da temperatura e, em
muitos casos pela aplicação de pressão;
 No estado final, são mais rígidos, comparativamente aos
Termoplásticos;
 Ligações dos monómeros por reticulação (espaço tridimensional);
 Amorfos.

Fenólicos - [PF]:

 Baixo custo;
 Resulta da reacção do fenol do fermoldeido, iniciando-se a reacção
de cura;
 Durante essa cura, ocorre contracção do material → condensação
da água;
 Boa resistência ao calor até as 150 ºC;
 Boa estabilidade dimensional e resistência à fluência;
 Boa resistência eléctrica;
 Amorfo;
 Aplicações:
o Matriz-resina para mistura;
o Pastilhas dos calços dos travões;
o Disco abrasivo;
o Engrenagens;
o Placas circuitos eléctricos;
o Adesivos;
Materiais de Engenharia 116

o Laminados;
o Contraplacados;
o Materiais anti-fricção.

Epóxidos - [EP]:

 Resinas, por excelência, de maior qualidade;


 Não contraem na reacção de cura;
 Têm uma boa adesão, a uma grande variedade de materiais;
 Capacidade de molhar bem as superfícies – Molhabilidade;
 Excelente capacidade de isolamento eléctrico;
 Bastante caros;
 Boas propriedades mecânicas;
 Aplicações:
o Colas, que não são misturadas com outros constituintes;
o Matriz, com fibra de carbono, fibra de vidro;
o Adesivos de moldagem eléctrica;
o Revestimentos de protecção;
o Tintas para lacagem;
o Placas de circuitos integrados;
o Aplicações de elevada exigência.

Poliésteres Insaturados - [UP]:

 Custo reduzido;
 Contraem durante a cura;
 Têm a capacidade de acumular grande quantidade de material de
enchimento;
 Elevada rigidez;
 Resistente à corrosão e às condições atmosféricas;
 Aplicações:
o Canoas e pranchas;
o Painéis de autocarros;
o Base de chuveiros, banheiras;
o Massa de chaparia automóvel – massa bate chapas;
Materiais de Engenharia 117

o Assentos de cadeiras;
o Peças exteriores de automóveis;
o Botões para vestuário;
o Fibra de vidro.

Resina tipo Amina – Ureia [UF] e Melamina [MF]:

 Apresentam contracção durante a cura;


 Para grandes quantidades de enchimento;
 Componentes moldados;
 Boa durabilidade e durezas superficiais;
 Boa resistência a cargas aplicadas e resistência a solventes
orgânicos;
 Boa resistência eléctrica;
 Resina melamina → melamina + formaldeído;
 Resina ureia → ureia + formaldeído;
 Aplicações:
o Louças inquebráveis;
o Tabuleiros;
o Botões de roupa;
o Colas de contraplacados.
Materiais de Engenharia 118

Elastómeros:
 Monómeros ligados por uma estrutura ramificada;
 Amorfos: 0% de cristalinidade;
 Podem exibir grandes deformações elásticas sem ruptura:
o Com características termoplásticas;
o Com características termoendurecíveis:
 Obtém-se através da vulcanização (processo químico
não reversível) semelhante ao que se passa nos
materiais poliméricos termoendurecíveis;
 Depois de vulcanizada, já não pode ser reprocessada;
 A estrutura da borracha é muito menos densa.
 Baixa carga – grande capacidade de deformação.

Borracha natural (Polisopreno Natural) - [NR] – “Látex”:

 Monómero não é sintetizado pelo Homem, é natural;


 Formada pelo monómero isopreno → obtido a partir da seiva de
uma árvore. A seiva obtida não é directamente o Látex:
o O líquido obtido é misturado com ácido fórmico;
o Vulcanização – processo em que o objectivo é aumentar a
resistência mecânica, mantendo a boa capacidade de
deformação – consiste em adicionar enxofre ao Látex (vai
permitir criar ligações em monómeros adjacentes). A
quantidade mínima de enxofre é 3 %, aumentando um pouco
a sua resistência mecânica, sendo o máximo 45 % de enxofre.
 Capacidade de libertar o calor que se gera na deformação da
borracha;
 Baixa resistência mecânica;
 Elevada flexibilidade (falta de consistência). Para reduzir este efeito
é utilizado um processo de vulcanização (em cima descrito);
 Amorfo: 0% de cristalinidade;
 Preço mais caro dentro dos Elastómeros;
 Aplicações:
o Luvas de Látex;
Materiais de Engenharia 119

o Pneus de trens de aterragem dos aviões, carros de


competição, camiões de grande tonelagem (misturas com
NR);
o Calçado.

Borracha Estireno - Butadieno - [SBR]:

 Formada pelo monómero de estireno, misturado com quantidades


diferentes de monómero de butadieno;
 Para maior flexibilidade → maior quantidade do monómero de
butadieno;
 Pode ser vulcanizada;
 É mais resistente ao desgaste que a Borracha Natural [NR], mas não
tem tanta capacidade de libertar calor;
 Sensível a solventes orgânicos;
 Amorfo: 0 % de cristalinidade;
 Tg: -45 ºC;
 Mais barata de todas as borrachas;
 Aplicações:
o Telas;
o Tapetes domésticos;
o Pedais de automóveis;
o Vedantes.

Borracha de Nitrilo ou Borracha Nitrítica – [NBR]:

 Formada pelo monómero de butadieno e de acrilonitrilo → permite


formar uma borracha, não natural, com resistência a solventes
orgânicos;
 Menos flexíveis que as Borrachas Estireno – Butadieno [SBR];
 Mais caras que as SBR devido à introdução do monómero de
acrilonitrilo;
 Aplicações:
o Vedantes de depósitos de combustível;
o Mangueiras de abastecimento;
Materiais de Engenharia 120

o Luvas;
o Tubos;
o Componentes de automóveis.

Policloropreno ou Neopreno – [CR]:

 Formada pelo monómero cloropreno;


 Inclusão do átomo de Cloro – confere uma elevada resistência às
condições atmosféricas;
 Cristalinidade variável;
 Maior resistência mecânica;
 Mais caras que as SBR;
 Tg: -45 ºC;
 Aplicações:
o Correias transportadoras (fábricas de cimento, aeroporto);
o Mangueiras que fazem ligação a um radiador automóvel;
o Correias de distribuição;
o Fatos de pesca submarina.

Silicones (Policicloxano) [SR ou SI ou Q]:

 Contém grupos de silício e oxigénio → formado pelo monómero


polidimentsiloxano;
 Baixa resistência mecânica;
 Aplicados na mais vasta gama de temperaturas (-115 a 315 ºC);
 Bom isolante eléctrico;
 Vedante;
 Boa resistência química;
 Aplicações:
o Indústria médica (para serem esterilizados);
o Isolantes (de lareira);
o Vedantes de construção;
o Revestimentos e adesivos.
Materiais de Engenharia 121

Processamento de Polímeros:
 Extrusão
 Moldação por Injecção
Termoplásticos
 Moldação Sopro
 Termoformação

1. Aquecimento do material polimérico, que é fornecido na forma de


grãos, a homogeneizar;
2. Transporte para a zona de conformação;
3. Após conformação, arrefecimento.

Extrusão:

 Para tubos de secção contínua;


 Tem parafuso sem-fim com variação de secção-área para ter
sempre material. Ao inicio é maior que no fim (maior pressão)
sendo pressurizado a sair, através da fieira;
 À medida que avançamos no cilindro temos uma zona (a meio) em
que o material está parcialmente fundido e outra (no fim) em que
todo o material está fundido.

o Tubos;
o Perfis PVC das janelas;
o Calhas.
Materiais de Engenharia 122

 Uma variante da extrusão é a produção dos revestimentos dos


cabos eléctricos (conjunto fieira-extrusora): a cruzeta “lança” o fio
de cobre estando a extrusora a fornecer polímero, revestindo-o.
Quando os fios têm mais que uma cor, temos duas cabeças de
extrusão.

Moldação por Injecção:

 Assenta no princípio de funcionamento da extrusão;


 Não é um ciclo contínuo;
 O material vai-se acumulando na parte maior do parafuso sem-fim,
existindo uma válvula;
 Ciclo:
1. Material é abastecido e vai sendo fundido;
2. O material acumula-se, tendo um movimento axial;
3. Quando o material preenche toda a cavidade, a válvula é
fechada e recua-se o parafuso;
Materiais de Engenharia 123

4. Abre-se o molde, terminando o ciclo.


 Permite obter geometrias complexas.
Materiais de Engenharia 124

Moldação por Sopro:

 Permite produzir peças com espaços vazios (ocos) no seu interior:


o Frascos;
o Garrafas.
 Ciclo:
1. Tubo flexível de polímero que é colocado dentro de um
molde;
2. O molde fecha, sendo introduzido ar comprimido, ganhando-
se a forma do molde;
3. Arrefece-se, abre-se o molde e a peça sai.
 O polímero ao adaptar-se ao molde não fica com espessura
uniforme;
 Apresenta uma variante em que é produzida uma pré-forma (por
injecção), sendo colocada dentro do molde, aquece-se e é
expandida contra o molde.
Materiais de Engenharia 125

Termoformação:

 A matéria-prima é uma película de material fino;


 A película é aquecida numa resistência, é conformada num molde
para ser sugada do molde por efeito de vácuo;
o Copos de iogurte.

 Moldação por compressão


 Moldação por transferência - Manual Termoendurecíveis
 Moldação por resinas com fibra
-Projecção

Moldação por Compressão:

 Processo para obter uma forma a partir de um molde;


 Molde positivo e negativo com sistema de abertura e fecho;
 Resina termoendurecível combinada com material de enchimento;
 Ganha forma através da temperatura e pressão;
 O material é removido através de um extractor;
 Formação de rebarba, que vai ter que ser retirada.
o Discos de travão e embraiagem.
Materiais de Engenharia 126

Moldação por Transferência:

 Baseia-se no princípio de moldação por compressão;


 A moldação não é encontrada na zona de compressão, mas sim nas
zonas adjacentes;
 Devido à técnica de processamento há formação de rebarba;
 Podem ser produzidas várias peças em simultâneo;
 Possível produzir peças mais complexas.
Materiais de Engenharia 127

Moldação de Resinas com Fibras:

Manual:

 Temos um molde;
 São colocados desmoldantes, para retirar a peça mais facilmente.

Por Projecção:

 Produtividade maior;
 Saiem projecções aleatórias de fibra com resina.
Materiais de Engenharia 128

Materiais Cerâmicos
Propriedades Típicas:
 Materiais inorgânicos;
 Constituídos por elementos metálicos e não metálicos;
 Apresentam ligações iónicas e/ou covalentes;
 Muito menos resistentes ao impacto que os outros materiais;
 Energia de ligação elevada – traduzida na dureza;
 Elevada dureza;
 Baixa resistência ao impacto – pouca tenacidade;
 Baixa ductilidade;
 Bons isolantes térmicos;
 Bons isolantes eléctricos;
 Grande estabilidade química – boa resistência química;
 Mais alto ponto de fusão – Refractários;
 Elevada resistência mecânica, sendo a sua resistência à tracção
limitada devido à fragilidade destes materiais.

Densidade (g/cm3) E (GPa) ε (%) σm (MPa)


Metálicos ≥6 150 – 300 10 – 30 300 – 1000
Poliméricos 0,9 <ρ<1,2 3 -5 20 – 200 5 – 70
Cerâmicos 3 -5 300 - 500 2-7 50 - 200

 Cerâmicos Tradicionais
 Cerâmicos Técnicos
 Vidros
Materiais de Engenharia 129

Cerâmicos Tradicionais:
 Aplicações mais comuns;
 Matérias-primas:
o Argila: Confere capacidade plástica de conformação;
o Sílica: Provém da areia. Confere resistência à temperatura;
o Feldspato de Potássio: Baixo ponto de fusão. Confere a
capacidade de união das partículas, designada de rectificação.
 Aplicações:
o Barros cozidos: telhas, tijolos;
o Faianças: louças domésticas e sanitárias – mais refinadas;
o Grés: mosaicos, azulejos;
o Porcelanas: cerâmico mais refinado: louças domésticas,
material isolante, material de laboratório.

Cerâmicos Técnicos:
 São cerâmicos constituídos, geralmente por um só composto;
 Compostos puros ou quase puros, na forma de Óxidos (O), Nitretos
(N) ou Carbonetos (C);
 São materiais maciços, mas grande parte são de revestimento;
 Pequena espessura;
o Materiais abrasivos;
o Materiais refractários;
o Materiais resistentes ao desgaste;
o Materiais isolantes.

Alumina (Al2O3):

 Dureza de 1900 HV (mais duro que um aço temperado);


 Tem comportamento estável com a temperatura – não há
transformação de fase quando variamos a temperatura;
 Bom isolante eléctrico;
 Aplicações:
o Recipientes de laboratório;
Materiais de Engenharia 130

o Vela de ignição (revestimento);


o Mós de abrasão – não é o material por excelência.

Zircónia (ZrO2) e Zircónia Estabilizada (ZrO2 + MgO):

 Não é, por excelência, de elevada dureza;


 Boa tenacidade à fractura, relativamente aos outros cerâmicos;
 Bom comportamento térmico;
 Aplicações:
o Aplicada em situações de choque termodinâmico.

Nitreto de Silício (Si3N4):

 Mais baixo coeficiente de expansão térmica – quando os materiais


sofrem grande variação de temperatura, ter um baixo coeficiente
de expansão térmica é bom;
 Resistência à oxidação bastante boa;
 Aplicações:
o Componentes que têm oscilação de temperatura ou
temperaturas elevadas;
o Turbinas de aviões – Nitreto de Silício como revestimento;
o Revestimento nas câmaras do cilindro dos automóveis.

Carboneto de Silício (SiC):

 Elevada dureza: 2600 HV – materiais de forte abrasão;


 É o que tem menor tenacidade à fractura;
 Aplicações:
o Lixas;
o Mó de abrasão – partículas encruadas com resina
termoendurecível;
o Fieira – interior – serve para reduzir uma secção, logo terá de
ser duro.
Materiais de Engenharia 131

Carboneto de Tungsténio (WC):

 É o que tem maior densidade dos cerâmicos;


 Grande tenacidade à fractura – queremos elevada dureza e o
choque pode ser substancial;
 Aplicações:
o Ferramentas de corte CNC:
 SiC:
 Gume de core dura mais;
 Parte mais facilmente.
 Aço Rápido:
 Gume perde capacidade de corte mais rápido
o Pastilhas de corte.

Carboneto de Titânio (TiC) e Nitretos de Titânio (TiN):

 Durezas muito elevadas;


 Utilizados, por excelência, em revestimentos de materiais;
 Aplicações:
o Revestimentos de broca de WC;
o Macho para abrir roscas CNC.

Vidros:
 Produtos de fusão, obtidos a partir de sílica e quartzo, constituídos
por dióxido de silício e por outros óxidos que quando arrefecidos a
partir do estado líquido (de temperaturas elevadas) tornam-se
rígidos e duros sem cristalizar, isto é, apresentam uma estrutura
completamente amorfa. Estrutura semelhante à dos líquidos;
 Resistem bem à compressão e não resistem à tracção;
 Baixa resistência ao impacto;
 Isolantes;
 Amorfos – Transparentes;
 Boa resistência à corrosão;
 Principal matéria-prima: Sílica (SiO2).
Materiais de Engenharia 132

Sílica (SiO2):

 Ponto de fusão muito elevado – extremamente refractário;


 Aplicações:
o Visor num forno de alta temperatura.

Vidro Sódico-Cálcico (SiO2 + Na2O + CaO + …):

 Alto teor em silício;


 Ácidos modificadores de rede – ligações químicas mais fracas –
fundem mais facilmente;
 Fabricação mais fácil;
 Aplicações:
o Situações mais comuns;
o Janelas;
o Recipientes;
o Lâmpadas.

Vidro Silicato de Chumbo (SiO2 + PbO + …):

 Constituído por sílica;


 Tem óxido de chumbo:
 Baixa a temperatura de fusão do vidro (550 ºC);
 Facilmente trabalhável;
 Capacidade elevada de refracção da luz;
 Absorve o Raio-X.
 Aplicações:
o Equipamentos médicos.

Vidro Boro Silicato (SiO2 + B2O3 + …) – “Pirex”:

 Sílica como constituinte fundamental;


 Tem óxido de chumbo:
Materiais de Engenharia 133

 Menor coeficiente de expansão térmica: para quando o


vidro é sujeito a variações de temperatura.
 Aplicações:
o Tubos na indústria química;
o Tabuleiros de cozinha.

Vidro Temperado:

 Tem resistência ao impacto superior ao vidro comum;


 Parte em pedaços pequenos – meio de segurança;
 Sofre um tratamento térmico de arrefecimento mais acentuado;
 É arrefecido forçosamente. No interior criam-se tensões de tracção
e no exterior criam-se tensões de compressão.

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