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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

PROBLEMAS DE MECÂNICA APLICADA


1.º ANO DAS LICENCIATURAS EM ENG. MECÂNICA E ENG. ELECTROMECÂNICA

Ricardo Nuno Madeira Soares Branco

COIMBRA

2012
PROBLEMAS DE MECÂNICA APLICADA

LICENCIATURAS EM ENGENHARIA MECÂNICA E ENGENHARIA ELECTROMECÂNICA


Soluções

Capítulo 1 - Sistemas de forças

1. R = 344.75 N e θ = 14.52º (sentido anti-horário).

2. a) R = 644.85 N e θ = 13.11º (sentido anti-horário); b) R = 644.85 N e θ = 13.11º (sentido


anti-horário).

3. θ = 107.11º.

4. a) 3094 N⋅m (sentido horário); b) 1048 N⋅m (sentido horário).

5. a) 0 N⋅m; b) 11.47 N⋅m (sentido horário)

6. (l+d)/l.

7. 150×103 N⋅m (sentido horário).

8. a) MA = 632.2 N⋅m (sentido horário) e MB = 632.2 N⋅m (sentido horário); b) MA = 705.1 N⋅m
(sentido horário) e MB = 790.6 N⋅m (sentido horário).

9. a) 10 N⋅m (sentido anti-horário); b) 3.75 N⋅m (sentido horário); c) 0 N⋅m.

10. 11.825 N⋅m (sentido anti-horário).

11. 6.06 N⋅m (sentido horário).

12. a) 12×103 N⋅m (sentido horário); b) 14.85×103 N⋅m (sentido horário); c) 27.88×103 N⋅m (sentido
anti-horário).

13. a) R = 213.0 N, θ = 35º com a barra ABC, apontando para cima da barra, e MB = 55.60 N⋅m
(sentido horário); b) 0.455 m a partir de B na direção de A.

14. a) R = 9165 N, θ = 19º (medido relativamente ao eixo vertical no sentido anti-horário),


M = 16960 N⋅mm (sentido horário).

15. a) FB = 6.6 kN (→), MB = 450 kN⋅mm (sentido anti-horário); b) d = 68.18 mm no sentido EF.

16. 414 cm à esquerda de E.

i
Soluções

Capítulo 2 - Sistemas de forças

1. a) RA = 24.85 kN (↑) e RB = 60.15 kN (↑); b) CX = 3.015 kN (←), CY = 10.075 kN (↓),


DX = 3.015 kN (→), DY = 15.075 kN (↑), EX = 3.015 kN (←) e EY = 15.075 kN (↓).

2. AX = 320 N (→), AY = 80 N (↓), BX = 320 N (→), BY = 80 N (↓), CY = 80 N (↑) e F = 320 N


(←).

3. a) AY = 4.3677 kN (↑), BY = 4.1665 kN (↑) e CY = 3.2558 kN (↑); b) ∆BY = 1.2946 kN e

∆CY = -0.3223 kN.

4. θ = arc tg [2 tg β], A = P tg β e B = P/cos β. β.

5. M = 94.13 × 103 N⋅mm (sentido anti-horário).

6. BX = 103.60 kN (→), BY = 24.86 kN (↓), CX = 103.60 kN (←), CY = 44.72 kN (↑),


DX = 103.60 kN (→) e DY = 24.86 kN (↑).

7. AX = 10 482.3 N (←), AY = 5776.9 N (↑), BX = 10 482.3 N (→), BY = 4886.9 N (↓),


CX = 10 482.3 N (←), CY = 4886.9 N (↑), DX = 0 kN, DY = 890 N (↑) e MD = 3094.5 N⋅m
(sentido anti-horário).

8. AX = 38.261 kN (←), AY = 46.71 kN (↓), BX = 54.38 kN (→), BY = 72.51 kN (↑),


CX = 54.38 kN (→), CY = 72.51 kN (↑).

9. AX = 22.59 kN (←), AY = 62.08 kN (↑), BX = 22.59 kN (→), BY = 72.07 kN (↓),


CX = 22.59 kN (←), CY = 62.07 kN (↓).

10. AX = 986.63 N (←), AY = 1036.46 N (↓), BX = 986.63 N (→), BY = 1936.45 N (↑),


CX = 986.63 N (←), CY = 1936.45 N (↓).

11. AX = 338.41 kN (←), AY = 211.46 kN (↑), BX = 338.41 kN (←), BY = 211.46 N (↓),


CX = 338.41 kN (→), CY = 163.54 kN (↑).

12. CX = 161.8 kN (→), CY = 135.8 kN (↓), DX = 161.8 kN (←), DY = 211.46 N (↓),


EX = 161.8 kN (→), EY = 80.9 kN (↑).

13. AX = 1.76 N (→), AY = 3.20 N (↑), FC = 3.52 N.

14. 16.41º.

ii
Soluções

Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos

1. a) FCE = 2080 N (compressão), FBE = 0 N e FBD = 1920 N (tração); b) FAB = 1920 N (tração), FAC
= 2080 N (compressão).

2. FCB = 2.83 kN (compressão), FCD = 2.83 kN (tração) e FAH = 0 kN.

3. FMH = 0.1401 kN (tração) e FEF = 0.1210 kN (compressão).

4. FAC = 1.16 kN (tração), FCB = 3.17 kN (compressão), FCD = 3.20 kN (tração) e FCE = 0.75 kN
(compressão).

5. FBG = 195.75 N (compressão) e FCG = 317.06 N (compressão).

6. FJE = 2166.8 N (tração) e FHF = 1162.1 N (compressão).

7. FBK = 0 N.

8. FFH = 1.25 kN (tração) e FEH = 0.33 kN (compressão).

9. FCJ = 3.29 kN (tração) e FGJ = 0 kN.

10. FCE = 8.00 kN (compressão), FBD = 0.36 kN (tração) e FBG = 1.26 kN (compressão).

Capítulo 4 - Atrito seco

1. Ocorre em A.

2. µ = tg 30º; F = 150 N.

3. a) Fmín = 85.58 N; Fmáx = 461.55 N; b) Fa = 73.62 N (sentido ascendente do plano).

4. a) Não pode ser travada; b) Pode ser travada.

5. M  b 
P=  − c 
a × r  µ S 

6. NA = NB = 203.7 N.

7. θ = 25.25º.

iii
Soluções

8. P = 2.39 kN.

9. a) F = 49.45 N; b) F = 54.87 N.

10. a) 7.75 N; b) 3.23 N.

11. a) 17.97 kN; b) 14.87 kN; c) 0.5 m.

12. M = 628.10 N⋅mm e F = 4.83 N.

13. a) 96.36 N; b) 10.26 N.

14. µs = 0.0637.

15. MA = 223.41 N⋅m

16. MA = 1.535 kN⋅m e µs = 0.214

Capítulo 5 - Geometria de massas

1. a) x = 60 mm e y = 99.02 mm; b) Sx = 2.201×106 mm3 e Sy = 1.334×106 mm3; c) J = 417.577× 106

mm4.

2. a) x = −8.138 mm e y = −6.073 mm; b) Sx = -447.7 mm3 e Sy = -600.0 mm3; c) Ix = 3236.3 mm4,


Iy = 5361.5 mm4 e Pxy = 3624.0 mm4; d) kx = 6.625 mm e ky = 8.528 mm; e) J = 8597.8 mm4.

3. a) x = −76.32 mm e y = −10.96 mm; b) Sx = -18.302×103 mm3 e Sy = -127.607×103 mm3;

c) Ix = 698×103 mm4, Iy = 10.03×106 mm4 e Pxy = 1.68×106 mm4; d) kx = 20.435 mm e


ky = 77.473 mm; e) Imáx = 10.33×106 mm4, Imín = 404.1×103 mm4 e θn = 9.915º (sentido horário).

4. a) x = −0.189 mm e y = 0.947 mm; b) Ix = 12.417 m4, Iy = 4.302 m4e Pxy = -4.114 m4;

c) Imáx = 14.138 m4, Imín = 2.582 m4 e θn = 22.70º (sentido anti-horário); d) Imáx = 8.225 m4,
Imín = 2.087 m4 e θn = 34.57º (sentido anti-horário).

5. a) Ix = 544.1×103 m4, Iy = 505.0×103 m4e Pxy = -9.958×103 m4; b) Ix = 966.5×103 m4,


Iy = 2.087×106 m4 e Pxy = -717.9×103 m4; c) Ix = 624.1×103 m4, Iy = 2.429×106 m4 e
Pxy = -126.4 ×103 m4.

iv
Soluções

6. a) Ix = 740.00×103 mm4, Iy = 170.00×106 mm4e Pxy = 0 mm4; b) Ix = 1.218×106 mm4,


Iy = 790.4×106 mm4e Pxy = 767.7×103 mm4; c) Ix = 1.640×106 mm4, Iy = 920.0×103 mm4 e
Pxy = 900.00×103 mm4; d) Ix = 574.8×103 mm4, Iy = 665.2×103 mm4 e Pxy = 434.5×103 mm4.

7. a) x = 0.36 cm e y = 9.09 cm ; b) Sx = 1822.22 cm3 e Sy = 72.00 cm3; c) Ix = 21.553×103 cm4,

Iy = 4.613×103 cm4 e Pxy = 702.0 cm4; d) kx =10.369 cm e ky = 4.797 cm; e) Imáx = 21.582 × 103
cm4, Imín = 4.584×103 mm4 e θn = 2.37º (sentido horário); f) Imáx = 4.989×103 cm4,
Imín = 4.587×103 cm4 e θn = 6.65º; g) Ix = 4.939×103 cm4, Iy = 4.638×103 cm4 e Pxy = 141.7 cm4;

8. a) x = 4.468 cm e y = −4.384 cm ; b) Ix = 713.216 cm4, Iy = 568.699 cm4 e Pxy = -525.904 cm4;

c) Sx = -114.863 cm3 e Sy = 117.058 cm3; d) kx = 5.217 cm e ky = 4.370 cm; e) J0 = 1281.579 cm4.

v
Soluções

vi
CAPÍTULO 1
SISTEMAS DE FORÇAS

1
2
Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

1. O gancho representado na figura está solicitado por três forças com intensidades e direções
conhecidas. Determine a magnitude da força resultante e a sua direção com a horizontal. Resolva o
problema também por via gráfica.

Figura 1

2. Considere a união estrutural da figura. Determine a magnitude da força resultante e a sua direção
com a vertical. Resolva o problema, considerando os sistemas de eixos a) xy e b) x’y’. Comente os
resultados obtidos.

Figura 2

3
Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

3. Ao elemento estrutural representado na figura estão fixos três cabos flexíveis. Determine a amplitude
do ângulo θ de modo a que a força resultante tenha a direcção de x'.

Figura 3

4. Para a posição representada na figura seguinte, determine o momento provocado pela força de 890 N:
a) no ponto B; b) no ponto A.

Figura 4

4
Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

5. Na figura seguinte está representado um mecanismo de controlo de potência de um avião. Determine


o momento provocado pela força de 100 N no centro de rotação do: a) apoio A; b) apoio B.

Figura 5

6. Por razões funcionais, foi necessário alterar as dimensões do medidor de binário da figura.
Acrescentou-se uma haste, com comprimento d, que inicialmente não existia. Determine o factor de
correção que deve ser aplicado aos valores lidos no mostrador da nova configuração geométrica.

Figura 6

7. O guindaste representado está a exercer uma força de 50 kN por intermédio de um cabo flexível.
Determine o momento provocado por esta força em A.

Figura 7

5
Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

Resolução do problema n.º7


O momento em A provocado pela força de 50 kN pode ser calculado através do produto da força de
50 kN pela distancia b (representada na figura 7-1).

Figura 7-1

Considerando positivo o sentido anti-horário, temos em A um momento negativo, que pode ser obtido
através da expressão seguinte:

M A = −50 ×103 × 3 ⇔ M A = −150 ×103 N ⋅ m

Este momento pode ser também determinado, por exemplo, a partir das projeções ortogonais da força
de 50 kN (ver figura 7-2).

Figura 7-2

Nesta abordagem a força de 50 kN é substituída pelas suas componentes ortogonais devendo estudar-se
isoladamente o momento provocado por cada uma das componentes relativamente ao ponto A. Assim,
torna-se necessário calcular previamente as distâncias b1 e b2 representadas na figura 7-3.

6
Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

Figura 7-3

A expressão do momento, neste caso, conduzirá a:

M A = − Fx ⋅ b2 − Fy ⋅ b1 ⇔ M A = −50
14 × 10
42
3
×4
sin43º × 31×4sin
36 24 3º − 50
36 14 ×10
42
3
×4 3º × 31×4
cos436 cos
24 3º ⇔
36
Fx b2 Fy b1

(
14442444
2
3
2
)
⇔ M A = −150 × 10 × sin 36º + cos 36º ⇔ M A = −150 ×10 N ⋅ m
3 3

=1

Os cálculos efetuados demonstram que momento MA é igual ao valor obtido anteriormente. Conclui-se,
assim, que o momento de uma força em relação a um ponto pode ser obtido pela soma dos momentos
das projeções da força em relação ao dito ponto.

8. Considere que no cabo flexível CD está a ser exercida uma força de 200 N. Determine os momentos
provocados nos apoios A e B do cilindro hidráulico se: a) θ=0º; b) θ=15º.

Figura 8

7
Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

9. Uma força de 50 N é aplicada no plano horizontal na extremidade da chave. Determine o momento


provocado em torno do: a) eixo z; b) eixo y; c) eixo x. Interprete o significado físico dos momentos.

Figure 9

10. Determine o momento aplicado no parafuso A, admitindo que a força F, aplicada na extremidade da
chave de parafusos, tem uma intensidade de 50 N.

60º

0.25 m

A
0.02 m

Figura 10

11. A força de 35 N está aplicada no plano vertical inclinada 75º relativamente ao eixo w. Determine o
momento provocado em torno do eixo y. Interprete o significado físico deste momento.

Figure 11

8
Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

12. Considere a força vertical de 60 N aplicada na chave-inglesa da figura. Determine o momento


provocado pela força referida em torno: a) do eixo w; b) do eixo x; c) do eixo y.

Figura 12

13. Três varetas de controlo de um mecanismo estão ligadas à alavanca ABC, exercendo sobre esta
última as forças indicadas na figura seguinte. a) Substitua as três forças por um sistema força-binário
equivalente aplicado no ponto B; b) Determine a força única equivalente ao sistema força-binário
obtido na alínea anterior, especificando o seu ponto de aplicação sobre a alavanca.

Figura 13

14. Para o perfil em I representado: a) calcule o sistema força-binário equivalente aplicado no ponto A;
b) substitua as duas forças por uma força única equivalente, aplicada no bordo inferior do perfil,
especificando o seu ponto de aplicação relativamente ao ponto A.

Figura 14

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Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

15. Os cabos representados na figura transferem para a chapa as forças indicadas. Substitua este sistema
de forças por: a) um sistema força-binário equivalente aplicado no ponto B; b) uma força única
colocada sobre a linha a tracejado, sabendo que está localizada a meio da chapa.

Figura 15

Resolução do problema n.º13


a) Para fazer a substituição pedida, é necessário calcular uma força e um binário que provoquem os
mesmos efeitos em B. Sabe-se que a força equivalente é igual ao somatório das forças existentes na
peça e que o binário equivalente corresponde à soma dos momentos das forças originais calculados
em relação ao ponto pretendido. Então, para o DCL da figura seguinte, ter-se-á apenas de calcular
os somatórios das forças e de momentos em relação ao ponto B.

Figura 15-1

Efetuando os cálculos referidos atrás, obtém-se:

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Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

∑ Fx = 6.6 kN ∑ Fx = 6.6 kN
 
∑ Fy = 3.0 − 3.0 ⇔ ∑ Fy = 0.0 kN
 
∑ M B = −3.0 × 70 + 6.6 × 100 ∑ M B = 450 kN ⋅ mm

De acordo com os cálculos efetuados, as três forças aplicadas originalmente na chapa (figura 15-2a)
podem ser substituídas por um sistema força-binário com ponto de aplicação em B, desde que a força e o
binário tenham as características representadas na figura 15-2b.

a) b)
Figura 15-2

b) A substituição deste sistema de forças por uma força única obedecerá aos mesmos princípios
enunciados na alínea anterior (a força única deve causar efeitos equivalentes em termos de forças e
binários). Para este caso, tendo em conta os cálculos já efetuados para o ponto B (ver figura 15-3b),
a força F (assinalada na figura 15-3c) deve ser idêntica à força existente em B e o seu ponto de
aplicação (d) deve ser tal que o momento provocado por ela seja idêntico ao momento existente em B.

a) b) c)

Figura 15-3

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Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

As equações de equilíbrio que traduzem fisicamente estas igualdade são dadas por:


 Fx = F  F = 6.6 kN  F = 6.6 kN
  
 Fy = 0.0 kN ⇔  ⇔
  d = 68.18 mm
450 = F × d d =
450 
 6.6

O sistema constituído por uma força única equivalente ao que estava inicialmente aplicado será aquele
que se esquemática na figura seguinte (força de 6.6 kN a apontar para a esquerda com ponto de aplicação
a 68.18 mm do topo superior no sentido do topo interior da chapa).

Figura 15-4

16. Para o veículo pesado representado na figura determinou-se que os pesos nos pontos A, B e C são
respetivamente iguais a 7.6 kN, 24.5 kN e 15.6 kN. Substitua este sistema de forças por uma força
resultante equivalente, indicando o seu ponto de aplicação relativamente à roda E.

Figura 16

12
Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012

Resolução do problema n.º16


A força única a aplicar deve ser tal que cause o mesmo efeito em termos de forças e de binários no
ponto E. Nesse sentido, podemos começar por determinar o somatório das forças e o somatório dos
momentos em E para o carregamento indicado no enunciado. Para esse carregamento podemos obter o
diagrama de corpo livre representado na figura seguinte.

Figura 16-1

Efetuando os cálculos, temos:

∑ Fx = 0 ∑ Fx = 0 kN
 
∑ Fy = −7.6 − 24.5 − 15.6 ⇔ ∑ Fy = −47.7 kN
 
∑ M B = 15.6 × 90 + 24.5 × (90 + 425) + 7.6 × (90 + 425 + 180) ∑ M B = 19759 kN ⋅ cm

Com base nos cálculos anteriores, sabemos que a força única deve ter uma intensidade de 47.7 kN e
deve provocar um momento em E igual a 19759 kN·cm (sentido anti-horário). Portanto, podemos
efetuar um novo diagrama de corpo livre para esta nova situação (Figura 16-2).

Figura 16-2

Assim, podemos escrever as seguintes equações:

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Capítulo 1 - Sistemas de Forças Ricardo Branco © 2012


 Fx = 0 kN  Fx = 0 kN  Fx = 0 kN
  
 Fy = 47.7 kN ⇔  Fy = 47.7 kN ⇔  Fy = 47.7 kN
  
19759 = 47.7 × d d = 19759 d = 414 cm
 47.7

Em resumo, o sistema constituído por uma força única equivalente ao que estava inicialmente definido é
quele que se esquematiza na figura 16-3 (força de 47.7 kN a apontar para baixo com ponto de aplicação
a 414 cm do ponto E).

Figura 16-3

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CAPÍTULO 2
EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS

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16
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

1. O veículo representado na figura tem um peso de 80 kN e centro de gravidade em G. A escada, que


se move por ação do cilindro hidráulico ED, tem um peso de 5000 N e centro de gravidade em F.
Determine: a) as reações nas rodas; b) as forças que atuam em C, D e E.

Figura 1

2. Supondo que o mecanismo esquematizado na figura está em equilíbrio e que as forças de atrito são
desprezáveis, determine a intensidade da força F, sabendo que M = 1040 N⋅cm, AB = 5 cm,
BC = 16.5 cm e α = 53º.

Figura 2

3. Uma caravana, com peso de 10.68 kN, está ligada a uma carrinha de peso igual a 12.90 kN, por
intermédio da articulação esférica D. Determine: a) as reações em cada uma das seis rodas,

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Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

assumindo que a carrinha e a caravana estão em repouso; b) a carga adicional devida à caravana em
cada uma das rodas da carrinha.

Figura 3

4. Uma haste delgada de comprimento L e peso P está ligada a dois cursores que deslizam livremente
ao longo das guias representadas na figura. Deduza uma função que relacione a amplitude de θ com a
amplitude de β. Determine os valores das reações A e B em função do peso da haste.

Figura 4

Resolução do problema n.º4

Neste problema pretende-se obter uma função que relacione as amplitudes de θ e β. Ou seja:

θ = f(β)

A função representada genericamente em cima pode ser deduzida a partir da análise do diagrama de

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Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

corpo livre da haste AB. Como se verifica na figura 4, a haste AB está apoiada nas extremidades por
intermédio de duas guias que permitem a translação dos apoios segundo as direções assinaladas a
tracejado na figura 4-1. Para cada apoio é, apenas, impedida a translação na direção perpendicular à
linha a tracejado. Por isso, as reações A e B devem ser representadas numa direção perpendicular à
linha de ação das guias. Neste diagrama de corpo livre foi, ainda, incluído o peso próprio da haste AB
que atua no seu centro de gravidade (assumindo que a barra é homogénea podemos considerar que o
centro de gravidade coincide com o seu ponto médio).

Figura 4-1

As equações de equilíbrio serão dadas por:


∑ Fx = 0 − A + B sin β = 0
 
∑ Fy = 0 ⇔ − P + B cos β = 0
 
∑ M A = 0 − P ×  × sin θ  − B sin β × (L × cos θ ) + B cos β × (L × sin θ ) = 0
L
 2 

Resolvendo a segunda equação em ordem a P e substituindo o resultado na terceira equação, obtém-se:


− A + B sin β = 0

 P = B cos β

− B cos β ×  × sin θ  − B sin β × (L × cos θ ) + B cos β × (L × sin θ ) = 0
L
 2 

Dividindo a terceira equação por B e L (variáveis comuns a todos os termos), teremos:

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Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

 
 
 
 ⇔
 1 1
− cos β × sin θ − sin β × cos θ + cos β × sin θ = 0  cos β × sin θ = sin β × cos θ
 2 2

Dividindo, agora, ambos os membros da equação por cos β e posteriormente por cos θ chegamos a:

 
  
  
 ⇔ ⇔
 cos β × sin θ sin β × cos θ  sin θ cos θ θ = arc tg (2 tg β )
 =  = 2 tg β × 
 2 × cos β cos β  cos θ cos θ

Os valores das reações A e B (definidos em função do peso da haste) podem ser calculados através das
duas primeiras equações. Resolvendo-as em ordem a A e B, ficará:

 
 A = B sin β  A = P tgβ
 
 ⇔
 P  P
B = B =
 cos β  cos β

Uma conclusão que emerge das equações anteriores é o facto de para β=90º serem necessárias reações
com magnitude infinita para que a barra se mantenha em equilíbrio. Ora, isso mostra que sem a
existência de atrito nas guias seria impossível equilibrar a haste já que as guias ficariam na vertical, e,
por isso, não seria possível anular o peso próprio da haste.

5. O pino B está ligado ao elemento ABC e pode deslizar livremente segundo a ranhura existente na
placa. Desprezando o efeito do atrito, determine o binário M que é necessário aplicar para manter o
sistema em equilíbrio quando θ = 30º.

Figura 5

20
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

6. Considere a grua representada na figura. Sabendo que o automóvel tem um peso de 20 kN determine
as forças que atuam em B, C e D.

Figura 6

7. O veículo representado na figura encontra-se em equilíbrio. Para a força aplicada no balde, e


desprezando o peso próprio dos componentes, determine as forças em A, B, C e D.

Figura 7

21
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

8. Na figura seguinte está representada uma grua portuária. A força no cabo DE para a situação de
equilíbrio representada é de 19857 kN. Determine as forças que atuam em A, B, C e D.

Figura 8

Resolução do problema n.º8

Para calcular as forças pedidas é necessário analisar r três diagramas de corpo livre diferentes. Neste
caso, podemos começar por analisar a roldana cujo DCL está representado na figura 8-1.

Figura 8-1

Em D foram impedidas as translações sendo apenas possível a rotação no plano. A força no cabo DE é
igual a 19857 N (dado no enunciado). As equações de equilíbrio são dadas por:

22
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

∑ Fx = 0 − T cos 18º + Dx + 19857 sin 8º = 0  Dx = 16.122 × 103 N


  
∑ Fy = 0 ⇔ − T sin 18º + D y − 19857 cos 8º = 0 ⇔  Dy = 25.800 × 10 N
3

  
∑ M D = 0 T × r − 19857 × r = 0 T = 19.857 ×10 N
3

Seguidamente, será analisada a haste ACD. As forças em D são já conhecidas, porém devem ser
representadas com sentidos contrários aos da figura 8-1 porque a haste ACD forma com a roldana um
par ação-reação.

Figura 8-2

As equações de equilíbrio para o DCL anterior são dadas por:

∑ Fx = 0  Ax + C x − 16.122 × 103 = 0
 
∑ Fy = 0 ⇔  Ay + C y − 25.800 ×10 = 0
3

 
∑ M A = 0 C y × 3.0 − C x × 2.0 − 25.800 × 10 × 9.15 sin 55º +16.122 × 10 × 9.15 cos 55º = 0
3 3

A partir destas equações não é, ainda, possível obter nenhuma das incógnitas pretendidas. Todavia,
como são necessários três diagramas de corpo livre, analisaremos em seguida o cilindro BE. Em C, pelo
motivo referido anteriormente, as forças têm sentidos contrários aos representados na figura 8-2.

Figura 8-3

23
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

As equações de equilíbrio, para este último diagrama de corpo livre, são dadas por:


∑ Fx = 0  Bx − C x = 0 B − C = 0
   x x

∑ Fy = 0 ⇔  B y − C y = 0 ⇔ By − C y = 0
  
∑ M B = 0  − C y × 1 .5 + C x × 2 . 0 = 0 C x = 1.5 × C y
 2 .0

Substituindo a última equação na quarta e resolvendo as restantes equações obtemos os seguintes


resultados:

C x = 54.4 ×103 N

C y = 72.5 ×10 N
3


 Bx = 54.4 × 10 N
3


 B y = 72.5 ×10 N
3


 Ax = −38.3 ×10 N
3

 A = −46.7 ×103 N
 y

As forças com sinal negativo devem ser representadas com sentidos contrários àqueles que foram
considerados inicialmente nos diagramas de corpo livre respetivos.

9. O robô, representado na figura é utilizado numa linha de montagem de aeronaves ligeiras. A sua
tarefa consiste em movimentar motores com peso de 10 kN. Para a posição indicada, determine as
forças que atuam em A, B e C.

Figura 9

24
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

10. A plataforma elevatória representada na figura é utilizada em tarefas de manutenção da rede elétrica.
Sabendo que o homem que se encontra dentro do balde tem um peso de 900 N, determine as forças
que atuam em A, B e C. Despreze o peso próprio dos componentes do equipamento.

Figura 10

11. O veículo pesado, representado na figura, encontra-se em equilíbrio. Sabe-se que o contentor tem um
peso de 375 kN e que o seu centro de gravidade está localizado em G. Desprezando os pesos próprios
dos restantes componentes, determine as forças que atuam em A, B e C.

Figura 11

25
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

12. Considere o sistema mecânico representado na figura. O trator tem uma massa de 4 000 kg e centro
de gravidade em B. O contentor, completamente carregado, pesa 240 kN e tem centro de gravidade
em A. O acionamento do contentor é efetuado por intermédio de dois cilindros hidráulicos DC, um
de cada lado do contentor. Admitindo que o sistema mecânico se encontra em equilíbrio, determine:
a) as reações nas rodas F e G; b) forças que se exercem em C, D e E.

Figura 12

13. O dispositivo representado na figura tem como função manter fechada uma porta de elevador. A
mola tem um constante elástica k = 2.5 N/cm e que na posição representada sofreu um alongamento
de 25 mm. Determine as forças que atuam em A e C.

Figura 13

Resolução do problema n.º13

Inicialmente, podemos começar por representar o diagrama de corpo livre do suporte ABC, como
mostra a figura 13-1. Há que considerar o apoio em A (apoio duplo), a força provocada pela mola (FB)
e a reação em C (FC). Esta última deve-se ao contacto da roda com a superfície e, por isso, deve ser
representada perpendicularmente à superfície.

26
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

Figura 13-1

As equações de equilíbrio para o DCL anterior serão dadas por:

∑ Fx = 0  Ax − FC sin 30º = 0
 
∑ Fy = 0 ⇔  Ay + FC cos 30º − FB = 0
 
∑ M A = 0 − Fm ×150 + FC sin 30º×100 − FC cos 30º×250 − FB ×150 = 0

Seguidamente, podemos analisar, isoladamente, a mola. De acordo com o enunciado houve um


alongamento no seu comprimento de 25 mm. Assim, teremos o seguinte diagrama de corpo livre:

Figura 13-2

Note-se que FB tem sentido contrário ao assinalado na figura 13-1. Admitindo que a mola tem um
comportamento linear elástico (e sendo conhecida a sua constante de rigidez) podemos escrever a
seguinte igualdade:

FB = k ⋅ ∆l ⇔ FB = 2.5 ×10 2 ⋅ 25 ×10 −3 ⇔ FB = 6.25 N

Substituindo este resultado nas equações de equilíbrio que foram obtidas para o diagrama de corpo
livre da figura 13-1, temos:

∑ Fx = 0  Ax − FC sin 30º = 0  Ax = 1.76 N


  
∑ Fy = 0 ⇔  Ay + FC cos 30º −6.25 = 0 ⇔  Ay = 3.20 N
  
∑ M A = 0  FC = 3.52 N
−3 −3 −3
− 6.25 ×150 × 10 + FC sin 30º×100 ×10 + FC cos 30º×250 × 10 = 0

27
Capítulo 2 - Equilíbrio de corpos rígidos Ricardo Branco © 2012

Concluímos que as componentes horizontal e vertical da força no apoio A são dadas, respetivamente,
por 1.76 N e 3.20 N. A força resultante em C é de 3.52 N.

14. Uma mola, com comprimento inicial de 1.5 m e k = 400 N/m, é usada para fixar numa superfície
circular duas polias iguais (A e B), cada uma delas com uma massa de 20 kg. A montagem é efetuada
de modo a que a mola fique perfeitamente horizontal. Determine para estas condições, admitindo que
o atrito na superfície circular é desprezável, a amplitude de θ.

Figura 14

28
CAPÍTULO 3
SISTEMAS RETICULADOS PLANOS

29
30
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

1. Uma passagem para peões foi suspensa por intermédio do sistema reticulado plano representado na
figura. Determine as forças que atuam nas barras a) CE, CD e BD; b) AC e AB. Indique se as barras
se encontram em tração ou em compressão.

Figura 1

2. O sistema reticulado plano representado na figura faz parte da estrutura de uma ponte ferroviária.
Determine as forças que atuam nas barras CB, CD e AH. Indique se as barras se encontram em tração
ou em compressão.

Figura 2

31
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

3. A cobertura de um pavilhão desportivo vai ser concebida a partir de um sistema reticulado plano
semelhante ao da figura. Determine as forças que atuam nas barras MH e EF. Indique se as barras se
encontram em tração ou em compressão.

Figura 3

4. O sistema reticulado plano da figura seguinte vai ser utilizado no telhado de uma nave industrial.
Determine as forças que atuam nas barras AC, CB, CD e CE. Indique se as barras se encontram em
tração ou em compressão.

Figura 4

32
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

5. Um teto falso é suspenso por intermédio do sistema reticulado plano da figura seguinte. Determine as
forças que atuam nas barras BG e CG, indicando se estão em tração ou em compressão.

Figura 5

Resolução do problema n.º5

Podemos calcular, previamente, as reações nos apoios da estrutura. Na figura seguinte, está
representado o respetivo diagrama de corpo livre. Note-se, que em E, por se tratar de um apoio duplo,
foram consideradas duas reações (Ex e Ey) enquanto em I, por se tratar de um apoio simples, temos uma
única reação (Iy) perpendicular à superfície.

Figura 5-1

As equações de equilíbrio correspondentes são dadas por:

33
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

∑ Fx = 0  E x + 133.8 = 0  E x = −133.8 N
  
∑ Fy = 0 ⇔  E y + I y − 400 + 148.6 = 0 ⇔  E y = −185.9 N
  
∑ M E = 0 400 ×12.0 − 148.6 × 12.0 + 133.8 × 3.6 − I y × 8.0 = 0  I y = 437.3 N

Os sinais negativos de Ex e Ey indicam que os sentidos destas reações devem ser invertidos em relação
àqueles que foram inicialmente representados na figura 5-1. Para determinar as forças nas barras BG e
CG (aplicando o método de Ritter), podem ser analisadas os cortes 1-1 e 2-2, representados na figura:

Figura 5-2

Analisando a parte esquerda do corte 1-1, e admitindo esforços axiais de tração nas barras cortadas,
obtém-se o diagrama de corpo livre da figura 5-3.

Figura 5-3

A amplitude de β pode ser calculada analisando o triângulo retângulo definido pela barra AF, conforme
representado na figura 5-3b. Temos então:

34
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

3.6 3.6
tg β = ⇔ β = arc tg ⇔ β = 42º
4.0 4.0

As equações de equilíbrio correspondentes estão indicadas a seguir:

∑ Fx = 0  F1 × cos 42º + F2 × cos 42º + F3 + 133.8 = 0  F3 = 145.4 N


  
∑ Fy = 0 ⇔ − F1 × sin 42º − F2 × sin 42º −400 + 148.6 = 0 ⇔  F1 = −180.0 N
 − F × sin 42º×4.0 − 400 × 4.0 + 148.6 × 4.0 + 133.8 × 3.6 = 0  F = −195.8 N
∑ M A = 0  2  2

Analisando, agora, o corte 2-2, admitindo forças axiais de tracção nas barras desconhecidas obtemos o
diagrama de corpo livre da figura 5-4. Note-se, que como F3 é positivo (força de tracção) a força
afasta-se do nó, tal como se representa na figura seguinte.

Figura 5-4

As equações de equilíbrio são dadas por:

∑ Fx = 0  F4 + 133.8 + 145.4 = 0  F4 = −279.2 N


  
∑ yF = 0 ⇔  437 .7 + 148.6 − 400 + F5 + F6 = 0 ⇔  F5 = 130.8 N
 − F × 4 − 437.7 × 4 − 148.6 × 8 − 133.8 × 3.6 + 400 × 8 − 145.4 × 7.2 = 0  F = −317.1 N
∑ M J = 0  6  6

Concluímos que F6 é uma força de tração. Na tabela seguinte, resumem-se os resultados obtidos e
indicam-se, também, os tipos de forças que atuam nestas duas barras.

Barra Força [N] Tipo


BG (F2) 195.75 Compressão
CG (F6) 317.10 Compressão

Tabela 1

35
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

6. Um pavilhão desportivo terá uma estrutura metálica concebida a partir de um sistema reticulado
plano semelhante ao da figura seguinte. Para o carregamento indicado, determine as forças que atuam
nas barras JE e HF.

Figura 6

7. O sistema reticulado plano representado faz parte da estrutura de uma ponte metálica. Determine a
força que actua na barra BK e indique se é de tracção ou de compressão.

Figura 7

36
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

Resolução do problema n.º7

Na figura 7-1 está representado o diagrama de corpo livre necessário para determinar as reações nos
apoios do sistema reticulado plano em análise. Em A temos um apoio duplo ao qual correspondem as
reações Ax e Ay. Em E temos um apoio simples que possui, apenas, a reação Ey que foi marcada numa
direção perpendicular à superfície.

Figura 7-1

As equações de equilíbrio, neste caso, são dadas por:

∑ Fx = 0  Ax − 4.5 = 0  Ax = 4.5 kN
  
∑ Fy = 0 ⇔  Ay + E y − 8.0 = 0 ⇔  Ay = 4.833 kN
  
∑ M A = 0 − 8.0 × 5.4 + 4.5 × 2.0 + E y × 10.8 = 0  E y = 3.167 kN

Embora seja apenas pedida a força na barra BK é necessário analisar dois cortes. Assim, através da
análise do corte 1-1 é possível conhecer a força que atua na barra BC. O conhecimento desta força
permitirá estudar o corte 2-2 posteriormente, já que passam a existir apenas duas incógnitas em B (a
força em BC passa a ser conhecida) e o número total de incógnitas reduz-se de quatro para três.

Figura 7-2

37
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

Analisando a parte esquerda do corte 1-1 (note-se, porém, que também poderia ser estudada a parte
direita), e admitindo esforços axiais de tração nas barras cortadas, obtemos o diagrama de corpo livre
representado na figura 7-3.

Figura 7-3

A amplitude de β pode ser determinada analisando o triângulo retângulo da figura 7-3b. Temos então:

2.7 2.7
tg β = ⇔ β = arc tg ⇔ β = 34.02º
4.0 4.0

As equações de equilíbrio correspondentes estão indicadas a seguir. Todavia, é apenas necessário


resolver a terceira equação, a partir da qual se determina o valor de F1.

∑ Fx = 0  
  
∑ yF = 0 ⇔  ⇔ 
 − 4.833 × 2.7 + 4.5 × 4.0 + F × 4.0 = 0  F = −1.238 kN
∑ M I = 0  1  1

O sinal negativo indica que F1 é uma força de compressão. Como se constata no diagrama de corpo
livre anterior, esta força foi arbitrada como sendo de tracção (afasta-se do nó). Deste modo, no DCL do
corte 2-2, é necessário marcar a força de modo a provocar compressão. Como se verifica na figura 7-4,
o sentido de F1 foi invertido, apontando agora para o nó.

Figura 7-4

38
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

Para calcular a força BK (que corresponde à incógnita F4), resta escrever as equações de equilíbrio
para o diagrama de corpo livre anterior. Temos então:


∑ Fx = 0  
  
∑ Fy = 0 ⇔  ⇔
   F = 0 kN
∑ M J = 0 − 4.833 ×
2.7
+ 4.5 × 2 − 1.238 × 2 + F4 × cos 34.2 ×
2.7
+ F4 × sin 34.2 × 2 = 0  4
 2 2

O resultado nulo mostra que esta barra não está nem em tração nem em compressão. Assim, a coluna
que caracteriza o tipo de esforço da tabela seguinte fica em branco.

Barra Força [kN] Tipo


BK (F4) 0 -

Tabela 2

8. O tabuleiro de uma ponte rodoviária é suspenso por uma estrutura semelhante à representada na
figura. Determine a força que atuam nas barras FH e EH. Indique se as barras se encontram em tração
ou em compressão.

Figura 8

Resolução do problema n.º8

O primeiro passo será determinar as reações nos apoios do sistema reticulado plano. Na figura seguinte
está representado o diagrama de corpo livre apropriado. Há, neste caso, a considerar um apoio duplo
em B e um apoio simples em A. Ao primeiro, correspondem duas reações (Bx e By) enquanto ao segundo
corresponde uma única reação perpendicular à superfície (Gy).

39
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

Figura 8-1

As equações de equilíbrio para o DCL anterior são dadas por:

∑ Fx = 0  Bx − 4.0 = 0  Bx = 4.0 kN
  
∑ Fy = 0 ⇔  B y + G y − 3.0 = 0 ⇔  B y = 4.5 kN
  
∑ M A = 0 G y × 4.0 + 4.0 × 3.0 − 2.0 ×1.0 − 4.0 × 1.0 = 0 G y = −1.5 kN

Com a reação Gy é negativa, ter-se-á de inverter, em cálculos futuros, o sentido que lhe foi atribuído no
diagrama de corpo livre da figura 8-1. Assim sendo, a força passará a apontar para baixo (ver figura
seguinte). Para determinar os esforços das barras FH e EH podem ser utilizados os dois cortes que se
esquematizam na figura 8-2.

Figura 8-2

40
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

Seguidamente, será analisado o corte 1-1. Por opção considera-se a parte abaixo do tracejado 1-1
embora se possa analisar a parte acima do tracejado. No diagrama de corpo livre deste corte,
representado na figura 8-3a, admitiu-se que os esforços axiais nas barras cortadas seriam de tração, ou
sejam afastam-se dos nós.

Figura 8-3

As amplitudes de θ1 e θ2 , tendo em conta as dimensões representadas nas figuras 8-3b e 8-3c, podem
ser determinadas, respetivamente, pelas expressões seguintes:

2.0 2.0 2.0 2.0


tg θ1 = ⇔ θ1 = arc tg ⇔ θ1 = 45.0º e tg θ 2 = ⇔ θ 2 = arc tg ⇔ θ 2 = 33.7 º
2.0 2.0 3.0 3.0

As equações de equilíbrio são dadas por:

∑ Fx = 0 − F × sin 45.0º + F2 × sin 33.7º = 0  F = 0.849 kN


 ⇔ 1 ⇔ 1
∑ Fy = 0  − 1 . 5 + F1 × cos 45.0º + F2 × cos 33.7º = 0  F2 = 1.082 kN

O passo seguinte consiste na análise do corte 2-2 (parte à direita do tracejado). A força F2 (1.082 kN),
tal como se verificou antes, deve ser de tração (afasta-se do nó onde está aplicada). O diagrama de
corpo livre, para esta situação, será dado por (as forças desconhecidas consideram-se de tração):

1 kN 1 kN
2m 2m 2
2 θ3
F F5 I 0.5 H
F
F4 E
J 1m
b)
θ4 4 kN
θ3 H
0.5 m F
F3
33.7º 1.5
θ4
H
1.082 kN 2

a) c)

Figura 8-4

41
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

As amplitudes dos ângulos θ3 e θ4, tendo em conta as dimensões representadas nas figuras 8-4b e 8-4c,
são dadas, respetivamente, por:

0.5 0.5 1.5 1.5


tg θ 3 = ⇔ θ 3 = arc tg ⇔ θ 3 = 14.04º e tg θ 4 = ⇔ θ 4 = arc tg ⇔ θ 4 = 36.87 º
2.0 2.0 2.0 2.0

Aplicando o método dos momentos, obtemos:

∑ M J = 0 1× 2 − F4 × cos 36.87º×0.5 − F4 × sin 36.87º×2 = 0


 
∑ FM = 0 ⇔ − 1× 2 − 4 × 1 − 1.082 × cos 33.7º×4 − 1.082 × sin 33.7º×2 − F3 × cos 14.04 × 1.5 − F3 × sin 14.04 × 2 = 0
 4 × 0.5 − 1.082 × cos 33.7º×2 + 1.082 × sin 33.7º×0.5 + F × 1.5 = 0
∑ M H = 0  5

 F4 = 1.25 kN

⇔  F3 = −0.33 kN
 F = −5.57 kN
 5

A força F4 é de tração enquanto a força F3, sendo negativa, será de compressão. Na tabela seguinte
resumem-se os cálculos efetuados.

Barra Força [kN] Tipo


FH (F4) 1.25 Tracção
EH (F3) 0.33 Compressão

Tabela 3

9. Considere a estrutura reticulada plana representada na figura seguinte. Admitindo que esta se
encontra em equilíbrio, determine as forças que atuam nas barras CJ e GJ indicando as que estão em
tracção e as que estão em compressão.

Figura 9

42
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

10. O sistema reticulado plano representado na figura seguinte e utilizado num tabuleiro de uma ponte
ferroviária. Para o carregamento indicado, determine as forças que atuam nas barras CE, BD e BG.
Indique se estão em tração ou em compressão.

Figura 10

43
Capítulo 3 - Sistemas reticulados planos Ricardo Branco © 2012

44
CAPÍTULO 4
ATRITO

45
46
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

1. Um tubo com raio exterior de 375 mm e peso de 3.5 kN está a ser descarregado através do
dispositivo hidráulico da figura. Considere um coeficiente de atrito estático em A e B igual a 0.4.
Para a posição indicada, determine em que ponto o tubo escorrega primeiro (A, B ou ambos).

Figura 1

2. Um bloco com peso igual a 300 N é colocado num tapete rolante que está em movimento ascendente
a deslocar-se com velocidade constante. Determine o valor mínimo do coeficiente de atrito estático
entre o tapete e o bloco que garante que o bloco é transportado pelo tapete sem escorregar. Determine
também o valor mínimo da força F.

Figura 2

3. Um bloco de 800 N está em repouso num plano inclinado conforme mostra a figura seguinte. Admita
que o coeficiente de atrito estático entre a superfície e o bloco é de 0.25. Determine:
a) os valores máximo e mínimo da força da mola que mantêm o bloco em equilíbrio;
b) a intensidade e a direcção da força de atrito que actua no bloco se a força de compressão na
mola for de 200 N.

47
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Figura 3

Resolução do problema n.º3


a) Neste caso, há que considerar o caso em que está iminente o movimento do bloco no sentido
ascendente mas também o caso em que está iminente o movimento do bloco no sentido descendente. Os
dois casos devem ser estudados separadamente.

i) Movimento iminente do bloco no sentido descendente


O diagrama de corpo livre para esta situação deve conter a força da mola (Fm), a reacção normal
exercida pelo plano inclinado sobre o bloco (Rn) e a força de atrito entre o bloco e o plano inclinado
(Fa). Temos então:

Figura 3-1

As equações de equilíbrio, considerando a orientação do sistema de eixos representada na figura 3-1,


serão dadas por:

∑ F x = 0  Fa + Fm − 800 sin 20º = 0  Fm = 85.68 N


 ⇔ ⇔
∑ F y = 0  Rn − 800 cos 20º = 0  Rn = 751.75 N

ii) Movimento iminente do bloco no sentido ascendente


Quando está iminente o movimento do bloco no sentido ascendente há uma inversão do sentido da força
de atrito gerada entre o plano inclinado e o bloco que tenta impedir o movimento. Logo, teremos:

48
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Figura 3-2

As equações de equilíbrio, considerando o referencial indicado na figura anterior, serão dadas por:

∑ F x = 0 − Fa + Fm − 800 sin 20º = 0  Fm = 461.55 N


 ⇔ ⇔
∑ F y = 0  Rn − 800 cos 20º = 0  Rn = 751.75 N

Concluímos, que a força da mola que mantém o bloco em equilíbrio varia entre 85.68 N e 461.55 N.

b) Se a mola está sujeita a uma força de compressão de 200 N, significa que o bloco recebe uma força
de igual magnitude mas de sentido contrário, tal como se mostra no diagrama de corpo livre seguinte.

Figura 3-3

As equações de equilíbrio serão dadas por:

∑ F x = 0  Fa + 200 − 800 sin 20º = 0  Fm = 73.62 N


 ⇔ ⇔
∑ F y = 0 R
 n − 800 cos 20 º = 0  Rn = 751.75 N

NOTA:
Se a força de atrito tivesse sido marcada no diagrama de corpo livre anterior com sentido oposto, o
sistema de equações seria dado por:

∑ F x = 0 − Fa + 200 − 800 sin 20º = 0  Fm = −73.62 N


 ⇔ ⇔
∑ y
F = 0 R
 n − 800 cos 20 º = 0  Rn = 751.75 N

49
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

O sinal negativo de Fm obtido, neste segundo caso, mostrar-nos-ia que o sentido correcto seria
contrário àquele que estaria representado nesse diagrama de corpo livre. Mas, independentemente do
diagrama de corpo livre estudado, a conclusão seria a mesma conclusão (como seria, aliás, de esperar).

4. Um calce de travão é usado para travar um sistema solicitado por um binário de 5 N⋅m. Admita que o
coeficiente de atrito estático entre o bloco e o calce é igual a 0.3. Determine se a roda pode ser
travada quando é aplicada uma força P com uma intensidade de: a) 30 N; b) 70 N.

Figura 4

5. Para o sistema de travagem manual da figura seguinte, determine o valor mínimo da força P que
garante a travagem da roda. Considere que o coeficiente de atrito estático entre a roda e o bloco de
travão é µS.

Figura 5

Resolução do problema n.º5


Para obter o valor mínimo da força P que garante a travagem da roda podemos começar por
representar o diagrama de corpo livre da alavanca e do calce (figura 5-1). Na alavanca intervêm duas
forças no apoio D e a força P que é aplicada para travar o sistema. No calce actuam também duas

50
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

forças que são a reacção normal e a força de atrito.

Figura 5-1

Do estudo do equilíbrio do diagrama de corpo livre resulta o sistema de equações seguinte:

∑ F = 0  Dx + Fa = 0
 x

∑ F y = 0 ⇔  Rn + D y − P = 0
 
∑ M D = 0  Rn × b + P × a + µ s × RN × c = 0

Procedendo de modo semelhante para a roda, obtém-se o diagrama de corpo livre da figura seguinte,
onde actuam o binário M, duas reacções no ponto de fixação da roda, a reacção normal devida ao
contacto com o calce e a força de atrito também proveniente desse contacto.

Rn

F a = µ S Rn

M
Ox

r
Oy

Figura 5-2

Aplicando as equações da estática à roda, temos o seguinte sistema de equações:

∑ F = 0 Ox − Fa = 0
 x

∑ yF = 0 ⇔ O y − Rn = 0
 
∑ M O = 0  − M + µ s × RN × r = 0

Substituindo a expressão de Rn na terceira equação do primeiro sistema de equações, obtemos:

M M
− × b + P × a + µS × ×c = 0
µS × r µS × r

Resolvendo a expressão anterior em ordem a P, obter-se-á, então, o valor da força mínima:

M ×b M ×c M  b 
− P×a = + ⇔P=  − c 
µS × r r a × r  µS 

51
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

6. A espia circular, de 2 mm de diâmetro, representada na figura é solicitada por uma força de 360 N. O
coeficiente de atrito estático entre C e D é igual a 0.5. As ligações em F e G são efectuadas por
intermédio de pinos. Determine a força mínima efectuada pelo parafuso nas superfícies A e B
(considere que estas são polidas podendo aí desprezar-se as forças de atrito).

Figura 6

7. As cunhas A e B fazem parte de um dispositivo de fixação de provetes de uma máquina de ensaios de


tracção. Determine a amplitude do ângulo θ que garante que o provete não escorrega quando
solicitado mecanicamente. Considere que os coeficientes de atrito entre as cunhas e as superfícies C e
D são iguais a 0.1, e que os coeficientes de atrito entre as cunhas e o provete são de 0.6.

Figura 7

52
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

8. Determine o valor mínimo da força P que permite elevar o cilindro 175 mm. Considere que a mola
helicoidal tem uma constante elástica de 15 kN/m e que o coeficiente de atrito em todas as
superfícies é de 0.35. Despreze o atrito nos roletes e os pesos da cunha e do cilindro.

Figura 8

9. Considerando que o coeficiente de atrito estático entre o bloco e a cunha é igual a 0.2, determine o
valor necessário da força F para fazer subir o bloco com peso de 100 N, se forem:
a) desprezadas as forças de atrito nos roletes;
b) removidos os roletes e se considerar um coeficiente de atrito entre as superfícies de 0.2.

Figura 9

Resolução do problema n.º9

a) Inicialmente, pode ser estabelecido o diagrama de corpo livre do bloco, como se apresenta na figura
seguinte, onde Rn representa a reação normal na superfície de contacto entre o bloco e a cunha, Rr
representa a reação normal no contacto do bloco com o roletes e µS o coeficiente de atrito estático.

53
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Figura 9-1

Aplicando as equações da estática, tendo em conta que Fa = µS Rn obtémos:

∑ F x = 0  Rr − Fa cos15º − Rn sin 15º = 0  Rr − 0.2 × Rn cos 15º − Rn sin 15º = 0


 ⇔ ⇔ ⇔
∑ y
F = 0 R
 n cos 15 º − Fa sin 15 º − 100 = 0  Rn cos 15º −0.2 × Rn sin 15º −100 = 0

 Rr = Rn × (0.2 × cos 15º + sin 15º )


  Rr = 49.44 N
⇔ 100 ⇔
 Rn = 0.2 sin 15º − cos 15º  Rn = 109.39 N

Dos cálculos anteriores resulta um força de atrito dada por: Fa = 0.2 × 109.30 ⇔ Fa = 21.86 N.
Seguidamente pode ser representado o diagrama de corpo livre da cunha, onde RS representa a reação
normal do contacto entre a cunha e os roletes, e F é a força aplicada na cunha para deslocar o bloco.

Figura 9-2

As equações de equilíbrio aplicadas à cunha estão indicadas a seguir:

∑ F x = 0  Rn sin 15º − F + Fa cos15º = 0  F = 109.39 sin 15º +21.88 cos15º  F = 49.45 N
 ⇔ ⇔ ⇔
∑ F y = 0  Rs − Rn cos 15º + Fa sin 15º = 0  Rs = 109.39 cos 15º −21.88 sin 15º  Rs = 100.49 N

b) Neste caso, há ainda que considerar a existência de atrito entre a superfície do bloco e a superfície
da parede vertical já que os roletes foram removidos. Assim, é necessário adicionar ao diagrama de
corpo livre do bloco feito anteriormente uma força perpendicular à reação normal que resulta do
contacto entre o bloco e a parede, aqui designada por Fap. Temos então:

54
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Figura 9-3

Neste caso, considerando que Fa = µS Rn e Fap = µS Rp, as equações de equilíbrio assumem a forma
seguinte:

∑ F x = 0  R p − Fa cos15º − Rn sin 15º = 0


 ⇔ ⇔
∑ F y = 0  Rn cos15º − Fa sin 15º − Fap − 100 = 0

 R p = Rn × (0.2 × cos15º + sin 15º )  R p = 23.45 N


⇔ ⇔
 Rn × (cos 15º −0.2 × sin 15º ) − 0.2 × Rn × (0.2 × cos 15º + sin 15º ) − 100 = 0  Rn = 121.39 N

Com base nos cálculos anteriores, a força de atrito resultante do contacto entre o bloco e a cunha (Fa) e
a força de atrito resultante do contacto entre o bloco e a parede (Fap) são respectivamente dadas por:

Fa = 0.2 × 121.39 ⇔ Fa = 24.28 N

Fap = 0.2 × 23.45 ⇔ Fap = 4.69 N

Neste caso, há ainda que considerar o efeito da força de atrito resultante do contacto entre a cunha e a
superfície (FaS). O diagrama de corpo livre correspondente está representado na figura seguinte.

Figura 9-4

O sistema de equações para o diagrama de corpo livre anterior será dado por:

55
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

∑ F x = 0  Rn sin 15º − F + Fa cos15º + FaS = 0  F = 121.39 sin 15º +24.28 cos15º  F = 54.87 N
 ⇔ ⇔ ⇔
∑ F y = 0  Rs − Rn cos 15º + Fa sin 15º = 0  Rs = 121.39 cos 15º −24.28 sin 15º  Rs = 111.48 N

10. Considere o grampo representado na figura seguinte. Pretende-se aplicar uma força de compressão de
600 N nas placas de madeira. O grampo tem uma rosca quadrada de diâmetro médio igual a 10 mm e
passo de 2.5 mm. O coeficiente de atrito estático na rosca é de 0.20. Determine a magnitude mínima
da força F que permite:
a) apertar o grampo;
b) desapertar o grampo.

Figura 10

11. O grampo da figura é constituído por uma rosca quadrada dupla de diâmetro médio igual a 10 mm e
passo de 2 mm. O coeficiente de atrito na rosca é igual a 0.30. Se for aplicado um binário de 40 N⋅m
para apertar o grampo, determine: a) a força exercida nas peças de madeira; b) o binário necessário
para desapertar o grampo; c) o valor de c para que a força aplicada pelo utilizador nas extremidades
do grampo seja inferior a 40 N.

Figura 11

56
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

12. O dispositivo da figura é utilizado para remover uma ligação cabo-bateria. Considere que o parafuso
utilizado tem um diâmetro médio de 5.0 mm e um passo de 2.0 mm. O coeficiente de atrito estático é
igual a 0.5. Se a força necessária para remover a ligação for igual a 375 N, determine o binário M que
deve ser aplicado e o valor da força Fh.

Figura 12

Resolução do problema n.º12

O parafuso de rosca quadrada pode ser analisado de modo análogo a um plano inclinado onde os
catetos que definem o dito plano são: o perímetro da rosca (2π r) e o avanço do parafuso (p). Portanto,
neste caso, o plano inclinado será definido como se segue:

Figura 12-1

A figura anterior permite-nos determinar a inclinação do plano (θ) que será dada por:

p 2
tg θ = ⇔ tg θ = ⇔ θ = 7.256º
2π × r 2π × 2.5

57
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Sabemos também que o ângulo de atrito será igual a:

tg φe = µ ⇔ tg φe = 0.25 ⇔ φe = 26.565º

Como φe > θ, podemos concluir que o parafuso está em auto-retenção ou que é autoblocante (isto é,
sem ação de carga mantém a mesma posição). No que diz respeito ao dispositivo, constata-se que para
retirar o terminal da bateria é necessário apertar o parafuso (i.e. subir o bloco pelo plano inclinado),
resultando dessa ação o diagrama de corpo livre representado na figura seguinte.

Q p = 2.0 mm
φs
θ R

2πr = 2π x 2.5

Figura 12-2

As equações de equilíbrio correspondentes conduzirão ao seguinte sistema:

∑ F x = 0 Q − R sin(θ + φs ) = 0
 ⇔
∑ F y = 0  R cos(θ + φs ) − W = 0

Do sistema anterior, obtém-se a expressão seguinte. Como a força necessária para remover a ligação é
conhecida (375 N), conclui-se que:

Q Q
W= ⇔ 375 = ⇔ Q = 251.24 N
tg (θ + φe ) tg (7.256 + 26.565)

A equação anterior é válida para casos em que se pretende fazer subir um bloco sobre o plano
inclinado, que corresponde a apertar o parafuso. Para a descida do bloco sobre o plano inclinado, que
corresponde a desapertar o parafuso, esta expressão não é válida.

Por outro lado, o momento transmitido ao parafuso (M) é dado por (onde r é o raio médio da rosca):

M = Q × r ⇔ M = 251.24 × 2.5 ×10 −3 ⇔ M = 0.6281 N ⋅ m

Este momento deve ser igual ao momento provocado pela força Fh. Assim, tendo em conta que o
manípulo tem 130 mm, podemos escrever:

M = Fh ×130 × 10 −3 ⇔ 0.6281 = Fh ×130 ×10 −3 ⇔ Fh = 4.83 N

58
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

13. O dispositivo da figura é solicitado por uma carga vertical de 8 kN. O parafuso de rosca quadrada
tem um diâmetro médio de 10 mm e um passo de 5 mm. Considerando um coeficiente de atrito
estático de 0.2, determine a força que deve ser exercida no manípulo para: a) subir a carga; b) descer
a carga. Considere que as barras ACE e BCD têm comprimentos de 200 mm e despreze as forças
horizontais em A e B.

Figura 13

Resolução do problema n.º13

a) O primeiro passo consiste em determinar as forças que são transmitidas ao parafuso. As reações
verticais em D e E podem ser determinadas através do diagrama de corpo livre seguinte:

Figura 13-1

As equações de equilíbrio são dadas por:

59
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

∑ F = 0  Dx + E x = 0 
 x
 
∑ F y = 0 ⇔  D y + E y − 8 = 0 ⇔  E y = 4 kN
  
∑ M E = 0 − D y × 200 × cos 30º +8 ×100 × cos 30º = 0  D y = 4 kN

Analisando somente a barra superior, admitindo que nestes pontos são apenas exercidas forças
verticais, teremos o diagrama de corpo livre seguinte:

Figura 13-2

Neste caso, as equações de equilíbrio podem escrever-se da seguinte forma:

∑ F y = 0  Ay + B y − 8 = 0  Ay = 4 kN
 ⇔ ⇔
∑ M A = 0  B y × 200 × cos 30º +8 ×100 × cos 30º = 0  B y = 4 kN

A análise do tirante DCB conduz-nos ao diagrama de corpo livre representado na figura 13-3. Neste
diagrama foram substituídos os valores já conhecidos de By e Dy. Note-se, todavia, que o sentido da
força By é contrário àquele que foi representado na figura 13-2, por se tratar do par ação-reação.

Figura 13-3

Neste caso, obtêm-se as equações de equilíbrio seguintes:

∑ F = 0  Dx + C x = 0 C x = −13.856 kN
 x
 
∑ F y = 0 ⇔ 4 + C y = 0 ⇔ C y = 0 kN
  
∑ M A = 0  Dx ×100 × sin 30º −4 ×100 × cos 30º −4 ×100 × cos 30º = 0  Dx = 13.856 kN

60
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Finalmente, através da análise do pino D que fixa o parafuso ao tirante podemos obter o valor da carga
suportada pelo parafuso, designada por P’. O diagrama de corpo livre assumirá a forma seguinte:

Figura 13-4

As equações de equilíbrio serão dadas, neste caso, por:

∑ F x = 0  F cos 30º −13.86 + P = 0  P = 20.78 kN


 ⇔  DF ⇔
∑ y
F = 0 F
 DF sin 30 º −4 = 0  FDF = 8.0 kN

Agora que é conhecida a carga transmitida ao parafuso podemos analisá-lo através da analogia com o
plano inclinado, onde os catetos correspondentes são dados pelo perímetro da rosca (2πr) e pelo
avanço do parafuso (p).

Figura 13-5

A inclinação do plano pode ser calculada através da expressão:

p 5
tg θ = ⇔ tg θ = ⇔ θ = 9.04º
2π × r 2π × 5

O ângulo de atrito é definido de acordo com a equação seguinte:

tg φe = µ ⇔ tg φe = 0.2 ⇔ φe = 11.31º

Como φe > θ, pois 11.31º > 9.04º, podemos concluir que o parafuso está em auto-retenção. Como se
pretende subir a carga, o diagrama de corpo livre que deve ser considerado corresponde àquele que se
apresenta na figura 13-6.

61
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Figura 13-6

As equações de equilíbrio correspondentes serão dadas por:

∑ F x = 0 Q − R sin(θ + φs ) = 0
 ⇔
∑ y
F = 0  R cos(θ + φs ) − W = 0

A partir do sistema de equações anterior obtém-se a expressão seguinte. Ora, neste caso, como foi
calculado atrás, a carga suportada pelo parafuso é de 20.78×103 kN. Substituindo, temos:

Q Q
W= ⇔ 20.78 ×103 = ⇔ Q = 7.71×103 N
tg (θ + φe ) tg (9.04 + 11.31)

Determinada esta força, é possível determinar o momento que ela provoca no parafuso, desde que seja
conhecido o seu raio médio. Assim, resulta:

M = Q × r ⇔ M = 7.71× 103 × 5 × 10 −3 ⇔ M = 38.55 N ⋅ m

Por fim, pode ser calculada a força necessária no manípulo. Esta força, aplicada pelo utilizador, terá
que provocar o valor de momento (M) anteriormente calculado. Temos então:

M = F × b ⇔ 38.55 = F × 400 ×10 −3 ⇔ F = 96.375 N

b) No caso em que pretende descer a carga, o estudo efetuado anteriormente para obter o esforço
suportado pelo parafuso mantém-se válido (20.78×103 kN). As diferenças são na marcação das forças
sobre o plano inclinado. Sendo o parafuso autoblocante, para que o bloco desça, é necessário vencer o
efeito da força R, pelo que o diagrama de corpo livre será dado como se segue (note-se que Q tem
sentido contrário ao representado na figura 13-6).

Figura 13-7

62
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Escrevendo as equações de equilíbrio, temos:

∑ F x = 0 Q − R sin(φs − θ ) = 0
 ⇔
∑ F y = 0  R cos(φs − θ ) − W = 0

Deste sistema, obtém-se a seguinte expressão:

Q Q
W= ⇔ 20.78 ×103 = ⇔ Q = 823.71 N
tg (φe − θ ) tg(11.31 - 9.04 )

O momento provocado por esta força no parafuso pode ser determinado desde que se conheça o seu
raio médio. Substituindo, temos:

M = Q × r ⇔ M = 823.71× 5 × 10 −3 ⇔ M = 4.12 N ⋅ m

Por fim, pode ser calculada a força necessária no manípulo. Esta força, aplicada pelo utilizador, terá
que provocar o valor de momento (M) anteriormente calculado. Temos então:

M = F × b ⇔ 4.12 = F × 400 ×10 −3 ⇔ F = 10.30 N

14. O parafuso de rosca quadrada da figura tem diâmetro médio de 20 mm e passo de 4 mm. Determine o
menor valor do coeficiente de atrito estático que garante que a placa A não desce quando o sistema
está na posição indicada.

Figura 14

15. A correia de secção plana liga a polia A à polia B. Este sistema mecânico é acionado por intermédio
de um motor elétrico localizado na polia menor. O coeficiente de atrito entre as polias e a correia é

63
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

0.25. Sabendo que a tração máxima permitida na correia é de 2700 N, determine o binário máximo
que a correia pode exercer sobre a polia A.

Figura 15

16. Uma correia trapezoidal é utilizada para transmitir potência da polia A para a polia B. Se o momento
necessário em B for igual a 5 kN⋅m e se o coeficiente de atrito estático entre a correia e a polia B for
igual a 0.3, determine o binário mínimo do motor e o coeficiente de atrito mínimo entre a correia e a
polia A.

Figura 16

Resolução do problema n.º16

Como é sabido, o escorregamento na correia é uma função do ângulo de abraçamento (β) e do


coeficiente de atrito estático entre a correia e a polia (µe). Na figura seguinte estão esquematizados os
ângulos de contacto nas polias A e B.

64
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

Figura 16-1

Já que o momento em B é conhecido, pode ser obtida uma relação das forças que atuam na polia A (que
é a polia movida) considerando a representação efetuada no diagrama de corpo livre seguinte (a parte
inferior da transmissão foi mantida para facilitar a interpretação do desenho):

Figura 16-2

O somatório dos momentos em relação ao centro da polia B deve ser nulo. Assim, temos:

− M B + 130 × 10 −3 × T1 − 130 × 10 −3 ×T 2 = 0 ⇔ M B = 130 × 10 −3 (T1 −T 2 )

Por outro lado, é possível relacionar as forças F1 e F2 através do coeficiente de atrito estático e do
ângulo de contacto. Neste caso, teremos:

65
Capítulo 4 - Atrito Ricardo Branco © 2012

 5π 
T1 T 0.3× 
= e µβ ⇔ 1 = e  6 
⇔T 1 = 2.193 × T2
T2 T2

Substituindo este resultando na primeira equação, obtém-se a tensão T2. Temos, então:

5 × 103 = 130 × 10 −3 × (2.193 × T2 − T2 ) ⇔ T2 = 32.24 × 103 N

A tensão T1 será dada por:

T 1 = 2.193 × T2 ⇔T 1= 2.193 × 32.24 × 103 ⇔T 1 = 70.70 × 103 N

O binário do motor pode ser obtido estudando o equilíbrio da polia A. O diagrama de corpo livre
apropriado encontra-se na figura seguinte (a polia B não seria necessária neste DCL):

Figura 16-3

A equação de equilíbrio de momentos em relação ao ponto A é dada por (note-se que o diâmetro da
polia B é dado e os valores das forças T1 e T2 já foram calculadas):

M A − 40 ×10 −3 × T1 + 40 ×10 −3 ×T 2= 0 ⇔ M A = 40 ×10 −3 × 70.70 ×103 − 40 ×10 −3 × 32.22 ×103 ⇔

⇔ M A = 1.535 ×103 N ⋅ m

Finalmente, o coeficiente de atrito estático mínimo na polia A pode ser obtido através da equação
seguinte:

 7π 
T1 µ × 
= e µβ ⇔ 2.193 = e  6 
⇔ µ = 0.214
T2

66
CAPÍTULO 5
GEOMETRIA DE MASSAS

60
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

1. Para a superfície plana representada na figura determine relativamente ao sistema de eixos oxy: a) as
coordenadas do centro de gravidade; b) os momentos estáticos; c) o momento de inércia polar.

Figura 1

2. Para a superfície plana representada na figura seguinte determine relativamente ao sistema de eixos
oxy: a) as coordenadas do centro de gravidade; b) os momentos estáticos; c) os momentos de inércia
e o produto de inércia; d) os raios de giração; e) o momento de inércia polar.

Figura 2

69
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

3. Considere a superfície plana da figura. Determine relativamente ao sistema de eixos oxy: a) as


coordenadas do centro de gravidade; b) os momentos estáticos; c) os momentos de inércia e o
produto de inércia; d) os raios de giração; e) os momentos principais de inércia e os eixos principais
de inércia.

Figura 3

Resolução do problema n.º3


a) As coordenadas horizontal e vertical do centro de gravidade da superfície plana representada podem
ser obtidas recorrendo às equações seguintes:

∑x A i i
x= i =1
n

∑A
i =1
i

∑yA i i
y= i =1
n

∑A
i =1
i

onde Ai representa a área da figura i e xi e yi representam, respetivamente, as coordenadas horizontal e

vertical do centro de gravidade da figura i. Uma hipótese para a partição da superfície plana do
enunciado será considerá-la como a união de três geometrias simples: um retângulo exterior ao qual são
subtraídos um quarto de círculo e um triângulo (ver figura 3-1).

70
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 3-1

Seguidamente, podemos analisar cada uma das figuras isoladamente. Para o retângulo (figura I) as
coordenadas horizontal (x1 ) e vertical ( y1 ) do centro de gravidade estão representadas na figura 3-2.

Figura 3-2

As equações seguintes quantificam a área e as coordenadas do centro de gravidade:

A1 = (45 + 55) × 45 ⇔ A1 = 4500 mm 2

45
x1 = −(51.5 + ) ⇔ x1 = −74 mm 2
2

100
y1 = −55.0 + ⇔ y1 = −5 mm 2
2

De forma idêntica, para o quarto de círculo, as coordenadas horizontal ( x2 ) e vertical ( y2 ) do centro de


gravidade estão representadas na figura 3-3.

71
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 3-3

A área do quarto de círculo e as coordenadas do centro de gravidade serão dadas por:

π × 45
A2 = ⇔ A2 = 1590.43 mm 2
4

4 × 45
x2 = −(51.5 + 45) + ⇔ x2 = −77.4 mm
3×π

4 × 45
y2 = 45 − ⇔ y2 = −25.9 mm
3×π

Por fim, resta analisar o triângulo (figura III). As coordenadas horizontal (x3 ) e vertical ( y3 ) do centro de

gravidade estão representadas na figura seguinte.

Figura 3-4

72
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

A área e as coordenadas do centro de gravidade serão dadas pelas expressões seguintes:

55 × 45
A3 = ⇔ A3 = 1237.50 mm 2
2

45
x3 = −(51.5 + ) ⇔ x3 = −66.5 mm
3

55
y3 = −55 + ⇔ y3 = −36.67 mm
3

Na tabela calculam-se os somatórios da área e dos produtos Ai ⋅ xi e Ai ⋅ yi (última linha da tabela). As

áreas do quarto de círculo (II) e do triângulo (III) foram introduzidas na tabela como sendo negativas já
que essas figuras são vazios da peça.

Figura Ai [mm2] xi [mm] yi [mm] Ai ⋅ xi Ai ⋅ yi


I 4500 -74 -5 -333 000.00 -22 500.00
II -1590.43 -77.40 25.90 123 099.28 -41 181.00
III -1237.50 -66.50 -36.67 82 293.75 45 379.13
∑ 1672.07 -127 606.97 -18 301.87

Tabela 1

Substituindo nas equações iniciais, temos:

x=
∑A ⋅xi i
⇔x=
A1 ⋅ x1 + A2 ⋅ x2 + A3 ⋅ x3
⇔x=
− 127 606.97
⇔ x = −76.32 mm
∑A i A1 + A2 + A3 1672.07

y=
∑A ⋅yi i
⇔x=
A1 ⋅ y1 + A2 ⋅ y2 + A3 ⋅ y3
⇔y=
− 18 301.87
⇔ y = −10.95 mm
∑A i A1 + A2 + A3 1672.07

b) Os momentos estáticos são, por definição, dados pelas expressões seguintes:

S x = ∑ Ai ⋅ yi

S y = ∑ Ai ⋅ xi

Estes somatórios já foram contabilizados na Tabela 1. Substituindo, temos:

S y = ∑ Ai ⋅ xi ⇔ S y = A1 ⋅ x1 + A2 ⋅ x2 + A3 ⋅ x3 ⇔ S y = −127 606.97 mm 3

c) O cálculo dos momentos de inércia e produto de inércia pode ser efetuado considerando a divisão
estabelecida na figura 3-1: um retângulo, um quadrante e um triângulo. Neste caso, as expressões
genéricas de Ix, Iy e Pxy são dadas por:

73
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

I x = I x1 − I x 2 − I x 3

I y = I y1 − I y 2 − I y 3

Pxy = Pxy1 − Pxy 2 − Pxy 3

Seguidamente, cada uma das três figuras será analisada isoladamente. Calcular-se-ão, relativamente ao
sistema de eixos oxy, os valores de Ix, Iy e Pxy de cada figura. Para o retângulo, as coordenadas do centro
de gravidade obtidas na alínea a são dadas por:

Figura 3-5

Os momentos de inércia e o produto de inércia serão, respetivamente, dados por:

bh 3 45 × 1003
I x1 = I x + Ad x2− x ⇔ I x1 = + bh × d x2− x ⇔ I x1 = + 45 × 100 × (− 5) ⇔
2

12 12

⇔ I x1 = 3.86 × 10 6 mm 4

hb 3 100 × 453
I y1 = I y + Ad y2− y ⇔ I y1 = + bh × d y2− y ⇔ I y1 = + 45 × 100 × (− 74 ) ⇔
2

12 12

⇔ I y1 = 25.40 × 10 6 mm 4

Pxy1 = Pxy + A × d x − x × d y − y ⇔ Pxy1 = 0 + bh × d x − x × d y − y ⇔ Pxy1 = 0 + 45 × 100 × (− 5)× (− 74 ) ⇔

⇔ Pxy1 = 1.67 × 106 mm 4

Fazendo a mesma análise para o quadrante, teremos:

74
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 3-6

Os momentos de inércia e o produto de inércia, neste caso, serão dados, respetivamente, por:

π × r2 π × 452
I x 2 = I x + Ad x2− x ⇔ I x 2 = 0.0549 × r 4 + × d x2− x ⇔ I x 2 = 0.0549 × 454 + × (25.90 ) ⇔
2

4 4

⇔ I x 2 = 1.29 × 106 mm 4

π × r2 π × 452
I y 2 = I y + Ad y2− y ⇔ I y 2 = 0.0549 × r 4 + × d y2− y ⇔ I y 2 = 0.0549 × 454 + × (− 77.40) ⇔
2

4 4

⇔ I y 2 = 9.75 × 106 mm 4

π × r2
(
Pxy 2 = Pxy + A × d x − x × d y − y ⇔ Pxy 2 = −1× − 0.0165 × r 4 + ) 4
× d x−x × d y− y ⇔

π × 452
⇔ Pxy1 = 0.0165 × 454 + (25.90)× (− 77.40) ⇔ Pxy 2 = −3.12 ×106 mm 4
4

Finalmente, para o triângulo teremos a figura seguinte (as coordenadas do centro de gravidade foram
calculadas na alínea anterior):

Figura 3-7
Os momentos de inércia e o produto de inércia serão dados, respetivamente, por:

75
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

b × h3 b × h 45 × 553 45 × 55
I x 3 = I x + Ad x2− x ⇔ I x 3 = + × d x2− x ⇔ I x 3 = + × (− 36.67 ) ⇔
2

36 2 36 2

⇔ I x 3 = 1.87 × 10 6 mm 4

h × b3 b × h 55 × 453 55 × 45
I y 3 = I y + Ad y2− y ⇔ I y 3 = + × d y2− y ⇔ I y 3 = + × (− 66.50 ) ⇔
2

36 2 36 2

⇔ I y 3 = 5.61× 106 mm 4

 b2 × h2  b × h
Pxy 3 = Pxy + A × d x − x × d y − y ⇔ Pxy 3 = −1×  − + × d x− x × d y − y ⇔
 72  2
452 × 552 45 × 55
⇔ Pxy 3 = + × (− 36.67 )× (− 66.50 ) ⇔ Pxy 3 = 3.10 × 10 6 mm 4
72 2

Substituindo os valores obtidos nas equações genéricas escritas no início desta alínea, teremos:

I x = 3.86 × 10 6 − 1.29 × 10 6 − 1.87 × 10 6 mm 4 ⇔ I x = 698 × 10 3 mm 4

I y = 25.40 × 10 6 − 9.76 × 10 6 − 5.61× 10 6 mm 4 ⇔ I y = 10.03 × 10 6 mm 4

Pxy = 1.67 × 10 6 − (−3.12 × 10 6 ) − 3.10 × 10 6 mm 4 ⇔ Pxy = 1.69 × 10 6 mm 4

d) Os raios de giração são definidos pelas expressões seguintes:

Ix
k x2 =
A

Iy
k y2 =
A

Como Ix, Iy e A já foram obtidos nas alíneas anteriores, resta efetuar os cálculos:

Ix 698 × 103
k x2 = ⇔ kx = ⇔ k x = 20.43 mm
A 1672.07

Iy 10.03 × 10 6
k y2 = ⇔ ky = ⇔ k y = 77.45 mm
A 1672.07

e) Os momentos e eixos principais podem ser obtidos por via analítica ou por via gráfica. Comecemos
por determinar estas grandezas por via analítica:
i) Via analítica

76
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Sendo conhecidos os momentos de inércia e o produto de inércia em relação à origem do sistema oxy,
podemos obter os momentos principais de inércia recorrendo às expressões seguintes:

Ix + Iy  I − Iy
2

I máx = +  x  + Pxy2
2  2 

Ix + Iy  I − Iy
2

I mín = −  x  + Pxy2
2  2 

Substituindo, temos:

2
698 × 10 3 + 10.03 × 10 6  698 × 10 3 − 10.03 × 10 6 
I máx =
2
+ 
2
(
 + 1.69 × 10 6 ) 2
⇔ I máx = 10.33 ×10 6 mm 4
 

2
698 × 103 + 10.03 × 10 6  698 × 103 − 10.03 × 10 6 
I mín =
2
− 
2
(
 + 1.69 × 10 6 )
2
⇔ I mín = 404.10 × 10 3 mm 4
 

Para determinar os eixos principais basta recorrer à expressão que se segue:

2 × Pxy
tg 2θ n = −
Ix − Iy

onde θn representa a orientação dos eixos principais relativamente ao sistema de eixos oxy. Substituindo,
obtém-se:

2 × 1.69 × 10 6
tg 2θ n = − ⇔ tg 2θ n = 0.362 ⇔ 2θ n = arc tg (0.362) ⇔
698 × 10 3 − 10.03 × 10 6

⇔ 2θ n = 19.89º ⇔ θ n = 9.945º

Na figura seguinte está representada a posição dos eixos principais.

Figura 3-8

77
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

ii) via gráfica (círculo de Mohr)

A construção do círculo de Mohr1 obedece a algumas regras, que a seguir se explicam. Admitamos que
são conhecidos os valores de Ix, Iy e Pxy em relação a um par de eixos retangulares com a origem em O.
Estas três grandezas definem dois pontos com coordenadas A(Ix, Pxy) e B(Iy, -Pxy). Se Pxy é positivo então
A fica acima do eixo horizontal e B fica abaixo; se Pxy é negativo, acontece o contrário. Para o exercício
em análise, temos:

A (698×103, 1.69×106) e B (10.03×106, -1.69×106)

Representemos os dois pontos graficamente. Tracemos uma reta a unir ambos (ver figura seguinte). Note-
se que os três valores foram divididos por 1×106 para simplificar a representação, o que equivale a dizer
que foram representados os pontos: A (0.698, 1.69) e B (10.03, -1.69). A interceção do segmento de reta
AB com o eixo horizontal define o ponto c que representa o centro de um círculo cujo diâmetro é dado
pela distância entre A e B.

Figura 3-9

Os momentos principais de inércia correspondem aos valores mínimo (Imín) e máximo (Imáx) obtidos no
eixo das abcissas. Graficamente, estas grandezas correspondem aos pontos A’ e B’ representados na
figura seguinte. O ângulo entre os segmentos de reta AB e A’B’ (2θp), medido no sentido anti-horário,
corresponde ao dobro da amplitude da direção principal (ver figura seguinte).

Como é natural, a precisão desta abordagem é menor do que a que se consegue com a via analítica. No
entanto, verifica-se que quer os valores de Imín e Imáx quer o valor de 2θp são próximos dos resultados
obtidos analiticamente.

1
Otto Mohr (1835-1918): engenheiro alemão pioneiro na utilização do círculo para demonstrar as
relações entre os momentos de inércia e o produto de inércia.

78
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 3-10

4. Determine, para a área plana representada na figura seguinte, relativamente aos eixos oxy: a) as
coordenadas do centro de gravidade; b) os momentos de inércia e o produto de inércia; c) os
momentos principais de inércia e os eixos principais de inércia; d) momentos principais centrais de
inércia e os eixos principais centrais de inércia.

Figura 4

5. Observe a área plana da figura seguinte. Relativamente aos eixos x e y sabe-se que as coordenadas do
centro de gravidade são dadas por: x = 23.10 mm e y = 26.10 mm. Em relação ao mesmo referencial
os momentos de inércia e o produto de inércia são dados por: Ix = 2.03×106 mm4, Iy = 1.66×106 mm4
e Pxy = 1.22×106 mm4. Determine os momentos de inércia e o produto de inércia para um sistema de
eixos com origem no: a) centro de gravidade; b) ponto A; c) ponto A rodado 30º, no sentido horário,
em relação aos eixos oxy.

79
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 5

6. A viga em U representada na figura tem espessura constante de 10 mm. Sabendo que as coordenadas
do centro de gravidade, os momentos de inércia e o produto de inércia calculados em relação ao
sistema de eixos oxy são respetivamente: x = 15.0 mm, y = 30.0 mm, Ix = 1.64×106 mm4,

Iy = 440.00×103 mm4 e Pxy = 540.00×103 mm4, determine os momentos de inércia e o produto de


inércia para um sistema de eixos: a) centrado no centro de gravidade; b) rodado 15º no sentido
anti-horário em relação ao sistema de eixos oxy; c) centrado no ponto A; d) centrado em B rodado 45º
no sentido horário em relação ao sistema de eixos oxy.

Figura 6

Resolução do problema n.º6


a) Como são conhecidos os valores de Ix, Iy e Pxy e também as coordenadas do centro de gravidade em
relação ao sistema de eixos oxy, podemos determinar os momentos de inércia e o produto de inércia
para um sistema de eixos com origem no centro de gravidade recorrendo ao teorema dos eixos
paralelos. As equações a utilizar são dadas por:

80
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

I x = I x + Ad x2− x ⇔ I x = I x − Ad x2− x

I y = I y + Ad y2− y ⇔ I y = I y − Ad y2− y

Pxy = Pxy + A d x − x d y − y ⇔ Pxy = Pxy − A d x − x d y − y

Na figura estão representadas as distâncias entre o eixos x e x , e entre y e y , dadas no enunciado.

Figura 6-1

Das variáveis representadas nas equações anteriores falta apenas determinar a área da peça que
pode ser obtida através da expressão seguinte:

A = 40 × 10 + 40 × 10 + 40 × 10 ⇔ A = 1200 mm 2

Substituindo os valores respetivos nas equações anteriores, obtemos:

I x = I x − A × d x2− x ⇔ I x = 1.64 ×10 6 − 1200 × (30 ) ⇔ I x = 560.00 × 10 3 mm 4


2

I y = I y − A × d y2− y ⇔ I y = 440.00 × 103 − 1200 × (15) ⇔⇔ I y = 170.00 × 103 mm 4


2

Pxy = Pxy − A × d x − x × d y − y ⇔ Pxy = 540.00 × 10 3 − 1200 × 30 × 15 ⇔ Pxy = 0 mm 4

Neste caso seria expetável obter Pxy = 0 mm4, pois x é um eixo de simetria. Assim sendo, podemos

também concluir que os valores de I x e I y agora calculados representam os momentos principais de

inércia (momentos de inércia máximo e mínimo). Veja-se que as coordenadas dos pontos A e B do
círculo de Mohr são iguais a:

A (560×103, 0) e B (170×103, -0)

O círculo de Mohr correspondente está representado na figura seguinte. Para simplificar a

81
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

representação, os valores de A e B foram divididos por 1×103.

Figura 6-2

b) Os valores dos momentos de inércia e do produto de inércia para um sistema rodado 15º no sentido
anti-horário, relativamente ao sistema oxy inicial, podem ser calculados através das expressões:

Ix + Iy Ix − Iy
I x' = + cos 2θ − Pxy sin 2θ
2 2

Ix + Iy Ix − Iy
I y' = − cos 2θ + Pxy sin 2θ
2 2

Ix − Iy
Px ' y ' = cos 2θ + Pxy sin 2θ
2

Todas as variáveis representadas nas equações anteriores são já conhecidas. Na figura seguinte está
representada esquematicamente a rotação pedida no enunciado.

Figura 6-3

82
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Substituindo os valores respectivos nas três equações anteriores temos os resultados seguintes:

1.64 × 106 + 440.00 × 103 1.64 × 10 6 − 440.00 × 103


I x' = + cos(2 × 15º ) − 540.00 × 103 sin (2 × 15º )
2 2

⇔ I x ' = 1.281× 106 mm 4

1.64 × 106 + 440.00 × 103 1.64 × 106 − 440.00 × 103


I y' = − cos(2 × 15º ) + 540.00 × 103 sin (2 × 15º )
2 2

⇔ I y ' = 790.04 × 103 mm 4

1.64 × 106 − 440.00 × 103


Pxy = cos(2 × 15º ) + 540.00 ×103 sin (2 × 15º )
2

⇔ Pxy = 767.70 × 103 mm 4

Esta questão pode também ser resolvida recorrendo ao círculo de Mohr. Teríamos as coordenadas A
e B dadas por:

A (1.64×106, 540.00×103) e B (440.00×103, - 540.00×103)

O círculo de Mohr correspondente está desenhado na figura seguinte. Para facilitar a representação
gráfica, os valores de A e B foram divididos por 1×103.

Figura 6-4

83
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Seguidamente, efetua-se uma rotação de 15º no sentido anti-horário, que corresponde no círculo de
Mohr ao dobro da amplitude, isto é, 30º.

Figura 6-5

Com esta rotação obtém-se o segmento de recta A’B’ cujas coordenadas de A’ e B’ correspondem aos
valores de Ix, Iy e Pxy para o sistema rodado, designados aqui por Ix’, Iy’ e Px’y’.

Figura 6-6

Como se pode constatar, os resultados obtidos graficamente aproximam-se significativamente


daqueles que se obtiveram previamente por via analítica.

c) Os momentos de inércia e do produto de inércia para um sistema de eixos centrado no ponto A (ver
figura seguinte) podem ser determinados aplicando o teorema dos eixos paralelos. Sendo x’ e y’ os

84
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

novos eixos e Ix’, Iy’ e Px’y’ os momentos de inércia e o produto de inércia obtidos para os novos eixos,
então as relações entre os novos eixos e os eixos que passam no centro de gravidade da peça são
dadas por:

I x ' = I x + A × d x2' − x

I y ' = I y + A × d y2' − y

Px ' y ' = Pxy + A × d x ' − x × d y ' − y

As distâncias entre os eixos horizontais e os eixos verticais dos dois sistemas de eixos estão indicadas
na figura seguinte.

Figura 6-7

Atendendo a que os momentos de inércia e o produto de inércia para os eixos com origem no centro
de gravidade foram já calculados na alínea anterior, resta-nos substitui-los nas equações anteriores.
Assim, temos:

I x ' = I x + A × d x2' − x ⇔ I x ' = 560.00 × 10 3 + 1200 × (− 30 ) ⇔ I x ' = 1.64 × 10 6 mm 4


2

I y ' = I y + A × d y2' − y ⇔ I y ' = 170.00 × 103 + 1200 × (− 25) ⇔ I y ' = 920 × 103 mm 4
2

Px ' y ' = Pxy + A × d x ' − x × d y ' − y ⇔ Px ' y ' = 0 + 1200 × (− 30 )× (− 25 ) ⇔ Px ' y ' = 900 × 10 3 mm 4

d) O cálculo dos momentos de inércia e do produto de inércia para um sistema de eixos centrado em
B e rodado 45º no sentido horário em relação ao sistema de eixos oxy envolve duas operações. Pode
ser tratado como uma translação dos eixos (semelhante à alínea anterior) seguida de uma rotação dos
eixos em torno da origem (semelhante à alínea b). Então, inicialmente, são determinados os valores

85
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

dos momentos de inércia e produto de inércia para o sistema de eixos o’x’y’ representado na figura
seguinte (que não sofreu qualquer rotação) e aos quais chamaremos Ix’, Iy’ e Px’y’. Posteriormente, são
determinados os valores dos momentos de inércia e produto de inércia para o sistema rodado
o’’x’’y’’ representado em baixo e aos quais chamaremos Ix’’, Iy’’ e Px’’y’’.

Figura 6-8

A determinação dos momentos de inércia e produto de inércia para o sistema de eixos o’x’y’ pode ser
efetuada, como já foi referido, de modo semelhante ao que se fez na alínea anterior, isto é, aplicando
o teorema dos eixos paralelos. As distâncias entre o sistema de eixos com origem no centro de
gravidade e o sistema de eixos o'x’y’ centrado em B estão representadas na figura seguinte:

Figura 6-9

Aplicando o teorema dos eixos paralelos temos:

I x ' = I x + A × d x2' − x ⇔ I x ' = 560.00 × 10 3 + 1200 × (20 ) ⇔ I x ' = 1.040 × 10 6 mm 4


2

I y ' = I y + A × d y2' − y ⇔ I y ' = 170.00 × 103 + 1200 × (5) ⇔ I y ' = 200 × 103 mm 4
2

Px ' y ' = Pxy + A × d x ' − x × d y ' − y ⇔ Px ' y ' = 0 + 1200 × (20 )× (5) ⇔ Px ' y ' = 120 × 10 3 mm 4

86
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Seguidamente, tendo em conta que já são conhecidos os momentos de inércia e o produto de inércia
relativamente ao sistema de eixos centrado em B, podemos recorrer às equações seguintes (utilizadas
na alínea b) para determinar os valores de Ix’’, Iy’’ e Px’’y’’.

Ix + Iy Ix − Iy
I x' = + cos 2θ − Pxy sin 2θ
2 2

Ix + Iy Ix − I y
I x' = − cos 2θ + Pxy sin 2θ
2 2

Ix − Iy
Px ' y ' = cos 2θ + Pxy sin 2θ
2

A rotação ocorre sentido horário e por isso deve ser negativa. Substituindo os valores respetivos,
temos:

1.040 × 10 6 + 200 × 103 1.040 × 10 6 − 200 × 103


I x '' = + cos(90º ) − 120 × 103 sin (− 90º )
2 2

⇔ I x '' = 500.00 × 106 mm 4

1.040 × 10 6 + 200 × 103 1.040 × 10 6 − 200 × 103


I y '' = − cos(− 90º ) + 120.00 × 103 sin (− 90º )
2 2

⇔ I y '' = 739.10 × 103 mm 4

1.04 × 106 − 200 × 103


Px '' y '' = cos(− 90º ) + 360.00 × 103 sin (− 90º )
2

⇔ Px '' y '' = 420.00 × 103 mm 4

7. Para a figura plana representada na figura seguinte, determine relativamente ao sistema de eixos oxy:
a) as coordenadas do centro de gravidade; b) os momentos estáticos; c) os momentos de inércia e o
produto de inércia; d) os raios de giração; e) os momentos principais de inércia e os eixos principais
de inércia; f) os momentos principais centrais de inercia e os eixos principais centrais de inércia;
g) os momentos de inércia e o produto de inércia para um sistema de eixos com origem no centro de
gravidade e rodado -15º em relação ao sistema de eixos oxy.

87
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 7

8. Considere a área plana da figura. Determine relativamente ao sistema de eixos oxy: a) as coordenadas
do centro de gravidade; b) os momentos de inércia e o produto de inércia; c) os momentos estáticos;
d) os raios de giração; e) o momento polar de inércia.

Exame especial 2007/8

Figura 8

88
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Resolução do problema n.º8


a) As coordenadas horizontal e vertical do centro de gravidade da superfície plana em análise podem
ser obtidas a partir das equações seguintes:

∑x A i i
x= i =1
n

∑A
i =1
i

∑yA i i
y= i =1
n

∑A
i =1
i

onde Ai, xi e yi representam, respetivamente, a área e as coordenadas horizontal e vertical do centro

de gravidade da figura i. Por opção, a superfície plana do enunciado foi decomposta em três figuras
simples: um semicírculo, um triângulo e um quadrante (ver figura 8-1).

Figura 8-1

Seguidamente vamos analisar isoladamente cada uma das três figuras. Para o semicírculo, as
coordenadas horizontal (x1 ) e vertical ( y1 ) do centro de gravidade estão representadas na figura 8-2.

89
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Figura 8-2

As expressões seguintes permitem obter, respetivamente, a área e as coordenadas x e y do centro de


gravidade:

π × 52
A1 = ⇔ A1 = 39.267 cm 2
2

4×5
x1 = 2 + 5 − ⇔ x1 = 4.878 cm

y1 = −5 + 1 ⇔ y1 = −4 cm

De forma idêntica, para o triângulo, a área (A2) e as coordenadas horizontal ( x2 ) e vertical ( y2 ) do

centro de gravidade podem ser obtidas através das equações seguintes (na figura 8-3 estão
representadas graficamente as duas últimas variáveis referidas).

4×3
A2 = ⇔ A2 = 6 cm 2
2

4
x2 = 2 + 5 − ⇔ x2 = 5.667 cm
3

3
y 2 = −3 + ⇔ y 2 = −2 cm
3

90
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Figura 8-3

Por fim, para o quadrante, a representação gráfica das coordenadas horizontal (x3 ) e vertical ( y3 ) do

centro de gravidade pode ser vista na figura seguinte.

Figura 8-4

A área e as coordenadas do centro de gravidade podem ser obtidas através das expressões seguintes:

π × 32
A3 = ⇔ A3 = 7.069 cm 2
4

91
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4×3
x3 = 7 − ) ⇔ x3 = 5.727 cm

4×3
y3 = −3 − ⇔ y3 = −4.273 cm

Na tabela seguinte calculam-se, na última linha, os somatórios da área e dos produtos Ai ⋅ xi e Ai ⋅ yi

que servirão para obter as coordenadas do centro de gravidade da peça. Note-se que as áreas do
triângulo (II) e do quadrante (III) são negativas já que correspondem a zonas vazias da peça.

Figura Ai [cm2] xi [cm] yi [cm] Ai ⋅ xi [cm3] Ai ⋅ yi [cm3]


I 39.267 4.878 -4.000 191.540 -157.068
II -6.000 5.667 -2.000 -34.002 12.000
III -7.069 5.727 -4.273 -40.479 32.205
∑ 26.199 117.059 -114.863

Tabela 1

Substituindo nas equações iniciais temos, finalmente:

x=
∑A ⋅x i i
⇔x=
A1 ⋅ x1 + A2 ⋅ x2 + A3 ⋅ x3
⇔x=
117.059
⇔ x = 4.468 cm
∑A i A1 + A2 + A3 26.199

y=
∑A ⋅y i i
⇔x=
A1 ⋅ y1 + A2 ⋅ y2 + A3 ⋅ y3
⇔y=
− 114.863
⇔ y = −4.384 cm
∑A i A1 + A2 + A3 26.199

b) Os momentos de inércia e o produto de inércia podem também ser calculados considerando que a
peça é composta por figuras simples. Assim, os valores de Ix, Iy e Pxy serão dados pelas expressões
seguintes (os momentos de inércia e produtos de inércia de áreas inexistentes são subtraídos):

I x = I x1 − I x 2 − I x 3

I y = I y1 − I y 2 − I y 3

Pxy = Pxy1 − Pxy 2 − Pxy 3

Para o semicírculo, tendo em conta as coordenadas do centro de gravidade calculadas na alínea


anterior, ficamos com a seguinte figura:

92
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Figura 8-5

Tendo em conta os dados representados na figura 8-5, podemos calcular os momentos e o produto de
inércia através das equações seguintes:

π × r4 π × r2 π × 54 π × 52
I x1 = I x + Ad x2− x ⇔ I x1 = + × d x2− x ⇔ I x1 = + × (− 4 ) ⇔
2

8 2 8 2

⇔ I x1 = 873.735 cm 4

I y1 = I y + Ad y2− y ⇔ I y1 =
(9 π 2
)
− 64 × r 4 π × r 2
+ × d y2− y ⇔ I y1 =
(
9 π 2 − 64 × 5 4 π × 5 2
+
)
× (4.878) ⇔
2

72 π 2 72 π 2

⇔ I y1 = 1002.983 cm 4

π r4 π 54
Pxy1 = Pxy + A × d x − x × d y − y ⇔ Pxy1 = 0 + × d x − x × d y − y ⇔ Pxy1 = 0 + × (− 4 )× (− 4.878) ⇔
2 2

⇔ Pxy1 = −766.217 cm 4

Para o triângulo, de acordo com os cálculos efetuados na alínea anterior, é possível obter a seguinte
figura:

93
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 8-6

Tendo em conta os dados representados, podemos chegar aos valores dos momentos de inércia e do
produto de inércia através das expressões seguintes:

b × h3 b h 4 × 32 4 × 3
I x 2 = I x + Ad x2− x ⇔ I x 2 = + × d x2− x ⇔ I x 2 = + × (− 2 ) ⇔
2

36 2 36 2

⇔ I x 2 = 27.0 cm 4

h × b2 b h 3 × 42 4 × 3
I y 2 = I y + Ad y2− y ⇔ I y 2 = + × d y2− y ⇔ I y 2 = + × (5.667 ) ⇔
2

36 2 36 2

⇔ I y 2 = 198.023 cm 4

 b2 h2  b h
Pxy 2 = Pxy + A × d x − x × d y − y ⇔ Pxy 2 = −1× − + × d x− x × d y − y ⇔
 72  2
 4 2 32  4 × 3
⇔ Pxy1 = −1× −  + 2 × (− 2 )× 5.667 ⇔ Pxy 2 = −66.004 cm
4

 72 

Finalmente, para o quadrante, podemos efetuar os cálculos necessários com o auxílio da figura
seguinte, onde se representam as coordenadas do centro de gravidade calculadas na alínea anterior.

94
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 8-7

Os momentos e o produto de inércia são dados, respetivamente por:

I x 3 = I x + Ad x2− x ⇔ I x 3 =
(9π 2
)
− 64 × r 4 π × r 2
+ × d x2− x ⇔ I x 3 =
(
9π 2 − 64 × 34 π × 32
+
)
× (− 4.273) ⇔
2

144 π 4 144 π 4

⇔ I x 3 = 133.519 cm 4

I y 3 = I y + Ad y2− y ⇔ I y 3 =
(9 π 2
)
- 64 × r 4 π r 2
+ × d y2− y ⇔ I y 3 =
(
9 π 2 - 64 × 34 π 32
+
)
× (5.727 ) ⇔
2

144 π 4 144 π 4

⇔ I y 3 = 236.260 cm 4

Pxy 3 = Pxy + A × d x − x × d y − y ⇔ Pxy 3 =


(9 π - 32)× r 4 + π r 2 × d × d y− y ⇔
x−x
72 π 4

⇔ Pxy 3 =
(9 π - 32)× 34 + π 32 × (− 4.273)× (5.727) ⇔ P = 174.311 cm 4
72 π
xy 3
4

Substituindo os cálculos anteriores nas equações escritas no início desta alínea, temos:

I x = 873.735 − 27.0 − 133.519 ⇔ I x = 713.216 cm 4

I y = 1002.983 − 198.023 − 236.260 ⇔ I y = 568.699 cm 4

Pxy = −766.219 − (−66.004) − 174.311 ⇔ Pxy = −874.436 cm 4

95
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

c) Os momentos estáticos podem ser obtidos a partir das expressões seguintes:

S x = ∑ Ai ⋅ yi

S y = ∑ Ai ⋅ xi

Estes somatórios foram já calculados na Tabela 1. Assim, temos:

S x = ∑ Ai ⋅ yi ⇔ S x = A1 ⋅ y1 + A2 ⋅ y2 + A3 ⋅ y3 ⇔ S x = −114.863 cm 3

S y = ∑ Ai ⋅ xi ⇔ S y = A1 ⋅ x1 + A2 ⋅ x2 + A3 ⋅ x3 ⇔ S y = 117.059 cm 3

d) Os raios de giração podem ser calculados através das equações:

Ix
k x2 =
A

Iy
k y2 =
A

A área da peça (A) foi calculada na aliena a. Os momentos de inércia (Ix e Iy) da peça foram
calculados na alínea b. Substituindo os valores respetivos nas equações, temos:

Ix 713.216
k x2 = ⇔ kx = ⇔ k x = 5.217 cm
A 26.199

Iy 568.699
k y2 = ⇔ ky = ⇔ k y = 4.370 mm
A 26.199

e) O momento de inércia polar (J) da superfície composta podem ser obtido através da análise isolada
de cada uma das figuras simples consideradas nas alíneas anteriores. Portanto, podemos escrever a
seguinte expressão:

J = J1 − J 2 − J 3

onde J1, J2 e J3 são os momentos de inércia polares das três áreas simples consideradas nesta
resolução. Para o semicírculo, os dados necessários para efetuar os cálculos estão representados na
figura seguinte.

96
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

Figura 8-8

Assim, o momento de inércia polar será dado por:

8  π r2 2 8  π 52
1
J1 = J 0 + Ad 2 ⇔ J1 = π × r 4  − 2
+
1
d ⇔ J1 = π × 54  − + (
× 4 2 + 4.8782 ⇔ )
4 9π   4 9 π 
2
2 2

⇔ J1 = 1876.393 cm 4

Para o triângulo, podemos efetuar os cálculos com base nas variáveis representadas na figura 8-9.

Figura 8-9

97
Capítulo 5 - Geometria de massas Ricardo Branco © 2012

O momento de inércia polar será dado pela expressão seguinte:

b h 3 + b 3 h bh 2 3 × 43 + 43 × 3 3 × 4
J 2 = J 0 + Ad 2 ⇔ J 2 =
36
+ d ⇔ J2 =
2 36
+
2
( )
× 5.667 2 + 2 2 ⇔

⇔ J 2 = 225.023 cm 4

Finalmente, para o quadrante, os dados necessários para efetuar os cálculos estão representados na
figura seguinte.

Figura 8-10

O momento de inércia polar será dados por:

π 8  π r2 2 4 π 8  π 32
J 3 = J 0 + Ad 2 ⇔ J 3 = r 4  − + d ⇔ J = 3 (
 4 9 π  + 2 × 5.727 + 4.273 ⇔
− 2 2
)
 4 9 π 
3
4

⇔ J 3 = 369.791 cm 4

Finalmente, resolvendo a equação inicial, temos:

J = J1 − J 2 − J 3 ⇔ J = 1876.393 − 225.023 − 369.791 ⇔ J = 1281.579 cm 4

98
Anexo I

Áreas, centros de gravidade, momentos e produtos de inércia de áreas planas simples

Retângulo Círculo

A = b×h b h
x= y= A = πr 2 x=r y=r
2 2

bh 3 hb 3 πr 4 πr 4
Ix = Iy = Ix = Iy =
12 12 4 4

bh 3 hb 3 5πr 4 5πr 4
Ix = Iy = Ix = Iy =
3 3 4 4

b 2h2 Pxy = πr 4
Pxy =
4

J=
(bh 3
+ hb 3 ) J=
π r4
12 2

Semicírculo Quarto de círculo

πr 2 x = r y = 4r πr 2 4r 4r
A= A= x= y=
2 3π 4 3π 3π

Ix =
(9π 2
)
− 64 r 4
Iy =
πr 4
Ix = Iy =
(9π 2
− 64 r 4 )
72π 8 144π

πr 4 5πr 4 πr 4 πr 4
Ix = Iy = Ix = Iy =
8 8 16 16

Pxy =
2r 4
Pxy =
(9π − 32)r 4 Pxy =
r4
3 72π 8

1 8  π 8 
J = π r4 − 2 
J = r4 − 
 4 9π   8 9π 

Triângulo Elipse

A=
bh
x=
b
y=
h A = πab x =a y =b
2 3 3

bh 3 hb 3 πab 3 πa 3b
Ix = Iy = Ix = Iy =
36 36 4 4

bh 3 hb 3 5πab 3 5πa 3b
Ix = Iy = Ix = Iy =
12 12 4 4

b 2h2 b 2h2 Pxy = πa 2b2


Pxy = − Pxy =
72 24

J=
(bh 3
+ hb 3 )
J=
π (ba 3 + ab 3 )
36 4
Anexo 1I

Principais unidades de base e derivadas do Sistema Internacional (SI) usadas na mecânica

Grandeza física Nome Símbolo


Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Ângulo plano radiano rad
Área metro quadrado m2
Volume metro cúbico m3
Força ou peso newton N
Momento de uma força newton metro N⋅m
Momento estático metro cúbico m3
Raio de giração metro m
Momento de inércia metro à quarta m4
Produto de inércia metro à quarta m4

Prefixos dos múltiplos e submúltiplos de unidades

Prefixo Símbolo Potência


tera T 1012
giga G 109
mega M 106
kilo k 103
hecto h 102
deca d 101
deci d 10-1
centi c 10-2
mili m 10-3
micro µ 10-6
nano ν 10-9
Anexo 1I

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