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ISSN 2176-6738
A PROFECIA DA TERRA PROMETIDA QUE MANA LEITE E MEL: DOM BOSCO
E O MISTICISMO EM BRASÍLIA444
RESUMO: Em 1883 o sacerdote italiano João Belchior Bosco narrou em sua obra Memórias
Biográficas a respeito de um sonho no qual ele teria percorrido a América Latina guiado por
um anjo que lhe mostrou um local escolhido por Deus. Muitos intérpretes acreditam que ele se
localiza no coração do Brasil. Seria a nova Canaã, a terra prometida que mana leite e mel, a
progenitora de uma nova civilização. Em 1960 nasce Brasília, abrilhantada por muitos discursos
que se basearam neste sonho de Dom Bosco, na verdade, empregando-o como uma estratégia
política para efetivação de seu projeto mudancista. Este fato foi claramente forjado pelos
estadistas goianos, interessados na construção da nova capital em seu território. Mesmo antes
de a capital ser inaugurada, ainda nos anos de sua construção, muitos grupos esotéricos
começaram a se deslocar para a região acreditando nas profecias de Dom Bosco e na
predestinação de Brasília como a capital do terceiro milênio.
INTRODUÇÃO
444
O presente artigo é um recorte temático da Tese de Doutorado que está no momento em processo de construção,
intitulada Da Terra Prometida à Nova Akhetaton: Representações Místicas de Brasília (1956 – 1989).
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Doutoranda em História (UFG). Orientador: Alexandre Martins de Araújo. Bolsista CAPES/FAPEG. Mestra
em Ciências Sociais e Humanidades (UEG). Especialista em Tecnologias em EAD (UNICID). Graduada em
História (UEG). e-mail: pepita_af@hotmail.com
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uma série de estudos no Planalto Central, definindo o quadrilátero no qual a nova capital seria
construída. A sua concretização só começou a ocorrer a partir da década de 20, quando foi
inaugurada a pedra fundamental de Brasília pelo projeto do presidente Epitácio Pessoa. Mas
somente em 1956 o Congresso sanciona a lei n. 2.874 que propõe a construção da nova capital,
com a iniciativa do presidente Juscelino Kubitscheck.
Juscelino Kubitschek pretendia criar uma capital para o Brasil para transformá-lo.
Brasília seria a causa e não a consequência do desenvolvimento econômico do Brasil. A sua
estratégica localização também promoveria a interligação entre as demais regiões do país. E
para isso, seria necessário que Brasília constituísse uma inovação em relação a todas as outras
cidades no país, assim ela emerge como a cidade modernista, por trazer inovações no campo
urbanístico, tecnológico, educacional, político, e muitos outros. A sua modernidade não a
apartou do discurso místico.
Adirson Vasconcelos (1989), entusiasta de Brasília, acredita que são muitos os fatos
que nos levam a identificar estágios de evolução espiritual da cidade. Muitos espiritualistas,
místicos, esotéricos, e como diz o autor, falsos profetas, tem revelado profecias que propagaram
essa aura mística. Dentre estas profecias se destacou o sonho premonitório do padre italiano
São João Bosco, o qual merece o escopo deste artigo.
Nos propomos a debater a respeito das origens da aura mística de Brasília, e entender
o embrionamento dos diversos discursos pautados no sonho de Dom Bosco, que levaram a
atribuição de tal imagem para a cidade, compreendendo todos a nível de representação como
forma de um imaginário coletivo. Pretendemos mostrar que a visão profética do sacerdote
italiano João Dom Bosco se tornou a pedra angular da fundação da nova capital, sendo o mais
utilizado pelos empreendedores de Brasília em seus discursos, como uma estratégia política.
Estratégia esta, apoiada pelos estadistas goianos, os mais interessados em ter uma capital federal
em seu território.
O sonho de Dom Bosco446 ficou impregnado até os dias de hoje na mídia, nas
religiosidades, nas festividades, solenidades, nos monumentos, no turismo, dentre outros. Foi o
que incutiu nas mentes excitadas em prol da mudança da capital ideais utópicos.
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“São João Bosco, o fundador da Congregação dos Salesianos, nasceu em 16 de agosto de 1815 em Becchi,
município de Castelnuovo d’ Asti, hoje Castelnuevo D. Bosco, Itália, e faleceu em 31 de janeiro de 1888, em
Turim. Foi canonizado por Pio XI em 1°. de abril de 1934. São muito conhecidas as faculdades sobrenaturais de
vidência do grande educador” (NOVACAP, 1957, p. 16).
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Dom Bosco (canonizado em 1934) influenciou muitas mentes em prol da transferência
da capital com o objetivo de fundar uma nova civilização. No ano de 1883, na cidade de Turin,
na Itália, Dom Bosco teve um sonho a partir do qual relatou447 sobre um jovem que o contatou
e o levou por uma viagem à América do Sul:
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Efetuamos recortes dos trechos mais importantes, devido ao fato de o relato ser muito extenso e Dom Bosco tê-
lo construído de forma muito detalhada. Assim, buscamos demonstrar a precisão da localização da região do
planalto central brasileiro. Efetuamos também a tradução do documento, que no original está em italiano.
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Como se fosse uma fita métrica (Couto, 2009, p. 17).
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com um brilho, de modo que, com um olhar, pudesse ver tudo [...] (BOM
BOSCO. In: LEMOYNE, 1935, p. 387 - 396).
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A crença de que o planeta Terra é um organismo vivo e que emite uma série de energias a partir do seu centro,
incorporando os solos, os aquíferos e os minerais da superfície do planeta. Desta forma, as forças telúricas
influenciam os seres vivos que habitam o planeta, podendo incidir com energias positivas ou negativas. Esse
conhecimento já era praticado por alguns povos da antiguidade que construíram seus templos e pirâmides sobre
locais considerados repletos de energias telúricas favoráveis, com o empreendimento de uma arquitetura sagrada.
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direção a Caracas (Venezuela), adentrando ao Brasil, onde passaria por Roraima, Manaus,
Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A partir deste último ponto, partiria para
Assunção (Paraguai), Buenos Aires (Argentina) e seguiria até Punta Arenas (Chile). Em outro
momento, o jovem que guia Dom Bosco lhe aponta um caminho para percorrer este território
rumo ao leste. Couto acredita que o ponto de partida seria Porto Velho (RO) que seguiria até
Pernambuco (RE). Couto também afirma que essa ferrovia transcontinental supera a
Transiberiana (de 9.000 km) que interliga Moscou a Vladivostok, só podendo ser um plano
divino com o objetivo de interligar as nações, para que elas possam se proteger de ameaças
externas.
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pedras preciosas e petróleo. Sobre a localização entre os paralelos 15 e 20, em nenhum outro
ponto localizado nesta abrangência aconteceu um fato tão importante como a construção de
uma cidade planejada e a transferência da capital do país. Não há registros de que Dom Bosco
esteve na América, e os mapas da época, eram muito imprecisos (Couto, 2009, p. 20 - 21).
Acredita-se desta forma, que apenas uma revelação divina poderia trazer informações tão
certeiras.
Oscar Niemeyer foi responsável, dentre outros edifícios da arquitetura monumental de
Brasília, pela idealização da Ermida Dom Bosco (Figura 2), uma capela inaugurada no ano de
1957 na região do Lago Sul. A capela apresenta o formato de uma pirâmide com base triangular
e seu interior abriga uma estátua de Dom Bosco e uma placa que recorda um trecho do seu
sonho. Sobre a Ermida, a Novacap publicou em seu boletim:
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Fonte: Autoria própria (2016).
O engenheiro Israel Pinheiro foi o responsável pelo canteiro de obras da construção da
Ermida Dom Bosco. Era um católico fervoroso e devoto de Dom Bosco, por isso, desejava
muito construir um monumento ao seu santo, e acreditava que o mesmo teria profetizado sobre
a sua sonhada cidade. Ele propôs que a capela fosse construída sobre um morro, de forma que
a estátua de Dom Bosco ficasse de frente para a cidade (Vasconcelos, 1989, p. 71 e 75).
Treze anos depois da inauguração da Ermida Dom Bosco, em 1970, outro templo, por
sua vez de caráter majestoso, foi construído em homenagem ao padre, o Santuário Dom Bosco
(Figura 3). O Santuário foi iniciativa da Congregação Salesiana, e criado pelo arquiteto Carlos
Alberto Naves. Foi eleito uma das sete maravilhas de Brasília450 no ano de 2008, pelo Bureau
Internacional de Capitais Culturais.
450
Em 2008 o IBOCC (Instituto Internacional de Capitais Culturais) realizou um concurso popular com o apoio
do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para eleger as sete maravilhas de Brasília,
obtendo mais de 64.000 votos. A colocação se deu da seguinte forma: 1ª Catedral de Brasília; 2ª Palácio do
Congresso Nacional; 3ª Palácio da Alvorada; 4ª Palácio do Planalto; 5ª Templo da Boa Vontade; 6ª Santuário Dom
Bosco; 7ª Ponte JK. Ranking de outros participantes: 8ª Palácio do Itamaraty; 9ª Supremo Tribunal Federal; 10ª
Fazenda Velha; 11ª Memorial JK; 12ª Museu da República; 13ª Teatro Nacional; 14ª Capela Nossa Senhora de
Fátima; 15ª Catetinho; 16ª Biblioteca Nacional; 17ª Praça dos Três Poderes; 18ª Torre de TV; 19ª Palácio da
Justiça, 20ª Palácio do Jaburu.
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Fonte: Brasília na Trilha (2016).
Disponível em: http://www.brasilianatrilha.com.br/2016/02/santuario-dom-bosco.html
Na segunda metade do século XIX, o salesiano Padre João Bosco, levado hoje
à glória dos altares, sonhou que pelo meado do século XX havia de criar-se
um grande foco de civilização entre os paralelos de 15 e 20° do hemisfério
austral. O fato consta do volume XVI das Memórias do Santo. Pois bem, na
época marcada e no lugar marcado, o atual Presidente da República fundou a
cidade de Brasília, para onde se vai transferir em 1960 a capital do nosso país.
O Dr. Juscelino transformou em realidade o sonho de S. João Bosco. Fala -se
muito em Brasília, principalmente mal. Pessoas que nunca puseram lá os pés
dizem coisas incríveis em que a credulidade humana, quase sempre voltada
para o mal, acredita piamente. Tive vontade de conhecer Brasília neste período
embrionário, como fiz com Goiânia, para depois comparar com a cidade
quando construída. Fui lá e voltei maravilhado com o que pude ver!
(NASCENTES, 1958, p. 13).
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Segundo Lourenço Tamanini (1994), a vinculação de um trecho da profecia de Dom
Bosco à construção de Brasília foi projeto dos mudancistas goianos, angustiados com a
possibilidade de a capital ser construída em solo mineiro. Desse modo, Segismundo Melo,
Germano Roriz e José Ludovico de Almeida foram os responsáveis pelo chamado Operação
Dom Bosco (Marques, 2006). A ideia era impressionar Israel Pinheiro, que ainda duvidada
sobre a possibilidade de construir a cidade em solo goiano. Uma vez que
Couto (2009, p. 21) relata que Segismundo Melo e Bernardo Sayão arrumaram logo
um pretexto para uma missa e que os salesianos do Ateneu celebraram a Primeira Missa de
Brasília. Juscelino Kubitschek, necessitando de mais apoio em seu projeto, tratou logo de expor
na sala principal do Catetinho o trecho do sonho emoldurado.
Jarbas Silva Marques (2006, p. 04) também acredita que toda essa mística no entorno
de Dom Bosco teria sido artifício dos mudancistas goianos receosos com as intervenções
mineiras. Na sua opinião, o padre jamais teria mencionado uma nova capital no Planalto Central
brasileiro.
Em 1962 Dom Bosco foi proclamado o copadroeiro de Brasília. O próprio presidente
JK relata sobre o sonho do sacerdote, demostrando sua crença na profecia, demonstrando
também o seu conhecimento da obra Memórias Biográficas:
Desse modo, uma estratégia política para reforçar a mudança da capital, forjada pelos
principais políticos goianos, tornou-se uma representação fortemente vinculada à mudança da
capital federal. Seja como for, até hoje não é consenso entre os intérpretes de que o trecho da
profecia de Dom Bosco refira-se especificamente à construção da nova capital federal no
Planalto Central. Contudo, Marcelo Reis (2008, p. 82) conclui que o fato notório é que essa
profecia convenceu e se tornou uma representação clássica, que atribuiu sentidos e passou a ser
reconhecida coletivamente.
Ao pesquisar a fundo o Vale do Amanhecer, Deis Siqueira e Marcelo Reis (2010, p.
36) analisam o imaginário coletivo a partir de três categorias definidas por Laplantine: a espera
messiânica ou milenarista, a possessão e a utopia. A primeira das três categorias representa, na
opinião dos autores, o momento histórico em que Brasília nasceu e todas as projeções que foram
a ela associadas, como a imagem de Terra Prometida. A espera messiânica ou milenarista é uma
resposta sociológica de uma sociedade questionadora dos valores universais e ideologias
hegemônicas ocidentais próprias da Modernidade, que não conseguiu suprir as suas aspirações
transcendentes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar das bases modernistas de Brasília, podemos perceber que seu projeto desde o
início contou com um apelo ao místico. Desde que o sonho considerado profético do padre
italiano Dom Bosco a respeito da terra prometida que mana leite e mel tornou-se conhecido
entre os estadistas brasileiros, passou a ser atribuído à construção da nova capital. Assim,
ocorreu uma mitificação da interiorização e da construção da nova capital que foi utilizada
como artifício para corroborar os interesses de seus empreendedores. Uma cidade alcançada
pela benção divina acarretaria uma maior aceitação da sociedade e demais classes dirigentes, já
que o Brasil sempre apresentou uma identidade extremamente religiosa.
Sem a pretensão de nos posicionar quanto à veracidade do sonho como uma profecia,
a questão aqui debatida é que o projeto da nova capital brasileira foi criado dentro desses
debates e criou um imaginário místico a partir das profecias de Dom Bosco, que por sua vez
tornou-se copadroeiro da cidade ao lado de Nossa Senhora Aparecida. Brasília foi assim
inaugurada a partir da benção divina, teve a sua Primeira Missa realizada no solo planaltino, da
mesma forma que Henrique de Coimbra celebrou a Primeira Missa no Brasil na praia da Coroa
Vermelha, sul da Bahia. Da mesma forma em que se demarcou a colonização do território
brasileiro, assim Brasília foi projetada por Lúcio Costa, como uma cruz, símbolo da cristandade,
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De acordo o espiritismo, os engenheiros siderais são entidades que perfazem uma hierarquia no plano cósmico.
Conhecidos também como arcanjos siderais ou espíritos construtores de mundos, estas entidades na verdade
existem em todas as religiões sob diversas denominações: no Hinduísmo são os Devas, no Judaísmo são os Anjos
do Senhor, do Zoroastrismo são os Senhores do Céu e da Terra, e de algumas escolas ocultistas são os Senhores
Soberanos dos Quatro Elementos. Para a Teosofia são os Senhores da Chama que vieram de Vênus e participaram
no processo de evolução da humanidade no Planeta Terra. “[...] seres de consciência altamente desenvolvida
provindos de outras localidades do cosmo e que auxiliaram no processo de disseminação e desenvolvimento da
vida em nosso planeta” (Bessa, 2012, p. 76).
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e símbolo de posse. A posse sobre o território do interior de Goiás. Mais uma vez o território
desconhecido foi conquistado e recebeu novas significações.
O fenômeno místico-esotérico elegeu Brasília como a capital do terceiro milênio e a
capital da Nova Era. Muitos grupos religiosos começaram a afirmar que possuíam visões a
respeito do lugar, e se instalaram com o objetivo de contribuir para a fundação de uma nova
civilização. Todos eles, também inspirados pelo sonho de Dom Bosco. Interessante perceber
que o sonho de um padre se desmembrou em diversas representações místicas sobre Brasília,
já que saiu do âmbito do catolicismo, perpassou pelo espiritismo, e alcançou novas
religiosidades.
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