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EVANGELHO SEGUNDO SÃO MARCOS

QUEM É JESUS?

Introdução

Marcos escreveu o seu Evangelho com a finalidade precisa de responder à


pergunta: «Quem é Jesus?». O evangelista, porém, não responde com doutrinas
teóricas ou discursos de Jesus. Ele apenas relata a prática ou atividade de Jesus,
deixando que o leitor chegue por si mesmo à conclusão de que Jesus é o Messias, o
Filho de Deus (1,1; 8,29; 14,61; 15,39). Portanto, na leitura do livro de Marcos, o
importante é perceber o significado do que Jesus faz, isto é, estar atento ao quadro
completo da sua atividade.

Através da sua prática, Jesus realiza o projeto messiânico segundo a vontade do


Pai, entrando em conflito com uma concepção de Messias ligada aos esquemas de
dominação. Nessa época, tinha-se a idéia de que o Messias viria como rei triunfante,
que libertaria a nação judaica do poderio romano, e faria Israel retomar o antigo
esplendor dos tempos de Davi e Salomão. Mas esse Messias não mudaria em nada, e
até mesmo aperfeiçoaria, o esquema interno classista e opressor, sustentado por uma
ideologia religiosa. Esse conflito se traduz concretamente no confronto da atividade de
Jesus com a sociedade judaica do seu tempo.

Toda a atividade de Jesus é o anúncio e a concretização da vinda do Reino de


Deus (Mc 1,15). E isso se manifesta pela transformação radical das relações humanas:
o poder é substituído pelo serviço (campo político), o comércio pela partilha (campo
econômico), a alienação pela capacidade de ver e ouvir a realidade (campo
ideológico). Trata-se de proposta alternativa de sociedade, que leva ao nivelamento
fraterno das pessoas. Isso provoca a oposição acirrada das autoridades e dos
privilegiados, que fazem de Jerusalém e do Templo a sede do seu poder e riqueza. O
resultado do conflito é a paixão e morte de Jesus. Mas Jesus não permanece morto. Ele
ressuscita, e sua Ressurreição é a sentença condenatória do sistema que o matou.

O livro de Marcos é apenas o começo da Boa Notícia (1,1). O autor deixa


claro, portanto, que sua obra não é completa e que, para chegar ao fim, supõe que o
leitor tome uma posição: continuar o livro através de sua própria vida, tornando-se
discípulo de Jesus. Como discípulo, o leitor deve agora chegar a uma decisão, isto é,
reconhecer Jesus como o Messias que leva à plenitude de vida (8,29; 15,39) e aceitar o
seu convite, indo ao encontro do Ressuscitado na Galiléia (16,7). Não se trata
simplesmente de voltar a ler o Evangelho desde 1,14, e sim de continuar no tempo
presente a atividade concreta de Jesus, através de prática que faça renascer
continuamente a esperança da vinda do Reino.

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