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As Diferenças nos 4 Evangelhos

O Novo Testamento da Bíblia apresenta quatro relatos distintos da vida, ministério e


ensinamentos de Jesus Cristo, conhecidos como os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e
João. Cada um desses evangelhos tem uma perspectiva única sobre a identidade de Jesus,
enfatizando diferentes aspectos de sua natureza e missão. Esta análise detalhada examinará as
características distintas de Jesus encontradas em cada evangelho, destacando como Mateus o
apresenta como o Messias prometido, Marcos o descreve como o Servo sofredor, Lucas o
retrata como o homem compassivo, e João o proclama como o Filho de Deus.

I. Mateus: Jesus é o Messias

No Evangelho de Mateus, Jesus é apresentado como o Messias esperado, o Rei prometido


descendente de Davi. Mateus inicia seu evangelho com uma genealogia que traça a linhagem
de Jesus desde Abraão até José, marido de Maria, estabelecendo assim sua ligação com as
profecias messiânicas do Antigo Testamento.

Ao longo do evangelho, Mateus destaca os ensinamentos de Jesus sobre o Reino dos Céus,
enfatizando o caráter moral e ético do reino de Deus. Jesus proclama as bem-aventuranças,
delineando as virtudes e valores que caracterizam os cidadãos desse reino. Além disso, Mateus
registra vários milagres de Jesus, demonstrando seu poder sobre a natureza, doenças e até
mesmo sobre os demônios, confirmando assim sua autoridade divina como o Messias.

Mateus também narra eventos cruciais, como a Confissão de Pedro, onde Pedro declara que
Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mateus 16:16). Esta confissão ressalta a identidade
messiânica de Jesus, sendo reconhecido como o ungido de Deus. Além disso, o Evangelho de
Mateus conclui com a Grande Comissão, onde Jesus envia seus discípulos para fazerem
discípulos de todas as nações, estabelecendo assim sua autoridade sobre o mundo inteiro.

Textos Bíblicos: Mateus 1:1-17; 5:1-12; 16:13-20; 28:16-20

II. Marcos: Jesus é Servo

O Evangelho de Marcos apresenta Jesus como o Servo sofredor, focando em sua obra servil e
sacrificial pela humanidade. Marcos inicia seu evangelho com o ministério de João Batista,
preparando o caminho para o Salvador. Ele destaca a natureza dinâmica do ministério de Jesus,
enfocando nas ações poderosas e milagres realizados por Ele.

Marcos enfatiza a autoridade de Jesus sobre as forças espirituais, curando os possessos


demoníacos e acalmando as tempestades. A ênfase é colocada nas atividades de Jesus,
revelando-o como um servo que não veio para ser servido, mas para servir e dar sua vida como
resgate por muitos (Marcos 10:45). Esta visão do Servo sofredor é evidenciada no evento da
Última Ceia, onde Jesus institui a Ceia do Senhor, simbolizando seu corpo dado e seu sangue
derramado em sacrifício pelos pecados da humanidade.

Além disso, Marcos destaca o paradoxo da revelação de Jesus como o Messias, pedindo aos
discípulos que não divulgassem amplamente sua identidade messiânica, conhecido como o
Segredo Messiânico. Este aspecto do Evangelho ressalta a natureza humilde e servil de Jesus,
que veio para redimir a humanidade por meio de seu sacrifício voluntário.

Textos Bíblicos: Marcos 1:1-13; 4:35-41; 5:1-20; 10:45; 14:22-26


III. Lucas: Jesus é Humano

O Evangelho de Lucas destaca a humanidade compassiva de Jesus Cristo. Lucas, o médico e


historiador, inicia seu evangelho com uma abordagem detalhada sobre o nascimento e a
infância de Jesus. Ele narra a história do nascimento de João Batista, precursor de Jesus, e
detalha a visita do anjo Gabriel a Maria, anunciando o nascimento do Salvador.

Lucas enfatiza o cuidado de Jesus pelos marginalizados e oprimidos da sociedade. Ele registra
parábolas como a do Bom Samaritano, que ilustra a importância da compaixão e do amor ao
próximo. Além disso, Lucas ressalta a inclusão de mulheres e gentios em sua narrativa,
demonstrando o alcance universal da mensagem de Jesus.

A humanidade de Jesus é evidenciada em sua compaixão pelos doentes, pecadores e excluídos.


Lucas destaca os milagres de cura realizados por Jesus, mostrando seu poder de restauração
sobre as enfermidades físicas e espirituais. O Evangelho de Lucas também contém o magnífico
hino de Maria, conhecido como Magnificat (Lucas 1:46-55), onde Maria louva a Deus por
escolhê-la para ser a mãe do Salvador.

Além disso, Lucas apresenta Jesus como um mestre da oração, enfatizando a importância da
comunhão com Deus. Ele registra momentos cruciais de oração na vida de Jesus, incluindo sua
oração no jardim do Getsêmani antes da crucificação.

Textos Bíblicos: Lucas 1:26-38; 2:1-20; 10:25-37; 15:1-32; 19:1-10; 22:39-46

IV. João: Jesus é Deus

O Evangelho de João apresenta Jesus como o Filho de Deus, o Verbo que se fez carne e habitou
entre os homens. João inicia seu evangelho com uma perspectiva divina da encarnação,
afirmando que o Verbo estava com Deus desde o princípio e que todas as coisas foram feitas
por meio dele.

Ao longo do Evangelho de João, Jesus é retratado como o “Eu Sou”, uma clara afirmação de sua
divindade. Ele se apresenta como o pão da vida (João 6:35), a luz do mundo (João 8:12), o bom
pastor (João 10:11), a ressurreição e a vida (João 11:25) e o caminho, a verdade e a vida (João
14:6). Estas declarações enfatizam não apenas a divindade de Jesus, mas também seu papel
essencial na salvação da humanidade.

O Evangelho de João também destaca os milagres de Jesus, chamados de “sinais”, que


demonstram seu poder sobre a natureza e sua capacidade de trazer vida onde há morte. Um
dos sinais mais significativos é a ressurreição de Lázaro, onde Jesus mostra seu poder sobre a
morte, preparando o caminho para sua própria ressurreição.

O capítulo 17 do Evangelho de João registra a longa oração sacerdotal de Jesus, onde Ele
intercede pelos discípulos e por todos os que viriam a crer nele. Nesta oração, Jesus revela sua
profunda comunhão com o Pai, destacando sua unidade e divindade.

Textos Bíblicos: João 1:1-18; 6:35; 8:12; 10:11; 11:25; 14:6; 17:1-26
Conclusão:
Embora os quatro evangelhos apresentem perspectivas diferentes de Jesus, eles se
complementam, fornecendo uma compreensão abrangente da vida, ensinamentos e natureza
divina de Jesus Cristo. Essas diferenças destacam a riqueza da revelação divina e convidam os
leitores a explorar profundamente a identidade multifacetada de Jesus.

@ohenriquecafe – Henrique Café

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