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Vamos então ver quem são os meus pais!

Começarei pelos mais antigos,


aqueles que ‘deram a vida’, algo maior do que a minha vida.
Ao longo dessa minha busca, encontrei várias respostas idênticas,
muitos conceitos com a mesma base de prepotência e arrogância, o mesmo
conceito com os nomes das diferentes pessoas que em diferentes locais do
globo e do tempo falaram com pessoas diferentes e a essas diferentes pessoas
propagandearam o mesmo conceito!
Jesus, Alá… Adamastor! Incluo este último ilustre senhor neste grupo
de personagens de ficção porque, de facto, todos eles provêm de uma mesma
necessidade de suprir alguma insegurança e providenciam um acolhedor
cobertor de mentiras… muito quentinho! Todos eles foram aceites em épocas
diferentes por pessoas diferentes em circunstâncias diferentes, mas seguindo
sempre uma mesma base! Foi sempre perante uma conjuntura situacional muito
idêntica. Principalmente, perante a procura medrosa de respostas e a oferta
indigna e moralmente reprovável de ópio! Ópio esse, que, por não ser resposta,
não poderá nunca ser arranjo definitivo, mas por ser sono eternamente efémero
pode antes entorpecer as massas de domingo a domingo, e milhões assim
aceitaram prosseguir as suas vidas.
A Deus, enquanto origem, génesis e criação, chamemos-lhe Big Bang, que
para mim é uma mentira menos injusta porque admite que o é! Esta, ao menos,
admite que pode ser substituída por uma ‘mentira’ que seja menos mentira e ao
aproximar-se mais da intangível verdade vai-nos permitir ter acesso a
diferentes perspetivas de pensamento que estariam encobertas pela diferença de
tamanho entre as duas mentiras ou, pelo menos, entre os dois paradigmas. Esta
é a beleza da incompletude a que a ciência se permite.
Quem se permitir a aprender e vir no cultivo do próprio alguma paz,
facilmente se terá dado conta entre leituras que é, de facto, sempre que
substituímos um paradigma menos adequado por um mais contingente relativo
à realidade que mais lhe concerne, que nos permitimos ter uma taxa de
evolução superior!
A religião é para mim um conceito abominável, nesse sentido, porque vai
contra esse facto comprovadíssimo. Apesar de eu valorizar e adoptar grande
parte dos valores judaico-cristãos, a religião quer ser uma excepção na medida
em que, de forma arrogante, acredita que é dissociável da evolução e é
insubstituível! Admito que, de facto, isto não se verifica totalmente, mas, pelo
menos para mim, verifica-se mais do que seria aceitável no âmbito da evolução
que legitimamente seria desejável para o cidadão do planeta terra no século
XXI! É inadmissível! Mais uma vez, um défice meu no que concerne ao
processamento da frustração - Kant, que foi um médico, filósofo e pensador do
sec. XVIII e XIX elaborou bastante a questão da moral.
A moral veio entregar ao ser humano as rédeas da sua vida que a igreja
guardava! O homem percebeu que o bem e o mal não lhe eram dissociáveis e
entre o bem e um bem maior ou entre o certo e o errado deveria estar o homem
e a sua reflexão, pensamento e bom senso, espadas há muito confiscadas pelo
clero que têm de ser devolvidas ao povo! Andámos a lutar com espadas de
borracha que a igreja nos providenciou para que contra ela não nos pudéssemos
insurgir!
A Igreja permite ao Homem pensar só até ao ponto em que a sua
construção intelectual não ultrapasse o escalão necessário para que, em vez de
comer as respostas para a sua vida ao domingo numa igreja, as possa ser ele a
cozinhar, no conforto do local em que a tal se propuser.
Cada Homem tem de cozinhar a sua resposta e tem de sentir gosto e alegria
nisso, não pode mais ter medo daquilo que é dele, sob pena de perpetuar a
alienação religiosa. O Homem faz parte do mundo, está em casa! Tem de ter
prazer e motivação em explorar a sua casa e conhecê-la, em saber com quem
vive! Tem de a tratar como um lar, querer a sua evolução e providenciar que
seja um local tão acolhedor quanto possível e uma experiência tão gratificante
quanto possível para si e para os seus irmãos. O homem necessita de saber que
se todos nós descendemos de um primeiro átomo e de uma primeira célula, e
se, dessa feita, temos uma origem comum com todo o universo, acreditando no
conceito ‘deus’ enquanto criador, nós somos parte daquilo que seja toda a
criação, o génesis, a origem!
Somos poeira das estrelas. Somos parte de tudo isso no sentido em que
somos produto do curso de biliões de anos sujeitos a uma pluralidade imensa
de condições que resultou na forma tão específica que assumimos! Que, por
isso, se chama espécie!
Somos uns bebés ao pé deste nosso velho antepassado que é o Universo!
Temos de ter a humildade e o prazer de querermos crescer e aprender com ele,
que certamente também poderá aprender com tão característica espécie que
somos. Ao invés da prepotência da crença que justifica a sua formação em 6
dias de trabalho e um de descanso, por um Deus pai que nos terá tido no centro
da sua motivação para o criar.

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