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Como seres humanos, acho que é das partes que me fascina mais no que somos.
Termos todos partido em pé de igualdade de organismos unicelulares e com o
decorrer do tempo nos termos diferenciado tanto no sentido de não sermos
indiferentes, no sentido de querermos ser deferentes à realidade em vez de nos
alienarmos. Houve a vontade motivada de a conhecer, de nos relacionarmos com
ela de forma mais próxima e também connosco, no trabalho de introspeção que
todos desenvolvemos, mais ou menos, melhor ou pior, sempre limitados, mas
sempre em busca de ultrapassar a próxima barreira e depois a seguinte.
Fascina-me o ser humano ser o único animal terrestre que conheço que se estuda
o mais conscientemente possível a si mesmo e que vai desenvolvendo ao longo
dos momentos as ferramentas adequadas para o fazer. Um animal que foi capaz
de palavrear o que lhe aconteceu, um animal que estuda e tenta compreender as
pressões a que está sujeito, um animal que tem que lidar com a insustentável
leveza de ser como nenhum outro, que da frustração e da concretização está à
distância da consciência de si e do real.
Assim, compreendo que o macaco que fomos há anos (e que na maior parte ainda
somos) se assustou com tantas perguntas por responder que foi encontrando e,
consequentemente, precisou de criar artificialmente uma base estável para que
daí pudesse continuar a bela busca pela sua identidade e do universo, algo
partilhada. Foi aí e não só que tiveram a sua maior utilidade as religiões. Mas
ainda assim, somos eu e outros, os macacos de hoje que também sobre isso
pensam. Há esperança! Foi ‘um triste macaquinho’, inseguro e ignorante que
precisou de criar limites à sua espécie para lidar melhor com a sua pequenez.