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O Porquê da Meditação

A DINÂMICA MENTAL
«Na Dinâmica Mental, necessitamos saber
algo sobre como e por que a Mente funciona.

Sem dúvida, a Mente é um instrumento que


devemos aprender a manejar conscientemente.
Porém, seria um absurdo que tal instrumento
fosse eficiente se antes não soubéssemos o
“como” e o “por que” da Mente.

Quando alguém conhece o “como” e o “por


que” da Mente, quando conhece os seus
diversos funcionamentos, pode controla-la, e
ela se converte num instrumento útil e
perfeito, num veículo maravilhoso mediante o
qual podemos trabalhar em benefício da
humanidade.

Na verdade, necessitamos de um sistema


realista, se é que queremos verdadeiramente
conhecer o potencial da mente humana.

Atualmente existem muitos sistemas para o


controle da Mente. Há os que pensam que certos exercícios artificiosos podem ser
magníficos para o controle do pensamento. Existem muitas escolas, muitos sistemas,
muita teoria sobre a Mente, mas, como seria possível transformá-la em algo útil?
Reflitamos: se não sabemos o “como” e o “por que” da Mente, não poderemos
conseguir que ela seja perfeita.

Necessitamos conhecer as diversas funções da Mente, se é que queremos que ela seja
perfeita. Como funciona? Por que funciona? Esse “como” e “por que” são definitivos».

Como funciona a Mente?

CARACTERÍSTICAS DA MENTE
PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO:

«Estados Estereo-psíquicos: São os estados identificativos que se encontram


intimamente relacionados com as percepções exteriores que recebemos através dos
cinco sentidos e que estão vinculadas com o mundo das impressões».

O estado atual de nossa mente é semelhante a um radar, temos a atenção voltada para o
exterior e por isso nos aderimos com tanta facilidade, através dos sentidos, aos objetos,
pessoas, palavras, formas, etc.
PROCESSOS DE REAÇÃO:

«Por exemplo, se lançamos uma


pedra num lago, veremos que se
formam ondas. Essas ondas são as
reações do lago, da água, contra a
pedra. Similarmente, se alguém
nos diz uma palavra irônica, sua
palavra chega à Mente e a Mente
reage contra tal palavra. Vêm,
então, os conflitos.

Todo o mundo está com problemas. Todo o mundo vive em conflitos. Observei,
cuidadosamente, as mesas de debates de muitas organizações, escolas, etc., e vi que não
se respeitam uns aos outros. Por quê? Porque não se respeitam a si mesmos.

Observemos um Senado, uma Câmara de Representantes ou, simplesmente, uma mesa


de escola; se alguém diz algo, o outro se sente aludido, se irrita e diz coisa pior,
combatem-se e os membros da mesa diretora terminam num grande caos. O fato da
Mente de cada um deles reagir contra os impactos do mundo exterior traz um resultado
gravíssimo.

Na verdade, temos que apelar à psicanálise introspectiva para explorar a própria Mente.
Torna-se necessário nos autoconhecermos um pouco mais sob o aspecto intelectual. Por
exemplo, por que reagir diante de uma palavra de um semelhante? Nestas condições,
sempre somos vítimas... Se alguém quer contentar-nos, basta que nos dê umas
“palmadinhas” no ombro e nos diga palavras amáveis. Se quer nos ver desgostosos,
basta que nos diga algumas palavras desagradáveis.

Então, onde está nossa verdadeira liberdade intelectual? Qual é? Dependemos


concretamente dos outros, somos escravos. Nossos processos psicológicos dependem
exclusivamente de outras pessoas. Não dominamos nossos processos psicológicos, e
isto é terrível».
PROCESSOS DE ASSOCIAÇÃO MECÂNICA:

«Existem dois tipos de associação mecânica,


que vêm a ser a base dos opostos:

1. Associação mecânica por ideias, palavras,


frases, etc.
2. Associação mecânica por imagens,
formas, coisas, pessoas, etc.

Uma ideia se associa à outra, uma palavra à


outra, uma frase a outra frase e daí vem o
batalhar dos opostos.

Uma pessoa se associa a outra e a lembrança


de alguém vem à mente. Uma imagem se
associa a outra, uma forma a outra e continua
o batalhar dos opostos.

As associações da mente para formar frases,


recordações, imagens, ideias, desejos, etc.,
constituem a causa fundamental da incessante
tagarelice e de todo o batalhar das antíteses.

Se, à base de compreensão, conseguirmos a dissociação mental, se à base de


compreensão conseguirmos a dissociação de todas as recordações subconscientes, se à
base de compreensão logramos eliminar os elementos subjetivos de nossas percepções,
então é claro que a mente fica quieta e em silêncio, não só no nível superficial, mas
também nos níveis mais profundos do subconsciente.».

PROCESSOS DA CONVERSA INTERIOR:

«Torna-se urgente, inadiável, impostergável, observar a conversa interior e o lugar


preciso de onde provém.

Inquestionavelmente, a conversa interior equivocada é a «Causa Causorum» de muitos


estados psíquicos desarmônicos e desagradáveis no presente e também no futuro.

Obviamente, esse vão palavreado insubstancial de conversa ambígua, e, em geral, toda


fala prejudicial, daninha, absurda, manifestada no mundo exterior, tem sua origem na
conversação interior equivocada».

PROCESSOS DA FANTASIA:

«Imaginação Mecânica… Quão grave é isso da Fantasia! Nos sonhos, algumas vezes,
ela permanece calada, outras vezes os comenta e outras vezes quer levá-los à prática.
Obviamente, o terceiro caso da questão é grave, pois quando o sonhador quer chegar a
converter seus sonhos em realidade, comete loucuras espantosas, porque sucede que
seus sonhos não coincidem com a mecânica da vida e ele, então, acaba fazendo
loucuras… Um sonhador silencioso gasta muita energia vital, mas não é tão perigoso. O
que comenta seus sonhos (sonhos fantásticos) pode contagiar a psique de outras
pessoas. Porém, o terceiro, o que quer converter seus sonhos em fatos práticos da vida,
esse, sim, está bem «perturbado » da mente, está louco; isso é óbvio.

Continuando com essas discussões vemos claramente que a Imaginação Mecânica ou


Fantasia nos mantém muito longe da realidade, do Ser, e isso é verdadeiramente
lamentável… As pessoas andam pelas ruas sonhando, vão com suas fantasias; tra-
balham sonhando com suas fantasias, casam-se sonhando, vivem uma vida de sonhos e
vivem sonhando com o Mundo do Irreal, da Fantasia. Nunca viram a si mesmos, viram
sempre uma forma de sua Fantasia. Tirar de alguém esta forma de Fantasia resulta
drástico, espantosamente drástico, terrivelmente drástico.

PROCESSOS DE TRADUÇÃO INTERNA

(Estados Neopsíquicos):
São os estados processadores de dados, isto é, os que bem ou mal interpretam todas as
múltiplas situações que o animal intelectual vive. Nestes estados, quem trabalha é a
nossa má secretária, a personalidade.

PROCESSOS DO MAIS (COMPARAÇÃO E ACUMULAÇÃO):

«A mente, invejosa por natureza, só


pensa em função do “mais”: “Eu posso
explicar melhor, eu tenho mais
conhecimentos, eu sou mais inteligente,
eu tenho mais virtudes, mais
santificações, mais perfeições, mais
evolução”, etc.

Todo o funcionalismo da mente baseia-se


no “mais”. O “mais” é a mola secreta
íntima da inveja.

O “mais” é o processo comparativo da


mente. Todo processo comparativo é
abominável. Exemplo: «Eu sou mais inteligente que você, mais sábio, mais bonito, etc»

El más crea el tiempo. O “mais” cria o tempo. O EU Pluralizado necessita de tempo


para ser melhor que o vizinho, para demonstrar à família que é muito genial e que pode
chegar a ser alguém na vida, para demonstrar a seus inimigos ou àqueles a quem inveja
que é mais inteligente, mais poderoso, mais forte, etc.

O pensamento comparativo baseia-se na inveja e produz isso que se chama insatisfação,


desassossego, amargura...»
ACUMULAÇÃO:

«Tudo o que as pessoas acumulam no


sepulcro podre da memória infiel:
informação intelectual, experiências da
vida, que se traduzem sempre fatalmente
no mais e mais. De maneira que nunca
chegam a conhecer o fundo significado de
tudo isso que acumulam. Muitos leem um
livro e logo o depositam na memória,
satisfeitos por haver acumulado mais
informação, mas quando lhes pede para
responder pela doutrina escrita no livro
que leram, resulta que desconhecem o
profundo significado do ensinamento, mas
o EU quer mais e mais informação, mais e
mais livros, ainda que não tenham
vivenciado a doutrina de nenhum deles...

É indispensável compreender que a mente é o centro básico do "mais". Realmente, esse


"mais" é o mesmo EU psicológico que exige, e a mente é seu núcleo fundamental».

PROCESSOS DA DÚVIDA (Crença e Incredulidade):

«Muitas pessoas creem em Deus e muitas pessoas são Ateias, não creem em Deus.
Existem também muitos indivíduos que nem creem nem deixam de crer. Estes últimos
tentam portar-se bem na vida para o caso de que haja um Deus.

Nós dizemos que a crença em Deus não significa haver experimentado isso que é a
verdade, isso que se chama Deus.

Nós dizemos que negar a Deus não significa haver experimentado isso que é a verdade,
isso que se chama Deus.

Nós dizemos que duvidar da existência de Deus não significa haver experimentado a
Verdade.

Enquanto a mente estiver enfrascada em qualquer desses três fatores da ignorância, não
pode experimentar isso que os chineses chamam de Tao, isso que é o divino, isso que é
a Verdade, Deus, Alá, Brahma, etc.»
PROCESSOS DE "PROJEÇÃO DA MENTE":

«Precisamos de uma mente que não projete,


precisamos esgotar o processo do pensar. A
mente projetista projeta sonhos, e estes são
vãos e ilusórios.

Quando eu digo «Mente projetista», não estou


me referindo aos meros projetos que faz um
engenheiro, que projeta e traça os planos para
um edifício, uma grande ponte ou uma estrada.
Não, quando falo de «mente projetista» quero
me referir a todo «animal intelectual». É claro
que o subconsciente sempre projeta, não
somente casas, edifícios ou coisas desta
natureza. Não; esclareço. Projeta também seus
próprios desejos, suas próprias lembranças,
suas próprias emoções, paixões, ideias,
experiências, etc. A «mente projetista», repito,
projeta sonhos e é claro que enquanto existir o
subconsciente, existirão as projeções. Quando o subconsciente tiver se transformado em
consciente, as projeções acabam, já não podem existir, desaparecem...»

PROCESSOS DE “REPRESENTAÇÃO DA MENTE”:

«No mundo dos sentidos existem distintas representações, como os objetos que nos
rodeiam, as criaturas vivas, etc. Mas também existem as representações da mente.

Na Mente há muitas representações que devemos ter em conta. Suponhamos que temos
na Mente a representação de um amigo a quem estimamos. Alguém, não importa quem,
nos fala contra esse amigo, levanta-se contra ele todo tipo de murmúrios, calúnias, etc.;
se damos ouvidos a toda essa fofoca, a imagem que temos de nosso amigo, a
representação, fica de fato alterada. Já não vemos nele o sujeito amável que víamos
antes, cheio de harmonia, etc., pois essa imagem assume, em nosso entendimento, a
figura que os outros lhe deram, possivelmente a do bandido, a do ladrão, a do falso
amigo, etc... À noite, pode acontecer de sonharmos com esse amigo e, de modo algum,
teremos já um sonho harmonioso. Veremos que ele nos ataca, veremos que o atacamos,
sonhamos que o matamos, sonhamos que ele empunha uma arma contra nós, etc. Ou
seja, fica completamente alterada a imagem do amigo, uma representação que foi
alterada.

Vejam o grave erro de «dar ouvidos» à intriga, à calúnia, aos murmúrios, aos “disse-
que-disse”, etc.

Obviamente, em nossa Mente existem milhares de representações, que podem ser


alteradas se tomarmos parte em conversas negativas, se «dermos ouvidos» a calúnias,
etc., se escutarmos o “disse-que-disse”, etc. Por estas e outras coisas, nunca é
conveniente «dar ouvidos» com nosso fundo psicológico, às palavras negativas das
pessoas; isso é grave.

De maneira que não somente os agregados psíquicos, viva representação de nossos


defeitos psicológicos, constituem um fardo que carregamos em nosso interior. Nunca
devemos esquecer a questão das representações do entendimento».

POR QUE FUNCIONA A MENTE?


Contumácia é a
persistência em assinalar
um erro. Por isso, jamais
me cansarei de insistir em
dizer que a causa de
todos os erros é o Ego, o
mim mesmo. Não me
importa que os animais
intelectuais se
incomodem porque falo
contra o Ego. Custe o que
custar, continuarei com a
contumácia.

Dentro de cada pessoa


existe um centro energético que não pode ser destruído com a morte do corpo físico e
que se perpetua, para a desgraça do mundo, em seus descendentes. Esse centro é o Eu, o
mim mesmo, o si mesmo. Precisamos com suma e inadiável urgência produzir uma
mudança radical dentro desse centro energético chamado Eu.

Temos de extirpar o Eu com urgência, para produzir dentro de cada um de nós uma
mudança profunda, radical, total e verdadeira. Assim como estamos, assim como
somos, só podemos servir para amargar nossa vida e a dos nossos semelhantes.

O Eu quer encher-se de honras, virtudes, dinheiro, etc. O Eu quer prazeres, fama,


prestígio, etc. Em seu louco afã de expandir-se, cria uma sociedade egoísta na qual só há
disputas, crueldades, cobiça insaciável, ambições sem limites nem margens, guerras,
etc.

Para infelicidade nossa, somos membros de uma sociedade criada pelo Eu. Tal
sociedade é inútil, daninha e prejudicial. Só extirpando radicalmente o Eu poderemos
mudar integralmente e mudar o mundo.

A Mente é a sede central do Eu. Precisamos de uma mudança na sede central para que
dentro de cada um de nós haja uma verdadeira revolução. Se, de verdade, queremos a
extirpação radical do Eu, faz-se urgente manter a memória quieta para serenar a mente e
para, em seguida, podermos nos auto observar com calma, a fim de conhecermos a nós
mesmos.

Devemos contemplar a nós mesmos como alguém que está contemplando e aguentando
sobre si mesmo um aguaceiro torrencial.

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