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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

CAMPUS NEPOMUCENO
Professor: Alex Fogal

1) Sentido conotativo x denotativo

AO SHOPPING CENTER- JOSÉ PAULO PAES

Pelos teus círculos


vagamos sem rumo
nós almas penadas
do mundo do consumo

De elevador ao céu
pela escada ao inferno:
os extremos se tocam
no castigo eterno.

Cada loja é um novo


prego em nossa cruz.
Por mais que compremos
estamos sempre nus

nós que por teus círculos


vagamos sem perdão
à espera ( até quando?)
da Grande Liquidação.

Um estudo realizado pela faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
demonstra que mais de 65 % da população brasileira já consumiu ou consome parte de sua renda mensal com
produtos que, após a compra, passam a julgar desnecessários. Entre as razões apontadas para o fenômeno estão a
pressão publicitária e a sensação de conforto que os shopping centers proporcionam aos clientes, as quais levam os
indivíduos a consumirem sem uma reflexão prévia, de maneira automática. ( Fonte: Folha de São Paulo, 27 de
Janeiro de 2014)

2) O recurso das imagens no texto: força de visualização e imaginação

O CORTIÇO- Aluísio Azevedo

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas
alinhadas. Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentia
ainda na indolência da neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente.
A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um fartum acre de sabão ordinário.
As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma
palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas.

3) O uso das comparações e a diversidade de sentidos.

O BICHO- Manuel Bandeira

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,


Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,


Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.


SONETO- CAMÔES
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;


É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em perder;

É querer estar preso por vontade


É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade

Mas como causar pode seu favor


Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si mesmo é o Amor?

4)O poema e os recursos da linguagem para causar sentido.

CIDADEZINHA QUALQUER- Carlos Drummond de Andrade

Casas entre bananeiras


mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.


Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

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