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Tecido Sanguíneo

O líquido avermelhado que corre dentro dos vasos sanguíneos é composto


por elementos celulares suspensos em uma matriz extracelular chamada de plasma,
esse tecido conjuntivo tem a função de transportar moléculas por todo o organismo
de indivíduos multicelulares. O sangue pode transportar oxigênio, dióxido de
carbono, biomoléculas absorvidas e produtos metabólicos, logo é possível observar
alterações consideráveis na fisiologia do organismo ao analisar seu sangue. O
plasma do sangue é composto por água, proteínas, moléculas orgânicas como a
glicose e gases como oxigênio e dióxido de carbono, já os elementos celulares são
divididos em três: eritrócitos, leucócitos e trombócitos (SCHMIDT-NIELSEN, 2013;
SILVERTHORN, 2017).
Todos estes elementos descendem de células pluripotentes presentes na
medula óssea, chamadas de células-tronco hematopoiéticas, mas também podem
descender de outras regiões do corpo. A síntese das células do sangue é chamada
de hematopoiese, esse processo inicia-se durante o desenvolvimento embrionário e
continua durante toda a vida do organismo, ele acontece quando uma célula-tronco
pluripotente se torna uma célula-tronco não comprometida que em seguida se torna
uma célula progenitora que está comprometida a dar origem aos precursores dos
elementos celulares (SILVERTHORN, 2017).

Eritrócitos

A série vermelha do sangue é formada por células chamadas de hemácias,


que são responsáveis pelo transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos, mas
também fazem o caminho inverso e transportam dióxido de carbono dos tecidos
para os pulmões. As células progenitoras comprometidas se diferenciam em
eritroblastos, células nucleadas, que durante seu amadurecimento têm seu núcleo
condensado até perdê-lo, também são perdidas as mitocôndrias. Esse processo
resulta em uma célula imatura chamada reticulócito que ao deixar a medula óssea
amadurece para um eritrócito preenchido por proteínas chamadas de hemoglobina e
enzimas (SILVERTHORN, 2017). Em répteis hemácias maduras são células
nucleadas, seu formato é arredondado ou elipsoidal, seu núcleo é centralizado e
presentando cromatina densa (CAMARGO, 2018).
A hemoglobina é a responsável por possibilitar às hemácias a habilidade de
transportar oxigênio pelo sangue, também é responsável por dar a cor avermelhada
ao eritrócito devido seus grupos heme que contém ferro. Quando a hemoglobina não
consegue desempenhar de maneira eficaz seu papel no transporte de oxigênio o
organismo apresentará uma condição conhecida como anemia. As hemácias são
células muito frágeis pois são incapazes de produzir novas enzimas ou de renovar
componentes de membrana (SILVERTHORN, 2017).

Leucócitos

A série branca do sangue é formada por elementos celulares conhecidos


como leucócitos, estas são as únicas células plenamente funcionais do sangue. Sua
função está relacionada à resposta imune do organismo, elas atuam na linha de
defesa contra parasitos, bactérias e vírus. Em mamíferos os leucócitos são divididos
em eosinófilos, neutrófilos, monócitos, basófilos, e linfócitos e assim como as demais
células do sangue descendem de células progenitoras comprometidas, com exceção
dos linfócitos que descendem das células-tronco hematopoiéticas (SILVERTHORN,
2017).
Os eosinófilos são células que possuem grânulos em seu citoplasma e estão
associados a resposta imune a reações alérgicas e parasitoses, estas células
liberam citotoxinas que danificam os tecidos do invasor e consequentemente inflama
os tecidos do organismo (SILVERTHORN, 2017). Em répteis, eosinófilos costumam
ser grandes células arredondadas com citoplasma transparente que apresenta
grânulos esféricos, seu núcleo é esférico ou lenticular, e casos raros pode ser
lobado e excêntrico com cromatina densa, essas células atuam contra parasitas
(SILVA, 2011; CAMARGO, 2018).
Os neutrófilos são células que apresentam um núcleo segmentado formado
de três a cinco lobos conectados por fitas de DNA, estas células são capazes de
fagocitar corpos estranhos além de liberarem citotoxinas (SILVERTHORN, 2017).
Neutrófilos não existem em répteis, em seu lugar esses animais apresentam
heterofilos, células são fagocitárias, grandes de citoplasma claro que apresenta
grânulos, seu núcleo é excêntrico e costuma ser redondo (SILVA, 2011; CAMARGO,
2018).
Os monócitos não são células muito comuns na circulação, ao amadurecerem
e se diferenciarem tornam-se macrófagos, células capazes de realizar a fagocitose
de corpos estranhos nos tecidos, também podem fagocitar outras células
sanguíneas velhas e mortas. Estas células contribuem com o desenvolvimento da
imunidade adquirida, pois assimilam antígenos dos corpos estranhos que digeriu em
sua membrana plasmática (SILVERTHORN, 2017). Nos répteis estas células variam
em forma e tamanho, geralmente seu citoplasma é abundante, podendo ser
vacuolizado, seu núcleo pode ter uma forma ameboide, arredondada ou reniforme.
Normalmente são as maiores células encontradas na circulação e podem formar
células gigante multinucleadas, essas células atuam na resposta inflamatória
(CAMARGO, 2018).
Os basófilos são células que apresentam grande grânulos em seu citoplasma
e são bastante raras na circulação são capazes de liberar substâncias que
contribuem para o processo inflamatório, ao amadurecem e se diferenciarem
tornam-se mastócitos, células presentes em tecidos que são responsáveis por
defender o organismo de patógenos (SILVERTHORN, 2017). Em répteis, basófilos
são células arredondadas de núcleo redondo, centralizado e com cromatina densa,
acredita-se que atuam em resposta a infecções virais e hemoparasitismo
(CAMARGO, 2018).
As células responsáveis pela resposta imune adquirida são conhecidas como
linfócitos, estas células apresentam um grande núcleo e são raramente encontradas
na circulação e estão mais presentes nos tecidos linfáticos. Os linfócitos são
subdivididos em três tipos de células quase idênticas: linfócitos B, células
responsáveis pela produção de anticorpos; linfócitos T, atacam e destroem células
infectadas; células NK, células responsáveis pela defesa contra patógenos
intracelulares (SILVERTHORN, 2017). Nos répteis os linfócitos maduros apresentam
poucos grânulos e seu núcleo preenche quase todo o citoplasma (SILVA, 2011;
CAMARGO, 2018).
Os azurófilos, assim como os heterofilos, são células exclusivas da série
branca de reptilianos, os azurófilos geralmente só aparecem no sangue da ordem
Squamata, mas também podem aparecer na ordem Testudinata, apresentam
grânulos e vacúolos em seu citoplasma, e estão relacionados com a ação
inflamatória e combate a infecções (SILVA, 2011; CAMARGO, 2018).
Trombócitos

Também conhecidos como plaquetas, são fragmentos citoplasmáticos de


uma célula descendente de células progenitoras comprometidas chamada de
megacariócito. Os megacariócitos são células que replicam seu DNA diversas vezes
sem sofrer divisão do núcleo ou citoplasma, consequentemente tornam-se grandes
células poliploides que têm seu citoplasma fragmentado dando origem às plaquetas,
que vão da medula óssea para o sangue circulante, plaquetas são anucleadas
(SILVERTHORN, 2017).
As plaquetas são pequenas células que são ativadas quando entram em
contato com colágeno e outras substâncias químicas que são liberadas quando um
vaso sanguíneo é rompido, elas começam a se aderir a ele visando selar o orifício,
durante esse processo as plaquetas liberam seu conteúdo celular que sinaliza para
outras plaquetas sejam ativadas. As plaquetas se aglomeram apenas próximas às
células do orifício do vaso sanguíneo danificado enquanto são repelidas pelas
demais células não danificadas, assim a atividade das plaquetas é delimitada
apenas para onde são necessárias (SILVERTHORN, 2017).

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