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A 1 de janeiro de 1707, D. João V foi coroado rei de Portugal. Ele era um jovem de 17
anos, e se olhares para o seu retrato verás que tinha uma grande cabeleira. Era moda
Passando da moda no visual à moda política, o que se usava naquele tempo era os reis
decidirem acerca de tudo sem ninguém poder dizer o que pensava. Chamava-se a isso
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«monarquia absoluta». O rei – que era o filho mais velho de rei anterior – governava
«por direito divino» até morrer.
Achava-se que recebia o poder dos Céus. Agora é muito diferente, pois os governantes
são eleitos (até mesmo na maior parte dos países em que existem reis).
D. João V reinou durante muito tempo: 43 anos e meio. Viveu sempre no meio do luxo.
O País era então muito rico. É que pouco antes tinham sido descobertas grandes minas
de ouro no Brasil, que pertencia a Portugal.
Muitas pessoas emigraram para lá, à procura de ouro, porque queriam enriquecer, mas
um quinto do ouro que encontravam tinha de ser entregue à Coroa, que é quem diz, ao
Estado. Portugal ficou assim «a nadar em ouro», e só foi pena que essa riqueza não
tivesse sido mais bem aplicada no desenvolvimento nacional.
Grande parte desse ouro foi para pagar a construção do palácio de Mafra, erguido para
comemorar o nascimento de um herdeiro do trono. Foi há 306 anos que se colocou a
primeira pedra para a sua construção.
Foi também no tempo de D. João V que se construiu o Aqueduto das Águas Livres,
destinado a trazer água encanada até Lisboa. As pessoas ainda não tinham torneiras em
casa, mas podiam ir abastecer-se a um chafariz próximo. E havia uns homens, chamados
aguadeiros, que se encarregavam de fazer a sua distribuição.
Os males da Inquisição
Havia muito dinheiro em Portugal, mas quase não existiam estradas. Os portos estavam
a precisar de obras, a maioria da população era constituída por mendigos e a Inquisição
(já uma vez falámos dela) perseguia as pessoas.
Em resumo, era assim: a Igreja Católica – que também não era igual à Igreja católica de
hoje! – tinha então muita força e possuía um tribunal que processava e torturava quem
achava que não lhe era fiel.
Quando uns piratas franceses atacaram o Rio de Janeiro, no Brasil, D. João V quase
nada fez em resposta. Poderíamos pensar que Portugal não tinha uma marinha forte,
mas isso não é verdade, pois a esquadra portuguesa participou nesse tempo numa guerra
naval contra os turcos, a pedido do papa Clemente XI.
O voo da ‘Passarola’
A notícia espalhou-se com tal rapidez, que por toda a Europa surgiram logo imagens
fantasiosas de uma espécie de barco voador com cabeça de ave. Era a
célebre Passarola, que nunca existiu com essa forma. Sim, porque os balões de Gusmão
eram aeróstatos como conhecemos de ver em ilustrações, embora pequeninos e
incapazes de transportarem pessoas.
Mais tarde, o inventor teve problemas com a Inquisição e tentou fugir para Inglaterra o
mais depressa que pôde. Se os seus balões funcionassem mesmo, poderia ter optado
pela via aérea…
Quando D. João V morreu, passou a ser rei o seu filho D. José. Esse chamaria para o
governo o célebre Marquês de Pombal, e o País mudaria bastante. Mas isso é já outra
história, e agora ficamos por aqui.
In https://visao.sapo.pt/visaojunior/historia-visaojunior/2020-01-07-d-joao-v-o-rei-que-
mandava-em-tudo/ (consultado em 30.1.2023)