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Fernando Pessoa
Cheguei à janela,

Cheguei à janela,
Porque ouvi cantar.
É um cego e a guitarra
Que estão a chorar.

Ambos fazem pena,


São uma coisa só
Que anda pelo mundo
A fazer ter dó.

Eu também sou um cego


Cantando na estrada,
A estrada é maior
E não peço nada.

26-2-1931
Poesias Inéditas (1930-1935). Fernando Pessoa. (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática,
1955 (imp. 1990): 30.

Obra Aberta · 2015-06-08 02:10

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