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Aula nº 15
Acredita que a vanguarda não passa pela 2ª Escola de Viena, mas sim pelo olhar
humilde sobre a cultura do povo
O RITMO
Segue como que um complemento da música de STRAVINSKY – selvagem, o
batimento cardíaco
O caminho é, no entanto, inverso ao de STRAVINSKY, pois BARTÓK vai partir
exactamente da música popular para atingir os seus objectivos
Os compassos predilectos são:
- Esta divisão complexa nunca poderia ter saído da música erudita, pois é na
música popular que tal complexidade é possível
- As assimetrias ritmicas exploram o carácter selvagem e impulsivo do ser
humano
- Será sempre a partir do ritmo que Bartók irá modular o contorno melódico e
harmónico
- A polirritmia está presente ! junção harmónica de ritmos diferentes
A MELODIA
É influenciada pelo FOLCLORE MAGIAR
Não é copiada, mas sim retrabalhada
- não se trata de um “arranjo” melódico mas sim de uma harmonização
científica – união da ciência musicológica e da composição
A TONALIDADE
É a do folclore que estuda, sendo concisa e sempre mantida
ECONOMIA ORGÂNICA no tratamento da tonalidade - oposição à tonalidade
megalómana do Romantismo tardio, no caso STRAUSS, e também à tonalidade
de DEBUSSY e de RAVEL
- é uma união com o pré-tonal da música popular ! parecido à ambiência modal
da música litúrgica – e com a atonalidade, libertando-se assim das garras da
tonalidade clássica.
O DOMÍNIO DO PIANO
Fez carreira de pianista, com grande qualidade
Piano como ferramenta para a composição
Repensa a pedagogia do mesmo:
! o objectivo de aprendizagem deste não pode ser somente subir ao palco
! em 1907, enquanto professor no Conservatório de Budapeste e face à escassez
de material nacional (recusava o estrangeiro – Liszt, Hummel ou Strauss), junta-se
ao editor KARÓLY ROZNYAI na elaboração e publicação de PEÇAS FÁCEIS PARA
PIANO
! com toda a recolha etnográfica feita anteriormente, englobando mais de 1000
melodias populares, Bartók publica em 1908-9 “POUR LES ENFANTS”
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POUR LES ENFANTS
85 peças com indicações metronómicas e indicações em italiano
Consiste em transcrições de melodias tradicionais, onde Bartók mistura os
modos maior e menor
Ao contrário de “MICROKOSMOS” não tem um carácter progressivo de
aprendizagem
Tratamento igual para ambas as mãos ! há imagem de BACH. Existe uma
progressão em relação aos prelúdios fáceis ou às Invenções deste.
Diversidade no ataque ! desde o mais doce pianíssimo ao mais tempestuoso
fortíssimo
Carácter miniatural; sentido do RUBATO; contrastes dinâmicos; motor percussivo
que acompanha o DISCURSO MÉTRICO (Josef Szigeti adapta posteriormente para
violino)
MÚSICA DE CÂMARA
Constam do seu curriculum:
- 2 Sonatas para Violino e Piano
- 44 Duos para Violinos
- Sonata para Violino solo
- 2 Rapsódias para Violino e Piano
- 6 QUARTETOS DE CORDAS
- “cada um de nós tem o melhor e o pior em virtude das questões materiais […]
pela via da paixão, a nossa vertente má pode ser amainada, mas esta está sempre
escondida no nosso passado”
TEMA COREOGRÁFICO:
- Origem primitiva da Terra; celebração litúrgica
- Tratamento CUBISTA do material – absorção do que mais interessa na realidade,
juntando tudo e criando uma amalgama desconstrutiva da forma
- Não há desenvolvimento do discurso musical – tudo o que possa dar a ideia de
um tema é metamorfoseado – havendo um corte abrupto com qualquer forma
preexistente
Técnica de montagem de trechos individuais – algo inédito em música e que
SERGEI EISENSTEIN fez no cinema, introduzindo a CIÊNCIA DA MONTAGEM
Obras fundamentais:
1927 - OEDIPUS REX – Opera/oratoria
1928 – APOLLON MUSAGETE - ballet
1930 – SYMPHONIE DES PSAUMES – coro e orquestra
1934 – PERSEPHONE - melodrama
1945 – EBONY CONCERTO – Clarinete e Ensemble Jazz
1951 – THE RAKE’S PROGRESS - ópera
1920 – PULCINELLA
Bailado cantado estreado em Paris sob cenário de PABLO PICASSO, inaugura o
PERÍODO NEOCLÁSSICO
- Período de estagnação após a 1ª Grande Guerra
- Diaghilev lança o repto: renovação económica das propostas de Stravinsky
- Recuperar material do passado e encenar
A REINVENÇÃO DA ÓPERA
1918
L’HISTOIRE DU SOLDAT (A História do Soldado)
A mais importante ópera do compositor (O Rouxinol – 1914; Mavra – 1922;
A história é dançada e contada, ao estilo de uma pantomima
Nasce do contexto económico difícil:
- fim da 1ª Grande Guerra
- BALLETS RUSSES extinguidos por falta de dinheiro – Diaghilev está sem dinheiro
- a Revolução Russa de 1917 deixa Stravinsky sem parte do património e junta-se
a Diaghilev e Ramuz, onde resolvem fazer algo económico
São usados somente 7 instrumentos:
Violino, Contrabaixo, Clarinete, Fagote, Trompete, Trombone e Percussão
3 personagens:
Narrador, Soldado, Diabo
Stravinsky preocupa-se em teorizar a nova forma: uso do “canto falado”
Utilização da arte da MÍMICA
O recitante funciona como “voz-off”
O texto, em francês e escrito por RAMUZ, é um misto de POESIA E TEATRO
História simbólica:
É sobre um soldado que troca o seu violino (símbolo dos afectos) por um livro que
está na pose do Diabo e que prevê o futuro da economia
- Não é mais que uma remodelação do mito de FAUSTO
- O libreto apesar de simples é bastante intenso
- Musicalmente utiliza muito o UNIVERSO DE CABARET, para além de englobar
muito jazz e swing