Habilidades PCD para o 6ª Ano, Construindo um Caderno de Atividades Desplugadas
HABILIDADES PCD PARA O 6º ANO
Construindo um caderno de atividades desplugadas
Resumo – Atualmente, o mundo passa por
transformações digitais que têm exigido
do cidadão, competências relacionadas ao
pensamento computacional para a resolução
de problemas. Em alguns países, o pensamento
computacional já faz parte do currículo escolar,
diferente do Brasil em que escolas públicas
convivem com laboratórios de informática
sem manutenção. Diante desta realidade, este
artigo apresenta uma proposta para incluir o
pensamento computacional desplugado, sem
computador, por meio de atividades lúdicas
para o 6º ano do ensino fundamental. Cinco
atividades são propostas trabalhando conceitos
computacionais, como construção de imagens,
compressão de dados, reconhecimento de
padrões e algoritmos, de modo a despertar o
raciocínio lógico e dedutivo. As atividades foram
selecionadas a partir de pesquisa bibliográfica
contemplando as habilidades previstas pelo
Currículo de Referência em Tecnologia e
Computação (CTC) adaptadas para a execução
sem computador.
Palavras-Chave: pensamento computacional,
currículo CTC, computação desplugada.
INTRODUÇÃO
Segundo (WING, 2006), o pensamento
computacional envolve a formulação de um
problema e a expressão de sua solução, de forma
que um ser humano ou uma máquina possa
efetivamente executar.
Cristilane Gois de Souza
cristilaneif@gmail.com
Jislane Silva Santos de Menezes
jislanesds@gmail.com
Yngreed Líbero de Souza
Yngreedlibero@gmail.com
Paulo Henrique Carvalho de Andrade
paulopaulinhocarvalho@hotmail.com
Vana Hilma Veloso Carvalho
vanicah@gmail.com
No cenário brasileiro, percebe-se que muitas
escolas não possuem laboratórios de informática
ou não funcionam perfeitamente (CARVALHO;
MONTEIRO, 2012). Sendo assim, tendo em
vista que esse tipo de laboratório oportuniza
atividades práticas com o uso do computador,
o conceito da computação desplugada surge
para modificar a práxis do ensino-aprendizagem
dos conteúdos das disciplinas propedêuticas,
associadas ao conceito computacional, sem
computadores ou qualquer outro dispositivo
eletrônico.
No contexto do pensamento computacional,
a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) do ensino básico aborda temas de
tecnologia e computação de forma transversal
em todas as áreas do conhecimento e
componentes curriculares, trazendo como
fim o desenvolvimento de competências de
compreensão, uso e criação de Tecnologias
Digitais de Informação e Comunicação (TDIC)
em diversas práticas sociais (EDUCAÇÃO,
2018). A partir disso, o Centro de Inovação
para a Educação Brasileira (CIEB) elaborou
e disponibilizou de forma aberta e gratuita
o Currículo de Referência em Tecnologia
e Computação (CTC), o qual prevê eixos,
conceitos e habilidades alinhadas à BNCC. Por
conseguinte, são trabalhados para o pensamento
computacional os eixos abstração, algoritmos,
decomposição e reconhecimento de padrões
(RAABE A.; BRACKMANN, 2018).
Dentro deste contexto, a proposta do artigo
é a construção de um caderno de atividades,
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que objetiva a implantação de Pensamento
Computacional Desplugado, aplicado ao 6º ano
do ensino fundamental II, para tal, realizou-se
uma adaptação tendo como base o currículo de
referência CTC.
PENSAMENTO COMPUTACIONAL
DESPLUGADO
A ciência da computação é uma das áreas
que estuda e explica como os softwares são
escritos e executados. Muitas pessoas utilizam
o computador no seu cotidiano, mas não sabem
realmente como funcionam. Pensando em
como abordar os conceitos desta ciência, os
autores (BELL; WITTEN; FELLOWS, 2002)
desenvolveram atividades que apresentam alguns
elementos básicos de como os computadores
funcionam, sem o uso do computador,
definindo-as como Pensamento Computacional
Desplugado (PCD), transpondo o espaço de
um laboratório de informática. As atividades,
segundo (BELL; WITTEN; FELLOWS,
2002), têm o fito de envolver habilidades e
competências, como: comunicação, solução
de problemas, criatividade e habilidades
de pensamento, inseridos em um contexto
significativo, explorando a proposta de um PCD.
CURRÍCULO DE REFERÊNCIA EM
TECNOLOGIA E COMPUTAÇÃO
O Centro de Inovação para a Educação
Brasileira (CIEB) é uma organização da
sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão
é promover a cultura de inovação na educação
pública (CIEB, 2020). Em 2018, construiu
o currículo de Referência em Tecnologia e
Computação (CTC), destinado à Educação
Infantil e ao Ensino Fundamental com os
referenciais curriculares da Sociedade Brasileira
de Computação (SBC), fundamentado pela
nomenclatura e pela forma de distribuição dos
currículos do Reino Unido (Nation Curriculum
for Computing), da Austrália e de São Paulo, a
fim de abordar conhecimentos de pensamento
computacional integrado ao ensino regular. O
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CTC está organizado em três eixos: cultura digital,
tecnologia digital e pensamento computacional
(RAABE A.; BRACKMANN, 2018).
Cada eixo é formado por um grupo de pilares
que propõe conceitos que desenvolvem uma ou
mais habilidades, para as quais são sugeridas
práticas pedagógicas, avaliações e materiais
de referência. Sobre o eixo pensamento
computacional, (RAABE A.; BRACKMANN,
2018) apontam que é a capacidade de resolver
problemas a partir de conhecimentos e práticas
da computação, englobando sistematizar,
representar, analisar e resolver problemas,
pautados pelos eixos abstração, algoritmos,
decomposição e reconhecimento de padrões.
METODOLOGIA
Este trabalho é caracterizado por uma
pesquisa aplicada de natureza exploratória, a
qual permite uma maior familiaridade com o
tema pesquisado. Foram utilizadas as técnicas de
pesquisa documental e bibliográfica. Os estudos
exploratórios foram feitos em motores de busca,
como Google Scholar, repositórios institucionais
e periódicos da Capes, obtendo como resultados
documentos, artigos, dissertações, livros, entre
outros. A pergunta norteadora desta pesquisa
é: Como aplicar o pensamento computacional
desplugado em escolas municipais públicas com
base nas habilidades dos currículos BNCC e CTC?
Considerando a situação de isolamento
devido a pandemia da Covid-19, as atividades
não poderiam depender de laboratório de
informática, por isso foi desenvolvido um
caderno de atividades para o 6º ano do ensino
fundamental, abordando atividades desplugadas
baseadas nos trabalhos de (BELL et al., 2011),
(BELL; WITTEN; FELLOWS, 2015), (SILVA,
2018), alinhadas às habilidades previstas pelo
CTC e a BNCC.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O caderno é composto de 5 atividades:
Minifax, Torre de Hanói, Fábrica de Chocolate,
Você pode Repetir e Dinâmica do Movimento
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das Estruturas Condicionais. Nestas atividades
são abordados conceitos computacionais, tais
como a definição do pixel, compressão de dados,
raciocínio lógico e aplicações matemáticas,
reconhecimento de padrões, mapeamento,
efeito de transferência e estereótipo de usuários,
restrições visíveis, projeto e estrutura condicional.
A atividade “MiniFax” é sugerida para o
eixo abstração, o qual demonstra como um
computador reconhece uma imagem, cuja a
habilidade CTC sugere interpretar um algoritmo
em pseudolinguagem e transpor para uma
linguagem de programação visual e vice-versa.
Para realizar esta interpretação, a atividade sugere
que dada uma sequência de linhas binárias seja
possível representar a imagem correspondente,
sendo o valor 0 (zero), colorir com uma cor, e se
for 1 (um) colorir com outra cor, formando uma
imagem em formato de pixels (BELL et al., 2011).
A atividade “Dinâmica dos Movimentos
das Estruturas Condicionais” apresenta uma
adaptação da habilidade CTC, que trata o
eixo algoritmos usando uma linguagem de
programação visual, que propõe construir
o algoritmo utilizando blocos com desvios
condicionais, além de realizar a identificação e
correção de erros por meio da depuração manual.
Sendo assim, esta atividade tem como objetivo,
conceituar a estrutura condicional (SE; SENÃO),
que são formas de direcionar escolhas para os
comandos serem executados. Nesta atividade, são
confeccionados cartões (cards) com instruções de
execução usando estrutura condicional simples
e composta (SILVA, 2018).
A atividade “Fábrica de Chocolate” é
sugerida para o eixo decomposição da habilidade
CTC, que identifica e categoriza elementos
que compõem a interface de um ambiente de
programação visual, que possam ser melhorados
para atender ao requisito de usabilidade. Com
base no filme, A Fábrica de Chocolate, é feita
uma demonstração das dificuldades dos Oompa-
Loompas, os quais possuem características de
não saberem ler, escrever e memória curta. Para
resolver a atividade é preciso buscar a melhor
solução possível para as dificuldades do dia-a-dia dos
Oompa-Lompas (BELL; WITTEN; FELLOWS,
2015), (ANTUNES; FERNANDES, 2015).
Outra atividade sugerida para o eixo
decomposição é a “Torre de Hanói”, que
utiliza movimentos estratégicos em relação a
transferência de peças, exercita a memória e
tem aplicações matemáticas, como a contagem
dos movimentos e o raciocínio lógico.
Constitui-se de uma base com três pinos
verticais, e vários discos de diâmetros diferentes,
furados para se encaixarem nos pinos, de modo
que formem uma torre em ordem decrescente de
tamanho. O objetivo é mover todos os pinos (a
torre) de um pino para outro, utilizando um pino
como auxiliar, seguindo duas regras simples,
a primeira aponta que somente um disco por
vez pode ser movido, e a segunda indica que o
disco maior não pode ser sobreposto ao disco
menor (BIM et al., 2019).
Para a atividade “Você pode repetir?”, é
tratado o eixo reconhecimento de padrões, cuja
proposta da habilidade CTC, identifica padrões
de instruções que se repetem em um algoritmo e
utiliza um módulo ou função para representá-las.
O objetivo é decodificar um poema incompleto,
o qual permite reconhecer padrões em palavras,
seguindo as setas que direcionam a uma parte
do texto (BELL et al., 2011).
Foram incluídas variações de níveis de
dificuldade para as atividades Minifax, Torre de
Hanói e Dinâmica dos Movimentos das Estruturas
Condicionais, com intuito de desafiar os estudantes
em melhores soluções, a partir de suas experiências
anteriores. Por exemplo, diminuindo o tempo e
os movimentos na Torre de Hanói.
CONCLUSÕES
Em meio às transformações digitais e
sociais vividas atualmente, faz-se importante
que o cidadão do século XXI tenha o domínio
do pensamento computacional. O presente
trabalho propõe uma aplicação do pensamento
computacional desplugado no 6º ano do ensino
fundamental II, adaptando as habilidades
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previstas pelo CTC para uma abordagem
desplugada. A aplicação das atividades
oferece o entendimento de conceitos básicos
da computação, como abstração, algoritmos,
decomposição e reconhecimento de padrões,
sem o uso do computador, utilizando materiais
de custo baixo e de fácil acesso.
Como trabalho futuro, pretende-se realizar
experiências práticas desplugadas em uma
escola pública do ensino fundamental, efetuando
coleta de dados aplicando pré e pós-testes para
avaliar a execução das atividades, de modo
a permitir uma análise quali-quantitativa da
pesquisa diante dos resultados apresentados.
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