Você está na página 1de 30

1955

Comitê Histórico da Segunda Guerra


“Eu não quis fazer um filme que fosse um
‘monumento aos mortos’, que dissesse ‘isso é
passado’, ‘isso nunca mais acontecerá’, etc.
Curiosamente, mesmo sendo um documentário,
é um filme obcecado pelo futuro.”

Alain Resnais

Comitê Histórico da Segunda Guerra


Nacht und Nebel (Noite e Neblina) decreto de 1941, visava os ativistas
políticos e da resistência (acabar com "todos aqueles que ameaçam a
segurança alemã“ nos territórios ocupados). Pelo decreto, pessoas
desapareciam sem explicações e sem deixar rastros “no meio da noite e da
neblina”, transformadas em nevoeiro (vernebelt ): para intimidar e controlar
as populações locais, não informava o paradeiro dos presos às suas famílias;
os prisioneiros eram transportados secretamente para a Alemanha, e
desapareciam. Até hoje não se conhece os número de ‘desaparecidos’.

Nome ‘inspirado’ em um capacete mágico


da ópera O ouro do reino, de Wagner.
História e Barbárie:
É possível representar o irrepresentável?
“Escrever um poema depois de Auschwitz é um ato bárbaro.”
Adorno
“Hitler impôs um novo imperativo categórico aos homens:
direcionar seu pensamento e seu agir de tal forma que
Auschwitz não se repita, que nada de semelhante aconteça
(...) A exigência de que Auschwitz não se repita é a primeira
de todas para a educação. Ela foi a barbárie contra a qual se
dirige toda a educação e continuará existindo enquanto
persistirem no que têm de fundamental as condições que
geram a regressão à barbárie.”
Adorno
Noite e Neblina:

a apropriação do passado pela ótica do presente


O passado se apodera do presente:
a experiência da barbárie forjada como Páthos
– afecção.
Estrutura do filme: Imagens de arquivo
(algumas feitas pelos próprios nazistas)
Estrutura do filme: montagem, relações entre
imagens atuais em cores e
imagens de época em branco e preto
Estrutura do filme:
- Texto escrito e lido por um sobrevivente, Jean Cayrol
(da resistência francesa, foi preso e mandado para Mauthausen)
Estrutura do filme - oposições:
preto e branco e cor, dez anos depois
A estrutura do filme - oposições:
Natureza e barbárie
Estrutura do filme - oposições:
Leveza da música e
Brutalidade da imagem

Hans Eisler (1898 – 1962)


Estrutura do filme - Oposições:
o texto poético e a brutalidade do real.
Noite e Neblina:
alia passado e presente
obcecado pelo futuro
As perguntas feitas pelo filme:
- O que tornou possível Auschwitz?
As perguntas feitas pelo filme:
- O que ainda o torna possível?
As perguntas feitas pelo filme:
O que um artista e um historiador
podem fazer contra a barbárie?

(1959)

Ano passado em Marienbad (1961)


Possíveis respostas:
- Lutar contra o esquecimento
para que o passado não se repita
Possíveis respostas:
Não transformar
barbárie em mercadoria,
espetáculo que banaliza
Os filmes com mensagens morais:
partem do princípio que a consciência
precede a ação e, assim, previne o mal
Os filmes com mensagens morais:
- Admitem que o espírito comanda o corpo
Os filmes da indústria cultural exibem morais
claras, frequentemente com sentidos únicos
A arte sem mensagem pronta é a melhor
arte engajada, pois faz pensar

(Adorno).
Para Adorno, a representação do passado não
pode ceder à tentação de explicar a experiência
da barbárie; ao explicá-la, o horror se justifica!
Lego concentration camp – Zbigniew Libera
Síntese: Memória,
História e Narrativa
Memória: conhecimento do passado que é
guiado pelo presente. Implica jogos de poder.
Não passa necessariamente pela pesquisa e
pela crítica. A memória é um
compartilhamento de lembranças e discursos
acerca do passado ancorado nos interesses e
visões de mundo do presente, sem muito
senso crítico, sem método. É um tipo de fonte
que a história usa mas não é a história em si.
Síntese: Memória, História e
Narrativa
História: Análise crítica do passado. Ou
um estudo sistemático do presente a
partir do passado. A História é uma
reconstrução do passado que deve ser
feita de forma crítica (criticus =
julgamento, apreciação) , com respaldo
teórico e metodológico, além de passar
pelo escrutínio de outros acadêmicos da
área.

Você também pode gostar