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Discente do curso de Especialização Liturgia Cristã – Lato Sensu – Faculdade Jesuíta de Filosofia e
Teologia (FAJE). Possui Mestrado em Artes – Subárea Música pela Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). É professora de música no Instituto Federal de Goiás – Câmpus Itumbiara. É instrumentista e
regente de coro na Paróquia São Pedro e São Paulo - Itumbiara – GO.
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A versão apresentada consta na Bíblia de Jerusalém e os termos em itálico são destaques provenientes
da tradução, os quais são atribuídos às passagens de textos do Antigo e Novo Testamento.
à situação” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, p. 1789, 2002). Na primeira parte do Cântico,
Zacarias bendiz a Deus pelas maravilhas realizadas em favor do povo de Israel: Deus,
que não se esquece das promessas feitas a seu povo e o visita continuamente a fim de
conceder-lhe a salvação. Já no segundo trecho, Zacarias demonstra conhecer os
desígnios de Deus e profetiza que seu filho, João Batista, será o precursor: aquele que
preparará o caminho ao grande Salvador, Cristo Jesus.
“O Benedictus exalta a ação de Deus na história e indica profeticamente a
missão de seu filho João, preceder o Filho de Deus feito carne, a fim de preparar seu
caminho” (BENTO XVI, 2012).
João Paulo II ressalta que o Cântico de Zacarias tem um tom solene e é inspirado
pelo Espírito Santo, conforme enfatiza Lucas: “Zacarias, seu pai, repleto do Espírito
Santo, profetizou” (JOÃO PAULO II, 2003).
Como bem disse o compositor, o xote abraçou o texto de Zacarias de tal forma
que hoje, quando o executamos, temos a possibilidade de experimentar da mesma
alegria de Zacarias: bendizer ao Deus que faz prodígios.
No decorrer da entrevista, Reginaldo Veloso ressalta o porquê da repetição do
Bendito seja Deus: “Quando compus esse canto pensei em cantar as três vezes de forma
diferente; com intensidades distintas: repetições dentro de uma canção não devem ser
feitas da mesma maneira, mas de forma a ressaltá-las”. (VELOSO, 2018). O texto,
embalado pela cadência do xote, saltita nos lábios e os corpos dançam de alegria
glorificando a Deus.
A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium esclarece que as nossas
atitudes corporais, de forma consciente, favorecem a participação ativa durante as
celebrações: “Para fomentar a participação ativa, promovam-se as aclamações dos fiéis,
as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes
corporais” (SC, n. 30). É admirável quanto a melodia e o ritmo, associados ao texto se
“casam” na composição de Reginaldo e em cada despertar, no ofício da manhã, temos a
oportunidade de, ao som deste hino, oferecer-nos inteiros em louvor a Deus.
A respeito da melodia, o Cântico de Zacarias – 2ª versão tem seu início
marcado por um elemento surpresa: a nota dó (sétimo grau da tonalidade ré maior), em
meio tom abaixo, confere à canção uma sensação semelhante à quando nos contam algo
muito especial o qual não estávamos esperando. Reginaldo soube, de maneira
habilidosa, transportar para a linguagem musical a alegria do desesperançado que brota
na profecia de Zacarias.
Considerando a base musical que está na tradição do Ocidente, o tonalismo, e
que este é o nosso “chão comum”, era de se esperar que Reginaldo Veloso utilizasse dos
recursos composicionais dessa vertente. Porém, ao analisarmos com cuidado a obra,
verifica-se que o compositor bebeu de outra fonte: o modalismo.
Guest apresenta uma aprazível referência ao modalismo
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Madalena do Jucu do compositor Martinho da Vila é um exemplo da utilização deste recurso.
4. REFERÊNCIAS
GUEST, Ian. Arranjo, Método Prático Vol I. . Lumiar Editora: Rio de Janeiro, 2010.
JOÃO PAULO II. Catequese. Audiência Geral do dia 01 de outubro de 2003. Vaticano:
Libreria Editrice Vaticana, 2003.