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A Lei nº 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados), em seu artigo 7º, inciso III,
determina que o tratamento de dados pessoais poderá ser realizado pela administração
pública "para o tratamento e uso compartilhado de dados necessários à execução de
políticas públicas previstas em leis e regulamentos ou respaldadas em contratos, convênios
ou instrumentos congêneres". Em complemento, dispõe no artigo 23 que o tratamento de
dados pessoais pelas pessoas jurídicas de direito público "deverá ser realizado para o
atendimento de sua finalidade pública, na persecução do interesse público, com o objetivo
de executar as competências legais ou cumprir as atribuições legais do serviço público".
No inciso I do artigo 23, a lei condiciona o tratamento ao "fornecimento de informações
claras e atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os procedimentos e as práticas
utilizadas para a execução dessas atividades, em veículos de fácil acesso,
preferencialmente em seus sítios eletrônicos".
É objeto de crítica pelo ministro Gilmar Mendes, ainda, a composição do comitê, porquanto
é composto única e exclusivamente por representantes do Poder Executivo, inexistindo
quaisquer garantias contra influência indevidas, pelo que restaria caracterizada evidente
afronta ao regime de proteção de dados instituído pela atual ordem constitucional.
Entendeu o STF, deste modo, ante do risco de desestabilização do sistema, pela declaração
de inconstitucionalidade do dispositivo que instituiu o Comitê Central de Governança de
Dados — modulando os efeitos da decisão, preservando a sua estrutura orgânica pelo prazo
de 60 dias, a contar da data da publicação do julgamento. Dentro deste prazo, o presidente
da República deverá reestruturar o comitê, "de modo a resgatar a trajetória de
fortalecimento dos mecanismos de proteção de dados pessoais". Segundo destacado na
conclusão do voto, cabe ao chefe do Poder Executivo (1) atribuir ao órgão um perfil
independente e plural, aberto à participação efetiva de representantes de outras
instituições democráticas; e (2) conferir às suas integrantes garantias mínimas contra
influências indevidas.
Referências:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 16 set. 22.