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O disposto no artigo 50 da LGPD tem sido apontado por diversos setores da economia
como um grande aliado à comprovação da regularidade e de boas práticas dos agentes de
tratamento a LGPD. De fato, não se pode franquear à ANPD a responsabilidade de regular
todos os detalhes relacionados a tratamento de dados de todos os setores econômicos e
nesse ponto é mais do que necessário, contar com os interessados para que definam regras
próprias especificas que demonstrem o seu comprometimento com a LGPD. E é nesse
sentido que o artigo 50 ganha o seu protagonismo na LGPD.
Importante que se diga que a consulta aos setores econômicos para a formulação de regras
relativas a proteção de dados já vem sendo exercida, de certa maneira, pela ANPD por
intermédio da assinatura de acordos de cooperação técnicos que, como parte do
planejamento estratégico do órgão, tem como objetivo principal a promoção do diálogo
com entidades públicas e privadas para construção e realização em conjunto de parcerias
estratégicas que incorporem as melhores práticas relacionadas ao tema da proteção de
dados, a exemplo dos acordos já firmados com a Senacon, Cade, NIC.br e o TSE.
Assim, a criação de regras de boas práticas especificas, seja por intermédio de acordos de
cooperação técnicas, seja por intermédio de mecanismos como a tomada de subsídios, seja
por meio da autorregulação regulada de cada setor pode, se bem estruturada, constituir-se-á
como fundamental na proteção do direito fundamental à proteção de dados pessoais.
Nesse aspecto, foi apresentado pelo então senador Antonio Anastasia o Projeto de Lei n.
6.212/2019 que altera a LGPD para aperfeiçoar os mecanismos de autorregulação regulada
no âmbito da LGPD. Sem tratar do mérito e da adequação do projeto de lei, esse projeto já
nasce vitorioso pois coloca o tema em debate e traz disposições especificas não apenas
sobre a melhor forma de regulamentar esse instrumento no âmbito da LGPD mas também,
e os requisitos que devem ser levados em consideração pela ANPD.
Resta discutir no âmbito da tramitação do projeto e/ou dentro da própria ANPD se é o caso
de uma alteração na LGPD como pretende o relator, para prever mecanismos de
autorregulação regulada na própria LGPD ou, se a própria Autoridade, no limite da sua
competência, pode definir regras procedimentais para a viabilidade do instituto.
De toda forma, é importante nos atentarmos aos próximos passos desse projeto de lei de
forma que se possa estabelecer, em conjunto com a ANPD a implementação adequada e
efetiva do instituto da autorregulação regulada sob pena de, não o fazendo, tornar o
instituto letra morta na lei. A adequada implementação desse instituto contribui não apenas
com o aculturamento da sociedade com relação a proteção de dados, tornando-a
permanente e eficaz, mas também se apresenta como uma grande aliada dos agentes de
fiscalização, pois é acima de tudo uma reconhecida ferramenta que aloca riscos e
compartilha a garantia do cumprimento da legislação com os agentes de tratamento,
tornando mais racional e efetiva a própria aplicação da lei.