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Belo Horizonte 23 de março de 2022

Prezados(as) Senhores(as) Vereadores(as),

No que tange o ofício 126/2022 expedido pelos senhores coordenadores do Núcleo Representativo
da Guarda Municipal – NUSIND, cabe fazer algumas considerações sobre as implicações
referentes ao artigo 6º da PL 279/2022 que trata da recomposição salarial da Guarda Municipal
2020/2021, bem como as verdadeiras motivações que levaram o NUSIND ao referido ofício:

CONSIDERAÇÕES

No ano de 2019 entrou em vigor a lei 11.154/2019 que dispõe sobre o plano de carreira dos
servidores da área de atividades de segurança pública que atuam na Guarda Civil Municipal de Belo
Horizonte. A referida lei estabelece em seu artigo 14 o seguinte:

Art. 14 - Os servidores integrantes da carreira da GCMBH serão posicionados na tabela de


vencimentos constante do Anexo IV e enquadrados nos novos postos hierárquicos de
acordo com o seu ano de ingresso em cargo efetivo da GCMBH e o seu vencimento-base na
data da publicação desta lei, conforme quadro constante do Anexo III.

Parágrafo único - O servidor será posicionado no respectivo posto hierárquico no nível de


vencimento-base cujo valor seja igual ou imediatamente superior ao atual. (Fonte: lei
11.154/2019).

Ocorre que o dispositivo acima refere-se ao enquadramento adotado pela administração o qual
distribuiu os agentes da Guarda Municipal em postos hierárquicos e em níveis de acordo com o ano
de ingresso, o vencimento – base e o posto hierárquico ocupado pelo servidor na vigência do plano
de carreira, conforme o quadro abaixo:
Em virtude do parágrafo único do artigo 14, os servidores foram posicionados no respectivo posto
hierárquico no nível de vencimento-base cujo valor seja igual ou imediatamente superior ao atual,
como se vê no exemplo do destaque das figuras abaixo:

Desse modo, como exemplo, o Guarda Municipal de 1ª Classe - nível 5, que teve o ingresso em
2008, foi enquadrado como Guarda Civil Municipal nível 3, perdendo com isso 2 níveis, ainda que
obtivesse um ganho em espécie de R$40,00 reais.

Consoante as alegações presentes no ofício do NUSIND de que a permanência do artigo 6º da


PL279/2022 trará uma instabilidade institucional na estrutura da GCMBH, convém esclarecer que a
sua retirada sim manterá uma instabilidade que se originou a partir da prova interna para a
promoção ao cargo de subinspetor, na medida em que todos os subinspetores perderam níveis em
virtude da promoção, bem como em alguns casos há subinspetores que tem o seu vencimento base
inferior ao cargo que o antecede, a saber o cargo de GCD I, como se pode perceber dos destaques
das figuras que se seguem:
Abaixo, em destaque o vencimento - base de R$ 4394,06 do cargo de GCD I, nível 8:

Em destaque o vencimento – base de R$ 3,809,79 do cargo de Subinspetor, nível 1:

Percebe-se que alguns subinspetores tem uma remuneração inferior ao cargo de GCD I, que é cargo
antecedente ao de subinspetor. Tal situação causa diversos constrangimentos institucionais, bem
como fere os institutos da hierarquia e disciplina previstos no artigo 1º da lei 9319/2007 que
institui o Estatuto da GCMBH:

Artigo 1º - A Guarda Municipal de Belo Horizonte - GMBH - é órgão integrante da


Administração Direta do Poder Executivo do Município de Belo Horizonte, organizada
com base na hierarquia e na disciplina, (…).(Fonte: Lei 9319/2007).

Note-se que à época da publicação do ato de promoção no diário oficial do município, dia 8 de
junho de 2021, o posicionamento do NUSIND foi demonstrado inclusive com a publicação de uma
nota conforme segue abaixo:
O argumento sustentado pelo NUSIND, não retrata a realidade, visto que a regra do
enquadramento foi aplicada a todos os integrantes da instituição e todos foram enquadrados,
inclusive perdendo níveis, com exceção dos agentes ocupantes do cargo de GCE e que tiveram seu
ingresso em 2008, a esses não houve redução de níveis, pois isso significaria também redução de
salário, o que é vedado pelo ordenamento júrico.

Ademais, com a perda de níveis ocorrida em virtude da promoção, os subinspetores perderam


níveis duas vezes, no enquadramento, bem como no ato da promoção.

Observa-se que os componentes do NUSIND tem feito uma confusão no que diz respeito aos níveis,
misturando dois institutos distintos, (enquadramento e promoção) pois, o ato jurídico do
enquadramento é um, ao passo que o ato jurídico da promoção é outro. Como já dito, o
enquadramento foi aplicado a todos os servidores da Guarda à época. Não é cabível, portanto o
argumento do NUSIND.

A princípio o ato de promoção aconteceu mantendo-se os níveis individuais de cada servidor.


Posteriormente, como se sabe, foi aplicada de forma equivocada a regra constante do artigo 11, §3º
da lei 11.154/2019. Explico a seguir:

O §3º do artigo 11 diz o seguinte: “A promoção para os postos do grupo de Comando se dará para o
posto hierárquico subsequente ao ocupado pelo servidor, no nível de vencimento-base cujo valor
seja superior ao atual, em no mínimo 12% (doze por cento).”

Ocorre que, em nenhum momento a lei estabelece a perda de níveis, e a partir da dicção do
parágrafo percebe-se que quando a lei diz "em no mínimo" ela quer na verdade criar uma
salvaguarda para evitar que por alguma questão não objetivada na lei o subinspetor possa receber
um valor que esteja abaixo de 12% quando de sua promoção. Na verdade, a lei cria uma espécie
de piso e não de teto como foi aplicada a lei.

A revogação do §3º do artigo 11 da lei 11.154/2019, conforme se solicita o artigo 6º do PL


279/2022 visa resolver uma dupla perda de níveis tanto no enquadramento, quanto na seleção
interna. Não é possível vislumbrar que mesmo após mais de 10 anos de instituição um integrante
seja ainda nível 1. Nesse caso, estar-se-ia desconsiderando o direito adquirido às progressões por
tempo e por escolaridade que foram conquistados com empenho, dedicação e tempo durante toda a
trajetória profissional.

O meu pedido é que NÃO seja retirada da PL o artigo 6º, pois ele visa corrigir uma distorção no
plano de carreira da Guarda Municipal, na qual os subinspetores recém promovidos perderam todos
os seus níveis conquistados ao longo de mais de 11 anos de carreira, estudos, tempo e acima de tudo
dedicação.

Desse modo, agradeço a atenção e compreensão pelos motivos expostos acima.

Respeitosamente,

Rodrigo Pereira dos Santos


Subinspetor da GCMBH
BM 86323-1

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