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O livro “História do Partido Comunista Bolchevique da URSS” é

escrito pela Comissão do Comitê Central do Partido Comunista


(Bolchevique) da URSS.

A apresentação do livro começa com a exaltação da revolução, seu


caráter proletário e suas conquistas:

O fim da fome. Fim do Desemprego. Fim da propriedade privada dos


meios de produção. Todas as fábricas, terras, máquinas e bancos sob o
controle do povo. Igualdade de direitos entre homens e mulheres.
Criação de espaços de uso coletivo, como creches, escolas, teatros,
universidades, cinemas, restaurantes e lavanderias. Redução drástica
da criminalidade. Liberdade do trabalhador de escolher sua profissão,
sua casa para morar, universidade para estudar, salário digno e
atendimento médico-hospitalar. Eleições livres, por meio do sufrágio
universal (direito universal ao voto de todos os cidadãos adultos) e
sem as corrupções capitalistas de lobbies e compra de votos.

Com todas essas conquistas o partido bolchevique mostra para o mundo


que é possível uma sociedade sem exploração. E sem o modelo de
partido criado por Lênin, seria impossível que em trinta anos um
terço da raça humana estivesse vivendo sob regimes socialistas.

A conferência internacional de partidos e organizações


marxistas-leninistas (CIPOML) recomendou a tradução e publicação
desse livro pelos membros de todos os países não apenas por sua
importância histórica, mas também pelo seu caráter ideológico,
político e prático. O livro se mantém atual enquanto vivermos sob os
regimes capitalistas e imperialistas, e enquanto houver a exploração
do homem pelo homem. É importante ressaltar que há outros livros
importantes sobre a história da revolução soviética, porém apenas
este livro é a história da revolução contada pelo próprio partido
que a idealizou.

A vitória e crescimento do partido bolchevique se deu a partir da


luta ideológica contra todas as forças anti-leninistas, de fora e
dentro do partido, como os mencheviques, os anarquistas, os
nacionalistas burgueses, os trotskistas, os bukharinistas entre
vários outros grupos que se opunham às ideias de Lenin e do partido
bolchevique, e se fortalece na luta contra os inimigos da classe
trabalhadora: os latifundiários, os capitalistas, os kulaks, os
sabotadores e os espiões.

A história do partido é a história das 3 revoluções, a revolução


democrático-burguesa, de 1905, a revolução democrático-burguesa, de
fevereiro de 1917, e a revolução socialista de outubro de 1917, é a
história da queda do czarismo, da derrubada do poder dos
latifundiários e capitalistas, da derrota da intervenção armada
vinda do estrangeiro, das lutas travadas pelo partido contra os
inimigos do marxismo-leninismo e da classe trabalhadora, e seu
estudo arma o leitor com o conhecimento que é motor da revolução,
fortalecendo a nossa confiança nas causas do partido Bolchevique.

O primeiro estágio dessa história começa em 1883 e vai até 1901, com
o processo de criação do Partido Operário Social-Democrata na
Rússia. Até a década de 60 do século XIX, a Rússia ainda não havia
desenvolvido seus sistemas produtivos, tendo poucas fábricas e
indústrias, o regime econômico mais predominante era a servidão, em
benefício dos latifundiários nobres. Esse sistema impedia o
desenvolvimento industrial e tinha pouca força de produção agrícola.
A economia mundial já influenciava o fim da servidão, sendo abolida
pelo Czar em 1861, que já estava politicamente enfraquecido após
perder a guerra da Crimeia. Apesar do fim da servidão os camponeses
seguiram sofrendo sérios abusos, como a necessidade de pagar 2
bilhões de rublos aos latifundiários por sua “libertação”, não
recebendo terras, sendo obrigados a “alugar” as terras dos
latifundiários, com os acordos mais inescrupulosos, forçando o
camponês a trabalhar de graça e usando seus próprios instrumentos e
animais de trabalho. A única grande diferença entre esse regime para
o antigo era que agora o camponês era livre e não poderia ser mais
vendido ou comprado. Os latifundiários espremiam ao máximo os
camponeses, tirando tudo o que tinham e atrasando o processo
produtivo agrícola da Rússia, gerando escassez de comida e fome no
processo. Foi criada uma grande massa de despossuídos, onde muitos
migraram para as cidades buscando trabalhar nas fábricas como mão de
obra barata. Houve o crescimento de forças policiais diversas para
defender os interesses do Czar, dos capitalistas e dos
latifundiários e os castigos físicos estavam em vigor até 1908, onde
o camponês era surrado por qualquer deslize ou falta de pagamento de
suas contribuições. O Czarismo era também extremamente xenófobo e
eugenista, acreditando na superioridade russa e influenciando seu
povo a tratar os povos de outras nações como “raças inferiores”,
além de organizar massacres contra Judeus, Tártaros e Armênios. O
governo promovia uma “Russificação” de todo seu território,
praticando um apagamento cultural contra todos os povos não-russos.

Após o fim da servidão o desenvolvimento industrial da Rússia


aumentou muito e muito rápido, apesar de um atraso pelos resquícios
do regime feudal. em 25 anos, o número de operários dobrou, e a
Rússia entrava na década de 1890 com mais de 1.400.000 operários,
aumentando mais ainda seu desenvolvimento durante essa década. Esse
período de desenvolvimento capitalista era sempre intercalado por
crises industriais, que era sempre paga pelos operários, aumentando
muito o desemprego e a miséria da classe trabalhadora. E apesar do
desenvolvimento adquirido pelo capitalismo, a Rússia continuou sendo
um país agrário, economicamente atrasado, e pequeno-burguês, um país
em que predominava ainda a exploração camponesa individual, baseada
na pequena propriedade, de rendimento escasso. É importante
ressaltar que a Rússia ainda era um país primariamente agrário, e
grande parte do seu desenvolvimento se deu no campo, gerando uma
classe camponesa mais abastada, chamada de Kulaks, a burguesia da
aldeia, e cada vez mais camponeses pobres, os proletários ou semi
proletários da aldeia. Os kulaks prosperavam oprimindo os camponeses
pobres e médios, explorando seu trabalho, enriquecendo e se tornando
capitalistas agrários.

Nas décadas de 1870 e, principalmente, 1880, a classe operária russa


desperta para a luta contra o capitalismo, pois suas condições de
trabalho já eram péssimas, com jornadas de trabalho com no mínimo 12
horas e meia, podendo chegar a 15 horas, com salários extremamente
baixos, mais baixos ainda para crianças e mulheres, viviam também em
condições horríveis, empilhados em casebres, numa razão de 10 a 12
pessoas por quarto. Eram obrigados a comprar nos armazéns de seus
patrões e eram frequentemente enganados sobre os valores das contas.

Por conta disso houveram as primeiras greves, contra as multas, os


enganos com as contas e as reduções de salário. Foi percebida,
então, pelos operários mais conscientes, a necessidade de se
organizar, surgindo assim as primeiras associações operárias. Em
1875, surge em Odessa, território da atual Ucrânia, a “União dos
Operários do Sul da Rússia”, a primeira organização operária, que
não durou mais de 9 meses, sendo aniquilada pelo czarismo. Em 1878
surge a “União dos Operários Russos do Norte”, com o objetivo de
derrubar o regime político e econômico do estado existente,
realizando a revolução socialista, tendo influência dos partidos
sociais-democratas marxistas ocidentais e da primeira internacional,
reivindicando diminuição da jornada de trabalho, organizando e
apoiando greves operárias, a organização também foi destruída pelo
governo czarista. Apesar da repressão, o movimento operário
continuava crescendo, aumentando o número de greves na década 1880,
foram mais de 48 greves e 80.000 grevistas, tendo destaque a grande
greve de “Morosov”, que mobilizou mais de 8.000 operários
reivindicando contra cortes bruscos nos salários que foram feitos e
a um injusto sistema de multas que tiravam até metade do salário do
operário, essa greve foi contida com armas e mais de 600 operários
foram presos, porém, com medo da revolta das forças operárias, o
Czar promulga uma lei de multas, que fazia o dinheiro das multas não
ficar com o patrão e sim ser investido nas necessidades dos próprios
trabalhadores. Essa experiência serviu para os operários perceberem
o que poderia ser alcançado através da luta organizada, começando a
aparecer lideranças dispostas a defender os interesses da classe
operária.

O primeiro grupo marxista russo foi criado em 1883, chamado de


“Emancipação do Trabalho”, e tiveram um papel muito importante de
difundir o marxismo na Rússia, traduzindo várias obras de Marx e
Engels, imprimindo no estrangeiro e circulando ilegalmente na
Rússia, munindo o povo russo da teoria revolucionária e do
socialismo científico, abrindo caminho por meio de um trabalho
teórico, que tinha como obstáculo as ideias populistas que
predominavam nessa época, antes do aparecimento do marxismo na
Rússia, quem tocava a luta revolucionária eram os populistas,
adversários dos marxistas. Nessa época, a classe operária russa
tinha alcançado uma força de vanguarda, capaz de organizar a luta
revolucionária, mas os populistas não enxergavam no proletariado
essa força revolucionária, e sim nos camponeses, acreditando que só
as revoltas camponesas poderiam derrubar o governo czarista, e os
marxistas viam a classe operária como a classe mais revolucionária e
avançada da sociedade. Porém esses populistas eram jovens
intelectuais revolucionários que não conseguiam se conectar com
esses camponeses e não compreendiam sua realidade. Muitos foram
presos pela polícia e o movimento começou a tentar lutar sem o povo,
levando a uma série de erros, conseguiram assassinar o czar
Alexandre II, mas não conseguiram trazer nenhum avanço significativo
para o povo a partir da morte de indivíduos isolados, não derrubaram
a autocracia czarista, nem os latifundiários e capitalistas, e deu
lugar para Alexandre III, ainda pior para classe trabalhadora. Os
populistas abandonaram o povo e seguiram propagando atos isolados de
terror e assassinatos, sem sucesso na destruição das classes
dominantes e desmobilizando a organização operária, apesar do fim
das organizações populistas pelo czarismo, suas ideias ainda eram
muito fortes entre os intelectuais revolucionários. O grupo
“Emancipação do Trabalho” serviu para a luta contra as ideias
populistas e teciam duras críticas contra as falsas ideias
populistas, que personalizam a luta, na figura de “heróis” seguidos
cegamente pelas massas e não de uma luta protagonizada pelas
próprias massas, uma visão idealista de luta revolucionária,
criticavam também a posição populista contra a classe operária, que
era vista como uma casualidade, pois acreditavam que não se
desenvolveria o capitalismo na Rússia e por isso não cresceria a
massa operária. Os marxistas viam a classe operária como a mais
avançada, apesar do seu número reduzido em relação aos camponeses,
pois estão ligados a grande produção, e a natureza e condições do
trabalho torna-a mais fácil de se organizar, além de crescer de ano
a ano e ser uma tendência para o futuro, uma forma mais progressista
de produção, em contraponto aos camponeses, que trabalham para si em
pequena produção, já com predomínio dos kulaks, que detinham terras
e exploravam a mão de obra dos camponeses pobres. O grupo
“Emancipação do Trabalho” difunde as ideias do materialismo na
sociedade russa, onde não são as ideias que determinam a situação
econômico-social dos homens, e sim a situação econômico-social dos
homens que determinam suas ideias.

O populismo ainda era muito forte mesmo com o fim de seu partido, a
destruição ideológica do populismo só vai terminar com Lenin. Os
populistas que sobraram renegaram a luta revolucionária e começaram
a pregar pela conciliação com o czarismo, defendendo os interesses
dos kulaks. Apesar dos avanços marxistas o grupo “Emancipação do
Trabalho” também tinha problemas, pois ainda tinha resquícios do
populismo aceitando ações de terror individual, não viam a classe
dos camponeses pobres como aliados na luta revolucionária e via a
burguesia liberal como uma força capaz de ajudar na revolução, estas
ideias foram sementes para o pensamento Menchevique.
Nessa época, os movimentos marxistas ainda viviam como pequenos
grupos que se desenvolvem à margem da movimento operário, em estado
de gestação, foi o grupo “Emancipação do Trabalho” que lançou as
bases teóricas do marxismo e deu os primeiros passos no encontro com
a classe operária, mas vai ser Lenin que conseguir fundir o marxismo
com o movimento operário e ao mesmo tempo corrigir os erros do
“Emancipação do trabalho”.

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